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Módulo

ASSESSORAR OS GOVERNOS LOCAIS NO PROCESSO DE


PLANEAMENTO ESTRATÉGICO (AGL)- Aula 2
Texto 1 do Tópico 1 da Unidade 1: Estruturação dos principais procedimentos
para estruturar um processo de planeamento estratégico.

1. O que é Planificação Estratégica


Entende-se por Planeamento Estratégico o processo ou modo sistemático de gerir a
mudança e de criar o futuro melhor possível para uma determinada organização,
entidade, empresa ou território. É um processo criativo para identificar e realizar as
acções mais importantes para a sustentabilidade do sistema, tendo em conta os
respectivos pontos fortes e fracos, conjugados com as ameaças e as oportunidades
futuras que se lhe apresentam.

Consiste num processo através do qual se tenta “definir objectivos concretos longínquos
(médio e longo prazos) e objectivos concretos actuais (curto e médio prazos); definir a
forma de os alcançar (com, quando e onde), o que pode incluir a ultrapassagem de
ameaças ou obstáculos (acção estratégica em termos substanciais.

A planificação estratégica responde à situação de forma ampla e integrada; trata-se de


um processo contínuo que dá uma visão do futuro gera um documento orientador que
define objectivos e as principais linhas de acção (as tácticas apropriadas para cada
passo) é um documento de médio prazo, geralmente de 5 anos.

Inicialmente, o conceito de planeamento estratégico esteve ligado ao contexto militar e


mais tarde ao contexto económico e/ou empresarial; porém, as modificações do
contexto social, económico e cultural no desenvolvimento conduziram a novas
abordagens nos processos de planeamento de cariz territorial.

2. O Planeamento Estratégico e o Desenvolvimento do Território


O planeamento estratégico no ordenamento de território foi aplicado pela primeira nos
Estados Unidos da América (S. Francisco) na década de setenta; o êxito suscitado
desencadeou um surto de outros planos de cidade e posteriormente foi também aplicado
em outros contextos territoriais, como regiões e localidades.

Os grandes factores que conduziram há necessidade de introdução do planeamento


estratégico no âmbito do ordenamento do território foram: a descentralização das
competências no sector público; o papel crescente dos agentes de desenvolvimento
económico nas decisões urbanísticas; as maiores exigências de participação e
coordenação dos agentes sociais; o agravamento da competitividade entre cidades em
virtude da internacionalização e da globalização; a incorporação de inovação
tecnológica na gestão urbana (facilitando a tomada de decisão e a transparência); o
aumento do ritmo, da amplitude e da incerteza das mudanças tecnológicas, geopolíticas,
económicas e culturais; a clara percepção da entrada num período de escassez de
recursos naturais, energéticos e financeiros; as limitações dos sistemas de gestão
territorial tradicionais.

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Formador: José Sete Mandlhate
O planeamento estratégico surge então como um instrumento que permite: a
identificação de uma estratégia futura de forma encaminhar o seu desenvolvimento
económica, e social e territorial, numa perspectiva integrada e não apenas física; o
desenvolvimento da cooperação do sector público e sector privado e o seu compromisso
para implementar a estratégia na medida das suas responsabilidades e competências; a
selecção dos projectos ou acções determinantes através dos quais se obtém a evolução
desejada.

O planeamento estratégico no ordenamento do território deve assim apresentar as


seguintes características de forma a ser mais eficaz, nomeadamente, carácter processual,
visão prospectiva, pragmatismo, participação, globalizante e integrado, flexibilidade e
selectividade.
O carácter processual é mais importante do que o plano, ou seja, no planeamento
estratégico, mais do que as concretizações é a discussão e a participação fomentada pelo
plano sobre o futuro do território que tem mais relevo (desenvolvimento de uma
metodologia).

O planeamento estratégico não pretende regulamentar comportamentos, mas sim


impulsionar o envolvimento de toda a comunidade na transformação do território, por
isso envolve diálogo (desenvolvimento participativo), conciliação de interesses e
mobilização de actores (estratégia de actores). Por outro lado, o mesmo abrange as
dimensões económica, social, cultural, ambiental, física, entre outras e coloca os
problemas locais a uma escala global.
O planeamento estratégico pretende atender às especificidades do território sobre o qual
incide, não existindo modelos pré-definidos, ou seja, a metodologia deve ser elaborada
caso a caso, favorecendo uma constante adaptação à evolução do território, permitindo
corrigir atempadamente desajustamentos entre o plano e a realidade. A dinamização do
plano desenvolvimento deverá ser feita com base em intervenções-chave que se
considerem impulsionadoras da mudança, sendo por isso, necessário hierarquizar e
centrar o processo naquilo que é verdadeiramente essencial, as acções que são capazes
de mobilizar os actores e de conduzir ao futuro desejado.

Por último, o planeamento estratégico (ordenamento do território) estimula o diálogo


em torno do futuro de um território, conduz ao envolvimento da população e de vários
actores, pode ser um referencial para outras iniciativas de planeamento estratégico e
enquadra/propõem orientações para outros planos de cariz territorial.

3. O planeamento Estratégico e o Desenvolvimento Local


A hipótese inicial do Desenvolvimento económico Local (DEL) consiste no pressuposto
de que os territórios dispõem de recursos económicos, humanos, institucionais locais e
de economias de escala que não são usadas e por outro lado a convicção de que existe
um consenso geral de que o capital humano é a verdadeira riqueza local, e ao mesmo
tempo factor de competitividade e de vantagem diferencial.

O processo DEL inicia-se através de um debate que se estabelece entre a população


local, as instituições, o sector privado, com o intuito de definir estratégias comuns
necessárias para o alcance de objectivos relacionados com o emprego e a geração de

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Formador: José Sete Mandlhate
rendimento, o combate à pobreza e à exclusão social e ainda o melhoramento da
competitividade territorial.
As boas práticas indicam que o desenvolvimento económico local deve ser sempre
guiado por uma estratégia. Idealmente, uma estratégia de DEL constituirá um
componente de um plano de desenvolvimento estratégico mais amplo, que inclui
componentes sociais e ambientais. A estratégia de DEL tem como foco o fortalecimento
da economia local e a construção de capacidade local. Uma estratégia de DEL
normalmente se estendem por um período de cinco a dez anos e inclui planos anuais de
implementação.

4. Os procedimentos para o processo de Planeamento Estratégico


O procedimento para planeamento é extremamente simples, uma vez que os conceitos
estejam bem dominados. O procedimento para planeamento prossegue de acordo com a
seguinte figura:

Figure 1: Procedimentos para o Planeamento

Do proposto, a parte mais delicada está na definição do cenário, que deve ter como base
dados concretos, e não observações empíricas. A criatividade do planificador deve se
expressar na hora de formular as metas e os objectivos da instituição ou organização,
através do cruzamento da matriz SWOT. Será útil recorrer-se ao brainstorming. (chuva
de ideias) Feedback (retorno) e meios de controle deverão sempre realimentar a
constante análise do processo, para certificar se os modelos que a instituição utiliza são
os mais adequados para a solução dos problemas.
Aplicação
O procedimento de planeamento deve ser executado pela mais alta gestão da instituição,
em conjunto com colaboradores dedicados. Este comité deve ser transparente e
amplamente discutido antes de ser definitivamente estabelecido, para que não haja
nenhum tipo de constrangimento de relacionamento entre os colaboradores.

Toda documentação que o procedimento de planeamento gerar deverá ser amplamente


divulgada para toda a instituição, evitando assim qualquer tipo de falha de comunicação,
salvo quando o material tiver necessidade de ser secreto. Geralmente as fraquezas das
instituições são guardadas a sete chaves. Cada uma das etapas têm um método próprio
de trabalho, necessitando de um grupo diferente de profissionais, ou seja, o comité de
planeamento terá que ser refeito a cada etapa. A mais alta gestão da instituição deverá
acompanhar todo o processo de planeamento.

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5. O Processo de Planeamento Estratégico
São várias as literaturas que referem-se ao processo de Planeamento Estratégico.
Apresentamos aqui um exemplo que aponto para dez passos para efectivar o processo
de planeamento estratégico, designadamente:

a) Determinação da meta
O caminho pelo qual se deseja seguir é o ponto de partida do planeamento, e os
objectivos de comunicação que se deseja alcançar devem ser bem estabelecidos.

b) Análise da organização
É necessário conhecer bem a instituição, a organização a actividade que se pretende
avaliar, identificando de maneira detalhada quais são os pontos fortes e fracos.

c) Determinação da missão, visão e valores da corporação


A definição de missão, valores e visão da instituição, organização ou actividade que se
analisa devem ser totalmente conhecidas, permitindo que o planeamento siga de acordo
com tais políticas da organização.

d) Identificação do público-alvo
Para além da organização, deve ser analisado, também, o público com o qual se deseja
abordar; podendo definir os melhores caminhos para chegar aos principais objectivos.

e) Identificação dos objectivos da acção


Demanda de mercado, interesses e políticas de relacionamento com stakeholders devem
ser devidamente mapeados e identificados.

f) Dar importância à imprensa


A construção de um bom relacionamento com os profissionais da imprensa é essencial
para o sucesso de qualquer planeamento estratégico que tenha foco na comunicação.

g) Definição de objectivos, estratégias e metas


É fundamental ter estabelecidos quais são os objectivos que se deseja alcançar, quais
são as ferramentas que se possui para isso e em quais prazos isso deve ser realizado.

h) Planeamento da acção
Defina os planos que serão capazes de levar a empresa aos seus objectivos de maneira
detalhada.

i) Realização da monitoria
O Estabelecimento de Cronogramas pode ser uma boa opção para avaliar o andamento
dos planos que estão sendo postos em prática.

j) Avaliação dos resultados


A partir do controle do planeamento, é possível avaliar os resultados da sua estratégia;
modificando ou mantendo as acções que trouxeram bons ou maus resultados.

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Formador: José Sete Mandlhate

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