Você está na página 1de 54

PSICOLOGIA DA

APRENDIZAGEM
Unidade 3
Desenvolvimento do
psiquismo humano
CEO

DAVID LIRA STEPHEN BARROS

DIRETORA EDITORIAL
ALESSANDRA FERREIRA

GERENTE EDITORIAL

LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS

PROJETO GRÁFICO

TIAGO DA ROCHA

AUTORIA

RAQUEL ELISABETH DUMASZAK


Raquel Elisabeth Dumaszak
AUTORIA

Olá. Sou formada em Psicologia, nas modalidades


bacharelado e licenciatura, e, desde então, atuo com Psicologia,
Educação e Aprendizagem. Tenho interesse por assuntos que
envolvem neurociências, comportamento e cognição, temáticas
que segui na pós-graduação. Fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes
e espero contribuir bastante com seu aprendizado teórico e
profissional!
Unidade 3

4 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
ÍCONES
Unidade 3

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 5
O que é psiquismo humano?..................................................... 9
SUMÁRIO

Fatores que impactam o desenvolvimento do psiquismo... 19


Aspectos biológicos............................................................................................ 19

Aspectos individuais, sociais e histórico-culturais........................................ 27

Processos e constituição do psiquismo humano.................. 33


Atividade............................................................................................................... 33

Identidade............................................................................................................ 36

Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano..... 41


Consciência.......................................................................................................... 41

Emoções............................................................................................................... 44

Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano............................ 47


Unidade 3

6 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
No âmbito das Ciências Humanas, diversas linhas teóricas
buscam compreender fenômenos humanos, explicando-os

APRESENTAÇÃO
de diferentes formas, que podem ser complementares ou
contraditórias. Dessa forma, a compreensão do psiquismo
humano pode ser obtida a partir da relevância que se dá aos
seus diversos aspectos – biológicos, individuais, sociais e
histórico-culturais. A depender da abordagem, alguns deles serão
privilegiados. Além disso, para um melhor domínio do assunto,
é preciso entender os processos envolvidos em sua constituição.

Primeiramente, para nos familiarizarmos com o tema,


precisamos compreender que as ideias de psiquismo e sua
formação são muito discutidas em ambientes que trabalham
o coletivo e o individual em uma relação dialética, ou seja, a

Unidade 3
influência de um sobre o outro ininterruptamente. Em segundo
lugar, devemos saber que esse tema foi muito discutido por
Lev Semionovich Vygotsky, por isso, aproxima-se também do
ambiente escolar. Por fim, é imprescindível saber que essa teoria
foi influenciada por teorias e metodologias marxistas soviéticas.

Com base nessas informações, será mais fácil pensar com


o autor, pois seu ambiente social influencia seu pensamento.
Assim, faz-se necessário mencionar dois importantes
seguidores de Vygotsky: Alexis Leontiev (1903-1979), psicólogo
soviético marxista e autor do clássico “O desenvolvimento do
psiquismo” (1978); e Alexander Romanovich Luria (1902-
1977). Leontiev e Alexander Romanovich Luria juntaram-se
a Vygotsky e começaram a pesquisar a influência da cultura
no desenvolvimento humano. Por isso, sua linha de pesquisa
recebeu o nome de Psicologia histórico-cultural, ou sócio-
histórica (POLON; PADILHA, 2017).

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 7
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
OBJETIVOS

profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Entender o que é o psiquismo humano, definindo seus


principais conceitos e associando suas definições à vida
prática do ser humano.

2. Identificar os fatores que impactam o desenvolvimento


do psiquismo.

3. Compreender os processos e a constituição do


psiquismo humano.

4. Entender o pensamento e a linguagem do


desenvolvimento humano.
Unidade 3

Então, preparado para uma viagem rumo ao


conhecimento? Vamos lá!

8 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
O que é psiquismo humano?
Ao término deste capítulo, você vai entender o
que é o psiquismo humano, definir seus principais
conceitos e associar suas definições à vida
OBJETIVO prática do ser humano. E então? Motivado para
desenvolver essa competência? Então, vamos lá.
Bom estudo!

Figura 1 – Multidão de pessoas diferentes entre si

Unidade 3
Fonte: Wikimedia Commons

A Psicologia é marcada por uma diversidade de


abordagens, pois não há um objeto e método único, o que a
torna singular na compreensão dos fenômenos estudados.
Durante a história humana, muitas propostas sobre o psiquismo
foram elaboradas. Assim, para compreendermos o conceito de
psiquismo humano, é importante ressaltar que este é um conceito
complexo, também influenciado por diversos paradigmas.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 9
Existem várias definições para essa expressão, que
variam em suas explicações sobre a concepção de psiquismo,
seu processo e os aspectos que influenciam a sua formação, de
acordo com a valoração dada a elementos:

• Biológicos.

• Individuais.

• Sociais.

• Histórico-culturais.

Algumas definições enfatizam os aspectos biológicos


como principais na explicação de manifestações humanas, como
comportamentos, consciência e aprendizagem. Quando falamos
em abordagens focadas nos aspectos biológicos, dizemos que
Unidade 3

as hipóteses dela sobre os fenômenos são, por exemplo, em


termos de maturação biológica, de características físicas, de
predisposições ou tendências a comportamentos inatos (não
aprendidos).

Outras podem apoiar-se em explicações de cunho social,


fazendo referência à função da interação social no processo de
desenvolvimento humano, na formação do indivíduo com suas
características peculiares, e assim por diante. Vamos, agora,
conhecer alguns exemplos dessas definições.

Em relação aos pressupostos do ponto de vista biológico,


psiquismo é um “conjunto de fenômenos ou traços psíquicos
característicos de um indivíduo” (INFOPÉDIA, c2003, on-line).

10 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Ao falar de psiquismo e, principalmente, de
seu estudo sob o ponto de vista biológico,
devemos estar atentos, pois ele é o resultado da
IMPORTANTE apropriação da realidade, que é possível por meio
de funções psicológicas elementares e superiores.
As funções elementares advêm dos órgãos dos
sentidos e, como independem de organização
cognitiva, estão presentes também nos outros
animais. Já as funções psicológicas superiores –
objeto de estudo de Vygotsky – são propriedade
exclusiva do homem. É a partir delas que o sujeito
humano decodifica e se apropria da linguagem
intelectualizada, contribuindo, assim, para a
formação de seu psiquismo. O objetivo deste
capítulo não é discutir o desenvolvimento das

Unidade 3
funções psicológicas superiores, mas como cada
componente do psiquismo compõe uma relação
dialética na construção do indivíduo.

Já autores que defendem o ponto de vista histórico-


cultural compreendem o psiquismo como a totalidade dos
processos psíquicos superiores e do comportamento social que
possibilitam ao homem constituir a unidade que é sua psique
(SOUZA; ANDRADA, 2013).

Estudiosos como Silvia Lane e Ana Bock enxergam o


indivíduo por meio da perspectiva social e consideram que essa
unidade se expressa no modo peculiar de cada indivíduo ser no
mundo – a subjetividade (SILVA, 2009).

Sobre subjetividade e psiquismo, a autora aponta:


Geralmente, subjetividade é entendida
como aquilo que diz respeito ao indivíduo,
ao psiquismo ou a sua formação, ou seja,
algo que é interno, numa relação dialética
com a objetividade, que se refere ao que é

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 11
externo. É compreendida como processo e
resultado, algo que é amplo e que constitui
a singularidade de cada pessoa. A ideia de
que a subjetividade é algo, mas sem definir
claramente o que vem a ser esse algo, é muito
recorrente. (SILVA, 2009, p. 170)

Dessa forma, a subjetividade tem papel fundamental na


constituição da identidade do indivíduo, conforme afirma Bock
(2004):
O fenômeno psicológico deve ser entendido
como construção no nível individual do
mundo simbólico que é social. O fenômeno
deve ser visto como subjetividade, concebida
como algo que se constituiu na relação com o
Unidade 3

mundo material e social, mundo este que só


existe pela atividade humana. Subjetividade e
objetividade se constituem uma à outra sem
se confundirem. (BOCK, 2004, p. 6 apud SILVA,
2009, p. 170)

Nessa perspectiva, o psiquismo tem origem no social e


desenvolve-se ao longo do percurso da história da sociedade
humana de acordo as relações sociais, históricas e culturais nela
vigentes (SILVA, 2009; SOUZA; ANDRADA, 2013).

Cabe ressaltar a importância de não se debruçar


sobre um único ponto de vista, pois isso dificultaria
uma compreensão mais ampla e ponderada dos
IMPORTANTE fatos. Ao estudarmos a constituição da psique
humana, temos diversas denominações, por
exemplo, identidade ou personalidade.

A subjetividade constitui em uma categoria-chave para


que fosse compreendido o psiquismo motor, sendo afirmado
por Rey (2001) que:

12 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
A subjetividade representa um macroconceito
orientado à compreensão da psique como
sistema complexo, que de forma simultânea
se apresenta como processo e como
organização. O macroconceito representa
realidades que aparecem de múltiplas formas,
que em suas próprias dinâmicas modificam
sua autorganização, o que conduz de forma
permanente a uma tensão entre os processos
gerados pelo sistema e suas formas de
autorganização, as quais estão comprometidas
de forma permanente com todos os processos
do sistema. A subjetividade coloca a definição
da psique num nível histórico-cultural, no qual
as funções psíquicas são entendidas como

Unidade 3
processos permanentes de significação e
sentidos. O tema da subjetividade nos conduz
a colocar o indivíduo e a sociedade numa
relação indivisível, em que ambos aparecem
como momentos da subjetividade social e da
subjetividade individual. (REY, 2001, p. 1)

Para saber mais sobre identidade, personalidade,


subjetividade e individualidade, leia o artigo
“Subjetividade, individualidade, personalidade
SAIBA MAIS e identidade: concepções a partir da Psicologia
Histórico-cultural”, de Flávia Gonçalves da Silva.
Para acessá-lo, clique no QR-Code disponível aqui.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 13
Além das vertentes supracitadas, outros processos
participam da constituição do psiquismo. A vertente histórico-
cultural, por exemplo, estuda a origem e o desenvolvimento
do psiquismo, a fim de entender os processos envolvidos.
Assim sendo, aponta os processos intelectuais como elementos
participantes desse cenário, sendo esses processos:

• Emoções.

• Consciência.

• Atividade.

• Linguagem.

• Desenvolvimento humano.

• Aprendizagem.
Unidade 3

Cada um desses processos intelectuais é estudado


de maneira que sua função seja compreendida
como fundamental para a sobrevivência do
REFLITA indivíduo. Para isso, diversas perspectivas se
propõem a essa tarefa. Por exemplo, você já se
perguntou o que é uma emoção? Qual é a utilidade
do sentimento de raiva? É uma emoção ou
sensação? Indagações como essas são respondidas
à luz de diferentes vertentes de pesquisa.

Figura 2 – Emoções

Fonte: Pixabay

14 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Para saber mais sobre as emoções, assista ao vídeo
“O que são emoções?”, do canal Minutos Psíquicos.
Para acessá-lo, clique no QR-Code disponível aqui.
ACESSE

A partir dessa breve apresentação sobre as diferenças


entre as principais concepções de psiquismo, podemos
prosseguir para um conhecimento mais aprofundado sobre os
fatores centrais que impactam a sua constituição e os processos

Unidade 3
envolvidos em sua formação.

Observe a figura a seguir e reflita: para você, qual imagem


define esse conceito?
Figura 3 – Como podemos representar o psiquismo?

Fonte: Pixabay

O desenvolvimento do psiquismo decorre de elementos


e determinações da cultura histórica e social desenvolvida na
essência da atividade vital do indivíduo, isto é, na categoria
trabalho, atuando na transformação consciente, intencional e
criativa da natureza em proveito de suas necessidades.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 15
O psiquismo humano é traduzido pela imagem subjetiva
do real contidas pelas riquezas tanto materiais quanto não
materiais que foram sendo acumuladas no decorrer da história.
A tese de que o reflexo psíquico da realidade
é sua imagem subjetiva indica que a imagem
pertence ao sujeito real da vida. Mas o conceito
de subjetividade da imagem no sentido de seu
pertencimento ao sujeito da vida, implica a
indicação de sua atividade. Por isso, o conceito
de subjetividade da imagem inclui o conceito
de parcialidade do sujeito. [...] Aliás, é muito
importante destacar que essa parcialidade está
objetivamente determinada e que se expressa
não na inadequação da imagem (ainda que
também possa expressar-se nela), mas em que
Unidade 3

esta permite penetrar ativamente na realidade.


Dito de outro modo, a subjetividade no nível do
reflexo sensorial não deve ser compreendida
como um subjetivismo, mas como sua
“subjetualidade”, isto é, seu pertencimento ao
sujeito ativo. A função de situar o homem na
realidade objetiva e transformá-la é uma forma
de subjetividade. Posto que se partirmos do
pressuposto que as influências externas
provocam diretamente em nós, em nosso
cérebro, a imagem subjetiva, imediatamente
surge a questão de como essa imagem parece
existir fora de nós, fora de nossa subjetividade,
ou seja, nas coordenadas do mundo exterior.
(LEONTIEV, 1978, p. 46)

Analisando a citação, podemos, então, compreender


que a subjetividade não é uma categoria-chave para que se
compreenda o psiquismo, mas consiste em um processo que
deve ser considerado para que o psiquismo seja constituído,

16 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
tendo em vista que ela não é o psiquismo em si. Desse modo, cada
sociedade é responsável por desenvolver condições específicas
para que os indivíduos possam desenvolver as suas condições
de forma particular.
Ora, dado que a relação do homem com a
espécie humana é, desde o início, formada
e mediatizada por categorias sociais (como
trabalho, linguagem, intercâmbio, etc.); dado
que, por princípio, não pode ser “muda”, mas
se realiza apenas em relações e vínculos que
operam em nível da consciência; dado isso,
tem lugar no interior do gênero humano, que a
princípio é também um ente que existe apenas
em-si, realizações parciais concretas que, no

Unidade 3
desenvolvimento da consciência genérica,
assumem o lugar desse em-si precisamente
através de sua parcialidade e particularidade
concreta. Ou seja: a genericidade universal
biológico-natural do homem, que existe em-
si e que deve continuar ineliminavelmente
a persistir como em-si, só se pode realizar
como gênero humano na medida em que os
complexos sociais existentes, precisamente
em sua parcialidade e particularidade concreta,
façam sempre com que o “mutismo” da essência
genérica seja superado pelos membros de
tal sociedade, uma superação que os torne
conscientes, no quadro desse complexo, da
sua genericidade enquanto membros desse
complexo. (LUKÁCS, 1979, p. 145)

Assim, diante desse contexto, podemos observar que


o psiquismo humano foi se desenvolvendo influenciado pela
cultura, ou seja, pelas objetivações que se realiza pelo indivíduo
em determinado momento da história.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 17
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido que, em relação aos
pressupostos do ponto de vista biológico, psiquismo
é o conjunto de características psicológicas de um
indivíduo, ou o conjunto de fenômenos psíquicos
e processos da evolução mental de um indivíduo.
Ainda, entendeu que alguns autores defendem o
ponto de vista histórico-cultural, compreendendo
o psiquismo como a totalidade dos processos
psíquicos superiores e do comportamento social
que possibilitam ao homem constituir a unidade
que é sua psique. Por fim, você compreendeu que
alguns estudiosos enxergam o indivíduo por meio
Unidade 3

da perspectiva social e consideram, ainda, que


essa unidade se expressa no modo peculiar de
cada indivíduo ser no mundo – a subjetividade.

18 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Fatores que impactam
o desenvolvimento do
psiquismo
Ao término deste capítulo, você vai identificar
os fatores que impactam o desenvolvimento do
psiquismo. E então? Motivado para desenvolver
OBJETIVO essa competência? Então, vamos lá. Bom estudo!

Aspectos biológicos
Os aspectos biológicos são considerados, por algumas
abordagens da Psicologia, como fatores preponderantes para a

Unidade 3
explicação do desenvolvimento psíquico.

A partir da evolução histórica da Psicologia, podemos


notar que, à medida que ela se aproxima das diretrizes da
Ciência Experimental, afasta-se da Filosofia antiga, ou seja,
quanto mais adota métodos científicos, com base na objetividade,
na observação e na precisão, mais distante fica das teorias
filosóficas e do estudo da mente. Assim, é possível identificar que
o surgimento da Psicologia está atrelado às ciências naturais e
ao experimentalismo, e, por conseguinte, atribuiu ao psiquismo
bases biológicas.

Esse referencial propõe que os fenômenos biológicos


têm mais concretude que os demais. Sendo assim, as Ciências
Humanas têm um vínculo irrenunciável com as Ciências
Biológicas, uma vez que manifestações humanas, como a
consciência, o conhecimento, o pensamento, a linguagem,
entre outras, estão ligadas a funções cerebrais, por isso, para
essa abordagem, o psiquismo é considerado um “conjunto de
fenômenos ou traços psíquicos característicos de um indivíduo”
(INFOPÉDIA, c2003, on-line).

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 19
A definição de psiquismo, isto é, como ele é
constituído no ser humano, muda de acordo com
a abordagem teórica. Nesse momento, estamos
IMPORTANTE falando sobre a teoria que se aproxima das
ciências biológicas.

Com isso, podemos destacar algumas linhas teóricas


que foram fundamentais para o estabelecimento da concepção
biológica do psiquismo humano, como o Behaviorismo, que
teve seu surgimento favorecido pela mudança no objeto de
estudo da Psicologia Científica. Como exemplo da relevância
dada aos termos biológicos e da influência da mudança de objeto
de estudo da Psicologia Científica, podemos salientar o fato de
que o Behaviorismo rejeitava a concepção de mente e priorizava
o estudo de aspectos puramente físicos e observáveis.
Unidade 3

Outra importante abordagem que contribuiu


para a difusão das concepções biológicas foi a
Psicanálise. Freud foi um médico neurologista,
IMPORTANTE por isso, a herança fisiológica estaria em suas
obras e teorias. Sua teoria é metafisica, na qual
interpreta-se o comportamento do indivíduo
utilizando como base três estruturas formadoras
da psique humana: id, ego e superego. Elas seriam
incentivadas pelos processos vividos conscientes,
pré-conscientes e inconscientes, responsáveis
pelas ações e pulsões libidinais do indivíduo. Freud
traz as fases do desenvolvimento psicossexuais.

A Teoria Psicanalítica é muito atual e empregada em


diversas áreas do conhecimento científico, desde a clínica
tradicional até ambientes organizacionais, educacionais e
pesquisas embasadas na área cognitiva e neurocientífica.

20 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Caso você tenha interesse em se aprofundar em
alguns desses temas, leia o artigo “A atualidade
do projeto freudiano de 1895”, de Sidarta da Silva
ACESSE Rodrigues. Para acessá-lo, disponível no QR-Code.

Outros conceitos freudianos apresentam correlação com


os pressupostos biológicos, como o de pulsão de vida e o de
pulsão de morte, à medida que atuam com base no princípio

Unidade 3
homeostático, mantendo o equilíbrio entre o interno e o externo,
entre o indivíduo e o meio.

Para saber mais sobre o conceito de pulsão,


assista ao vídeo “A pulsão – Glossário Freud”, de
Christian Dunker. Para acessá-lo, clique no QR-
SAIBA MAIS Code disponível aqui.

A epistemologia genética também se constituiu nas


bases biológicas. A área central dos estudos piagetianos seria o
terreno das formações cognitivas (CRUXEN, 2002). Para Piaget
(1971):
As estruturas do conhecimento tornam-
se necessárias ao cabo de um processo

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 21
de desenvolvimento, sem o serem desde o
início e não comportam programação prévia.
Nas formações cognitivas a hereditariedade
e a maturação se limitam a determinar as
zonas de impossibilidade ou de possibilidade
de aquisições. É esse o relevo das bases
biológicas do psíquico. (PIAGET, 1971, ... p. 58)

A Teoria Piagetiana segue um raciocínio amparado


na Biologia para explicar o desenvolvimento
humano. Para ela, cada indivíduo evolui
EXPLICANDO
MELHOR cognitivamente de acordo com uma previsão
maturacional biológica para cada idade. Por
exemplo, é esperado que uma criança de três
anos já saiba falar e andar, mas ela ainda não tem
estrutura cognitiva para responder a questões
mais complexas, como perguntas de divisão e
Unidade 3

multiplicação ou, ainda, a profissão dos pais.

A resposta de um organismo ao meio, para Piaget (1971),


depende de sua estruturação cognitiva e de competências
alcançadas pela evolução de estágios de desenvolvimento
cognitivo. No entanto, apesar do amparo da abordagem
biológica, Piaget não a considera a única explicação para os
fenômenos psicológicos, tampouco privilegia as influências
ambientais. Todavia, ele acreditava no impacto desses fatores
sobre os estágios cognitivos.

É contundente destacar que, assim como a epistemologia


genética, o Behaviorismo e a Psicanálise não mantiveram uma
postura rígida na adoção da vertente biológica do psiquismo. Eles
consideraram esse ponto de vista relevante para o esclarecimento
dos conceitos e explanações de suas teorias, contudo apreciaram
outros aspectos insidiosos.

22 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Figura 4 – Os níveis do desenvolvimento humano

Fonte: Pixabay

Unidade 3
Piaget (1971) definiu quatro períodos no processo
evolutivo humano, que são reconhecidos pelo nível máximo de
desenvolvimento em cada faixa etária ao longo do seu processo
de crescimento. São eles:

Período sensório-motor (0 a 2 anos) – esse período vai


desde o nascimento até os dois anos de idade, o que o caracteriza
como um momento de muitas mudanças, pois a criança aprende
a se equilibrar, se sentar, andar e se alimentar – desde a
amamentação até outros alimentos – e, ainda, se prepara para o
desenvolvimento da linguagem.
Neste período, a atividade cognitiva do sujeito
é de natureza sensorial e motora, tendo como
característica a ausência da função semiótica
(inicialmente não representa mentalmente
os objetos). A ação ocorre diretamente sobre
os objetos, o que irá possibilitar a atividade
cognitiva futura. O período que finaliza este
momento inicial já inicia a capacidade de
representação. (DIAS, 2010, p. 6)

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 23
Nessa fase, a criança age principalmente por meio de
ações reflexas e utiliza basicamente percepções sensoriais e
esquemas motores para a resolução de seus problemas. A criança
não possui capacidade de representar situações, nem tem noção
de tempo passado e futuro. A noção de tempo e causalidade
é adquirida no decorrer do processo de desenvolvimento, por
meio do contato com outras pessoas.

À medida que a criança vai crescendo,


experienciando os objetos e desenvolvendo
sua capacidade de memória, ela desenvolve
IMPORTANTE representações mentais do mundo, o que Piaget
chamou de esquemas. Os esquemas acontecem
ao final desse estágio. Até os quatro meses de vida,
o bebê não tem entendimento de que as coisas
continuam a existir mesmo que não estejam em
Unidade 3

seu campo de visão.

É importante saber que até os 4 meses de idade a criança


não assimilou a “permanência do objeto”, ou seja, algo só existe
se estiver em seu campo de visão.
Figura 5 – Período sensório-motor (0 a 2 anos)

Fonte: Freepik

24 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
• Período pré-operatório (2 a 7 anos) – nessa fase,
aparece a linguagem oral. A criança vai se tornando
capaz de utilizar esquemas que auxiliam na substituição
de ações, situações, pessoas e objetos por símbolos
(palavras). O pensamento predominante é o egocêntrico,
no qual a própria criança é tida como referência. Outras
características dessa fase são o animismo (atribuição
de intenções e sentimentos a coisas e animais) e a
irreversibilidade (a criança identifica a possibilidade de
retornar mentalmente ao ponto de partida).
Figura 6 – Período pré-operatório (2 a 7 anos)

Unidade 3
Fonte: Freepik

• Período pré-operatório (7 a 11, 12 anos) – nesse


período, o egocentrismo é abandonado, e a criança
começa a estabelecer correlações, coordenar pontos de
vista diferentes e integrá-los de modo lógico. A criança
também passa a ser capaz de interiorizar as ações,
realizando mentalmente operações, e não somente
operações físicas, sem precisar medir fisicamente
objetos para saber qual é o maior.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 25
Figura 7 – Período pré-operatório (7 a 11, 12 anos)

Fonte: Freepik

• Período das operações formais (12 anos em diante) –


Unidade 3

nesse período, há a ampliação das capacidades


adquiridas no período anterior. Assim, ocorre o raciocínio
sobre hipóteses, possibilidade de compreensão de
conceitos abstratos e realização de operações mentais
dentro de princípios da lógica formal. Esse período se
diferencia da infância, porque aos 12 anos a criança já
estabeleceu um padrão de equilíbrio, isto é, o raciocínio
cognitivo que ela levará durante sua vida.
Figura 8 – Período das operações formais (12 anos em diante)

Fonte: Freepik

26 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Aspectos individuais, sociais e
histórico-culturais
Apesar da importância dos pressupostos biológicos para
o estudo do psiquismo, outros fatores precisam de atenção,
como os aspectos individuais, sociais e histórico-culturais, por
serem ativos em sua formação e permitirem uma compreensão
mais ampla e ponderada dos fatores envolvidos.

Os aspectos individuais referem-se às características


pessoais, peculiares, únicas e singulares que os indivíduos
possuem e que formatam seu modo de existir e de se relacionar
com o mundo. Assim, tais aspectos dizem respeito ao indivíduo e
à formação do psiquismo e são, portanto, um fenômeno interno,

Unidade 3
que se relaciona dialeticamente com a objetividade (com o
externo).

As características biológicas do indivíduo (disposição


física, emoções, funcionamento do sistema nervoso, emoções
e necessidades biológicas), segundo Leontiev (1978), vão se
tornando singulares e permitindo a diferenciação entre eles. Isso
ocorre por meio da apropriação da realidade e dos processos de
objetivação e da apropriação.

Apesar das invariáveis controvérsias sobre a gênese


dos elementos individuais, há um entendimento
preponderante entre autores, como Vygotsky (1995
REFLITA apud SOUZA; ANDRADA, 2013), que, ao se referir
a aspectos peculiares do indivíduo, considera
a parcialidade das origens dos seus elementos
constitutivos, ou seja, o desenvolvimento do
individual ocorre à medida que ocorre a dialética
entre o interno e o externo. Nesse intercâmbio com
o meio, o indivíduo se apropria das experiências,
subjetivando-as e transformando-as em uma
maneira única e singular de existir.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 27
Podemos entender, conforme Bock (2004 apud SILVA,
2009), que os aspectos individuais são construções do mundo
social individual. Assim, Vygotsky foi um importante autor nessa
área, pois, ao atribuir complexidade à formação do psiquismo
humano, ampliou os estudos, sugerindo novos caminhos.
Assim, trouxe o elemento histórico-social do desenvolvimento
psicológico e introduziu a noção de historicidade no psiquismo
humano (fundamentada no materialismo histórico-dialético,
proposto por Marx e Engels).

Vygotsky, então, indicou que, para se desenvolver e


formar suas características individuais, primeiramente, deve
ocorrer a atividade externa (o contato dialético do indivíduo
com o ambiente), para a posterior apropriação cultural e
internalização pela atividade individual. Sendo assim, para que
Unidade 3

haja apropriação, é necessária a interação com outros sujeitos


possuidores do conhecimento a ser internalizado.

O conceito de internalização diz respeito à


imposição que a criança faz a si para assimilar a
mesma forma de comportamento e condutas
VOCÊ SABIA? sociais em princípio impostas a ela por outras
pessoas? Pois é, dessa forma, a internalização
de condutas culturais ocorre inicialmente no
âmbito externo e, ao ser reconstruído, ocorre
internamente.

Com isso, Vygotsky (2008) também aponta a interação


dialética com o meio social como fonte responsável pelo
desenvolvimento de importantes funções psíquicas, próprias
dos seres humanos, como a linguagem, a escrita, o cálculo, o
desenho, a atenção voluntária, a memória lógica e a formação de
conceitos, as ações conscientes, o pensamento abstrato, entre
outras (chamadas de funções mentais superiores).

28 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Observa-se que, apesar de não desconsiderar
os aspectos biológicos, em sua teoria, Vygotsky
enfatiza a interação contínua dos aspectos sociais
EXPLICANDO
MELHOR no desenvolvimento psicológico. Por isso, não se
pode falar em mudanças isoladas da personalidade,
pois, sob o efeito das multiplicidades de fatores, a
mudança interna que ocorre altera sua estrutura
como um todo.

Assim, para o autor, tendo como base a correlação


entre desenvolvimento e aprendizagem, não se pode reduzir
a compreensão dos fenômenos a determinações de estágios
de desenvolvimento. Nesse caso, é imprescindível conhecer
as relações que permeiam seus processos. Para isso, Vygotsky

Unidade 3
dividiu em três zonas de desenvolvimento os espaços de
desenvolvimento e execução de atividades, diferenciadas pelos
níveis de necessidade de interferências e mediação. São elas:

1. Zona de desenvolvimento real – são as capacidades


mentais de solucionar problemas já alcançados pela
criança. Nela, as atividades são executadas sem o
auxílio do outro.

2. Zona de desenvolvimento potencial – capacidade


de solucionar problemas com a ajuda do outro. O que
faz hoje com colaboração, poderá realizar sem ajuda
amanhã.

3. Zona de desenvolvimento proximal – está entre a


zona de desenvolvimento real e a potencial. Refere-se
às funções em desenvolvimento. Quando a criança não
consegue resolver um problema sozinha, mas, após a
ajuda de um adulto, consegue, dizemos que essa é a
sua ZPD.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 29
Exemplo: Vygotsky (1998 apud SOUZA; ANDRADA, 2013),
para exemplificar os conceitos delimitados, apresenta
uma situação com duas crianças com idade mental de
oito anos, considerando-se que elas estão no mesmo nível
real de desenvolvimento em relação ao que conseguem
fazer sozinhas, sem ajuda. Entretanto, há diferenças
entre elas: uma conseguia, sem ajuda, resolver problemas
correspondentes à idade mental de nove anos, enquanto a
outra realizava, sozinha, atividades características da idade
mental de 12 anos. Essa divergência entre a idade mental
(exemplo de desenvolvimento real) e o nível que a criança
alcança ao resolver tarefas com colaboração (exemplo de
desenvolvimento potencial) é o que o autor denomina
zona de desenvolvimento proximal.
Unidade 3

Figura 9 – Mapa mental sobre as zonas de desenvolvimento Vygotskyanas

Zona de desenvolvimento
proximal

Zona de Zona de
desenvolvimento Distância entre desenvolvimento
real potencial

Resolve-se Resolve-se o
o problema problema com
individualmente ajuda

Fonte: Educando o Amanhã (2016, on-line).

Assim, podemos perceber que Vygotsky rejeita explicações


deterministas e naturalizantes sobre o desenvolvimento humano.
Seu legado privilegia a apropriação da cultura como fator
potencializador do desenvolvimento psicológicos dos indivíduos
(PASQUALINI, 2006 apud CAMPOS, 2015).

30 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Para Vygotsky, os pensamentos superiores são
assim considerados por se distinguirem das ações
reflexas (processos psicológicos elementares), por
EXPLICANDO
MELHOR exemplo, a sucção do seio da mãe pelo bebê; das
associações simples, como evitar o contato da mão
com o fogo; e das reações automatizadas, como
virar a cabeça em direção a um ruído repentino.

Figura 10 – Aprendizagem em diferentes culturas: visão histórico-cultural Vygotskyana

Unidade 3

Fonte: Wikimedia Commons

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 31
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza
de que você realmente entendeu o tema de
RESUMINDO estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que
vimos. Você deve ter aprendido que os aspectos
biológicos são considerados, por algumas
abordagens da Psicologia, fatores preponderantes
para a explicação do desenvolvimento psíquico.
Também entendeu que, apesar da importância
dos pressupostos biológicos para o estudo do
psiquismo, outros fatores, como os aspectos
individuais, sociais e histórico-culturais, precisam
de atenção por serem ativos em sua formação
e permitirem uma compreensão mais ampla e
ponderada dos fatores envolvidos. Por fim, você
compreendeu que as características biológicas
Unidade 3

do indivíduo (disposição física, emoções,


funcionamento do sistema nervoso, emoções
e necessidades biológicas) vão se tornando
singulares e permitindo a diferenciação entre eles.
Isso ocorre por meio da apropriação da realidade
e dos processos de objetivação e da apropriação.

32 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Processos e constituição do
psiquismo humano
Ao término deste capítulo, você vai entender
os processos e a constituição do psiquismo
humano. E então? Motivado para desenvolver essa
OBJETIVO competência? Então, vamos lá. Bom estudo!

Entre os anos de 1924 e 1934, Vygotsky iniciou uma


pesquisa com a colaboração de psicólogos e pedagogos, entre
eles, A. N. Leontiev e A. R. Luria. O estudo embasou teoricamente
a Psicologia histórico-cultural quanto às formulações sobre
origem e desenvolvimento do psiquismo, processos intelectuais,

Unidade 3
emoções, consciência, atividade, linguagem, desenvolvimento
humano e aprendizagem. A seguir, serão abordados
individualmente alguns desses elementos.

Atividade
O conceito de atividade para a concepção histórico-
cultural é elementar, pois é fundamental para que
se possa explicar o processo de mediação. Assim, é
VOCÊ SABIA? a atividade que promove a relação entre o homem
e a realidade objetiva. Dessa forma, o homem não
apenas responde automaticamente aos estímulos,
mas reage ativamente, atuando e transformando
tanto o meio quanto a si.

Leontiev (1903-1979), a partir das ideias da Teoria


Histórico-cultural da Atividade, também a investigou buscando
demonstrar que a atividade psíquica humana, como forma
singular de atividade humana, expressa elementos do
desenvolvimento psíquico.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 33
As concepções marxistas também contribuíram para o
entendimento da atividade, ao sugerir duas premissas:

1º A natureza humana da atividade, ao afirmar que a


atividade representa a ação humana, promove a relação
entre o homem (ativo) e o meio.

2º O desenvolvimento das atividades psíquicas, como


processos psicológicos superiores, acontece a partir
das relações sociais e do contexto cultural.

Nesse sentido, entre 1930 e 1940, Leontiev estudou a


relação entre a atividade humana e os processos internos da
mente. Ele entendeu que as atividades só se concretizam por meio
de ações, operações e tarefas se instigadas por necessidades e
motivações. Assim, a atividade humana se materializa por meio
Unidade 3

de ações correspondentes:

• As atividades didáticas, por meio das ações de


aprendizagem.

• As atividades físicas, por meio de exercícios físicos,


entre outros exemplos.

Em suma, a atividade humana acontece e se


materializa com uma ação humana, ativa e
devidamente motivada por uma necessidade, bem
NOTA
como transforma reciprocamente o homem e o
social, à medida que eles interagem. Esses eventos,
além de permitirem a visualização de elementos
do desenvolvimento psíquico, podem promover
o desenvolvimento dos processos psicológicos
superiores.

Em suma, a atividade humana acontece e se materializa


com uma ação humana, ativa e devidamente motivada por uma
necessidade, bem como transforma reciprocamente o homem
e o social, à medida que eles interagem. Esses eventos, além de

34 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
permitirem a visualização de elementos do desenvolvimento
psíquico, podem promover o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores.
Figura 11 – Atividade psíquica e aprendizado

Unidade 3
Fonte: Pixabay

Figura 12 – Desenvolvimento humano na perspectiva sócio-histórica

Fonte: Freepik

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 35
Identidade
Os termos “subjetividade”, “individualidade”,
“personalidade” e “identidade” são, na Psicologia, utilizados
com frequência para fazer menção ao seu objeto de estudo,
referindo-se a seus processos ou resultados, ou atuando sobre o
entendimento desse objeto.

Autores brasileiros vinculados ao pressuposto histórico-


cultural utilizam, por vezes, os referidos termos como sinônimos
ou dão prioridade a algum em detrimento de outro, por
considerarem que um deles retrataria melhor as peculiaridades
do assunto (SILVA, 2009).
Na Psicologia Histórico-cultural (para alguns,
Unidade 3

Psicologia Sócio-histórica), que tem em


seus fundamentos teórico-metodológicos
as produções de Vygotsky, Leontiev, Luria e
outros autores soviéticos, o objeto de estudo
é a consciência, mas, para compreendê-
la, é necessário considerar os processos
que a constituem e fazem com que seja
constituída. Entre estes estão a subjetividade,
a individualidade, a personalidade e a
identidade. (SILVA, 2009, p. 170)

Com isso, alguns conceitos que diferenciam esses termos


são apresentados no estudo da autora. No entanto, mesmo
sabendo que todos são termos que participam da constituição
e compreensão da consciente e, apesar da sua proximidade, nos
restringiremos ao conceito de identidade.
Identidade é identidade de pensar e ser [...].
O conteúdo que surgirá dessa metamorfose
deve subordinar-se ao interesse da razão e

36 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
decorrer da interpretação que façamos do que
merece ser vivido. Isso é busca de significado,
é invenção de sentido. É autoprodução do
homem. É vida. (SILVA, 2009, p. 242)

O indivíduo inteiro é um produto da evolução


biológica, cujo transcurso opera-se não somente no processo
de diferenciação dos órgãos e funções, mas também de sua
integração, de seu “ajuste” recíproco.
O indivíduo é antes de tudo uma formação
genotípica. Mas o indivíduo não é apenas isso,
sua formação é contínua - como é sabido - na
ontogênese, durante o curso da vida. Por isso,
na caracterização das mesmas que se formam

Unidade 3
ontogeneticamente. (LEONTIEV, 1978, p. 136)

“Identidade” é um termo complexo estudado em


diversas abordagens das Ciências Humanas, como a Psicologia,
a Sociologia e a Antropologia. Para Stuart Hall (2011), existem
três tipos de identidades categorizadas de acordo com o período
histórico:

1. Identidade do sujeito iluminista (identidade como um


núcleo interno do homem, sendo esse imutável ao
longo da vida).

2. Identidade do sujeito sociológico da idade moderna


(existe um núcleo, mas ele é modificado no contato
social).

3. Identidade do sujeito pós-moderno da atualidade (para


esse período, a identidade é vista como fragmentada,
havendo várias identidades).

O autor também menciona as identidades culturais como


sendo “aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 37
nosso ‘pertencimento’ a culturas étnicas, raciais, linguísticas,
religiosas e, acima de tudo, nacionais” (HALL, 2011, p. 8).

Dessa forma, não há um consenso sobre o tema.


Entretanto, seguiremos com o objetivo de abordar a identidade e
suas influências sobre o psiquismo humano a partir de um olhar
mais amplo.

Nesse sentido, podemos, então, destacar Silvia


Lane e Antonio da Costa Ciampa, que, na década
de 1980, realizaram pesquisas em Psicologia Social,
IMPORTANTE amparados teoricamente nos estudos de Vygotsky
e Leontiev. Esses autores desenvolveram seus
trabalhos posicionando-se criticamente em relação
à psicologia burguesa, que entendia a identidade
(referida pelo termo “personalidade”) como
Unidade 3

algo individual, que, mesmo com interferências


externas, originava-se do indivíduo. Assim,
abandonaram o termo “personalidade”, optando o
termo “identidade”, por entenderem que este trata
a constituição do eu de forma crítica, multifatorial
e dinâmica (SILVA, 2009).

Para Ciampa (1987 apud FARIA; SOUZA, 2011), identidade


é como metamorfose. Ela está sujeita a transformações
constantes e pode, assim, ser entendida como uma consequência
temporária da relação entre fatores como a história de vida do
indivíduo, seus projetos e seu contexto histórico e social. Ou
seja, sugere que a identidade é dada a cada diferente momento
(possuímos várias identidades visíveis nos diferentes papéis que
exercemos), não sendo algo pronto, atemporal e imutável, pois
está em um contínuo processo.

Ainda segundo o autor, “identidade é o reconhecimento


de que é o próprio de quem se trata; é aquilo que prova ser uma
pessoa determinada, e não outra”. (CIAMPA, 2007, p. 137 apud

38 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
WONSOSKI; DOMINGUES, 2015, p. 3). Para ele, ela se estabelece
na relação entre diferença e igualdade, posto que alguns
elementos nos aproximam e nos diferenciam uns dos outros
(como o nome, que nos diferencia, e o sobrenome, que nos traz
uma relação de parentesco).

Para entender a dinâmica e o processo de formação


da identidade, Ciampa (2007) utilizou o método
da narrativa e empregou as categorias atividade
EXPLICANDO
MELHOR (entendida como ação, trabalho) e consciência
para alcançar o conhecimento sobre os conteúdos
que participam da formação da identidade. Assim,
o indivíduo narrava os fatos sobre si, sobre sua
história e, com base nesse relato permeado pela
consciência, era possível observar e conhecer

Unidade 3
o processo de individualização do sujeito na
atividade humana atuando sobre a formação da
identidade.

Figura 13 – O que é identidade?

Fonte: Freepik

Diante de todo esse cenário e contexto, deve-se saber


que o processo de desenvolvimento da personalidade consiste:

• Nas especificidades dos vínculos do ser humano com o


mundo.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 39
• No grau e na organização em que é organizada a
hierarquia de atividades referentes aos motivos.

• No grau de subordinação da organização à consciência


sobre si e autoconsciência.

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido que o conceito de atividade
para a concepção histórico-cultural é elementar,
pois é fundamental para que se possa explicar o
processo de mediação. Também entendeu que
existem três tipos de identidades categorizadas
de acordo com o período histórico: identidade
do sujeito iluminista (identidade como um núcleo
Unidade 3

interno do homem, sendo esse imutável ao longo


da vida); identidade do sujeito sociológico da idade
moderna (existe um núcleo, mas ele é modificado
no contato social); e identidade do sujeito pós-
moderno da atualidade (para esse período, a
identidade é vista como fragmentada, havendo
várias identidades). Por fim, você compreendeu
que a identidade está sujeita a transformações
constantes e pode, assim, ser entendida como
uma consequência temporária da relação entre
fatores, como a história de vida do indivíduo, seus
projetos e seu contexto histórico e social.

40 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Pensamento e linguagem do
desenvolvimento humano
Ao término deste capítulo, você vai entender o
pensamento e a linguagem do desenvolvimento
humano. E então? Motivado para desenvolver essa
OBJETIVO competência? Então, vamos lá. Bom estudo!

Consciência
Para compreender o conceito de consciência como
componente formador do psiquismo, é preciso, primeiramente,

Unidade 3
saber que, para os teóricos sócio-históricos, a composição dela
se deve à dinâmica dialética entre o meio social e a criança
(LORDELO, 2007 apud CASTRO; ALVES, 2012).

A consciência trabalha com signos formadores da


linguagem, conforme afirma Saviani (2013 apud POLON; PADILHA,
2017):
A consciência é resultante do desenvolvimento
da linguagem e, portanto, do emprego dos
signos, ou seja, um lastro social e simbólico que,
desvinculado do processo evolutivo biológico,
demarcou o desenvolvimento socialmente
histórico do ser humano. (SAVIANI, 2013 apud
POLON; PADILHA, 2017, p. 86)

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 41
Signo é a linguagem propriamente dita, que pode
ser expressa por palavras, sinais, sons etc. Esse
signo produz um significante, que é o elemento
SAIBA MAIS perceptível na linguagem, e o produto dela,
enquanto o conceito da linguagem é chamado de
significado. Vejamos um exemplo: alguém fala,
escreve, interpreta em Libras a palavra “cachorro”
– o que foi visto e decodificado por você é o
significante, e o que você tem como conceito de
cachorro é o significado.

Figura 14 – Signos
Unidade 3

Fonte: Freepik

Agora, convido você a fazer uma breve reflexão.


Você acredita que todos têm o mesmo conceito de
“cachorro”? Como é essa relação entre o individual
REFLITA e biológico, no sentido de consciência, linguagem,
sensação, percepção e meio social? Os cachorros
com que uma pessoa interage estão sempre soltos,
enquanto outros só saem à noite. Isso exerce
alguma influência? Agora, vamos além: leve essa
reflexão para a sala de aula. Como você enxerga
a relação dialética entre os indivíduos e a escola?

42 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Para fortalecermos a discussão a respeito de consciência,
vejamos a interpretação de Aita e Tuleski (2017):
A consciência possui uma natureza social, e
se desenvolve pela maneira como o indivíduo
se apropria da objetividade da realidade.
Ao apreender os significados sociais, o
indivíduo pode dar a eles um significado
pessoal relacionado com suas experiências
particulares, com as suas necessidades, seus
motivos e sentimentos, ou seja, com a sua
própria vida. (AITA; TULESKI, 2017, p. 101)

A linguagem compartilhada provoca um efeito em quem


ouve, mas também em que fala. Esse efeito não é só ouvir e

Unidade 3
decodificar, mas coordenar comportamentos, sensações e a
consciência do outro e de si mesmo. Por isso, segundo Castro e
Alves (2012), é essencial o estudo de:

• Classes sociais.

• Relação social.

• Entre outras variáveis culturais.

Para os autores histórico-culturais, o processo de


construção da linguagem deve ser estudado em meio ao social,
pois ele, com seu meio de produção e seu produto material,
influencia diretamente a relação do indivíduo com o material,
refletindo a concepção do psiquismo. Essa relação, por sua vez,
não é imutável, tendendo a se modificar à medida que o indivíduo
atribui novos sentidos ao que foi apropriado por ele da realidade
(AITA; TULESKI, 2017).

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 43
Emoções
Podemos dizer que o indivíduo tem acesso às emoções
pelos neurônios sensoriais, presentes nos órgãos dos sentidos, e
pelos neurônios presentes na região cerebral que decodifica os
sinais. A sensação do estímulo é biológica, mas a interpretação
(percepção) dela é subjetiva. Esse é um exemplo básico de como
os mecanismos biológicos influenciam os processos cognitivos e,
como vimos anteriormente, influenciam também a consciência, a
linguagem e a subjetividade (MAGIOLINO, 2014).

Ao estudar o conceito de psiquismo humano em


Vygotsky, unimos a sensação e a subjetividade
humana e concluímos que o contexto social
IMPORTANTE pode influenciar a maneira como elaboramos as
Unidade 3

sensações, ou seja, a sensação de quebrar um dedo


é assimilada mundialmente da mesma maneira,
pelos neurônios nociceptivos, mas a percepção
dessa dor pode, sim, se modificar de acordo com
a cultura do povo, para alguns a dor pode ser algo
mais significativo. Essas interpretações são parte
da constituição da subjetividade humana.

Para compreender o modo como às emoções


significam nas relações sociais e no processo
dramático de constituição do sujeito, é
necessário compreender essa intrincada
relação da emoção com as demais funções
psicológicas na consciência que, emerge na/
pelas relações sociais. Isso nos leva a indagar
sobre as posições sociais ocupadas pelos
sujeitos e pelos sujeitos que se emocionam na
dinâmica das interações. (MAGIOLINO, 2014,
p. 51)

44 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Podemos dizer que as emoções fazem parte das
funções psicológicas superiores, não somente para garantir a
sobrevivência da espécie, mas também para organizar a vida de
cada indivíduo em seu meio. Um exemplo disso é o indivíduo
preocupado com uma iminente chuva.

A preocupação (ansiedade) só é possível se ele tiver


memória, pois se lembrará de algum evento traumático
vivenciado anteriormente. O homem se diferencia dos demais
animais por essa capacidade de planejar as ações futuras, o que
resultou em nossa evolução. As emoções, por sua vez, diferem
o indivíduo entre si, pois cada ser interpreta diferentemente um
evento, o que proporciona a individualidade/subjetividade e, ao
mesmo tempo, modifica o ambiente.

Unidade 3
As funções psicológicas superiores são a atenção,
a memória, a imaginação, o pensamento e a
linguagem.
DEFINIÇÃO

Figura 15 – Emoções e catarse no teatro

Fonte: Freepik

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 45
A emoção é diferente do sentimento, pois ela se
deve a um processo inconsciente e involuntário.
IMPORTANTE

Como nos traz Garcia (2005):


As emoções são caracterizadas pelas vivências
afetivas mais simples, que estão relacionadas
à satisfação e à insatisfação das necessidades
orgânicas, tais como as sexuais, de alimento,
de saciar a sede, de defender-se dos perigos
diários e tantas outras. Também pertencem
ao grupo das emoções as reações afetivas
relacionadas às sensações, as quais exercem
Unidade 3

grande influência na vida do indivíduo, uma


vez que são provocadas pelos objetos e
fenômenos da realidade. (GARCIA, 2005, p.
147)

Ainda, para a autora, os sentimentos, dotados de


processo cognitivo, são parte construtiva do psiquismo humano.
Ela ressalta:
Os sentimentos são diferentes das emoções,
pois estão relacionados às necessidades
que vão sendo criadas no processo de
desenvolvimento da sociedade; dependem
das condições de vida, especialmente das
necessidades dos homens de se relacionarem
entre si. São inseparáveis das necessidades
culturais. Fundamentadas na Teoria Histórico-
Cultural, sabe-se que não existe atividade
cognitiva desprovida de sentimentos ou
reações emocionais. (GARCIA, 2005, p. 147)

46 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Pensamento e linguagem do
desenvolvimento humano
Para Vygotsky, o pensamento e a linguagem estão
diretamente relacionados ao desenvolvimento humano,
pois ele é o produto das atividades mentais superiores, que
estão envolvidas no processo de aquisição, retenção e uso do
conhecimento, por meio do pensamento e da linguagem, assim,
juntos, eles compõem a cognição.

Cognição é a capacidade de processar informações


e transformá-las em conhecimento.

Unidade 3
DEFINIÇÃO

Figura 16 – Pensamento/cognição

Fonte: Freepik

Enquanto para Vygotsky a linguagem e o pensamento são


fruto da interação sociocultural do indivíduo, para Piaget (1987),
a inteligência é:
A solução de um problema novo, é a
coordenação dos meios para atingir um certo
fim, que não é acessível de maneira imediata;
enquanto o pensamento é a inteligência
interiorizada e se apoiando não mais sobre a

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 47
ação direta, mas sobre um simbolismo, sobre
a evocação simbólica pela linguagem, pelas
imagens mentais etc. (PIAGET, 1987, p. 15-16)

A Teoria Genética de Piaget defende um sistema de


operações interiorizadas e simbólicas que, posteriormente,
serão convertidas em pensamento. As ações desenvolvidas pela
criança, até então, serão atividades de autoconhecimento e de
exploração do ambiente, que as fará superar as fases iniciais do
desenvolvimento.

Acerca do que foi discutido até o momento,


trazemos as seguintes indagações: você consegue
explicar o que é pensar? O que é pensamento?
REFLITA Quando adquirimos a capacidade de pensar? O
que é linguagem? Como a linguagem influencia
Unidade 3

o pensamento? Qual é a relação entre memória,


pensamento e linguagem?

Para responder a algumas dessas perguntas, poderíamos


recorrer às fases do desenvolvimento infantil, quando a criança
começa a desenvolver seu pensamento abstrato e, assim, pode
solucionar problemas. Então, se pensar é a capacidade de
solucionar um problema por meio de um pensamento abstrato,
como seria esse processo cognitivo?

Podemos, então, dizer que, para resolver um novo


problema, é necessário o uso das capacidades cognitivas. A
cognição se refere às atividades mentais envolvidas na aquisição,
retenção e no uso do conhecimento, que, segundo Pinto (2001),
são:

• Percepção.

• Aprendizagem.

• Memória.

48 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Ainda, pensar inclui duas representações mentais
conscientes a fim de produzir inferências e conclusões:

• Imagens mentais.

• Conceitos.

As imagens mentais são a representação mental de


objetos ou eventos passados, e os conceitos são os agrupamentos
de ideias a respeito de um objeto (HOCKENBURY; HOCKENBURY,
2001). Nessa categoria, é possível compreendermos a relação
entre o meio e o indivíduo, pois, para os autores sócio-históricos,
ela interfere na formação de conceitos.
Figura 17 – Pensamento e linguagem

Fonte: Freepik Unidade 3


Para finalizar, gostaríamos de chamar atenção a
temas atuais e que, por estarem presentes no meio
social, moldam a nossa psique, são eles: gênero,
REFLITA tecnologias e bullying. Você consegue identificar
algum?

Agora, imagine uma pessoa que tenha vivido fora do


ambiente social. Como você acha que seria o desenvolvimento
de sua linguagem e de seu pensamento? Reflita sobre a
questão da estimulação e, depois, assista a “A maçã” (1999),

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 49
dirigido por Samira Makhmalbaf. O filme, vencedor do Prêmio
Troféu Sutherland, conta a história de duas crianças privadas
do convívio social. Compare o que você assistiu com as fases
de desenvolvimento Piagetianas e com a questão Vygotskiana
acerca da relação entre meio social e desenvolvimento.

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido que a composição da
consciência se deve à dinâmica dialética entre o
meio social e a criança, e que ela é resultante do
desenvolvimento da linguagem e, portanto, do
emprego dos signos. Você, ainda, entendeu que
as emoções fazem parte das funções psicológicas
Unidade 3

superiores, não somente para garantir a


sobrevivência da espécie, mas também para
organizar a vida de cada indivíduo em seu meio.
Por fim, você compreendeu que o pensamento e
a linguagem estão diretamente relacionados ao
desenvolvimento humano, pois ele é o produto
das atividades mentais superiores, que estão
envolvidas no processo de aquisição, retenção e
uso do conhecimento, por meio do pensamento
e da linguagem, assim, juntos, eles compõem a
cognição.

50 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
AITA, E. B.; TULESKI, S. C. O desenvolvimento da consciência
e das funções psicológicas superiores sob a luz da Psicologia

REFERÊNCIAS
Histórico-cultural. perspectivas em diálogo. Revista de educação
e sociedade, [s. l.], v. 4, n. 7, p. 97-111, 2017.

CAMPOS, D. O et al. Brincadeira e linguagem escrita na Educação


Infantil: uma relação apreendida a partir do fazer pedagógico
do professor. 2015. 188 f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

CASTRO, F. R.; ALVES, C. V. P. Consciência em Vygotsky: aproximações


Teóricas. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO
SUL, 9., 2012, [s. l.]. Anais... [S. l.]: ANPED, 2012.

Unidade 3
CIAMPA, A. C. A estória do Severino e a história de Severina. São
Paulo: Brasiliense, 2007.

CRUXEN, O. S. Os eixos biológico e social do psiquismo. Revista de


Psicologia, Fortaleza, v. 20, n. 1, p. 54-61, 2002.

DIAS, F. O desenvolvimento cognitivo no processo de aquisição de


linguagem. Revista “Letrônica”, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 107-
119, 2010.

EDUCANDO O AMANHÃ. Mapa mental sobre as zonas de


desenvolvimento Vygotskyanas, 2016. Disponível em: https://
educandooamanha.blogspot.com/2016/07/drops-pedagogia-
vygotsky-e-zona-de.html. Acesso em: 3 dez. 2021.

FARIA, E.; SOUZA, V. L. T. Sobre o conceito de identidade:


apropriações em estudos sobre formação de professores.
Psicologia Escolar e Educacional, Maringá, v. 15, n. 1, p. 35-42,
jun. 2011.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 51
GARCIA, D. I. B. A importância das emoções e dos sentimentos
no desenvolvimento do psiquismo infantil. In: ENCONTRO DE
REFERÊNCIAS

PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO CESUMAR, 4., 2005, Maringá. Anais...


Maringá: CESUMAR, 2005.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio


de Janeiro: DP&A, 2011.

HOCKENBURY, D. H.; HOCKENBURY, S. E. Descobrindo a


Psicologia. Barueri: Manole, 2001.

INFOPÉDIA. Psiquismo. Porto: Porto Editora, c2023. Disponível em


https://www.infopedia.pt/dicionarios/termos-medicos/psiquismo.
Acesso em: 3 dez. 2021.

LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros


Horizonte, 1978.
Unidade 3

LUKÁCS, G. Ontologia do ser social: os princípios ontológicos


fundamentais de Marx. São Paulo: Ciências humanas, 1979.

MAGIOLINO, L. L. S. The signification of emotions in the dramatic


organization process of the psyche and social constitution of the
subject. Psicologia & Sociedade, [s. l.], v. 26, n. 2, p. 48-59, 2014.

PIAGET, J. A representação do mundo na criança. Rio de Janeiro,


Zahar, 1971.

PIAGET, J. A epistemologia genética. Rio de Janeiro: Guanabara,


1987.

PINTO, A. C. Memória, cognição e educação: Implicações mútuas.


In: DETRY, B; SIMAS, F. Educação, cognição e desenvolvimento:
textos de psicologia educacional para a formação de Lisboa:
Edinova, 2001.

52 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
POLON, P. X. G.; PADILHA, A. M. L. Apontamentos sobre o
desenvolvimento do psiquismo humano: desafios e possibilidades

REFERÊNCIAS
para a educação escolar. Educação em Foco, [s. l.], v. 19, n. 29,
set./dez. 2017.

REY, F. L. G. A pesquisa e o tema da subjetividade em educação.


Psic. da Ed., São Paulo, v. 13, p. 9-15, 2001. Disponível em: https://
revistas.pucsp.br/psicoeduca/article/download/32815/22634/0
Acesso em: 3 dez. 2021.

SILVA, F. G. Subjetividade, individualidade, personalidade e


identidade: concepções a partir da psicologia histórico-cultural.
Psicologia da Educação, São Paulo, n. 28, p. 169-195, jun. 2009.

SOUZA, V. L. T.; ANDRADA, P. C. Vygotsky’s contributions for

Unidade 3
understanding the psyche. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 30,
n. 3, p. 355-365, 2013.

VYGOTSKY, L. S. Interação entre aprendizado e desenvolvimento.


In: VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 7. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2008.

WONSOSKI W.; DOMINGUES, E. O conceito de identidade em


Antonio da Costa Ciampa, Zygmunt Bauman e Stuart Hall. In:
ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 24., 2015, Maringá.
Anais... Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2015.

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 53

Você também pode gostar