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Herik Jaime José Machungo

A Integração Currículo Local na disciplina de Ciências Sociais no Ensino Básico


caso EPC do Janeiro; Cidade de Quelimane
Licenciatura Ensino de História com Habilitações em Geografia

Universidade Pedagógica
Quelimane
2016

Herik Jaime José Machungo

A Integração Currículo Local na disciplina de Ciências Sociais no Ensino Básico


caso EPC do Janeiro; cidade de Quelimane
vi

Monografia apresentada ao
Departamento de Ciências Sociais e
Filosóficas da Universidade Pedagógica,
para a obtenção do grau do académico de
Licenciatura em Ensino de Historia com
Habilitações em Geografia.

Supervisor: dr. Lourindo Verde

Universidade Pedagógica
Quelimane
2016
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Índice

Dedicatória........................................................................................................................v

Agradecimentos................................................................................................................vi

Lista De Siglas, Abreviaturas E Acrónimos....................................................................vii

Lista De Figuras.............................................................................................................viii

Resumo.............................................................................................................................ix

0. Introdução....................................................................................................................11

0.1 Problematização........................................................................................................13

0.2 Hipóteses...................................................................................................................14

0.3 Justificativa................................................................................................................14

0.4 Objectivos:.................................................................................................................15

0.4.1 Geral:......................................................................................................................15

0.4.2 Específicos:.............................................................................................................15

0.5. Método De Pesquisa.................................................................................................16

0.5.1 Tipo De Pesquisa....................................................................................................16

0.5.2 Técnicas E Instrumento De Recolha De Dados.....................................................17

0.5.3 Universo População................................................................................................19

0.5.4 Delimitação Da Amostra........................................................................................19

0.5.5 Limitações Da Investigação...................................................................................20

Capitulo I:........................................................................................................................21

1.Revisão De Literatura...................................................................................................21

1.1. Conceitos..................................................................................................................21

1.2. Currículo...................................................................................................................21

1.3 Currículo Local..........................................................................................................21

1.3.1. Objectivo Do Currículo Local No Ensino Básico.................................................22

1.3.2. Metodologia Do Currículo Local..........................................................................23

1.4 A Inserção Do Currículo Local No Ensino Básico Em Moçambique.......................24


vi

1.5 Os Principais Intervenientes Para A Integração Do Currículo Local No Ensino


Básico..............................................................................................................................24

1.6 O Papel Da Escola Na Integração Do Currículo Local.............................................24

1.7. Educação...................................................................................................................25

1.8. Ensino.......................................................................................................................26

1.9. Ensino Básico...........................................................................................................26

Capitulo II: Descrição Da Cidade De Quelimane...........................................................28

2.1 Localização................................................................................................................28

2.2 Historial.....................................................................................................................28

2.3. Caracterização Do Local Da Investigação...............................................................32

2.4. Historial Do Bairro De Janeiro.................................................................................33

Capitulo III: Apresentação, Análise E Interpretação De Dados......................................35

3.1.Conceito De Currículo Local.....................................................................................35

3.2. Estratégia Para A Integração Do Currículo Local No Ensino Básico......................37

3.3. Contributo Do Currículo Local No Ensino De Ciências Sociais.............................39

3.2. As Razões Que Concorrem Param A Fraca Integração Do Currículo Local Em


Ciências Sociais Na Epc Janeiro.....................................................................................40

4. Conclusões...................................................................................................................42

4.1. Recomendações........................................................................................................43

Bibliografia......................................................................................................................44

Apêndices........................................................................................................................47

Guião De Entrevista Para Os Professores.......................................................................48

Guião De Entrevistas Para Alguns Técnicos Da Dpec....................................................50

Guião De Entrevista Para A Directora Pedagógica.........................................................51

Guião De Entrevista Para Os Alunos..............................................................................52

Guião De Entrevistas Para Comunidade.........................................................................53

Imagens 3 E 4: Lixo Acumulado E Erosão Nos Arredores Da Escola...........................54

Imagem 5: Vala De Drenagem No Bairro Janeiro..........................................................56


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Anexos.............................................................................................................................57
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DECLARAÇÃO

Declaro que esta monografia é resultado da minha investigação pessoal e das


orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição de
ensino para obtenção de qualquer grau académico.

Quelimane, aos ___/___/_2016____

(Herik Jaime José Machungo)


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DEDICATÓRIA

A minha Mãe, minha rainha pela coragem dispensada e disponibilização das primeiras
provisões e pelo esforço, sacrifício.
vi

AGRADECIMENTOS

Primeiro agradecer a Deus pai pela graça e dom da vida e por me ter suportado todo
esse tempo…

Ao dr Lourindo Verde, o meu supervisor, pela iniciação, acompanhamento e o “puxão


de orelha” para que esta monografia tivesse o cunho académico. Sem ti, sabes que este
trabalho seria uma obra-prima do acaso.

A minha Mãe Marta Elisa José Juízo Malua pela dedicação e forca de ser como Mãe e
pai para mim.

Aos meus irmãos Wilma e Zezinho pela paciência de ficarem sem coisas e diversões
para que se mandasse algum para mim.

A minha namorada e futura esposa Micaela Uachave que me levantou num momento
em que precisei.

A dra. Idalina Varela e o seu Esposo Eng. Lino Horácio, que carinhosamente fazem o
papel de meus pais nesta cidade.

Aos professores da EPC Janeiro pela coragem e desbloqueio no temor do coração em


serem avaliados. E, especialmente, ao seu Director Adjunto e de Escola pela abertura na
altura da recolha de dados.

Aos meus colegas Eusébio, Benjamim, Nelson Vidro, Quintal, irmã Maria de Jesus,
Merces, Faiaze, Oreste, Paulo, Roberto, Guida, Farida, Sandra, Fábio, Rosa, e outros
que juntos lutamos por uma só causa.

Aos meus familiares, Mano Lito, Mana Lígia, Mana Elisa, tia Terezinha, Mana Dina,
Tia Elisa e outros que muito fizeram para que chegasse aonde cheguei.

Aos meus amigos como irmãos, Ivan, Dyno, Ivan Vaz, Allen, Zuria, Erica, Lara, Ezia,
Carina, Miro, Eduardo, Dido, Dayse, Tia Mira, Yolanda, Mauro, Anselmo, Victor,
Vaiton, Celestino e outros que me ajudaram e ajudam sempre que necessito, muito
obrigado.
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LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

APs- Avaliações Parciais

CEB- Currículo do Ensino Básico

CL- Currículo Local

DPEC- Direcção Provincial de Educação e Cultura

EPC- Escola Primária Completa

IFP- Instituto de Formação de Professores

IMAP- Instituto de Magistério Primário

INDE- Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação

MINED- Ministério da Educação

PEA- Processo de Ensino e Aprendizagem

PCEB- Plano Curricular do Ensino Básico

SNE- Sistema Nacional de Educação

TICs- Tecnologias de Informações e Comunicações

UP- Universidade Pedagógica

ZIP- Zona de Influência Pedagógica


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Lista De Figuras

Figura 1 e 2: Escola Primária Completa de Janeiro.............................................................34

Figura 3 e 4: Lixo acumulado e erosão nos arredores da escola.........................................54

Figura 5: Vala de drenagem do bairro Janeiro.....................................................................55


ix

Resumo

Este estudo, intitulado: A Integração do Currículo Local na disciplina de Ciências


Sociais no Ensino Básico caso EPC do Janeiro; Cidade de Quelimane objectiva
Conhecer as razões do fraco uso do currículo local no ensino básico, concretamente na
EPC de Janeiro. Tendo em vista responder a questão “que razões concorrem para a fraca
integração do Currículo Local em ciências sociais no Ensino Básico. O estudo optou por
uma abordagem metodológica qualitativa, com recurso à leitura apoiada pelas técnicas
de entrevista, observação e análise documental para constatar, o porque da fraca
integração do currículo local naquela escola. A concluir, os resultados mostraram que os
professores pouco percebem o Currículo Local, estando incapazes de introduzir as
inovações nas práticas pedagógicas; os supervisores e gestores, politicamente e
tecnicamente, entendem melhor a reforma; existem professores não reflexivos, estando
longe de operacionalizar a reforma, e por conseguinte, as mudanças nas práticas
pedagógicas, na componente currículo local, na EPC Janeiro, estão longe de acontecer.

Palavras-chave: Currículo Local, Integração, Ensino Básico, EPC Janeiro.


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0. Introdução

A presente monografia surge no contexto da análise da aplicabilidade do currículo local


na Escola Primária de Janeiro, na Cidade de Quelimane através do tema: A integração
do currículo local na disciplina de Ciências Sociais do Ensino Básico: Caso EPC de
Janeiro - Quelimane. O ensino básico constitui uma componente básica para a formação
do individuo dado que corresponde a primeira etapa de escolaridade onde o aluno
aprende a se identificar com a sociedade em que nasceu. Neste contexto, a integração do
currículo local viria ajudar este aluno ainda na fase pré-escolar, a apreender os hábitos e
costumes da sua comunidade de modo a cultivar o saber ser, estar e fazer, de tal forma
que o mesmo indivíduo desafie de forma correta os momentos que são dispostos pela
globalização. Ademais, de acordo com AUSSE, (2014:2), “o apelo internacional para a
educação advoga a construção do conhecimento que intermedeia o ser humano com o
seu meio”, sendo então o papel da educação, segundo o mesmo autor, o vislumbrar do
aspecto cultural dos alunos para reforçar a solidariedade e construir identidades de
grupo.

Portanto, o currículo local surge como suporte do currículo nacional que integra
diversos saberes da vida e de interesse da comunidade autóctone a volta da Escola, nas
mais variadas disciplinas contempladas no Plano de Estudos.

De acordo com o artigo online do jornalnoticias.co.mz que tinha como tema em debate
“o professor e a gestão do currículo local” afirma que:

O sucesso de um plano está associado à concepção de estratégias


adequadas para a sua implementação, prendendo-se a inúmeros factores,
como: os psicopedagógicos, linguísticos, socioeconómicos e políticos
sejam levados a cabo para sua implementação e gestão. Para tal,
propõem-se a criação e expansão das Escolas Primárias Completas,
Formação de Professores e a capacitação dos mesmos, é neste sentido
que surge o Currículo Local (CL) (jornalnoticias.co.mz.).

Um dos seus objectivos do Currículo Local é segundo AGOSTINHO et all citados por
AUSSE, (2014:11), é de “formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua
vida, a vida da sua família, da comunidade, partindo da consideração dos saberes locais
das comunidades onde a escola se situa”.
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Com o presente trabalho, pretendemos perceber como tem sido aplicado o Currículo
Local, de forma a avaliarmos o nível de integração dos saberes locais nas aulas das
disciplinas de Ciências Sociais pelos professores na Escola Primária de Janeiro.

Estruturalmente o trabalho este organizado em 3 capítulos:

A começar com a parte introdutória, onde estão patentes a introdução, problematização,


hipóteses, justificativa, objectivos, metodologia.

Já no primeiro capitulo esta a revisão da literatura, onde estão patentes os conceitos dos
autores que sustentam o conteúdo abordado no trabalho.

O segundo capítulo esta a descrição do local de estudo, sendo então a localização e


historial tanto da escola assim como do bairro.

O terceiro capítulo traz a apresentação, analise e interpretação de dados, onde vem


respondidas as questões feitas tanto no problema, assim como o cruzamento do que está
escrito e o que se foi notar no campo, ou mesmo a nível prático.

E por fim estão as conclusões e recomendações, onde depois da análise se concluiu a


respeito do estudo e foi feita a recomendação por parte do autor, tanto para escola assim
como a comunidade em geral.
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0.1 Problematização

Segundo AUSSE, (2014:3) No contexto das reformas curriculares do Sistema Nacional


de Educação (SNE) vigente dos anos 1983 a 2000, o Governo de Moçambique (ao
longo da história da educação) introduziu três reformas, sendo a terceira operada em
2003 com o Novo Currículo do Ensino da Básico, que traz em si muitas inovações, a
saber: ensino básico integrado, promoção semiautomática, ensino bilingue, currículo
local, ciclos de aprendizagem, distribuição de professores.

Na visão de AUSSE, (2014:3), essas inovações foram introduzidas na nossa educação


com a justificação de que elas trariam o desenvolvimento da criatividade, a expressão
em línguas nacionais, a humanização do meio de ensino como aspectos fundamentais
para o fortalecimento da qualidade de ensino.

Porém com a introdução do currículo local esperava-se que ao nível da escola


acontecessem mudanças que permitiriam a cada sociedade se aproximar das suas
realidades culturais e económicas, aprendendo na escola como superar a pobreza,
assidentes naturais, problemas sociais, com base em saberes locais, aproveitando os
recursos que a comunidade tem de modo a manter coesão e união cultural.

Portanto a Escola Primária completa de Janeiro localiza-se no meio de uma sociedade


que aparenta estar desprovida de capacidades de superação imbuídas pelo Currículo
Local, de tal forma que não usam das suas habilidades cognitivas de modo a
incrementar o desenvolvimento comunitário. Pois, à volta da Escola encontram-se
vários montões de lixo (vide no apêndice VI), o qual tanto a Escola como a comunidade
nada tem feito para livrar-se do lixo. Não só, mas também, a região na qual está situada
a Escola é propensa à erosão (vide em apêndices), por motivos de erosão, tanto as casas
em volta da Escola, assim como as paredes do sanitário da Escola e as paredes de
algumas salas de aulas correm riscos de desabar e, não há nenhum vestígio de mitigação
deste problema.

Ademais, no bairro Janeiro de Janeiro existem duas valas de drenagem que servem para
o escoamento das águas residuais, no entanto, estas valas têm sido usadas como
depósitos de lixo doméstico, chegando a ficar entupidas em épocas das chuvas (vide em
apêndice) e assim como é o facto da invasão ao mangal do mesmo bairro, onde as
pessoas estão a destruir o mangal para a construção das suas casas, e com certeza a
14

escola poderia ajudar para se resolver situações como estas. No entanto, no bairro
Janeiro concretamente na comunidade arredores, que frequentam aquele
estabelecimento de ensino demonstram uma fraca aquisição e respeito pelos saberes
locais, dado que o currículo local também integra os valores morais e éticos., Parece que
o output daquela Escola pouco assimila estes valores morais porque é fraca a integração
dos saberes locais nas aulas pelos Professores das disciplinas de Ciências Sociais e
consequentemente a comunidade pouco contribui para o desenvolvimento local. Algo
que pode ser visto em épocas das chuvas, estradas próximas à Escola ficam alagadas
com as águas das chuvas e as pessoas esperam dias até que a água seque, ao invés de
serem criadas fendas conduzindo as águas até as valas de drenagem mais próximas.

É no contexto do ensino formal que foi integrado o Currículo Local, como responsável
da transmissão dos valores éticos, morais e de desenvolvimento local. O currículo local
integra os saberes locais, e são chamados os pais e encarregados de educação, os mais
velhos da região, os anciãos, a interagir com a escola para sua integração no currículo
nacional. Não conhecendo as razões das práticas vigentes actualmente pelo produto
desta escola o autor levanta a seguinte questão:

 Qual o nível de integração do currículo local na disciplina de ciências


sociais do ensino básico na EPC de janeiro-quelimane?

0.2 Hipóteses

H1: É fraca a integração do currículo local na disciplina de ciências sociais no ensino


básico, pois os Professores não estão providos de estratégias de maneio dos 20%.

H2:Os professores preocupados com o cumprimento do programa anual, não se


importam de conversar com os alunos assuntos ligados aos saberes locais, o que faz
com que não haja integração do currículo local na disciplina de ciências socias no
ensino básico.

0.3 Justificativa

A temática Currículo Local tem ocupado vários centros de debates em assuntos ligados
ao Ensino em Moçambique. Neste contexto, querendo contribuir com este debate, nos
propusemos realizar o presente estudo com a finalidade de perceber como tem sido
aplicado o Currículo Local, na Escola Primária de Janeiro, de forma a avaliarmos o
nível de integração dos saberes locais nas aulas da disciplina de Ciências Sociais pelos
15

Professores, pois, no âmbito das reformas do sistema educativo em Moçambique, o


ensino primário sofreu algumas mudanças que consistem numa reforma da sua estrutura
curricular. E essas mudanças incluem a introdução de disciplinas relacionadas a uma
comunidade específica do lugar onde a escola está inserida, o que depende da
capacidade intelectual e prática do professor.

E mais, segundo AUSSE, (2014:5-6), “as inovações introduzidas no Currículo do


Ensino Básico (CEB), contrariamente ao que se esperava em relação às mudanças
positivas que trariam, trouxeram consigo vários e inúmeros problemas, a saber: fraca
percepção, capacidade e exiguidade de recursos para interpretar e implementar a
reforma curricular”, dentre eles está a questão da noção da aplicação dos 20% em cada
aula, para discussão de assuntos locais. Factor que suscitou interesse de percebermos
como tem ocorrido o processo de integração do currículo local na disciplina de ciências
sociais pelos Professores na Escola de Janeiro, pois o meio geográfico em que se
encontra a Escola carece de intervenção da escola e da comunidade em que a Escola
está inserida.

Portanto, a pertinência do estudo reside no facto de que as constatações e resultados


deste poderão contribuir no desenho de um plano de acção e a tomada de atitudes em
relação ao Currículo Local que conduzam ao alcance das mudanças desejadas face às
inovações introduzidas e melhorar, com isso, os discursos e as práticas em contextos
pedagógicos, não só, ao nível micro (da escola), neste caso a EPC Janeiro, mas também,
aos níveis meso e macro da educação em Moçambique.

0.4 Objectivos:

0.4.1 Geral:

 Analisar o processo de integração do Currículo Local na disciplina de ciências


sociais do ensino básico: Caso EPC de Janeiro-Quelimane

0.4.2 Específicos:

 Avaliar o nível de integração dos saberes locais pelos professores nas aulas da
disciplina de ciências sociais do ensino básico, na EPC de Janeiro;
 Identificar possíveis razões que concorrem para a fraca integração do currículo
local no ensino básico na EPC de Janeiro;
16

 Apresentar objectivos e metodologias de integração do currículo local no ensino


básico;
 Propor inovações que ajudem para as mudanças desejadas.

0.5. Método de Pesquisa

Este capítulo tem como objectivo apresentar a metodologia usada para o presente
trabalho, no que se refere às estratégias de recolha de dados durante a investigação, a
população donde se retirou a amostra, a forma de análise e interpretação dos resultados.
Assim, o desenvolvimento do trabalho seguiu os procedimentos metodológicos da
pesquisa qualitativa.

0.5.1 Tipo de pesquisa

A pesquisa quanto a sua abordagem é qualitativa, pois tem como característica


fundamental a compreensão dos significados apresentados pelos entrevistados (Técnicos
da educação, professores, alunos e pessoas da comunidade). A investigação de cariz
qualitativo é segundo RICHARDSON (1999: 90),“ tentativa de uma compreensão
detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados
em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos.”.
Já VILELAS (2009:55), diz que “existe uma dinâmica entre o mundo real e o sujeito e
dá um vínculo inseparável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que
não pode ser traduzido em números”.

Nesta pesquisa a abordagem qualitativa foi materializada através de um estudo de caso


que, de acordo com LUCK e ANDRÉ (1986:54), “possibilita a descoberta de aspectos
novos ou poucos conhecidos do problema estudado. Nesse contexto, a partir de
conversas com a população-alvo do estudo, tornou-se possível a inferência analítica
sobre o processo de integração do Currículo Local na disciplina de ciências sociais do
ensino básico: Caso EPC de Janeiro – Quelimane.

Mais adiante SAMPIERI et all (2006:43) dizem, “o enfoque qualitativo é utilizado na


colecta de dados sem medição numérica para descobrir ou aperfeiçoar questões de
pesquisa e pode ou não provar hipóteses em seu processo de interpretação”.
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Na procura do alcance dos objectivos, optou-se pela pesquisa descritivo-interpretativa,


pois na visão de, TRIVINOS (1987:87), “a pesquisa descritiva exige do investigador
uma série de informações sobre o que deseja pesquisar”. Um estudo que descreve os
factos e fenómenos de uma determinada realidade.

Na opinião de FONSECA (2002:33),

A perspectiva interpretativa procura compreender como é o mundo do


ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática que
visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto
possível completa e coerente, do objecto de estudo do ponto de vista do
investigador.

0.5.2 Técnicas e Instrumento de recolha de dados

A recolha de dados neste estudo foi exclusivamente feita pelo investigador e no


contexto escolar. Tratando-se de um estudo qualitativo, as técnicas e os instrumentos de
recolha de dados foram concebidos de tal forma que coincidissem com questões ligadas
às práticas, percepções e atitudes tipicamente de uma pesquisa qualitativa. Assim, a
pesquisa bibliográfica a entrevistas, observação e análise documental foram as técnicas
empreendidas na pesquisa. Guiões de entrevistas, um celular usado como gravador e
máquina fotográfica, bloco de anotações e esferográfica, foram os instrumentos usados
para o presente estudo.

0.5.2.1 Pesquisa Bibliográfica

Para que fosse possível o estudo se privilegiou a revisão bibliográfica, ou seja a procura
de autores, obras que tratam sobre o assunto em estudo.

0.5.2.2 Entrevista

De acordo com CANO e SAMPAIO (2007:11) as entrevistas têm em vista a recolher as


percepções sobre a temática em análise numa modalidade profunda. Pois uma das
vantagens do uso desta técnica é o facto de elas permitirem uma expressão profunda do
que sente em relação ao tema em abordagem. CERVO e BERVIAN (2002:46), é uma
técnica de recolha de dados que possibilita a obtenção de dados referente aos mais
diversos aspectos em torno do tema e é eficiente para a obtenção de dados mais
profundos, porque o entrevistado é livre de se expressar.
18

O recurso a entrevista estruturada, é segundo LODI (1974:89), citado por MARCONI e


LAKATOS (2002:91), para obter dos entrevistados respostas às mesmas perguntas,
permitindo que todas sejam comparadas com o mesmo conjunto de perguntas, e que as
diferenças possam reflectir diferenças entre os respondentes e não diferenças nas
perguntas.

Portanto, para tal, apoiamo-nos de um guião de entrevistas com que questões já


estruturadas cabendo o entrevistador seguir o roteiro da entrevista previamente
desenhado. Foram então elaborados guiões de entrevistas para cada grupo-alvo (alunos,
professores, técnicos de educação, representantes da comunidade e pedagógica)

0.5.2.3. Observação directa

Serviu para visualizar o ambiente geográfico da escola e do bairro Janeiro.

0.5.2.4. Análise documental

A análise Documental consistiu na leitura, análise de documentos, registos e posterior


compilação de dados adquiridos em livros, relatórios e estudos anteriores sobre
Currículo local em Moçambique.

Os dados processados foram analisados qualitativamente procurando aferir as opiniões


pessoais e as conclusões parciais com as quais, o pesquisador apresenta a síntese final
em forma de propostas de solução do problema (HERNÁNDEZ, 2000:112).

Antes da análise e interpretação dos dados, foi feita uma selecção dos depoimentos de
modo a retirar informações incompletas; depois, separamos informações completas e
codificamos. Tendo já os dados manipulados, passamos para a análise e interpretação
destes. Numa perspectiva descritiva – interpretativa a análise implicou cruzar a
informação tida da análise documental com o contacto directo com os protagonistas
para perceber o que tem sido feito para a ligação entre a teoria (políticas) e a prática,
bem como para compreender a percepção dos actores sobre o seu contributo para as
mudanças na escola no contexto do Currículo Local.

No que toca às formalidades ligadas a pesquisa foi apresentada a credencial passada


pela Universidade Pedagógica de Moçambique (UP) Delegação de Quelimane, na
qualidade de entidade de origem do pesquisador. Tal credencial foi exibida,
concretamente, nos locais de pesquisa, nomeadamente, Direcção Provincial de
19

Educação e Cultura e Direcção da Escola primaria completa do Janeiro para a devida


recolha de dados. (Vide no anexo I e II)

0.5.3 Universo População

Para o presente estudo, foi definida como população-alvo, alunos, Professores e a


direcção da Escola Primária Completa de Janeiro, Residentes do bairro Janeiro, onde
está localizada a escola em estudo e Técnicos da educação da cidade de Quelimane.

0.5.4 Delimitação da Amostra

Sendo uma população a qual não conhecemos a sua dimensão numérica e difícil de nos
achegarmos, pautamos pelo uso da amostragem não probabilística. SAMPIERI et all
(2006:271-271) dizem que, “as amostras não probabilísticas são de grande valor, pois
conseguem ao proceder cuidadosamente e com uma profunda imersão inicial no campo,
obter os casos (pessoas, contextos, situações) que interessam ao pesquisador e que
oferecem uma grande riqueza para colecta a análise de dados”.

De acordo com MARCONI e LAKATOS (2010:112), “a amostra não-probabilística não


fazendo uso de forma aleatória de selecção, não pode ser objecto de certos tipos de
tratamento estatístico, o que diminui a possibilidade de inferir para todos os resultados
obtidos para a amostra”.

A presente investigação decorreu na Escola Primária Completa de Janeiro, que cita no


bairro Janeiro, município de Quelimane. A população em estudo foi constituída por
pessoas da comunidade residentes próximos à escola acima referenciada, os professores
da disciplina de ciências sociais, funcionários técnicos da educação e alunos.

Devido a dificuldades de nos encontrarmos com todos os residentes próximos à Escola


em estudo, usou-se para a determinação da amostra, o método de “amostragem por
conveniência”, que de acordo com HILL (2002:49), “selecionam-se os elementos a que
se tem acesso, admitindo que estes possam, de certo modo, representar o universo.”
Com o auxílio da secretária do bairro Janeiro, conseguimos identificar 4 pessoas, sendo
um membro do conselho da escola, que reside no bairro a bastante tempo, segundo a
secretária, pessoas com mais informações sobre o bairro, sendo eles duas senhoras e
dois senhores.
20

Nesta perspectiva, a amostra foi constituída por 18 membros do Conselho da EPC de


Janeiro, representando: pela pedagógica da escola, 4 representantes dos pais e
encarregados/comunidade, 4 professores, 2 funcionários técnicos da educação e 7
alunos (3 da 5ª Classe; 2 da 6ª Classe e 2 da 7ª Classe).

0.5.5 Limitações da Investigação

Aquando da recolha de dados de entre as várias limitações, destacam-se as seguintes:

 Um atendimento demorado por parte dos locais de recolha de dados, devido a


suas burocracias, atingindo assim 2 semanas (15 dias), sobretudo na EPC
Janeiro;
 Alguns professores negaram ser entrevistados com medo de alguma avaliação
por detrás da entrevista; Falta de flexibilidade da Directora adjunta pedagógica
na selecção dos professores para que fosses entrevistados
21

CAPITULO I:

1.Revisão de Literatura

1.1. Conceitos

1.2. Currículo

SILVA (2000:14) citado por AUSSE (2014:8), etimologicamente a palavra


“currículo” vem do latim curriculum, “pista de corrida”. E, no curso dessa corrida, que
é o currículo, acabamos por nos tornar o que somos. Nesta visão, o autor adianta, ainda,
que nas discussões que se faz sobre o currículo, deixa-se à tona o conhecimento.
Contudo, esquecemo-nos que o conhecimento, que constitui o currículo, está
intrinsecamente envolvido naquilo que somos, culturalmente.

MENEZES e ARAÚJO (2001) citados por AUSSE (2014:10) afirmam que:

É justamente na construção ou elaboração dos modelos e das propostas


curriculares que se definem que tipo de sociedade e cidadão se pretende
forjar. O papel que a escola já deixou de exercer. É também na
construção ou definição de propostas que são seleccionados conteúdos
que vão ajudar as pessoas, a entenderem melhor a sua história e o
mundo que lhes rodeia.

RULE (1973) citado por AUSSE (2014:9) define o currículo como “experiências
humanas organizadas para a prática educativa e que se diferenciam através dos
objectivos e da forma expressada no programa da escola”. Pois esta ideia é apologista
na concepção de um currículo tomando partido nas experiências dos alunos, as suas
vivências sociais e as suas especificidades.

Portanto é neste conjunto de relações que PACHECO (1996:20) citado por AUSSE
(2014:10) conceitua o currículo como um projecto, cujo processo de construção e
desenvolvimento é interactivo, implica unidade, continuidade e interdependência entre o
que se decide ao nível do plano normativo, ou oficial, e ao nível do plano real, ou do
processo de ensino-aprendizagem.

1.3 Currículo Local

O propósito do currículo local é de apresentar características de índole regional e local,


justificadas nomeadamente pelas condições socioeconómicas e pelas necessidades em
pessoal qualificado. Obviamente que por isso o currículo local deve ser considerado
como um espaço de aglutinação de identidades mais concretas, onde pode-se legitimar a
22

cultura do quotidiano dos alunos, dos seus saberes, dos seus contextos e dos seus
problemas.

Portanto é na luz destes saberes locais que MINED (2006:4) citado por AUSSE
(2014:11) define o currículo local como a componente do Currículo Nacional que
integra conteúdos relevantes a nível local, com vista a responder às necessidades de
aprendizagem local. Uma componente que define novos conteúdos, visando o
desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e práticas relevantes, nos alunos, de e para
a comunidade em que a escola se insere.

Já CASTIANO (2005:73) Este é definido como uma componente do currículo nacional


correspondente a 20% do total do tempo previsto para a leccionação de cada disciplina;
esta componente é constituída por conteúdos definidos localmente como sendo
relevantes para a integração da criança na sua comunidade.

Segundo AGOSTINHO et all (2009:9), citado por AUSSE (2014:11) o currículo local é
uma das principais inovações do Ensino Básico que tem como principal objectivo
formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, da vida sua família,
da sua comunidade e do seu país, tendo em conta as necessidades e potencialidades
locais.

Para o GUIÃO DO PROFESSOR (2015;71), o termo local se refere ao espaço onde se


situa a escola, isto é, a comunidade onde esta inserida a escola e que pode ser alargado
ate a ZIP, distrito e mesmo província.

1.3.1. Objectivo do Currículo Local no ensino Básico

O currículo local em si é um instrumento de resgate dos valores da pessoa, pois, repensa


em agregar tudo que é local. E ao falar das manifestações locais, sabe-se que é o
reflectir dos valores marginais ao currículo nacional. Aliás, a centralidade curricular na
maioria dos casos deixa de lado o conhecimento produzido localmente, que é de
extrema importância na sobrevivência das comunidades.

De acordo com MCNEIL citado em JESUS (2009:219), e por AUSSE (2014:24) a


atenção do conteúdo disciplinar se desloca para o indivíduo contudo o aluno é visto
como um ser individual, dotado de uma identidade pessoal que precisa ser descoberta,
construída e ensinada; o currículo tem a função de propiciar experiências gratificantes,
de modo a desenvolver sua consciência para a libertação e auto-realização.
23

O currículo local é constituído por aspectos do dia-a-dia dos populares (cantos,


anedotas, advinhas, histórias, mitos e contos) e questões práticas que se sustentam pelo
tipo de trabalho nomeadamente, a recolecção, a caça, a tecelagem, a pesca, a cestaria,
actividades, essas praticadas de acordo com a localização das comunidades.

O propósito da educação que integra os saberes locais é virado para a sobrevivência das
comunidades, uma vez que, forma integralmente o homem para o mundo que o rodeia,
através de um forte ensino assente nos valores da sociedade, nas e no ofício da família.

Todavia a integração do currículo local no ensino básico demonstra a preocupação que


o governo e a comunidade tem com a aquisição dos alunos de aptidões físicas e
intelectuais que servem para a sobrevivência do próprio aluno no seu meio.

Assim, pensar na elaboração do Currículo Local como forma de incluir os conteúdos


marginalizados pelas centralidades curriculares e pelas sociedades consideradas
modernas, é resgatar os valores perdidos uma vez que a comunidade espera ser
ensinados esses valores às suas crianças como forma de salvaguardar todo o acervo
cultural em perigo de se perder.

Segundo o MINED (2003:27) Um dos grandes objectivos da presente proposta


curricular é formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, a vida da
sua família, da comunidade e do país, partindo da consideração dos saberes locais das
comunidades onde a escola se situa.

1.3.2. Metodologia do currículo local

Segundo MINED (2003:27) refere que

Para tal, os programas de ensino devem prever uma margem de tempo,


que permite a acomodação do currículo local. Isto é, a escola tem à sua
disposição um tempo para a introdução de conteúdos locais, que se
julgar relevante para uma inserção adequada do educando na respectiva
comunidade. Os conteúdos locais devem ser estabelecidos em
conformidade com as aspirações das comunidades, o que implica uma
negociação permanente entre as instituições educativas e as respectivas
comunidades. As matérias propostas para o currículo local, devem ser
integradas nas diferentes disciplinas curriculares, o que pressupõe uma
planificação adequada das lições. A carga horária do currículo local é de
20% do total do tempo previsto para a leccionação em cada disciplina.
24

1.4 A inserção do currículo local no ensino básico em Moçambique

Em relação ao currículo do ensino básico em Moçambique, houve algumas


transformações curriculares sendo que a ultima iniciou em 2002, sob os apoios da
UNESCO. Esta transformação resultou na concepção do actual Programa Curricular do
Ensino Básico (PECB), que traz consigo algumas inovações como: os ciclos de
aprendizagem; o ensino básico integrado; a distribuição dos professores por ciclos de
aprendizagem; a introdução de línguas moçambicanas, do inglês, de ofícios e de
educação moral e cívica e o currículo local (INDE, 2003:24).

1.5 Os Principais Intervenientes Para a Integração do Currículo Local no Ensino


Básico

Segundo o GUIÃO DO PROFESSOR (2015;70)

O currículo local é desenvolvido localmente, ao nível da escola com a


participação da comunidade, considerando os saberes locais das
comunidades, uteis para cada uma das disciplinas. O objectivo da
introdução do currículo local é o de formar cidadãos capazes de
contribuir para a melhoria da sua vida, vida da sua família, da
comunidade e do país, partindo da consideração dos saberes locais das
comunidades onde a escola se situa.

De acordo com o GUIÃO DO PROFESSOR (2015;71),

A definição dos conteúdos relevantes para a comunidade é feita por todos


intervenientes na educação da criança, dentre os quais: professores, alunos,
lideres, e autoridades locais, encarregados de educação, representante das
diferentes instituições afins (por exemplo: da saúde, cultura, agricultura,
ambiente, policia, acção social), representante das diferentes igrejas e
organizações comunitárias.

O processo de recolha de informação junto da comunidade, é coordenado pela escola a


quem cabe a planificação das actividades que culminaram com a elaboração de um
programa de currículo local para a escola. E, depois de um ano de implantação a escola
já tem o currículo local definido. E que os anos subsequentes a escola se responsabiliza
apenas por inovação e integração da nova realidade.

1.6 O papel da escola na integração do currículo local

GADOTTI (2000) citado por AUSSE (2014:26) que a escola que se chamaria
humanista se fosse destinada a desenvolver em cada indivíduo humano a cultura geral
ainda indiferenciada, o poder fundamental de pensar e de saber se orientar na vida. E
para tal, é necessário incutir os saberes locais como forma de dotar habilidades para a
25

vida, ainda que Moçambique seja um país com problemas sérios de empregabilidade do
cidadão.

Esta ideia é secundada pelo princípio da reconstrução social que advoga uma escola
virada para a transmissão de valores e conhecimentos aos alunos que lhes permitam
construir uma nova ordem social que seja mais humana, justa e igualitária. Esta reflexão
postula o ensinamento de aptidões de pensamento crítico sobre as práticas sociais
existentes.

1.7. Educação

No que diz respeito à educação, são vários os autores que a definem, entretanto, em
todos esses há um aspecto em comum, o facto de colocarem o homem como sujeito no
centro da actividade educativa. Somente o homem é o animal capaz de aprender,
desenvolver o conhecimento aprendido e reciprocamente ensinar, por isso ele está no
centro do Processo de Ensino e Aprendizagem.

CALLEJA, (2008:109), considera educação, a acção que desenvolvemos no dia-a-dia,


sobre as pessoas que formam a sociedade, com o fim de capacita-las de maneira
integral, com consciência, eficiência e eficácia, que lhes permita formar um valor dos
conteúdos adquiridos, significando-os em vínculo directo com seu quotidiano, para
actuar consequentemente a partir do processo educativo assimilado.

Para LIBÂNEO, educação é um conceito vasto, no qual segundo este autor;

(…) se refere ao processo de desenvolvimento unilateral da


personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas, físicas
morais, intelectuais, estéticas, tendo em vista a orientação da actividade
humana, na sua relação com o meio social, num determinado contexto
de relações sociais (LIBÂNEO, 2006:22).

Contudo, pode-se dizer que, a educação é uma actividade que visa o desenvolvimento
intelectual, ético e moral do ser humano, esta pode acontecer de maneira formal ou
informal, sendo que a primeira forma acontece fora das instituições escolares (no seio
familiar ou no ambiente social) ao passo que a segunda é ministrada pelas instituições
educacionais/escolares.

PILLET, (2004:16), diz que não se pode confundir educação com escolarização, pois a
escola não é o único lugar onde a educação acontece.
26

1.8. Ensino

MAKENZI e NORMAN (1981) citado por BONITO (2005) O conjunto de meios que é
preciso colocar em prática para facilitar as modificações previstas no comportamento do
formando.

Segundo BARANOV, S.P. et all (1989:75) citado pelo site br.monografias.com o


Ensino é um processo bilateral de ensino e aprendizagem. Daí, que seja axiomático
explicitar que não existe ensino sem aprendizagem.

Para NEUNER, G. et all (1981:254) citado pelo site br.monografias.com a linha


fundamental do processo de ensino é a transmissão e apropriação de um sólido sistema
de conhecimentos e capacidades duradouras e aplicáveis.

1.9. Ensino básico

O website.formiguinhasdovale.org diz que

A Educação Básica ou Ensino Básico é o nível de ensino


correspondente aos primeiros anos de educação escolar ou formal. Esta
denominação corresponde, consoante o sistema educativo que o
ministra, a um conjunto específico de anos de escolaridade,
correspondendo, na generalidade dos casos, aos primeiros quatro a nove
anos. (formiguinhasdovale.org/files/biblioteca/conceito_basico)

Segundo INDE/MINED (2003:24) O currículo do Ensino Básico tem 7 classes


organizadas em 2 graus. O 1º grau, está dividido em 2 ciclos, sendo o 1º correspondente
à 1ª e 2ª classes e o 2º, a 3ª, 4ª e 5ª classes. O 2º grau compreende a 6ª e 7ª classe
correspondentes ao 3º ciclo. O ingresso para o Ensino Básico é feito aos 6 anos de
idade, devendo o aluno concluí-lo, em princípio, aos 12 anos. Os ciclos são unidades de
aprendizagem com o objectivo de desenvolver habilidades e competências específicas.
Assim:

 O 1º ciclo vai desenvolver habilidades e competências de leitura e


escrita, contagem de números e realização das operações básicas: somar,
subtrair, multiplicar e dividir; observar e estimar distâncias, medir
comprimentos; noções de higiene pessoal, de relação com as outras
pessoas, conseguem próprio e com o meio;
27

 O 2º ciclo aprofunda os conhecimentos e as habilidades desenvolvidas no


primeiro ciclo e introduz novas aprendizagens relativas às Ciências
Sociais e Naturais sem, contudo, querer dizer que estas matérias não
sejam abordadas no 1º ciclo. Neste âmbito, visa ainda levar o educando a
calcular superfícies e volumes.

 O 3º ciclo, correspondente ao 2º grau, para além de consolidar e ampliar


os conhecimentos, habilidades adquiridos nos ciclos anteriores, vai
preparar o aluno para a continuação dos estudos e/ou para a vida.
28

Capitulo II: Descrição da Cidade de Quelimane

2.1 Localização

De acordo com um artigo online infopedia.pt/quelimane afirma que

A Capital da província da Zambézia, no extremo ocidental de


Moçambique, tem uma população de cerca de 180 800 habitantes
(2004). A província da Zambézia confinada pelas províncias de
Nampula, Niassa, Sofala e Tete, pelo Malawi e, a este, pelo oceano
Índico, possui uma superfície de 103 127 km 2 e uma população de 3
780 000 habitantes (2004), constituindo 20% do povo moçambicano.
A cidade de Quelimane, situada na margem norte do rio dos Bons
Sinais e a 32 km da Barra de Tangalene, é uma das mais antigas do país.
Quelimane é um antigo centro de trocas comerciais e culturais entre as
populações da região e outros povos exteriores (árabes, persas,
portugueses e indianos). Aí, se concentram as riquezas da província, em
consequência de férteis solos que oferecem excelentes condições para a
produção sobretudo de chá, cana sacarina, algodão, sisal, camarão,
coqueiro (a Zambézia usufrui os maiores palmarés do mundo), caju e
arroz. A exportação destes produtos agrícolas, juntamente com a das
pedras preciosas, proporciona muitos lucros económicos.
(infopedia.pt/quelimane)
Ainda mais a mesma fonte diz;

Quanto aos meios de transporte que favorecem as atividades comerciais,


a cidade está servida pela linha de caminho-de-ferro que liga Mocuba
(cidade do interior da província) à capital provinciana. O porto de
Quelimane, que constitui um dos mais importantes portos do Canal de
Moçambique, localiza-se, mais ou menos, a meio da linha de costa
moçambicana, o que permite atividades portuárias de transportes e
serviços não apenas nacionais, como também internacionais,
essencialmente, com os países vizinhos Malawi, Zâmbia e Zimbabwe.

2.2 Historial

Segundo VIEIRA (2012:15-16)

Esta antiga cidade é banhada pelo rio dos Bons Sinais, assim chamado
por ter sido um bom sinal para os navegantes portugueses quando
desembarcaram em 1498, na viagem de Vasco da Gama à Índia. Em
chuabo chama-se o rio Qua - Qua, outrora ligado ao rio Zambeze e que
foi utilizado como percurso alternativo, por mais seguro, para o controlo
e escoamento dos produtos comercializados, uma vez que não era fácil
navegar no rio Zambeze, um dos maiores rios do mundo. Tendo em
conta os povos residentes de Moçambique distribuídos por grupos
localizados nas suas diversas províncias, passam-se a enumerar algumas
citações que explicam o aparecimento do termo chuabo.

Ademais,
29

Com o advento da industrialização e o final da escravatura, a agricultura


ganhou um estatuto comercial, em especial o cultivo de produtos
oleaginosos. Várias empresas estrangeiras fixaram-se na Zambézia, com
o principal intuito de fundar plantações com o sentido de conseguirem
matéria-prima a baixo custo. O aparecimento destas empresas também
potenciou a ocupação efetiva do território pois, ao precisarem de espaço
e mão-de-obra, entravam cada vez mais no interior dos territórios,
normalmente gerando conflitos com as tribos locais (VIEIRA
2012:15-16).
De acordo com o mesmo autor,

Em Maio de 1761 Quelimane foi elevada a vila, conhecida como a Vila


de São Martinho, tendo já uma população de 2.796 indivíduos de
diferentes raças e um bom nível de edificação, salientando-se a
residência do Governador, a sede da Companhia Boror, o Hospital, a
Catedral Velha, o Quartel, a Companhia da Zambézia, o Arsenal, três
escolas, a missão de Coalane, Caminho-de-ferro, Chuabo Dembe e o
muro da marginal sobranceira ao rio indolente, lamacento e pastoso. Em
1763, o crescimento da vila propicia a construção da sua Câmara. O
primeiro edifício da Câmara Municipal foi construído no ano de 1857,
tendo sofrido ao longo dos anos várias 17 reconstruções e adaptações
até se transformar no que é hoje o Concelho Municipal da Cidade de
Quelimane (VIEIRA 2012:15-16).

O mesmo autor ainda refere que:

Ao referir-se esta cidade, para além do seu porto, não se pode deixar de
salientar a importância da linha férrea que foi aberta em 1901. Hoje em
dia, desta linha férrea só restam apenas alguns carris que servem de
suporte de vedações ou postes de linha telefónica. Em 1922 construiu-se
outra linha férrea que ligava Quelimane a Mocuba, com o objetivo
principal de fornecer medicamentos para uso privado das autoridades
coloniais. Em 21 de Agosto de 1942, a vila de Quelimane foi elevada a
cidade, sendo nessa data Governador da Zambézia o capitão Armando
Eduardo Pinto Correia (VIEIRA 2012:16-17)

Ademais o mesmo autor refere:


Encontram-se duas versões sobre a origem do nome da cidade. A
primeira versão diz que o nome da cidade partiu do desencontro de
informação aquando da sua descoberta pelo navegador Vasco da Gama,
que perguntou às pessoas que estavam a cultivar, como se chamava
aquela terra, ao que eles responderam “Kuliamani” que significa,
“estamos a cultivar”. A segunda versão provém de duas palavras
inglesas “Killing Man” (matar homens), em referência aos muitos
homens das tripulações que acabaram por morrer contaminados com a
malária transmitida pelos mosquitos.
30

Segundo VIEIRA (2012:17)

Quanto às características físicas, a cidade de Quelimane, situa-se na


planície costeira moçambicana, a uma altitude inferior a 100m.
Morfologicamente, a cidade divide-se em duas subáreas: os pântanos
salgados, que são influenciados pelas marés que penetram nos rios
tornando as águas salobras; a faixa das dunas compridas e separadas por
baixios que se estendem por 10Km a15Km da costa para o interior onde
abundam solos arenosos. É sobre as dunas altas que se constroem as
habitações e se plantam os coqueiros.

Em seguida o mesmo refere que


Nas dunas baixas, cultiva-se o arroz ou aproveitam-nas para valas de
drenagem, porque, na época das chuvas, o caudal das águas é tão
intenso e volumoso pelo que se torna impossível escoar. Este facto leva
à acumulação de águas estagnadas que provocam o surgimento de
pragas, mosquitos e ratos e a consequente propagação de doenças como
a malária.

Quelimane é uma cidade com um clima tropical húmido. Esta cidade foi
projetada para 30.000 habitantes, número que já foi ultrapassado há
muito. Em paralelo, o não acompanhamento das principais
infraestruturas socias a par desta explosão demográfica, mais agravada,
pelo êxodo rural devido à guerra civil (1976 a 1992), leva à degradação
da cidade, a qual, hoje, sofre, em toda a sua dimensão, a falta de um
projeto urbanístico que acolha todos os seus habitantes condignamente.
(VIEIRA 2012:17).
VIEIRA (2012:21-22) refere que

No período colonial a população da cidade de Quelimane era


essencialmente europeia e os chuabos que aí trabalhavam residiam nas
zonas suburbanas e conservavam um estilo de vida com características
rurais. A organização social do povo chuabo fundava-se nas tradições,
nas crenças, onde o conceito de família alargada assumia fortes laços de
solidariedade. Pela mão dos europeus as mudanças foram surgindo,
provocadas quer por um processo de modernização, quer pelas
mudanças políticas e socioeconómicas que influenciaram o crescimento
urbano. Neste contexto, passa-se a descrever a cidade de Quelimane,
após alguns anos de independência. Na zona centro da cidade, que exibe
a presença colonial, os olhos dos transeuntes fixam-se nas construções
de arquitetura portuguesa, nas belas casas onde funcionam serviços
públicos (ministérios, escolas, bancos, administração pública). Com o
passar do tempo a cidade não sofreu alterações na sua estrutura inicial,
as suas ruas são espaçosas, bem delineadas e continuam ladeadas por
árvores frondosas, principalmente a acácia vermelha, tornando a cidade
mais fresca e protegida pelas sombras das árvores.

Ainda mais adiante o autor diz que


Com o passar do tempo Quelimane foi entrando em declínio, as suas
potencialidades de recursos naturais e socioeconómicas esvaneceram-se
numa indústria que está semimorta. Deste modo, o desemprego é um
flagelo para aquela população jovem e para os que migram das zonas
31

rurais para a cidade, deixando uma marca de impotência face a toda a


situação envolvente constrangida no crescimento de bairros de lata e a
consequente agravação das condições de vida das pessoas.
Efetivamente, as políticas de urbanismo, a gestão de planeamento da
cidade de 23 Quelimane e os interesses das populações dos bairros mais
pobres continuam a não estar a ser acauteladas.( VIEIRA, 2012:21-22)

VIEIRA (2012:23) diz que

Identifica-se, assim, uma terceira zona, com uma extensão muito


expressiva, os cinco bairros da periferia que albergam pessoas de classe
média, baixa e pobre. Esses bairros degradados apresentam um
crescimento constante e assumem características específicas. São
autênticos labirintos, numa amálgama de construções de cimento (casas
melhoradas) misturadas com as casas de madeira maticadas (revestidas
com lama – ou mataca), onde se pode observar a inexistência de redes
de saneamento básico, puxadas de eletricidade clandestinas e
consequente flagelo comum ao reino de carências económicas de toda a
ordem.

Adiante ainda o mesmo autor diz que:

Na época das chuvas verdadeiros pântanos de águas contaminadas


formam-se por entre outras adversidades que conferem fatores de
subdesenvolvimento em todos os seus aspetos. A população desses
bairros é heterogénea, constituída por pessoas de regiões e etnias
diferentes (como sejam as referidas acima), que chegaram a Quelimane
em períodos distintos e que se misturaram numa mescla de costumes e
tradições num só objetivo comum, a sobrevivência. Neste ambiente,
outrora demarcado pelos prazos, ainda se pode sentir um tipo de relação
social entre os habitantes, o que lhes confere uma identidade cultural
própria. (VIEIRA, 2012:23)

Ainda declara o autor que


Em consequência, a miscelânea de diversidade cultural, linguística,
identitária e de aspirações culturalmente herdadas de uma época muito
remota, que num primeiro olhar parece não ter lógica, surge num espaço
de vivência urbana, a qual reproduz a transformação ao nível das
estruturas familiares tradicionais, nas relações de solidariedade, no
modo como as pessoas organizam o seu dia-a-dia e, até, no tipo das
habitações. De um modo geral, já estas razões podem mostrar como a
etnia chuabo é socialmente porosa na forma evidente de aculturação, no
convívio e acolhimento afáveis que, ainda hoje persistem, tal como nas
pessoas mais conservadoras mostram ao adaptar-se e assumir
gradualmente novas posturas, novas formas de estar na vida,
atualizando os valores e tradições para conseguirem uma posição mais
equilibrada no ambiente citadino.
32

2.3. Caracterização do local da investigação

A EPC de Janeiro situa-se no bairro Janeiro cujo nome foi de um proprietário branco
que era dono da área, razão pela qual foi alcunhado assim. Esta de princípio foi uma
sala anexa do Samugue no ano de 1995 como escola primária, com apenas duas salas de
construção precária.

Com o andar do tempo a escola ganhou a liberdade de ser independente e teve as suas
primeiras salas de material convencional que eram um bloco de 3 salas de aulas, com o
gabinete do director e 1 secretaria e um pequeno armazém.

Com a evolução que a escola ia demostrando, passou a ter mais obras de construção de
salas de aula de material convencional, tendo agora 4 blocos de 13 salas de aula de
material convencional, um bloco administrativo correspondente a 1 gabinete do director,
1 sector pedagógico, 1 gabinete administrativo, sala dos professores e um armazém.

Ainda a escola possui um bloco de balneário que esta composto por um feminino, um
masculino e um dos professores.

No total a escola tem 1953 alunos divididos:

 1ª Classe: 347 alunos, onde 207 são homens e 140 mulheres, distribuídos em 6
turmas;
 2ª Classe: 312 alunos, onde 180 são homens e 132 mulheres, distribuídos em 6
turmas;
 3ª Classe: 303 alunos, onde 203 são homens e 100 mulheres, distribuídos em 5
turmas;
 4ª Classe: 260 alunos, onde 150 são homens e 110 mulheres, distribuídos em 5
turmas;
 5ª Classe: 259 alunos, onde 200 são homens e 59 mulheres, distribuídos em 5
turmas;
 6ª Classe: 231 alunos, onde 155 são homens 76 mulheres. Distribuídos em 5
turmas;
 7ª Classe: 241 alunos, onde 170 são homens e 71 mulheres, distribuídos em 5
turmas.

A escola desde a sua abertura, passaram por ela os seguintes directores:


33

 Primeiro - Damião Barroso- 1995-1998;


 Segundo- Rui Soe-1998-2001;
 Terceira- Inês Alculete-2001-2004
 Quarto- Armindo Almeida-2004-2008;
 Quinto- João Dias-2008-2011;
 Sexto e actual- Campos Mulina Vicente- 2011 até então.

2.4. Historial do bairro de Janeiro

De acordo com os moradores deste bairro, antes dele se tornar Bairro Janeiro, morava
aqui um português chamado António Janeiro que era dono das terras e que tinha uma
grande pastagem de bois, assim como cavalos e claro varias outras plantações como
coqueiros a principal de todas. Como o passar do tempo ele por motivos de doença
deixa as terras com os seus filhos e viaja para Portugal e morre la em Portugal e os
filhos deram o nome de Janeiro ao bairro em memória do antigo dono deste bairro.


34

Imagem 1e 2: Escola Primária Completa do Janeiro

Fonte: Autor. Foto tirada por Smart Kika no dia 21 de Dezembro de 2015 pelas 10:00
35

Capitulo III: Apresentação, Análise e Interpretação de Dados

Feita a pesquisa bibliográfica, e a posterior entrevista, neste capítulo o autor do presente


trabalho pretende fazer uma reflexão que se baseou na procura da veracidade dos factos
sobre a integração da matéria relacionada ao currículo local na disciplina de ciências
sociais no ensino básico, na EPC de Janeiro. Como se deu a saber anteriormente.

Sobre a ética de investigação, VILELAS (2009:372) defende que o investigador tem de


proteger o investigado contra inconvenientes susceptíveis de lhe fazer mal ou
prejudicar.

Para tal o autor codificou os nomes para professor (Pr), técnicos da direção provincial
(TDP), pedagógica da escola (PE), membros da comunidade (MC) e alunos (A).

3.1.Conceito de currículo local

Os resultados mostram que, embora com diferentes percepções, os professores de


ciências sociais que têm um conceito sobre o currículo, pois, de forma geral, definem
como “integração de aspectos da comunidade onde a escola se localiza, levando em
consideração as culturas que influenciam na mesma, (Profesores, 2 e 3)ʺ.

Ainda sobre a mesma temática a pedagógica da escola entendem-no como “uma


componente do currículo nacional que envolve assuntos localmente planificados”.
Assim como um dos professores que define o currículo local como:

Pr 1: um meio para facilitar a percepção dos nossos alunos em língua local, já que os
nossos alunos não entendem bem a língua portuguesa.

Em contrapartida um dos professores afirmou nunca ter ouvido falar sobre este assunto:

Pr 4: nunca ouvi falar deste assunto, pois simplesmente me preocupa a dar minhas aulas
conforme está patente no programa, pois a matéria é muita e temos de correr contra o
tempo.

E ainda mais para confirmar o não conhecimento desta temática por parte da escola, o
grupo alvo, ou seja as pessoas a quem devia ser ensinado sobre os saberes locais, que
são os alunos, cada um deles, mostrou não conhecer nem sequer um pouco disto, as suas
respostas foram simples e sintéticas:
36

A1: sim. Não sei explicar porque não entendo bem a matéria.

A2: nada. Acho que o professor já falou, mas nunca percebi.

A3: não.

A6: Sim. Contou que a muito, muito tempo havia pessoas e no reino império antigo que
havia camponeses e havia grupo dominante e grupos dominados.

Dando a perceber que os alunos, nada sabem sobre o currículo local, muito mesmo
quando os questionamos sobre a história do seu bairro, ou mesmo como surgiu o bairro,
o porque da designação “Janeiro”, as respostas foram:

A1: não sei, nunca nos explicaram.

A2: não.

A3: não sei.

A7: sim. Porque é nome de uma pessoa daqui de Moçambique que governou a área. Ele
era chefe daqui.

Quando também questionados os membros da comunidade acerca do currículo local, as


suas respostas foram:

MC1: já ouvi falar, só consigo falar pouco só, umas duas coisas. Porque nos tempos
tínhamos uma cooperativa, íamos la fazer panos, costurar, peneiras para a comunidade e
fazermos panelas de barro e íamos levar lodo no mangal para apresentar a comunidade.

MC2: eh currículo local, não.

MC3: costumo a ouvir sim currículo local. Mas não sei explicar. Só sei que são nossas
histórias locais, de como surgiu o nosso bairro e nossos hábitos e costumes.

MC4: currículo local já ouvi falar. Para bem dizer currículo local é
conhecer, são conhecimentos desse bairro de Janeiro, como é que era
por exemplo antigamente e actualmente como é que está. Quais as
diferenças que existem, o que é que nós estamos a ver. O que nós vimos
antigamente, o que eu estou a ver desde os 22 anos que eu estou a viver
aqui e o que eu estou a ver agora são coisas diferentes. Isso é que se
pode classificar como currículo local.
37

Nota-se aqui que as respostas são completamente meio que conturbadas em relação a
questão do currículo local. Algo que foi respondido por alguns para não parecer que esta
desprovido desta componente.

Pois, segundo o constatado pelos entrevistados consta que alguns, nesse caso alguns
professores, os técnicos da Direcção Provincial da Educação e a pedagógica da escola,
tem conhecimento na teoria, mas como pratica nada fazem para implementar a esta
temática, e outros componentes do conselhos da escola nada sabem o que torna ainda
mais difícil, ou seja a fraca integração do currículo local.

O que contradiz com o que a MINED (2006:4) diz, ao referir

Que o currículo Local é a componente do currículo nacional que integra


conteúdos relevantes a nível local, com vista a responder às
necessidades de aprendizagem local, portanto ela é uma componente
que define novos conteúdos, visando o desenvolvimento de
conhecimentos, atitudes e práticas relevantes, nos alunos, de e para a
comunidade em que a escola se insere.

Com isso o autor valida a primeira hipótese que refere que é fraca a integração do
currículo local na disciplina de ciências sociais no ensino básico, pois os Professores
não estão providos de estratégias de maneio dos 20%. Não só, podemos também ficar a
saber que não existem capacitações, muito menos formações sobre o currículo, local,
dai que a culpa não recai só sobre os professores, mas também sobre a Direcção da
escola que nada faz para que isso mude.

3.2. Estratégia Para a Integração do Currículo Local no Ensino Básico

Como prevemos no capítulo 1, a integração do currículo local não existe uma


metodologia preestabelecida, mas sim conta com a participação de várias camadas que
actuam para a educação da criança. Portanto isto passa necessariamente de uma
articulação de uma boa relação ente a escola e a comunidade.

Quando questionados algumas pessoas sobre quais as estratégias, a usar para a


integração desta temática, obtivemos as seguintes respostas:

TDP: Para que isso se concretize o professor chama algum membro da comunidade
quando não tem domínio de algum assunto local.
38

PE:. Quando por exemplo queremos abordar sobre fabrico de cestos, na disciplina de
ofícios se convida um membro da comunidade para dar a aula. Ou mesmo a turma
desloca-se a casa da pessoa aprender sobre o fabrico de cestos.

Esta ideia concretiza-se na medida em que o professor tem em mente que a profissão
não significa ser detentor absoluto do conhecimento, mas sim significa ser um ser que
deve se guiar pelas praticas naturais que o meio oferece, sabendo conviver pelas
experiencias trazidas pela comunidade e pelos alunos, de modo a poder propiciar o
ambiente no âmbito do saber ser, estar e fazer.

Contudo segundo o GUIÃO DO PROFESSOR (2015;70) o currículo local é


desenvolvido localmente, ao nível da escola com a participação da comunidade,
considerando os saberes locais das comunidades, uteis para cada uma das disciplinas,
com objectivo de formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida,
vida da sua família, da comunidade e do país, partindo da consideração dos saberes
locais das comunidades onde a escola se situa.

De acordo com GUIÃO DO PROFESSOR (2015;71), a definição dos conteúdos


relevantes para a comunidade é feita por todos intervenientes na educação da criança,
dentre os quais: professores, alunos, lideres, e autoridades locais, encarregados de
educação, representante das diferentes instituições, representante das diferentes igrejas e
organizações comunitárias.

Mas apos termos questionado alguns membros da comunidade, ou bairro de Janeiro,


onde se localiza a escola, chegamos a perceber que estes nunca foram solicitados pela
escola para tratar sobre os saberes locais, ou mesmo transmitirem algum conhecimento
local, dai que as suas respostas, foram as seguintes:

MC1: foi no ano 2002, era abertura da escola.

MC2: já muitas vezes. Para saber o comportamento dos alunos, tenho alguns filhos la
na escola.

MC3: sim. Fiquei como pai de turma, fiquei como membro da escola. Era para dar
conselho os alunos indisciplinados, alunos que andavam a faltar.

MC4: sim já participei muito porque meus filhos estavam naquela escola, então já fui
como encarregado de educação, já fui nas reuniões.
39

Posto isto, o autor da presente pesquisa valida a hipótese segundo a qual constituem
razões que concorrem para a fraca integração do currículo local no ensino básico a falta
de competências dos professor dado após a sua formação nas escolas aonde são afectos
verifica-se a falta de seminários de capacitação sobre o currículo, não só como também
verifica-se a não participação da comunidade, pelo facto de não terem sido chamados,
que constituem o principal pilar na transmissão dos saberes locais que quando
integrados no ensino chamamos de currículo local.

3.3. Contributo do Currículo Local no ensino de ciências sociais

Segundo o GUIÃO DO PROFESSOR (2015:73) o ensino das ciências sociais tem em


vista reconhecer o passado, compreender o processo histórico, situar os conhecimentos
no espaço e no tempo, conhecer e localizar os aspectos físico-geográficos e económicos
do pais, reconhecer os seus direitos e deveres respeitar os direitos e crenças dos outros
manifestar atitudes de tolerância e solidariedade.

Como bem foi demonstrado acima o currículo local encontra ai o seu enquadramento
que consiste em se apoiar da história do homem de modo a formar a sua identidade a
resgatar a sua cultura e a valorizar os seus símbolos históricos de modo a sociedade
futura possa usufrui-la. Como se não bastasse a integração dos anciãos da comunidade
como os principais intervenientes na elaboração do conteúdo que sirva no currículo
local garante a transmissão de valores históricos locais para novas geração e em
consequência disso pressupõe uma conservação e valorização dos símbolos e valores do
local onde a escola se encontra localizada.

Pois segundo a pedagógica e o técnico da Direcção provincial:

PE: olha, o currículo local ajuda os alunos, assim como os professores a conhecerem a
realidade da sua comunidade, não só há uma melhoria por parte do PEA, pois essa é
uma das técnicas que leva o aluno ate a realidade mais próxima.

TDP2: Esta componente desenvolve as aptidões dos alunos, assim como desenvolve o
espirito empreendedor dos alunos.

A este nível de percepção percebemos que o currículo local deve ser visto como uma
ferramenta que não só ajuda o aluno a desenvolver a região que se encontra ou seja que
o currículo seja uma ferramenta que tem em vista apenas formação dos cidadãos
40

moralmente ou civicamente, mas também de um complemento que ajuda ao aluno


principalmente do ensino básico a compreender a matéria e a analisar os conteúdos de
forma sintética, o que o ajudara a percebe-lo e se integrar no mundo da ciência. Mas
com caris depoimentos que podemos ouvir anteriormente que deram a perceber que
este, ainda não esta a contribuir em nada para a escola, pelo facto de não estar a ser
implementado.

3.2. As razões que concorrem param a fraca integração do currículo local em


ciências sociais na EPC Janeiro

Para que haja uma formação integral da criança direcionada ao currículo local é
necessário que tenhamos professores formados e capacitados, que haja a interação da
comunidade, desde os líderes ate aos chefes das grandes instituições que tenham um
conhecimento significativo no desenvolvimento da comunidade.

Ao longo da realização do trabalho foi possível apurar vários problemas, (como o caso
destes não terem acesso a uma formação ou mesmo capacitação a cerca do currículo
local, e claro se limitam simplesmente a cumprir o currículo nacional, assim como a
comunidade que por falta da não execução do currículo local porta da escola, não é
solicitada para ajudar nesse aspecto) que tem assolado aos professores de ciências
sociais especificamente, a escola e a comunidade do Janeiro, o que tem resultado para a
fraca integração do currículo local. Segundo apurou-se do nosso entrevistado:

TDP1: temos reuniões, ou seja chamadas jornadas pedagógicas


realizadas em tempo de férias, mas na verdade os debates estão em
torno da metodologia e não sobre o currículo local, dai que não se tem
nenhuma formação acerca do tema em destaque, dificultando o domínio
por parte dos professores.

Portanto indo mais como se não bastasse, a leccionação do currículo depende também
da comunidade que deve decidir a escola do conteúdo em abordagem nos 20% do tempo
predisposto pelo programa nacional de educação. Mas bem como se já deixou claro pelo
autor através dos depoimentos dos membros da comunidade entrevistados, referem que
apenas são chamados para exercer o papel de encarregados, dando-nos a perceber que
não são chamados para ajudar na componente CL.

De acordo com o constatado verificamos que os piores entraves que constituem um


indicativo para a fraca integração do currículo local na Escola Primaria Completa de
Janeiro são: a falta de capacitação dos professores, a má formação dos professores sobre
41

a matéria dado que se da primazia ao longo das suas planificações, dosificações e


formação apenas ao cumprimento dos conteúdos programados dentro do sistema
nacional de educação. Como o pesquisador encarregou-se de dois papéis ao longo da
pesquisa sendo como investigador e observador, percebeu que um dos principais
problemas que faz com que os professores não integrem esta matéria ao longo das suas
aulas é o facto de esta matéria não ter aceitação ao longo da elaboração dos exames
finais ou nacionais.

Este aspecto por mais que seja pouco pertinente leva o autor a concluir que também
deve ser considerado como um factor de desistência da integração do currículo local no
processo de ensino e aprendizagem.

.
42

4. Conclusões

Chegando ao fim do trabalho que exaustivamente foi elaborado sobre a integração do


currículo local na disciplina de ciências sociais no ensino básico na EPC Janeiro, cidade
de Quelimane, podemos chegar então as seguintes conclusões:

Primeiro, o facto de que a pesquisa mostra que os professores percebem sobre o


conceito do currículo local, mas em contrapartida na prática não trazem inovações, uma
vez que não inserem os saberes locais e muito menos se preocupam em fazer as
pesquisas ou recolha de informações sobre factos que não são do seu domínio e de
contexto local.

Segundo, a questão de que os professores ficam apenas agarrados ao programa de


ensino, muito mais com o currículo nacional, fazendo-os assim não inovarem, ou seja
não integrarem o currículo local, assim como o nosso estudo mostrou que os professores
não ajudam os alunos na aproximação dos saberes locais, assim como não incluem na
sua planificação aspectos ligados ao CL. Dai que esta prática não contribui
positivamente para a questão de integração do CL.

Terceiro a fraca percepção ou mesmo integração do CL, esta ligada a falta de formação
dos professores, algo que se concretiza com o seguinte depoimento, “nunca ouvi falar
deste assunto, pois simplesmente me preocupa a dar minhas aulas conforme está patente
no programa, pois a matéria é muita e temos de correr contra o tempo”. O pior de tudo
isso é que é professores que estão bastante tempo naquela escola, dai que tem formações
contínuas, facto que já devia acontecer sobre o CL. O ano lectivo tem 3 trimestres, onde
dois trimestres têm interrupção lectiva, onde nessas interrupções são aproveitadas para
fazer pequenas jornadas pedagógicas ou mesmo algumas reuniões de aperfeiçoamento.
Onde seria então oportuno dar conhecer aos professores a componente CL, capacita-los
e deixar claro o que seria necessário para que fosse bem integrado.

Varias são as razoes que concorrem para a fraca integração do currículo local na
disciplina de ciências sociais no ensino básico, mas podemos resumir que o problema
começa do topo, ou seja das direcções provinciais que devia promover formações e
capacitações para os professores, ou então delegarem as direcções das escolas para se
encarregarem desta situação, e ainda para que fosse levado a serio devia-se também
criar supervisões para se averiguar a sua implementação.
43

4.1. Recomendações

Penso que para que se reverta esta situação da fraca integração do currículo local, tanto
nessa escola assim como em todo país, há necessidade de:

 Promover seminários, onde se levantem debates acerca do currículo local;


 Devem existir permanentes supervisões de aulas, para averiguar se de facto a
componente Currículo local é de alguma forma integrada pelos professores;
 Promover capacitações para os professores e claro para a comunidade em geral
sobre a questão dos saberes locais;
 As direcções das escolas em geral devem continuar capacitando os novos
professores que em cada ano surgem nas escolas sobre ao currículo local;
 Promover excursões para o contacto directo com a realidade do que se fala pelos
professores para uma maior percepção por parte dos alunos;
 Que a comunidade crie uma boa relação de convivência com a escola de modo a
permitir a integração do currículo local;
 Que a direção da escola reúna constantemente com a população circunvizinha de
modo a poder consciencializa-los sobre a matéria e sobre a necessidade da
colaboração escola comunidade e vice-versa.
44

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www.formiguinhasdovale.org/files/biblioteca/conceito_basico.pdf, consultado no dia 8


de abril de 2016.

.
47

Apêndices
48

Apêndice: I

Guião de entrevista para os professores

A presente entrevista destina-se à colher informações para fins acadêmicos, num


trabalho intitulado "A integração do currículo local na disciplina de ciências sociais no
ensino básico, caso EPC Janeiro; Cidade de Quelimane. ". Desde já gostaria de pedir a
sua colaboração, respondendo com clareza e exactidão as questões que lhe são
colocadas. Garantimos desde já a observação de questões éticas de investigação.

Nome

Escola______________________________

Sexo________

Idade Anos

1. O que é Currículo Local?

2. Que outras inovações foram introduzidas no ensino básico, além do Currículo Local?
3. Que acção de formação participou no âmbito da implementação do Currículo Local?
a) Quem as promoveu?

4. Como é implementado o Currículo Local nesta escola, aos níveis de:

a) Planificação

b) Lecionação

c) Avaliação

5. Na sua opinião, o que se espera com ensino do Currículo Local na escola?

6. Que actividades acontecem nas práticas pedagógicas no contexto do Currículo Local?


7. Que mudanças acontecem/ram na escola com a implementação do Currículo Local
quanto à participação dos professores, Conselhos de Escolas, encarregados de educação,
gestores pedagógicos, dos alunos, comunidades na planificação, leccionação e avaliação
do processo de ensino e aprendizagem?

a) Quais são as causas dessas mudanças?


49

8. Na sua opinião que outras acções pedagógicas devem ser realizadas para que o
Currículo Local traga as mudanças perspectivadas?

9. Quais as razoes para a fraca integração do currículo local?

Muito obrigado pela colaboração!


50

Apêndice: II

Guião de entrevistas para alguns técnicos da DPEC

A presente entrevista destina-se à colher informações para fins acadêmicos, num


trabalho intitulado " A integração do currículo local na disciplina de ciências sociais
no ensino básico, caso EPC Janeiro; Cidade de Quelimane ". Desde já gostaria de pedir
a sua colaboração, respondendo com clareza e exactidão as questões que lhe são
colocadas. Garantimos desde já a observação de questões éticas de investigação.

Nome______________________________

Sexo________

Formação_______________ Anos de experiência___________________

Idade Anos

 O que entende por currículo local?


 Como deve ser implementado o Currículo Local na escola, aos níveis de:
 Planificação;
 Lecionação;
 Avaliação.
 Na sua opinião, o que se espera (va) com ensino do Currículo Local na
escola?
 Que actividades acontecem nas práticas pedagógicas no contexto do
Currículo Local?
 Que mudanças acontecem/ram na escola com a implementação do
Currículo Local quanto à participação dos professores, Conselhos de
Escolas, encarregados de educação, gestores pedagógicos, dos alunos,
comunidades na planificação, leccionação e avaliação do processo de
ensino e aprendizagem?
a) Quais são as causas dessas mudanças?
 Quais as razoes para a fraca integração do currículo local?

Muito obrigado pela colaboração!


51

Apêndice: III

Guião de entrevista para a Directora pedagógica

A presente entrevista destina-se à colher informações para fins acadêmicos, num


trabalho intitulado " A integração do currículo local na disciplina de ciências sociais
no ensino básico, caso EPC Janeiro; Cidade de Quelimane ". Desde já gostaria de pedir
a sua colaboração, respondendo com clareza e exactidão as questões que lhe são
colocadas. Garantimos desde já a observação de questões éticas de investigação.

Nome______________________________

Sexo________

Formação_______________ Anos de experiência___________________

Idade Anos

1. O que é Currículo Local?


2. A escola possui a Brochura do Currículo Local?
3. É implementado o CL nesta escola?
4. Como é feito o processo de recolha dos conteúdos localmente considerados
úteis?
5. Qual é o papel da Direcção da Escola neste processo, nas componentes
planificação, coordenação e controlo?
6. Na sua opinião, o que se espera com ensino do Currículo Local na escola?
7. Que actividades acontecem nas práticas pedagógicas no contexto do Currículo
Local?
8. Que mudanças acontecem/ram na escola com a implementação do Currículo
Local quanto à participação dos professores, Conselhos de Escolas,
encarregados de educação, gestores pedagógicos, dos alunos, comunidades na
planificação, leccionação e avaliação do processo de ensino e aprendizagem?
a) Quais são as causas dessas mudanças?
9. Quais as razoes para a fraca integração do currículo local?
52

Apêndice IV

Guião de entrevista para os alunos

A presente entrevista destina-se à colher informações para fins acadêmicos, num


trabalho intitulado " A integração do currículo local na disciplina de ciências sociais
no ensino básico, caso EPC Janeiro; Cidade de Quelimane ". Desde já gostaria pedir a
sua colaboração, respondendo com clareza e exactidão as questões que lhe são
colocadas. Garantimos desde já a observação de questões éticas de investigação.

Nome Escola

Idade Classe quanto tempo esta naquela escola


anos

1. Nas aulas os professores falam sobre os saberes locais? Se sim o que são saberes
locais?
2. Achas que é importante o professor falar sobre os saberes locais?
3. Conhece alguma história local contada pelos teus pais ou alguém do bairro? Se
sim qual?
4. Sabes como é que esse bairro surgiu?
53

Apêndice V

Guião de entrevistas para comunidade

A presente entrevista destina-se à colher informações para fins acadêmicos, num


trabalho intitulado: A integração do currículo local na disciplina de ciências sociais no
ensino básico, caso EPC Janeiro; Cidade de Quelimane. Desde já gostaria pedir a sua
colaboração, respondendo com clareza e exactidão as questões que lhe são colocadas.
Garantimos desde já a observação de questões éticas de investigação.

Nome______________________________

Sexo________

Idade

O papel na comunidade…………………………….

1. Há quanto tempo mora nesse bairro?


2. Porque este bairro tem o nome Janeiro?
3. Se lembra do ano em que construíram a escola?
4. Já participou alguma reunião na escola? Se sim, qual era o objectivo da reunião?
5. Já ouviu falar Currículo Local?
6. Como líder ou morador da comunidade de janeiro, como avalia a relação entre a
escola e a comunidade?
7. Alguma vez a escola já promoveu palestras ou debates, onde se discutiu
problemas do bairro, como a erosão, invasão a mangais, questões de tráfico de
seres humanos?
8. Quais os hábitos e costumes e/ou acontecimentos do bairro gostaria que a escola
ensinasse aos alunos nas aulas de historia?

Muito obrigado pela colaboração!


54

Apêndice VI

Imagens 3 e 4: lixo acumulado e erosão nos arredores da escola.


55

Apêndice VII

Imagem 5: vala de drenagem no bairro Janeiro.


56

Anexos

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