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GESTÃO EMPRESARIAL E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA UM

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: RUMO A UMA ABORDAGEM HOLÍSTICA

Camila Ciasca Prosdocimi


Cassia Chagas de Sousa
Gabriel Cintra da Silva
Julia Cirqueira Simões da Silva
Rodrigo Chericone de Lima

RESUMO
O desenvolvimento sustentável tem se tornado conceito fundamental e
indispensável ao cenário empresarial atual, pois reconhece a necessidade da relação
“empresa – sociedade – meio ambiente”. Assim, este trabalho, através de uma
pesquisa qualitativa e exploratória, por meio da revisão bibliográfica de artigos,
revistas e sites sobre a temática, busca-se compreender a relação pertinente ao curso
de gestão empresarial e o desenvolvimento sustentável, a partir de uma visão holística
para enfrentamento dos desafios ambiental, econômico e social da sociedade
moderna. Serão abordadas teorias e estratégias que empresas podem adotar para
promover tal prática visando fatores de responsabilidade social corporativa,
ecoeficiência, inovação sustentável e economia circular.

INTRODUÇÃO

O conceito de desenvolvimento sustentável se deu na década de 1980 com a


Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas e
tornou-se pauta indispensável para empresas ao redor do mundo. Bem como a
relevância da inserção de uma economia inclusiva e igualitária (modelo financeiro que
visa criar oportunidades de negócios para a sociedade em geral) visto que sua ideia,
além de reduzir custos e escassez, busca melhorar o bem-estar entre as pessoas,
prática esta que traz o incentivo a cultura da igualdade (REF).

Com o crescimento da população humana, previsto para nove bilhões de


habitantes em 2050, reconhece-se a necessidade de equilíbrio entre crescimento
econômico e proteção ao meio ambiente – além da promoção de bem-estar social
(MOLINA, 2017) e, para o contexto da gestão empresarial, é vital a busca de práticas
que garantam a eficiência em longo prazo das organizações empresariais e sociedade
no futuro.

O modelo de desenvolvimento adotado nos últimos 60 anos, caracterizado pelo


consumo excessivo de recursos não renováveis é apontado como grande responsável
pela crise climática (MARTINS et al, 2010). Mudanças climáticas representam riscos
em regiões menos desenvolvidas e podem ocasionar redução do PIB, êxodo rural,
aumento no preço dos alimentos e, a longo prazo, um declínio econômico a nível
nacional (MORAES, 2010).

Segundo Rover, Borba e Borgert (2008), o impacto ambiental de uma empresa


reflete-se, em última análise, nos mercados em que atua e na imagem da organização
perante a opinião pública. Isto incentiva as empresas a divulgar voluntariamente o seu
comportamento social e ambiental.

Nesse sentido, a gestão ambiental está começando a ser integrada nas práticas
de governança corporativa das empresas e os relatórios e procedimentos, que
promovem a transparência, estão cada vez mais comuns. Além disso, as ações para
reduzir o impacto ambiental das atividades empresariais estão se tornando mais
importantes aos olhos dos clientes (GRANDI; JASINSKI; ANDREOLI, 2020).

DESENVOLVIMENTO

Ao analisar práticas viáveis e já utilizadas no mercado atual, pode-se citar a


RSC - Responsabilidade Social Corporativa em que empresas adotam práticas
integrando preocupações sociais e ambientais em suas operações, implicando que
sejam levados em conta interesses não apenas corporativos, mas também de todas
as demais partes interessadas – como funcionários, clientes, fornecedores,
comunidades locais e o meio ambiente (REF).
As práticas mais comuns tangem a ética nos negócios, responsabilidade
ambiental, envolvimento na comunidade, práticas de emprego responsáveis,
transparência e comunicação e investimento social responsável (REF).

Autores como Carroll (1979) argumentam a responsabilidade ética, legal e


econômica com a sociedade e a RSC cumpre isso, beneficiando não somente a
sociedade, mas – muitas vezes – a própria empresa, que passa a ter uma melhor
reputação, fidelidade dos clientes e redução de riscos legais e financeiros diante dos
aprimoramentos trazidos pela RSC.

Com o objetivo de reduzir os impactos ambiental, social, econômico e cultural


e promover a inclusão social, bem como a igualdade de gênero, conceitos como
economia circular, design sustentável, economia de serviços e gestão de resíduos
zero tornaram-se frequentes.

Promovido pela Fundação Ellen MacArthur, o conceito de Economia Circular


surgiu para enfatizar que o desperdício deve ser evitado e a promoção da reutilização
de recursos deve ser um alvo, onde o ciclo precisa ser fechado (diferentemente do
tradicional linear de produção, onde os recursos são extraídos, transformados em
produtos e seus resíduos são descartados). Na Economia Circular, os produtos,
recursos e materiais são mantidos em uso e com valor pelo máximo de tempo possível
(REF)

Para tanto, para que a prática da Economia Circular seja viável, alguns
princípios-chave que tangem este conceito e prática são necessários: design
sustentável, onde os produtos são projetados desde o início para facilitar a reciclagem,
reutilização e reparo; a economia de serviços, através da oferta de serviços de
locação, no lugar da venda, manutenção e atualização, que incentivam o
prolongamento da vida útil dos produtos; gestão de resíduos zero, com a meta de
eliminar ou reduzir o desperdício com resíduos enviados a descarte e a promoção da
reutilização e reciclagem de resíduos (REF).

Os benefícios dessas práticas são a redução do impacto ambiental, a eficiência


econômica, a inovação e a criação de empregos, uma vez que inovar design,
tecnologia e modelos requer mão de obra pensante (REF). Tais execuções
proporcionam maior estabilidade e continuidade, pois reduzem a dependência de
recursos finitos e não renováveis tornando o negócio mais resiliente a choques de
oferta e demanda (REF)

Ecoeficiência:

Para que de fato ocorra a economia sustentável, 3 pilares devem coexistir e


interagir entre si de forma harmoniosa (REF):

1. Social: Crescimento Inclusivo


A economia inclusiva tem como foco a redução de gastos, o aprimoramento do
bem-estar humano e a contribuição para uma economia mais igualitária de forma a
promover oportunidades para a sociedade e preservar serviços ambientais, com a
diminuição da desigualdade entre classes sociais, através da distribuição equitativa e
igualitária para a sociedade (REF). Posto isto, sua meta consiste em:

● Ofertas de emprego
● Energia limpa
● Valorização da biodiversidade
● Entre outros...
Embora não saibam que se enquadram nesse conceito, 76,5% das indústrias
desenvolvem algum tipo de economia inclusiva, de acordo com uma pesquisa
realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) (REF). Dentre estas
atividades, mencionamos as iniciativas mais aplicadas, como: uso de insumos
circulares, otimização de processos e recuperação de recursos (REF).

2. Ambiental: Crescimento Sustentável


O crescimento sustentável tem como premissa o desenvolvimento limpo para
a existência da própria vida (REF). Suas necessidades atuais estão relacionadas à
sua capacidade de exploração consciente de recursos naturais e diminuição do ritmo
de consumo, reflorestamento e preservação de bens naturais (REF).

Debate-se bastante, assertivamente, sobre proteção ambiental, preservação


da vegetação nativa e conservação da qualidade de vida humana, tanto quanto a
segurança de processos naturais e da biodiversidade (REF). De acordo com a
historiografia, percebe-se que, por intermédio da conscientização da população,
iniciamos o processo da minimização dos danos causados ao meio ambiente, através
de programas socioambientais e iniciativas de sustentabilidade, em empresas,
organizações governamentais e na sociedade como um todo (REF).

3. Econômico: Crescimento Equilibrado


Na busca pela harmonização de dois objetivos imprescindíveis, o
desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, o crescimento equilibrado
surge como recurso para transformar o desenvolvimento que não esgota os recursos
para o futuro, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das
gerações iminentes, ainda é capaz de suprir as precisões da geração atual (REF).

Através do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos, o


planejamento de estratégias para lutar contra o insustentável faz-se necessário.
Investimento de fontes renováveis de energia, definição de metas para a redução de
emissão de carbono, investimento em ações de responsabilidade social e adoção de
processos de produção mais limpos, são alguns dos critérios que se encaixam nos 17
objetivos recomendados pela Agenda 2030, para um desenvolvimento equilibrado
(REF).

CONCLUSÃO

A busca por práticas sustentáveis dentro das empresas tem se tornado cada
vez mais compulsórias para a contribuição e promoção de um mundo mais justo,
saudável e preocupado com as gerações futuras.

À medida que grandes empresas compreendem a inevitável escassez de


matérias-primas e passam a adotar soluções alternativas, através da reutilização de
materiais e recursos e a incorporação de práticas de vida saudáveis em suas
operações, a eficácia das práticas nas organizações, aumenta a longo prazo, bem
como o bem-estar das gerações futuras.

Logo, ao integrar estas práticas, as empresas podem concentrar-se tanto no


lucro como na inovação, ao mesmo tempo que contribuem para um futuro sustentável.
Conclui-se que os três elementos-chave citados: social, ambiental e econômico
devem funcionar simultaneamente para que se obtenha uma economia estável e
sustentável. Quando estes elementos coexistem e interagem de maneira contínua
entre si, promovendo ideias e soluções ecológicas entre todas as camadas da
sociedade, para que assim a sustentabilidade se torne um senso comum tanto para a
população, quanto para o mundo corporativo e governamental, o desenvolvimento
equilibrado e inclusivo é alcançado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARROLL, A.B. A three-dimensional conceptual model of corporate social performance.


Academy of Management Review, 4(4), 497-505, 1979. Acesso em: 01/10/2023

ELKINGTON, J. Cannibals with Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century Business.
New Society Publishers, 1997. Acesso em: 02/10/2023

GRANDI, T.P.; JASINSKI, V.P.; ANDREOLI, C.V. Sustentabilidade nas empresas: uma análise
da geração de valor econômico pela adoção do índice de sustentabilidade empresarial
(ISE). Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, 9(4), 761–779, 2020. Disponível em:
<https://doi.org/10.19177/rgsa.v9e42020761-779>. Acesso em: 03/10/2023
MOLINA, M.G.; CASADO, G.I.G. Agroecology and Ecological Intensification. A Discussion
from a Metabolic Point of View. Sustainability, 2017. Disponível em
https://doi.org/10.3390/su9010086. Acesso em: 01/10/2023

MARTINS, S.R.; SCHLINDWEIN, S,L.; D'AGOSTINI, L.R.; BONATTI, M.; VASCONCELOS, A.C.F.;
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desafios para o desenvolvimento de estratégias de mitigação e adaptação. Revista
Brasileira de Ciências Ambientais, v. 17, n. 1, p. 17-27. Florianópolis, set. 2010. Acesso em:
09/10/2023

MORAES, G.I. Efeitos econômicos de cenários de mudanç a climática na agricultura


brasileira: um exercício a partir de um modelo de equilíbrio geral computável. Tese de
Doutorado. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Piracicaba, 2010. Acesso em:
06/10/2023

ROVER, S.; BORBA, J.A.; BORGET, A. Como as empresas classificadas no Índice de


Sustentabilidade Empresarial (ISE) evidenciam os custos e investimentos ambientais?
Revista de Custos e @gronegócio online, v. 4, n. 1, 2008. Acesso em: 04/10/2023
SCHUMPETER, J.A. The theory of economic development: an inquiry into profits, capital,
credit, interest, and the business cycle. Harvard University Press, 1934. Acesso em:
04/10/2023

FUNDAÇÃO ELLEN MACARTHUR. Economy: Circular Economy. 1934. Recuperado de


https://www.ellenmacarthurfoundation.org/explore/circular-economy. Acesso em:
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CNI (Confederação Nacional da Indústria) – Indústria Sustentável.

Economia Circular – Melhor uso dos recursos naturais e geração de valor. Pesquisa
nacional realizada em 2019.

Disponível em: https://www.portaldaindustria.com.br/cni/canais/industria-


sustentavel/temas-de-atuacao/economia-circular/

Acesso em: 03/10/2023

LASSU – Laboratório de Sustentabilidade

Pilares da Sustentabilidade – Aspectos econômicos, ambientais e sociais.

Departamento de Engenharia da Computação e Sistemas Digitais Escola Politécnica


Universidade de São Paulo.

Disponível em: https://www.lassu.usp.br/sustentabilidade/pilares-da-sustentabilidade/

Acesso em: 03/10/2023

Olívia Baldissera – Em 12/04/2023, às 19:30:19 – As dimensões e os pilares da


sustentabilidade. Pós PUC PR digital Blog.

Disponível em: https://posdigital.pucpr.br/blog/pilares-sustentabilidade?hs_amp=true

Acesso em: 11/10/2023

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