Você está na página 1de 13

Julieta Elias

Responsabilidade Social do Turismo

Docente: Ivan Silambo

UniRovuma - Instituto Superior de Transporte, Turismo e Comunicações

Nacala-Porto, 2024
Julieta Elias

Responsabilidade Social do Turismo

Trabalho de carácter avaliativo da


cadeira de Avaliação Ambiental, curso
de Licenciatura em Gestão Ambiental e
Desenvolvimento Comunitário. 4º Ano,
1º Semestre.

Docente: Ivan Silambo

UniRovuma - Instituto Superior de Transporte, Turismo e Comunicações


Nacala-Porto, 2024
ii
Índice
Introdução...................................................................................................................................................4
Objectivos...................................................................................................................................................5
1.1. Conceito de responsabilidade social............................................................................................6
1.2. Turismo sustentável.......................................................................................................................6
1.3. Princípios do Turismo Sustentável..............................................................................................8
1.4. Principais dimensões de responsabilidade social.......................................................................9
1.5. Pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa.............................................................11
Conclusão.................................................................................................................................................12
Referências bibliográficas......................................................................................................................13

iii
Introdução
O presente trabalho tem como tema responsabilidade social do turismo. Responsabilidade social é
um conjunto de filosofias, políticas, procedimentos e acções de marketing com a intenção
primordial de melhorar o bem-estar social ou é a forma de gestão que se define pela relação ética
e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da
sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades social (Ethos, 2007). O Turismo pode ser
entendido como um o conjunto de actividades que envolvem o deslocamento de pessoas de um
lugar para outro, seja ele doméstico ou internacional e turismo sustentável Aquele
ecologicamente suportável em longo prazo, economicamente viável, assim como ética e
socialmente equitativo para as comunidades locais. Exige integração ao meio ambiente natural,
cultural e humano, respeitando o frágil equilíbrio que caracteriza muitas destinações turísticas,
em particular pequenas ilhas e áreas ambientalmente sensíveis (OMT, 1995).
Metodologicamente o trabalho é qualitativo na vertente bibliográfico, porque faremos estudos
através de informações já publicados por outros autores que falam da responsabilidade social do
turismo. O presente trabalho encontra-se organizado da seguinte maneira: introdução, objectivos
da pesquisa, conceito de responsabilidade, turismo sustentável, princípios do turismo sustentável,
principais dimensões de responsabilidade social, conclusão e referências bibliográficas.

4
Objectivos
A identificação de objectivos determina o que o pesquisador pretende atingir com a realização do
trabalho de pesquisa, na óptica de Piletti (2004) os objectivos são uma descrição clara dos
resultados que desejamos alcançar com nossa actividade. Afirma ainda que a definição clara
dos objectivos é de extrema importância em várias áreas de actuação humana, e estes podem
ser objectivo geral e específicos. Para a presente pesquisa temos dois tipos de objectivos que
são o geral e os específicos.
Objectivo geral:

 Conhecer o turismo e responsabilidade social.

Objectivos específicos:

 Definir responsabilidade social;


 Falar do turismo sustentável;
 Descrever principais dimensões de responsabilidade social: económica, legal, ética e
discricionária ou filantropia.

5
1.1. Conceito de responsabilidade social
Responsabilidade social é uma série de actividades organizadas por uma empresa com esforços e
recursos planeados para atender as necessidades da clientela e da sociedade ou um conjunto de
políticas, meios e actividades de marketing com objectivo de melhorar o bem-estar da sociedade.
Já para Kotler e Armstrong (1987) têm uma visão da responsabilidade social como prática,
associando-a ao marketing e afirmando que a organização deve determinar necessidades, desejos
e interesses dos mercados-alvo e então proporcionar aos clientes um valor superior de forma a
manter ou melhorar o bem-estar do cliente e da sociedade. Tais autores concebem a
responsabilidade social como um instrumento de gestão de negócios capaz de gerar resultados e
benefícios para a comunidade (bem-estar social), mas, sobretudo, para a empresa. Para eles,
mesmo no caso de acções voltadas para segmentos populacionais em situação de risco social (a
“clientela do social”), prevalece o viés do marketing, com ênfase em suas necessidades, desejos e
interesses (“foco no cliente”) e na “agregação de valor”.

Para Ferrel; Fraedrich e Ferrel (2001) a responsabilidade social é uma obrigação que a empresa
assume com a sociedade. A responsabilidade social pode ser considerada em quatro tipos: a)
responsabilidade económica, b) responsabilidade legal, c) responsabilidade ética e d)
responsabilidade filantrópica. Neste caso, a responsabilidade social é vista como a contrapartida
da empresa à sociedade: um serviço essencial que a empresa deve prestar à sociedade de onde ela
retira seus insumos básicos e, de certa forma, deteriora o seu habitat natural e suas condições de
vida.

1.2. Turismo sustentável

O Turismo pode ser entendido como um o conjunto de actividades que envolvem o deslocamento
de pessoas de um lugar para outro, seja ele doméstico ou internacional. Já para Balanzá e Nadal
(2003) entendem por turismo, o deslocamento e as actividades realizadas pelas pessoas durante
suas viagens e estadas, bem como, as relações que surgem entre eles, em lugares distintos de seu
ambiente natural, por período de tempo consecutivo inferior a um ano e mínimo de 24 horas
(pernoite no destino), principalmente com fins de lazer, negócio e outros.

Com o aumento do turismo houve também grandes impactos ambientais nos lugares visitados e
surgiu a partir dessa demanda uma preocupação com os impactos negativos que a actividade
6
turística trouxe. Conforme o Programa das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente (PNUMA), o
termo turismo sustentável surgiu na década de 90 após o documento oficial da ONU que
institucionaliza o conceito desenvolvimento sustentável no relatório Brundtland (1991). Segundo
documento da OMT de 2003, cit em Korossy (2008):

o turismo sustentável é aquele que atende às necessidades dos turistas de hoje e


das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as
oportunidades para o futuro”. Ele deve ser concebido como um condutor da gestão
de todos os recursos existentes, tanto do ponto de vista da satisfação das
necessidades económicas, sociais e estéticas quanto da manutenção da integridade
cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos
sistemas de suporte à vida (p. 63).

Já na visão de Silveira (2001), o turismo sustentável é aquele que deve atender as necessidades dos
turistas e das populações locais no presente, sem por em risco a capacidade das gerações futuras
de atender as suas necessidades. Nesta perspectiva, o turismo sustentável deve promover a
sustentabilidade ecológica, a equidade social e a eficácia económica.

O turismo sustentável visa manter uma infra-estrutura sem atingir negativamente o meio
ambiente. Nesta perspectiva o turismo sustentável respeita a cultura regional, a diversidade
biológica e os sistemas ecológicos. Estruturar um projecto de turismo sustentável e colocá-lo em
prática exige um planeamento e atitudes ambientalistas.

Segundo Candiotto (2009), na mesma conferência, chamada também de O’Globe 90, foram
elencados os benefícios do turismo sustentável:

 estimula a compreensão dos impactos do turismo;


 assegura uma distribuição justa dos benefícios e custos;
 gera empregos locais, directos e indirectos;
 estimula indústrias domésticas lucrativas;
 gera entrada de divisas para o país e injecta capital e dinheiro novo na economia local;
 diversifica a economia local, sobretudo em áreas rurais onde o emprego agrícola pode ser
esporádico ou insuficiente;

7
 procura ser participativo na tomada de decisões entre os atores, e incorpora o
planeamento e o zoneamento assegurando o desenvolvimento do turismo adequado à
capacidade de carga do ecossistema;
 estimula o desenvolvimento do transporte local, comunicações e outras infra-estruturas
para a comunidade;
 cria facilidades de recreação que podem ser usadas pela comunidade local;
 o turismo natural encoraja o uso produtivo de terras consideradas impróprias para a
agricultura;
 o turismo cultural intensifica a auto-estima da comunidade local;
 demonstra a importância dos recursos naturais e culturais para a economia de uma
comunidade e seu bem-estar social, e pode ajudar a preservá-los.
 monitora e administra os impactos do turismo, e opõe-se a qualquer efeito negativo.
1.3. Princípios do Turismo Sustentável
O turismo sustentável é fundamentado por um conjunto mínimo de princípios, onde através de
diversos critérios, pode ser observado o desenvolvimento de padrões e normas correspondentes a
seus respectivos indicadores de desempenho e parâmetros de verificação (IH, 2005):

1 - Respeitar a legislação vigente

O turismo deve respeitar a legislação vigente, em todos os níveis, no país e as convenções


internacionais de que o país é signatário.

2 - Garantir os direitos das populações locais

O turismo deve buscar e promover mecanismos e acções de responsabilidade social, ambiental e


de equidade económica, inclusive a defesa dos direitos humanos e de uso da terra, mantendo ou
ampliando, a médio e longo prazos, a dignidade dos trabalhadores e comunidades envolvidas.

3 - Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade

Em todas as fases de implantação e operação, o turismo deve adoptar práticas de mínimo


impacto sobre o ambiente natural, monitorando e mitigando efectivamente os impactos, de forma

8
a contribuir para a manutenção das dinâmicas e processos naturais em seus aspectos
paisagísticos, físicos e biológicos, considerando o contexto social e económico existente.

4 - Considerar o património cultural e valores locais

O turismo deve reconhecer e respeitar o património histórico-cultural das regiões localidades


receptoras e ser planejado, implementado e gerenciado em harmonia às tradições e valores
culturais, colaborando para seu desenvolvimento.

5 - Estimular o desenvolvimento social e económico dos destinos turísticos

O turismo deve contribuir para o fortalecimento das economias locais, a qualificação das pessoas,
a geração crescente de trabalho, emprego e renda e o fomento da capacidade local de desenvolver
empreendimentos turísticos.

6 - Garantir a qualidade dos produtos, processos e atitudes

O turismo deve avaliar a satisfação do turista e verificar a adopção de padrões de higiene,


segurança, informação, educação ambiental e atendimento estabelecidos, documentados,
divulgados e reconhecidos.

7- Estabelecer o planeamento e a gestão responsáveis

O turismo deve estabelecer procedimentos éticos de negócio visando engajar a responsabilidade


social, económica e ambiental de todos os integrantes da actividade, incrementando o
comprometimento do seu pessoal, fornecedores e turistas, em assuntos de sustentabilidade desde
a elaboração de sua missão, objectivos, estratégias, metas, planos e processos de gestão.

1.4. Principais dimensões de responsabilidade social


Carrol (1979) considera que a responsabilidade social empresarial pode ser abordada a partir de
quatro perspectivas distintas: discricionária, ética, legal e económica. Essas categorias não são
mutuamente exclusivas e não representam uma dicotomia entre preocupações económicas e

9
sociais. Pelo contrário, elas estão interligadas e reflectem a interdependência entre os aspectos
económicos e sociais da responsabilidade social corporativa.

i. a responsabilidade económica, segundo a qual a empresa tem como principal objectivo ser
lucrativa para seus proprietários e accionistas, e que consiste em produzir bens e serviços de que
a sociedade necessita a um preço justo e também prover remuneração justa a seus investidores e
parceiros, além de maximizar seus lucros para atender às expectativas de seus proprietários e
accionistas;

ii. a responsabilidade legal, que se refere à consciência de sua obrigação em obedecer às leis e
que consiste no cumprimento das obrigações legais e fiscais e na observância do disposto nas
legislações federal, estadual e municipal;

iii. a responsabilidade ética, que se refere a assumir o compromisso de fazer o que é certo e
evitar danos em qualquer esfera e se efectiva quando a empresa e seus tomadores de decisão
pautam seus comportamentos com base na equidade, justiça e imparcialidade e respeito aos
direitos humanos e diferenças individuais;

iv. a responsabilidade discricionária ou filantrópica, que se refere à contribuição para a


comunidade e qualidade de vida e que consiste no patrocínio, doações e financiamento de
programas, projectos e causas sociais de interesse da comunidade e da sociedade como um todo.

Bowen (1957) foi um dos pioneiros no estudo da teoria da Responsabilidade Social e estabeleceu
a ideia fundamental de que as empresas são centros vitais de poder e tomada de decisão,
reconhecendo que suas acções têm impactos significativos na vida das pessoas em diversos
aspectos. Em sua pesquisa, ele questionou quais são as responsabilidades que os "homens de
negócios" têm para com a sociedade e argumentou que as empresas devem ter uma compreensão
mais aprofundada de seu impacto social. Além disso, ele defendeu a importância de avaliar o
desempenho social e ético das empresas por meio de auditorias e de incorporar essas questões na

10
gestão dos negócios. Essas perspectivas inovadoras propostas por Bowen estabeleceram as bases
para a compreensão e a prática da RSC.

1.5. Pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa

Fonte: Adaptada de Carroll (1979).

11
Conclusão
Depois das buscas feitas sobre a responsabilidade social do turismo, percebeu-se que a
responsabilidade social é um instrumento de gestão de negócios capaz de gerar resultados e
benefícios para a comunidade (bem-estar social), mas, sobretudo, para a empresa. O Turismo
pode ser entendido como um o conjunto de actividades que envolvem o deslocamento de pessoas
de um lugar para outro, seja ele doméstico ou internacional e turismo sustentável é aquele que
deve atender as necessidades dos turistas e das populações locais no presente, sem por em risco a
capacidade das gerações futuras de atender as suas necessidades. Nesta perspectiva, o turismo
sustentável deve promover a sustentabilidade ecológica, a equidade social e a eficácia económica.
A responsabilidade social empresarial pode ser abordada a partir de quatro perspectivas distintas:
discricionária, ética, legal e económica.

12
Referências bibliográficas
Balanzá, I.M., & Nadal, M.C. (2003. Marketing e comercialização de produtos turísticos. São
Paulo, Brasil: Pioneira Thomson Learning,

Brundtland, G. (1991). Nosso futuro comum: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. (2a. Ed.). Rio de Janeiro, Brasil: FGV

Carroll, A. B. (1979). A three-dimensional conceptual model of corporate performance.


Academy of management review, 4(4), 497-505.

Ciandiotto, L.Z.P., & Corrêa, W.K. (2004). Desenvolvimento rural sustentável: algumas
considerações sobre o discurso oficial do governo federal. Geografia, Associação de Geografia
Teorética (AGETEO), Rio Claro, v.29, n.2, p.265-280, mai/ago.

Ferrel, L.; Fraedrich, J., & Ferrel, O.C. (2001). Ética Empresarial: dilemas, tomadas de decisão e
casos. Rio de Janeiro, Brasil: Reichmann & Affonso Ed.

Instituto de Hospitalidade. (2005). Certificação em turismo sustentável: Norma Nacional para


Meios de Hospedagem – Requisitos para a sustentabilidade – NIH54. São Paulo: Conselho
Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Korossy, N. (2008). Do Turismo Predatório ao Turismo Sustentável: uma revisão sobre a origem
e a consolidação do discurso da sustentabilidade na actividade turística. Caderno Virtual de
Turismo. Rio de Janeiro, Brasil.

Piletti, C. (2004). Didáctica Geral (14a ed.). São Paulo, Brasil: Editora Atlas.

Silveira, M. A. T. (2001). As políticas públicas e a nova configuração territorial do turismo no


Brasil. In: Souza, Maria José (Org). Políticas públicas e o lugar do turismo. Brasília: UNB
Departamento de Geografia e Ministério do Meio Ambiente, p. 39-51.

13

Você também pode gostar