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ANO LETIVO 2021/2022
Nota: Este é um trabalho realizado por alunos, pelo que não está
livre de conter gralhas ou falta de informação.
São essenciais a análise crítica e a leitura cuidada por parte dos
utilizadores, tendo em conta a matéria lecionada nas aulas.
1. PERSPETIVAS SOBRE ÉTICA. PROBLEMAS E DILEMAS ÉTICOS. O PROCESSO DE DECISÃO ÉTICA
NAS EMPRESAS E OUTRAS ORGANIZAÇÕES.
Ética dos negócios – conjunto de princípios, normas e padrões de conduta estabelecidos pela comunidade que
governam/ajudam a orientar o comportamento individual ou grupal no mundo dos negócios. Diz respeito a
empregadores, colaboradores, gestores, investidores e outros stakeholders do negócio.
Ética económica – “parte da ética que trata dos comportamentos e das instituições relativas à esfera
económica: como é que devemos comportar-nos individualmente nestas atividades de troca e de produção
(dimensão individual da ética económica), e como é que devemos definir coletivamente as regras legais a que
estas atividades devem subordinar-se (dimensão institucional)?” (Arnsperger e Parijs, 2004)
Situações como fraudes empresariais levam a comportamentos gestionários chocantes à luz dos valores da
justiça da honestidade e a efeitos ambientais perversos ⇒ surge então a integração da ética no discurso da
gestão. Esta discussão conduz à assunção de responsabilidades sociais por parte das empresas, criando
mudanças significativas no contexto empresarial.
• Liderança;
• Objetivos de trabalho/performance irrealistas;
• Cultura Organizacional;
• Ética individual;
• Processos de tomada de decisão.
Rego et. al (2006) pegaram na perspetiva de Carroll (1991) e identificaram quatro tipos de gestores: imoral,
amoral intencional, amoral não intencional e moral (ver página seguinte).
• Com o aumento do seu poder, aumenta também a sua responsabilidade social. Esta responsabilidade
abarca três grandes compromissos:
o Compromisso económico: gerar lucro e promover crescimento;
o Compromisso legal: cumprir e respeitar a lei;
o Compromisso ético: harmonizar a conduta com os valores morais e expectativas da sociedade.
✓ “Os negócios têm responsabilidades para com os stakeholders” ⇒ visão sistémica das relações que a empresa
mantém com o que a rodeia.
• Barnard (1938): Análise de aspetos económicos, legais, morais, sociais e físicos da envolvente.
• Simon (1945): As organizações devem ser responsáveis face aos valores da comunidade.
• Drucker (1954): Os gestores devem ter em conta o impacto de toas as políticas organizacionais sobre a
sociedade.
• Selznick (1957): Empresas residentes contribuirão para a estabilidade da comunidade.
• Andrews (1971 – Revisão): As empresas devem ter estratégias explícitas de suporte às instituições da
comunidade.
• Freeman (1984): A organização deve satisfazer os múltiplos stakeholders.
A PERTINÊNCIA DO TEMA
Nos últimos anos o tema da RSE tem estado cada vez mais presente, quer nas práticas organizacionais, quer
nas investigações académicas, quer nos discursos institucionais:
• Instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) têm assumido um papel
ativo na sensibilização para as questões da RSE e outras organizações.
• Na continuidade do apelo formulado em 1993, por J. Delors, no sentido de as empresas participarem
na luta contra a exclusão social, o Conselho Europeu de Lisboa (Março 2000) “formulou um apelo
especial ao sentido de responsabilidade social do meio empresarial, no que toca às melhoras práticas
em matéria de aprendizagem ao longo da vida, de organização do trabalho, de igualdade de
oportunidades, de inclusão social e de desenvolvimento sustentável”.
• Em setembro de 2002, no âmbito de uma reunião sobre desenvolvimento sustentável promovida pela
ONU (Organização das Nações Unidas), o então secretário-geral, Kofi Annan, referiu o seguinte: “Não
estamos a pedir às empresas para fazerem algo diferente da sua atividade normal; estamos a pedir-
lhes que façam a sua atividade normal de forma diferente.”
O interesse pela RS vem do entendimento de que esta pode ser um contributo para a consecução do objetivo
estratégico definido pela União Europeia de: “tornar-se na economia baseada no conhecimento mais dinâmica
e competitiva do mundo, capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores
empregos e maior coesão social.”
CONCEITO
Existem várias definições de RSE, sendo que estas apresentam múltiplos pontos de convergência:
• “A integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas
operações e na sua interação com outras partes interessadas”;
• “A responsabilidade social das empresas é , essencialmente, um conceito segundo o qual as empresas
decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais
limpo. (…) Esta responsabilidade manifesta-se em relação aos trabalhadores e, mais genericamente,
em relação a todas as partes interessadas afetadas pela empresa e que, por seu turno, podem
influenciar os seus resultados.”
ENVOLVIMENTO
Evolução:
Ausência de
Conformidade Reforço do Interesse Mudança Criação de
preocupações
Legal Mínima Próprio Proativa Valor Global
de RSE
BARREIRAS VANTAGENS
Fombrun (2002): “A reputação cria valor: atrai mais e melhores recursos para as empresas melhor cotadas. As
empresas competem não só por produtos, capital e mercado de trabalho, mas também por mercados
reputacionais”.
Barney (2002): “A reputação é um importante recurso que as empresas podem usar para retirar vantagens
competitivas.”
Comissão de Finalistas Ano letivo 2021/2022 Ana Rita Pinho
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Benefícios de uma reputação favorável
STAKEHOLDERS
Grupos de Grupos de
interesse consumidores
Acionistas/
Comunidades Investidores
Locais
STAKEHOLDERS
PRIMÁRIOS
Grupos
Media
ambientais
Colaboradores
Sociedade em
Sindicatos
geral STAKEHOLDERS
SECUNDÁRIOS
Como se é socialmente responsável? Sendo proativo, informando os stakeholders, reportando o seu impacto
social, trabalhando em parceria, investindo responsavelmente, tendo uma gestão ética e transparente, etc.
Externa: a RSE ultrapassa a esfera da própria empresa e estende-se à comunidade local, envolvendo um vasto
espectro de outras partes interessadas: parceiros comerciais e fornecedores, clientes, autoridades públicas e
ONG que exercem a sua atividade junto das comunidades locais ou no domínio do ambiente.
Papel do Estado
“No que diz respeito à igualdade de direitos entre os sexos, a Constituição da República Portuguesa salvaguarda
a não discriminação em todos os domínios, incluindo o laboral. A promoção da igualdade entre homens e
mulheres é considerada uma das tarefas fundamentais do Estado (alínea h), artigo 9.º), sendo uma questão
presente também no artigo 13.º, o qual define a igualdade entre todos os cidadãos, independentemente de
«razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas,
instrução, situação económica ou condição social». Finalmente, o artigo 58.º, que define o direito ao trabalho,
refere explicitamente que compete ao estado promover o acesso ao trabalho de todos e a «igualdade de
oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado,
em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais».
O Código do Trabalho – enquanto instrumento que regula os planos do trabalho e do emprego – reforça as
disposições respeitantes à igualdade entre homens e mulheres. Simultaneamente, define medidas relativas aos
salários, diferentes tipos de contratos, organização do tempo laboral (férias e horários de trabalho) e os
processos de contratação e de despedimento. Encontram-se, também, na lei laboral os moldes em que decorre
a protecção à parentalidade e a assistência à família.
1. “Aplicação e cumprimento do definido por lei em matéria de igualdade entre homens e mulheres,
nomeadamente, processos de recrutamento e progressão na carreira não discriminatórios, facilidade
no uso das licenças definidas por lei e garantia de que homens e mulheres não auferem salários
diferenciados.
2. Desenvolvimento de culturas organizacionais e profissionais promotoras de autonomia e
responsabilidade dos trabalhadores, de políticas de cidadania empresarial, de incentivo à participação
do homem na vida familiar e, particularmente, de culturas organizacionais e profissionais não
discriminatórias de mulheres e homens a nível do recrutamento, funções, carreiras, remunerações,
formação e conciliação entre trabalho e vida familiar.
3. Criação de serviços inovadores de apoio à vida familiar dos trabalhadores, ajustados às novas
necessidades das pessoas e das famílias e promoção de formas flexíveis de utilização do tempo e do
espaço e demais condições de trabalho.
4. Incentivo à inclusão de mulheres e homens em lugares que não sejam tradicionalmente considerados
como adequados ao seu sexo, condicionando a tradicional segmentação do mercado laboral.
As entidades empregadoras são um agente chave para a não propagação das práticas discriminatórias e na
difusão e desenvolvimento de boas práticas promotoras da igualdade de género. Simultaneamente importa
referir que a promoção efetiva da igualdade também se vai refletir positivamente nas organizações.”
✓ “Incentiva a criatividade e a motivação dos trabalhadores, gera melhor comunicação entre chefias e
operacionais, e promove um mais completo conhecimento dos objetivos e da cultura da organização;
✓ Facilita a introdução de novos métodos de trabalho e de novas tecnologias, proporcionando maior
utilização do capital tecnológico;
✓ Reduz os custos com processos de recrutamento e formação na medida em que contribui para a fixação
de recursos humanos qualificados;
✓ Aumenta a produtividade na medida em que faz um planeamento dos tempos de trabalho mais
ajustados às necessidades dos trabalhadores, evitando absentismos imprevistos;
✓ Alarga e diversifica o leque dos potenciais colaboradores, interessados em trabalhar numa empresa
que lhes oferece boas condições de exercício de uma atividade profissional em harmonia com as suas
responsabilidades familiares e pessoais;
✓ Reduz os conflitos laborais;
✓ Valoriza a imagem da empresa na comunidade envolvente e a nível internacional, o que contribui para
a promoção dos seus produtos e para o aumento do volume de negócios.”
1. Prémio Igualdade é Qualidade, promovido pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG)
e a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).
O PIQ destina-se a distinguir empresas e outras entidades empregadoras com políticas exemplares nas
áreas da igualdade entre mulheres e homens, no trabalho, no emprego e na formação profissional e da
conciliação entre a vida familiar e profissional.
2. Projeto Diálogo Social e Igualdade nas Empresas, financiado pelo Programa de Iniciativa Comunitária
EQUAL.
Projeto destinado a promover a igualdade e a não discriminação entre mulheres e homens, a
conciliação entre a vida profissional, vida familiar e pessoal e a proteção da maternidade e da
paternidade, desenvolvendo com as empresas e para as empresas instrumentos e soluções para uma
política de igualdade de género em contexto empresarial.
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TIPOLOGIA DE VAN TULDER E VAN DE SWART (2009)
Papel dos códigos de conduta na gestão de problemas, sua aplicação em um setor específico e sua eficácia:
Empreendedorismo Social Corporativo (ESC) – nova abordagem das práticas de responsabilidade social, que
pretende ser aceleradora e potenciadora da RSE; remete para empresas que desenvolvem formas mais
avançadas e poderosas de responsabilidade social.
Como analisar e identificar ESC em empresas?
O ESC visa produzir uma transformação significativa e abrangente
sobre a forma como uma empresa “opera”. Elementos centrais para
esse processo:
“A ideia de que os gestores podem ser promotores de responsabilidade social veio do próprio setor
empresarial.”
“(…) responsabilidade social no setor empresarial envolve decisões que vão além dos interesses económicos
diretos da empresa”
Papel fundamental de uma liderança moral: o gestor tem acesso a vários mecanismos capazes de direcionar a
conduta organizacional para fins sociais construtivos, nomeadamente através da organização formal e
organização informal das empresas.
A importância dos altos executivos dirigindo a responsabilidade social das empresas é reforçada por pesquisas
que indicam que gestores de nível médio e inferior muitas vezes sentem-se condicionados pela “pressão de
cima” (Jackall, 1989; Joseph, 2000; Perrow, 1986).
A socialização no ambiente de trabalho envolve a imposição de respeito pela estrutura de autoridade, lealdade
aos administradores e conformidade com práticas organizacionais. Quando essa pressão representa um dilema
moral para os trabalhadores, eles podem ter que escolher entre aderir a diretivas questionáveis ou soprar o
apito/denunciar.
Swanson (1999): o gestor pode ajudar a orientar uma empresa ou organização em direção a uma conduta
socialmente responsável atuando junto da organização formal, isto é, dirigindo outros gestores e trabalhadores
ao longo da linha hierárquica e estrutura de comando da empresa ou organização, de forma a atenderem às
preocupações expressas pelos stakeholders internos (trabalhadores e acionistas) e stakeholders externos
(consumidores, fornecedores, media, organizações governamentais, grupos sociais que podem afetar, ou são
afetados, pelas atividades da empresa).
Como acolher estas preocupações? Segundo Swanson (2008), através de políticas e procedimentos formais, de
uma liderança moral/ética e através do exercício da autoridade organizacional formal.
Se o gestor estabelecer políticas formais que direcionem os outros gestores e demais trabalhadores para ouvir,
documentar e atender as preocupações de uma forma oportuna, então a empresa pode desenvolver relações
com os stakeholders, em vez de assumir posturas adversárias ou de evitamento.
Os líderes morais devem utilizar a sua autoridade organizacional formal de modo a garantir que a empresa
cumpre com as suas funções económicas na sociedade enquanto acolhe as preocupações dos seus stakeholders
de forma eficaz e eficiente ⇒ maximização dos benefícios sociais dos impactos corporativos e
prevenção/minimização do resultados prejudiciais.
Os autores destacam duas áreas-chave para a promoção de práticas de RS relativamente ao work-life balance
(evitando efeitos colaterais/consequências não desejadas/imprevistas que podem vir das práticas anteriores):
Formar Dirigentes/
Promover uma cultura organizacional mais
Coordenadores/Superiores
solidária/empática
Hierárquicos
→ Mudança de mindset;
→ Redefinição do significado/perfil de
“trabalhador ideal”;
→ Free time versus work time;
→ “(...) a cultura de overworked é, em parte,
resultado das modernas organizações que
estão inundadas de trabalhadores inseguros
que continuam a exigir dados objetivos, como
o número de horas de trabalho por semana,
para demonstrar o seu valor, contributo e
desempenho”;
→ A mudança começa ao nível individual (criar
identidades profissionais mais alargadas).
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