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GESTÃO SOCIAMBIENTAL

Para Afonso, a sustentabilidade “implica na manutenção quantitativa e qualitativa do


estoque de recursos ambientais, utilizando tais recursos sem danificar suas fontes ou limitar a
capacidade de suprimento futuro, para que tanto as necessidades atuais quanto aquelas do
futuro possam ser igualmente satisfeitas. ”
O conceito de desenvolvimento sustentável foi apresentado pela primeira vez pela
ONU, em 1987, no Relatório Brundtland. De acordo com o Relatório Brundtland, o
desenvolvimento sustentável é conceituado como “satisfazer as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias
necessidades”.
Portanto, o conceito de sustentabilidade está relacionado a agir hoje, sem prejudicar o
amanhã. Mais que isso: agir hoje, para melhorar o amanhã. Ou seja, as organizações não
devem se preocupar somente com o “lucro”. Elas devem se preocupar com o meio ambiente,
com a sociedade e também com atuar de forma ética, buscando satisfazer às necessidades dos
stakeholders e dos shareholders.
Nas organizações, o termo sustentabilidade tem estado presente em diversos discursos
que buscam justificar os impactos das diferentes atividades produtivas sobre o ambiente e
legitimar sua atuação frente à sociedade. Por isso, segundo Andrade (2001), as estratégias
socioambientais não devem ser analisadas apenas sob a dimensão técnico-econômica, mas
como um jogo político de busca de legitimidade e vantagem competitiva.
Várias empresas têm dificuldade em associar seus discursos e práticas gerenciais a
uma definição completa de sustentabilidade. Algumas focam questões sociais; outras,
questões ambientais; e muitas, questões exclusivamente econômicas.
DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE
Dimensão ecológica (ou ambiental): a dimensão ambiental da sustentabilidade busca
a preservação do meio ambiente, de forma coletiva.
Dimensão econômica: O que se busca, basicamente, é um real equilíbrio entre a
contínua produção de bens e serviços e a justa distribuição da riqueza.
Dimensão econômica: O que se busca, basicamente, é um real equilíbrio entre a contínua
produção de bens e serviços e a justa distribuição da riqueza.
Dimensão espacial (ou territorial): Essa dimensão tem como base um equilíbrio da
configuração rural-urbana, por meio de uma melhor distribuição territorial de
assentamentos humanos e também das atividades econômicas.
Dimensão cultura: Sob essa dimensão a Sustentabilidade se caracteriza como uma
“evolução” do processo de desenvolvimento cultural, próprio de cada região, devendo-se
preservar, promover e divulgar a história, tradições e valores regionais.
Dimensão política (nacional e internacional): A sustentabilidade está baseada na
democracia e na apropriação universal dos direitos humanos, bem como no progresso da
capacidade de cada Estado em executar o seu projeto nacional em cooperação com os
empreendedores e em coesão social.
Dimensão ética: Relaciona-se com a preocupação em preservar a ligação
intersubjetiva e natural entre todos os seres, pautando-se em valores de solidariedade e
cooperação, que
afastam a “coisificação” do ser humano.
Dimensão tecnológica: Relaciona-se a processos eficientes que possam economizar
recursos e energia, diminuir a poluição, aumentar a produtividade, dentre outros aspectos
relacionados à sustentabilidade. Trata-se de como a tecnologia ajuda na propagação da
sustentabilidade, com soluções que somente a ciência pode oferecer.
GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE
Antigamente, as organizações preocupavam-se apenas com o lucro. Contudo, ao longo
dos últimos anos, as organizações têm buscado adotar uma postura mais preocupada com as
diversas questões socioambientais. A cultura da sustentabilidade é fundamental para que as
empresas sejam capazes de enfrentar as mudanças de comportamento e gerar valor para os
seus consumidores.
A sustentabilidade corporativa consiste na busca da perenidade da organização
com base em sua viabilidade econômica e na correlação harmônica com o meio ambiente e a
sociedade (AGENDA 30 BB).
A maioria dos estudos afirma que sustentabilidade é composta de três dimensões que
se relacionam: econômica, ambiental e social. Essas dimensões são também conhecidas como
tripple bottom line.
A DIMENSÃO ECONÔMICA inclui não só a economia formal, mas também as
atividades informais que proveem serviços para os indivíduos e grupos e aumentam, assim, a
renda monetária e o padrão de vida dos indivíduos. Ou seja, trata-se de uma dimensão da
sustentabilidade que se preocupa em gerar resultados positivos para os stakeholders,
shareholders e para a sociedade. A DIMENSÃO AMBIENTAL OU ECOLÓGICA estimula
empresas a considerarem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente, na forma de
utilização dos recursos naturais, e contribui para a integração
da administração ambiental na rotina de trabalho. A DIMENSÃO SOCIAL consiste no
aspecto social relacionado às qualidades dos seres humanos, como suas habilidades,
dedicação e experiências, abrangendo tanto o ambiente interno da empresa quanto o externo.
Como melhorias na comunidade onde está localizada e ações comunitárias no sentido de
melhorar a qualidade de vida das pessoas e adequação da remuneração e das condições de
trabalho dos seus colaboradores.
CARACTERISTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
(CORPORATIVA)
“Implica práticas de diálogo e engajamento da empresa com todos os públicos ligados
a ela, a partir de um relacionamento ético e transparente. (...) A adoção dessas práticas
possibilita o controle dos riscos e oportunidades de negócio e permite que não só a empresa,
mas também suas cadeias de valor possam utilizar estratégias e ferramentas rumo à gestão
socialmente responsável. ” (Instituto Ethos, 2007).
O Instituto Ethos estabelece as características (princípios) de uma gestão socialmente
responsável:
Transparência: divulgando informações, decisões e intenções de maneira clara e
acessível a todos os públicos que se relacionam com a empresa.
Estabelecimento de compromissos públicos: assumindo publicamente os
compromissos que a empresa tem, sejam relacionados ao seu público interno, ao futuro, à
manutenção de recursos naturais, à promoção da diversidade.
Envolvimento com instituições que representam interesses variados: procurando
contato e diálogo com organizações e especialistas que colaborem com a empresa para lidar
com seus dilemas.
Capacidade de atrair e manter talentos: apresentando-se como uma alternativa
profissional que possa também atender aos interesses de cidadão do profissional.
Alto grau de motivação e comprometimento dos colaboradores: envolvendo todos
os colaboradores internos e fornecedores com a gestão da responsabilidade social empresarial,
demonstrando coerência em seus compromissos.
Capacidade de lidar com situações de conflito: demonstrando disposição para a
investigação e o diálogo, desenvolvendo processos que previnam situações de risco,
aprofundando contato com redes de organizações e formadores de opinião, usando
transparência nessas relações.
Estabelecimento de metas de curto prazo e longo: introduzindo realmente aspectos
de responsabilidade social na gestão da empresa, com todas as características que outros
indicadores de performance possuem.
Envolvimento da direção da empresa: comprovando claramente o entendimento
estratégico que tem dessas questões. Em geral, a empresa tem um ou mais colaboradores que
dedicam seu tempo a questões de responsabilidade social.
O Instituto Ethos ainda descreve os benefícios que a responsabilidade social
empresarial traz para a empresa:
 Diminuição de conflitos
 Valorização da imagem institucional e da marca
 Maior lealdade do consumidor
 Maior capacidade de recrutar e manter talentos
 Flexibilidade e capacidade de adaptação
 Sustentabilidade do negócio a longo prazo
 Acesso a mercados
 Acesso a capitais
Apesar dessa formulação, a realidade ainda não acompanha a idealização de uma
Responsabilidade Social Empresarial efetiva. Na pesquisa ENTENDENDO O CONCEITO
DE SUSTENTABILIDADE NAS ORGANIZAÇÕES, que busca investigar como os
funcionários em duas empresas entendem conceitos como: sustentabilidade plena, Discurso de
sustentabilidade, Práticas sociais sustentáveis, Práticas ambientais sustentáveis e Práticas
econômicas sustentáveis. Chegam a conclusão de que fica claro que a variável
que mais influencia a interpretação do funcionário sobre o termo sustentabilidade é a
escolaridade. Quanto maior o grau de instrução, mais pleno é o entendimento do termo
sustentabilidade, além disso, não é possível afirmar que exista diferença significativa nas
interpretações dos funcionários que desempenham tarefas operacionais em relação aos que
desempenham tarefas administrativas a respeito do termo sustentabilidade.
O discurso organizacional sobre sustentabilidade, no que diz respeito à preservação
da qualidade do meio ambiente, ao desempenho econômico da empresa e à responsabilidade
social para com funcionários e comunidade, não é significativo a ponto de influenciar a
interpretação do funcionário sobre sustentabilidade. Uma das possíveis razões para esse
resultado é que os discursos organizacionais, na maioria das vezes, não visam educar nem
capacitar os funcionários, mas sim melhorar a imagem da empresa, em termos de suas
responsabilidades e atitudes.
As práticas gerenciais sociais que visam melhorar a qualidade de vida dos
funcionários e comunidade influenciam positivamente a interpretação do funcionário. Em
outras palavras, pode-se considerar que as práticas sociais sustentáveis adotadas pela empresa
contribuem positivamente para uma melhor ou mais completa interpretação do funcionário a
respeito da sustentabilidade.
Práticas gerenciais ambientais sustentáveis não influencia positivamente a
interpretação do funcionário sobre o que é sustentabilidade. A preservação da qualidade
ambiental e a prevenção de impactos negativos no meio ambiente, tais como prevenção de
poluição da água, solo e ar, não influenciam o entendimento do funcionário a respeito do
termo sustentabilidade.
E como de fatos as empresas tem se adaptado e vislumbrado essas novas posições dos
consumidores e da sociedade de maneira geral?
O Banco do Brasil entende que sua posição frente as novas demandas possibilitam:
Identificação de novas oportunidades de negócio e facilidade no acesso ao capital;
Antecipação a pressões legais e da sociedade e menor exposição a riscos; Redução dos custos
decorrentes da diminuição de desperdícios e economia de insumos/recursos naturais; e Maior
atração e retenção de talentos e ganho reputacional (ativos intangíveis).

TENDÊNCIAS EM SUSTENTABILIDADE
De acordo com o relatório de tendências, da consultoria SustainAbility, existem 05
tendências em sustentabilidade:
Crise climática: a previsão é de prejuízos gigantescos e de muitas vidas perdidas em
razão de eventos climáticos extremos. Resiliência, adaptação e responsabilidade em relação à
falta de infraestrutura adequada devem ser prioridades para governos e empresas. O setor
privado vai acelerar os investimentos para se preparar para os impactos climáticos nas
operações diretas e em suas cadeias de suprimentos. As tecnologias de geoengenharia
podem receber mais atenção e investimento.
Poder cidadão: o ativismo liderado por cidadãos manterá a pressão sobre governos e
empresas para abordar questões sociais e ambientais urgentes. Continuarão a crescer as
pressões para que as empresas considerem as mudanças climáticas, o uso de plástico e a
equidade de gênero. Os clientes, especialmente os jovens, serão cada vez mais fiéis aos
negócios que entreguem valor social e ambiental à sociedade.
Ameaças à segurança: haverá convergência das agendas de desenvolvimento
geopolítico e sustentável com o agravamento das ameaças econômicas, físicas e digitais. O
número crescente de violações de segurança cibernética e conflitos comerciais devem agravar
as tensões geopolíticas e gerar prejuízos. Possível desaceleração econômica global pode
retardar o progresso em sustentabilidade se as empresas optarem por reduzir seus orçamentos
na área.
Proteção aos ecossistemas: a extinção de espécies e a perda de biodiversidade estão
gerando danos profundos aos ecossistemas terrestres e marinhos. A decisão da China de
proibir as importações de plástico e lixo eletrônico no início de 2018 aumentou a pressão
para que as empresas reduzam o uso de materiais; em 2016, o país havia importado dois
terços dos resíduos plásticos do mundo. Organizações públicas e privadas enfrentarão
expectativas crescentes de desempenhar papel mais ativo na preservação dos ecossistemas.
Nova liderança: devem-se fortalecer a liderança e a ambição das cidades, dos
governos
regionais e das empresas, com a contínua diminuição da confiança nos governos nacionais.
A incerteza na Europa em razão do Brexit e a polarização nos Estados Unidos podem reduzir
ainda mais a confiança nos sistemas políticos. Os consumidores vão buscar cada vez mais
empresas que ajam de acordo com seus valores e defendam ativamente as questões sociais
e ambientais.
AGENDA 2030 PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Em setembro de 2015, representantes dos 193 Estados-membros da ONU se reuniram
em Nova York e reconheceram que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e
dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito
indispensável para o desenvolvimento sustentável. Ao adotarem o documento
‘Transformando o Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável’, os
países comprometeram-se a tomar medidas ousadas e transformadoras para promover o
desenvolvimento sustentável nos próximos 15 anos.
OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1-Erradicação da pobreza; 2-Fome zero e agricultura sustentável; 3-saúde e bem-estar;
4-educação de qualidade; 5-igualdade de gênero; 6-água potável e saneamento; 7-energia
limpa e acessível; 8-trabalho decente e crescimento econômico; 9-indústria, inovação e
infraestrutura; 10-redução das desigualdades; 11-cidades e comunidades sustentáveis; 12-
consumo e produção responsáveis; 13-ação contra a mudança global do clima; 14-vida na
água; 15-vida terrestre; 16-paz, justiça e instituições eficazes; 17-parcerias e meios de
implementação.

E como as empresas estão buscando se alinhar aos Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável? A ENEVA uma das maiores operadoras integradas de energia e que atua na
exploração e produção (E&P) do gás natural até o fornecimento de soluções em energia.
A companhia possui ativos de exploração e produção nos estados do Amazonas e Maranhão.
Atualmente, opera 11 campos de gás natural nas Bacias do Parnaíba (MA) e
Amazonas (AM). Adicionalmente, possui nestas regiões uma área total sob concessão
superior a 60 mil km².
A empresas tem o compromisso de que cada componente é orientado pelos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e contribuem para atingimento de metas específicas
da agenda 2030 da ONU. 3 principais componentes interdependentes para construir um
legado social, econômico e ambiental positivo.

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