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Evento: XXV Jornada de Pesquisa

ODS: 8 - Trabalho decente e crescimento econômico


A GESTÃO SOCIAL E A GOVERNANÇA TERRITORIAL PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA EXPERIêNCIA LOCAL1
SOCIAL MANAGEMENT AND TERRITORIAL GOVERNANCE FOR SUSTAINABLE
DEVELOPMENT: A LOCAL EXPERIENCE
Sandra Regina Albarello2, Marcia Formentini3, Sergio Luis Allebrandt4, Enio Waldir da
Silva5, Pedro Carlos Rasia6, Simone Batezini Friederichs7
1
Pesquisa realizada a partir do projeto de extensão Gestão Social e Cidadania, vinculado ao DACEC, DCVida e DCJS
2
Professora e Extensionista do projeto Gestão Social e Cidadania, vinculado ao Departamento de Ciências Administrativas,
Contábeis, Econômicas e da Comunicação ? DACEC
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Professora e Extensionista do projeto Gestão Social e Cidadania, vinculado ao Departamento de Ciências Administrativas,
Contábeis, Econômicas e da Comunicação ? DACEC
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Professor Doutor Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Coordenador do Projeto Gestão
Social e Cidadania vinculado ao Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação ? DACEC
5
Professor Doutor e Extensionista do Projeto Gestão Social e Cidadania vinculado ao Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais -
DCJS
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Administrador e Extensionista Voluntário externo do projeto de Gestão Social e Cidadania
7
Professora Municipal e Coordenadora Geral do Parque da Pedreira

Resumo

Este artigo tem por objetivo destacar as ações de extensão promovidas do projeto Gestão Social e
Cidadania, aplicada em uma comunidade local. Destacaremos então os conceitos utilizados: Gestão
Social. Governança Territorial e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a metodologia e
os resultados preliminares destas ações. A metodologia adotada para o projeto de extensão está
fundamentada na pesquisa-ação. No caso do projeto Gestão Social e Cidadania, além de serem
usados documentos disponibilizados pelo poder público municipal referente à infraestrutura do
Parque da Pedreira1, dos bairros do entorno e da comunidade, há o uso também dos dados orais
oriundos de atividades dialogada com atores sociais e agentes, pois é fundamental que todos os
envolvidos tenham possibilidade de compreender o tema em estudo, abrindo espaços para reflexões
de entendimentos para orientar ações de resultados. O projeto se desenvolveu neste primeiro
semestre de 2020 com foco de atuação voltado ao desenvolvimento sustentável da comunidade do
entorno do Parque da Pedreira de Ijuí, ações de apoio e participação da criação de um Comitê Gestor
para trabalhar com a comunidade e na discussão sobre políticas públicas para o local. Como um dos
primeiros resultados, além de conhecermos os conceitos, os métodos de ações e as aproximações
do objeto, fizemos a elaboração de um instrumento de coleta de dados que busca aprofundar o
conhecimento sobre a comunidade, suas necessidades e expectativas em relação ao uso e exploração
do parque. As ações efetivas no local serão os novos passos a serem executadas nos próximos anos.
Este é um relato considerado importante nesta fase inicial, como forma de comunicar as ações que
estão sendo desenvolvidas.

Abstract: This article aims to highlight the extension actions promoted by the Social Management
and Citizenship project, applied in a local community. We will then highlight the concepts used:
Social Management. Territorial Governance and the Sustainable Development Goals, the
methodology and preliminary results of these actions. The methodology adopted for the extension

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project is based on action research. In the case of the Social Management and Citizenship project,
in addition to using documents made available by the municipal government regarding the
infrastructure of Parque da Pedreira1, the surrounding neighborhoods and the community, there is
also the use of oral data from activities dialogued with social actors and agents, because it is essential
that everyone involved has the possibility to understand the topic under study, opening spaces for
reflections of understandings to guide actions of results. The project was developed in the first half
of 2020 with a focus on the sustainable development of the community surrounding the Parque da
Pedreira de Ijuí, support actions and participation in the creation of a Steering Committee to work
with the community and in the discussion of public policies to the location. As one of the first
results, in addition to knowing the concepts, methods of actions and approximations of the object,
we elaborated a data collection instrument that seeks to deepen the knowledge about the community,
its needs and expectations regarding the use and exploration of the park. Effective actions at the site
will be the new steps to be taken in the coming years. This is an account considered important in this
initial phase, as a way of communicating the actions that are being developed.

Palavras Chaves: Gestão Social e Governança Territorial, Objetivos do Desenvolvimento


Sustentável, Extensão Universitária.

Keywords: Social Management, Territorial Governance, Sustainable Development Goals,


University Extension.

INTRODUÇÃO

Em um país cujas desigualdades são muitas, há uma necessidade crescente de entidades civis e
poderes públicos desenvolverem ações que visem mitigar essas diferenças. Desta forma, o presente
artigo busca discutir a gestão social compartilhada como um mecanismo de apoio ao
desenvolvimento de comunidades menos favorecidas.

No contexto da análise também, a extensão universitária deve ser pensada como uma forma de
“contribuir mais diretamente na solução de problemas sociais expressos nos diálogos com a
comunidade e com o governo” (CARBONARI, PEREIRA, 2015). Preocupados com uma maior
inserção nas comunidades próximas da Universidade, o projeto de Gestão Social e Cidadania da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí, foi designado, no ano
de 2019, para desenvolver uma proposta que estivesse envolvida com o processo de desenvolvimento
social, econômico, ambiental, cultural e esportiva da Comunidade conhecida como Parque da
Pedreira. Assim, neste artigo busca-se debater a concepção de Gestão Social, Governança Territorial,
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e Desenvolvimento Local, temas que fundamentam
as ações articuladas pelo projeto de extensão Gestão Social e Cidadania junto à comunidade do
Parque da Pedreira (Ijuí), estrutura recentemente construída pelo Município de Ijuí, com recursos do
Governo Federal. A atuação da equipe do projeto será em parceria com o poder público municipal,
com entidades privadas e entidades civis organizadas. Para uma clareza do trabalho a ser realizado
foram definidos objetivos específicos que estão focados em: a) Participar e apoiar a constituição de
um Comitê de Governança Territorial protagonizado pelo Poder Executivo envolvendo um conjunto
de entidades e instituições de Ijuí; b) Reunir as potencialidades da universidade, a partir da extensão,
para promover ações articuladas (organização comunitária, educação ambiental, artístico cultural,
esportiva e recreação, cidades inteligentes e sustentáveis, economia solidária e de cidadania; c)

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Viabilizar estratégias de aproximação e comunicação com a população do território; d) Realizar
e sistematizar diagnóstico e mapeamento preliminar da situação dos moradores do território; e)
Construir estratégias para realizar metas e ações em rede de parceria, adaptadas aos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentáveis.

O desenvolvimento do projeto justifica-se pela capacidade instalada junto as estruturas vinculadas


às diversas áreas do conhecimento e pela proximidade da Universidade desta comunidade,
considerando principalmente a necessidade de intervenção para promover uma melhor qualidade de
vida para a população ali residente. A comunidade é constituída no seu entorno por indivíduos e
grupos menos favorecidos e com questões sociais, de segurança, de empregabilidade, de educação e
de saúde que requerem a atenção do estado e da sociedade civil.

É importante lembrar que a responsabilidade pela ordem social passa a ser de todos, pois se quero
ter segurança e felicidade para mim e para a minha família, preciso cuidar dos outros. Não se
trata de serviço de policiamento, que é tão importante em toda a sociedade, mas de promoção
de empoderamento de indivíduos e grupos para que estes sejam capazes de resolver problemas
que lhes afetam. Para o debate são apresentados conceitos sobre gestão social, os objetivos do
desenvolvimento sustentável, governança territorial e desenvolvimento, bem como a metodologia
que norteia o projeto de extensão Gestão Social e Cidadania.

RESULATADO E DISCUSSÕES

Vamos destacar aqui os conceitos discutidos, a metodologia e traçar algumas considerações sobre os
resultados preliminares.

1-GESTÃO SOCIAL

A gestão Social pode ser compreendida como um modo próprio, pois não se caracteriza como gestão
privada ou do Estado, no entanto, se relaciona com estas instituições. Estas formas ocorrem,

através de variadas formas de parcerias para consecução de projetos. Este é


o espaço próprio da chamada sociedade civil, portanto uma esfera pública
de ação que não é estatal. As organizações atuando neste âmbito, que são
sobretudo associações, não perseguem objetivos econômicos. O econômico
aparece apenas como um meio para a realização dos fins sociais, que podem
definir-se também em termos culturais (de promoção, resgate ou afirmação
identitária etc.), políticos (no plano de uma luta por direitos etc.) ou
ecológicos (em termos de preservação e educação ambiental etc.), a depender
do campo de atuação da organização. É exatamente esta inversão de
prioridades em relação à lógica da empresa privada que condiciona a
especificidade da gestão social. Na prática, entretanto, o exercício de uma
gestão social não ocorre sem dificuldades e muitos são os desafios que se
impõem. (FRANÇA FILHO, 2003, p. 4)

A Gestão Social embasada na razão comunicativa, no agir comunicativo dos atores envolvidos,

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“enfatiza a ação gerencial dialógica, participativa; o processo decisório é exercido por meio dos
diferentes sujeitos sociais; baseada no entendimento mútuo entre os atores/sujeitos, na harmonização
interna dos planos de ação pelos atores; exige a presença do discurso argumentativo sujeito às três
pretensões de validade: veracidade, correção normativa e autenticidade”.(ALLEBRANDT, 2013, p.
2).

Com a ação gerencial dialógica, a autoridade decisória, na Gestão Social, “é compartilhada entre os
participantes da ação (ação que possa ocorrer em qualquer tipo de sistema social – público, privado
ou de organizações não governamentais). O adjetivo social qualificando o substantivo gestão será
entendido como o espaço privilegiado de relações sociais no qual todos têm o direito à fala, sem
nenhum tipo de coação” (TENÓRIO, 2005, p. 102)

A definição de gestão social vai estar apoiada na compreensão da inversão dos seguintes papéis:
Estado-sociedade, capital-trabalho e mercado-sociedade para sociedade-Estado, trabalho-capital e
sociedade-mercado, ou seja, a sociedade passa a figurar como foco principal nas relações com os
demais segmentos. (ALLEBRANDT, 2013, p.2).

Nesta nova dinâmica, a interação entre Estado, mercado e sociedade civil precisa ser articulada para
uma divisão de poder entre esses segmentos. Com a divisão igualitária de poder, a sociedade passa a
assumir o protagonismo no processo de articulação, de forma empoderada e corresponsável.

Desta forma, para se pensar “a gestão social do desenvolvimento local/regional sem articular os
conceitos de participação, cidadania, democracia e descentralização, já que os mesmos estão
imbricados nas práticas sociais desenvolvidas tanto pelos governos como pela sociedade civil e,
por isso, desconsiderar um deles ou tomar um pelo outro pode gerar entendimentos parciais”
(ALLEBRANDT, 2013, p.3)

2-GOVERNANÇA TERRITORIAL

A partir de discussões realizadas, autores vêm buscando aproximar os conceitos referentes a Gestão
Social e Governança Territorial. Os adjetivos social e territorial foram ressaltados como ponto de
partida, compreendendo território como espaço das relações sociais entre agentes, os quais interagem
num contexto condicionado pelos atores sociais com interesse local. (CANÇADO, TAVARES,
DALLABRIDA, 2013, p.315)

A concepção de Governança Territorial na perspectiva de regiões mesmo que de espaços territoriais


menores precisa ser trabalhada por considerar:

O exercício do poder e autoridade, por parte dos cidadãos ou grupos


devidamente articulados nas suas instituições e organizações regionais, no
gerenciamento dos recursos na escala local/regional, implica na
implementação de um processo de concertação social regional. Trata-se do
processo mais amplo de articulação dos atores/agentes locais/regionais na
definição do padrão de desenvolvimento almejado e dos objetivos a serem
alcançados, para, a partir do diagnóstico da realidade, definir prioridades
no tempo e no espaço, atribuir responsabilidades entre os grupos ali

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representados e definir ações estratégicas para dinamizar suas
potencialidades e superar seus desafios” ( DALLABRIDA; BECKER (2013,
p, 94).

A Governança territorial pode ser compreendida, na análise de DALLABRIDA, 2013b Apud


CANÇADO, TAVARES E DALLABRIDA (2013, p 329-330) como:

processo de planejamento e gestão de dinâmicas territoriais, priorizando


uma ótica inovadora, partilhada, colaborativa e relações não hierárquicas,
em associação entre Estado, entidades sindicais, associações empresariais,
centros universitários e de investigação, municípios e representações da
sociedade civil, fundamentado num papel insubstituível do Estado, numa
concepção qualificada de democracia e num maior protagonismo da
sociedade civil, objetivando acordar uma visão compartilhada para o futuro e
o desenvolvimento territorial

Para as comunidades com importantes ativos locais, mas ao mesmo tempo com desigualdades,
problemas relacionados à segurança, educação, saúde, trabalho e renda, a articulação entre Estado,
Mercado e Sociedade é fundamental principalmente na perspectiva da implementação de um
processo de concertação social para o planejamento, definição de estratégias que visem o
desenvolvimento almejado, tendo como base uma qualificada concepção de democracia, com maior
protagonismo da sociedade civil.

3-OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A partir dos bons resultados obtidos com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, na


Assembleia Geral das Nações Unidas de 2015 foram estabelecidos os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), por meio de uma agenda para 2030. O processo Liderado pela ONU envolveu os
Estados Membros e a sociedade civil global.

A Agenda 2030, elaborada pelas Assembleia Geral das Nações Unidades, contém 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, são eles:

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares Objetivo; 2.
Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura
sustentável; Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas
as idades; Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; Objetivo 5. Alcançar a igualdade
de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas; Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e
gestão sustentável da água e saneamento para todos; Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável,
sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos; Objetivo 8. Promover o crescimento
econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para
todos; Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e
sustentável e fomentar a inovação; Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre
eles; Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes
e sustentáveis; Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis; Objetivo
13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos; Objetivo 14.

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Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o
desenvolvimento sustentável; Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e
reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade; Objetivo 16. Promover sociedades
pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos
e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; Objetivo 17. Fortalecer
os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
(NAÇÕES UNIDAS, AGENDA 2030),

Para uma melhor compreensão dos ODS, cada um dos objetivos foi detalhado em metas para auxiliar
no alcance dos objetivos. A criação desta agenda comum a todos os países, setores privados e
públicos e a população em geral, orientam as ações individuais e coletivas na busca de um mundo
melhor para todos mais justo, igualitário, que proporcione qualidade de vida a todos. Neste sentido,
há um esforço de muitas instituições de nortearem suas práticas para atividades que apoiem e
contribuam nesta agenda.

Um aspecto importante a ser destacado da agenda 2030 é que os Objetivos são integrados,
indivisíveis e equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social
e a ambiental (NAÇÕES UNIDAS, AGENDA 2030). A abrangência de metas possibilita a todas as
entidades e pessoas de alguma forma contribuírem.

A integração dos conceitos relacionados a Gestão Social, Governança Territorial aos Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável devem ser os principais norteadores dos projetos de extensão
propostos pelas Universidades, considerando o protagonismo no desenvolvimento sustentável e na
superação de todas as formas de desigualdades.

4-METODOLOGIA

Uma das metodologias adequadas para trabalhar em rede na perspectiva da teoria da Governança
é a Pesquisa Ação-Participante. Esta metodologia, no caso do projeto Gestão Social e Cidadania,
também usará documentos disponibilizados pelo poder público municipal referente a infraestrutura
do Parque da Pedreira, dos bairros do entorno e da comunidade. O amplo uso dos dados orais
oriundos de atividades dialogada com atores sociais e agentes é fundamental para que todos os
envolvidos tenham possibilidade de compreender o tema em estudo, abrindo espaços para reflexões
de entendimentos para orientar ações de resultados. Todos são, então, colaboradores que promovem
inovação na própria pesquisa e extensão.

Usa-se este método, também, quando a pesquisa é concebida e realizada em estreita associação com
uma ação ou com a resolução de um problema. Os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Assim, a dimensão
de Pesquisa Participante, pretende desenvolver ação a partir da interação entre pesquisadores e
membros das situações investigadas.

A escolha desta metodologia assume dimensões de saber qualitativo ao permitir que o pesquisador
tenha uma atuação socializadora de saberes, aprenda e ensine, ou seja, torna a pesquisa uma
mediação e uma assessoria esclarecedora das objetividades do próprio projeto em evidência, pois

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ambos, pesquisador e pesquisado, se identificam entre si, buscando compreender o problema de
pesquisa na perspectiva do grupo - uma investigação participativa. Embora o foco parta do
planejamento do pesquisador, nada impede a emergência de novos rumos, novas hipóteses e novos
problemas de pesquisa do contexto. Envolvem as fases de conscientização (sensibilização) do grupo,
aprofundamento de estudos dos problemas, a organização de pessoas, proposta coletiva de ação, a
busca de soluções ou mudanças, que são também objeto de investigação e avaliação. Entende-se que
as sínteses finais e a experiência acumulada formam a base de um possível avanço no conhecimento
prático do grupo. Esse tipo de pesquisa-ação pode levar de maneira gradual ao desenvolvimento de
princípios mais gerais, princípios éticos de que a ciência não pode ser apropriada para dominar ou
colonizar (SILVA, 2015).

Este método combina com a ideia da universidade em rede ao invés da universidade fortaleza,
fechada em si. Quanto mais a universidade se insere na sociedade, tanto mais esta se insere na
universidade. É uma relação interativa, alicerçada no princípio da responsabilidade social. A
pesquisa-ação é apropriada à extensão universitária que se envolve na ecologia de saberes ou em
movimentos sociais ou organizações da sociedade civil da região, poderes do Estado Democrático de
Direito, etc., que criam propósitos de cooperar ativamente com comunidades e atores que lutam pela
construção de relações sociais mais justas e relações econômicas de produção e de consumo mais
solidárias e ecologicamente sustentáveis, além da formação de lideranças sociais.

As atividades de extensão demarcada pelos princípios de diálogo para produzir conhecimentos, busca
saberes fruto das experiências das ações solidárias de indivíduos e grupos que criam motivações
racionais para o futuro. Como elementos do sistema universitário aberto, o ensino, a pesquisa e a
extensão atuam para fortalecimento de um entorno que lhe forneçam energias alimentadoras das
capacidades cognitivas. Conforme Silva (2017, p. 117). “Estamos vivos, pensantes e capazes de
linguagem, na universidade, na rua, na associação, na comunidade, então tudo pode ser criado”.

Para Boaventura de Sousa Santos (2009 apud SILVA, 2017, p, 117), estas experiências de vidas
emancipadas espalhadas por aí, necessitam de serem unidas em uma nova alternativa de vida, em
uma nova epistemologia e na utopia da igualdade. Essas práticas solidárias estão ao alcance de
qualquer pessoa, pois falam a gramática do social, já que os homens não agem somente porque estão
presos a uma situação tornada insuportável, mas também porque estão ligados a certas visões do
possível.

5 RESULTADOS INICIAIS

Por se tratar de um projeto novo, iniciado efetivamente em fevereiro de 2020, não conta ainda
com ações profundas e transformadoras. Também tem que se levar em consideração que a partir
da segunda quinzena de março, atividades práticas com a comunidade ou que demandassem reunir
pessoas precisaram ser canceladas em virtude da pandemia decretada pela Organização Mundial da
Saúde, em 11 de março de 2020, gerada pela COVID-19, doença essa causada pelo coronavírus,
denominado SARS-CoV-2. Assim, muitas ações tiveram que ser suspensas, no entanto, a primeira
fase de planejamento do projeto também foi seguida de articulações com o poder público municipal
para a criação do comitê gestor.

Assim, a primeira meta do projeto que direcionava para participar e apoiar a constituição de um

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Comitê de Governança Territorial protagonizado pelo Poder Executivo envolvendo um conjunto de
entidades e instituições de Ijuí foi implementado no decorrer do semestre o Comitê Gestor do Parque
da Pedreira, do qual fazem parte diversas entidades civis organizadas, representantes dos bairros
envolvidos, órgãos da administração pública e dois representantes pela Universidade membros do
projeto de extensão Gestão Social e Cidadania. A Coordenação Geral do Comitê tem acelerado,
mesmo que em período de pandemia várias ações e para isso tem se utilizado de ferramentas
tecnológicas para, mesmo mantendo o distanciamento necessário para a preservação da saúde de
todos, dar prosseguimento às ações necessárias para a gestão do Parque e ao atendimento das
necessidades da comunidade do entorno do Parque da Pedreira.

Outra ação desenvolvida considerada muito importante foi a construção inicial de um instrumento
de coleta de dados, pela equipe do projeto Gestão Social e Cidadania, sendo esta proposta inicial
socializada com a equipe envolvida com a Gestão do Parque que assumiu a responsabilidade
de revisar para que o instrumento pudesse atender ao propósito de gerar informações, visando
a construção e definição de políticas públicas para a comunidade do Parque e seu entorno. O
instrumento até o momento não foi aplicado aos moradores da comunidade em virtude das restrições
estabelecidas pela pandemia. No entanto, está pronto e deverá ser validado primeiramente com um
grupo de moradores e na sequência para todos os demais. Para a aplicação do instrumento, além das
equipes do Poder Público Municipal também estarão envolvidas equipes do projeto GSC, para iniciar
o processo de interação, comunicação, conhecimento, compreensão da realidade local. A construção
das políticas públicas para a comunidade deverá estar pautada na perspectiva da razão comunicativa
da Gestão Social, buscando promover o protagonismo dos atores locais na definição das estratégias
de desenvolvimento da comunidade.

A segunda meta do projeto consiste em reunir as potencialidades da universidade, a partir da


extensão, para promover ações articuladas (organização comunitária, educação ambiental, artístico
cultural, esportiva e recreação, cidades inteligentes e sustentáveis, economia solidária e de
cidadania). Essa meta também boas discussões a partir do retorno dos demais projetos referente
as ações específicas de cada um que poderiam ser direcionadas para a comunidade. Todos os
projetos que podem se integrar para a ação no mesmo local estão em compasso de espera devido a
circunstancias da pandemia.

Porém, ao fazer o levantamento nos chamou a atenção a existência de projetos vinculados à


Graduação e Pós-Graduação Lato e Stricto Sensu, que já atendem demandas da comunidade do
entorno do Parque, principalmente nos condomínios próximos. São projetos com diferentes olhares,
principalmente sobre gestão social e políticas, assim como sobre análises e avaliações das
estruturadas edificadas na região. Acreditamos que com o avanço do projeto, teremos acesso a
outros estudos e pesquisas realizadas junto à comunidade, permitindo assim uma grande parceria e
efetivação de ações.

O desenvolvimento do projeto Gestão Social e Cidadania está focado enquanto articulação para
o cumprimento das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável atuar mais fortemente,
considerando as áreas de conhecimento de sua equipe, principalmente no Objetivo 8, mas também
atuar no objetivo 2, no objetivo 5 e no objetivo 11. Dessa forma, buscamos construir uma
comunidade local, participativa, emancipada, com qualidade de vida e que consiga conviver de forma

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sustentável com as Áreas de Proteção Permanente (APPs) existentes no entorno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo se propôs a apresentar as ações do Projeto Gestão Social e Cidadania – Parque da
Pedreira, os conceitos em operações, a metodologia adequada para este tipo de ação extensionista.
Destacamos também as conexões deste projeto, as implicações para seu desenvolvimento, com os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Evidentemente que o primeiro desafio do grupo foi debater conceitos e metodologia com um grupo
multidisciplinar preocupados com a operacionalidade em uma comunidade. Em primeiro, sabíamos
que era uma intervenção do ponto de vista de quem não mora ou vive na comunidade, razão pela qual
devia ser muito cuidado com os aspectos éticos não colonizantes. Isso se sustentou diante da ideia
da demanda de se ter um parque na cidade com seu entorno com muita gente em vulnerabilidade,
com ações de politicas governamental e com a perspectiva de ser um local, para toda a cidade, de
lazer, esporte, educação e assistencial. Logo, deviam se preparar para esta grande modificação do
local, devendo se responsabilizar pelo ambiente todo. A construção de um instrumento de coleta
de dados para conhecer a comunidade, suas visões e interesses no parque, foi outro desafio. Para
isto, necessitou-se de muitos diálogos com o poder publico local sobre dados iniciais, estrutura para
apresentar para a comunidade, as informações que precisávamos obter, a equipe que vai aplicar.

Assim, o estudos dos conceitos, da metodologia e a construção do instrumento de coleta de dados


foram os passos desenvolvidos. Agora precisamos aplicar a pesquisa, iniciando pela coleta de dados e
depois promover as ações efetivas de extensão universitária, compartilhada com os poderes públicos
e da sociedade civil. As equipes iniciais estão prontas, depende agora das possibilidades objetivas
dos envolvidos nesta bela experiência, cujo resultado será em desenvolvimento de comunidade.

REFERÊNCIAS

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Internacional Sobre Poder Local - II Colóquio Internacional El Análisis De Las Organizaciones
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Parecer CEUA: 3.621.173

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