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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA

COMUNICAÇÃO NAS AULAS DE BIOLOGIA NO ENSINO SECUNDÁRIO

Agira
iii

Nampula-2017
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA

COMUNICAÇÃO NAS AULAS DE BIOLOGIA NO ENSINO SECUNDÁRIO

Monografia apresentada, como pré-requisito de


conclusão do curso de Ensino em Biologia, com
habilitações em ensino de Química da Universidade
Católica de Moçambique, orientada pela professora
Alice Nhamposse.

Agira
iv

Nampula - 2017
Índice

Declaração.................................................................................................................................iv
Agradecimentos..........................................................................................................................v
Dedicatória.................................................................................................................................vi
Lista de abreviaturas.................................................................................................................vii
Índice de tabela........................................................................................................................viii
Sumário......................................................................................................................................ix
Summary.....................................................................................................................................x
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................11
1. 1. Tema de estudo.................................................................................................................11
1. 2. Justificativa.......................................................................................................................12
1.3. Problematização ou definição do problema.......................................................................13
1. 4. Hipóteses...........................................................................................................................13
1.4.1. Hipótese primária............................................................................................................13
1.4.2. Hipótese secundária........................................................................................................14
1. 5. Objectivos.........................................................................................................................14
1. 5. 1. Objectivo Geral.............................................................................................................14
1.5.2. Objectivos específicos....................................................................................................14
CAPITULOII: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................15
2. 1. Definição do termo comunicação.....................................................................................15
2. 2. Importância da Comunicação nas Aulas de Biologia.......................................................16
2. 3. A interacção na sala de aula..............................................................................................18
2. 4. Comunicação e Aprendizagem Biológica.........................................................................19
2. 5. Processo da comunicação.................................................................................................21
2. 6. O professor e a comunicação Biológica na sala de aula...................................................22
2. 7. O impacto da comunicação no ensino e aprendizagem da Biologia.................................23
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE TRABALHO.............................................................27
3. 1. Tipo de estudo...................................................................................................................27
3. 1. 1. Quanto aos objectivos...................................................................................................27
3. 1. 2. Quanto à forma de abordagem......................................................................................27
3. 2. Universo e Amostra..........................................................................................................27
v

3. 2. 1. Universo........................................................................................................................27
3. 2. 2. Amostra.........................................................................................................................28
3. 3. Técnicas ou métodos de pesquisa.....................................................................................28
3. 3. 1. Observação....................................................................................................................28
3. 3. 2. Entrevista......................................................................................................................28
3. 3. 3. Questionário..................................................................................................................29
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS.............................................30
4.1. Localização da Escola........................................................................................................30
4.2. Breve Historial da Escola..................................................................................................30
4.3. Meio Ambiente Físico.......................................................................................................30
4.4. Horário Escolar.................................................................................................................32
4. 5. Documentos normativos da escola....................................................................................32
4.6. Funções dos membros de direcção....................................................................................33
4.6.1. Director da escola...........................................................................................................33
4.6.2. Director adjunto da Escola..............................................................................................33
4.6.3 Área Administrativa/Secretaria........................................................................................33
4.7. Apresentação dos dados.....................................................................................................34
4.8. Análise e interpretação de dados........................................................................................34
4.8.1. Opinião dos alunos..........................................................................................................35
4.9. Opinião dos alunos para melhorar a interacção nas aulas de Biologia, o que o................39
4.10. Apresentação de dados.....................................................................................................39
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES..............................41
5.1. Conclusão...........................................................................................................................41
5. 2. Sugestões...........................................................................................................................41
5.3. Limitações..........................................................................................................................42
Bibliografia...............................................................................................................................43
APÊNDICE...........................................................................................................................XLV
Questionário aplicado aos alunos das Escolas Secundarias da cidade de Nampula...........XLVI
vi

Declaração
Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do
meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, Junho de 2017


A Autora
----------------------------------------
Agira
vii

Agradecimentos

Agradeço a Deus pelo dom da vida e pelas oportunidades oferecidas.

Aos meus pais e , pelo acompanhamento da vida e educação por eles proporcionadas.

Ao meu esposo , aos meus filhos, a minha tia, ao meu tio, pelo apoio e ajuda moral.

À professora Alice Nhamposse, pela sua bondade orientação e supervisão.

Aos meus docentes, colegas e amigos, pela colaboração durante o curso, pela amizade e
convívio.

Muito Obrigado!
viii

Dedicatória
Dedico o presente trabalho aos meus pais.
ix

Lista de abreviaturas

ESN – Escola Secundária de Nampula.

PEA – Processo de Ensino e Aprendizagem.

EGFAE – Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado.


DAP – Director Adjunto Pedagógico.
RH– Recursos Humanos.
TICs– Tecnologias de Informação e Comunicação.
x

Índice de tabela
Tabela 1: Descrição física de ESN……………………………………………………………36

Tabela 2: Amostra dos alunos inqueridos por classe e sua respectiva percentagem…………38

Tabela 3: Sexo dos alunos inqueridos nesta pesquisa………………………………………...39

Tabela4: Turmas dos alunos………………………………………………………………….39

Tabela 5: A área da inclinação dos alunos, ciências ou letras………………..………………40

Tabela 6: Disciplina que os alunos mais gostam……………………………………….…….40

Tabela 7: Desempenho dos alunos na disciplina de Biologia……………………..…………41

Tabela 8: Conversa (interacção) entre aluno e o professor na sala de aula de Biologia……..41

Tabela 9: Interacção entre aluno-aluno nas aulas de Biologia…………………………….…42


Tabela 10: O professor de Biologia dá oportunidade aos alunos a interagirem

entre si ou com ele na aquisição do conhecimento da aula?...................................................42

Tabela 11: Quem fala mais durante as aulas de Biologia……………………………………43

Tabela 12: Quem fala mais durante as aulas de Biologia?......................................................43

Tabela 13: Gosto das aulas de Biologia…………………………………………………......44


xi

Sumário
Este trabalho tem como tema "Comunicação nas aulas de Biologia". A pesquisa foi realizada
na escola secundária de Nampula em 2015. Com o objectivo de analisar a importância dos
vínculos afectivos e a estrutura do discurso produzida nas aulas de Biologia e a forma com a
qual os alunos encaram os significados dos conceitos biológicos para estimação da situação
real da comunicação no ensino secundário. Os resultados da pesquisa mostram que há fraca
comunicação e interacção entre alunos e professores na sala de aula. O universo da pesquisa
contou com os alunos da escola secundária de Nampula, dos quais foi extraída uma amostra
aleatória de 89 alunos da 8ª à 10ª classes. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com recurso
ao questionário como a técnica de colecta de dados. Também recorremos a diversas obras que
falam sobre o tema e que estão presentes na referência bibliográfica no final do trabalho.
Como recomendações, propomos que os professores devem usar uma linguagem concisa e
corrente para facilitar o processo de comunicação, devem incentivar aos alunos a apresentar
as suas inquietações de forma livre e a valorização das opiniões e devem interagir nas
actividades.
Palavras-chave: comunicação, interacção, aprendizagem, professor, aluno.
xii

Summary
The present work is aimed at biologic communicative activities. The research was done at
Nampula secondary school 2015 with a purpose to analyze the importance of affective links
and the interaction structure produced a long biologic lessons and the way how the student
conduct the meaning of mathematic concepts to bring up a real situation of communicative
activities at secondary school. Therefore, the results of this work/ research show that there is a
failure of communication and interaction among student to teacher in classes. A part of this,
89 students of grade 8 and 10 average from Nampula secondary school. Was select randomly
to conduct the questionnaire chosen as tool of data collection. In addition to that, several
references stands for the same problem also, was consulted and placed at the end of work and
finally, the recommendation whereby it proposes that teaches are obliged to use a suitable
language to facilitate the teaching or else the communicative process, and encourage students
to presents their restless freely and increase the valuer of students opinions and integrate them
during the teaching activities.
Key words: communication, interaction, learning, teacher, student.
xiii

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1. 1. Tema de estudo
Muito se discute acerca da qualidade de educação em Moçambique. Ora, muitos questionam
sobre o rendimento escolar dos alunos na disciplina de Biologia, recaindo sobre os
professores grande parte da responsabilidade pelo fracasso dos alunos nesta disciplina.

Nesta monografia sobre a Comunicação nas aulas de Biologia do ensino secundário, analisa-
se a importância dos vínculos afectivos para a melhoria da qualidade e do ensino nas aulas de
Biologia, e as situações nas quais há valorização dos sentimentos dos alunos por parte dos
professores. Esta pesquisa tem como o objecto de estudo o processo de comunicação entre
aluno-professor na sala de aula.

Este trabalho seguiu-se uma metodologia baseada na pesquisa qualitativa, centrada na


interpretação dos diferentes significados pesquisados através de questionário e de fala a partir
de entrevistas com os alunos da escola secundária da cidade de Nampula.

O interesse deste tema ocorreu depois de auscultar os relatos de alunos sobre percepções,
facilidades e dificuldades na disciplina de Biologia, para além de comentários da sociedade
escolar sobre o rendimento escolar, desempenho e relacionamento com os professores,
evidenciando-se a insensibilidade dos docentes, na maioria dos casos, para compreender e
atender os desejos, metas e expectativas dos alunos.

Para além disso, foi experiencia própria do autor, como professora de Biologia no acto de
estágio, no ensino secundário que teve lugar na escola secundária de Nampula, que em muitos
momentos foi defrontado com situações que os alunos mostravam a necessidade de atenção,
acolhimento afectivo, para além da exposição dos conteúdos, pois isto provocava um
envolvimento do grupo com a matéria ensinada.

Com as experiências em sala de aula foi questionando a relação sobre o fracasso e o baixo
rendimento dos alunos e o modo dos professores trabalharem os conteúdos e manter a
comunicação com os alunos.

Na hipótese de que o fracasso de quem aprende também pode estar relacionado ao fracasso de
quem ensina, tendo certeza que o conhecimento não pode ser objectivado de forma indirecta
ou impessoal. Para conhecer é preciso vínculo entre quem ensina e quem aprende. Vínculo
significa tudo o que liga ou aperta, nó, ligação moral, conjunto de bens inalienáveis
xiv

transmitidos invisivelmente. O modo como os conteúdos são apresentados e os


posicionamentos pessoais dos professores, diante das dificuldades escolares, podem
determinar a qualificação, ou desqualificação da aprendizagem dos alunos.

Com esta motivação o autor desta monografia achou necessário a investigação deste tema: A
Comunicação nas aulas de Biologia do ensino secundário para analisar as formas de
interacção entre professores e alunos, aluno-aluno e o significado da dimensão afectiva na
situação de ensino e de aprendizagem da Biologia.

Os instrumentos de colecta de dados foram basicamente, a observação, inquérito e


colaboração todos os sujeitos intervenientes desta pesquisa. Através das abordagens teóricas
que falam sobre o tema facilitaram na interpretação dos dados ao longo da pesquisa.

Os resultados chegaram a conclusão que a comunicação é um factor integrante para o (PEA)


processo de ensino e aprendizagem da Biologia na sala de aula. A interacção professor-aluno
e aluno-aluno pela comunicação são a base da motivação para a partilha de conhecimentos.

A estrutura deste trabalho segue a seguinte ordem: Capítulo I que vai da introdução,
problematização ou definição do problema, hipóteses, objectivos geral e específico e a
justificativa; Capítulo II que é o quadro Teórico, que são as ideias baseadas dos livros;
capítulo III que engloba as metodologias usadas na pesquisa e por último Capítulo IV
processamento de dados que são as conclusões, sugestões, Apêndices e referências
bibliográficas.

1. 2. Justificativa
A justificativa é a parte do projeto em que o pesquisador ou pesquisadora explica os porques
do trabalho de pesquisa merece ser feito. Qual a sua intenção? Quais contribuições a pesquisa
pode trazer tanto para o debate teórico a respeito do tema, quanto para o conhecimento da
realidade, ampliando o conhecimento do local sob o aspecto que se pretende enfocar.

“Trata-se de uma apresentação inicial do projecto, que pode incluir:

 Factores que determinaram a escolha do tema, sua relação com a experiência


profissional ou académica do autor, assim como sua vinculação à área temática e
a uma das linhas de pesquisa do curso de pós-graduação
 Argumentos relativos importância da pesquisa, do ponto de vista teórico,
metodológico ou empírico;
xv

 Referência a sua possível contribuição para o conhecimento de alguma questão


teórica ou prática ou ainda não solucionada.” (GIL, 2002, p.162).

Como diziamos na introdução deste trabalho que, o interesse pelo tema surgiu durante a
convivência com a realidade prática das situações vividas no ensino secundário, no acto das
práticas pedagógicas efectuadas na E.S.N. em que o tipo de comunicação nas aulas de
Biologia e as aprendizagens que decorrem dessa comunicação na sala de aula, parece ser o
factor determinante da aprendizagem da Biologia.

Portanto o estudo desta pesquisa justifica-se pelo motiva de ter-se constatado a o fracasso dos
alunos e os rendimentos escolares na disciplina de Biologia no ensino secundário.

1.3. Problematização ou definição do problema


“O problema é uma dificuldade teórica ou prática, no conhecimento de uma real importância,
para a qual que se deve encontrar uma solução” (LAKATOS e MARCONI, 1990, p.28).
Sendo importante conhecer as formas de comunicação desenvolvidas em aulas de Biologia
entre o professor-aluno e aluno-aluno, digamos as suas interacções nota-se que os alunos
apresentam dificuldades da negociação de Significados dos conceitos matemáticos. Ainda,
nota-se uma fraca evolução por parte dos alunos na forma de encarar os conceitos e processos
matemáticos. Porem, ainda não há pesquisas suficientes com resultados que revelam a
situação das comunicações nas aulas de Biologia, portanto, há exiguidade de pesquisas sobre
a situação dessa comunicação, a nível da cidade de Nampula.

Face a estas constatações surge a seguinte questão de pesquisa:

Questão norteadora: Até que ponto de situação a comunicação em aulas de Biologia se


desenvolve no ensino secundário?

1. 4. Hipóteses
“Tentativa de oferecer uma solução possível mediante uma proposição, ou seja, uma
expressão verbal susceptível de ser declarada verdadeira ou falsa”, (GIL, 2002). Com isso esta
pesquisa tem as seguintes hipóteses:

1.4.1. Hipótese primária


 O fracasso de quem aprende também pode estar relacionado ao fracasso de quem
ensina.
xvi

1.4.2. Hipótese secundária


 O fraco desempeno dos alunos nos conteúdos matemáticos pode estar relacionado com
a fraca comunicação na sala de aula envolvendo os sujeitos intervenientes.

1. 5. Objectivos
Para LIBANEO (1992, p.122) “Objectivos são os pontos de partida, as premissas gerais do
processo pedagógico. Representam as exigências da sociedade em relação a escola, ao
mesmo tempo reflecte as opções politico-pedagógico dos agentes educativos em face das
condições sociais existentes na sociedade”.

1. 5. 1. Objectivo Geral
 Analisar a importância dos vínculos afectivos e estrutura do discurso produzido nas
aulas de Biologia e a forma com a qual os alunos encaram os significados dos
conceitos matemáticos para a estimação da situação real da comunicação no ensino
secundário, concretamente na E.S.N.

1.5.2. Objectivos específicos


i. Observar a estruturação do discurso desenvolvido na aula de Biologia caracterizando o
processo de comunicação nas aulas.

ii. Analisar a importância dos vínculos afectivos entre professor e alunos, nas aulas de
Biologia.

iii. Descrever o ambiente das aulas de Biologia pela interacção discursiva entre professor-
aluno e aluno-aluno na situação da comunicação nas aulas de Biologia
xvii

CAPITULOII: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


2. 1. Definição do termo comunicação
O ser humano é um ser social. Necessita de interagir com os outros para sentir-se pleno. O
homem alcança essa interacção por meio da comunicação. Reforço vem do pensamento do
filósofo grego Aristóteles (384−322 a.C.). Para ele, sem a comunicação não havia a essência
do ser.

Portanto, o ser humano deve criar maneiras de se relacionar com a sociedade ou o com
mundo. Toda a história individual ou colectiva dos homens está ligada ao seu convívio social.
Sendo assim, a compreensão do desenvolvimento não pode ser justificado apenas por factores
biológicos. O desenvolvimento ocorre a partir de diversos elementos e acções que se
estabelecem ao longo da vida de qualquer sujeito. Neste processo, sem dúvidas, a interacção
com outras pessoas desempenha papel fundamental ou primordial na formação individual.

“Comunicação é troca de informações em diferentes tipos de relações sociais (interpessoal,


institucional e massificada)” (BESSA, 2006).

Assim, a comunicação é vista como uma interacção, dialogo entre duas ou mais pessoas.

Para MEGGINSON (1998), “comunicação é o processo de transferência de significado de


uma pessoa para a outra na forma de ideias ou informação. Usa a cadeia de compreensão que
liga os membros de várias unidades de uma organização em níveis e áreas diferentes.”

Sabemos que a palavra comunicação deriva do latim communicare, que significa “partilhar
algo, pôr em comum”. Portanto, a comunicação é um fenómeno inerente à relação que os
seres vivos mantêm quando se encontram em grupo e através dela, as pessoas ou os animais
obtêm notícias ou informações sobre o seu entorno e podem partilhar com os outros.

A comunicação na aula da Biologia faz parte da transmissão de notícia, informação ou


acontecimentos aos alunos e professores na forma de troca de opiniões.

A mensagem também faz parte da comunicação, pois nela contempla o processo de registos
de informações que são fundamentais para a sociedade.

A comunicação tem suas características próprias. Segundo BESSA (2006), a comunicação


pode ser caracterizada de três maneiras diferentes:
xviii

a) Como relação das pessoas com mensagens, mas não entre si;
b) Como relação entre pessoas por meio de mensagens - as mensagens são instrumentos
das pessoas;
c) Como relação em que ao produzirem, emitirem e receberem mensagens, as pessoas
interagem entre si e com as mensagens - pessoas e mensagens não podem ser
separados na relação.

De acordo com autor, comunicação pode ser caracterizada pela transferência de mensagem.
No acto de transmissão de mensagem, as próprias pessoas são sujeitos intervenientes da
comunicação, ou seja, as pessoas integrantes da comunicação, constituem comunicação.

Processo designa um fenómeno contínuo que apresenta contínuas mudanças no


tempo. A comunicação é um processo precisamente porque se desenvolve num
contínuo espaço temporal em que coexistem e interagem permanentemente
múltiplas variáveis. Os elementos do processo de comunicação podem entender-se
como variáveis precisamente porque variam, porque apresentam contínuas
mudanças no tempo, enquanto interagem uns com os outros. Além disso, a
comunicação não tem princípio e fim bem definidos porque a cadeia de causas e a
cadeia de consequências de um acto comunicativo são parcialmente indetermináveis
e, de algum modo, infinitas (BERLO, 1985, p.33)

No processo de comunicação existem vários factores que podem influenciar na sua execução,
e que "a recepção envolve a percepção, a interpretação e a significação. A percepção, em
grande medida, depende da expectativa e do envolvimento dos sujeitos" (BORDENAVE,
1984, p.49).

2. 2. Importância da Comunicação nas Aulas de Biologia


A comunicação nas aulas de Biologia é um fenómeno muito importante para o
desenvolvimento dos alunos. É um processo pelo qual, o professor pode avaliar o nível do
conhecimento dos alunos, para tal ele precisa interagir com os alunos e escutar as suas ideias.
O professor deve usar uma linguagem clara e corrente, assim como afirma Bessa.

A linguagem é o elemento com o qual, no qual e pelo qual as pessoas se expressam


(suas intenções, sentimentos e pensamentos) representam o mundo (as coisas, os
acontecimentos, as acções, as outras pessoas) e interagem (dialogam e conversam
para se mostrarem diferentes, para construírem consensos, para negociarem, para
compartilharem, comunicarem, entenderem-se). Quer dizer: pela linguagem, com ela
e nela o mundo humano é construído simbolicamente (BESSA, 2006)

Dizíamos que a comunicação constitui um processo social onde os intervenientes interagem


trocando informações e influenciando-se mutuamente. Assim, no estudo da Biologia é
relevante ter em conta com comunicação na sala de aula, é relevante atender quer às funções
de interacção quer à negociação de significados como afirma (PONTE & SERRAZINA,
xix

2000) enquanto modo como os intervenientes partilham as formas como encaram os conceitos
e processos matemáticos, os fazem evoluir e ajustar ao conhecimento configurado pelo
currículo.

De outro modo, os professores de Biologia, devem usar diversas técnicas para a transmissão
de conhecimentos, procurando abrir um leque aos seus próprios alunos

É preciso substituir os processos de ensino que priorizam a exposição, que levam a


um receber passivo do conteúdo, através de processos que não estimulem os alunos
à participação. É preciso que eles deixem de ver a Biologia como um produto
acabado, cuja transmissão de conteúdos é vista como um conjunto estático de
conhecimentos e técnicas. (D’AMBRÓSIO, 2003).

Um saber matemático envolve também algo transcendente, não só dando a perceber aquilo
que esta dentro da sala de aula. Deve-se procurar introduzir um conhecimento que resulte
numa aprendizagem significativa, ou seja, deve-se professar algo que seja importante não só
para o professor mas sim para toda sociedade.

A comunicação tem assumido cada vez uma maior relevância na educação Biologia. Neste
estudo, a comunicação é encarada numa perspectiva dinâmica, como um processo social onde
os participantes interagem, trocando informação e influenciando-se mutuamente
(HABERMAS: 1970).

A importância da comunicação no contexto específico da sala de aula de Biologia e nos vários


níveis de ensino, tem sido amplamente reconhecida pelos vários autores (BISHOP &
GOFFREE, 1986; NCTM, 1994; PONTE & SANTOS, 1998; PONTE & SERRAZINA, 2000;
VOIGT, 1995; YACKEL & COBB, 1998). Vejamos um aspecto desta problemática que são
importantes no caso apresentado a seguir.

Negociação de significados. A aprendizagem Biologia envolve sempre a construção


progressiva de um quadro de significados através do qual o aluno evolui na sua apropriação
pessoal do conhecimento matemático.

De acordo com BISHOP & GOFFREE (1986) “o significado matemático forma-se através do
estabelecimento de conexões entre a nova ideia e os conhecimentos prévios do sujeito”.

Estes autores acreditam que a negociação de significados tende a diminuir com o aumento do
controlo exercido pelo professor sobre a dinâmica da aula. A construção de significados
xx

evolui por aproximações sucessivas, sendo a partilha apenas possível a partir do momento em
que estes se tornam públicos ou visíveis.

Uma das razões da realização deste trabalho é a de analisar as trocas intelectuais e afectivas
entre professores e alunos nas aulas de Biologia. E compreender o porquê de baixo
rendimento dos alunos que ate certo ponto provoca baixa auto-estima, desinteresse e
empobrecimento dos conteúdos matemáticos, incidindo no insucesso e fracasso escolar.

2. 3. A interacção na sala de aula


De acordo (BRAIT, 2001:194), a interacção é um componente do processo de comunicação,
de significação, de construção de sentido e que faz parte de todo acto de linguagem. É um
fenómeno sociocultural, com características linguísticas e discursivas passíveis de serem
observadas, descritas, analisadas e interpretada

Contudo é a partir da comunicação e da interacção em que a presença de dois ou mais


interlocutores por meio dos quais é possível dar continuidade e desenvolver um acto de
comunicação que os indivíduos se relacionam com o ambiente social em que se encontram
construindo significados para o mundo. Inserido nesse contexto dinâmico, cada um se
apresenta ao outro, modificando-se ou adaptando-se mediante a evolução do processo
interactivo, e a base estrutural que possibilita essa experiência social é a linguagem.

Para (BAKHTIN apud SOUZA, 2002: 55)”, a linguagem é um produto da vida social que não
é de nenhum modo congelado ou petrificado: ela está em perpétuo vir a ser e, em seu
desenvolvimento, ela segue a evolução da vida social.”

As produções linguísticas isoladas são abstractas e só passam a ser concretizadas quando os


indivíduos convivem socialmente, inseridos no processo interacional.

Na conversação, o falante reconhece que sua imagem não se sustenta (ou não existe) sem a
presença do ouvinte, que sua condição como falante é transitória e que seu discurso é vazio se
deixar de incorporar o outro. Qualquer acto de comunicação somente terá validade em um
processo interacional.

No contexto educacional, e mais precisamente no espaço da sala de aula, as discordâncias


entre os alunos ou entre alunos e professor são consideradas positivas, pois provocam
rearanjos cognitivos, possibilitando aos participantes da interação, a revisão e a ampliação de
conceitos, o que contribui com o processo de ensino e de aprendizagem.
xxi

“As interacções entre alunos provocam discussões estimulando-os a novas descobertas e


permitindo que construam um conhecimento mais sólido. Por outro lado os alunos sentem-se
mais confortáveis a falar em pequeno grupo do que em grande grupo, num meio sem ameaças
(LESTER, 1996). Pois isto significa que os alunos ao falarem e ouvirem os colegas,
clarificam os significados das palavras bem como os seus pensamentos e ideias, como afirma
(BUSCHMAN, 1995) o conhecimento pessoal ao ser combinado com o dos outros, torna-se
útil

Na perspectiva de (PONTE et al., 1998) “as interacções professor-aluno podem variar muito
consoante o tipo de aula. Numa aula que não se limite à exposição de matéria ou à resolução
de exercícios, o professor tende a assumir um papel de coordenador e não de controlador”

2. 4. Comunicação e Aprendizagem Biológica


A comunicação Biologia vista como uma orientação metodológica pode facilitar o processo
de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, pois ajuda aos alunos a exporem as suas
ideias de forma livre e precisa.

“Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e


direito de ensinar” (FERNANDES, 2001, p.30)

Bem, isso implica que aprendemos quando respeitamos e somos respeitados. É necessário
tornar as aulas um momento de conhecimento e acima de tudo num ambiente de confiança
sem ameaças. A sala de aula deve ser um local para o aluno perguntar, errar e também acertar.

No acto de estágio pedagógico realizado pelo autor na E.S.N, constatou trabalhando, que
alguns alunos mostravam seus medos e isto afectava a aprendizagem, principalmente nos
momentos que são testados ou avaliados.

ALRØ & SKOVSMOSE (2006), “muitos estudos sobre comunicação tomam como objecto as
aulas de Biologia tradicionais, e mesmo considerando que em aulas tradicionais podem
ocorrer condições favoráveis de aprendizagem e atmosfera amigável entre alunos e
professores, nem de longe o que ocorre se aproxima daquilo que eles entendem por diálogo”.

De acordo com autor, usando a comunicação na sala de aulas para o ensino da Biologia
favorece uma aprendizagem significativa e um clima agradável de relacionamento entre os
sujeitos intervenientes.
xxii

Para que haja uma boa comunicação na sala de aulas depende de certos factores que podem
influenciar tanto para o aluno assim como o próprio professor. Segundo PEDROSA (2000),
afirma que “os factores que influenciam na comunicação educativa são: o tom de voz, a
capacidade de escutar, o olhar, os gestos, o tempo, a abertura de turnos de fala.”

Uma boa interacção na comunicação exige que um dialogo puramente simples e objectivo
para estruturar os conhecimentos.

Em contraste, se a Biologia for tida como uma construção cultural partilhada pelos
intervenientes e as aulas assentes em processos de interacção social entre o professor
e os alunos no contexto escolar, a comunicação Biologia passa a ser entendida como
um processo de interacção social de contextos múltiplos, onde acontecem processos
de negociação de significados entre os intervenientes (SIERPINSKA, 1998).

Em estudo desenvolvido por THOMPSON (1984) com três professoras, a comunicação


Biologia surge com concepções diferentes, de acordo com as perspectivas educacionais de
cada uma delas. As professoras cujas concepções sobre a Biologia revelam um
posicionamento mais tradicional associam a comunicação à linguagem simbólica própria da
disciplina, à centralidade do discurso do professor, à qualidade desse mesmo discurso e ao
transporte de informação entre o professor e os alunos. Para a outra professora, cujas
concepções se enquadram em perspectivas ligadas a uma visão construtivista da Biologia, a
comunicação decorre da valorização da expressão e das ideias dos alunos.

Num estudo desenvolvido por MENEZES (1995) a propósito das concepções dos professores
sobre o questionamento em sala de aula, o autor refere a existência de uma mútua influência
entre as concepções e as práticas, apontando uma forte relação entre as práticas e a mudança
de concepções, originando novas concepções que orientam novas práticas profissionais,
condicionadas por factores de natureza social e estimuladas por processos de reflexão sobre a
prática. Consequentemente, parece existir consistência entre as concepções e a prática do
professor – inicialmente muito pautada por perguntas com uma natureza fechada e entre a sua
acção progressivamente apostando em perguntas de inquirição Biologia e a transformação das
concepções, numa relação construída na base de tentativas de concretização prática destas e
da sua adequação ao conhecimento resultante das práticas em que se supõe ter ocorrido uma
aprendizagem significativa da Biologia.
xxiii

2. 5. Processo da comunicação
Segundo BESSA (2006), “para que a comunicação seja possível é preciso produzir, codificar,
transmitir mensagens que possam circular entre as pessoas, para que sejam interpretadas, se
tornem comuns e possam ser trocadas e compartilhadas, criticadas e questionadas”.

O processo de comunicação pode ser entendida como a transferência de significados de uma


pessoa para outra.

Na sala de aula é indispensável o uso de comunicação como meio de troca de informação aos
sujeitos que fazem parte desta. É preciso uma atenção tanto ao emissor assim como o receptor
da informação e num ambiente calmo e amigável sem nenhuma agitação, nem ameaças.

A fonte de informação representa o sujeito que decide quais as mensagens a enviar e


a sua sequência; o transmissor é o suporte técnico que transforma a mensagem em
sinais; o canal transporta os sinais; o receptor reconstitui a mensagem a partir dos
sinais e o destinatário é a pessoa a quem se destina a informação. O ruído é criado
pelos factores indesejados que interferem no sinal durante o processo de transmissão
(SHANNON:1948).

MEGGINSON et al, (1998), pode ser resumido da seguinte maneira:

 O emissor e receptor representam as partes envolvidas na comunicação


 A mensagem e o meio
 Codificação e descodificação, resposta e feedback.

Emissor é o que emite a mensagem.

Receptor ou destinatário é o que recebe a mensagem. Pode ser um indivíduo, um grupo


específico, uma colectividade.

Mensagem é o objecto da comunicação. É constituída pelo conteúdo das informações


transmitidas Por meio da mensagem, busca-se atingir algum objectivo de comunicação.

Canal de comunicação é a via de circulação das mensagens. Pode ser definido pelos meios
técnicos aos quais o emissor tem acesso para assegurar o envio da mensagem ao destinatário.

De acordo com o canal de comunicação, é possível fazer uma classificação prévia das
mensagens.

 Mensagens visuais: (desenhos, fotos); simbólicas (escrita ortográfica)


 Mensagens sonoras: fala, música, efeitos sonoros
xxiv

 Mensagens tácteis: pressão, choque, trepidação


 Mensagens olfactivas: perfume, cheiro de comida
 Mensagens gustativas: sabor, tempero

É importante realçar que a comunicação só se realiza se recepção da mensagem tiver uma


incidência observável sobre o comportamento do destinatário. Isso não significa
necessariamente que a mensagem tenha sido compreendida.

Código é um conjunto de signos e regras de combinação desses signos. O emissor utiliza-o


para elaborar a mensagem (processo de codificação). O destinatário identifica o sistema de
signos (processo de descodificação) se seu repertório for comum ao do emissor.

O processo de comunicação se reduz à resolução dos problemas do nível técnico,


pela optimização da transferência de mensagens, garantindo a máxima fidelidade
possível, isto é, anulando os possíveis ruídos e garantindo uma descodificação plena,
ocupando-se da forma das mensagens e da quantidade de informação transmitida. A
eliminação do ruído, entendido como os factores que distorcem a qualidade do sinal,
é garante de uma maior fidelidade da transmissão da mensagem e, por
consequências, da efectividade da comunicação (BERLO, 2003).

2. 6. O professor e a comunicação Biológica na sala de aula


O papel do professor na sala de aula é de maior importância na promoção da comunicação
entre os sujeitos intervenientes, assim como afirma ORTON (2004), “as discussões professor-
aluno e entre aluno-aluno exigem cautela, na medida em que a formação de conceitos na
cabeça dos alunos depende em muito do uso apropriado da linguagem”.

“O professor tem um papel fundamental no estabelecimento e aprofundamento da


comunicação na sala de aula de Biologia” (MENEZES, 1995).

Por exemplo, o professor tem de assegurar que a atmosfera da sala de aula seja de respeito
mútuo e de confiança de modo a que os alunos se sintam confortáveis para discutir e
argumentar as ideias uns dos outros.

No entanto, “as aulas em que o professor assume o total controlo, desresponsabilizando o


aluno pela sua aprendizagem, parecem ser relativamente comuns” (PONTE & SANTOS,
1998).

“Outro elemento importante é a da selecção de tarefas estimulantes e o encorajamento dos


alunos a tomar posições, defende-las e convencer os outros do seu ponto de vista” (STEIN,
2001).
xxv

A comunicação na aula de Biologia dispõe de uma linguagem própria que permite comunicar
ideias com precisão, clareza e economia, completando que “a linguagem da Biologia é
híbrida, pois resulta do cruzamento da linguagem Biologia com uma linguagem natural, no
nosso caso, o português” (MENEZES, 2010, p.10)

O autor diz que a construção e manutenção de um ambiente de aprendizagem que desenvolva


a integração entre as actividades e o discurso, depende essencialmente das capacidades
pedagógicas do professor. O autor concretiza esta ideia identificando que o ensino da Biologia
pode ser influenciado pelos valores e visões que o docente tem acerca da importância da
linguagem e da comunicação, assim como com as aprendizagens prévias e o nível
sociocultural dos alunos.

MARTINHO & PONTE (2005) refere que estas interacções estabelecidas entre o professor e
os alunos são também influenciadas pelo tipo de aula em que ocorrem, ou seja, são
simultaneamente, reflexo e condicionante das mesmas.

Nesta perspectiva de VEIA (1996) idealiza o papel desempenhado pelo professor na sala de
aula, como sendo cada vez mais descentralizado, fruto de “uma mudança significativa nos
estilos e práticas pedagógicas e no comportamento dos professores”

Um outro estudo efectuado pelo (Fonseca, 2000), igualmente de mestrado, realizado no


ensino secundário, aponta para uma caracterização distinta da comunicação na sala de aula, de
acordo com as fases da aula e as características das tarefas Biologias, realçando alguns sinais
de autonomia dos alunos na comunicação em situações de apresentação e discussão em grupo
turma.

2. 7. O impacto da comunicação no ensino e aprendizagem da Biologia


A sala de aula deve ser o local de um ambiente em que o aluno possa interagir com o grupo
tendo oportunidade de interrogar, formular perguntas, criticar e ser valorizado pelo seu
professor. Ao incentivar a participação do aluno, o professor deve dar oportunidade que este
tenha confiança e participação crítica, pensando sobre o conteúdo ensinado.

"As atitudes, em sala de aula, manifestam-se como participação e interesse dos alunos,
definindo que os afectos predominam sobre a cognição, num processo de interdependência"
(GOMES, 2002, p.58).
xxvi

Percebe-se que na sala de aula, o professor precisa manter bom vínculo com os educandos,
pois poderá influenciar os sentimentos pessoais e a relação com a disciplina Biologia, bem
como favorecer melhores resultados cognitivos. Ao aprender Biologia, o aluno recebe
diferentes estímulos que geram certa tensão. Diante dos estímulos reage, emocionalmente, de
forma positiva ou negativa. O professor deve permitir o diálogo, a cooperação e a troca de
informações no quotidiano da sala de aula.

Nas últimas décadas, ampliou-se para o estudo de crenças e de reacções emocionais. Foram
realizadas algumas propostas eficazes, para reduzir a ansiedade, referentes a intervenção de
forma planejada, sistematizada e avaliativa em motivação, crenças irreais e métodos de
trabalho.

Surgem novas propostas de trabalho sobre afectividade para as aulas de Biologia, marcadas
por diferentes abordagens metodológicas. As recentes abordagens antropológicas começam
ter impacto significativo sobre afecto.

O educador deve ser suficientemente maduro para que em primeiro lugar possa viver com
consciência das necessidades básicas próprias e dos outros, neste caso, os alunos. Sujeitos que
necessitam ser reconhecidos e valorizados nas descobertas e metas a alcançar. Por isso, o
verdadeiro ensinar, é um transcender, ou seja, estar presente, embora não mais se estejam lá.

Outras qualidades do educador: é integridade, destreza mental e manual e rapidez para criar
situações consideradas positivas no desenvolvimento da aprendizagem.

A própria escolha do conteúdo e a forma de explicá-lo carrega, implicitamente, uma


quantidade de valores, interesses e expectativas pessoais e profissionais por parte do
professor.

Crianças educadas por adultos autoritários têm muito menos oportunidades de desenvolver a
autonomia. Esses educandos são forçados a obedecer, em vez de encorajados a inventar
argumentos que faça sentido e que convençam os adultos. O mestre é importante na
construção da autonomia dos alunos, dando oportunidade em sala de aula, sua participação e
criando momentos para que isso ocorra. Muitos docentes autoritários com os alunos apenas
promovem o desenvolvimento dos conteúdos, pois escondem insegurança, não conseguem
manter o diálogo, não criam um ambiente acolhedor, não aceitando as sugestões dos alunos.
Elogiar e aceitar os sentimentos dos alunos cria segurança e consciência crítica. Com estas
xxvii

leituras estou construindo e enriquecendo minhas hipóteses quanto à importância do desejo de


ensinar e criar espaços de troca e interacção afectiva com os alunos

Outro factor destacado por (GOMES, 2002, p.66) deve considerar os factores afectivos dos
alunos e dos professores. Possuem força de resistência à mudança.

Portanto, os educandos actuam sob influências, resgatam a importância da actividade


emocional, processo mediador na aprendizagem da sala de aula.

Actualmente, a Biologia e a psicologia se aproximam. Há estudos relativos à Psicologia da


Educação Biologia. Estes envolvem a Psicologia, a Educação e a Biologia. O objectivo:
estudar o ensino e a aprendizagem, verificando os factores cognitivos e afectivos que
norteiam a disciplina.

Os psicólogos terão papel importante para ampliar o conhecimento sobre as questões


referentes ao processo de ensino e aprendizagem da Biologia.

Tudo indica que uma das contribuições da Psicologia Educacional a Educação Biologia é a
compreensão sobre o modo como os alunos aprendem e professores ensinam a Biologia.

O aluno deveria entender como o professor ensina, quais as formas de avaliar, e como utiliza
material. A Psicologia Educacional é algo novo para muitos professores até mesmo nos cursos
de formação, mas ela servirá de apoio ao ensino, contribuindo para a compreensão da
aprendizagem humana.

A atitude dos educadores em relação ao tema tem influência nas atitudes dos alunos e em seu
desempenho. Professores hostis, sem paciência e que, muitas vezes, não possuem domínio do
conteúdo, podem gerar atitudes negativas nos alunos.

Outro elemento é a representação social da Biologia. Ela possui status de superioridade em


relação às demais disciplinas por representar a verdade e a ordem. A supremacia está
relacionada à autoridade, causando, muitas vezes, uma omnipotência. Com o poder de
selecção, privilegiam os inteligentes, os bem-sucedidos. Temida, perigosa e ameaçadora, é
campeã de reprovação em todas as séries escolares. Esta imagem deve ser desmistificada,
pois, impede uma aproximação da parte dos alunos.
xxviii

As ideias de (DEMO, 2002) sobre a educação pela pesquisa são a base para novas propostas.
Para ele, o mestre torna-se orientador do processo de questionamento reconstrutivo no
educando e a aula é apenas suporte secundário do processo. O ensinar decorre da pesquisa.

Penso que o professor age assim por acreditar que o conhecimento pode ser transmitido para o
aluno. Acredita no mito da transmissão do conhecimento, como forma ou estrutura.
Desconsidera toda a vivência e percebe o aluno como folha em branco.

Portanto é necessária a mudança ou transformação na interacção, entre professor e aluno,


entre o saber e o fazer para construir um ensino de qualidade com consciência crítica e
participativa. E a construção de um cidadão activo dotado de opiniões e atitudes.
xxix

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE TRABALHO


Segundo (BARRETO & HONORATO, 1998), “a metodologia é o conjunto detalhado e
sequencial de métodos e técnicas científicas a serem executadas ao longo da pesquisa de tal
modo que se consiga atingir os objectivos propostos, com maior eficácia e mais
confiabilidade de informação”.

Percebemos que a metodologia é um conjunto de regras (método, técnicas) que são usadas
para o alcance dos objectivos traçados.

Para este trabalho recorreu-se a pesquisa qualitativa, pois nela envolveu o autor a entrar no
campo para a colecta de dados. Pesquisa qualitativa: assim como diz Chizzotti (2000, p.78) a
abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo
real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objecto, um vinculo
indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito

Partindo dessa perspectiva, percebe-se que a pesquisa qualitativa permite ao pesquisador


analisar objectivamente os dados colectados sobre o fenómeno em estudo.

3. 1. Tipo de estudo
3. 1. 1. Quanto aos objectivos
Pesquisa Descritiva: visto que tem a finalidade de descrever as características de determinadas
populações ou fenômenos. Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas
padronizadas de colecta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

3. 1. 2. Quanto à forma de abordagem


Pesquisa bibliográfica: visto que é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos, que estão patentes na lista
bibliográfica no final do trabalho.

3. 2. Universo e Amostra
3. 2. 1. Universo
Universo é “um conjunto de seres inanimados ou animados que apresentam pelo menos
uma característica comum”. (LAKATOS & MARCONI, 2002, p.41).

O universo desta pesquisa são todos alunos da escola secundária de Nampula


xxx

3. 2. 2. Amostra
A amostra é “uma parcela convenientemente seleccionada do universo (população), é um
subconjunto do universo” (LAKATOS & MARCONI, 2002, p.41).

Nesta pesquisa foi usada um inquérito envolvendo 89 alunos dos quais responderam 14
perguntas patentes do questionário relacionadas com as formas de comunicação da
Biologia na sala de aula, digamos as interacções entre aluno-professor e aluno-aluno em
sala de aulas de Biologia

3. 3. Técnicas ou métodos de pesquisa


O trabalho consiste na combinação de observação, entrevista e questionário que consestiu em
perguntas abertas para que os entrevistados respondesem de forma livre.

3. 3. 1. Observação
“A observação utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade, não
consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos e fenómenos que se desejam
estudar.” (LAKATOS e MARCONI, 2001, p.107)

A técnica de observação na pesquisa qualitativa vai permitir a apreensão dos factos


directamente observados, sem qualquer intermédio. Para a eficácia desta técnica, são tomados
em conta elementos inconvenientes, como alteração do comportamento dos observados para
que não venha destruir a espontaneidade dos mesmos e de formas a evitar produzir resultados
pouco confiáveis. Neste trabalho a técnica de observação consistirá na observação das aulas e
o ambiente nas aulas de Biologia.

3. 3. 2. Entrevista
“A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações
a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional”.
(LAKATOS & MARCONI, 2005, p.197).

A entrevista permite a captação imediata e corrente da informação desejada por qualquer tipo
de informante e sobre os mais variados tópicos. Também, ela permite correcções,
esclarecimentos e adaptações que tornam, sobremaneira, eficazes na obtenção das
informações desejadas.

Para a colecta de dados sobre a comunicação nas aulas de Biologia, foi dirigida uma
entrevista semi-estruturada aos professores, com vista à compreensão das causas do problema.
xxxi

A opção por uma entrevista semi- estruturada residiu nas vantagens que ela oferece no tocante
à facilidade de articulação e clarificação dos factos e fenómenos abordados pelo entrevistado.
A entrevista foi respondida verbalmente e em contacto directo entre o entrevistado e o
entrevistador e as respostas registadas em bloco de notas.

3. 3. 3. Questionário
Para Lakatos & Marconi (2005, p.203), questionário é um instrumento de colecta de dados,
constituído por uma série ordenada de pergunta, que devem ser respondidas por escrito e
sem a presença do entrevistador.

O questionário é uma técnica de investigação composta por um número mais ou menos


elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objectivo o conhecimento
de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas.

Esta técnica foi aplicada aos alunos que forneceram informações relacionadas com a
comunicação nas aulas de Biologia.
xxxii

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS


Antes de apresentação dos dados e com base na observação e entrevista, convém fazer uma
breve descrição do local de pesquisa.

4.1. Localização da Escola


A E.S.N. localiza-se na Província de Nampula, Cidade de Nampula, concretamente no
entroncamento da Av. Eduardo Mondlane e pela Rua dos Continuadores, na Zona Urbana, no
Posto Administrativo e Municipal de Nampula.

4.2. Breve Historial da Escola


No ano de 1962 cria-se o Liceu Almirante Gago Coutinho, que começou a funcionar na
Escola Primária Dona Filipa da Lencastre, actual Escola Primária Completa 7 de Abril. Em
1964, a Escola foi transferida para as actuais Instalações da Direcção Provincial de Educação
e cultura de Nampula. Em 1970, de novo, a Escola é transferida para as actuais Instalações.
Em 1971 começou a funcionar a Escola Preparatória Feminina anexas ao Liceu, enquanto a
Escola Masculina estava anexa a Escola Comercial e Industrial Neutel de Abreu, actual
Escola e Instituto Industrial e Comercial 3 de Fevereiro.

Dois anos mais tarde inauguraram o Ginásio e o Pavilhão Comboio, composto por cinco salas
de aulas. Em 1975, a Escola deixou de se chamar de Liceu de Almirante Gago Coutinho.

Em 1976 era o Ciclo Preparatório, passando a serem leccionadas a 5ª e 6 ª Classes de forma


mista e, no ano de 1977 a Escola passaria a leccionar da 5ª a 9 ª Classes do Antigo Sistema de
Educação ao abrigo das célebres decisões de 8 de Março.

Em 1980, a 5ª e 6 ª Classes do Distrito de Nampula passaram a funcionar na Escola


Secundária de Nampula e em 1990, introduziu-se a 10ª Classe do SNE.

Em 1996, ocorre o desmembramento entre o Ensino Primário do 2º Grau com o Ensino


Secundário do I Ciclo (Ensino Secundário Geral I) e, em 1997 é introduzido o II Ciclo, desta
vez, do S.N.E e em virtude de se ter transferido da então Escola Pré-Universitária I de Maio
para as Instalações da actual Escola Secundária de Nampula.

4.3. Meio Ambiente Físico


A Escola exerce de algum modo um meio ambiente com uma influência muito importante na
adaptação do aluno na escola, no fortalecimento da ordem da própria escola e no
elacionamento humano dentro dela.
xxxiii

A Escola Secundária de Nampula é formada por 4 blocos, dos quais um bloco é


administrativo. Os dois primeiros pavilhões possuem piso de 2 andares cada um.

A Escola possui uma média de 46 salas e 12 casas de banhos, dos quais 6 femininos e 6
masculino. Das 12 casas de banho reservadas aos alunos apenas duas é que estão em
funcionamento, uma masculina e outra feminina, e ambas estão localizadas no primeiro
pavilhão nos reis do chão.

A Escola tem um campo polivalente para a prática de andebol, tem um campo específico de
Voleibol e ginásios para práticas desportivas dos alunos, um campo de Futebol 11.

A Escola possui ainda três pátios para recreio, uma sala de informática, uma sala de
professores, uma cantina, uma biblioteca, três laboratórios, três salas de material didáctico,
dois gabinetes administrativos, uma secretaria e uma livraria.

No bloco que se encontra sem andares, possui cinco (5) salas de aulas. E a sua esquerda
encontra-se o bloco central no qual encontra-se gabinetes e salas:

 Gabinete do Director da Escola.


 Gabinete da DAP do 1° ciclo;
 Gabinete da DAE. do 2° ciclo;
 Gabinete dos RH;
 Gabinete do Chefe Administrativo;
 Sala dos Professores;
 Sala de Registo de Contabilidade;
 Casa de Banho para os Professores;

Na esquerda do bloco central onde se encontra gabinetes do director, fica o parque de


estacionamento de transportes rodoviários (viaturas, motas, bicicletas, etc.).

E mais para o interior da escola encontra-se a cantina, no qual encontra-se ao pé do campo


futebol e o ginásio escolar (longo em frente do 2° bloco).

Tabela 1: Descrição física de ESN

Blocos N° de salas Actividades Desenvolvidas


13 Salas de aulas
xxxiv

01 Sala para direcção de classe do 1° ciclo


01 Sala para direcção de classe do 2° ciclo
1° Bloco
06 Casa de banho para alunos
18 Salas de aulas
01 Biblioteca
2° Bloco 01 Salas de Informática
01 Laboratório de Inglês
06 Casa de banho para alunos
Fonte: a autora
4.4. Horário Escolar
 1º Turno, das 07:00 às 12:00
 2º Turno, das 12:30 às 17:30
 3º Turno, das 18:00 às 22:00

4. 5. Documentos normativos da escola


No sector pedagógico ou direcção da Escola existem os seguintes documentos:

 Regulamento interno;
 Regulamento da sala de TICs;
 Regulamento de Avaliação;
 Estatuto Geral dos Funcionários e Agente do Estado (EGFAE);
 Instruções e Diplomas Ministeriais;
 Estatuto do Professor;
 Circulares;
 Mapas Estatísticos;
 Plano Anual 2015;
 Boletim da República.

4.6. Funções dos membros de direcção


4.6.1. Director da escola
É o órgão que coordena, organiza e gerência todas as actividades da escola auxiliado por
demais componentes do colectivo de direcção e conselho da escola como órgão máximo e
funciona com os seguintes órgãos:
xxxv

• Conselho da Escola;
• Direcção da Escola:
• O colectivo da Direcção.

No exercício das suas funções estes órgãos executivos apoiam-se dos órgãos de consulta da
escola como:

Conselho pedagógico, assembleia-geral da escola, assembleia-geral da turma e conselho geral


da turma.

4.6.2. Director adjunto da Escola


É o órgão que coordena, super visa, acompanha, apoia e avalia as actividades pedagógicas
curriculares da escola, compete a este organizar o processo docente, metodologias de ensino e
de avaliação da aprendizagem em coordenação com os demais membros do conselho
pedagógico.

4.6.3 Área Administrativa/Secretaria


Esta área é composta por 4 funcionários, sendo dois do sexo masculino e dois do feminino.

• Os trabalhadores desta controlam as entradas e saídas as aulas, através do toque;


• Preenchem e controlam o livro de ponto para os professores e pessoal não
docentes;
• Elaboram mapas mensais de efectividades de professores e outros trabalhadores
não docentes;
• Organiza os processos individuais aos alunos;
• É responsável também pelo processamento de salários para o pessoal docente da
escola e garantem o atendimento ao público;
• É responsável pelo processo de matrículas.

4.7. Apresentação dos dados


Na recolha dos dados deste trabalho foi considerada como universo todos alunos da escola
secundária de Nampula e seus respectivos professores, tendo em conta a seguinte amostra: 89
alunos e 9 professores. Os alunos foram da 8 a, 9a e 10a classes, de ambos sexos e com idades
compreendidas entre 12 à 18 anos de idade. Já para os professores também foram de ambos os
sexos e com idades superior à 25 anos e inferior 42 anos.
xxxvi

4.8. Análise e interpretação de dados


Sobre os alunos envolventes nesta pesquisa, dizíamos que foram da 8a, 9a e 10a classes, onde a
frequência dos mesmos foi 11 alunos da 8a classe, 37 da 9a classe e 41 alunos da 10a classe,
em que em termos de percentagem equivale 12.%, 41.6% e 46.1,% respectivamente.

Tabela 2: Amostra dos alunos inqueridos por classe e sua respectiva percentagem

Classe Frequência Percentagem Frequência acumulada


8ª Classe 11 12.4 12.4
9ª Classe 37 41.6 53.9
10ª Classe 41 46.1 100.0
Total 89 100.0
Fonte: a autora

Sobre o sexo dos alunos, foram seleccionados ao acaso 41 alunos do sexo masculino e 48
alunos do sexo feminino, donde equivale dizer que foi 46.1% foram do sexo masculino e
53.9% do sexo feminino. Como mostra a tabela 2.

Tabela 3: Sexo dos alunos inqueridos nesta pesquisa

Sexo Frequência Percentagem Percentagem acumulada


Masculino 41 46.1 46.1
Feminino 48 53.9 100.0
Total 89 100.0
Fonte: a autora

Referente as turmas inqueridas, foram num total de 10 turmas escolhidas aleatoriamente como
ilustra a figura abaixo.
xxxvii

Tabela4: Turmas dos alunos

Turma Frequência Percentagem Percentagem acumulada


1 6 6.7 6.7
2 64 71.9 78.7
3 3 3.4 82.0
4 5 5.6 87.6
5 5 5.6 93.3
6 1 1.1 94.4
7 1 1.1 95.5
8 3 3.4 98.9
10 1 1.1 100.0
Total 89 100.0
Fonte: a autora
4.8.1. Opinião dos alunos
Quando os alunos foram inqueridos sobre a área da inclinação, se é Ciências ou Letras. Aqui
ficaram as suas opiniões, 52 alunos votando nas Ciências e 36 alunos votando nas Letras, e
um aluno que mostrou-se indeciso. Traduzido em percentagens estamos a falar de 58.4% dos
alunos inqueridos votaram nas Ciências e 40.5% votaram nas Letras. O que quer dizer que a
os alunos gostam das disciplinas de Ciências. Assim como mostra a tabela.

Tabela 5: A área da inclinação dos alunos, ciências ou letras.

Frequência Percentagem Percentagem acumulada


Ciência 52 58.4 59.1
Letras 36 40. 5 98.9
Total 88 98.9 98.9
Indeciso 1 1.1 100.0
Total 89 100.0
Fonte: a autora

Quando colocamos a pergunta de qual era a disciplina que mais gostavam, a resposta dos
alunos foi de que, a disciplina mais chata é a disciplina de Desenho, donde apenas 2 alunos
gostavam dela, equivalente a 2.2% dos inqueridos gostavam da mesma, ao passo que a mais
votada foi a disciplina de Biologia com 23 alunos equivalente a 25%.
A Biologia teve 19 votos equivalentes a 21,3%, ocupando em segundo lugar das 12
disciplinas que estavam na lista. O que resumidamente podemos dizer que os alunos gostam
da disciplina de Biologia, pesa embora não seja em primeiro lugar para eles.

Tabela 6: Disciplina que os alunos mais gostam.


xxxviii

Frequência Percentagem Percentagem acumulada


Português 11 12.4 12.4
Inglês 4 4.5 16.9
Biologia 19 21.3 38.2
Historia 6 6.7 44.9
Matemática 23 25.8 70.8
Química 7 7.9 78.7
Física 3 3.4 82.0
Desenho 2 2.2 84.3
Ed. Física 3 3.4 87.6
Francês 4 4.5 92.1
Geografia 7 7.9 100.0
Total 89 100.0
Fonte: a autora

Sobre o desempenho dos alunos na disciplina de Biologia, quando inquerimos, verificamos


que muitos alunos concordam que os seus desempenhos na disciplina de Biologia é
preocupante, isto é, baixo, assim como mostra a tabela 6, em que 74 alunos afirmavam os seus
desempenhos na disciplina de Biologia ser baixo, ao passo que 26 alunos afirmam o
desempenho ser alta. Em termos de percentagem estamos a dizer 70.8%, assumem terem
desempenho baixo, ao passo que 29,2%, assumem terem desempenho alto. Contudo
verificamos que os alunos têm aproveitamento baixo na disciplina de Biologia.

Tabela 7: Desempenho dos alunos na disciplina de Biologia

Frequência Percentagem Percentagem acumulada


Muito baixo 5 5.6 5.6
Baixo 52 58.4 64.0
Não sei bem 6 6.7 70.7
Alto 17 19.1 89.9
Muito alto 9 10.1 100.0
Total 89 100.0
Fonte: a autora

Sobre conversas entre aluno-professor nas aulas de Biologia, nota-se que, dos 89 alunos
inqueridos, 60 alunos afirmam que os professores não dão oportunidade aos alunos em
conversar ou interagir com ele. Mas 29 alunos contrariam a ideia dizendo que os professores
dão oportunidade aos alunos em interagir com ele. Em termos de percentagem estamos a
dizer que 67,4% dos alunos afirmam que os professores não dão oportunidade aos alunos em
interagir com ele, em quanto que 32,6% dos alunos aceitam. Portanto podemos afirmar que
xxxix

os professores de Biologia não dão oportunidade aos alunos em interagirem na aula. Como
ilustra a tabela abaixo.

Tabela 8: Conversa (interacção) entre aluno e o professor na sala de aula de Biologia.

Frequência
Percentagem
Percentagem acumulada

Nunca
5
5.6
5.6

Não
41
46.1
51.7

Assim assim
14
15.7
67.4

Sim
22
24.7
92.1

Sempre
7
7.9
100.0

Total
89
100.0

Fonte: O autor

Quando inqueridos os 89 alunos, sobre a oportunidade de interacção entre aluno-aluno,


verificamos que os alunos têm oportunidade de conversar ou interagir entre eles nas aulas de
Biologia. Esta questão tem como objectivo, testar a segunda hipótese que diz: O fraco
xl

desempenho dos alunos nos conteúdos matemáticos pode estar relacionado com a fraca
comunicação na sala de aula envolvendo os sujeitos intervenientes.

Tabela 9: Interacção entre aluno-aluno nas aulas de Biologia.

Frequência
Percentagem
Percentagem da acumulada

Não
2
2.2
2.2

Mais ou menos
43
48.3
50.6

Sim
44
49.4
100.0

Total
89
100.0

Fonte: a autora

A análise dos resultados, mostram que há uma interacção meio considerável entre os alunos,
apesar de ser difícil a sua estimação em percentagem, pois alguns afirmam que a relação é
mais ou menos.

Tabela 10: O professor de Biologia dá oportunidade aos alunos a interagirem entre si


ou com ele na aquisição do conhecimento da aula?
Frequência Percentagem Percentagem acumulada
Não 71 79.8 79.8
Mais ou menos 5 5.6 85.4
Sim 23 14.6 100.0
xli

Total 89 100.0
Fonte: a autora

Em relação a esta questão, podemos ver que a maioria dos alunos afirmam que a os
professores não dão oportunidade aos alunos para interagirem entre si e com os professores na
aquisição de conhecimentos, isto de certa forma pode influenciar negativamente no
aproveitamento pedagógico dos alunos na disciplina de Biologia.

Tabela 11: Quem fala mais durante as aulas de Biologia

Frequência Percentagem Percentagem acumulada


Professor 46 51.7 47.2
Aluno 1 1.1 48.3
Ambos 42 47.2 100.0
Total 89 100.0
Fonte: a autora

Os resultados mostram que os professores são activos na leccionação das suas aulas, os alunos
são passivos. Nesta perspectiva podemos entender que as aulas leccionadas pelos professores
usam o método expositivo. Ao invés de elaboração conjunta numa tentativa de colocar o
aluno mais activo o que poderia permitir a exploração das ideias dos alunos, visto que o aluno
não é uma tábua rasa.

Tabela 12: Quem fala mais durante as aulas de Biologia?

Frequência Percentagem Percentagem acumulada


Nenhum aluno 61 68.5 68.5
2 à 3 alunos 8 9.0 77.5
3 à 5 alunos 10 11.2 88.7
Mais de 5 alunos 2 2.2 90.0
Todos alunos 8 9.0 100.0
Total 89 100.0
Fonte: a autora

Quanto a esta questão, os resultados mostram claramente que as aulas ficam mais
concentradas para professores deixando de lado as opiniões e potencialidades dos alunos.

Tabela 13: Gosto das aulas de Biologia


Frequência Percentagem Percentagem acumulada
Nada 33 37.1 37.1
Não 19 21.3 58,7
Mais ou menos 35 39.4 97.8
xlii

Sim 1 1.1 98.9


Muito 1 1.1 100.0
Total 89 100.0
Fonte: a autora

Os resultados mostram que 58,4% dos alunos, não gostam da Biologia, este facto pode estar
associado a fraca comunicação e interacção entre professor e aluno durante as aulas da
Biologia.
4.9. Opinião dos alunos para melhorar a interacção nas aulas de Biologia, o que o
professor tem que fazer?
Esta foi uma questao aberta colocaco a 89 alunos com objectivo de recolher as opinioes dos
alunos de como tem sido o comportamento dos professores e sua melhoria no processo da
educacao Matematica. Os alunos dizem que os professores devem ter paciencia e não podem
ser mau. Devem esclarecer as duvidas dos alunos, pois o que tem se verificado a maioria dos
professores deixam trabalho de casa e não fazem a respectiva correccao. Os professores não
devem tomar atencao somente para aqueles alunos que são inteligentes, visto que, certos
professores somente comunicam com alunos inteligentes deixando de lado, os alunos não
inteligentes. Uma outra opiniao, diz que os professores não podem introduzir um novo
conteudo sem que sane as duvidas dos alunos.
4.10. Apresentação de dados
O processo de comunicacao na sala de aulas possui uma grande responsabilidade na formação
dos alunos, e tem o objectivo de desenvolver e explorar as ideias dos alunos. Em nossa analise
de dados, vimos que este processo ocorre com maoor fracasso na sala de aula. O maior
numero de alunos não gostam de Matematica influenciado pela fraca comunicacao entre estes
e professores , na sala de aulas.

Os professores não dão tempo de escutar a explanação do aluno e interacção das actividades
em conjunto, ou seja, as actividades estão mais voltadas nos professores. As aulas estão
concentradas nos professores e não nos alunos. O aluno é um elemento passivo perante as
aulas. Com estes dados verificam a segunda hipótese que diz: O fraco desempeno dos alunos
nos conteúdos matemáticos pode estar relacionado com a fraca comunicação na sala de aula
envolvendo os sujeitos intervenientes.

Vimos também, que a comunicação entre os alunos na sala de aula é razoável, mas o
problema reside na comunicação entre os professores e alunos.
xliii

A nossa análise dos resultados, levantam também, algumas hipóteses sobre a comunicação
nas aulas de Biologia do ensino secundário tais como: A falta de paciência pode influenciar
na comunicação Biologia na sala de aula e a tomada de atenção somente aos alunos
inteligentes. De acordo com os dados analisados, vimos que certos professores somente
comunicam com os alunos inteligentes e não têm dito paciência com os seus alunos e, isto de
certa forma pode influenciar na fraca comunicação entre professores e alunos na sala de aulas.
xliv

CAPÍTULO V: CONCLUSÃO, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES


5.1. Conclusão
Neste trabalho abordamos sobre Comunicação nas Aulas de Biologia do ensino secundário,
concretamente na Escola Secundária de Nampula. Constatamos que a maioria dos alunos não
gosta da Biologia e têm fraco desempenho nesta disciplina. Na maioria dos professores, as
aulas estão mais voltadas para eles deixando o aluno passivo. Em virtude dos factos
mencionados, somos levados a acreditar que o problema de fraco desempenho e o desgosto
pela Biologia é a fraca comunicação entre professores e alunos, a falta de paciência dos
professores e tomada de atenção somente aos alunos inteligentes deixando de lado outros
alunos não inteligentes.

Com esta situação, propomos aos professores a tomarem atenção a todos alunos e que haja
uma comunicação e interacção nas actividades. No contexto educacional, e mais precisamente
no espaço da sala de aula, as discordâncias entre os alunos ou entre alunos e professor são
consideradas positivas, pois provocam rearranjos cognitivos, possibilitando aos participantes
da interacção, a revisão e a ampliação de conceitos, o que contribui com o processo de ensino
e de aprendizagem.

Este trabalho foi muito importante para o nosso aprofundamento deste tema pois, desenvolver
uma comunicação e bom discurso na sala de aula pode promover uma aprendizagem
significativa na disciplina de Biologia. Para chegar a um conhecimento melhor de si, é preciso
criar um ambiente de confiança que possibilite a troca constante de opiniões.

No que diz respeito à importância de comunicação nas aulas de Biologia, parece-nos tão
interessante que pesquisas futuras devam ser realizadas, visando enriquecer ainda mais o grau
de conhecimentos sobre o processo de comunicação, presente no contexto educacional.
5. 2. Sugestões
Em jeito de minimizar as situacoes encontradas no campo despequisa, sugerimos que:
 Os professores possam usar uma linguagem concisa e corrente para facilitar o
processo de comunicação;
 Os professores possam incentivar aos alunos a apresentar suas inquietações e opiniões
de forma livre e valorizar essas ideias dos alunos;
 Os professores possam interagir com os alunos nas actividades.
xlv

5.3. Limitações
No campo onde esta pesquisa ocorreu, houve uma boa colaboração com os sujeitos
intervenientes, mas impasses não faltaram no momento de colecta de dados na medida em que
pedíamos aos alunos para preencherem o nosso questionário, muitos deles aceitavam, pese
embora alguns negaram. Caso contrario do que é impasse, se tivemos não sentimos como
impasse.

Dificuldade de poder fazer o estudo em outras diversas escolas da cidade de Nampula ou do


país.
xlvi

Bibliografia
1. Alrø, H. & Skovsmose, O. (2006). Diálogo e aprendizagem em educação Biologia.
Belo Horizonte: Autêntica.
2. Bakhtin, Mikhail. (2003). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo. Editora
Hucitec.
3. Berlo, D. (2003). O Processo de Comunicação. Introdução à Teoria e à Prática. São
Paulo: Martins Fontes.
4. Bessa, Dante Diniz. (2006). Teorias da comunicação. Universidade de Brasília.
5. Bordenave, J. (1984). Comunicação e desenvolvimento social: o novo paradigma.
Petrópolis, RJ: Editora Vozes.
6. Brait, B. (2001). O processo interacional. In PRETI, D. (org.). Análise de textos orais.
São Paulo.
7. Chizzoti, António. (2000). Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 6ª Ed. São
Paulo.
8. Fernandes, D. (2001). Um Imperativo Ético. Educação e Biologia.
9. Freire, Paulo. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra.
10. Gil, António Carlos. (2002). Como elaborar projectos de pesquisa. 3ª Edição. Editora
Atlas. São Paulo.
11. Lakatos, Eva Maria & Marconi, Marina de Andrade. (2005). Fundamentos de
metodologias científicas. 3ª Edição. São Paulo, Editora Atlas.
12. Lakatos, Eva Maria & Marconi, Marina de Andrade. (1990). Metodologias científicas.
2ª Edição, editora Atlas. São Paulo, Editora Atlas.
13. Lakatos, Eva Maria; Marconi, Maria de Andrade. (2002). Metodologias do trabalho
científico. São Paulo, Atlas.
14. Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina de Andrade. (1991). Metodologia Científica:
Ciência e Conhecimento, Métodos Científicos, Teorias, Hipóteses e Variáveis. 2a Ed.
São Paulo: Atlas.
15. Libâneo, José Carlos. (1994). Didáctica Geral. São Paulo.
16. Menezes, L. (1995) Concepções e praticas de professores de Biologia: Contributos
para o estudo da pergunta (Tese de Mestrado, Universidade de Lisboa). Lisboa:
Associação de Professores de Biologia.
xlvii

17. Menezes, L. (1995). Concepções e práticas de professores de Biologia: Contributos


para o estudo da pergunta (Tese de Mestrado, Universidade de Lisboa). Lisboa:
APM,.
18. Menezes, L. (2010) Biologia, linguagem e comunicação. Millenium.
19. Nérice, Imídeo Giuseppe. (1983). Didáctica geral dinâmica. São Paulo: Atlas.
20. Pedrosa, M. H. (2000)A comunicação na sala de aula: as perguntas como elementos
estruturadores da interacção didáctica. Portugal.
21. Ponte, J. P. (1998). Da formação ao desenvolvimento profissional. Atas do ProfMat.
Lisboa.
22. Ponte, J. P., & Santos, L. (2001). Práticas lectivas num contexto de reforma
curricular. Quadrante.
23. Veia, L. (1996). A resolução de problemas e a comunicação no primeiro ciclo do
ensino básico: Três estudos de caso. Lisboa: APM.
xlviii

APÊNDICE
xlix

Questionário aplicado aos alunos das Escolas Secundarias da cidade de Nampula


Estimado aluno, este questionário tem objectivo de recolher informações destinado
exclusivamente a utilidade académica e pode ser respondida em anonimato. Não infuencia no
seu aproveitamento pedagogico. Desde já agradece-se a sua colaboração.

1. Sua classe:

1. 8aClasse 2. 9aClasse 3. 10aClasse

2. Sexo:

1. Masculino 2. Feminino

3. Idade: ___ anos

4. Qual é a área da sua inclinação, ciências ou letras?

1.Ciências 2.Letras

5. Que disciplina mais gostas?

1.Portugues 2.Ingles 3. Biologia 4.História 5. Biologia


6.Química 7.Física 8.Desenho 9. Ed. Física 10. Francês
11.Geografia

7. Como tem sido teu desempenho na disciplina de Biologia?

1. Muito baixo 2.Baixo 3. Não sei bem 4.Alto 5. Muito alto

8. Durante as aulas de Biologia conversas (interages) com o teu professor?

1. Nunca 2.Não 3. Assim assim 4.sim 5.sempre

9. Durante as aulas de Biologia, tu tens tido a oportunidade de interagir com os teus


colegas sobre a aula?

1. Não 2. Mais ou menos 3.Sim

10. O professor de Biologia dá oportunidade de alunos interagirem entre si ou com ele


na aquisição do conhecimento da aula.

1. Não 2. Mais ou menos 3. Sim


l

11. Quem fala mais durante as aulas de Biologia?


1. Professor 2.Alunos 3. Professores e alunos

12. Quem tem mais oportunidade de falar (interagir) na sala de aula de Biologia?
1. Nenhum aluno 2. 2 à 3alunos 3. 3 à 5 alunos
4. Mais de 5 alunos 6. Todos alunos

13. Gostas das aulas de Biologia?

1. Nada 2.Não 3. Mais ou menos 4.Sim 5. Muito

14. Qual é a sua opinião para melhorar a interacção nas aulas de Biologia, o que o
professor tem que fazer?

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