Anais do III CoBICET – Trabalho completo

Congresso Brasileiro Interdisciplinar em Ciência e Tecnologiaa

“15 anos dos BIs e LIs: retrospectiva, resistência e futuro”

TURISMO E SUSTENTABILIDADE: ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO DOS

MEIOS DE HOSPEDAGEM DO RECÔNCAVO BAIANO

Vaneza Pereira Narciso1, Viviane Pereira Narciso2, Marcos Paulo Sales do Nascimento ³

Pós-graduanda em Comunicação e Marketing pela Universidade Salvador (UNIFACS),

1

Salvador, Brasil, vanezanarciso@gmail.com

2
Pós-graduada em Gestão da Qualidade pelo Centro Universitário Jorge Amado
(UNIJORGE), Salvador, Brasil
³Doutorando do Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política
(ProMuSPP), da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brasil, e do Programa de
Pós-graduação em Território, Ambiente e Sociedade (PPGTAS), da Universidade
Católica do Salvador (UCSAL), Bahia, Brasil. Mestre em Planejamento Territorial e
Desenvolvimento Social (PPGPTDS), UCSAL, Salvador, Brasil.

Resumo: O turismo, como fenômeno multifacetado no contexto da sustentabilidade,

propõe um cenário de crescimento econômico, transformação e preservação dos recursos
naturais. Assim, este artigo visa analisar se os gestores de cinco meios de hospedagem do
Recôncavo Baiano comunicam em suas redes e mídias sociais ações sustentáveis que
podem ser uma vantagem competitiva para o setor hoteleiro da região. Analisamos os sites
e redes sociais, utilizadas por estes cinco empreendimentos, para observar quais as
possíveis práticas sustentáveis têm sido compartilhadas com o público externo no período
de outubro de 2021 até 30 de junho de 2022. A pesquisa bibliográfica fundamentará o
trabalho, atenderá os objetivos propostos e abordará as principais categorias de análise, a
saber: Turismo, Meios de Hospedagem e Sustentabilidade. A metodologia adotada é de
abordagem qualitativa e descritiva, e o universo da amostra são as postagens e texto, nas
mídias e redes sociais, produzidos pelo setor de comunicação dos meios de hospedagem
localizados no Recôncavo Baiano. Este artigo é justificável, visto que os meios de
hospedagem representam o maior percentual nas atividades do setor de turismo e são
responsáveis por um consumo expressivo de recursos naturais, tais como água e energia.
Uma vez que é recorrente o uso utópico da palavra “sustentabilidade” como solucionadora
de todos os problemas e redentora de todos os males da humanidade, possivelmente não
há uma compreensão real, por parte do setor hoteleiro do Recôncavo Baiano, do
significado da sustentabilidade como um fenômeno multifacetário, que pode resultar em
vantagem competitiva no setor do turismo e sensibilização dos hóspedes para um
consumo consciente. Nisto, a pesquisa não resultou em dados satisfatórios que evidenciem
as práticas de ações sustentáveis nos cinco meios de hospedagem selecionados neste
estudo o que estimula uma pesquisa mais aprofundada in loco para sensibilização dos
gestores dos meios de hospedagem referente ao tema da sustentabilidade.

Palavras-chave: Turismo; Meio Ambiente; Competitividade; Redes Sociais.

INTRODUÇÃO Para a retomada do turismo na pandemia, estudo da

Fundação Getúlio Vargas (2020) sugeriu que fosse
O turismo pode ser considerado um dos principais
feito o “redirecionamento dos recursos e esforços
elementos estratégicos para o desenvolvimento local
para a promoção do turismo doméstico” (FGV,
e regional. Ao mesmo tempo em que impulsiona a
2020). Nisto, especialistas apontam que o turismo
economia local, gerando emprego e renda, esta
doméstico e as viagens curtas (para perto de casa),
atividade pode causar prejuízos e danos ambientais e
bem como as atividades ao ar livre, os produtos
sociais (Nunes, 2009). Por isso, o setor hoteleiro
baseados na natureza e o turismo rural são algumas
como parte relevante da cadeia turística, deve ser
das principais tendências de viagens que continuarão
estudado sob a ótica da sustentabilidade, visando
a moldar o turismo nos próximos anos (OMT, 2022).
contribuir com a sensibilização de hóspedes, gestores
públicos e privados na conservação do meio O relatório de pesquisa do Observatório do Turismo
ambiente. na Bahia (OTB) apresentou que o turismo regional e
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de curta distância manteve-se estável em 2022, com
um crescimento de 6,49% dos veículos que transitam
pelas praças de pedágios em relação ao ano anterior.
Os dados reforçam a importância do debate sobre a
sustentabilidade nos meios de hospedagem,
sobretudo no Recôncavo Baiano (região delimitada
para este projeto de pesquisa), por ser provavelmente
uma localidade receptora de turistas das cidades
vizinhas (OTB, 2022).
Os relatórios gerados no site Mapa do Turismo
referente a cada município brasileiro, bem como nos
estudos feitos pelos órgãos internacionais do setor,
apontam para a falta de infraestrutura e o impacto
desta atividade no meio ambiente. Diante desse
contexto – agravado pela pandemia – e buscando
uma vantagem competitiva no turismo através de
práticas sustentáveis nos meios de hospedagem do
Recôncavo Baiano, toma- se como referência, neste
artigo, a ABNT NBR ISO 21401, lançada em 2018 e
publicada em 2020, sob título Turismo e serviços
relacionados — Sistema de gestão da
sustentabilidade para meios de hospedagem —
Requisitos. Essa norma especifica os requisitos
ambientais, sociais e econômicos para implementar
um sistema de gestão de sustentabilidade em meios
de hospedagem do setor de turismo e aplica-se a
qualquer tipo de meios de hospedagem. Neste artigo,
analisaremos nas mídias e rede sociais dos MH
selecionados, se há comunicação sobre três pontos
contemplados pela NBR 21401: o consumo de água e
energia, a geração de resíduos e a relação com a
comunidade local.
A partir de 2001, a ideia de sustentabilidade –
associada ao turismo praticado no Brasil – surgiu nos
debates como uma vantagem competitiva para
pequenos e médios meios de hospedagem, dando
início a normatização, certificação e premiação de
boas práticas sustentáveis nos empreendimentos
hoteleiros (Matos e Costa, 2012). A sustentabilidade
é vista, frequentemente, a partir da economia
financeira, e nisto este artigo torna-se relevante ao
apresentar a sustentabilidade como fenômeno
multifacetado, a partir de uma análise crítica, que
pode proporcionar ao setor hoteleiro do Recôncavo
Baiano alguma vantagem competitiva.
A partir da revisão bibliográfica feita por Borges,
Ferraz e Borges (2015), que analisaram pesquisas
sobre a sustentabilidade no setor hoteleiro brasileiro,
verificou-se “que as práticas de sustentabilidade nos
meios de hospedagens ainda são incipientes, poucas
mostram iniciativas isoladas, em alguns casos,
demonstram ainda a falta de preocupação com as
práticas sustentáveis por parte dos hóspedes”. Deste
modo, este trabalho é justificável por se constituir em
importante reflexão para governos, trade turístico,
pesquisadores, ambientalistas e comunidades.
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O marco conceitual do termo sustentabilidade
ocorreu em 1992, com a Conferência do Rio de
Janeiro (Rio 92), com a divulgação do Relatório
Brundtland que define sustentabilidade como a
“capacidade de um processo ou forma de apropriação
dos recursos continuar a existir por um longo
período” e o desenvolvimento sustentável como o
“desenvolvimento que satisfaz as necessidades atuais
sem comprometer a capacidade das gerações futuras
para satisfazerem as suas próprias necessidades”
(CMMD, 1991) destacando os “três princípios
básicos a serem cumpridos: desenvolvimento
econômico, proteção ambiental e equidade social”
(Barbosa, 2008).
Mas qual é a relação entre turismo e
sustentabilidade? Observa-se o exposto por
Swarbrooke (2002), que define turismo sustentável
como sendo o “que é economicamente viável e que
não destrói os recursos dos quais o turismo no futuro
dependerá, principalmente o meio ambiente natural e
o lado social da comunidade local” (Swarbrooke,
2002). O turismo encontra-se numa via conflituosa
das questões climáticas nos últimos anos.
Diariamente observa-se “[...] eventos climáticos
extremos, erosão costeira, perda de biodiversidade,
destruição de infraestrutura e propriedade,
perturbação do patrimônio cultural e natural [...]”. O
relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC) apontou como as
empresas do setor de turismo podem enfrentar os
desafios, oportunidades e necessidades atuais
(WTTC, 2021).
No aspecto ambiental, o turismo deve se
comprometer em aproveitar ao máximo os recursos
naturais, mas preservar os processos ecológicos
essenciais e ajudar a conservar o patrimônio natural e
a biodiversidade. O turismo causa tanto impactos
locais, como também impactos globais, onde destaca-
se três: “a redução da diversidade biológica, a
destruição da camada de ozônio e as mudanças
climáticas” e o resultado da perda de biodiversidade
significa a perda do potencial turístico (Beni, 2012).
Nas questões sociais, o turismo deve respeitar a
autenticidade sociocultural das comunidades
anfitriãs, conservar seu patrimônio cultural
construído e vivo e seus valores tradicionais, além de
contribuir para a compreensão e a tolerância
interculturais (Beni, 2012). Já no aspecto econômico,
o turismo deve garantir operações econômicas
viáveis e de longo prazo, proporcionando benefícios
socioeconômicos aos stakeholders de forma justa,
gerando emprego e renda, promovendo serviços
sociais para as comunidades anfitriãs e contribuindo
com a redução da pobreza (UNWTO, 2022).
Os relatórios citados apontam que o turismo, em
2019, representou 10,3% para o PIB global. Em
2021, contribuiu com um aumento de US$ 1 trilhão
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“15 anos dos BIs e LIs: retrospectiva, resistência e futuro”
(+21,7%) na economia global (WTTC, 2022). Foram
recuperados 18,2 milhões de empregos em 2021,
representando um aumento de 6,7% em relação ao
ano anterior. Dados do IBGE (2020), indicam que o
turismo no Brasil contribui, diretamente, para cerca
de 3,7% do PIB nacional e 3% do total de empregos
no país (FGV, 2020)
Seguramente, o turismo é um fenômeno que causa
impacto local e global, sendo o setor hoteleiro o de
maior representatividade na cadeia turística. Para
Oliveira (2013), embora haja debate sobre os
impactos do turismo, a questão principal “é que a
maioria dos gestores ainda não está disposta ou não
consegue compreender a importância de suas ações
localizadas no delineamento da sustentabilidade de
longo prazo de um destino turístico”.
O mercado hoteleiro tem como principais receitas as
diárias de hospedagem, despesas com refeições e
bares, locação de espaços para eventos e reuniões,
lavanderia e atividades de lazer (Tomé, 2019). O
surgimento da atividade de hospedagem remonta à
Antiguidade e sofre uma mudança radical após a
Segunda Guerra Mundial (1945), quando se
melhorou a renda dos trabalhadores, os meios de
transporte e a comunicação (Andrade et al., 2017).
No Brasil, a vinda da família real (em 1808) e a dos
imigrantes (para substituir a mão de obra escrava),
aumenta a demanda por hospedagens no Rio de
Janeiro e em São Paulo. A globalização da economia
mundial também atingiu o setor, “além de gerar um
progressivo fluxo de viagens regionais e
internacionais, ampliou de forma acelerada o setor de
lazer e de turismo, que passou a ser, efetivamente, o
grande promotor das redes hoteleiras” (Andrade et
al., 2017).
O grande salto do turismo na Bahia é “quando o
Estado passou a adotar o novo pensamento mundial
para o desenvolvimento do turismo – o conceito de
turismo sustentável”, através do Plano de
Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável
(PDITS), elaborado em 2002, que ocorre dentro do
Programa de Desenvolvimento Turístico do Nordeste
(PRODETUR NE), criado em 1992, o qual tem por
objetivo principal orientar o crescimento do setor em
bases sustentáveis, em curto, médio e longo prazo,
estabelecendo as bases para a definição de ações, as
prioridades e a tomada de decisão (SUINVEST,
2012).
Com o percentual de 34,5%, a Bahia possui a maior
participação no setor hoteleiro entre os nove estados
do Nordeste e 8,3% de participação no Brasil (IBGE,
2017). O Boletim de Atividades Características do
Turismo (BACT) indica que, na Bahia, “a atividade
de maior representatividade para o turismo é a de
alojamento e alimentação que corresponde por 45,9%
em 2019” (BACT, 2020).
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Segundo o Anuário Estatístico de Turismo (AET)
2021, com base nos dados do ano de 2020, do
Ministério do Turismo, a Bahia possui 1.459 meios
de hospedagens, 47.836 unidades habitacionais e
119.449 leitos (MTUR, 2021). O relatório sobre a
oferta hoteleira da Bahia feito pela Secretaria de
Turismo (SETUR) mostra que no Território
Recôncavo Baiano há cerca de 273 meios de
hospedagem, 4.944 unidades habitacionais e 12.298
leitos (SETUR, 2022).
Números animadores podem revelar dados
preocupantes que chamam atenção para outro
fenômeno, o da sustentabilidade. Como exemplo, a
Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
(Coelba) informou que o consumo ativo faturado
(kWh) de energia elétrica entre as Atividades
Características do Turismo (ACTs) na Bahia, é
liderado pelo desempenho dos hotéis (OTB, 2022).
Reforça-se a urgência da adoção de práticas
sustentáveis, tanto no setor público quanto no
privado.
A sustentabilidade entra na pauta da gestão hoteleira
como uma resposta ao comportamento do cliente. Em
2022, o Booking.com publicou Relatório Anual de
Viagens Sustentáveis que reuniu informações de
mais de 30.000 viajantes em 32 países e territórios
sobre a intenção do consumidor na busca por
viagens: “78% dos viajantes globais pretendem ficar
em uma propriedade sustentável pelo menos uma vez
no próximo ano; 38% procuram ativamente
informações sobre os esforços de sustentabilidade de
uma propriedade antes de reservar; 57% se sentiriam
melhor em ficar em uma acomodação específica se
soubessem que ela tem uma certificação sustentável;
46% dos viajantes globais se hospedaram em uma
acomodação sustentável pelo menos uma vez no ano
passado e deste percentual, 41% queria ajudar a
reduzir seu impacto no meio ambiente e 31%
acreditam que propriedades sustentáveis tratam
melhor a comunidade” (Booking.Com, 2022).
Enxergar a sustentabilidade como vantagem
competitiva permite aos gestores dos meios de
hospedagem manter “a lucratividade através do
reconhecimento do público a esses esforços, [...],
além do próprio retorno aos investimentos feitos na
melhoria de seus processos” (Souza e Maracajá,
2019). Como exemplo, o Cambará Eco Hotel, no Rio
Grande do Sul, recebeu em 2017 o Prêmio Braztoa
de Sustentabilidade por aplicar algumas ações de
sustentabilidade, tais como, parceria com produtores
locais e uso inteligente de recursos (Blog da
Hotelaria, 2017).
É importante compreender que competitividade é “a
capacidade crescente de gerar negócios nas
atividades econômicas relacionadas com o setor de
turismo, de forma sustentável, proporcionando ao
turista uma experiência positiva” (SEBRAE, 2014).
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As correntes teóricas acerca da vantagem competitiva
são explicadas por fatores externos (mercados,
estrutura das indústrias) e por fatores internos
(recursos e competências). Na Teoria dos Recursos,
“estes são vistos como elementos raros, de imitação e
substituição difícil e custosa no quadro de uma
organização particular” (Vaconcelos e Cyrino apud
Barney, 1991, 1997). Ou seja, vantagem competitiva
é um modelo de negócio que permite a empresa um
posicionamento muito forte no mercado e que seja de
difícil replicação pelos concorrentes.
Segundo Carvalho e Laurindo (2010), “não fazer um
posicionamento claro em uma dessas estratégias pode
implicar num desempenho inferior, apresentando
grande risco de a empresa tornar-se meio-termo nas
diferentes estratégias”, e acrescenta que “o
alinhamento de todas as atividades de uma
organização em torno de uma estratégia genérica
torna mais fácil a sua implementação e comunicação
com clientes, empregados e acionistas” (Carvalho e
Laurindo, 2010) Destaca-se aqui a importância do
olhar para dentro dos empreendimentos para análise
das políticas internas, as quais, terão reflexo na
comunicação feita nas redes e mídias sociais destes
empreendimentos.
Conforme dados apresentados no início deste artigo,
o turismo regional e doméstico tem se mantido
estável em 2022. Além disso, a intenção dos
viajantes aponta para escolhas sustentáveis e por isso,
é importante que os gestores do setor hoteleiro do
Recôncavo encontrem neste cenário uma
oportunidade para concentrar esforços em ações
sustentáveis e ofereçam serviços de hospedagem
diferenciados.
No entanto, cabe ressaltar que “desde sua
disseminação, após o relatório Nosso Futuro Comum,
em 1987, [a palavra] “sustentabilidade” tornou-se a
chave para acabar com os problemas sociais,
aproximar a humanidade de Deus, salvar os índios,
levar saúde e educação às periferias, enfrentar o
consumismo” (Casara, 2016). Para muitos gestores
de meios de hospedagem ainda que veja como
importante aplicar ações de sustentabilidade, “ainda
existe uma carência significativa em termos de
conhecimento sobre o assunto e das práticas
ambientais em seu setor” (Almeida e Freitas, 2009).
Este artigo propõe a realização da pesquisa nas redes
e mídias sociais de cinco meios de hospedagem
localizados em quatro dos 19 municípios que
compõem o Território de Identidade (TI) Recôncavo
Baiano. O objetivo geral é verificar se os gestores
destes meios de hospedagem comunicam ao público
externo, em suas respectivas redes e mídias sociais,
sobre as possíveis práticas de sustentabilidade no
âmbito social, ambiental e econômico nos meios de
hospedagem selecionados. O período que será
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analisado é de outubro de 2021 até 30 de junho de
2022.
MATERIAL E MÉTODOS
O universo da pesquisa é o Território de Identidade
(TI) Recôncavo Baiano que abriga uma rica
diversidade natural e cultural e é composto de 19
municípios. Deste universo, delimitou-se a pesquisa
aos empreendimentos hoteleiros dos seguintes
municípios: Santo Antônio de Jesus, Conceição do
Almeida, Salinas da Margarida e Dom Macedo
Costa. Os dados socioeconômicos deste TI, no ano de
2019, informados pela Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), são os
seguintes: 549 mil habitantes, 0,569 no Índice de
Gini, PIB de 7,2 bilhões de reais e renda per capita de
R$ 13.152,83 (SEI, 2021).
A metodologia desta pesquisa é exploratória e
descritiva, bem como bibliográfica. De acordo com
Gil (2017), as pesquisas exploratórias são propensas
a flexibilização e permitem observar e compreender
os mais variados aspectos relativos ao fenômeno
estudado pelo pesquisador. Além disso, a pesquisa
descritiva permite descrever características de uma
amostra, contexto ou fenômeno e assim, estabelecer
relações entre construtos ou variáveis nas pesquisas
quantitativas.
Para coleta de dados, selecionamos as redes e mídias
sociais de cinco MH: Amoras Hotel Fazenda, Hotel
Fazenda Alto Alegre, Hotel Fazenda Recanto, Pena
Branca Hotel e Eventos e o Parati Palace Hotel. Os
critérios para seleção foram: tamanho e localização
do empreendimento e ter mais que 400 avaliações no
Google, o que pressupõe um alto volume de hóspedes
recebidos. Na rede social Instagram, selecionamos as
postagens no período de outubro de 2021 até 30 de
junho de 2022. Sendo este o período em que se
observa um aumento no percentual da taxa média de
ocupação mensal dos meios de hospedagem de
Salvador no contexto da pandemia (SETUR, 2022).
Importante mencionar que só foi encontrado relatório
elaborado pela SETUR acerca da taxa de ocupação
dos MH de Salvador.
Já nas mídias sociais – sites – a análise buscou
identificar a divulgação de alguma política de
sustentabilidade. A pesquisa consistiu na análise das
possíveis práticas de sustentabilidade implantadas
nesses empreendimentos caso estivessem disponíveis
em suas respectivas mídias e redes sociais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na coleta de dados, considerando o número de
avaliações no Google, observou-se uma quantidade
expressiva de opiniões dos usuários destes meios de
hospedagem. O Hotel Fazenda Amoras conta com
438 avaliações, o Hotel Fazenda Alto Alegre, 638. O
Parati Palace possui 698 avaliações, enquanto que o
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“15 anos dos BIs e LIs: retrospectiva, resistência e futuro”
Hotel Fazenda Recanto tem 785, e o Pena Branca
Hotel e Eventos possui 1.759 avaliações. Tais
números, indicam o volume de estadias, bem como
uso constante de recursos naturais. Para melhor
compreensão, os dados quantitativos foram
transferidos para a Tabela 1.
Tabela 1. Número de avaliações no Google dos
meios de hospedagem no Recôncavo Baiano
Meios de Hospedagens Avaliações no Google
Hotel Fazenda Amoras 438
Hotel Fazenda Alto Alegre 638
Parati Palace 698
Hotel Fazenda Recanto 785
Pena Branca Hotel e Eventos 1.759
__________________________________________
Elaborada pelos autores (2022).
Na Tabela 2 apresentam-se dados qualitativos
referentes à fonte das informações sobre as possíveis
ações de sustentabilidade nos cinco meios de
hospedagem em questão. Foi observado que todos os
MH utilizam o Instagram como ferramenta de
comunicação. No entanto, apenas o Hotel Fazenda
Alto Alegre e o Fazenda Recanto possuem site
institucional.
Tabela 2. Mídia ou rede social analisada dos meios
de hospedagem do Recôncavo Baiano
Meios de Hospedagens Mídia ou Rede Social
Hotel Fazenda Amoras Instagram
Hotel Fazenda Alto Alegre Instagram e Site
Parati Palace Instagram
Hotel Fazenda Recanto Instagram e Site
Pena Branca Hotel e Eventos Instagram
___________________________________________
Elaborada pelos autores (2022).
A seguir, apresenta-se o resultado da análise da
comunicação feita pelos MH em suas respectivas
mídias e/ou redes sociais.
O Amoras Hotel Fazenda fica localizado no
município de Conceição do Almeida não possui site
institucional e sua ferramenta de divulgação é a rede
social Instagram, na qual possui entorno de 20 mil
seguidores. Avaliamos as postagens feitas desde
outubro de 2021 e verifica-se que majoritariamente
se publica informações sobre a estrutura física e as
opções de entretenimento para os hóspedes, com
ênfase, no público família e nunca se faz uso da
palavra sustentabilidade. Tampouco possui uma
política de sustentabilidade disponível ao público
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interno e externo. Ao mencionar o aspecto ambiental,
frequentemente utiliza a legenda: “A interação com
os bichinhos da fazenda permite as crianças aprender
a respeitar a natureza e a tratar bem os animais, uma
experiência única e memorável” ou “O contato com
os animais encanta os hóspedes e o cuidado e carinho
que temos com eles não tem limites”. No Google
possuía, até 30 de junho de 2022, 438 avaliações e
nota 4,4.
No município de Dom Macedo Costa, encontra-se o
Hotel Fazenda Alto Alegre que possui site
institucional onde informa aos visitantes sobre a
história, estrutura e opções de lazer do
empreendimento. Não possui uma política de
sustentabilidade explicitada ao público. No site, na
aba “História”, consta uma informação que se
aproxima ao que pode ser entendido por
sustentabilidade: “Dentre nossas prioridades está a
capacitação e constante treinamento da nossa equipe
de profissionais”. O aspecto ambiental é abordado da
seguinte maneira: “A conexão com a natureza, a paz
e a harmonia de um jeito mais do que especial”
(Hotel Fazenda Alto Alegre, 2022). Avaliamos as
postagens feitas, desde outubro de 2021, no perfil
institucional do Hotel Fazendo Alto Alegre, na rede
social Instagram. As publicações regularmente
associam o termo natureza ao bem estar dos hóspedes
onde nas legendas lemos o seguinte: “um lugar
absolutamente encantador, na Bahia, o Hotel Fazenda
Alto Alegre é realmente um paraíso para aqueles que
procuram uma verdadeira imersão na natureza” ou
“para acalmar o coração, sons da natureza e ar puro.”
e frequentemente usa nos cards das postagens a
palavra natureza. No Google, até 30 de junho de
2022, possuía 638 avaliações e nota 4,5.
O Pena Branca Hotel e Eventos é um meio de
hospedagem que fica em Santo Antônio de Jesus e
dispõe em seu site institucional informações sobre:
reservas on line, estrutura e serviços. Além disso,
publica em seu blog informações sobre atrativos
turísticos e dicas culturais. Sua estrutura é descrita no
site da seguinte forma: “oferece aos hóspedes 105
acomodações modernas, recepção 24 horas, serviço
de quarto, Wi-Fi gratuito em todo o estabelecimento
e um confortável restaurante” (Pena Brana Hotel,
2022). Não possui uma política de sustentabilidade
no site e nem no blog e a informação que menciona
algo sobre uso de equipamentos sustentáveis é
quando lemos: “todas as acomodações possuem mesa
de trabalho, telefone, frigobar, TV LED 32, a cabo,
ar condicionado cama box, banheiro privativo e
ducha (aquecedor solar)”. No perfil institucional no
Instagram, com um pouco mais de dois mil
seguidores, observa-se, desde outubro de 2021,
publicação de postagens majoritariamente acerca de
datas festivas. Até 30 de junho de 2022, o Pena
Branca Hotel e Eventos possuía 1.759 avaliações no
Google e nota 4,4.
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A pesquisa também incluiu o Parati Palace Hotel
localizado em Santo Antônio de Jesus e que não
possui site institucional. Utiliza o Instagram, onde
possui um pouco mais de dois mil seguidores, como
ferramenta de divulgação, na qual as postagens são
esporádicas e abordam alguma data comemorativa ou
a estrutura física do empreendimento utilizando-se de
legendas como: “nossa acomodação Standard oferece
o que há de essencial para seu melhor conforto!”.
Não foi verificada uma política de sustentabilidade
em nenhuma das postagens. Este meio de
hospedagem conta, até 30 de junho de 2022, com 698
avaliações no Google e nota 4,2.
Por fim, observa-se as mídias e redes sociais do
Hotel Fazenda Recanto que fica em Salinas da
Margarida. Em seu site institucional encontram-se
informações sobre a estrutura do hotel, serviços,
localização e como chegar, bem como políticas de
cancelamento. No entanto, não foi verificada uma
política de sustentabilidade em nenhuma de suas
ferramentas de divulgação. No site consta informação
de que “O Hotel Fazenda Recanto tem uma área de
480 hectares, rodeado de árvores como: Mangueiras,
Cajueiros, Coqueiros, Dendezeiros entre outras
espécies. O único da Bahia à beira mar. Venha curtir
esta natureza!” (Hotel Recanto, 2022). Ainda que
possua múltiplas atividades ligadas à natureza, não
há informações sobre sustentabilidade no site. Ao
direcionar a análise para o perfil do Hotel no
Instagram, encontra-se uma postagem com a legenda:
“Agora somos hotel sustentável. Produzimos nossa
própria energia”. No Google, possuem 785
avaliações e nota 4,3.
Assim, não foi observada divulgação clara e
específica de ações sustentáveis em nenhuma das
redes e/ou mídias sociais dos MH selecionados. Para
entendimento claro do resultado desta análise, a
Tabela 3 apresenta dados qualitativos referentes às
práticas de sustentabilidade nos cinco meios de
hospedagem do Recôncavo Baiano.
Tabela 3. Ações sustentáveis nos meios
hospedagem no Recôncavo Baiano
Meios de Hospedagens Ações
Hotel Fazenda Amoras não observadas
Hotel Fazenda Alto Alegre capacitação e
treinamento de equipe
Parati Palace não observadas
Hotel Fazenda Recanto uso de energia solar
Pena Branca Hotel e Eventos não observadas
___________________________________________
Elaborada pelos autores (2022).
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A importância de práticas sustentáveis nas empresas,
é destacada por De Melo Neto e Froes (2011) em
dois níveis, sendo “em nível institucional, através de
ações de comunicação e marketing, e em nível da
gestão, através da implementação de modelos e
práticas de gestão socioambientais sustentáveis.”
Assim, é relevante que os MH considerem como se
apresenta essa interface entre a gestão e a
comunicação.
CONCLUSÃO
Nota-se que os meios de hospedagem, desta pesquisa,
recebem um bom fluxo de visitantes conforme
avaliações no Google. No entanto, verifica-se que
nenhum dos meios de hospedagem possui uma
política de sustentabilidade em suas mídias e/ou
redes sociais. Falta comunicação regular sobre as
possíveis práticas sustentáveis que talvez existam
nestes estabelecimentos selecionados. Isso se torna
mais relevante quando há informação de que os
meios de hospedagem são os que mais consomem
recursos naturais no setor do turismo, a saber, água e
energia. Atrelado ao consumo de recursos, é
importante destacar que ações de sustentabilidade
servem para sensibilizar os hóspedes, bem como os
órgãos públicos regionais para elaboração de planos
de tratamento de resíduos sólidos e águas residuais
(esgoto).
Nas redes e mídias sociais analisadas, observou-se o
uso recorrente da palavra natureza de modo
superficial e sempre atrelado a sensação de bem estar
e conforto dos hóspedes. As postagens não explicam
ou descrevem de forma clara o que é sustentabilidade
e quais as práticas que são implementadas pelo meio
de hospedagem. Ao referir-se a estrutura dos
estabelecimentos, poderia ser dada ênfase às ações
sustentáveis, como por exemplo, descrever se há
reaproveitamento do uso da água ou se é utilizado
materiais reciclados. Ao fazer referência a
capacitação de mão de obra, poderia ser explicado se
o empreendimento utiliza mão de obra local.
de
Os empreendimentos selecionados encontram-se em
fazendas, rodeados de vegetação, lagos e/ou praias,
mas não aproveitam a localização para fazer uma
relação com ações de sustentabilidade. Nisto,
observou-se que apenas um empreendimento citou
brevemente que é sustentável por fazer uso de
energia solar e outro que menciona a capacitação e
treinamento da equipe, mas sem fazer relação com a
sustentabilidade. Vemos como relevante, que estes
meios de hospedagem, busquem divulgar se fazem
uso de equipamentos e ferramentas menos poluentes,
com maior durabilidade e que sejam produzidas na
região, respeitando os princípios da sustentabilidade.
Além disso, cabe aos gestores dos empreendimentos
investigar e dar publicidade a utilização e o
desenvolvimento de tecnologias sociais para uma
Anais do III CoBICET – Trabalho completo
Congresso Brasileiro Interdisciplinar em Ciência e Tecnologiaa
“15 anos dos BIs e LIs: retrospectiva, resistência e futuro”
possível aplicação de práticas sustentáveis em seus
meios de hospedagem.
Para adoção de um posicionamento competitivo,
sugerimos aos gestores dos MH, a realização de uma
análise das competências internas o que pode
impactar positivamente no fortalecimento do setor
hoteleiro. Estimulamos a criação de uma rede local
de gestores dos meios de hospedagem do Recôncavo
Baiano para compartilhamento de iniciativas
sustentáveis bem sucedidas em seus respectivos
empreendimentos. Além disso, caso não haja uma
política de sustentabilidade, recomenda-se a
construção de uma.
Concluímos que o incremento de práticas
sustentáveis, como um atrativo, é uma estratégia para
estímulo ao consumo consciente entre os hóspedes, o
que resulta em economia financeira. Além disso,
ações afirmativas de sustentabilidade permitem que o
setor hoteleiro desta região se qualifique para
concorrer a prêmios nesta categoria.
O presente artigo deve ser aprimorado através de
método empírico para verificação in loco da
implementação de ações de sustentabilidade e
compreensão de como os gestores entendem a
sustentabilidade nos meios de hospedagem como
vantagem competitiva para o setor hoteleiro da
região.
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