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Instituto Superior e Centro Educacional Luterano Bom Jesus/Ielusc

IV Congresso Internacional sobre Turismo Rural e Desenvolvimento Sustentável


Joinville - 2004
As Políticas Públicas e Ações Privadas para o Turismo Rural

PLANEJAMENTO DO TURISMO EM ÁREAS NÃO URBANAS:


ENVOLVENDO A COMUNIDADE

Marialva Tomio Dreher


Mestre em Turismo e hotelaria, Doutoranda da UFSC e professora da FURB.

Resumo: O planejamento do turismo em áreas não urbanas apresenta particularidades diferenciadas


do realizado em áreas urbanas. As diferenças mais importantes envolvem a participação da
comunidade residente e a utilização turística dos recursos naturais. A participação da comunidade
ocorre porque geralmente é ela que se dispõe a oferecer infra-estrutura e/ou a receber os turistas. A
utilização dos recursos naturais deve-se ao fato de que nessas áreas muitas atividades são
diretamente dependentes da natureza, fato evidenciado na paisagem. Neste contexto, nas áreas não
urbanas o sucesso do planejamento requer uma consciência ambiental (ecológica e social) mais sólida
por parte dos planejadores e dos usuários. Nos ambientes urbanos, muitas vezes, a recepção e a
infra-estrutura ficam sob responsabilidade de profissionais especializados, o contato com a
comunidade residente não é tão intenso e a utilização não depende diretamente da natureza, fatos
também evidenciados na paisagem que apresenta maior concentração de artefatos artificiais ou
construídos. As diversidades existentes entre os dois ambientes são fundamentais na diferenciação
dos atrativos turísticos, contudo, exigem um modelo de planejamento específico às mesmas. Nesse
sentido, este artigo propõe um modelo de planejamento que apresenta um roteiro de ações dirigidas
especificamente ao planejamento turístico em áreas não urbanas. Para tanto, como metodologia de
estudo foi adotada a pesquisa exploratória que procura aprimorar idéias ou descobrir intuições,
exatamente o que tenciona este trabalho, que buscou explorar métodos e modelos mais adequados a
esta realidade, baseados na teoria.

Palavras-chave: Planejamento; turismo; áreas não urbanas.


INTRODUÇÃO
O planejamento é o primeiro passo para a ordenação de um destino turístico em áreas rurais, pois se
baseia no levantamento de informações, discussão das oportunidades e ameaças, projeções,
programas de trabalho e trata principalmente da função e responsabilidade dos envolvidos com o
desenvolvimento da atividade. Ainda, repensa as ações já realizadas e pode estimular a expansão de
outros fatores, tais como resgate histórico-cultural, infra-estrutura básica do local, agricultura, espaços
e atividades de lazer, entre outros. A falta de planejamento pode ocasionar conflitos sociais,
degradação da natureza, desorganização do setor empresarial, perda da demanda, prejudicando o
ciclo de vida do destino. Esta problemática deve-se ao fato de que quando não controlado, o turismo
torna-se uma atividade invasora que pode deteriorar os recursos culturais e naturais de um destino.
Tais questões resultam no abandono do local pelos turistas e prejudica a qualidade de vida da
comunidade residente, que muitas vezes aposta e investe no setor.

PLANEJAMENTO NO TURISMO
O turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em
lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com
finalidade de lazer, negócios e outras (OMT, 2001). Para ser bem-sucedido, o turismo exige uma
abordagem de planejamento sistematizada e com visão de longo prazo, é uma atividade que envolve
o setor público (infra-estrutura básica e parte da organização) e privado (empresas de vários ramos)
(PETROCCHI, 1998) e outras organizações como: cooperativas, Ongs, fundações e institutos. Esta
complexidade de atividades exige ações planejadas, gestão e principalmente controle e avaliação
permanentes.
Numa visão sistêmica Beni (2000) relaciona uma série de funções inerentes à natureza da atividade
turística, fatores que geram as motivações de viagens e a escolha das áreas de destinação turística; o
deslocamento de indivíduos; os equipamentos de transporte oferecido ao tráfego de pessoas; o tempo
de permanência na área receptora; a disponibilidade e a solicitação de hospedagens, alimentação;
equipamentos de recreação e entretenimento; a fruição de bens turísticos; o turista e a comunidade
receptora.
De acordo com OMT (2003), o planejamento turístico precisa ser executado de forma sistemática, com
base em passos seqüenciais de identificação, exame, análise e viabilidade, financiamento,
implementação e gerenciamento. “Planejar é organizar o futuro de forma a atingir certos objetivos. O
planejamento oferece um guia para a tomada de decisões futuras oportunas.” (idem, p.41).
A finalidade do planejamento turístico consiste em ordenar as ações humanas sobre o território e
ocupa-se em direcionar os equipamentos e facilidades de forma adequada às necessidades dos
turistas. Entende-se como um processo que consiste em determinar os objetivos de trabalho, ordenar
recursos materiais e humanos disponíveis, determinar métodos e técnicas aplicáveis, estabelecer as
formas de organização e expor com precisão as especificações necessárias para a conduta dos que
atuarão na execução dos trabalhos e a comunidade (RUSCHMANN, 1999).
Uma das metodologias adotadas para planejamento turístico é o ZOPP (Planejamento de Projetos
Orientado por Objetivos). Neste método as pessoas trabalham em grupos reduzidos sem hierarquia,
mais flexíveis, e desenvolvem comportamentos mais criativos (DENCKER, 2002). As equipes
equacionam: indivíduos, interesses articulados e especialistas de áreas relevantes em um enfoque
participativo, com o objetivo de aproveitar o conhecimento e a experiência dos envolvidos com o
planejamento. “O objetivo principal é a melhoria do processo de planejamento no âmbito da
cooperação técnica, permitindo a cada um a visão do impacto do seu trabalho, aprender com os erros
e agir com responsabilidade e autonomia.” ( idem, p.87).
Ruschmann (1999) apresenta outra metodologia para planejamento turístico, um conjunto de
medidas, tarefas e atividades por meio das quais pretende atingir as metas e os objetivos, seguindo
(resumidamente) as seguintes etapas:
 Identificação do problema – definir a meta final e os objetivos;
 Caracterização geral – delimitar e identificar a área de estudo;
 Análise e avaliação da oferta e da demanda;
 Diagnostico – descrever a situação atual da destinação;
 Prognostico – previsão e projeção do comportamento esperado para o fenômeno turístico;
 Diretrizes para o desenvolvimento, as responsabilidades e os prazos;
 Instrumentos necessários para viabilizar as diretrizes propostas;
 Programas de ação - elaboração dos projetos a fim de atingir a execução das ações.
Na visão da mesma autora, a comunidade residente no local onde se pretende implantar as ações
para o desenvolvimento turístico deverá ser consultada e sua opinião sobre o plano, avaliada e
respeitada. “Um plano turístico só terá aprovação e o apoio da população das destinações se essa
população for esclarecida sobre os benefícios do turismo para a coletividade.” (idem, p.162).
Numa visão de desenvolvimento local, de acordo com Almeida; Reidl (2000) as iniciativas promovidas
a partir de um planejamento, devem considerar na utilização, em primeiro lugar, os recursos ociosos a
recuperação de oportunidades de criação de atividades produtivas realmente existentes (factíveis),
porém nunca utilizadas, a reorganização dos processos produtivos, a mudança das demandas, a
melhoria das comunicações, o acesso a novos mercados e outras iniciativas. Consiste também em
descobrir essas possibilidades em localidades sem experiência técnica, identificando, estimulando os
atores capazes de conduzir as atividades através de decisões orientadas para o desenvolvimento local.

Neste contexto, o planejamento turístico deve determinar o tipo e a extensão do desenvolvimento


apropriado às áreas onde será implementado. Para OMT (2003) é essencial que o planejamento no
turismo tenha por objetivo levar determinados benefícios socioeconômicos para a sociedade, sem
deixar de manter a sustentabilidade do setor turístico, sempre levando em consideração as
especificidades de cada área com seus recursos. Assim o ideal é que ocorra um planejamento
participativo.
TURISMO EM ÁREAS NÃO URBANAS
O turismo em áreas não urbanas desenvolve-se nos espaços rural e natural, e várias modalidades
turísticas são desenvolvidas nestas áreas. No espaço natural as principais modalidades são turismo de
natureza, ecoturismo, turismo de aventuras, entre outras. “Essas modalidades têm nos recursos
naturais seu principal objeto de consumo [...]” (CRUZ, 2001, p.17). No espaço rural desenvolve-se
principalmente o turismo rural e o agroturismo, “[...] que pode abarcar a visitação a propriedades
rurais, com ou sem pernoite, e o envolvimento ou não do turismo com as práticas rurais comumente
presentes nestes espaços.” (Idem, p.20). No turismo urbano a atratividade é centrada na infra-
estrutura, tais como comércio, bares e restaurantes, casas de shows, arquitetura etc.
No que se refere à infra-estrutura em áreas não urbanas, sabe-se que é variada, pode apresentar na
maioria hotéis e restaurantes simples, até hotéis-fazenda ou resorts sofisticados com serviços
internacionais. Contudo, é o contato com a natureza e a vida simples do campo (comida caseira,
pesca, caminhada ecológica, proximidade com os animais e florestas etc) que motiva a maioria dos
visitantes a estes espaços. Mesmo instalados em equipamentos luxuosos, os turistas praticam
atividades de entretenimento e lazer voltadas a esta motivação.
Segundo Pires (2002, p.31) “A curiosidade e o sentimento de nostalgia em relação a regiões
longínquas sempre estiveram entre as necessidades básicas e imediatas do ser humano. Nesse
sentido, hábitos “alternativos” de viagem à natureza remontam a mais de dois milênios.” Observa-se,
neste caso, que a utilização dos recursos naturais é essencial ao desenvolvimento turístico destas
áreas. Contudo, o aspecto do contato direto e personalizado com o meio rural (físico e humano) e a
vontade da participação nas atividades, nos usos e nos costumes da população local faz com que o as
questões culturais sejam valorizadas e exige que o turismo se especialize (ALMEIDA; RIEDL, 2000).
Portanto, de acordo com Fennel (2002) é desejável que o desenvolvimento turístico em áreas não
urbanas (rurais e naturais), seja direcionado de uma forma mais consciente e eficiente de modo que a
comunidade participe e entenda seu “papel” e principalmente que o trade turístico compreenda e
respeite este contexto.

MODELO PROPOSTO
O modelo proposto oferece uma estrutura simples que facilita o entendimento, valoriza a integração
dos participantes e incentiva o envolvimento da comunidade (emissiva, do deslocamento e receptiva)
já no inicio das atividades. Além de enfatizar o treinamento dos participantes sobre o processo de
planejamento e condutas ambientalmente responsáveis. Estas particularidades são fundamentais para
o planejamento em áreas não urbanas, pois estimula a participação e resulta em compromisso com a
manutenção e continuidade dos trabalhos propostos. A estrutura e/ou seqüência do roteiro sugerido
pode ser adaptada à realidade do local, contudo, todas as etapas são essenciais na operacionalização
do planejamento. Roteiro de ações do planejamento:

 Formação da equipe “profissional” responsável pelo planejamento. Definindo as responsabilidades,


local de trabalho (devidas estruturas), pagamentos e benefícios pelo trabalho realizado.
Apresentar as organizações financiadoras e suas intenções e o prazo de conclusão e entrega do
plano. Neste primeiro momento o objetivo geral e/ou missão do trabalho deve ser determinado,
para então, elaborar um fluxograma e cronograma genérico a respeito das funções internas e de
acordo com as exigências dos financiadores.
 Levantamento dos espaços emissivos, receptivos e de deslocamento – Esta é a etapa que define a
abrangência e limite das ações, mapeia e identifica os locais e as pessoas (lideres, políticos
empresários, comunidade, estudantes e interessados na área) atingidos pelo turismo. Esta
identificação permite a realização de contatos e convites para a participação no planejamento e
também, investiga as possibilidades de: logística, divulgação, acesso, demanda, investimentos
parcerias e apoio etc.
 Articulação – etapa política – após a identificação dos espaços e das pessoas busca-se divulgar e
compartilhar o trabalho para atrair parcerias, apoio e cooperação, recursos etc, para iniciar o
planejamento.
 Formação de equipes e treinamento – depois do momento político, reuni-se os que participarão do
planejamento, realiza-se o treinamento (sobre o funcionamento do processo de planejamento e
condutas ambientalmente responsáveis) e a integração das equipes (divisão das equipes por área
de conhecimento, interesse e/ou afinidade, empatia etc). Ressalta-se que em cada equipe de
trabalho deva haver um coordenador responsável e conhecedor do processo de planejamento.
 Definição de termos, fundamentos teóricos e missão – nesta etapa pretende-se esclarecer os
termos adotados no trabalho e criar uma linguagem técnica única perante a comunidade e os
parceiros. O conhecimento e clareza dos termos demonstram sintonia, interação e segurança das
equipes de trabalho perante a comunidade.
 Inventário e diagnóstico. Etapa de levantamento e interpretação dos dados (análise critica dos
espaços, equipamentos, recursos etc). A execução das tarefas do inventário devem ser
apresentadas às equipes e atender os interesses das mesmas. No diagnóstico o trabalho é
conjunto, ou seja, todas as equipes devem participar.
 Prognóstico - etapa de realização da análise do cenário turístico (variáveis de interferências e
projeções futuras). É necessário pesquisar as tendências mercadológicas e confrontar com o que
foi diagnosticado.
 Identificação dos objetivos específicos, metas e programas setoriais. Detalhamento das ações
necessárias à execução e atendimento à missão e criação de fluxograma e cronograma para a
implantação das ações. Salienta-se que os objetivos específicos só poderão ser indicados quando
for conhecida a realidade dos locais identificada no inventário, diagnóstico (pontos fortes e fracos)
e prognóstico (oportunidades e ameaças).
 Comunicação – a comunicação deve ter conteúdo interno (para os envolvidos diretamente com o
planejamento) e externo (para a comunidade em geral e turistas). É preciso informar sobre a
trajetória das ações e as implicações provenientes do estágio de implantação das mesmas, ou
seja, avisar sobre os problemas específicos. Inicialmente, é importante divulgar os aspectos
positivos em relação ao ordenamento do setor e as intenções de melhorias propostas no plano.
Pode-se também, disponibilizar espaço para sugestões e críticas para as pessoas não envolvidas
diretamente com o planejamento. O objetivo desta ação é incluir também os usuários no
processo.
 Avaliação permanente: revisão, avaliação e controle de todas as etapas do planejamento. Estas
ações possibilitam a minimização dos problemas numa visão pró-ativa que permite antecipar as
dificuldades, conflitos e limites de ação. O andamento do planejamento e os resultados atingidos
(positivos e negativos) pelos trabalhos devem ser permanentemente comunicados às equipes.

Para assegurar o cumprimento dos programas rumo à missão do planejamento, as equipes devem
estar entrosadas e cientes das suas responsabilidades, e os trabalhos precisam ser coordenados e
controlados. Para tanto, é essencial criar parâmetros para avaliar e controlar constantemente as ações
de todo o processo. Os parâmetros são importantes também para correção dos erros e desvios em
função do que foi estipulado nos objetivos, metas e programas, dificilmente se alcançará os mesmos
sem monitorá-los ao longo do tempo.
Na organização dos encontros de trabalho é essencial que haja um processo integrado baseado na
cooperação. Todos os envolvidos devem participar deste processo para conhecer os assuntos relativos
aos trabalhos e principalmente as decisões tomadas. Sugere-se então, que nos encontros de trabalho
sejam utilizados métodos para facilitar o entendimento e participação de todos.
Um dos métodos propostos é o dos “5Ws e 2Hs” apresentado por Petrocchi (1998) como ferramentas
de qualidade total usada em controles de planejamento. Após a definição das equipes e prioridades,
deve-se fixar (num quadro visível a todos) para cada ação as seguintes orientações, a serem
discutidas por etapas, a saber: what - o que deve ser feito; how – como fazer; who - quem é o
encarregado; when – quando será executado; were -local de execução; why – razão da realização;
how much – quanto custará. Esta seqüência de informações resultará na especificação e
entendimento detalhados de cada iniciativa e servirá também como uma forma de coordenar e
controlar os trabalhos das equipes. Salienta-se que para a maior participação e comprometimento dos
envolvidos com os trabalhos é fundamental que o objetivo geral e/ou missão seja claro e sirva
permanentemente como orientação.
À medida que os planejadores atingirem cada resultado, eles poderão comparar com os objetivos
propostos para se certificarem de que o plano está adequado a realidade do local. Então poderão
utilizar sua experiência para tomar decisões quanto às etapas seguintes. Neste contexto, poderão
mapear a seqüência das novas ações. Obviamente, cada local e comunidade possuem particularidades
que podem limitar ou avançar as decisões que devem ser tomadas na implantação das ações do
plano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Iniciar um planejamento que envolva a comunidade não é tarefa fácil, principalmente quando a equipe
de profissionais ainda não está entrosada com a comunidade e desconhece os espaços que o trabalho
será desenvolvido. Com certeza esta experiência poderá ser testada apenas na prática, quando os
planejadores iniciam o trabalho.
Nesse caso, é essencial que o método de trabalho adotado esteja a favor destas dificuldades e
contemple passos mais simplificados e acessíveis a todos. O modelo que se propõe neste artigo, se
comparado a algumas literaturas existentes, em termos de conteúdo contempla os passos geralmente
indicados por outros autores. Contudo, a intenção da proposta é justamente auxiliar na interpretação
das ações e inserir como diferencial a participação da comunidade deste o inicio dos trabalhos, na
etapa de levantamento dos espaços e da articulação e, o objetivo é prosseguir com esta participação
até a conclusão do planejamento.
Obviamente, as ações propostas num plano devem ser concluídas no prazo estipulado, nesse
momento, normalmente, a equipe de profissionais se retira do local. Este com certeza é o maior
problema enfrentado pela maioria dos destinos não urbanos, porque muitas vezes devido a esta
retirada a comunidade abandona a seqüência do trabalho. Embora, como a comunidade deve
participar de todas as etapas, acredita-se que a continuidade das ações pode ocorrer sem a
participação direta dos profissionais, ou seja, a comunidade deve tornar-se apta para prosseguir
sozinha. Esta autonomia geralmente é um problema, pois a comunidade acostuma-se com os
coordenadores do processo e muitas vezes prefere que as cobranças e o controle das ações seja
realizado por “alguém de fora”. Contudo, a contribuição dos planejadores poderá acontecer de forma
mais superficial quando necessário.
O ideal seria conduzir o processo incentivando, desde o começo, a comunidade a buscar alternativas
de atualização das informações e até mesmo de organização de equipes de trabalhos locais, já que é
previsto numa das etapas propostas, o treinamento dos envolvidos. Sugere-se então, que a própria
comunidade tome decisões para prosseguir, ou redirecionar as ações durante o planejamento e não
após sua conclusão. Esta iniciativa ajuda a evitar erros e fornece subsídios coerentes com o que já
está em andamento, podendo resultar no prosseguimento e até a melhoria do que esta sendo
proposto.
Em suma, recomenda-se que os planejadores adotem os seguintes procedimentos de integração e
preparação da comunidade em prol do desenvolvimento turístico:
1. Identificação de líderes e equipes locais que possuam conhecimento e interesse em continuar
o processo,
2. Apresentação do roteiro simplificado (proposto acima) para trabalhos em equipes,
3. Determinação de eventos de avaliação e controle das ações planejadas e/ou dos
acontecimentos turísticos,
4. Estabelecimento de benefícios para resultados obtidos pelos participantes,
5. Desenvolvimento de instrumentos de valorização do planejamento como uma iniciativa de
controle e melhoria do turismo local.
Finalmente, de certa forma, o modelo proposto é um roteiro que considera nos passos a necessidade
de buscar alternativas para o enfrentamento das dificuldades em planejar um destino. Não se
considera esta sugestão como “salvadora” das dificuldades, visto que cada caso é um caso. A intenção
é apenas colaborar com o problema da complexidade que envolve o desenvolvimento turístico de uma
localidade não urbana, que envolve além dos aspectos organizacionais a necessidade de maior
entrosamento com a comunidade e ainda a conservação ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, J. A.e RIEDL, M. Turismo rural: ecologia, lazer e desenvolvimento. Bauru, SP: EDUSC,
2000.
BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 6. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2000.
CRUZ, Rita de Cássia. Introdução à geografia do turismo. São Paulo: Roca, 2001.
DENCKER, Ada F. M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 6. ed. São Paulo: Futura,
2002.
FENNEL, David. Ecoturismo: uma introdução.Trad. Inês Lohbauer – São Paulo: Contexto, 2002.
OMT - Organização Mundial Do Turismo. Guia de desenvolvimento do turismo sustentável.
Trad. Sandra Netz - Porto Alegre: Bookman, 2003.
PETROCCHI, Mario. Turismo planejamento e gestão.São Paulo: Futura, 1998.
RUSCHMANN, Doris V M. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. 3.
ed. São Paulo, 1999.

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