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• Existe necessidade de (re)pensar o

desenvolvimento turístico de uma forma


integrada e abrangente, assente em conceitos
como desenvolvimento sustentável,
contextualizado quer em termos sectoriais
(turismo), quer em termos espaciais.
• A intervenção no turismo deverá deverá
assentar no planeamento e gestão do turismo.
• O planeamento turístico tende a ser uma
amálgama de considerações económicas,
sociais e ambientais que refletem a
diversidade de factores que influenciam o
desenvolvimento do setor.
• A gestão e o planeamento não seu neutras:
planear é político.
Planear
• É decidir antecipadamente o que fazer, de
que maneira fazer, quando fazer e quem deve
fazer.
• É um processo intelectual,
• É a determinação consciente de cursos de
ação,
• É a tomada de decisão com base
em objetivos, fatos e estimativas submetidas
à análise. (KOONTZ, Harold, 1974).
• É pré-determinar um curso de ação para o
futuro,
• É um conjunto de decisões interdependentes,
• É um processo contínuo que visa produzir um
estado futuro desejado (que somente
acontecerá se determinadas ações forem
executadas),
• É a atividade anterior à tomada de decisão.
Planeamento
É um processo que consiste em:
• determinar os objetivos de trabalho,
• ordenar os recursos materiais e humanos disponíveis,
• determinar os métodos e as técnicas aplicáveis,
• estabelecer as formas de organização,
• expor com precisão todas as especificações
necessárias para que a conduta da pessoa ou do grupo
de pessoas que atuarão na execução dos trabalhos
seja racionalmente direcionada para alcançar os
resultados pretendidos. (ESTOL, Eduardo &
ALBUQUERQUE, Stella, 2000).
• É a definição de um futuro desejado e de
todas as providências necessárias à sua
materialização.
• Contribui para que as tarefas sejam melhor
realizadas e objetivos sejam mais facilmente
atingidos, por pessoas ou organizações.
• Ordena as ações e dá prioridade a elas.
• Permite mapear dificuldades ou obstáculos e,
assim, escolher previamente caminhos
alternativos (PETROCHI, Mário, 1998).
Planeamento – sob o ponto de vista
governamental
Consiste em um processo que:
• estabelece objetivos,
• define linhas de ação e planos detalhados
para atingir os objetivos sobre o setor, como
ele deverá chegar à posição que os
administradores públicos desejam, combater
os riscos e tirar partido das vantagens
previsíveis.
Podem-se distinguir os seguintes pontos
básicos do planjamento:
• estabelecer objetivos,
• definir cursos de ação,
• determinar as necessidades de recursos.
(BENI, Mário Carlos, 1999).
Estratégia
• É um conjunto harmonioso e integrado de
objetivos que são de importância fundamental
para a sobrevivência satisfatória e a longo prazo
de uma organização (PETROCHI, Mário, 1998).

• É a forma como se deve conduzir uma atividade,
a fim de se alcançar satisfatoriamente os objetos
fixados e se aproximar da situação desejada.
(EMBRATUR, 1992).
Planeamento Estratégico
• Procura definir objetivos gerais,
• Estabelece diretrizes e normas para o relacionamento da
organização com o mundo à sua volta,
• É direcionado para decisões de longo prazo e grandes repercussões,
• Indica a direção que a organização deve seguir. (PETROCHI, Mário,
1998).
• Consiste na criação de valores e condições que possibilitem à
empresa optar por ações diante de oportunidades e ameaças,
pontos fracos e fortes, otimizando as relações e vantagens
competitivas em relação ao ambiente ou setores envolvidos,
• Relaciona-se aos objetivos de longo prazo e às maneiras e ações
para alcançá-los, afetando a empresa como um todo. (KUAZAQUI,
Edmir, 2000).
• Considera-se que a implementação de um plano estratégico de
turismo traduz os interesses específicos de todos os agentes.

• O planeamento turístico ocorre sob uma variedade de formas


(desenvolvimento, infraestruturas, uso da terra e dos recursos,
organização, recursos humanos, promoção e marketing), estruturas
(diferentes governos, organizações quase e não governamentais),
escalas (internacional, transnacional, regional, local, de lugar) e em
diferentes tempos (para desenvolvimento, implementação,
avaliação e o atingir satisfatório dos objectivos de planeamento)

• O turismo tem-se revelado, em muitos países e regiões, como um


motor importante de desenvolvimento económico e de
transformações sociais. Em alguns casos, é o único elemento de
dinamização económica do país/região, quer como saída de um
subdesenvolvimento crónico, quer para se recuperar do fosso
gerado por outras atividades outrora prósperas (Muñoz, 1996).
A ausência de uma intervenção efetivamente
planeada na atividade turística, enquanto setor
económico relevante, poderá acarretar algumas
fragilidades estruturais, sociais, económicas e
ambientais.
De entre os principais constrangimentos,
salientam-se:
• a disfunção entre procura turística e as
infraestruturas de suporte necessárias;
• o aumento de fenómenos sociais e culturais
negativos ou menos estimulados;
• distorções e incoerências na venda e promoção
do destino, da região, do concelho, da vila ou do
espaço
• Estes aspetos negativos acabam por se tornar forças
indutoras da elaboração de planos estratégicos em
sintonia com a vontade de maximizar o potencial do
setor turístico no crescimento económico e melhoria
das condições de vida das pessoas
• O planeamento estabelece as linhas gerais para
que o desenvolvimento aconteça de forma
ordenada, atendendo ao interesse coletivo,
apesar de, na realidade, o Estado representar os
interesses de determinados grupos sociais (Hall,
2004).
• Os autores Holanda e Vieira (2003) afirmam
que o turismo devidamente planeado pode
elevar-se à condição de alternativa de
desenvolvimento local, com benefícios para a
região recetora caso este planeamento tenha
em linha de conta uma maior articulação
entre os diferentes atores do
desenvolvimento.
• O planeamento estratégico turístico é um
instrumento que ajuda a definir politicas e
processos de implementação de estratégias
competitivas e inovadoras num destino.
• Desenvolve a compatibilidade entre o
atendimento das necessidades sociais e
económicas com as necessidades de
preservação do ambiente, recursos naturais,
cultura e costumes, de modo a assegurar a
sustentabilidade do destino como produto
turístico.
É responsável:
• pelo estabelecimento dos objetivos gerais,
• pela formulação de ações concretas que
indicam a direção que o destino e seus
intervenientes devem seguir.
Acerenza (2003) define planeamento como o
processo que determina os objetivos gerais do
desenvolvimento, as políticas e as estratégias
que norteiam os aspetos relacionados aos
investimentos, ao uso e ao ordenamento dos
recursos utilizáveis para este fim.
• O planeamento estratégico surge como um processo
fulcral para o desenvolvimento equilibrado do turismo,
impedindo que o crescimento seja feito de forma
desregulada e descontrolada, mitigando os impactos
negativos na sociedade e nos recursos associados à
intensificação da atividade.
• Vários autores identificam o planeamento estratégico
dos destinos turísticos como processo crucial no
turismo, visando a coordenação eficiente e a
integração dos recursos, produtos e serviços
individuais, maximizando os benefícios e atenuando os
impactos negativos causados pela atividade,
determinando o sucesso a longo prazo dos destinos
tursticos
• O planeamento estratégico não se limita a definir
os objetivos, estabelece também a forma destes
serem alcançados. As decisões tomadas neste
âmbito têm por base uma análise dos ambientes
interno (e.g. recursos disponíveis) e externo
(..condições económicas).
• O planeamento estratégico procura igualmente
identificar e resolver problemas, criar estratégias
alternativas que possam vir a ser consideradas e
clarificar funções e responsabilidades dos
intervenientes, reduzindo a incerteza em relação
ao futuro e resistência à mudança por parte dos
mesmos
• Assim sendo, o planeamento estratégico em
turismo é uma ferramenta de política/gestão que
assiste a entidade de turismo (nacional, regional
ou local) a organizar os recursos com vista a
atingir as metas definidas, traduzindo-se num
plano que auxilia as organizações, modelando e
guiando as mesmas.
• Consiste na análise e avaliação do destino, na
formulação de políticas e estratégias enos
processos de tomada de decisão cuja finalidade é
a de maximizar o potencial de contribuição da
atividade para a comunidade local e para a
qualidade ambiental, devendo ser aplicado nos
vários contextos geográficos e em diversas escala
Vantagens do planeamento
• Fortalece as políticas para o turismo,
• Tem em vista o futuro: é um esforço
organizado de pensamento útil e racional,
• Equilibra os objetivos económicos com a
preservação do património, melhorando a
qualidade de vida dos residentes,
• Fomenta a conservação de recursos naturais.
Breve história
• O planeamento turístico é relativamente
recente. Apesar de alguns geógrafos terem
escrito sobre turismo já na década de 40, os
principais trabalhos a este nível surgiram só na
década de 70, destacando-se a partir daí os
trabalhos de académicos como Gunn (1979),
Getz (1986) e Inskeep (1991).
• Em geral, a abordagem ao planeamento
turístico começou por ser influenciada pelas
áreas do planeamento rural e urbano.
• O rápido crescimento do turismo que se verificou a
partir das décadas de 50 e 60 fez-se sem obedecer a
quaisquer critérios de planeamento nem respeito pelo
que se consideram ser hoje os princípios básicos do
planeamento e desenvolvimento dos destinos
turísticos.
• De acordo com Howie (2003), partia-se da assunção de
que este assentava em produtos intrínsecos num uso
aparente de “recursos livres” disponíveis (praias,
campo, cidades, ar fresco, …) e não em recursos
extrativos, pelo que não seria de supor que pudesse
provocar qualquer dano. Os benefícios económicos
para os investidores eram garantidos, ao mesmo
tempo que se assumia que as comunidades locais só
teriam a ganhar com essa situação.
• A ausência de mecanismos de controlo de planeamento durante
longos períodos, a inadequação da legislação, a ineficácia das
organizações turísticas em muitos resorts do Mediterrâneo à
procura de um crescimento económico rápido, a qualquer custo,
foram responsáveis por um planeamento turístico falhado.

• Essa forma de desenvolvimento gerou impactos muito negativos


nos destinos, principalmente no Mediterrâneo e nas Caraíbas,
causando danos irreversíveis e impactos negativos a nível
sociocultural, económico e ambiental (Costa, 2006).

• Para muitos países, o turismo constitui ainda uma atividade recente


para a qual os governos e o sector privado possuem poucos
conhecimentos sobre a melhor forma de promover o seu
desenvolvimento. O planeamento não só é importante nesta fase
inicial do desenvolvimento turístico, como também é necessário
para revitalizar os territórios onde o turismo já se encontra mais
consolidado (WTO, 1994).
• Em Portugal, a partir dos anos 60, a emergência do
turismo balnear massificado deu origem a grandes e
diversificados empreendimentos turísticos, a maioria
dos quais implementados no litoral algarvio, e com
diferentes tipologias
• Uns sob a forma de «empreendimentos-ilha», ou seja,
implantados de forma isolada, em descontinuidade
com as malhas dos aglomerados urbanos
• Outros traduzidos em processos de loteamento
urbano-turístico, direcionados para a criação de
residências secundárias que “ora densificam ou
expandem aglomerados preexistentes, ora dão origem
a «novos lugares», onde se juntam diferentes
empreendedores e temporalidades de edificação, bem
como de desenhos urbanos e gostos arquitetónicos”
(Gaspar et al., 2006: 370).
De acordo com a mesma fonte, quanto à primeira
daquelas tipologias, podem-se distinguir duas
situações, que se passam a citar:
• Empreendimentos baseados no conceito de grande
aldeamento de moradias e/ou apartamentos turísticos,
funcionando em regime de condomínio «semiaberto».
Nalguns casos, como Pedras d´el Rey (Tavira), Pedras da
Rainha (Tavira) e Soltróia (Grândola), acrescentando a
tal oferta apenas alguns equipamentos e serviços
básicos de apoio e entretenimento (piscinas, courts de
ténis, supermercado, restaurantes…); noutros casos,
como a Quinta do Lago (Loulé), Vale do Lobo (Loulé),
Vilamoura (Loulé) e a Praia d´el Rey (Óbidos), aliando
também as ofertas hoteleiras de spa e de golfe,
assumindo-se assim como grandes resorts turísticos.
• Empreendimentos estruturados em função de
unidades hoteleiras de referência, podendo ter
ou não apartamentos e moradias. Nalgumas
situações demonstrando preocupações de boa
inserção urbanística e paisagística, como são os
casos dos empreendimentos Penina (Portimão) e
Pine Cliffs/Sheraton (Albufeira), os quais
disponibilizam um leque qualificado de serviços
de apoio e de animação turística, como spa,
golfe, ténis ecountry club. Noutras situações,
como as dos empreendimentos da Torralta, em
Tróia e Alvor, privilegiando o conceito de grandes
torres de hotéis, apart-hotéis e apartamentos,
rompendo com equilíbrios paisagísticos.
Relativamente ao segundo grupo de empreendimentos,
traduzidos em processos de loteamento urbano-
turístico direcionados para a criação de residências
secundárias, Gaspar et al. (2006: 371) destacam três
situações:
• Os loteamentos urbano-turísticos que se desenvolvem
apoiados em antigos aglomerados piscatórios,
expandindo assim o seu perímetro urbano e quase
sempre transfigurando a fisionomia do antigo
aglomerado. De norte a sul do país os exemplos são
numerosos: Vila Praia de Âncora, Esposende,
Furadouro, Torreira, praia de Mira, Figueira da Foz,
Consolação, Ericeira, Sesimbra, Vila Nova de Mil
Fontes, Sagres, Lagos, Portimão, Armação de Pêra,
Albufeira, Quarteira, Monte Gordo […]
• Os loteamentos urbano-turísticos que se
desenvolvem em espaços livres próximos da
costa, muitas vezes no interstício entre
diferentes aglomerados […]
• Os loteamentos urbano-turísticos que se
desenvolvem de forma isolada, podendo
progressivamente dar origem a «novos
lugares». Um dos melhores exemplos é o
empreendimento de Vale da Telha, no
concelho de Aljezur […]
Até à década de 70
• o planeamento turístico em geral evoluiu a par do
planeamento regional e urbano, sendo tratado como
se o desenvolvimento turístico se regesse pelas
mesmas normas do desenvolvimento urbano.
• Na verdade, na ausência de instrumentos de
planeamento eficazes para coordenar e regular o
desenvolvimento dos destinos turísticos, o que
aconteceu muitas vezes foi que essa tarefa ficou a
cargo do sector privado, unicamente interessado no
lucro de curto prazo e sem olhar aos impactes
negativos daí decorrentes, de que as principais vítimas
foram as populações locais (Costa, 2006).
Década de 80
• Na verdade, é só a partir da década de 80 que, de acordo com Costa
(2006), se desenvolve um quadro conceptual e são postos em
prática princípios de planeamento turístico suportados em modelos
que consideravam os destinos como sistemas e integrando os
conceitos subjacentes ao planeamento urbanístico, económico,
geográfico, sociológico, psicológico, entre outros, passando, pela
primeira vez, o planeamento turístico a ser tratado de forma
diferenciada.
• Esta abordagem evidencia igualmente que, a partir dos anos 80, se
assume o planeamento turístico de forma estratégica e não
meramente física, como acontecia anteriormente.
• Os Governos passam a reconhecer o potencial do turismo em
termos económicos e o seu contributo para o desenvolvimento
regional, bem como o estímulo que podia constituir para o
desenvolvimento
Década de 90
• Na década de 90, a abordagem ao planeamento turístico passou a
ser diferente daquela unicamente baseada nos planos físicos e no
zonamento de equipamentos e infraestruturas.
• A par das restrições orçamentais, o papel do sector privado e dos
cidadãos em geral vem assumindo uma cada vez maior importância
nos processos de decisão a este nível.
• Assim, a partir desta altura, um maior ênfase tem sido dado às
parcerias e constituição de redes entre sector público e privado e
ao planeamento estratégico em geral (Costa, 2006). O planeamento
tradicional dá, assim, lugar a um planeamento estratégico que, de
acordo com Vieira (2007: 50), constitui uma “ferramenta através da
qual se aplica sobre a realidade a capacidade de intervir e de infletir
o curso dos acontecimentos (tática)”, de uma forma abrangente e
sistémica, estando “sujeito à visão partilhada do futuro e baseada
nos valores, focalizado no objetivo, responsabilizando perante a
sociedade […] os seus responsáveis”.
• Em Portugal, as Grandes Opções do Plano para 1993
referem como condição indispensável para aumentar a
qualidade da oferta turística «a melhoria do ordenamento
territorial do turismo com prioridade para o litoral»,
embora nas Opções Estratégicas para o Desenvolvimento
do País para 1994-1999 já não seja enfatizado o
ordenamento territorial do turismo.
• O Plano de Desenvolvimento do Turismo de 2003 veio criar
a figura de «Áreas de Proteção Turística», que previa
constituir-se como «instrumento de planeamento e
ordenamento turístico, destinado a dar um sinal inequívoco
aos investidores sobre os espaços disponíveis para os
diversos tipos de empreendimentos, bem como garantir a
preservação da qualidade do ordenamento desses
espaços» (Grandes Opções do Plano, 2004 citado por
Vieira, 2007: 204).

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