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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS PROFESSOR MILTON


SANTOS – IHAC
BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS: Eixos 4 e 10

Salvador
2018
PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS: Eixos 4 e 10

Trabalho apresentado como parte da


avaliação da primeira unidade para o
componente curricular HACB83 –
Tecnologia e Cidade.

Salvador
2018
Eixo 4 – Gestão local para a sustentabilidade

Introdução
A gestão local para a sustentabilidade é a evolução da administração pública
tradicional. Ela é local, pois foca em soluções voltadas para a cidade (menor
unidade de exercício governamental) e que sejam sustentáveis. Esta
sustentabilidade tratada não diz respeito somente ao meio ambiente de forma direta,
mas num aspecto geral da cidade, desde o financeiro ao social, a fim de se
conseguir um uso mais efetivo e responsável dos recursos naturais e uma sociedade
mais igual e com maior qualidade de vida.

Este eixo do Programa Cidades Sustentáveis tem aspectos que envolvem as


ODS 11, 12, 16 e 17 e complementam o significado de governança. Ele incentiva
também a implantação e cumprimento de compromissos mundiais e nacionais para
a sustentabilidade como ODS– ONU, COP – 21 e agenda 21.

Os pilares da boa gestão são planejamento, execução e avaliação. Estes


pilares dão direcionamento à administração do município, fazendo com que haja
responsabilidade e previsibilidade de riscos.

 O planejamento prevê, de acordo com todas as limitações do município


(financeiras, socioculturais, etc.), tudo o que será feito em cada área de
trabalho em forma de metas a serem cumpridas;
 A execução consiste em pôr em prática tais planos e;
 A avaliação é um dos mais importantes, pois traz a população para a
fiscalização das obras e ações feitas, para que indiquem a boa realização.

Estes três pilares formam um ciclo, pois sempre haverá alterações e


replanejamentos após a etapa de avaliação.

Objetivos

1. Fazer uma gestão responsável, transparente e com participação social, para


que seja eficiente, focada em planejamento, execução e avaliação;
2. Engendrar na população a noção de sustentabilidade a fim de que participe
ativamente do programa traçado;
3. Transparência administrativa e constante avaliação e monitoramento do
cumprimento das metas traçadas;

Características que envolvem o ODS 11

Os aspectos da gestão local para a sustentabilidade que conversam com o


ODS 11 dizem respeito a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Para que este sistema seja efetivo, é necessário que haja um canal de
comunicação, de alta qualidade e acessibilidade, entre a população e a
administração. A participação da população em todas estas etapas, portanto, é
imprescindível. Isto legitima as ações da prefeitura. O gestor também deve definir os
prazos de execução das metas (curtos, médios e longos) e um programa de
monitoramento.

A gestão local também dá muita importância para a transparência e o uso de


tecnologias informacionais. Pressupõe-se que a prefeitura use dos mais avançados
sistemas de T.I. e que digitalize todas as suas operações, pois, além de economizar
papel, agiliza a tomada de decisões e o monitoramento destas. Dificultando, assim,
possíveis atos de corrupção que seriam feitos por conta das brechas existentes nos
sistemas antigos.

É também parte deste pacote de medidas, a integração de dados das várias


secretarias municipais, para se obter decisões mais eficazes e de soluções globais
para os problemas.

 Exemplo de boa prática: Em 2013, a prefeitura de São Paulo digitalizou


suas operações e também todas as maneiras com que funcionários e
empresas mandavam seus documentos declaratórios. Com isto foi possível
fazer, graças também à criação da Controladoria Geral do Município, um
cruzamento de dados entre as secretarias e descobriram um esquema de
corrupção que já tinha dado um rombo de cerca de R$ 300 milhões aos
cofres da cidade.

Características que envolvem o ODS 12


Todas as características deste eixo apontam para o uso sustentável de
recursos e a disseminação desse pensamento nas pessoas. Para tal, o município
deve iniciar dando o exemplo usando de práticas sustentáveis. Uma ação
interessante é a compra sustentável, que consiste em licitações que priorizam a
contratação de empresas que tenham práticas sustentáveis, ações sociais, etc.

A agenda 21 também é uma ótima opção de programa voltado à


sustentabilidade, e é exatamente o que propõe o eixo 4: uma ação voltada à justiça
social, sustentabilidade e eficiência econômica com participação popular. A agenda
21 é um documento das nações unidas criado em 1992 na Rio 92 e, todos os países
que assinaram, se comprometeram à aplicação de suas metas para o
desenvolvimento do mundo no século 21. Existe a Agenda 21 mundial, nacional e
local. A mundial são as todas as metas acordadas na Rio 92; a nacional é uma
versão feita para o próprio país, com suas características particulares e; a local é de
aplicação para um município específico ou uma localidade também de acordo com
suas necessidades.

A gestão pública também pode usar o princípio da precaução, onde se foca


em prevenir possíveis degradações ambientais, tanto em obras públicas, quanto na
fiscalização de obras particulares. Esta ação, além de preservar o meio ambiente,
também faz economia de recursos financeiros e melhora a qualidade de vida.

 Sugestão de prática: Implementar a agenda 21 em bairros periféricos da


cidade de Salvador, visando um desenvolvimento humano local, com
investimentos em cultura, infraestrutura e educação, por exemplo.
o Fazer um plano de recuperação de áreas verdes e rios na cidade.

Características que envolvem o ODS 16

Os tópicos do ODS 12 que são tratados neste eixo são os que dizem respeito
à prevenção da corrupção e o desenvolvimento de instituições eficazes e
transparentes. Os recursos financeiros do município são limitados e devem ser
geridos com responsabilidade. Portanto o gestor deve usar de ferramentas já
existentes para ser efetivo em tal atividade
A criação de fundos é bem eficaz, pois deve ser criado um conselho
específico para fiscalizá-lo, tornando mais difíceis atos de corrupção. O conselho
deve ser formado por pessoas de vários escalões da sociedade que irão se
beneficiar do fundo. Este conselho é rotativo.

Para a efetivação dessas práticas, é necessário que a transparência seja bem


acessível à população em todos os aspectos, pois não adianta fornecer os
documentos se não são inteligíveis para a maioria das pessoas. Para que seja
eficaz, o investimento em uma educação mais prazerosa e que cative o aluno em
sala é uma das formas de se melhorar este acesso, assim como a criação de uma
versão simplificada do texto oficial.

 Exemplo de prática: Em Santa Mônica, Los Angeles, EUA, foi criado um


aplicativo pela prefeitura onde é possível fazer um traçado da situação do
município, aos olhos da população em uma interface muito intuitiva, aos
moldes do famoso Tinder;
 Em Salvador, foi feita uma consulta pública em 2018 para o plano municipal
de saúde 2018-2021. Tal consulta se dispôs de um documento muito
detalhado sobre as estatísticas de saúde do município e do estado.
o A iniciativa é muito interessante, mas faltou a acessibilidade e a
visibilidade dada sua importância.

Características que envolvem o ODS 17

As cidades dificilmente são isoladas e geralmente têm áreas ou situações em


que são compartilhadas com municípios circunvizinhos. Com isso, é muito
importante que se tenha um bom diálogo com essas demais cidades, podendo até
haver a criação de programas compartilhados de interesse e benefício mútuos. Isso
pode beneficiar a arrecadação e, consequentemente, mais investimentos na cidade.
Essas parcerias também podem ser feitas com estados e até outros países.

Eixo 10 – Melhor Mobilidade, menos tráfego.

Introdução
O conceito de melhor mobilidade e menos tráfego representa a busca de
soluções para uma problemática contemporânea que é a expansão urbana, e por
consequência, o crescimento da frota de veículos. Essa situação prejudica bastante
o sistema viário das cidades e também os serviços de transporte em massa. Outro
problema é o aumento da poluição atmosférica que pode trazer sérias
consequências para a saúde pública.

Apesar da sensação de que esse problema seja difícil de sanar a curto prazo,
muitas cidades no mundo estão investindo em planejamento para solucionar esse
grande desafio. Uma das inovações adotadas é o sistema de integração intermodal
com a estimulação do uso do transporte público e de veículos não motorizados.

No âmbito federal algumas medidas foram tomadas, em 2012 foi aprovado a


Política nacional de Mobilidade Urbana, que estabelece que municípios com mais de
20 mil habitantes a obrigatoriedade de elaborarem um plano de mobilidade alinhado
ao Plano Diretor local. As cidades que não apresentarem os seus planos municipais
até 2015 estarão proibidas de receber recursos orçamentários do governo federal
com destinação à mobilidade urbana.

Este eixo do Programa Cidades Sustentáveis tem aspectos que envolvem as


ODS 03 e 11 e existem 9 princípios da Política Nacional de Mobilidade Urbana que
orientam o planejamento da mobilidade nos municípios, são eles:

1. Acessibilidade Universal;
2. Desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e
ambientais;
3. Equidade no acesso dos cidadãos ao transporte púbico coletivo;
4. Eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte
urbano;
5. Gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da Política
Nacional de Mobilidade Urbana;
6. Segurança no deslocamento das pessoas;
7. Justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes
modos de serviços;
8. Equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros;
9. Eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana.
Objetivos e metas

 Promoção da mobilidade sustentável reconhecendo a correlação entre os


transportes, a saúde, o ambiente e o direito à cidade. Com relação ao
transporte, o plano estratégico do município deve contemplar ações que
melhorem a mobilidade urbana, que possuam um impacto positivo na saúde
pública, na qualidade do ar e no direito a locomoção de todos.
 A redução da necessidade de utilizar veículos automotores e propiciar meios
de transportes coletivos acessíveis a todos, com baixo custo, é a estratégia
básica para gestores que apostam na boa mobilidade em suas cidades. É
indispensável que aumentem a parcela de viagens feitas em transporte
público, a pé ou de bicicleta; desenvolvam uma boa estrutura para a
locomoção de pedestres e de pessoas portadoras de deficiências, com
calçadas devidamente adequadas; aceleração da passagem de veículos
menos poluentes e reduzir o impacto do transporte sobre o ambiente e a
saúde pública. Essas iniciativas são base de um bom plano de mobilidade
urbana integrada e sustentável, desenvolvido de forma participativa.

Características que envolvem ODS 3

Assegura uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as


idades.

Pensar na saúde e no bem-estar da população inclui uma série de


preocupações, porem as mais relevantes, que tem um grande impacto na saúde do
povo, dizem respeito à violência no trânsito e às emissões de gases poluentes
provenientes da combustão de combustíveis fósseis de veículos automotores. De
acordo com dados do mapa da violência (2013) no período de 30 anos cerca de 1
milhão de pessoas foram vítimas fatais de diversos tipos de violência no trânsito e
também é uma das principais causas da morte de jovens brasileiros entre 15 e 29
anos. Em 2011 cerca de 66,6% dos acidentes de transito aconteceram com
pedestres, ciclistas e motociclistas.
Em um levantamento feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária,
com base nos pedidos do DPVAT, revela que em 2012, no Brasil, foram registradas
mais de 60 mil mortes no trânsito, um aumento de 4% em relação ao ano anterior, e
352 mil casos de invalidez permanente. Já na Alemanha nos últimos 40 anos as
mortes por acidente de transito foram reduzidas em 81%, na Austrália durante 2
décadas mais de 40% da mortalidade nas ruas e nas estradas foram reduzidas e na
china no período de apenas 10 anos, cerca de 43% do número de mortes por
colisão, quedas de moto ou bicicleta e atropelamento foi diminuído.

Com relação a emissão de gases poluentes por automóveis é unanime a


necessidade a redução de níveis de emissão vindo de veículos.

A poluição do ar provoca a morte de mais de 7 milhões de pessoas por anos,


dados do relatório “Reducing global health risks through mitigation of short-lived
climate pollutants” (2015). Com isso a OMS ressalta a urgência na redução das
emissões, propondo medidas que podem aliviar a pressão dos gases sobre o clima
e a saúde humas. Entre as sugestões, algumas intervenções são consideradas
fundamentais no que se relaciona à mobilidade urbana: a implementação de
exigências mais rígidas para reduzir as emissões de veículos à base de
combustíveis fósseis; políticas que priorizam o trânsito rápido, por meio de
investimentos em transporte público; e a construção de redes seguras para ciclistas
e pedestres.

Uma das diretrizes fundamentais para políticas públicas é a preocupação com


a vida, melhorando a qualidade da mobilidade, reduzindo a poluição e preservando a
vida no trânsito.

✓ Meta 3.6 até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por

acidentes em estradas.

Características que envolvem ODS 11

Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,


resilientes e sustentáveis.
O direito de circular pela cidade tem que ser garantido com uma formação de
uma rede bem estruturada de transporte público que integra ônibus, trem e metrô
além de incentivar o uso de transportes alternativos como por exemplo as ciclovias.
Muitos países possuem uma grande rede de ciclovias que melhoram a mobilidade
urbana. Bogotá conta com 359km de ciclovias, São Paulo 401,8km de ciclovias,
Nova York 675km e Berlim com 750km de ciclovias. Além disso em Copenhague
cerca de 50% da população usa bicicleta diariamente e 25% dos trajetos em Tóquio
e Amsterdã são feitos de bicicleta.

✓ Meta 11.2 até 2030, proporcionar o acesso a sistemas de transporte seguros,

acessíveis, sustentáveis e a preço acessível para todos, melhorando a


seguran- ça rodoviária por meio da expansão dos transportes públicos, com
especial aten- ção para as necessidades das pessoas em situação de
vulnerabilidade, mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos.

Os indicadores e seus benefícios

O objetivo principal dos indicadores desse eixo é a mobilidade sustentável e a


segurança no trânsito. Melhoria na infraestrutura e na logística do transporte devem
ser realizados e conjunto com campanhas educativas da população. Porem com o
grande aumento da população e do trânsito de pessoas nos grandes centros é
preciso concentrar energias na mudança de problemas atuais e pensar em medidas
de médio e longo prazo, incluindo a descentralização econômica entre as grandes
regiões da cidade, reduzindo assim a necessidade diária de deslocamento e
também o planejamento de desenvolvimento metropolitano.

Indicadores referentes ao eixo melhor mobilidade, menos tráfego

1. Acidentes de trânsito
2. Atropelamentos
3. Ciclovias e ciclofaixas exclusivas
4. Congestionamentos
5. Corredores exclusivos de ônibus
6. Custo anual dos acidentes de trânsito
7. Frota de ônibus com acessibilidade para pessoas com deficiência
8. Mortes no trânsito
9. Orçamento do município destinado ao transporte público
10. Peso da tarifa de transporte público no orçamento mensal
11. Proximidade de transporte público
12. Tempo médio gasto da moradia ao local de trabalho
13. Transporte público por ônibus com energia sustentável

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