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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto Da Educação a Distância

A Contribuição da Educação Ambiental para o Ensino de Geografia na 12ᵃ Classe.

Estudo do caso da Escola Secundária Comunitária Sagrado Coração de Amatongas, distrito


de Gondola – 2019 à 2020

Lídia Joaquim Mussanga Bonga

Março de 2021
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto da Educação a Distância

A contribuição da Educação Ambiental Para o Ensino de Geografia na 12ᵃ Classe.


Estudo do caso da Escola Secundária Sagrado Coração de Amatongas, distrito de Gondola

Lídia Joaquim Mussanga Bonga - Código: 708176009

Monografia a ser apresentada ao Instituto de


Educação a Distância, da Universidade Católica
de Moçambique, delegação de Chimoio, como
um requisito parcial exigido para obtenção do
grau de Licenciatura em Ensino de Geografia.

Supervisor:

PhD Gabriel Mandoine

Chimoio, Março de 2021


ÍNDICE

Declaração de Honra............................................................................................................................. I
Agradecimento..................................................................................................................................... II
Dedicatória..........................................................................................................................................III
Listas de abreviaturas........................................................................................................................ IV
Lista de tabelas.....................................................................................................................................V
Gráficos...............................................................................................................................................VI
Resumo..............................................................................................................................................VII
Abstract............................................................................................................................................ VIII
CAPITULO I: INTRODUÇÃO............................................................................................................1
1. Introdução......................................................................................................................................... 1
1.1. Delimitação do Tema................................................................................................................. 3
1.2. Relevância.................................................................................................................................. 3
1.3. Problematização......................................................................................................................... 3
1.4. Hipóteses.................................................................................................................................... 4
1.4.1. Hipóteses Primárias......................................................................................................4
1.4.2. Hipóteses Secundárias..................................................................................................4
1.5. Objectivos do trabalho............................................................................................................... 4
1.5.1. Objectivo geral............................................................................................................. 4
1.5.2. Objectivos específicos..................................................................................................4
1.6. Justificativa.................................................................................................................................5
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................. 6
2.1. Breve Historial da educação ambiental......................................................................................6
2.2. Conceito de educação ambiental................................................................................................ 7
2.3. Classificação da educação ambiental......................................................................................... 8
2.4. A Educação Ambiental na educação........................................................................................10
2.5. O meio ambiente como tema transversal: EA e os PCN..........................................................11
2.6. Contribuição da Geografia na Educação Ambiental................................................................ 12
2.7. Consequências de não utilização da educação ambiental como tema transversal nas aulas de
Geografia.........................................................................................................................................16
2.8. Os impactos positivos da educação ambiental no ensino de geografia....................................16
CAPÍTULO III: METODOLOGIA.................................................................................................... 17
3.0. Metodologias............................................................................................................................17
3.1. Tipo de pesquisa.......................................................................................................................17
3.2. Os procedimentos metodológicos que foram usados são os seguintes.................................... 17
3.3. Técnicas de colecta de dados................................................................................................... 18
3.4. Caracterização da população e da amostra...............................................................................18
3.5. Resultados esperados................................................................................................................18
Com o presente trabalho espera-se que a educação ambiental como um tema transversal introduzido
numa aula de geografia dê o seu contributo no ..................................................................................18
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS....................................................... 19
4.1. O Ensino-aprendizagem da Disciplina de Geografia............................................................... 19
4.3. Percepção dos Professores quanto a Contribuição da Geografia na Educação Ambiental...... 20
CAPITULO V: DISCUSSÃO DE DADOS....................................................................................... 26
CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E SUGESTÕES............................................................................ 28
6.1. Conclusões............................................................................................................................... 28
6.2. Sugestões..................................................................................................................................29
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................... 30
Declaração de Honra

Declaro que esta Monografia Científica é da minha investigação e da orientação do meu supervisor,
o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e
na bibliografia final.

Declaro ainda que, este trabalho não foi apresentado em nenhuma instituição para a obtenção de
qualquer grau académico.

Chimoio, 28 de Março de 2021

___________________________________________
/Lídia Joaquim Mussanga Bonga/

I
Agradecimento

Agradeço a Deus por ter-me acompanhado durante o curso, ultrapassando vários obstáculos e
dificuldades. Ao meu esposo Horácio Langisse Jemusse Bonga, aos meus filhos Isaque Bonga,
Hélder Bonga, Levi Bonga, Davi Bonga e Luana Bonga, aos meus pais Joaquim Mussanga em
memória e Cristina Nguirande, aos meus irmãos Carlos Joaquim Mussanga, Moisés Joaquim
Mussanga, Anita Mussanga e Amélia Mussanga e amigo Cristina Tomas, Helena da Santa Mateus
Sixpene, que me ajudaram a vencer cada dificuldade da vida, dando me força, vontade e esperança.
Durante os quatro anos que durou o curso, socializei-me com muitas pessoas que passaram a fazer
parte da minha vida, a este também alarga-se os meus agradecimentos. E finalmente, agradeço ao
meu Supervisor PhD Gabriel Mandoine pela paciência que teve em dar acompanhamento na
produção deste trabalho final de conclusão do curso, pela sua paciência e humildade, ai vão os meus
agradecimentos, e não se esquecendo de todo corpo docente que passou pela minha turma, pessoas
pela qual tenho admiração e respeito muito grande, por ter confiado em nós, aí vai o meu muito
obrigado.

II
Dedicatória

Ao meu esposo Horácio Langisse Jemusse Bonga e aos meus filhos Isaque Bonga, Hélder Bonga,
Levi Bonga, Davi Bonga e Luana Bonga que tanto lutaram para que eu conseguisse alcançar o nível
superior de formação academica e me tornar o que sou hoje.

III
Listas de abreviaturas

E.A Educação Ambiental


PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
MEC Ministério de Educação e Cultura
ESG Escola Secundaria Geral
PCESG Plano Curricular para o Ensino Secundário Geral

IV
Lista de tabelas

Tabela 1: Entendimento dos professores de Geografia sobre a Educação Ambietal.........................23


Tabela 2. Contribuição da Educação Ambirtal para o ensino de Geografia na 12ª Classe................24

V
Gráficos

Gráfico 1: Entendimento dos professores de Geografia sobre a Educação Ambietal......................24

VI
Resumo

O presente trabalho intitulado “A contribuição da educação ambiental para o ensino da geografia na


12ᵃ Classe, estudo do caso da Escola Secundária Comunitária Sagrado Coração de Amatongas,
distrito de Gondola”, tem como objectivo geral Analisar a contribuição da educação ambiental para
o ensino da Geografia na 12ª Classe, e tendo como objectivos específicos, identificar as aulas de
Geografia que podem ser leccionadas com recurso a conhecimentos da Educação ambiental,
identificar as causas de não utilização da educação ambiental para as aulas de Geografia e
Identificar os impactos positivos da educação ambiental no ensino de geografia, propor estratégias
para uma boa exploração dos conhecimentos da Educação ambiental no ensino de Geografia. Para
alcançar os objectivos, usou-se uma pesquisa do tipo exploratória e para a recolha de dados usou-se
a observação e a entrevista. Após o levantamento dos dados, os mesmos foram ilustrados através de
gráficos e analisados. Do estudo realizado, constatou-se que este trabalho tenciona apresentar e
discutir a temática ambiental no âmbito da Geografia no ensino, realizando uma análise que ainda
carece de um maior aprofundamento académico, isto é, a articulação de um campo do saber
específico com um campo de saber definido pela proposta curricular dos Planos Curriculares
Nacionais (PCN) como Transversal. Desta forma, a proposta é abordar a Educação Ambiental na
Educação e buscar possíveis articulações com a ciência geográfica, definindo os conteúdos
propostos nos PCN de Geografia que possuem fundamentos presentes também na Educação
Ambiental. Do estudo realizado concluiu-se que Educação Ambiental é uma ferramenta
indispensável á construção de novos valores e atitudes, voltados ao desenvolvimento de uma
sociedade comprometida com a solução de seus problemas sócio-ambientais, proporcionando
condições adequadas de sobrevivência para as actuais e futuras gerações.
Palavras chave: Educação, Geografia, Planos Curriculares Nacionais.

VII
Abstract

The present work entitled “ The contribution of environmental education to the teaching of
geography in the 12th Grade, a case study of the Community Secondary School Sagrado Coração
de Amatongas , district of Gondola ”, has the general objective of Analyzing the contribution of
environmental education to teaching in Geography in the 12 th Classe , and having specific
objectives, identify the geography lessons that can be taught using the knowledge of environmental
education, identify the causes of non - use of environmental education for the s Geography lessons
and identify the impacts positive aspects of environmental education in geography teaching , pto
propose strategies for a good exploitation of the knowledge of Environmental Education in the
teaching of Geography. To achieve the objectives, an exploratory research was used and for data
collection, observation and interview were used. After collecting the data, they were illustrated
through graphs and analyzed. From the study, it was found that and ste work intends to present and
discuss environmental issues in the context of geography teaching, performing an analysis
still needs to be further academic deepening, that is, the articulation of a field of knowledge specific
to a field of knowledge defined by the curricular proposal of the Plans National Curriculum (PCN)
as Transversal. Thus, the proposal is addressing Environmental Education in Education and seek
possible links with the geographical science, defining the proposed contents in Geography NCP that
have foundations also present in Education Ambiental. The study concluded that Environmental
Education is an indispensable tool for the construction of new values ​ ​ and attitudes, aimed at
the development of a society committed to the solution of its socio-environmental problems,
providing adequate conditions for survival for current and future generations.

Keywords: Environmental education, Geography, Plans Curriculum National.

VIII
CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução

A integração dos conteúdos ambientais, nos programas de ensino de Geografia, tornou-se uma
preocupação crescente, sobretudo desde a segunda metade do século XX. Sobretudo a Educação
Ambiental (EA) surge como um objectivo a alcançar, por parte das instituições que têm realizado
múltiplos encontros e conferências nesse sentido. O conceito de EA tem evoluído, tornando-se mais
abrangente e surgindo agora ligado à educação para o desenvolvimento. Mas, apesar de todos os
esforços de sensibilização, a sociedade tem mantido uma posição antropocêntrica em relação ao
ambiente, delapidando os recursos e consumindo duma forma exagerada; para que a sociedade
mude a sua atitude, a EA é fundamental.

O presente trabalho com o tema “A Contribuição da Educação Ambiental para o Ensino de


Geografia na 12ᵃ Classe, estudo do caso da Escola Secundária Comunitária Sagrado Coração de
Amatongas, distrito de Gondola”, foi realizado no âmbito das actividades Curriculares da
Universidade Católica de Moçambique para a conclusão do curso de Ensino de Geografia no
Instituto de Educação a Distância de Chimoio. Tem como objectivo, contribuir para uma exploração
efectiva dos conhecimentos da educação ambiental no ensino da Geografia.

A EA busca desenvolver uma sociedade que seja consciente e preocupada com o ambiente e com os
problemas que lhes são associados, focando numa sociedade que tenha conhecimentos, habilidades
e atitudes na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos impactos
que possam surgir.

Portanto, a EA é mais que uma realidade é uma necessidade, sendo essencial para que haja a união
entre educadores e educandos para uma melhor actuação nos processos de transformações sociais,
pois, apresenta uma nova dimensão a ser incorporada ao processo educacional, trazendo uma
recente discussão sobre as questões ambientais, e as consequentes transformações de conhecimento,
valores e atitudes diante de uma nova realidade a ser construída”.

Como métodos e estratégias para alcançar os objectivos descritos no mesmo trabalho, usar-se-á
métodos como observação, entrevista, com recurso a guião de entrevista e questionário.

1
O trabalho estará estruturado em seis capítulos, sendo o primeiro da introdução, onde se apresenta a
delimitação do tema, a problematização, a justificativa, os objectivos e as hipóteses. No segundo
capítulo apresenta-se a fundamentação teórica, onde faz-se a referência dos conteúdos relacionados
com a contribuição da Educação Ambiental para a Geografia. O terceiro capítulo é referente a
metodologia usada no trabalho, no quarto capítulo apresenta-se e discute-se os resultados e no
quinto capítulo vai se abordar questões sobre a discussão de dados e sexto capitulo falar-se-á sobre
as conclusões e as recomendações, por fim apresentar-se-á a bibliografia e os apêndices.

2
1.1. Delimitação do Tema

O tema delimita-se envolta da Contribuição da Educação Ambiental para o Ensino de Geografia na


12ᵃ Classe, estudo do caso da Escola Secundária Comunitária Sagrado Coração, no distrito de
Gondola” entre o período de 2019 à 2020.

Esta pesquisa enquadra-se na disciplina de Estudos Ambientais I e II, no e desenvolvimento


sustentável e aos novos desafios do uso sustentável de recursos florestais com vista a garantir a
qualidade de vida e o bem-estar da população.

1.2. Relevância

O tema é tão relevante, pois tem muita relevância em termos científicos e sociais. Em termos
científicos, contribuirá para o sucesso da iniciativa ministerial de interdisciplinaridade do ministério
da educação e cultura e socialmente, o tema terá um impacto positivo na sensibilização das
comunidades a preservar o meio ambiente que os rodeia.

1.3. Problematização

A Geografia é uma disciplina que instiga no aluno o observar, analisar, interpretar e pensar
criticamente a realidade, visando sua transformação. Restringindo a Educação Ambiental a tal saber
pode-se dizer que quase todos os conteúdos previstos em torno do Meio Ambiente podem ser
abordados pelo olhar da Geografia.

Assim sendo, suscita a necessidade de discussão e de reflexão quanto ao contributo da educação


ambiental para o ensino da Geografia na 12ª classe. Tal inquietação se justifica em virtude da
Geografia ser uma disciplina que visivelmente tem estreita relação com as questões ambientais, uma
vez que ao longo da sua história sempre se tem preocupado com a relação homem/meio.

Sabendo-se que a Educação Ambiental contribui com muitos conhecimentos que podem ser
explorados durante as aulas de Geografia da 12ª classe na Escola Secundária Comunitária Sagrado
Coração, no distrito de Gondola, pretende-se levar a cabo um estudo introspectivo sobre a aplicação
destes conhecimentos por parte dos docentes de Geografia naquela escola partindo se da seguinte
questão:

 Qual é o contributo da educação ambiental para o ensino da Geografia na 12ª Classe, na


Escola Secundária Comunitária Sagrado Coração, no distrito de Gondola?
3
1.4. Hipóteses

1.4.1. Hipóteses Primárias

 Havendo criatividade e interesse por parte dos professores da Escola Secundária Comunitária
Sagrado Coração de Amatongas, pode se explorar os conhecimentos de educação ambiental
para o ensino de Geografia.

1.4.2. Hipóteses Secundárias

 É provável que havendo mais tempo de leccionação de conteúdos ambientais nas aulas por
parte dos professores, pode ajudar aos professores de Geografia a aplicação de
conhecimentos ambientais na aula.

 A inclusão da matéria ambiental em aulas de temas transversais pode de algum modo


contribuir positivamente na compreensão dos alunos sobre o ambiente

1.5. Objectivos do trabalho

1.5.1. Objectivo geral

 Analisar a contribuição da educação ambiental para o ensino da Geografia na 12ª Classe, na


Escola Secundária Comunitária Sagrado Coração.

1.5.2. Objectivos específicos

 Identificar as aulas de Geografia que podem ser leccionadas com recurso a conhecimentos
da Educação ambiental;

 Descrever as consequências de não utilização da educação ambiental como tema transversal


nas aulas de Geografia;

 Identificar os impactos positivos da educação ambiental no ensino de geografia;

 Propor estratégias para uma boa exploração dos conhecimentos da Educação ambiental no
ensino de Geografia.

4
1.6. Justificativa

A escolha deste tema, foi devido a má gestão e conservação do meio ambiente que se verifica no
Posto Administrativo de Amatongas, mas concretamente nas Zonas de Amatongas Centro e
Amatongas Socel. Vendo esta problemática, sentiu-se a necessidade de fazer um estudo em volta da
educação ambiental, onde esta deve ser visto como um assunto pertinente a se introduzir no
programa do sistema de ensino secundário mas particularmente na 12ª classe, como um tema
transversal, a fim de educar os estudantes com conhecimentos na área ambiental. A geografia como
ciência, foca em alguns dos seus capítulos o ambiente falando principalmente dos problemas que o
afecta, nesta perspectiva os professores da disciplina, poderiam levar vantagem em explorar a
matéria, indo mais fundo em relação a matéria ambiental educando os seus alunos a preservar e
conservar o meio que os rodeia.

É evidente a necessidade de discussão e de reflexão sobre a importância do ensino da Geografia na


educação. É neste contexto que surgiu este trabalho onde a EA e a educação geográfica constituem
os dois grandes eixos estruturantes de uma investigação na área da Educação Ambiental, que tem
como quadro de referência o ensino da Geografia, ao nível do ensino secundário.

1.7. Considerações éticas

No que tange as considerações éticas, importa salientar que o trabalho foi realizado sem sobressaltos,
pois as pessoas contactadas para dar subsidio para enriquecimento do acervo do presente trabalho
cientifico foram humildes e deram as informações humildemente que permitiram enriquecer o
trabalho. Nas bibliotecas visitadas para a busca do acervo teórico, os bibliotecários atendiam a
autora do presente trabalho duma forma humilde. Em suma dizer que, as pessoas contactadas foram
humildes e éticos sem motivos de motivos de queixa para a autora do trabalho.

5
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Breve Historial da educação ambiental

De acordo com Alberto (2001, p.16), os primeiros registos da utilização do termo “Educação
Ambiental” datem de 1948, num encontro da União Internacional para a Conservação da Natureza
(UICN) em Paris, os rumos da Educação Ambiental começam a ser realmente definidos a partir da
Conferência de Estocolmo, em 1972, onde se atribui a inserção da temática da Educação Ambiental
na agenda internacional. Em 1975, lança-se em Belgrado (na então Jugoslávia) o Programa
Internacional de Educação Ambiental, no qual são definidos os princípios e orientações para o
futuro.

Cinco anos após Estocolmo, em 1977, acontece em Tbilisi, na Geórgia (ex-União Soviética), a
Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, cuja organização ocorreu a partir de
uma parceria entre a Unesco e o então recente Programa de Meio Ambiente da ONU (Pnuma). Foi
deste encontro que saíram as definições, os objectivos, os princípios e as estratégias para a
Educação Ambiental que até hoje são adoptados em todo o mundo.

Segundo Moras (1990,p.65), outro documento internacional de extrema importância é o Tratado de


Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global elaborado pela
sociedade civil planetária em 1992 no Fórum Global, durante a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92).

Esse documento estabelece princípios fundamentais da educação para sociedades sustentáveis,


destacando a necessidade de formação de um pensamento crítico, colectivo e solidário, de
interdisciplinaridade, de multiplicidade e diversidade. Estabelece ainda uma relação entre as
políticas públicas de EA e a sustentabilidade, apontando princípios e um plano de acção para
educadores ambientais. Enfatiza os processos participativos voltados para a recuperação,
conservação e melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida.

O Tratado tem bastante relevância por ter sido elaborado no âmbito da sociedade civil e por
reconhecer a Educação Ambiental como um processo político dinâmico, em permanente construção,
orientado por valores baseados na transformação social. A Agenda 21, documento também
concebido e aprovado pelos governos durante a Rio 92, é um plano de acção para ser adoptado
global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela
6
sociedade civil, em todas as áreas em que a acção humana impacta o meio ambiente, (Racy&Scaran,
1998,p.45).

Além do documento em si, a Agenda 21 é um processo de planeamento participativo que resulta na


análise da situação actual de um país, estado, município, região, sector e planeia o futuro de forma
sócio-ambientalmente sustentável.

Em Tessaloniki, no ano de 1997, durante a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e


Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, os temas colocados na Rio 92
são reforçados. Chama-se a atenção para a necessidade de se articularem acções de EA baseadas nos
conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e participação,
além de práticas interdisciplinares.

Foi reconhecido que, passados cinco anos da Rio 92, o desenvolvimento da EA foi insuficiente.
Como consequência, configura-se a necessidade de uma mudança de currículo, de forma a
contemplar as premissas básicas que norteiam uma educação “em prol da sustentabilidade”,
motivação ética, ênfase em acções cooperativas e novas concepções de enfoques diversificados.

Ainda no âmbito internacional, a iniciativa das Nações Unidas de implementar a Década da


Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), cuja instituição representa uma
conquista para a Educação Ambiental, ganha sinais de reconhecimento de seu papel no
enfrentamento da problemática socioambiental, na medida em que reforça mundialmente a
sustentabilidade a partir da Educação. A Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável
potencializa as políticas, os programas e as acções educacionais já existentes, além de multiplicar as
oportunidades inovadoras.

2.2. Conceito de educação ambiental

Actualmente não é possível entender a Educação Ambiental no singular, como um único modelo
alternativo de educação que simplesmente complementa uma educação convencional, que não é
ambiental.

De acordo com Bryman & Cramer (1992,p.23), afirmam que a Conferência de Tbilisi realizado em
1977, definiu a EA como:

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“Um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam
consciência de seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as
habilidades, as experiências e a determinação que os tornam aptos a agir -
individual e colectivamente a resolver os problemas ambientais.”

Em Moçambique, a Lei sobre o ambiente, institui a Política Nacional de Educação Ambiental, que é
definida como:

“Processos por meio dos quais o indivíduo e a colectividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente,
bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”

De modo coerente, novas denominações para conceituar a Educação Ambiental foram efectuadas a
partir do final dos anos 80 e início da década de 90, como a alfabetização ecológica (Carin, 2007), a
educação para o desenvolvimento sustentável (NeaL, 1995), a educação para a sustentabilidade
(O’riordan, 1989), a eco-pedagogia (Alberto, 2001), ou ainda, a educação no processo de gestão
ambiental (Bryman,& Cramer, 1992,p.24).

Esses conceitos caracterizam o início de uma nova fase, a da necessidade de diferenciação interna,
com demarcação de estratégias mais eficazes para atingir resultados, os quais nem sempre são
palpáveis, como é o caso do processo educativo. Neste aspecto, a Educação Ambiental torna-se
fundamental para um melhor maneio desses resíduos e com isso, a redução dos danos ambientais.

2.3. Classificação da educação ambiental

A diversidade de classificações a respeito da Educação Ambiental é tão vasta quanto a diversidade


que inspira as inúmeras variações do ambientalismo. Para Bordenave & Pereira (1983,p. 34),
algumas delas, que podem ser complementares entre si, ao contrário das variações existentes do
ambientalismo:

 Educação sobre o meio ambiente: trata-se da aquisição de conhecimentos e habilidades


relativos à interacção com o ambiente, que está baseada na transmissão de fatos, conteúdos e
conceitos, onde o meio ambiente se torna um objecto de aprendizado;
 Educação no meio ambiente: também conhecido como educação ao ar livre, corresponde a
uma estratégia pedagógica onde se procura aprender através do contacto com a natureza ou

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com o contexto biofísico e sociocultural do entorno da escola ou comunidade. O meio
ambiente provê o aprendizado experimental, tornando-se um meio de aprendizado;
 Educação para o meio ambiente: processo através do qual se busca o engajamento activo do
educando que aprende a resolver e prevenir os problemas ambientais. O meio ambiente se
torna uma meta do aprendizado.
 Educação a partir do meio ambiente: que considera, além das demais incluídas, os saberes
tradicionais e originários que partem do meio ambiente, as interdependências das sociedades
humanas, da economia e do meio ambiente; a simultaneidade dos impactos nos âmbitos
local e global; uma revisão de valores, da ética, atitudes e responsabilidades individuais e
colectivas; a participação e a cooperação; o pensamento altruísta que considera a diversidade
dos seres vivos, os territórios com sua capacidade de suporte, a melhoria da qualidade de
vida ambiental das presentes e futuras gerações; os princípios da incerteza e da precaução.

Outra classificação efectuada e discutida por Garcia (1999,p.72), diz respeito às perspectivas que
iluminam as práticas pedagógicas, divididas entre conferir maior peso à educação ou ao meio
ambiente, embora também possam ser complementares entre si.

Partindo do pressuposto de que a Educação Ambiental se localiza na relação humana e ambiente,


podem existir três vertentes:

 Perspectiva ambiental: está centrada no ambiente biofísico; parte do ponto de vista de que a
qualidade ambiental está se degradando, ameaçando a qualidade de vida humana. A
preocupação dessa vertente está na ideia do engajamento para prevenir e resolver os
problemas ambientais;
 Perspectiva educativa: está centrada no indivíduo ou grupo social; parte da constatação de
que o ser humano desenvolveu uma relação de alienação. A preocupação dessa vertente é a
educação integral do indivíduo, com o desenvolvimento da autonomia, do senso crítico e de
valores ético;
 Perspectiva pedagógica: está centrada no processo educativo, diferentemente das
abordagens anteriores que centram num ou noutro pólo. Por considerar os métodos
pedagógicos tradicionais demais dogmáticos e impositivos, essa vertente inclina-se sobre o
desenvolvimento de uma pedagogia específica para a Educação Ambiental, através da

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perspectiva global e sistémica da realidade, da abertura da escola ao seu entorno, ao recurso
da metodologia da resolução de problemas ambientais locais concretos.

2.4. A Educação Ambiental na educação

Neste subcapítulo apresenta-se as dimensões que a educação ambiental tomou e suas proporções
dentro da educação.

Buscando situar a “incorporação” da Educação Ambiental (E.A) na educação Moçambique,


procurando delimitar sua origem e pontuando os eventos que contribuíram para sua inserção, assim
como a conhecemos hoje, em seu carácter transversal e multidisciplinar, vamos fazer uso de um
breve histórico, dando ênfase ao desenvolvimento da Educação Ambiental em Moçambique.

Em 1997, foram lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) pelo MEC “traduzindo” em
uma proposta curricular as diferentes iniciativas mais amplas apontadas anteriormente. Nesta
proposta o Meio Ambiente é tratado como um de seus temas transversais.

Nesta pesquisa, utiliza-se os Programas Curriculares Nacionais de Geografia e Temas Transversais


de Meio Ambiente como fontes privilegiadas, considerando que fundamentam um referencial
nacional para todos os níveis de ensino e foram, como citado anteriormente, elaborados e
recomendados pelo Ministério da Educação (ME).

A análise se constitui numa tentativa de enriquecer a bibliografia sobre esta articulação de um


campo do saber específico com um campo de saber definido pela proposta curricular dos PCN como
Transversal juntamente com as seguintes temáticas Ética, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual,
Saúde e Trabalho e Consumo.

Segundo o documento, os temas transversais são questões sociais de suma importância para a
construção de uma educação para a cidadania e foram eleitos visando os seguintes pontos: sua
urgência social, abrangência nacional, possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino
fundamental e o favorecimento da compreensão da realidade e a participação social.

A educação para a cidadania requer que questões sociais sejam apresentadas


para a para aprendizagem e a reflexão dos alunos, buscando um tratamento
didáctico que contemple sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a
mesma importância das áreas convencionais.Com isso o currículo ganha em

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flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser priorizados e
contextualizados de acordo com as diferentes realidades locais e regionais e
que novos temas sempre podem ser incluídos (Inde, 2008,p.34).

De início, esclareceu-se que não se tenciona mostrar que a educação ambiental pode ser tratada de
forma integral dentro da disciplina Geografia, mas sim apresentar possíveis articulações entre elas,
com base nos conteúdos propostos no próprio documento do MINED. Por isso, elucidou-se que no
presente trabalho, não vai considerar-se a parte que cabe a outras disciplinas, fazendo uma análise
centrada na Geografia, como disciplina curricular.

2.5. O meio ambiente como tema transversal: EA e os PCN

Os temas transversais têm em comum o facto de serem questões que permitem a compreensão e a
crítica da realidade. Esta transversalidade pode desencadear outras discussões, como, por exemplo,
sua relação com a interdisciplinaridade.

De certa forma a transversalidade está ligada directamente à interdisciplinaridade, na medida em


que os temas transversais dependem da “união” das disciplinas em benefício de determinado tema
transversal, ou seja, a transversalidade de um tema está associada à capacidade das disciplinas de
construírem intersecções entre si mesmas embaçadas naquele tema. Por exemplo, a temática
ambiental deve ser tratada de forma transversal e em cada uma das disciplinas curriculares.

Especificamente na proposta de trabalho da temática ambiental, o documento expressa a ideia de


que os alunos sejam capazes de perceber-se como parte integrante da natureza e agente
transformador e crítico do meio, aptos para fazer as devidas relações entre os elementos que se
realizam no espaço e no tempo. No que diz respeito, a concepção de trabalho com a questão
ambiental, o documento do MEC é enfático ao afirmar que há uma necessidade de se formar
cidadãos conscientes que decidam e se comprometam com a realidade socioambiental,
ultrapassando:

A principal função do trabalho com tema Meio Ambiente é contribuir para a


formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e actuar na realidade
socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de
cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que mais do
que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes,

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com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de procedimentos.
E esse é um grande desafio para a educação.

Neste sentido, no que se refere à apresentação conceitual do tema, pode-se afirmar que o documento
expõe uma postura crítica quanto à realidade e visando sua transformação. Esta postura, como
vimos, se constitui no eixo central da concepção ambientalista crítica.

2.6. Contribuição da Geografia na Educação Ambiental

A Geografia tem um papel muito importante neste contexto, pois, por intermédio dela, acredita-se
que educadores e educandos tenham condições de desmistificar a relação homem e natureza e trazer
à tona a questão ambiental, a qual é preocupante, assumindo um carácter eminentemente social.
Uma vez que a Geografia tem como preocupação o lugar em que se vive, ela não vê a natureza
apenas como áreas de preservação. Entende a superfície terrestre como sendo o espaço de
transformação e vivência do homem.

Racy, & Scaran (2007,p.45) consideram que as questões ambientais, sobretudo, quando se refere à
Educação Ambiental, referem-se aos resultados das relações sociais que interpõem as relações com
a natureza. Procura-se destacar que, embora os problemas ambientais sejam transdisciplinares, ou
seja, a realidade não é fragmentada, compreende-se que diversos sectores do conhecimento
contribuíram para a Educação Ambiental com suas especificidades, dentre estes a Geografia.

A Geografia é uma ciência que estuda, analisa e tenta explicar o espaço de vivência e produzido
pelo homem. Enquanto matéria de ensino permite que o aluno entenda-se como participante do
espaço que estuda, onde os fenómenos que ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos
homens e estão inseridos num processo de desenvolvimento ambientalmente equilibrado, onde,
antes de tudo, deve ser entendido como um ser biológico e pertencente a este espaço.

Assim, há a possibilidade de fazer do Ensino de Geografia um caminho para compreender a


realidade em que se vive e os problemas sócio-ambientais existentes. Pronunciar Geografia e
Educação Ambiental é de vital importância para a consciencialização dos indivíduos sobre a
necessidade de preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar a qualidade de vida do homem e
demais seres vivos que convivem nas paisagens.

12
De acordo com Bordenave & Pereira (1983,p.19), a Geografia tem na relação homem/natureza um
de seus mais clássicos temas de reflexão e mostra-se como uma das ciências que pode e deve
trabalhar a EA enquanto parte de sua área de actuação. Suas técnicas desenvolvidas, como
arcabouços teóricos e metodológico, são relevantes para o planeamento participativo e responsável.
Cabe á Geografia desenvolver nos educandos a capacidade de observar, analisar, interpretar e
pensar criticamente a realidade, tendo em vista sua assimilação e transformação, possibilitando à
técnica a resolução de problemas.

A proposta da Geografia para o estudo das questões ambientais favorece uma visão clara dos
problemas de ordem local, regional e/ou global. Destacando o estudo voltado para a relação
homem-meio, a Geografia torna-se importante entre as várias ciências engajadas no processo de
ensino/pesquisa, visto que, por intermédio dela, educadores e educandos tem condições de
desmistificar a relação homem-natureza e trazer à tona a questão ambiental, a qual é preocupante,
assumindo um carácter eminentemente social, relegando, na maioria das vezes, a espacialidade da
técnica, (Bordenave & Pereira, 1983,p.25).

A partir desses argumentos, acredita-se que uma EA transmitida pela Ciência Geográfica,
proporcionará aos educandos uma postura crítica da realidade vivenciada, formadora de cidadania,
que transforma valores e atitudes através da construção de novos hábitos e conhecimentos, e cria
uma nova ética, capaz de sensibilizar e consciencializar os cidadãos quanto á responsabilidade pelos
seus actos frente às paisagens vivenciadas. Ainda falta a Geografia uma melhor resolução dos
problemas pautada no espaço da técnica, criticar menos e actuar mais na resolução de possíveis
problemas.

A Geografia é uma disciplina que pode desenvolver um projecto ambientalista, uma vez que ao
longo da sua história sempre se tem preocupado com as relações homem/meio; mas para o
conseguir, necessita de seleccionar os problemas básicos da aprendizagem, bem como os conceitos-
chave que os jovens devem adquirir, para além de tentar mudar as rotinas dos professores (Graves,
1985,p.101).

As preocupações e a sensibilização dos professores na área da EA são muito diferenciadas e com


origens muito variadas, o que acaba por influenciar as abordagens feitas, pelos professores, a esta
temática. Para mudar as rotinas dos professores e adoptar uma perspectiva mais ambientalista não é

13
suficiente alterar o quadro legislativo, é fundamental desenvolver um programa de formação para os
professores, nesta área.

As diferentes perspectivas dos professores em relação ao ensino da Geografia e à EA relacionam-se


com as suas vivências pessoais e profissionais.

De acordo com Zabalza (1996,p.48), ele afirma que à concepção de Geografia apresentada nos PCN,
esta não está tão explicitada, porém ao fazer um pequeno histórico das correntes da Geografia,
apresentando suas etapas e objectivos, indo da Geografia Tradicional à Geografia Crítica, o
documento deixa claro que a abordagem crítica é a que melhor contempla a ideia defendida, nos
PCNs, nos objectivos do ensino fundamental de formarmos pessoas conscientes e críticas, capazes
de transformar o espaço:

Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus


elementos e as interacções entre eles, contribuindo activamente para a melhoria do meio ambiente.
Esta percepção vai ao encontro, de outro objectivo do tema Transversal Meio Ambiente, reforçando
a ideia de aproximação destes campos do saber:

Perceber, em diversos fenómenos naturais, encadeamentos e relações de causa/efeito que


condicionam a vida no espaço (geográfico) e no tempo (histórico), utilizando essa percepção para
posicionar-se criticamente diante das condições ambientais de seu meio.

Com base, nestas afirmações e em análises feitas nos PCN de Geografia e Tema Transversal – Meio
Ambiente, a Geografia concebida no documento, pode ser considerada crítica, onde o aluno deve se
perceber como parte integrante do meio em que vive, não só observando, mas também analisando,
estudando e interagindo com os elementos da natureza, propondo formas de resolver os problemas
que surgem:

De acordo com Oliveira (2007,p.69), a Geografia abrange as preocupações fundamentais


apresentadas nos temas transversais...Pois o estudo da Geografia proporciona aos alunos a
possibilidade de compreenderem sua própria posição no conjunto de interacções entre sociedade e
natureza.

14
Procurando ilustrar o que foi afirmado acima, alguns autores discutem a EA Crítica e a Geografia
Crítica, como Moraes (1990) que, define a Geografia Crítica, em seu livro Geografia: Pequena
História Crítica:
A outra vertente, do movimento geográfico, agrupa aquele conjunto de propostas
que se pode denominar Geografia Crítica. Esta denominação advém de uma postura
radical, frente à Geografia existente (seja a Tradicional ou a Pragmática), a qual será
levada ao nível de ruptura com o pensamento anterior. Porém, o designativo de
crítica diz respeito, principalmente, a uma postura frente à realidade, frente à ordem
constituída. São os autores que se posicionam por uma transformação da realidade
social, pensando o seu saber como uma arma desse processo. São assim, os que
assumem o conteúdo político de conhecimento científico, propondo uma Geografia
militante, que lute por uma sociedade mais justa (Moraes, 1990,p.47).

Ainda sobre esta abordagem crítica, Zabalza (1996) apresenta a origem deste movimento geográfico,
explicitando suas características principais:

Pode-se dizer que os pressupostos básicos dessa “revolução” ou reconstrução do


saber geográfico eram a criticidade e o engajamento. Por criticidade se entendia uma
leitura do real, isto é, do espaço geográfico, que não omitisse as suas tensões e
contradições, que ajudassem enfim a esclarecer a espacialidade das relações de
poder e dominação. E por engajamento se pensava numa geografia não mais
“neutra” e sim comprometida com a justiça social, com a correcção das
desigualdades socioeconómicas e das disparidades regionais.

Coerente com a opção, apontada anteriormente, sobre a abordagem da Educação Ambiental Crítica,
pode-se afirmar que:

Numa concepção crítica de educação, acredita-se que a transformação da sociedade é causa e


consequência (relação dialéctica) da transformação de cada indivíduo, há uma reciprocidade dos
processos no qual propicia a transformação de ambos. Nesta visão, educando e educador são
agentes sociais.

Em uma proposta crítica de Educação Ambiental, trabalha-se com uma visão sistémica de meio
ambiente, compreendido em sua totalidade como um conjunto em que seus elementos
interdependentes se inter-relacionam em um equilíbrio dinâmico (Souto,&, Xosé, 1998,p.17).

Assim, o meio ambiente é visto como um sistema, considerando sua totalidade, onde seus elementos
interagem entre si. Esta corrente crítica da E.A interpreta o meio ambiente como um objecto de

15
transformação, um lugar de emancipação onde é possível desconstruir as realidades sócio-
ambientais visando à transformação dos problemas locais.

Na tentativa de traçar intersecções entre a corrente Crítica da Geografia e a abordagem Crítica da


Educação Ambiental, pode-se afirmar que ambas têm a criticidade e a transformação da realidade
como fundamentos. Sendo, praticamente, impossível associarmos uma abordagem de geografia
crítica com uma vertente conservacionista de Educação Ambiental.

2.7. Consequências de não utilização da educação ambiental como tema transversal nas aulas
de Geografia

A educação ambiental, faz parte de um dos conteúdos tão importantes para educar a sociedade a
saber se lidar melhor com o ambiente natural. Neste contexto, a não leccionação deste
conhecimento nas escolas como tema transversal, atendendo que os alunos fazem parte da
comunidade, e a comunidade por sua vez encontra-se cercada de ambiente natural, logo se a os
alunos não possuírem conhecimentos sobre a educação ambiental, no que tange a conservação, a
protecção e o uso sustentável do ambiente isto acelerará cada vez mais a degradação do ambiente
natural, como a poluição das águas, abate indiscriminada das árvores sem substitui-las, prejudicando
assim a geração vindoura. Este é só um exemplo das consequências de não utilização da educação
ambiental como tema transversal nas aulas de Geografia, (Alberto, 2001,p.33).

2.8. Os impactos positivos da educação ambiental no ensino de geografia

A leccionação da educação ambiental, no ensino de geografia, é tão pertinente, pois faz parte de
um dos conteúdos tão importantes para educar a sociedade a saber se lidar melhor com o ambiente
natural. Neste contexto, a sua leccionação nas escolas como tema transversal, catapulta cada vez
mais o nível de conhecimento na matéria de conservação, protecção e uso sustentável do ambiente
natural, onde os alunos passam estes conhecimentos aos pais e consequentemente a sua comunidade,
sem prejudicar as gerações vindouras,(Graves,1985,p.17).

16
CAPÍTULO III: METODOLOGIA

3.0. Metodologias

Segundo Marconi & Lakatos (2003,p.88), a metodologia de pesquisa numa planificação deve ser
entendida como “um conjunto detalhado e sequencial de Métodos e técnicas a serem executadas ao
longo da pesquisa”.

Para a realização deste trabalho, se realizou o estudo de caso e recorrendo-se á método bibliográfico,
onde se consultou obras que versam sobre o tema.

3.1. Tipo de pesquisa

Antes de fazer uma grande abordagem sobre as metodologias, o autor do presente trabalho, achou
melhor, primeiro fazer uma abordagem sobre o tipo de pesquisa, que se tratou tendo em conta os
objectivos a alcançar.

Do ponto de vista de seus objectivos, trata-se de uma pesquisa exploratória, porque vai proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo explícito ou a construir hipóteses, pois
nesta pesquisa, analisa-se a contribuição da educação ambiental no ensino de processo de ensino e
aprendizagem de geografia.

3.2. Os procedimentos metodológicos que foram usados são os seguintes


Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, foi usada a pesquisa bibliográfica, pois o trabalho
final foi elaborado a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos
periódicos e actualmente com material disponibilizado na Internet, recorrendo a abordagem
qualitativa, visto que os resultados não foram quantificados para classifica-los e analisa-los.
Portanto, com o método bibliográfico aproveitou-se fundamentalmente das contribuições dos
diversos autores sobre educação ambiental no ensino de geografia. O método bibliográfico auxiliou
a responder questões colocadas ao longo da pesquisa, tais como contribuições da educação
ambiental para o ensino de geografia.

 Observação
Este método consistiu na assistência das aulas de Geografia num período de três semanas, depois de
participar na planificação trimestral. Durante a observação se fez o registo das aulas, em que devia-
se usar os conhecimentos de educação ambiental.

17
“Este método, é específico para estudos exploratórios, pois visa proporcionar maior familiaridade
com o problema e torná-lo explícito para formular hipóteses” (Gressler, 1979, p.61).

 Estatístico – foi utilizado o método estatístico para cálculos e análise dos dados
numéricos que foram recolhidos ao longo do trabalho. Com base neste método foram
construídas tabelas de análise dos dados.

3.3. Técnicas de colecta de dados

Para recolha de dados foi usada a técnica de entrevista.

 Entrevista

Gressler (1979, p.33),” a entrevista é um encontro entre duas pessoas afim de que uma delas
obtenha informações a respeito de um determinado assunto mediante a uma conversação de
natureza profissional”.

Primeiro elaborou-se um guião de entrevista, o qual foi usado para entrevistar os professores e
alunos da 12ᵃ classe, área A. O guião de entrevista era baseado em perguntas abertas. Portanto, esta
técnica permitiu ao autor de trabalho entrevistar os docentes sobre a problemática em causa.

3.4. Caracterização da população e da amostra

Foi utilizada uma amostragem do tipo probabilística aleatória, pois esta amostragem permitiu que a
população fosse seleccionada ao acaso, para fazer parte da amostra.

Constitui população para esta pesquisa, 135 indivíduos, deste número 105 são alunos e 30 são
professores afectos na Escola Secundária Comunitária Sagrado Coração de Amatongas.
Como amostra, foram entrevistados 04 professores de Geografia e 06 alunos da 12ᵃ Classe da área A.

3.5. Resultados esperados

Com o presente trabalho espera-se que a educação ambiental como um tema transversal introduzido
numa aula de geografia dê o seu contributo no do processo de ensino e aprendizagem de geografia.

Espera-se ainda, que o trabalho esteja na posse das estruturas governamentais locais, para que
possam pôr em prática nos currículos do processo de ensino e aprendizagem de geografia.

18
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

4.1. O Ensino-aprendizagem da Disciplina de Geografia


O ensino da Geografia no 2º Ciclo do Ensino Secundário Geral tem como objectivo fundamental
ampliar e consolidar os conhecimentos adquiridos no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral, tendo
em vista o desenvolvimento de competências que permitam a continuação dos estudos ou inserção
na vida laboral.

A Geografia é por excelência uma disciplina que permite a ligação da teoria à prática, tendo como
objecto de estudo a superfície terrestre onde ocorrem vários fenómenos físico-naturais e humanos.
O objectivo fundamental da Geografia é explicar a localização, distribuição dos fenómenos pela
superfície terrestre, suas causas, efeitos e correlações.

A disciplina de Geografia contribui para o desenvolvimento da consciência, a solidariedade e


compreensão em relação a outros povos do mundo, combate ao obscurantismo e desenvolve a ética
ambiental. A Geografia dá a conhecer ao aluno, para além dos horizontes familiares, o que existe e
se passa no mundo.

A Geografia neste ciclo contempla aspectos físico-naturais e humanos, daí que, se relaciona tanto
com ciências físico-naturais como ciências humanas, por exemplo: História para a explicação da
evolução dos fenómenos sociais no tempo, a Física para a explicação de alguns fenómenos físico-
naturais, entre outras.

Os conteúdos leccionados na disciplina de Geografia neste ciclo compreendem aspectos físico-


naturais e socioeconómicos. Estes conteúdos são interligados, estando na 11ª classe a Geografia
Física, 12ª Classe focalizados população e suas actividades, como classe terminal do ciclo.

Neste ciclo o aluno deve ter uma crescente consciencialização acerca de oportunidades e
constrangimentos que afectam os povos sob diferentes condições, naturais, económicas, sociais,
políticas, em cada lugar.

As competências a serem desenvolvidas pelo aluno ao longo do ciclo contemplam de forma


integrada conhecimentos, capacidades, habilidades e atitudes relevantes para a vida. Assim, são
definidas as seguintes competências:

 Aplica na comunidade os conhecimentos geográficos para prevenção e mitigação de


diferentes problemas de índole natural, social, económica e outros.
19
 Dinamiza na comunidade acções que têm em vista a preservação do ambiente.
 Interpreta as leis da família, do ambiente e da água na escola e na comunidade.
 Aplica as regras de conservação ambiental com vista à melhoria da qualidade de vida da
comunidade.
 Inter-relaciona o crescimento populacional, o desenvolvimento das actividades económicas e
o equilíbrio ambiental.

A transversalidade apresenta-se no currículo do ESG como uma estratégia didáctica com vista um
desenvolvimento integral e harmonioso do indivíduo. Com efeito, toda a comunidade escolar é
chamada a contribuir na formação dos alunos, envolvendo-os na resolução de situações-problema
parecidas com as que se vão confrontar na vida.

No currículo do ESG prevê-se uma abordagem transversal das competências gerais e dos temas
transversais. De referir que, embora os valores se encontrem impregnados nas competências e nos
temas já definidos no PCESG, é importante que as acções levadas a cabo na escola e as atitudes dos
seus intervenientes sobretudo dos professores constituam um modelo do saber ser, conviver com os
outros e bem-fazer.

4.3. Percepção dos Professores quanto a Contribuição da Geografia na Educação Ambiental

Tentou-se perceber o contributo da educação ambiental na disciplina de Geografia, a nível do ensino


secundário, particularmente na 12ᵃ Classe, procurando identificar os aspectos comuns entre ambas,
mas partindo sempre do princípio que a educação para os valores ambientais tem de ser transversal
a todas as disciplinas e níveis de ensino.

Diante deste exposto, procurou-se saber a percepção dos professores sobre como é que a educação
ambiental está contribuir no ensino da Geografia? Será que as inovações curriculares, como a
reforma do sistema educativo, têm provocado alterações, em termos práticos nas escolas,
nomeadamente na disciplina de Geografia, ou não têm passado do papel?

Os professores levantaram uma série de hipóteses de trabalho, que constituíram os elementos de


orientação da investigação e das quais se destacam as seguintes:

20
Com base nas informações obtidas a partir da entrevista aos professores, constatou-se que a maior
parte destes passou a trabalhar com a temática nos últimos dez anos. A educação ambiental, é um
tema que pode desenvolver um projecto ambientalista dentro do processo do ensino aprendizagem
na 12ᵃ Classe, uma vez que ao longo da sua história sempre se tem preocupado com as relações
homem/meio, mas para o conseguir, necessita de seleccionar os problemas básicos da aprendizagem,
bem como os conceitos-chave, para além de tentar mudar as rotinas dos professores.

As preocupações e a sensibilização dos professores na área da EA são muito diferenciadas e com


origens muito variadas, o que acaba por influenciar as abordagens feitas, pelos professores, a esta
temática.

Portanto, para mudar a rotina dos professores e adoptar uma perspectiva mais ambientalista não é
suficiente alterar o quadro legislativo, é fundamental desenvolver um programa de formação para os
professores, nesta área.

As diferentes perspectivas dos professores em relação EA e ao ensino da Geografia relacionam-se


com as suas vivências pessoais e profissionais.

É evidente a necessidade de discussão e de reflexão sobre a importância da educação ambiental no


ensino da Geografia. Os professores afirmaram que educação ambiental é indispensável para o
desenvolvimento de cidadãos responsáveis e activos no mundo actual e no futuro.

Por tradição, as aulas de Educação ambiental exigem utilização de meios visuais, com destaque para
cartazes. Os cartazes são classificados como recursos visuais. A utilização deste recurso na
comunidade contribui para tirar o aluno do pensamento teórico para o prático na qual vai observar e
em algumas vezes manipular os “objectos”.

Para verificar se as ideias dos professores entrevistados se encontram generalizadas no corpo


docente de Geografia, ou estão circunscritas a uma minoria de professores melhor informados,
optou-se pela entrevista a um número alargado de professores, tendo por base a síntese dos
indicadores, determinados a partir das ideias das entrevistas.

Os professores entrevistados revelam perspectivas diferentes, no modo de encarar a EA, mas estão
de acordo quanto a sua importância e transversalidade na educação de hoje. As entrevistas

21
evidenciam uma grande riqueza de ideias quanto à EA, nas aulas de Geografia, sendo importante
verificar até que ponto estas perspectivas estão generalizadas no corpo docente de Geografia, do
ensino secundário, particularmente na 12ᵃ Classe, da Escola Secundária Comunitária Sagrado
Coração de Amatongas, através dos questionários a professores e a alunos.

No que respeita a perspectiva ambiental na planificação, os professores entrevistados consideram o


programa um bom instrumento de trabalho, uma vez que apresenta uma componente ambiental. A
grande maioria dos professores (96%) considera vantajosa a EA para os alunos logo, mas, deveriam
estruturar a sua planificação nesse sentido, utilizando recursos de planificação onde a componente
ambiental estivesse presente, como seja o programa de Geografia do Ensino Secundário, sobretudo
nos seus princípios orientadores e nas finalidades e objectivos gerais.

Os professores consideram existir um contributo específico da EA para a Geografia (92%) para, mas
depois indicam diversos aspectos como componentes dessa especificidade. Ao longo deste trabalho
verificou-se que os professores têm opiniões e perspectivas diferentes sobre a educação geográfica,
sobre o ensino da Geografia e sobre a EA.

Ficou clara a possibilidade efectiva de um contributo do ensino da EA na Geografia; ele será tanto
mais viável quanto maior for o conhecimento, por parte dos diversos agentes educativos
(nomeadamente os professores de Geografia), dos vários níveis a que é possível a sua concretização.

O gosto do professor pelo tema torna-se um elemento determinante da introdução da componente


ambiental; é importante que a este gosto corresponda uma experiência reflectida e não a repetição
de “rotinas”; só assim será possível uma reflexão sobre os objectivos do programa e depois sobre os
conteúdos, de modo a fazer a selecção mais adequada.

A educação ambiental, tem um contributo importante no processo do ensino-aprendizagem de


geografia, particularmente na 12ᵃ Classe, consciencializando os alunos do impacto do seu próprio
comportamento, fornecendo-lhes informação rigorosa e ajudando-os a desenvolver capacidades que
lhes permitam tomar decisões fundamentadas relativas ao ambiente, contribuindo para o
aparecimento duma nova ética relativa ao ambiente, que guie as suas acções.

Quanto ao entendimento dos educadores sobre a Educação Ambiental, como demonstra a tabela 1,
notamos que há significativa preocupação quanto à preservação do ambiente natural (fauna, flora,
22
clima, água e solo), consciencialização ambiental e respeito ao ambiente, alterações climáticas e
problemas com o lixo, etc.

Tabela 1: Entendimento dos professores de Geografia sobre a Educação Ambiental

Professor O que você entende por No % Principais problemas


Educação Ambiental? ambientais citados pelos
Inqueridos professores

Professor É a educação como um todo, Lixo em sala e no pátio da


1 porque vivemos num espaço e escola;
esse é o nosso ambiente. Lixo no bairro e nas ruas;
Educação Ambiental está
Poluição do ar (cheiro ruim).
presente em tudo na nossa
vida, desde saber que não
podemos jogar um lixo no chão
ou pela janela ou sujar os
pratos da merenda para não
utilizar muita água e sabão,
detergente, etc.

Professor É a acção educativa voltada à Queimadas de lixo;


2 percepção do indivíduo como Ocupação de áreas agrícolas
parte da natureza e também muito próximas das residências
responsável por essa mesma
natureza. É a construção do
conhecimento voltada para o 04 100%
desenvolvimento de atitudes,
individuais e colectivas, de
conservação dos recursos
naturais.

Professor Educação Ambiental é fazer a A poluição dos rios.


3 sociedade se consciencializar
de que preservar o planeta é
fazer mesmo com a vida na
Terra, e que os recursos
naturais devem ser explorados
de forma sustentável e os
resíduos colocados em locais
adequados.

Professor A função da Educação Contaminação de lagos


4 Ambiental é despertar a Desperdício de água,
consciência e a sensibilidade Poluição de rios com
nos nossos alunos (crianças e agrotóxico
jovens) sobre a importância de
23
preservar nosso planeta e isso é
obrigação de todas as
disciplinas.

Fonte: Autora, 2020

Fig.1
100%

Legenda:

Corresponde a 04 professores que


responderam sobre a educação
ambiental

De acordo com a tabela acima, pode-se constatar que dos 04 professores entrevistados, todos foram
unânimes em mostrarem os seus conhecimentos sobre o que sabem na área de ambiente, numa
percentagem de 100%. Logo, isto faz perceber que os professores tem um certo conhecimento sobre
os problemas ambientais, e consequentemente têm conhecimentos sobre a educação ambiental,
faltando uma orientação na íntegra para a sua leccionação.

Tabela 2: Contribuição da Educação Ambiental para o ensino de Geografia na 12ᵃ Classe.

Professor Qual é a contribuição da Educação Ambiental para o ensino de Geografia?


Professor A Educação ambiental, ajuda o ensino de geografia em obter conhecimentos
1 sobre as boas maneiras do uso e conservação do meio ambiente.

Professor A Educação ambiental, pode contribuir muito no ensino de geografia, tendo em


2 vista que a abrange enormemente a área ambiental. O desenvolvimento de
projectos, além da teoria, pode educar ambientalmente de forma a levar o aluno
24
a agir localmente pensando globalmente.
Professor A Educação ambiental é parte de um fragmento da ciência. A contribuição dela
3 é formar pessoas críticas, integrar a busca de relações e caminhos. Nós temos
que pensar a realidade, o que realmente acontece no mundo, no país, na rua
cidade e no seu bairro.
Professor A Educação ambiental contribui para o fortalecimento de uma consciência
4 ambiental no seio dos alunos.
Fonte: Autora, 2020

De acordo com o exposto, no entendimento dos professores pesquisados, a Educação Ambiental,


contribui de forma significativa para a Geografia, uma vez que ambas possuem a criticidade e a
transformação da realidade como principais fundamentos e as duas ciências estão intimamente
ligadas. No entanto, quando comparados tais respostas com as práticas desenvolvidas pelos
professores, nota-se uma certa incoerência, na medida em que estes falam da contribuição que EA
tem perante a Geografia mas os mesmos poucas vezes fazem abordagem de temas ambientais na
vertente educativa na sala de aula.

Portanto, os professores falaram sobre a importância da “consciencialização” e “preservação” do


meio ambiente e até mesmo em sociedade sustentável, incluindo o homem como parte da natureza,
no entanto, não enfatizaram a necessidade de discussão mais ampla sobre estas questões.

25
CAPITULO V: DISCUSSÃO DE DADOS

As concepções de Educação Ambiental identificadas a partir das informações obtidas junto aos
professores de Geografia da rede estadual de Dourados apontam, em certos momentos, para alguns
elementos que as aproximariam de uma Educação Ambiental mais integradora, conforme podemos
constatar na resposta de um dos pesquisados quanto à contribuição da Geografia para a Educação
Ambiental:

A Geografia permite o conhecimento da realidade social, económica, cultural e


ambiental. Portanto, a contribuição da Geografia é fundamental, para que o aluno
enquanto indivíduo da sociedade possa compreender e desenvolver uma consciência
crítica sobre a problemática ambiental.

Entretanto, a maioria das Actividades descritas pelos professores restringe-se a uma concepção
tradicional e conservacionista, na qual prevalece a ideia da preservação ou da conservação da
natureza e que desconsidera a grande complexidade que envolve os problemas ambientais.

Podemos perceber que embora o professor esteja participando das Actividades de Educação
Ambiental desenvolvidas na escola, o carácter de tais Actividades revela, em grande parte, as
limitações já apontadas pelos autores aqui discutidos: são acções pautadas numa perspectiva
comportamentalista focada no indivíduo, com finalidade conteudística e informativa caracterizadas
por mera transmissão do conhecimento.

Essa visão acaba por desconsiderar os aspectos históricos, sociais, políticos, culturais e económicos,
restringindo o saber ambiental à transmissão de informações e conteúdos sobre o meio ambiente.

Além disso, foi possível perceber um consenso quanto à importância da Geografia para a Educação
Ambiental, mas a maior parte dos educadores entrevistados acaba por cair na armadilha paradigmática
ambiental, a qual desconsidera as contradições existentes, advindas do modelo de produção vigente. Essa
visão simplista e fragmentada reduz a realidade, dificultando uma verdadeira transformação acerca dos
problemas sócio-ambientais. Neste contexto, pode-se constatar que as respostas dos entrevistados na tabela 1,
converge com o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
Global elaborado pela sociedade civil planetária em 1992 no Fórum Global, durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), o qual estabelece princípios
fundamentais da educação para sociedades sustentáveis, destacando a necessidade de formação de
um pensamento crítico, colectivo e solidário, de interdisciplinaridade, de multiplicidade e
26
diversidade. Estabelece ainda uma relação entre as políticas públicas de EA e a sustentabilidade,
apontando princípios e um plano de acção para educadores ambientais. Enfatiza os processos
participativos voltados para a recuperação, conservação e melhoria do meio ambiente e da qualidade
de vida. Enquanto a tabela 2, pode-se notar que as respostas dos entrevistados convergem
inteiramente com Sansolo & Cavalheiro (2003,p.45) quando estes dois autores consideram que as
questões ambientais, sobretudo, quando se refere à Educação Ambiental, referem-se aos resultados
das relações sociais que interpõem as relações com a natureza, e estes quando leccionados nas
outras disciplinas, podem ajudarem de certa maneira a melhor compreensão dos conteúdos e
melhoria do estado do ambiente dos diferentes meios. Ainda estes dois autores avançam para mais
longe afirmando que, embora os problemas ambientais sejam transdisciplinares, ou seja, a realidade
não é fragmentada, compreende-se que diversos sectores do conhecimento contribuíram para a
Educação Ambiental com suas especificidades, dentre estes a Geografia.

27
CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E SUGESTÕES
6.1. Conclusões

Este trabalho teve a intenção de apresentar as aproximações da Educaçao ambiental com a


disciplina Geografia, se apropriando dos conteúdos propostos pelos PCN, sem com isso invalidar a
proposta deste referencial para o docente. Com base nos referenciais teóricos trabalhados ao longo
deste trabalho, pode-se afirmar que a reflexão em torno da Educação Ambiental não pode ficar
restrita à discussão sobre procedimentos e atitudes a serem desenvolvidas no âmbito educativo.

A discussão sobre a Educação Ambiental insere-se num campo mais amplo de questões que
envolvem as concepções de natureza e meio ambiente vigentes, bem como os sentidos da crise
ambiental e sua relação com os paradigmas do conhecimento.

Educação Ambiental é uma ferramenta indispensável á construção de novos valores e atitudes,


voltados ao desenvolvimento de uma sociedade comprometida com a solução de seus problemas
sócio-ambientais, proporcionando condições adequadas de sobrevivência para as actuais e futuras
gerações.

Assim, a disciplina de geografia é também parte deste processo mais amplo de educação, onde se
desenvolve um ato político. A Educação Ambiental constitui-se numa formação de carácter
permanente do campo formal e não-formal, procurando suscitar debates e entender as inter-relações
entre as esferas naturais, sociais económicas, perpassando por uma formação ética e dimensão
política.

Vale salientar que a presente consideração não se coloca como um quadro fechado. Na análise a
respeito da presença da EA ou não, no contexto escolar, como espaço de discussão no âmbito
formal, procurou-se evidenciar e entender num olhar sócio-ambiental a questão e os problemas
ambientais.

A Educação Ambiental pode possibilitar mudanças positivas no comportamento e nas atitudes, tanto
individual quanto colectivamente, com benefícios para os componentes ambientais, com destaque
para as águas enquanto formadoras de uma bacia hidrográfica, seja pelo seu uso coerente, sejam
pelo respeito aos recursos naturais decorrentes desta transformação cultural.

28
Cabe, portanto a Ciência Geografia, enquanto formadora de indivíduos, contribuir nesse processo de
mudanças de atitudes e percepção de novas paisagens ambientalmente mais promissoras a espécie
humana e numa perspectiva ecossistema.

Desse modo, a análise sobre a contribuição da EA no contexto escolar como instrumento de


formação socioambiental pressupõe um reconhecimento dinâmico da questão e problemas sócio-
ambientais de forma articulada, no qual o termo se não se torne, apenas um pleonasmo, mas se
trabalhe inferindo sobre os aspectos sociais dentro da problemática ambiental. Logo, pode-se
concluir que a educação ambiental, pode muito bem ser leccionado nas instituições de ensino
secundário como temas transversais incutindo nos alunos conhecimentos sobre a preservação,
conservação e o uso sustentável do bem natural sem prejudicar as gerações vindouras.

6.2. Sugestões

Tendo em conta, a problemática em causa recomenda-se o seguinte:

 Em funções das constatações e das conclusões recomenda-se aos professores que os


conteúdos ligados a educação ambiental, sejam tratados nas aulas de geografia,
particularmente no fim de cada unidade temática;

 O perfil dos professores de Geografia, frente às questões ambientais ilustre ao


reconhecimento próprio da importância de se trabalhar em uma Geografia voltada à
formação sócio-ambiental dos alunos, no sentido de despertar o habitual cuidado com o
Meio Ambiente natural e geográfico e na concepção de promover a sustentabilidade das
espécies, a partir de acções específicas e/ou locais;

 Que os dirigentes promovam políticas públicas educacionais de apoio instrucional e material


aos educadores, para que esses profissionais possam suscitar mudanças de carácter
ambiental no pensamento e nas atitudes de uma parcela significativa da população;

 Que a direcção da escola, incuta a concepção nos professores da disciplina de geografia, o


hábito de abordar conteúdos de temas sobre a educação ambiental, nas suas aulas de
geografia.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Geografia no ensino secundário, Lisboa: Centro de Estudos Geográficos;

Bordenave, J.D. & Pereira, A.D. (1983). Estratégias de Ensino-Aprendizagem, Petrópolis: Vozes;

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