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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Turma: K

Uso de Fármacos prescritos e seus efeitos no Genoma Humano

Medardo de Oliveira Mateus – Código: 708210943

Quelimane, Abril de 2023

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Turma: K

Uso de Fármacos prescritos e seus efeitos no Genoma Humano

Curso: Licenciatura em Ensino de


Biologia
Disciplina: Genética
Ano de Frequência: 3º

O Tutor: Roberto Massada

Quelimane, Abril de 2023

Índice
1. Introdução............................................................................................................................3
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2. Objectivos............................................................................................................................4

2.1. Geral.................................................................................................................................4

2.2. Específicos.......................................................................................................................4

3. Metodologia do Trabalho....................................................................................................4

4. Definição de Conceitos.......................................................................................................5

4.1. Classificação dos Fármacos.............................................................................................5

4.2. Bases Morfológicas e Fisiológicas das Vias de Administração, Absorção,.....................7

4.3. Passagem de Fármacos pelas Barreiras Biológicas..........................................................8

4.4. Farmacogenômica............................................................................................................9

4.4.1. Histórico e Conceitos Gerais da Farmacogenômica.....................................................9

4.4.2. Importância da Farmacogenômica..............................................................................10

4.5. Farmacogenética.............................................................................................................11

4.5.1. Histórico e Conceitos Gerais da Farmacogenética......................................................11

4.6. Medicina Personalizada..................................................................................................12

Considerações Finais.............................................................................................................13

Referências Bibliográficas....................................................................................................14
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1. Introdução
O ciclo dinâmico do fármaco no organismo humano envolve vários processos
farmacocinéticos. Os fármacos são absorvidos depois de administrados pelas diferentes vias
de administração, distribuídos pelo organismo e posteriormente eliminados por metabolização
e excreção. Dessa forma, ao se usar o fármaco prescrito no genoma humano, para que ele
chegue ao local de acção e produza uma acção desejada precisa de transpor diversos
processos no organismo. Por essa razão, o conhecimento das bases morfológicas e fisiológicas
é fundamental para a compreensão desses processos e obtenção de uma prática clínica mais
eficiente e segura.

Neste sentido, o presente trabalho de campo referente à disciplina de Genética, visa


abordar de forma detalhada aspectos ligados ao uso de fármacos prescritos e seus efeitos no
genoma humano. Nele, irá se traçar um breve caminho sobre os conhecimentos básicos dos
termos farmacogenética e farmacogenómica. Nestes dois termos, a principal abordagem é de
relacioná-los diferenciando sobre a eficácia de alguns fármacos. Nesta senda, conforme
Hardman e Limbird (1996), a ciência que estuda os fármacos, desde a sua história, origem,
propriedades físico-químicas, seus efeitos no organismo e diferentes utilizações; define-se por
farmacologia. Portanto, importa referir que a farmacogenómica é a ciência que estuda a
interacção entre genes e medicamentos, buscando informações sobre o perfil de
metabolização do paciente para um determinado fármaco. E, farmacogenética se deu pela
descoberta do mapeamento genético, que tornou possível compreender os genes que
constituem a espécie humana e permitiu maiores estudos e sua aplicação na prática clínica.
Nesta senda, com a conclusão do Projecto do Genoma Humano no início do século XXI, foi
possível obter uma melhor compreensão dos genes que constituem a espécie humana e, assim,
explorar que alterações poderiam estar na origem da variabilidade interindividual. (Rubert et
al., 2021).
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2. Objectivos

2.1. Geral
 Conhecer o uso dos fármacos prescritos e seus efeitos no genoma humano.

2.2. Específicos
 Definir o conceito de fármacos;
 Descrever os tipos de fármacos;
 Relacionar farmacogética e farmacogenómica;
 Entender melhor interacção entre o material genético, metabolismo prescrição mais
eficaz.

3. Metodologia do Trabalho
Para Fonseca (2002), “methodos” significa organização, e “logos”, estudo sistemático,
pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem
percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência.
Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer
uma pesquisa científica.

Assim sendo, para a elaboração do presente trabalho, foi utilizado o método de cunho
bibliográfico, que consistiu na consulta de materiais electrónicos e também o módulo de
Genética do Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia do CED da UCM, e outros estudos
científicos e académicos que relatam este tema, para que, em um primeiro instante fossem
identificados os princípios do conhecimento dessas abordagens sobre o uso de fármacos
prescritos e seus efeitos no genoma humano.
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4. Definição de Conceitos
De acordo com as pesquisas feitas, a origem etimológica da palavra “fármaco” vem do
grego “pharmak” que, em uma tradução literal, pode estar relacionado a tudo aquilo que pode
“transferir impurezas”. Uma curiosidade é que o termo em grego pode ser utilizado tanto no
sentido de cura, quanto de veneno. A diferença está relacionada com a dose.

Segundo Rang et al. (2011), referem que por fármaco entende-se toda a substância
química de estrutura conhecida que em contacto com o organismo leva a alterações das
funções biológicas dos seres vivos. Na maioria das vezes, estas substâncias para
desencadearem essas alterações ligam-se a macro-moléculas específicas intituladas de
receptores. (LaMattina e Golan, 2009). Com isso, existem substâncias que são produzidas
pelo organismo, como é o caso de hormonas endógenas (ex.: insulina) e que não são
consideradas fármacos a não ser que sejam administradas intencionalmente.

Katzung (2007), adverte que os fármacos que não existem naturalmente no organismo
humano, ou seja, que não são sintetizadas internamente; são designados de xenobióticos.
Estes para produzirem um efeito pretendido, apesar de estranhos para o organismo, têm de ser
reconhecidos por receptores das membranas celulares ou interior das células.

Entretanto, os fármacos de acordo com o processo da sua obtenção podem ser de


origem natural (mineral, vegetal e animal) ou de síntese. Existem mais fármacos de síntese
mas dentro dos naturais os de origem vegetal são mais abundantes. (Garrett, 2001).

Neste sentido, quanto a natureza física, os fármacos à temperatura ambiente podem


encontrar-se no estado sólido, líquidos ou gasosos influenciando em muitos casos a selecção
da via de administração. Relativamente ao peso molecular dos fármacos este é muito variável,
encontrando-se maioritariamente na faixa dos 100 a 1000 unidades de PM. (Katzung, 2007).

Nesta ordem de ideias, vale frisar que, os fármacos são o princípio activo dos
medicamentos, como se percebeu nas abordagens anteriores, ou seja, o fármaco é a substância
química que é a base, e principal responsável pelo efeito do remédio desenvolvido para fins
curativos, alívios ou com finalidade de diagnóstico. Em suma, os fármacos dão origem aos
medicamentos sendo o principal “ingrediente” do composto em humanos, e não só.

4.1. Classificação dos Fármacos


De acordo com o site https://www.educamaisbrasil.com.br/, os fármacos podem ter
diferentes efeitos, como localizados, sistémicos, tóxicos, mas todos eles estão relacionados
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aos efeitos proporcionados pelos medicamentos desenvolvidos com base no seu princípio
activo. Suas classificações também podem partir de diferentes origens. São elas:

 Fármaco Animal;
 Artificial;
 Natural;
 Vegetal.

Nesta senda, para Garrett (2001), os fármacos podem ser classificados em


medicamentos ou venenos.

Assim, os Venenos – são fármacos que provocam efeitos prejudiciais ao organismo,


muitas vezes de tal grandeza que levam mesmo á morte. Um exemplo é o caso dos compostos
organofosforados (inibidores irreversíveis da acetilcolinesterase) que são usualmente
utilizados em insecticidas (Garrett, 2001 e Katzung, 2007).

Entretanto, segundo o estatuto do medicamento, medicamento define-se como: “toda


a substância ou associação de substâncias apresentadas como possuindo propriedades
curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser
utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou,
exercendo uma acção farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou
modificar funções fisiológicas.” (Estatuto do Medicamento, 2006).

Outrossim, Simões (2013, p. 14), refere que o contínuo desenvolvimento de


medicamentos e a sua colocação e acessibilidade no mercado têm possibilitado uma melhoria
significativa no prognóstico e na qualidade de vida, embora acarretem uma série de efeitos
adicionais aos efeitos terapêuticos. Estes são definidos como efeitos secundários ou colaterais
e não são obrigatoriamente nocivos ao organismo, sendo muitas vezes utilizados fora das suas
indicações terapêuticas, tirando-se partido do efeito colateral. Dessa forma, caso ocorra uma
reacção nociva com medicamentos que são administrados nas doses e indicações correctas,
esta define-se por reacção adversa mas se forem provocadas por doses excessivas ou por
acumulação do fármaco no organismo, designam-se por reacções tóxicas. (Lapa et al., 2007 e
Garrett, 2001).

Neste sentido, numa outra sessão, de acordo com o efeito terapêutico dos
medicamentos, estes são denominados em:
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 Medicamentos organotrópicos – são os que exercem um efeito terapêutico através de


uma acção directa no organismo.
 Medicamentos etiotrópicos – por acção sobre agentes patogénicos (ex. bactérias,
vírus e fungos), como é o caso de antibióticos que vão ter acção em bactérias e
consequentemente travam ou previnem infecções no Homem. (Ibdem).

Entretanto, o percurso dos fármacos no organismo divide-se em três fases:


biofarmacêutica, farmacodinâmica e farmacocinética.

Assim, há de salientar que, na absorção, os fármacos passam da via de administração


até a corrente sanguínea (Toffoletto e Massud, 2007 citados por Simões, 2013, p. 15).
Posteriormente, o fármaco ainda é, distribuído por todo o organismo utilizando sistemas de
distribuição como os vasos sanguíneos e linfáticos, até alcançar o seu local de acção
(LaMattina e Golan, 2009; Toffoletto e Massud, 2007 citados por Simões, 2013).

O metabolismo, por inactivação do fármaco através da degradação enzimática, e a


excreção são processos de eliminação do fármaco do organismo (LaMattina e Golan, 2009).
Desta feita, à medida que o fármaco vai sendo absorvido há um aumento da sua concentração
na corrente sanguínea e outros compartimentos do organismo e diminuição da sua
concentração com a sua eliminação por metabolização ou excreção. Ora, para haver efeito
terapêutico o fármaco tem de chegar ao local de acção em concentrações que estejam dentro
da janela terapêutica. (Hardman e Limbird, 1996 citados por Simões, 2013).

4.2. Bases Morfológicas e Fisiológicas das Vias de Administração, Absorção,


Metabolização e Excreção de Fármacos

A janela terapêutica corresponde á gama de concentrações que permite produzir um


efeito terapêutico sem induzir efeitos tóxicos, ou seja, concentrações entre a concentração
eficaz mínima e concentração tóxica mínima. Dessa forma, o conjunto de processos acima
referidos (ADME) são determinantes na concentração e tempo do fármaco no local de acção e
consequentemente na intensidade dos seus efeitos (Pereira, 2007 e Rodrigues, 2009). Com
isso, é de notar que para o fármaco chegar ao local de acção, os processos de ADME
envolvem a passagem do fármaco através de membranas biológicas. (Hollenberg e M.Brody,
1998; Pedro et al., 2013 citados Simões, 2013).

Nesta ordem de ideias, vale salientar que, compreender estes processos “cinéticos” são
fundamentais no desenvolvimento de fármacos e na prática clínica. Os fármacos para serem
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capazes de atingir o local de acção pretendido, têm de ser desenvolvidos com as


características físico-químicas que o permitam, uma vez que, só em algumas situações é
possível coloca-lo em contacto com o tecido-alvo. Com isso, na prática clínica, essa
compreensão permite um reconhecimento de diversos factores fisiológicos e patológicos que
alteram a ADME de um indivíduo em particular, ultrapassando esses obstáculos de forma a
não comprometer a eficácia terapêutica, por exemplo, por ajuste da dose ou alteração da via
de administração. (Katzung, 2007; LaMattina e Golan, 2009 citados por Simões, 2013, p. 16).

4.3. Passagem de Fármacos pelas Barreiras Biológicas


Na maioria dos casos, os fármacos para chegar ao seu local de acção têm de atravessar
membranas biológicas que delimitam o organismo. (Hollenberg e Brody, 1998). Portanto, a
absorção, distribuição, metabolização e excreção são processos que têm de vencer essas
barreiras sendo, crucial a compreensão dos mecanismos envolvidos na transferência do
fármaco pelas membranas e dos factores que o influenciam, como as propriedades físico-
químicas dos fármacos e das membranas. (Hardman e Limbird, 1996 citados por Simões,
2013). Assim, as propriedades físico-químicas do fármaco como o seu tamanho, solubilidade
no local de acção, grau de ionização e natureza lipídica; são condicionantes na sua passagem
pelas membranas e portanto, por todo o seu percurso no organismo. (Ibdem).

Nesta senda, salienta-se que no corpo humano existem diferentes barreiras. Quando
um fármaco precisa de actuar dentro da célula para exercer o seu efeito terapêutico tem a
membrana plasmática da célula como barreira mas existem outras barreiras que se opõem ao
movimento dos fármacos dentro do organismo, desde o epitélio intestinal que é constituído
apenas por uma camada de células á pele que possui varias camadas para o fármaco
atravessar. Todavia, todas elas, apesar das suas diferenças morfológicas, apresentam
características em comum quando se trata da difusão ou transporte dos fármacos através delas
porque na maioria das vezes, os fármacos passam através das células e não entre elas, tendo a
membrana plasmática como barreira comum. (Ibdem, p. 17).

Assim, de acordo com Dawn (2000); Monteiro e Garrett (2001) e Rang et al. (2011)
citados por Simões (2013), advertem que na passagem dos fármacos pelas membranas
biológicas são considerados dois níveis:

 Nível molecular – representado pelas membranas plasmáticas e tendo vários tipos de


transporte para a passagem de molécula a molécula de fármaco, onde a natureza
química do fármaco têm extrema influência.
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 Nível Tecidular – representado pelas paredes capilares em que o transporte de


fármacos ocorre por fluxo de massa ou seja, pela corrente sanguínea. Aqui, a natureza
química do fármaco não influência a sua transferência através do fluxo e ocorre uma
rápida distribuição a longa distância.

4.4. Farmacogenômica

4.4.1. Histórico e Conceitos Gerais da Farmacogenômica


De acordo com Shin, et al. (2009), a farmacogenômica é, deste modo, o estudo das
variações ao nível do genoma e da forma como elas controlam os efeitos terapêuticos no
indivíduo. Os autores referem ainda que, “se falarmos de uma alteração ou variação específica
de um gene, e da forma como essa situação afecta a resposta terapêutica do indivíduo, falamos
em farmacogenética”.

A Equipa Oncoguia (2020), assenta que a farmacogenômica estuda como os genes


herdados afectam a forma como o organismo humano processa e responde aos medicamentos,
o que faz com que esses medicamentos se tornem mais ou menos eficazes e mais ou menos
tóxicos. Isto significa que, um medicamento pode agir de maneira diferente em dois pacientes,
mesmo que tenha sido administrado para a mesma condição. Por exemplo, alguns pacientes
podem apresentar efeitos colaterais importantes com determinada droga, enquanto outros não,
mesmo quando recebem doses comparáveis do medicamento. Neste sentido, conforme o site
acima, a farmacogenômica oferece benefícios importantes, como:

 Melhorar a segurança do paciente: reacções graves a medicamentos provocam


inúmeras hospitalizações anualmente. A farmacogenômica pode preveni-las
identificando os pacientes em risco.
 Melhorar os custos e a eficiência dos cuidados à saúde: a farmacogenômica pode
ajudar a encontrar os medicamentos e doses adequados mais rapidamente.

Entretanto, existem alguns desafios no desenvolvimento e uso prático da


farmacogenômica. Os testes são caros e não estão amplamente disponíveis, e muitas vezes os
planos de saúde não cobrem os custos dos testes disponíveis. Alguns exemplos de testes
farmacogenômicos no tratamento de alguns fármacos são:

 Câncer colorretal – o irinotecano é um quimioterápico geralmente utilizado para o


tratamento do câncer colorretal. Em alguns pacientes, as variações genéticas provocam
escassez da enzima UGT1A1, que é responsável pelo metabolismo do irinotecano no
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corpo. Neste tipo de doença, os médicos podem solicitar o teste farmacogenômico


UGT1A1 para verificar quais pacientes têm essa variação genética, o que permite a
prescrição de uma dose mais baixa de irinotecano para esses pacientes.
 Leucemia linfoide aguda (LLA) – aqui os testes farmacogenômicos também são
realizados em crianças com leucemia linfoide aguda (LLA). E, as variações genéticas
na enzima tiopurina metiltransferase (TPMT) são encontradas em cerca de 10% das
crianças. No entanto, o TPMT é responsável pelo metabolismo da quimioterapia
administrada para o tratamento da LLA. Com isso, para evitar efeitos colaterais
importantes, as crianças com baixos níveis de TPMT são tratadas com doses mais
baixas destes medicamentos. (Equipa Oncoguia, 2020),

Neste contexto, existem uns outros tipos de câncer: Fluorouracil – é um medicamento


quimioterápico utilizado no tratamento de vários tipos de câncer, incluindo o colorretal,
mama, estômago e pâncreas. Nisso, uma variação genética em alguns pacientes faz com que
eles tenham níveis mais baixos da enzima diidropirimidina-desidrogenase (DPD), que ajuda
o corpo a metabolizar o fluorouracil. Nestes, os médicos podem utilizar um teste
farmacogenômico para diagnosticar essa variação, permitindo a redução da dose do
medicamento para evitar efeitos colaterais importantes nesses pacientes. (Ibdem).

4.4.2. Importância da Farmacogenômica


Conforme Stein et al. (2020), corroboram que últimos anos a farmacogenômica surgiu
como uma área de grande interesse e entusiasmo, pois lida fundamentalmente com a chamada
“medicina personalizada”, levando em consideração a influência da variação genômica dos
pacientes sobre suas respostas às medicações. A ser assim, diferentes são os benefícios que
podem ser alcançados com o advento da Farmacogenômica, a citar:

 Aumento no poder da terapia e redução na probabilidade de intoxicação;


 Tratamentos iniciados no momento mais apropriado.
Além disso, a FGx pode contribuir para redução geral no custo dos cuidados de saúde.
Estima-se que uma boa parcela dos pacientes não apresenta respostas consideradas
satisfatórias aos medicamentos. (Ibdem).
Neste sentido, os autores referem que A farmacogenômica (FGx) investiga a
interacção entre genes e medicamentos. Através da análise de regiões específicas do DNA,
informações sobre o perfil de metabolização do paciente para um determinado fármaco
podem ser descritas, assim como o perfil esperado de resposta ao tratamento. Objectivamente,
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esse tipo de teste pode ter impacto no tratamento de pacientes que não estão respondendo
adequadamente a um determinado medicamento, seja pela ausência dos efeitos esperados ou
em virtude do aparecimento de efeitos adversos. (Ibdem, p. 1).

4.5. Farmacogenética

4.5.1. Histórico e Conceitos Gerais da Farmacogenética


A primeira descoberta no âmbito da farmacogenética foi feita há mais de 50 anos em
doentes com uma deficiência na enzima glicose-6-fosfato-desidrogenase. Estes doentes
desenvolveram hemólise quando tratados com primaquina (um antimalárico muito usado na
altura) e foi desenvolvida uma correlação entre a deficiência enzimática e a reacção adversa
observada. Assim, o termo “farmacogenética” foi então, em 1959, introduzido por Vogel na
comunidade científica. (Shin, et al., 2009 citados por Gouveia, 2009).

Entretanto, embora tenham passado 50 anos, as maiores descobertas na área da


farmacogenética/farmacogenómica foram realizadas nestes últimos anos. A sequenciação do
genoma humano realizada pelo Human Genome Project de acordo com Venter, et al. (2001)
citado por Gouveia (2009), potenciou uma nova era para a medicina personalizada baseada na
genética.

Neste diapasão, conforme Marini, et al. (2009), o The International HapMap Project e
o 1000 Genome Project representam dois grandes marcos na identificação, caracterização e
catalogação dos polimorfismos humanos mais comuns, em termos de número, distribuição e
frequência, em quatro grandes e distintas populações mundiais (Europeia, Africana, Chinesa e
Japonesa), com a subsequente aplicabilidade da genética e dos estudos farmacogenéticos.
Desta feita, muitos cientistas acreditam que o perfil genético individual é a chave para a
terapêutica individualizada, que permitirá aumentar a efectividade da terapêutica e reduzir os
problemas relacionados com a segurança (Evans e McLeod, 2003; Kollek, 2006).

Nesta vertente, à luz de Shin, et al. (2009) citado por Gouveia (2009), há indivíduos
diferentes que correspondem a genomas diferentes e, por isso, podem responder também de
forma diferente a uma dose pré-definida como dose ideal (ou dose-padrão), não só porque
poderão ter capacidades diferentes de absorção do fármaco, mas também porque poderão, por
exemplo, ter ausente uma importante enzima do metabolismo desse fármaco, ou poderão ter
variantes alélicas “normais”, os chamados polimorfismos, com reflexo por exemplo no
metabolismo.
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Neste sentido, as diferenças inter-individuais podem fazer com que as doses


padronizadas, ou seja, as doses terapeuticamente recomendadas, possam levar a concentrações
sanguíneas inesperadamente elevadas ou baixas (conforme o perfil genético), causando um
efeito terapêutico severo ou tóxico, no primeiro caso, ou não registando efectividade
terapêutica, no segundo caso. (Evans, et al., 2003). Entretanto, isto quer isto dizer que o
genoma humano é mais abrangente e não se esgota na mutação e do reflexo que tem nas
proteínas, metabolitos, RNA, etc.. visto que, a genómica tem em conta como a variação
genética interfere nas várias interacções. (Gouveia, 2009).

4.6. Medicina Personalizada


A Medicina personalizada tem como objectivo integrar a informação genética do
indivíduo, os factores ambientais a que este está exposto e o seu estilo de vida para identificar
a sua predisposição à doença e as medidas preventivas, de promoção da saúde e terapêuticas
que lhe serão mais eficazes ou que evitem reacções adversas. (Ventura, 2017).

As principais doenças em que a medicina de precisão tem grande relevância são o


câncer, as doenças mendelianas e a farmacogenômica que permite o estudo de doenças
monogénicas e doenças complexas com evidências de histórico de herança genética, como
cardiopatas, asma, diabetes e câncer, pois essas doenças contêm uma combinação de factores
genéticos. (Hurtado, 2022). Neste contexto, na farmacocinética ocorre à absorção, transporte,
metabolização e excreção do fármaco e nesses processos estão envolvidos genes e seus
produtos, associados ao transporte, metabolização a excreção de metabólitos. Já na
farmacodinâmica a resposta ao fármaco está relacionada aos genes receptores, com enzimas
ou outros alvos de acção do fármaco. Devido a isso a farmacogenômica busca todas as
variações no maior número de genes possível, que possam influenciar a resposta ao fármaco,
seja para obter formas de controlar suas taxas de eficácia como de toxicidade. (Weinshilboum
e Wang, 2017).
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Considerações Finais
Chegado ao culminar do presente trabalho de campo referente à disciplina de
Genética, foi possível compilar a essência dos conteúdos abordados durante o
desenvolvimento do trabalho. Assim, por meio desta revisão, pode-se aferir que a
farmacogenética baseia-se na identificação das diversificações individuais que podem
interferir no metabolismo dos medicamentos, comprometendo sua eficácia e ou segurança.
Sendo assim, a farmacogenética contribui para a terapêutica onde pode fornecer subsídios
para a efectivação da medicina personalizada, fundamentada nas propriedades génicas de cada
indivíduo. Neste sentido, como se pode perceber, observou-se nos artigos pesquisados que a
farmacogenética se apresenta de forma importante e essencial para a aquisição de uma
farmacoterapia mais eficiente, proporcionando um tratamento eficaz, com menor toxicidade,
aumentando a sobrevida e proporcionando um bem-estar para todos os indivíduos.

Todavia, apesar de actualmente a farmacogenômica já estar presente de forma


significativa no tratamento de doenças, algumas barreiras ainda precisam ser trabalhadas para
uma evolução da farmacogenômica na prática clínica, principalmente em países menos
desenvolvidos. Diante disso, conclui-se que a função do farmacêutico é primordial e essencial
na farmacogenômica, possibilitando a redução das adversidades durante as etapas de evolução
de novos fármacos e o crescimento de experimentos moleculares. Porém, vale salientar que,
com os avanços tecnológicos nos campos da genômica e da bioinformática ampliaram
significativamente o conjunto de dados disponíveis sobre as diferentes respostas do organismo
humano à evolução das doenças e a possíveis tratamentos.

Neste contexto, com o conhecimento adquirido no Projecto Genoma Humano, os


pesquisadores descobriram, e ainda estão descobrindo, como as características genéticas que
herdamos dos nossos pais biológicos influenciam tanto na expressão dos nossos genes, nas
nossas características fenotípicas, no risco de desenvolvimento de doenças e na resposta aos
medicamentos. Este conhecimento gerou a possibilidade de melhorar identificar as causas
genéticas de doenças, assim como auxilia no desenvolvimento de novos fármacos.
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