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Universidade Licungo

Faculdade de Ciências Tecnologias

Curso de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Humano

Amade Cinquenta

Maria Marlene Sulemane Braja

ORIENTAÇÕES, POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS PARA UM


TURISMO SUSTENTÁVEL

Beira
2022
Amade Cinquenta

Maria Marlene Sulemane Braja

ORIENTAÇÕES, POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS PARA UM


TURISMO SUSTENTÁVEL

Trabalho de Carácter Avaliativo da


cadeira de Turismo e Ambiente, 4º
ano, curso de Gestão Ambiental e
Desenvolvimento comunitário a ser
apresentado no departamento de
ciências Tecnologias

Docente: MA. Alberto Afonso Júnior

Beira
2022
Índice
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO...................................................................................................3

1.1 Contextualização..........................................................................................................3

1.2 Objectivos.....................................................................................................................4

1.2.1 Objectivo geral......................................................................................................4

1.2.2 Objectivos Específico...........................................................................................4

1.3 Metodologia.................................................................................................................4

CAPÍTULO II ORIENTAÇÕES, POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS PARA UM TURISMO


SUSTENTÁVEL........................................................................................................................5

2.1. Políticas Públicas para a sustentabilidade do Turismo em Moçambique.....................5

2.1.1. Políticas Públicas e Turismo.................................................................................5

2.1.2. Políticas públicas e desenvolvimento do turismo em Moçambique.....................7

2.2. Plano nacional do turismo..........................................................................................11

2.2.1. Estratégia de turismo...........................................................................................11

2.2.2. Contexto nacional dá estratégia de turismo........................................................12

2.2.3. Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo de Moçambique................14

2.2.4. Outros planos e iniciativas do sector de turismo................................................15

CAPÍTULO III CONCLUSÃO................................................................................................16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................17
3

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

O presente trabalho da cadeira de Turismo e Ambiente tem como principal foco o estudo
sobre as orientações, políticas e estratégias para um turismo sustentável, para tal foi
necessário uma análise critica e profunda para selecionar e trazer conteúdos de autores que
sustentam o tema acima citado.

De referirmos ante que existem vários conceitos do que seja Turismo. As Recomendações da
Organização Mundial de Turismo/Nações Unidas sobre Estatísticas de Turismo, definem-no
como "as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares
distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de
lazer, negócios e outros."

Por outro la, a sustentabilidade no turismo é um caminho incontornável e assumido com


crescente consciência pelos agentes do setor, à escala mundial. Significa que tem em conta as
necessidades dos visitantes, do setor e das comunidades e os seus impactes ambientais,
económicos e sociais no presente e no futuro.
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1.2 Objectivos

1.2.1 Objectivo geral

 Conhecer as orientações, políticas e estratégias para um turismo sustentável.

1.2.2 Objectivos Específico

 Identificar as orientações, política e estratégias para um turismo sustentável em


Moçambique;
 Analisar as políticas públicas para a sustentabilidade do Turismo em Moçambique
 Descrever os planos nacionais do turismo em Moçambique;

1.3 Metodologia

O trabalho foi desenvolvido mediante revisão bibliográfica por meio de pesquisa documental, em que
foram utilizados artigos académicos e periódicos que tratam do tema além de uma análise
pormenorizada de alguns dispositivos legais disponibilizados na internet. A revisão bibliográfica
consiste no levantamento e análises de dados já publicados sobre o problema definido no trabalho,
conforme lecciona (Marconi & Lakatos, 2009).

No mesmo sentido, (Marconi & Lakatos, 2009) considera que a “revisão é, sobretudo, um percurso
crítico que deve ter em mira a pergunta que se quer responder”. Assim, a revisão bibliográfica consiste
na revisão de obras escritas anteriormente e que tratam directamente sobre o assunto explorado.
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CAPÍTULO II ORIENTAÇÕES, POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS PARA UM


TURISMO SUSTENTÁVEL

2.1. Políticas Públicas para a sustentabilidade do Turismo em Moçambique

2.1.1. Políticas Públicas e Turismo

No desenvolvimento de qualquer atividade, num determinando espaço geográfico, faz-se


necessária a existência de políticas públicas, pois elas ajudam a regular os conflitos entre os
diversos intervenientes sociais, que têm, por natureza, contradições de interesses que não se
resolvem por si (TEIXEIRA, 2002). Para Araújo (2010, p. 14), política pública são leis e
estratégias criadas para beneficiar uma população, onde são feitos planos de novos projecto
em prol de melhorias que venham a beneficiar economicamente uma sociedade, criando novas
infraestruturas, serviços, e contribuindo, sobretudo, na geração de emprego e na melhoria na
vida social.

De acordo com Teixeira (2002, p. 2), políticas públicas “são diretrizes, princípios norteadores
de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e
sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado”.

Como refere Montejano (2011), a expressão política é compreendida em duas vertentes: a


macropolítica e a micropolítica. Desta forma, a política de desenvolvimento do turismo
enquadra-se na micropolítica ou política especializada, pois é uma parte da política que
estabelece as diretrizes de disposição, planeamento, promoção e controle da atividade turística
em um país (MONTEJANO, 2011). Em torno deste assunto, Araújo (2010, p. 14) citando
Cruz (2002, p. 40) explica que política pública de turismo “é compreendida como um
conjunto de finalidades, diretrizes e estratégias estabelecidas ou ações deliberadas no âmbito
do poder público, com objetivo geral de alcançar ou de dar continuidade ao desenvolvimento
da atividade turística local”.

Segundo Teixeira (2002), as políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e


implantação e também, em seus resultados, formas de exercício do poder político, envolvendo
a distribuição e redistribuição de poder, o papel do conflito social nos processos de decisão, a
repartição de custos e benefícios sociais. Os benefícios mencionados têm sido a razão de
conflitos em diferentes sociedades, apesar de não ser uma regra generalizada.
6

Sendo o poder uma relação social que envolve vários atores com projecto e interesses
diferenciados e em algumas vezes contraditórios, há uma maior necessidade de mediações
sociais e institucionais, para que se possa obter um mínimo de consenso e, assim, as políticas
públicas possam ser legitimadas e obterem a eficácia projetada/desejada.

Para Teixeira (2002, p. 2)

Elaborar uma política pública significa definir quem decide o quê, quando, com que
consequências e para quem. São definições relacionadas com a natureza do regime político em
que se vive, com o grau de organização da sociedade civil e com a cultura política vigente.
Nesse sentido, cabe distinguir “políticas públicas” de “políticas governamentais”. Nem sempre
“políticas governamentais” são públicas, embora sejam estatais. Para serem “públicas”, é
preciso considerar a quem se destinam os resultados ou benefícios, e se o seu processo de
elaboração é submetido ao debate público.

Na perspectiva de Beni (2002, p. 110) citando Edgell (1987), “o êxito futuro da atividade
turística dependerá enormemente das políticas formuladas pelo Estado para administrar seu
desenvolvimento, crescimento e maturidade”, observando-se, desta forma, a relevância das
políticas públicas no desenvolvimento dos territórios turísticos. Teixeira (2002, p. 3), aborda
que as políticas públicas têm os seguintes objetivos:

[...] responder a demandas, principalmente dos sectores marginalizados da sociedade,


considerados como vulneráveis. Essas demandas são interpretadas por aqueles que ocupam o
poder, mas influenciadas por uma agenda que se cria na sociedade civil através da pressão e
mobilização social. [...] ampliar e efetivar direitos de cidadania, também gestados nas lutas
sociais e que passam a ser reconhecidos institucionalmente. [...] objetivam promover o
desenvolvimento, criando alternativas de geração de emprego e renda [...] para regular
conflitos entre os diversos atores sociais que, mesmo hegemónicos, têm contradições de
interesses que não se resolvem por si mesmas [...], (TEIXEIRA, 2002, p. 3).

De forma específica, no sector do turismo, as políticas têm como objetivo “ […] ordenar o
desenvolvimento da atividade turística”, isto é, “ […] alcançar e dar continuidade ao pleno
desenvolvimento da atividade turística num dado território” (MELLO, 2001, p. 40 citado por
ARANA, 2004, p. 3).
7

Shuraiki (2002, p. 276) divide os objetivos das políticas de turismo em três grupos: objetivos
económicos, socioculturais e ambientais. Este autor sustenta que: (1) os objetivos económicos
assentam na melhoria da balança de situação de pagamento, no desenvolvimento regional, na
diversificação da economia, nos níveis de aumento da renda e das receitas do Estado e nas
novas oportunidades de emprego; (2) os objetivos socioculturais buscam:

[…] Maximizar os benefícios socioculturais do turismo (tais como: intercâmbio cultural,


revitalização de artesanato tradicional e cerimónias, desenvolvimento rural, etc.) […] proteger
o bem-estar social dos indivíduos, minimizando os efeitos socioculturais adversos do turismo
(tais como: deterioração da importância histórica e sítios arqueológicos, degradação social, a
superlotação de turistas, perda de conveniência para os moradores locais, etc.).

E, por fim, (3) os ambientais que almejam controlar os impactos ambientais do turismo, tais
como a poluição e outros danos ambientais e problemas de uso do solo decorrentes da falta de
planeamento/ordenamento, a criação e engenharia de atrações turísticas e instalações.

2.1.2. Políticas públicas e desenvolvimento do turismo em Moçambique

Desde a data da proclamação da independência nacional de Moçambique, no dia 25 de junho


de 1975, o governo mostrou preocupação com o desenvolvimento económico do país, em
particular do turismo. Neste sentido, foram elaborados e publicados, na escala local,
provincial e nacional, vários projecto, programas, Leis, decretos, entre outros instrumentos
públicos com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento desta atividade.

Na Tabela a seguir, encontram-se arroladas algumas das políticas públicas do turismo criadas,
direta ou indiretamente, para impulsionar o desenvolvimento da atividade turística desde o
ano da independência.
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TÍTULO OBJETIVO PERÍODO


Regulamento de transportes em automóveis. Regulamentar os transportes em automóveis tendo em conta a atual estrutura 1989
Decreto n.º 24/1989 de 08 de agosto administrativa e exigência política, económica e social da República Popular de
Moçambique.
Jogos de diversão social. Lei n.º 9/1994 de Institucionalizar a prática de jogos com caráter eminentemente social. 1994
14/9.
Resolução n.º 10/1995 de 17/10. Aprovar a Política Nacional de Terras e as respectivas estratégias de 1996
implementação.
Política e estratégia desenvolvimento de Geração de benefícios económicos e sociais da atual e futura geração; 1997
florestas e fauna bravia. Resolução n.º 8/1997 envolvimento de pessoas dependentes dos recursos florestais na planificação e
de 1/04. seu aproveitamento sustentáve
Projecto MOZBIO - Políticas de salvaguarda Conservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais nas Áreas de 1997
Conservação Transfronteiriça e a promoção do crescimento e desenvolvimento
económico, baseado no uso sustentável de recursos naturais nas comunidades
locais, com particular ênfase no ecoturismo
Decreto Presidencial n.º 1∕2000, de 17/1. Extingue o Ministério de Indústria, Comércio e Turismo e Cria o Ministério do 2000
Turismo.
Política de Turismo e Estratégia da sua Impulsionar a promoção e desenvolvimento do turismo como motor de 2003
Implementação. crescimento e no engajamento dos sectores públicos e privados bem como das
comunidades em tornar a oferta de serviços, nesta área, uma realidade.
Lei do Turismo nº 4/2004 de 17 de junho Estabelece o quadro legal para o fomento e exercício das atividades turísticas. 2004
Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Fixar prioridades específicas, definir produtos e mercados, identificar Áreas 2004
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Turismo em Moçambique (2004- 2013). Prioritárias para o Investimento em Turismo (APIT) e focalizar os recursos
necessários.
Regulamento de alojamento turístico, Reger as condições e procedimentos para licenciamento e funcionamento das 2005
restauração e bebidas. Decreto n.º 40/2005 de atividades turísticas de alojamento turístico e restauração e bebidas.
30/8.
Regulamento das agências de viagem e Reger o licenciamento e o funcionamento das agências de viagem e turismo bem 2005
turismo e profissionais de informação como a autorização do exercício da atividade profissional de informação turística.
turística. Decreto n.º 41/2007 de 30/8
Regulamento do mergulho amador. Decreto Estabelecer normas relativas ao exercício da atividade de mergulho amador nas 2006
n.º 44/2006 de 29/11 águas jurisdicionais moçambicanas
Regulamento de alojamento turístico, Reger as condições e procedimentos para o licenciamento e funcionamento das 2007
restauração e bebidas e salas de dança. atividades turísticas bem como o sistema de classificação incluindo o órgão
Decreto nº 18/2007 de 07/8 regulador e de gestão, o cadastro e o sistema de informação.
Regulamento de direito de habitação Estabelecer o regime jurídico aplicável a constituição, exercício, transmissão e 2007
periódica. Decreto nº 39/2007 de 24/8 extensão dos direitos de habitação periódica assim como definir as normas e
procedimentos para o licenciamento de empreendimentos turísticos e imobiliários
em regime de habitação periódica
Regulamento de animação turística. Decreto Estabelecer o regime jurídico aplicável ao exercício da atividade de animação 2007
nº 40/2007 de 24/8. turística.
Regulamento de transportes turísticos. Estabelecer o regime jurídico aplicável ao exercício da atividade de transportes 2007
Decreto n.º 41/2007 de 24/8. turísticos.
Regulamento das zonas de interesse turístico. Estabelecer o regime jurídico da declaração das zonas de interesse turístico (ZIT) 2009
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Decreto n.º 77/2009 de 15/12. e fixa os seus efeitos, sem prejuízo das normas específicas estabelecidas na
declaração de cada zona.
Regulamento da lei de jogos de fortuna ou Regulamentar a lei n.º I ∕ 2010, de 10 de fevereiro. 2010
azar. Decreto n.º 64/2010 de 31/12.
Regulamento de alojamento turístico, Reger as condições e procedimentos para o licenciamento e funcionamento das 2014
restauração e bebidas e salas de dança. atividades turísticas bem como o sistema de classificação incluindo o órgão
Decreto nº 18/2007 de 07/8. regulador e de gestão, o cadastro e o sistema de informação.

Conjunto de políticas públicas de turismo em Moçambique (1975-2014). Fonte: MOÇAMBIQUE, 2015.

Diante do exposto, na Tabela, verifica-se que em Moçambique, nas diferentes escalas, existem instrumentos que orientam o desenvolvimento do
sector do turismo. Importa clarificar que quando determinada Lei ou regulamento não existe numa escala territorial mais baixa.
11

2.2. Plano nacional do turismo

2.2.1. Estratégia de turismo

Em apoio a Política de Turismo e Estratégia para sua Implementação, o então Ministério do


Turismo (MITUR) adoptou em 2004, o “Plano Estratégico para o Desenvolvimento do
Turismo em Moçambique (PEDTI)1”, como primeira estratégia do turismo com um horizonte
de 10 anos. O PEDTI definiu a natureza e as directrizes para o desenvolvimento do turismo ao
longo da última década, almejando até 2025, alcançar mais de 4 milhões de turistas por ano
(PEDT2004-2013).

Havendo necessidade de assegurar o seguimento do PEDTI e garantir o crescimento contínuo


do turismo, é essencial que um plano estratégico actualizado seja desenvolvido para orientar o
crescimento da indústria ao longo dos próximos dez anos.

O objectivo geral do presente Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo


(PEDT II) é de fornecer ao Ministério da Cultura e Turismo (MICULTUR), uma estratégia
para o crescimento do turismo com um plano de acção cuja implementação leve ao
desenvolvimento da área do turismo como vector fundamental para o rápido
crescimento económico e a geração de emprego durante o período de 2015 a 2024, em
apoio ao Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluto (PARP) do Governo.

Mais especificamente, os objectivos são de promover a indústria do turismo a partir dos níveis
que se atingiram até 2013, designadamente:

 Incrementar o número de turistase receitas com vista a promover o crescimento


económico e o PIB per capita;
 Diversificar as atracções e serviços turísticos do País, a fim de acomodar um maior
número de viajantes sem reduzir a sustentabilidade e a qualidade ambiental dos
destinos turísticos;
 Estabelecer firmemente a Marca Moçambique como o destino mais atractivo para uma
experiência autêntica de sol e praias e da natureza Africanas, complementadas por
uma gama de opções de atractivos relacionados com a vida selvagem, aventura,
cultura e muito mais;
 Maximizar a geração de emprego e usar o turismo como uma ferramenta para o
desenvolvimento de recursos humanos e de redução da pobreza.
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A formulação do plano estratégico baseou-se num método participativo que consistiu na


auscultação às partes interessadas e operadores do sector público e privado, um
seminárionacional de auscultação e semináriosde auscultação dos parceiros locais nas capitais
provinciais visitadas.

A metodologia adoptada para a elaboração do PEDT II teve o suporte de um grupo de


trabalho do sector da cultura e turismo, com o suporte técnico de uma equipa multidisciplinar
de especialistas, orientada pela Organização Mundial do Turismo (OMT) e o envolvimento de
outros especialistas de instituiçõesdo sector público e privado.

2.2.2. Contexto nacional dá estratégia de turismo

Moçambique é rico em recursos naturais. De acordo com as estimativas nacionais, o País


abarca mais de 5.500 plantas, 220 mamíferos e 690 espécies de aves, muitas das quais
endémicas. As principais atracções estão ao longo da linha costeira de Moçambique com
2.700km 2com praias de palmeiras, lagoas e ilhas, incluindo os arquipélagos de Bazaruto e das
Quirimbas, extensos recifes de coral, parques nacionais e reservas que estão sendo
repovoados com uma variedade de fauna bravia. De uma área total de 780.000 km 2, e 87.000
2
km de áreas protegidas (11,1%), o País é povoado, com grandes áreas de terra não
exploradas. A mistura de influências Africana, Árabe e Portuguesa do País é evidente na
vibrante vida nocturna e na gastronomia.

A despeito das contrariedades naturais e sócio-políticos. a economia de Moçambique


continuou a ser uma das mais dinâmicas do continente em 2013, registando uma taxa de 7%
de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) e impulsionada principalmente pelo
investimento directo estrangeiro (IDE) liderado pelos recursos minerais e aumento das
despesas públicas. O País possui vastos recursos minerais e a descoberta recente de grandes
depósitos de carvão e gás atrairam o interesse de investimento estrangeiro. A grande expansão
de recursos promoveu grandes investimentos em infraestruturas mais fracas do País tais como
estradas, rede ferroviária, portos e a expansão dos aeroportos, desenvolvidos em torno dos
grandes corredores logísticos (Maputo, Beira e Nacala) queservem à exportação do carvão e
ligam com os Países do hinterland.
13

Apesar da tendência de crescimento económico global, a economia moçambicana apresenta


uma transformação estrutural limitada. A sua natureza de capital intensivo não gera emprego
suficiente para dar oportunidades a população jovem em rapido crescimento. Enquanto o
crescimento na exportação de recursos constitui uma notícia bem-vinda pode conduzir a
certos desafios de gestão futura. Outros Países de baixa renda com uma grande posse de
recursos naturais enfrentaram três grandes ameaças com a explosão da exploração desses
recursos2tais como (i) grandes oscilaçõesde renda e crescimento per capita; (ii) movimento de
mão-de-obra e capital para sectores não comerciaisem expansão em detrimento dos sectores
comerciáveis sem recursos; e (iii) um impacto adverso da qualidade de instituições e aumento
de tendências de corrupção.

Várias políticas e práticas poderiam ser consideradas para mitigar potenciais impactos
económicos negativos da explosão de recursos do que o esperado, a ser o mais importante, o
investimento doméstico para a diversificação económica. Vários Países ricos em recursos
naturais no Oriente Médio, em particular Abu Dhabi, Dubai e Qatar, e em outros lugares têm
demonstrado o poder e viabilidade de diversificação das suas economias de re-investir
grandes receitas de recursos no sector do turismo.

Além disso, as concessões mineiras actuais e potenciais poderiam ter, e já tiveram, um grande
impacto nos recursos naturais e os próximos 10 anos serão cruciais para determinar se
Moçambique é capaz de encontrar um equilíbrio entre os benefícios económicos e assegurar
uma alta qualidade, ambiente sustentável e oportunidades para as gerações futuras.

Usar o turismo como um mecanismo para a diversificação e crescimento da economia


proporciona muitos benefícios, incluindo o aumento das receitas fiscais, criação de empregos,
oportunidades para pequenas e médias empresas, desenvolvimento de competências, a
sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento económico local, em especial, quando os
bens e serviços são produzidos localmente. Dados os excepcionais recursos naturais e
culturais de Moçambique não há dúvida de que o turismo é uma das opções mais realistas e
viáveis para diversificar a economia durante a próxima década e para a mitigação dos
potenciais desafios que emanam da expansão actual de recursos.
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2.2.3. Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo de Moçambique

A maioria das constatacõese estratégias contidas no PEDTI continuam válidas, com


destaque para as seguintes:

O processo de planificação estratégica estruturadaseguido no PEDT I, estabelecendo


uma visão para o crescimento do turismo, destacando os mercados-alvo e apresentando uma
abordagem estratíficada para o desenvolvimento de recursos e produtos turísticos. O
PEDTIidentificou uma série de factores de base não-negociáveis para o crescimento do
turismo, incluindo, a boa qualidade de infra-estruturas, o conhecimento do turismo, os
recursos humanos, um quadro institucional adequado, a segurança e os recursos
financeiro,bem como três processos chave de implementação a ser abordados
simultaneamente, a saber:

a) A planificação de desenvolvimento integrado;


b) A melhoria de produtos e serviços e ;
c) Melhoria de marketing e vendas. Ao nível de desenvolvimento espacial, procurou
expandir o turismopor meio de três abordagens principais, ou seja, o desenvolvimento
de Áreas Prioritárias para Investimento em Turismo (APITs), desenvolvimento de
Áreas de Conservação Transfronteira (ACTFs) e rotas de desenvolvimento e
Circuitos.

A avaliação do sector empresarial e as evidencias disponíveis indicam que apesar do


significativo progresso alcançado na institucionalização do turismo nos últimos 10 anos, a
implementação do PEDT I mostrou-se um grande desafio. A implemetação foi avaliada pelo
sector privado comoabaixo da média5de uma forma geral.

Apesar desses desafios aspectos positivos foram registados na actuação do Governo através
do Ministério responsável pelo turismo, suas unidades orgânicas e tuteladas com a
produção e aprovação de vários regulamentos destinados a ordenar o sector e o desenho e
realização de vários programas de turismo para impulsionar investimentos, tais como o
Programa Âncora de Investimentos Turísticos e o Programa Arco Norte e o Programa das
Áreas de Conservação Transfronteiriças (ACTF) que se pode considerar o que mais
sucessos apresentou com a consolidação das áreas de conservação entre vários países
no que é também designado de Parques da Paz (Peace Parks).
15

Este PEDTM II oferece uma oportunidade para se estabelecer, com base no PEDTI
tomando um novo olhar sobre a situação actual do turismo, priorizando as actividades
específicas de crescimento do turismo e garantir a sua implementação e monitoria.

2.2.4. Outros planos e iniciativas do sector de turismo

Nos últimos cinco anos,vários planos de turismo aos diferentes níveis foram formulados e
adoptadospor exemplo para os destinos turísticos de Vilankulo, Inhambane, Sussundenga
e Manica. Estes planos são todos compreensivos e de boa qualidade.

Há no entanto pouca evidência sobreprogresso significativo alcançado na


implementação das recomendações contidas nesses planos, entre outras devido aos factores
seguintes:

 Planos ambiciosos e complexos;


 Falta de capacidade dos principais protagonistaslocais para liderara implementação;
 Limitada integração dos programas do turismo nos planos de desenvolvimento locais;
 Fraco envolvimento e participação dos operadores privados na execução do plano;
 Deficiente coordenação e comunicação entre os vários intervenientesresponsáveis pela
realização das actividades interinstitucionais.
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CAPÍTULO III CONCLUSÃO

Chegando ao fim do trabalho concluímos que a sustentabilidade do turismo reflete de uma


política e estratégia de desenvolvimento econômico e social contínuo, sem prejuízo do
ambiente e dos recursos naturais, de cuja qualidade depende a continuidade da atividade
humana e do desenvolvimento. A sustentabilidade envolve cinco eixos fundamentais e
complementares, a saber: econômico, cultural, social, ambiental e político que devem ser
contemplados com equilíbrio e igualdade por parte dos setores público e privado, a fim de
garantir o bem-estar da população.

Concluímos ainda que o plano de turismo é importante por organizar e definir as estratégias
de desenvolvimento turístico de um destino. Uma forma de se definir os caminhos e
apresentar a política e a estratégia de desenvolvimento turístico de um destino é a construção
de um plano de turismo. As principais etapas de um Plano Municipal de Desenvolvimento
Turístico são: o diagnóstico; o prognóstico; os objetivos e metas; as estratégias; as propostas;
a implantação das ações; e a avaliação continuada.

De referirmos ainda que a finalidade do planeamento turístico está em ordenar as ações


humanas sobre uma localidade turística, bem como direcionar a construção de equipamentos e
facilidades, de forma adequada, evitando efeitos negativos nos recursos que possam destruir
ou afetar sua atratividade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANA, A. R. A.; FAVARETO, G. T0.; VALENTIN, B. J. N. O turismo e o poder público:


um estudo sobre a represa “Laranja doce” no município de Martinópolis-SP. Disponível
emhttps://www.unoeste.br/site/CursoGraduacao/cursos/32/documentos/
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ARAÚJO, Suelene C. Desenvolvimento Endógeno e Turismo Comunitário: a Comunidade


Cachoeira. Disponível em http://monografias.brasilescola.com/turismo/desenvolvimento-
endogeno-turismo-comunitario-comunidade-cachoeiranova.htm. Acesso em: 18/10/2022.

BENI, Mário C. Análise estrutural do turismo. 7ª Ed. São Paulo: Editora Senac. São Paulo,
2002.

CRUZ, R. C. Políticas de turismo e território. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2002.

EDGELL, D. L. “The Formulation of Tourism Policy: a Managerial Framework”, In:


RITCHIE, J. R. B. & GOELDNER. Travel Tourism and Hospitality Research, nova York:
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MOÇAMBIQUE. Assembleia da República de Moçambique. Conjunto de Leis aprovados na


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http://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Governo/Legislacao. Acesso em: 18/10/2022.

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Moçambique (2004-2013), MITUR. 2004

MONTEJANO, Jordi M. Estrutura do Mercado Turístico. 2ª Edição São Paulo. Roca, 2001.

SHURAIKI, Tarafa. Tourism policy. 2002. p. 274-283. Disponível em:


http://www.instytut.info/images/stories/ksiazki_polecane/08_polityka_gospodarcza_5-6/
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TEIXEIRA, E. C. O papel das políticas públicas no desenvolvimento local e na transformação


da realidade. Revista AATR, 2002.

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