Você está na página 1de 17

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Turma: S

Análise das Implicações Psicológico-Espiritual e Político na Compreensão da Pessoa


como Sujeito Moral

Elisabete Manuel Uachave – Código: 708220592

Quelimane, Maio de 2023


1

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Análise das Implicações Psicológico-Espiritual e Político na Compreensão da Pessoa


como Sujeito Moral

Curso: Licenciatura em Ensino


do Português
Disciplina: Introdução à Filosofia
Ano de Frequência: 2º

A Tutora: Msc. Laurina Mutapete

Quelimane, Maio de 2023


2

Índice
1. Introdução .......................................................................................................................... 3

2. Objectivos .......................................................................................................................... 4

2.1. Geral ............................................................................................................................... 4

2.2. Específicos ...................................................................................................................... 4

3. Metodologia do Trabalho ................................................................................................... 4

4. A Pessoa como Sujeito Moral............................................................................................. 5

4.1. Definição Etimológica do termo Pessoa .......................................................................... 6

4.2. A Mora e Ética ................................................................................................................ 7

4.2.1. Conceito de Moral e Ética ............................................................................................ 7

4.2.2. O Indivíduo e os Aspectos da Moral ............................................................................. 8

4.3. Acção Humana e Valores (Actos Voluntários e Actos Involuntários)............................. 10

4.3.1. Acções Voluntárias ou Actos Humanos ...................................................................... 11

4.3.2. Liberdade como Fundamento da Acção Humana ........................................................ 11

4.3.3. Da Liberdade Humana á Responsabilidade Moral....................................................... 12

4.4. Características da Pessoa ............................................................................................... 13

4.5. Consciência Moral ........................................................................................................ 13

4.5.1. Distinção entre Ética e Moral ..................................................................................... 14

Considerações Finais............................................................................................................ 15

Referências Bibliográficas ................................................................................................... 16


3

1. Introdução
Costuma-se dar um nome compreensível à singularidade do ser humano: diz-se que o
Homem, ao contrário das outras coisas que o circundam, é uma pessoa. Muitos filósofos
fizeram da pessoa o epicentro de suas reflexões, dando origem à uma visão filosófica que
recebeu o nome de personalismo. O problema da pessoa é estudado pelos psicólogos,
psicanalistas, educadores políticos e juristas.

O presente trabalho de campo referente à disciplina de Introdução à Filosofia, visa


abordar de forma detalha sobre as implicações psicológico-espiritual e político na
compreensão da pessoa como sujeito moral, com os seus alguns itens que compõem a mesma
temática, onde encontrar-se-á definições e conceitos de alguns termos, numa perspectiva
filosófica tais como: pessoa numa perspectiva etimológica, e de alguns autores, liberdade,
responsabilidade, sanção, dever, moral, tipos de acções, tipos de liberdade, valores humanos,
pessoa como um ser de relações com a natureza, trabalho, com os outros, justiça e muito mais.
4

2. Objectivos

2.1. Geral
 Analisar as implicações psicológico-espiritual e político na compreensão da pessoa
como sujeito moral.

2.2. Específicos
 Conhecer as implicações psicológico-espiritual e político na compreensão da pessoa
como sujeito moral;
 Relacionar aspectos da ética individual;
 Explicar como funciona a consciência moral;
 Descrever os graus da consciência moral e ética.

3. Metodologia do Trabalho
Metodologia, do Grego “methodos” que significa organização, e “logos”, estudo
sistemático, pesquisa, investigação; é o estudo da organização, dos caminhos a serem
percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo. (Fonseca. 2002).

Assim, para a elaboração do presente trabalho, foi utilizado o método de cunho


bibliográfico, que consistiu na consulta de materiais electrónicos e também o Manual de
Introdução à Filosofia, e outros estudos científicos e académicos que relatam este tema, para
que, em um primeiro instante fossem identificados os princípios do conhecimento dessas
abordagens sobre as implicações psicológico-espiritual e político na compreensão da pessoa
como sujeito moral.
5

4. A Pessoa como Sujeito Moral


Segundo Geque e Biriate (2010), afirmam que a noção de pessoa é uma expressão do
mais elevado nível conceito que o homem tem de si próprio e nela se conjuga algumas notas
constitutivas. Esta noção de aparece em oposição á de indivíduo, quer dizer indivíduo
biológico. Indivíduo significa, antes de tudo, consistência, isto é, coesão, indivisibilidade
interna, unidade. Esta unidade não significa simplicidade, mas sim, uma composição de
partes. Enquanto tal esta unidade é totalidade: diferenciada, estruturada e centrada. É uma
totalidade diferenciada uma vez que o próprio conceito de todo implica uma multiplicidade
qualitativa de partes que compões o todo, porem o ser vivo enquanto indivíduo é uma
totalidade diferenciada.

Assim, é uma totalidade estruturada porquanto os diversos órgãos e as funções que


eles exercem não são independente uns dos outros como se de estrato que se sobrepõem se
tratasse. E, os diferentes órgãos e suas funções constituem uma estrutura, isto é, são
interdependentes; eles só são aquilo que são devido á relação de mútua dependência.

Entretanto, o conceito de pessoa pode ser abordado a partir de duas perspectivas: uma
parte da problemática clássica; outra, mais descritiva, toma em conta as filosofias mais
recentes.

Na perspectiva clássica, far-se-á referencia menção de alguns filósofos. No entanto


Cícero diz que pessoa é sujeito de direitos e deveres. Beócio pessoa é uma substancia
individual de natureza racional. Santo Tomas de Aquino pessoa é um subsistente de natureza
racional. Pressupõe-se na pessoa uma dimensão espiritual. A razão é um fundamento último
de outras características e realizações da pessoa. Aos filósofos da modernidade orientam-se
por outras direcções definitórias de pessoa das quais se tem destacado três:

 A psicóloga que tomando como referencias o filosofo descartes, toma a consciência


como a característica definitória de pessoa;
 A ética, que segundo Kant, destaca a liberdade como o constitutivo do ser pessoa;
 A social que com personalismo e particularmente com Martin Buber sublinha na
definição de pessoa a relação desta com os outros.

Neste sentido, estes dados, tanto da Filosofia clássica como da moderna, não devem
ser vistos de forma isolada, como se eles se excluíssem mutuamente. Na definição de Pessoa,
todos estes elementos se completam.
6

Neste contexto, uma pessoa sujeito moral é aquele que antes de ter com outra pessoa
ou antes de se interagir com outra se interagiu consigo mesmo. É uma pessoa que cumpre com
as normas regras sociais.

Exemplo: uma pessoa para ter a fé tem de limpar seu coração.

Neste sentido, seu coração estar limpo para o Espírito Santo habitar na sua alma. É
assim que acontece com a pessoa como sujeito moral. Ele olha para si mesmo ver que isso eu
não devo fazer por que quando me fazer não é bom.

4.1. Definição Etimológica do termo Pessoa


A palavra “Pessoa” deriva do grego “prosopon” e do latim “ personare” que significa
“máscara” ou seja, o instrumento que um determinado actor coloca no seu rosto durante a
presentação de uma peça teatral.

Segundo certos filósofos a definição de pessoa segue os seguintes caminhos: o termo


pessoa foi definido por diferentes filósofos, a saber:

 Na perspectiva da Filosofia clássica

Cícero define pessoa como sujeito de direitos e deveres.

Para Boécio pessoa é uma substância individual de natureza racional.

 Na idade média
São Tomás de Aquino: para este filósofo, pessoa é o subsistente de natureza racional.
 Na idade Moderna

Emmanuel kant define a pessoa numa perspectiva ética, afirmando que a pessoa é um
fim em si mesmo e não um meio ao serviço dos outros.

Rene Descartes apoiando-se numa perspectiva psicológica fine a pessoa como um ser
de consciência.

 Idade contemporânea

Filósofos como Martin Buber, Emmanuel Levinas e Emmanuel Mounier,


considerando a perspectiva kantiana demasiada racionalista, sublinharam, na definição de
7

Pessoa, a afectividade (amor ao próximo), a relação de uns com os outros e a sua abertura ao
transcendente (Deus).

Gabriel Marcel, Martin Heidegger e Paul Ricoeur, entre outros, procuraram superar a
definição generalista de Pessoa, sublinhando a sua singularidade e complexidade e
relembrando que a pessoa é constituída não apenas de espírito como também de matéria; não
só de pensamento, mas também de extensão; não só de alma, como também de corpo.

4.2. A Mora e Ética


O ser humano vive em sociedade, convive com outros seres humanos e, portanto,
cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?” Trata-
se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Assim, no dia-a-dia
nos deparamos com diversas situações que exigem uma decisão pessoal. Toda vez que isso
ocorre estamos diante de uma decisão que envolve julgamento moral da realidade e decidimos
com base no que consideramos bom, justo ou moralmente correcto.

4.2.1. Conceito de Moral e Ética


Ética é uma palavra de origem grega com duas interpretações possíveis. A primeira é a
palavra grega “éthos”, com “e” curto, que pode ser traduzida por costume. A segunda também
se escreve “éthos”, porém com “e” longo, que significa propriedade do carácter. A primeira
serviu de base na tradução pelos romanos para a palavra latina mores e que deu origem à
palavra Moral, enquanto a segunda orienta a utilização actual que damos à palavra Ética.
Talvez esteja aí a origem da costumeira confusão que se faz sobre moral e ética. Assim,
embora os dois termos estejam inseridos na área do comportamento humano, eles não são
termos equivalentes sendo um erro utilizá-los como se fossem sinónimos.

Neste sentido, segundo Cotrim (2002) a Moral é o conjunto de normas, princípios e


costumes que orientam o comportamento humano, tendo como base os valores próprios a uma
dada comunidade ou grupo social.

Entretanto, a moral é normativa a partir de um conjunto de regras, valores, proibições


e tabus que provêm de fora do ser humano, ou seja, que são cultivados ou impostos pela
política, costumes sociais, religiões ou ideologias. Como as comunidades ou grupos sociais
são distintos entre si, tanto no espaço (região geográfica) quanto no tempo (época), os valores
também podem ser distintos dando origem a códigos morais diferentes. Assim, a moral é
8

mutável e está directamente relacionada com práticas culturais. Exemplo: o homem ter mais
de uma esposa é moral em algumas sociedades, mas em outras não.

A ética é um estudo reflexivo das diversas morais, no sentido de explicitar os seus


pressupostos, ou seja, as concepções sobre o ser humano e a existência humana que sustentam
uma determinada moral. (Cotrim, 2002).

Segundo Cordi (2003, p.62), “ética é uma reflexão sistemática sobre o comportamento
moral. Ela investiga, analisa e explica a moral de uma determinada sociedade”.

Nesta senda, a ética, então, pode ser o regimento, a lei do que seja ato moral, o
controle de qualidade da moral. Daí os códigos de ética que servem para as diferentes micro-
sociedades dentro do sistema maior. Neste sentido, a ética define-se como o conhecimento, a
teoria ou a ciência do comportamento moral. É através da ética que compreendemos,
explicamos, justificamos, analisamos, criticamos e, se assim quisermos, aprimoramos a moral
da sociedade.

Numa outra vertente, a ética, em última análise, é a definidora dos valores e juízos que
norteiam a moral. Compete à ética, por exemplo, o estudo da origem da moral, da distinção
entre comportamento moral e outras formas de agir, da liberdade e da responsabilidade e de
questões como a prática do aborto, da eutanásia e da pena de morte.

Desta feita, conforme Cordi (2003) a ética não diz o que deve e o que não deve ser
feito em cada caso concreto, isso é da competência da moral. A partir dos fatos morais a ética
tira conclusões elaborando princípios sobre o comportamento moral.

Em suma, podemos afirmar que o conceito de Ética é mais amplo e rico do que o de
Moral. Ética implica em reflexão teórica sobre moral e revisões racionais e críticas sobre a
validade da conduta humana, sendo o estudo geral do que é bom ou mau, correcto ou
incorrecto, justo ou injusto, adequado ou inadequado, independentemente das práticas
culturais.

4.2.2. O Indivíduo e os Aspectos da Moral


Para Cordi (2003, p. 64), “a moral é tanto um conjunto de normas que determinam
como deve ser o comportamento quanto acções realizadas de acordo ou não com tais normas”.
9

Segundo o autor desde a infância a pessoa está sujeita à influência do meio social por
intermédio da família, da escola, dos amigos e dos meios de comunicação de massa
(principalmente a televisão). Assim, ela vai adquirindo aos poucos princípios morais.
Portanto, ao nascer o sujeito se depara com um conjunto de normas já estabelecidas e aceitas
pelo meio social. Este é o aspecto social da moral. Mas, a moral não se reduz ao aspecto
social. À medida que o indivíduo desenvolve a reflexão crítica, os valores herdados passam a
ser colocados em questão. Ele reflecte sobre as normas e decide aceitá-las ou negá-las.

Neste contexto, a decisão de acatar uma norma é fruto de uma reflexão pessoal
consciente que se chama interiorização. Essa interiorização da norma é que qualifica o acto
como moral. Caso não seja interiorizado, o ato não é considerado moral, é apenas um
comportamento determinado pelos instintos, pelos hábitos ou pelos costumes. Dessa forma, a
maneira como a consciência individual vai reagir diante das normas depende tanto de
elementos referentes à pessoa (formação pessoal, carácter, temperamento) quanto de factores
e instituições sociais (regime político, organização social, sistema económico, instituições
culturais, meios de comunicação em massa) que podem criar possibilidades ou impor
obstáculos à realização da moral.

Nestes moldes, no comportamento moral a pessoa sabe aquilo que precisa ser feito,
independentemente das vantagens ou prejuízos que possa trazer. Assim, quando praticamos
um ato moral, poderemos até sofrer consequências negativas, pois o que é moral para uns
pode ser amoral ou imoral para outros. O sujeito amoral é aquele que desconsidera as regras
ou normas morais, já o sujeito imoral é aquele que conhece as regras ou normas, mas é contra
elas.

Entretanto, segundo Chauí (2003) para que haja conduta moral é preciso que exista
uma pessoa (sujeito, agente) consciente, isto é, que conhece a diferença entre o bem e o mal,
certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais
diferenças, mas também se reconhece como capaz de julgar o valor dos actos e das condutas e
de agir em conformidade com os valores morais, sendo por isso responsável por suas acções e
sentimentos, bem como pelas consequências do que faz e sente

Tendo em conta os aspectos da pessoa como sujeito moral, há de referir que, o sujeito
moral ou ético, isto é, a pessoa, só pode existir se preencher as seguintes condições, conforme
Chauí (2003):
10

 Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a


existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele;
 Ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos,
impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com a
consciência) e de capacidade para deliberar e decidir entre as diversas alternativas
possíveis;
 Ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da acção, avaliar os efeitos e
consequências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às suas
consequências, respondendo por elas;
 Ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos,
atitudes e acções, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o
constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. A liberdade não é tanto para
escolher entre alternativas possíveis, mas o poder para auto-determinar-se, dando a si
mesmo as regras de conduta.

4.3. Acção Humana e Valores (Actos Voluntários e Actos Involuntários)


Segundo Geque e Biriate (2010), referem que o homem define-se pelo modo como
escolhe, decide e executa as diferentes acções. Cada homem individualiza-se neste processo,
através das acções, o homem transforma a realidade, intervém no curso dos acontecimentos,
torna-se um agente de mudança. As acções projectam-no no futuro, o homem pratica dois
tipos de actos: os que são comuns aos outros animais e os que só ele próprio realiza.

No primeiro caso, temos entre outros, os chamados actos instintivos. Os estudos de


Konrad Lorenz apontam para a existência de quatro grandes instintos comuns aos homens e
aos animais (nutrição, reprodução, fuga e agressão). Os instintos nos animais determinam
quase totalmente o comportamento destes, permitindo-lhes uma resposta perfeita ao meio, o
que constitui uma condição imprescindível á sua sobrevivência. (Geque e Biriate, 2010).

No segundo, a actividade instintiva é secundarizada a favor da actividade reflexiva


específica dos seres humanos. Agir, no caso do homem implica pensar antes de executar as
acções (analisar as situações, definir os objectivos, escolher as respostas mais adequadas e
ponderadas as suas consequências). Por tudo isto, não podemos reduzir as acções dos homens
a simples actos mecânicos. Os homens são livres de agir ou não, escolher um ou outro
caminho. Aos seus actos possuem uma dimensão moral que se fundamenta na liberdade e na
consciência da acção. (Ibdem).
11

Neste sentido, importa frisar que, de acordo com os autores, numa dimensão moral,
como também vermos, os homens praticam também os actos que, embora sejam conscientes e
intencionais, não deixam de ser considerados inumanos. a razão é que os mesmos não se
enquadram no âmbito daqueles que consideramos dignos de seres humanos. Dada a
diversidade das acções que o homem pratica, é natural que a palavra acção tenha muitos
significados. Importa diferenciar dois tipos de acções: as voluntarias e as involuntárias.
(Ibdem).

4.3.1. Acções Voluntárias ou Actos Humanos


Conforme Geque e Biriate (2010), as acções humanas implicam uma intenção
deliberada de um agente, de agir de determinado modo e não doutro. Estas acções são
reflectidas, estudas, premeditadas e ata projectadas a longo prazo, tendo em vista atingir
determinados objectivos. Neste caso afirmamos que temos a intenção e o propósito de fazer o
que fazemos. Nisso, aplica-se termo acção apenas a aqueles actos que realizamos de forma
consciente ou racional, voluntaria e responsável, dado que são únicos que são específicos dos
seres humanos.

Nesta senda, toda acção humana implica necessariamente, os seguintes elementos:

 Agente – um sujeito da acção que é capaz de se reconhecer como autor da acção e que
age com consciências (é capaz de saber autor da acção e ter responsabilidade pela
mesma) e livre-arbítrio ou vontade, ou seja, que é capaz de optar e tomar decisões
livremente.
 Motivo – a razão que justifica a acção; o que nos leva a agir ou a fazer algo. Por isso,
quando perguntamos e porque fizeste ou vais fazer isto ou aquilo? Procuramos a razão
que justifica acção.
 Intenção – a intenção diz respeito ao que o sujeito pretende fazer ou ser com a sua
acção e responde á pergunta: «que fazes?». A intenção implica um agente consciente,
pois a intenção consiste naquilo que agente quer fazer.
 Fim – o fim da acção é a possessão daquilo para que se quer a acção voluntaria.

4.3.2. Liberdade como Fundamento da Acção Humana


O primeiro filosofo a dedicar-se sobre a liberdade foi Sócrates, ele é da opinião que o
homem é livre, quando se verifica o domínio da própria racionalidade em relação á própria
12

animalidade. A relação entre a liberdade e a moral é intrínseca, o que faz com que a liberdade
seja o fundamento do agir moral. A liberdade é, segundo Kant, a razão de ser da lei moral e,
simultaneamente, a afirmação do sujeito que age como pessoa. Etimologicamente a palavras
de liberdade significa isenção de qualquer coação ou negação da determinação para uma
coisa. Pode-se entender como a faculdade de fazer ou deixar de fazer uma coisa.

Vista de lado do sujeito, ela tem sido entendida como a possibilidade de


autodeterminação e de escolha, acto voluntario, espontaneidade, indeterminação, ausência de
interferência, libertação de impedimento, realização de necessidade, direcção prática para uma
meta, propriedade de todos ou alguns actos psicológico, ideal de maturidade, autonomia
sapiências e ética, razão de ser da própria moralidade. (Geque e Biriate, 2010).

4.3.3. Da Liberdade Humana á Responsabilidade Moral


Etimologicamente, a palavra responsabilidade vem do latim “respondere” que
significa comprometer-se (sponder) perante alguém em retorno (re). É a virtude através da
qual o agente moral deve responder pelos seus actos, isto é, reconhece-los como seus e
suportar as suas consequências. Assim, a responsabilidade pressupõe três dimensões
fundamentais:

 Conhecimento, aqui o agente deve ter conhecimento dos seus actos e das suas
consequências. Se o indivíduo actua por ignorância sua responsabilidade será
atenuada;
 Liberdade só somos responsáveis pelos actos que são verdadeiramente nossos, e é a
liberdade que dá ao homem pleno domínio dos seus actos e torna susceptível de
valorização;
 Intenção, a responsabilidade depende de intenção com que se decide a realização do
acto.

A responsabilidade subdivide-se em dois pontos:

a) Responsabilidade fundamental ou transcendental, que é aquela que o homem tem por


ser homem, enquanto homem. É a responsabilidade perante a consciência, os outros e
a sociedade;
b) Responsabilidade categorial, que equivale a diversas obrigações e deveres de cada um.
É subjectiva ou pessoa, cada sujeito agente é responsável pelos actos que são
verdadeiramente seus porque livremente praticados.
13

Nietzsche é da opinião que só é responsável aquele que pode responder por si e


perante si mesmo, enquanto Sartre faz cada um responder não apenas pela estrita
individualidade, mas também pela humanidade em geral, apontam os autores. (Geque e
Biriate, 2010).

Todo acto moralmente de exigir as seguintes condições:

 Imputabilidade – só é responsável por um determinado acto, aquele a quem esse


mesmo acto é imputado, isto é, aquele a quem é atribuída a sua autoria;
 Consciência – o sujeito que age conscientemente com o conhecimento de causa;
 Intencionalidade – intenção, a responsabilidade depende de intenção com que se
decide a realização do acto voluntariamente.

4.4. Características da Pessoa


Conforme Geque e Biriate (2010), a pessoa é caracterizada pelos seguintes aspectos:

 Singularidade: cada ser humano é uno, original, autentico, irrepetível e insubstituível;


ou seja, ninguém é cópia de ninguém.
 Unidade: a Pessoa é urna totalidade, isto é, as diferentes partes que a constituem
formam um todo coeso, uma unidade psicológica.
 Interioridade: em cada ser humano há um espaço de reserva e de intimidade,
inacessível e inviolável: é a consciência moral.
 Autonomia: a pessoa é um centro de decisão e acção. Tem a capacidade de
autogovernar-se ou autodeterminar-se.
 Projecto: ser Pessoa não é algo inato. A Pessoa tem de se tornar como tal. Valor em si
– a Pessoa é um valor absoluto e , como tal , não pode ser usada como um meio ao
serviço de um fim.

4.5. Consciência Moral


Geque e Biriate (2010), referem que consciência moral é a atenção do sujeito ao valor
moral das suas acções, para julgar se elas são boas ou más. Dessa forma, a consciência moral
é a voz da nossa consciência ou juiz interior que nos obriga, n os acusa ou repreende enquanto
sujeitos livres e racionais, capazes de responder pelos próprios actos ou de avaliar os actos
alheios.
14

Assim, a consciência moral desempenha o papel de:

 Crítica – porque nos proíbe, impede ou condena de praticar uma acção má.
 Norma – pois, nos manda aquilo que devemos fazer.

Outrossim, a consciência moral pode ser descrita como sendo:

 Intimidade - consciência moral é o lugar mais secreto e íntimo do ser humano que
exige o direito e respeito à inviolabilidade;
 Apelativo – para valores e normas ideais a que devemos aspirar;
 Força - que nos mobiliza ou impede à acção;
 Imperativo – que nos ordena para realizar uma acção compatível com os nossos
valores;
 Voz interior – que nos indica a nossa obrigação;
 Juiz interior - que condena ou aprova os nossos actos com incidência moral;
 Censura de remorso ou de elogio e satisfação – que nos leva a ter um peso na
consciência quando agimos contra os nossos valores ou estar de consciência tranquila
se as nossas acções forem de acordo com os nossos valores e ideais.

4.5.1. Distinção entre Ética e Moral


O que há de comum entre a ética e moral é o facto de reflectirem sobre o
comportamento e a acção humana. (Geque e Biriate, 2010).

Os autores corroboram que a moral e a ética são muitas vezes tratadas como
sinónimos, todavia, não são a mesma coisa, isto é, são distintas. Assim, a ética debruça-se
sobre a investigação das condições a partir das quais podemos expressar ou não, em relação
ao acto moral e em moralidade. a ética pesquisa sobre o s princípios e os fundamentos da
moral.

A ética tem u ma dimensão teórica e ocupa-se da fundamentação racional das normas


morais, ou seja, do agir humano, conquanto ela possui carácter universal ao se debruçar sobre
a humanidade da pessoa enquanto tal e sobre as condições que definem a consideração pela
dignidade da pessoa humana. Já a moral está ligada à aplicação concreta de certas regras e à
situações do dia-a-dia, a ética preocupa-se com o fundamento racional das normas morais e do
agi r humano. a moral tem uma dimensão mais local, debruçando-se sobre os modos
concretos da vida social. . (Ibdem).
15

Considerações Finais
Chegada ao culminar do presente trabalho, de salientar que foi aprofundado aspectos
ligados à pessoa como sujeito moral, nas implicações psicológico-espiritual e político na sua
compreensão. Nisso, referiu-se que a moral é o conjunto de normas, princípios e costumes que
orientam o comportamento humano. Ela está directamente relacionada com as práticas
culturais, portanto, muda conforme a época histórica e o lugar. O sujeito moral é a uma pessoa
consciente de seus interesses em detrimento aos outros, demonstra ter vontade para realizar
seus próprios objectivos e é responsável por seus actos, não se importando com as
consequências. Entretanto, uma pessoa sujeito moral é aquele que antes de ter com outra
pessoa ou antes de se interagir com outra se interagiu consigo mesmo. É uma pessoa que
cumpre com as normas regras sociais, como por exemplo, uma pessoa para ter a fé tem de
limpar seu coração seu coração estar limpo para o espírito santo Habitar na sua alma. E é
assim que acontece com a pessoa como sujeito moral. Ele/a olha para si mesmo/a e ver que
isso “eu” não deve/o fazer por que quando me fazer não é bom.
16

Referências Bibliográficas
Cabulamz. (2019). A pessoa como sujeito moral. Recuperado de:
<https://cabulamz.wordpress.com/2019/03/31/a-pessoa-como-sujeito-moral/.>

Chauí, M. de S. (2003). Convite à filosofia. 13ª Edição, São Paulo, Ática.

Cordi, C. (2003). Para filosofar. 4ª Edição, São Paulo, Scipione.

Cotrim, G. (2002). Fundamentos de filosofia: história e grandes temas. 15ª Edição, São Paulo.

EaD, UNIVALI/EDUCON. (S./d.). AULA 6 - Moral e Ética. Superior de Tecnologia, Informática e


Sociedade. [PDF]. Recuperado de:
<https://www.unitins.br/bibliotecamidia/Files/Documento/AVA_634274281944622778aula_6__
_apostila___inf_e_soc___tads_t2007.pdf>.

Geque, E. & Biriate, M. (2010). Pré-universitário – Filosofia 11. Maputo, Editora Longman
Moçambique.

Ficha da disciplina de Filosofia Nº 03. Unidade II: a Pessoa como sujeito moral. 11ª Classe/PESD.

Kant, I. (1995). Fundamentos da Metafísica dos Costumes. 70ª Edição, Lisboa.

Você também pode gostar