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Quando se analisam as problemáticas ambientais em que a maioria das

cidades brasileiras se encontram evidencia-se uma realidade de carência na


gestão pública com o devido foco em soluções capazes de eliminar, ou até
mesmo de mitigar, tais problemas.
Inevitavelmente, toda cidade busca o seu crescimento econômico com o intuito
de entregar a seus munícipes um desenvolvimento social que traga dignidade,
contudo, é neste momento que se observa o paradigma em que os município
se esbarram, ou seja, promover o avanço de suas atividades econômicas de
forma sustentável.
Porém, quando é avaliado o contexto em que as cidades se encontram,
depara-se com uma realidade já marcada pelos danos ambientais causados
pelas atividades humanas, e como consequência, a necessidade de se
empregar medidas corretivas de respostas em curto e médio prazo. Sob este
panorama, ressalta-se a necessidade de se "Discutir as Cidades" e definir de
forma contundente e eficaz os rumos que se quer para elas.
Um outro fator de relevante importância que deve ser levando em consideração
são as mudanças climáticas, tendo em vista que as alterações causadas por
ela atingem sobretudo as pessoas. Neste sentido deve-se ter um entendimento
especial já que as alterações climáticas atingem o meio ambiente e,
consequentemente, as comunidades das áreas atingidas. E o que as pessoas
estão fazendo para frear tais impactos? Na contramão da exploração
exacerbara, empresas e governos têm desenvolvido e estimulado o uso de
ferramentas que só são passíveis de aplicação com a execução de ferramentas
de gestão, e uma delas é o que podemos chamar de política ESG, o que hoje
equivale ao termo sustentabilidade.
Segundo a revista Exame, o Environmental, Social and Governance (ESG) é
"uma forma de medir o impacto que as ações de sustentabilidade geram nos
resultados das empresas" e tem como objetivo "convencer o investidor sobre
investimentos sustentáveis". Seja relacionada às empresas como às cidades, a
preocupação de seus administradores ou gestores não devem estar restritas a
horizontes de curta prazo, mas sim a décadas e a este contexto soma-se
eventos de longo prazo, que na esfera ambiental, as mudanças climáticas são
peça chave.
Esta ferramenta adotada globalmente se tornou hoje um precioso termômetro
capaz de medir o nível de engajamento das empresas de capital aberto nos
quesitos de sustentabilidade, comprovados através de seus relatórios de ESG
publicados.
Trazendo toda esta introdução para a município de Itu, cidade palco da gestão
de ambiental inovadora apresentada pela Dra. Verônica Sabatino, depara-se
incialmente com os problemas de gestão ambiental que historicamente fizeram
de parte de administrações passadas. Ao focar no tema água, destaca-se a
ingerência de recursos hídricos evidenciados na poluição de seus rios e
córregos, devastação de suas nascentes e a graves problemas relacionados a
escassez hídrica que repercutiram em diversos casos de desabastecimentos
afetando toda população. Cabe ressaltar que se trata da bacia hidrográfica do
rio Tietê, popularmente conhecido sua sensibilidade aos riscos hídricos físicos
(qualidade/quantidade), regulatórios e reputacionais.
A atual administração da cidade de Itu definiu como objetivo encarar seus
passivos ambientais e propor soluções inteligentes e tangíveis visando atuar
em diversas frentes de forma ativa, e para tanto, desenvolveu projetos que
propõem ações que buscam uma melhoria ambiental contínua
interrelacionando a gestão pública da cidade, a população e seus agentes
econômicos. Como exemplo dessas ações, destacam-se a seguir, três projetos
desenvolvidos e aplicados no município, denominados: Adote uma Nascente;
Conectividade Urbana; e Bioeconomia
Projeto Adote uma Nascente: Consiste, primeiramente, na busca de uma
parceria entre o município, o proprietário onde se localiza a nascente e uma
empresa local. Segundo número mencionado durante a palestra, Itu possui
hoje cerca de 700 nascentes degradadas mapeadas. E o programa define
agentes do municípios que visitam essas nascentes e convidam o proprietário
das terras a iniciar uma parceria para remediar a área através do plantio de
mudas para recomposição das matas ciliares. Em outro instante, são
publicados editais em busca de empresas interessadas em adotar essas
nascentes fornecendo recursos financeiros para a recuperação e manutenção
da área.
O projeto tem se mostrado promissor e atualmente 23 nascentes revitalizadas,
mais de 35 mil mudas de árvores nativas plantadas.
Nesse sistema observa-se que todos ganham: o proprietário, que entende as
vantagens ecológicas, tem sua área recuperada, o município realiza uma ação
efetiva que resulta na recarga dos mananciais e as empresas obtém um
importantes nos benefícios adquiridos através dos créditos de carbono e inputs
para relatórios ESG, comprovando a sustentabilidade de suas atividades.
Projeto Conectividade Urbana: Este projeto representa a busca do município
em promover a convivência de seus cidadão junto a natureza, mas da maneira
que ela se apresenta nas cidade, ou seja, na forma de parques, praças, áreas
verdes, etc. Neste sentido Itu tem implementado diversas ações visando a
revitalização, manutenção e ampliação dessas áreas verdes. Projetos como
esses são de suma importância por aproximar o cidadão comum ao meio
ambiente, de tal sorte que ele passa a compreender a seriedade com que a
natureza deve ser tratada pois ele vai perceber que é o primeiro a ser
recompensado. Isso amplia seu engajamento e seu interesse na preservação
ambiental.
Projeto Bioeconomia: O projeto de bioeconomia aplicado em Itu insere a cidade
plenamente no contexto do desenvolvimento econômico sustentável. Na busca
por iniciativas que possam enquaDra.r atividades econômicas dentro do
conceito da bioeconomia fez com que o município contratasse uma consultoria
especializada que fosse capaz de mapear oportunidades diversificadas.
Segundo informações contidas no site do município
(https://itu.sp.gov.br/bioeconomia-circular-em-itu), a cidade conta atualmente
com 19 oportunidades, das quais podemos destacar:
Valorização dos resíduos da construção civil;
Expansão da coleta seletiva;
Expansão da produção de biogás em propriedades rurais;
Atração de empresas inseridas na bioeconomia circular para o Polo Industrial e
Tecnológico;
Inserção de propriedades rurais no turismo rural;
Expansão e consolidação do projeto Hortas Comunitárias;
Atração de empresas de reciclagem para se instalarem em Itu.
Após o mapeamento, que é caracterizado com a Etapa 1 do processo, segue-
se para a próxima fase, que é a de conceituar e direcionar as ações, e por fim a
terceira etapa, que é a que se busca a formação da rede bioeconômica, isto é,
a implementação da bioeconomia circular propriamente dita.
A concretização dessas 19 frentes já delimitadas e das próximas que com
certeza virão, consolidam ainda mais o município de Itu com um grande
promovedor de uma economia sustentável e uma cidade de referência no
assunto, tanto que se tornara palco para o encontro Mosaico da Bioeconomia,
a ser realizado em maio de 2023.
Para concluir toda a abordagem apresentada pela Dra. Verônica Sabatino
pode-se afirmar que o sucesso das inúmeras ações que o município de Itu vem
executando ao longo dos últimos anos só se tornou possível com o
engajamento de todos os setores representativos da comunidade evidenciando
um pacto social em prol de todos. Isso significa o envolvimento participativo,
não apenas da secretaria de meio ambiente, mas praticamente todas as
secretarias administrativas do município sob tutela do poder executivo, setor
empresarial que reconhece seus deveres e responsabilidades socioambientais
e a população, que ao entender os benefícios provenientes as ações de
sustentabilidade poderão desfrutar de uma cidade mais capaz de promover
uma qualidade de vida melhor.

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