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Ética e Deontologia Profissional

Ética Moral
Disciplina normativa que estabelece Hábitos e costumes que a sociedade vai
princípios, regras e valores que devem adquirindo ao longo do tempo e que os
regular a ação humana. indivíduos tendem a sentir como uma
obrigação.

Aspetos complementares, em que a ética é a teoria e a moral a sua realização prática

Objeto da ética:

 Estuda a moral no tempo e no espaço;


 Analisa e fundamenta as regras do comportamento humano, para indicar as razões
filosóficas das decisões de ação humana e formular as regras mais adequadas para a
sua evolução psicológica e social.

Relevância da ética:

 Promove a harmonização e desenvolvimento da sociedade através dos princípios que


estabelece;
 Procura fornecer soluções de modo a que os indivíduos sintam a necessidade de
adotar uma postura correta, promovendo o respeito pelo outro.

Definição - Estudo dos deveres especiais de uma situação determinada;


- Introduzida em 1834, por Jeremy Bentham;
- Ramo da ética normativa que trata do dever;
- Discurso ou tratado acerca daquilo que se deve fazer;
- Tratado dos deveres;
- Conjunto de regras de que uma profissão se dota, por via de
uma organização profissional (ISAAC, 1996).
Objeto - Estudar os deveres especiais de determinadas
Deontologia situações, nomeadamente daqueles que dizem
respeito a certas profissões;
- Toma como objeto aquilo que se torna uma imposição como
tarefa inevitável.
Objetivo - Manter a profissão num elevado nível de dignidade;
- Orientar os profissionais nas suas relações uns com
os outros;
- Assegurar aos utilizadores, internos e externos, um
bom desempenho por parte dos profissionais.

Princípios éticos:

 Honestidade  Preocupação com o outro


 Integridade  Busca da excelência
 Lealdade  Responsabilidade
 Justiça / Imparcialidade
Teoria Utilitarista Teoria Deontológica
Um dado comportamento é considerado As atitudes do Homem
útil, portanto justo e correto, quando traz estarão corretas, sob o ponto de vista ético,
mais felicidade do que sofrimento aos se estiverem de acordo com a regra
atingidos. vinculada a tal comportamento.
Tem-se em consideração os meios para Importa o princípio, a sua aceitabilidade
atingir os fins. moral, independentemente dos efeitos.

Dilema Ético:

 Quando se nos impõe uma determinada situação em que, por um lado, eticamente,
não devemos adotar determinada conduta, mas, por outro lado, existe algo muito
forte e defensável que nos perturba e, portanto, empurra para esse comportamento.
 Implica que haja 2 atitudes opostas e defendíveis.

Ética Profissional

 Conjunto de normas que orienta o comportamento dos indivíduos de uma


determinada classe profissional;
 Ética de cariz deontológico;
 Reveste-se de princípios e normas de observação obrigatória para os profissionais;
 Compiladas num documento formal.

Tomadas de Decisão Éticas

Metodologia Estrutura para a tomada de decisão ética:


que visa 1. Identificar as questões éticas, incluindo os princípios e deveres profissionais que
orientar a estão em conflito;
forma de 2. Identificar todos os sistemas que possam ser afetados pela decisão;
ação. 3. Tentar identificar todos os possíveis cursos de ação e os participantes envolvidos,
identificando benefícios e riscos para cada curso de ação;
4. Examinar com cuidado os prós e os contras de cada curso de ação relevante:
 Códigos de ética e princípios legais;
 Teorias, princípios e normas;
 Teoria e princípios da profissão
 Valores pessoais (sobretudo os que conflituam)
5. Discutir com colegas e outras pessoas que se considerem importantes;
6. Decidir e documentar o processo;
7. Avaliar constantemente.

Ética em contabilidade
 É necessário garantir a integridade da informação contabilística, pois está vai ser usada pelos
stakeholders para apoiar a sua tomada de decisão.
 Deve-se pôr em causa a integridade da informação contabilística pois este tipo de informação
resulta dum trabalho de recolha, interpretação e tratamento dum conjunto de dados. Por isso, os
mesmos dados podem produzir informações diferentes.

Surge o conceito de contabilidade criativa


Contabilidade criativa – objetos, objetivos e resultados:

Associado à fraude, visto que procura manipular as contas,


Contabilidade Criativa
antecipando ou diferindo custos e proveitos de modo a gerar
uma informação mais adequada às pretensões imediatas. Ou
seja, configura uma manobra para iludir ou enganar terceiros

A sua utilização põe-nos perante questões


de índole ética pelo facto de estar
associado à fraude.
Resulta sempre da inobservância de normas e princípios éticos. As
consequências centram-se em:

 DF que não traduzem uma imagem verdadeira da situação da


empresa. Logo a tomada de decisão passa a ser suportada por dados
artificiais;
 Evasão Fiscal, visto que é a partir dos dados contabilísticos que são
apurados os impostos.
Ética em auditoria
Auditoria: exame sistemático e independente a uma determinada situação ou atividade,
inerente a uma dada entidade, com o objetivo de averiguar se existe conformidade entre a
realidade e aquilo que é exigível ou estava, previamente, estabelecido.

Auditoria = Controlo = Fiscalização

Objetivos das auditorias:

 Certificação de contas;
 Contribuir para uma imagem positiva da empresa no mercado;
 Zelar pelo cumprimento dos preceitos legais nas diversas vertentes;
 Melhoria dos procedimentos.

Classificação Quanto ao objeto Financeira


De cumprimento
Operacional
da auditoria
Interna
Quanto à forma
Externa

Relevância da ética em auditoria:

 O trabalho de auditoria tem como objetivo principal gerar credibilidade, pois cabe a
este tipo de profissionais emitir pareceres sobre o objeto auditado, atestando, ou não,
a sua conformidade com o que é exigível/correto/real.
 Supõe-se a adoção de uma conduta irrepreensível por parte dos auditores. Por isso,
considera-se como correta e verdadeira a informação que estes transmitem.

NOTA: A inobservância de princípios éticos, como a imparcialidade, a honestidade e a


responsabilidade, podem produzir consequências graves para os utentes da informação, visto
que assumem que estão a utilizar uma informação fiável e, com base nela, tomam decisões
importantes.

Auditoria Financeira em Portugal

Competência exclusiva dos ROC que ao fazê-lo estão a exercer uma função de
interesse público

Funções de interesse público dos ROC: art.º 40º do Estatuto

Outras funções dos ROC: art.º 48º

NOTA: ver “Trabalho de Chaney e Philipich”

Haverá forma de minimizar a importância da ética para um profissional?

Segundo McDowell, se existirem desculpas para justificar as atitudes, os indivíduos acabam


por adotar comportamentos maioritariamente classificados como não éticos.

Perda da força dos princípios éticos provocada pela ação


das desculpas.
 Úteis no processo de tomada de decisão,
relativamente à aplicação e adaptação de
normas éticas em contextos específicos;
 Apontam para a existência de problemas de
disfunção entre as normas éticas e as
necessidades e dificuldades da prática
profissional contemporânea.
Haverá uma crise de ética profissional?

É crescente o consenso de que existe uma crise de ética profissional. Este sentimento tem
provocado mudanças na organização da sociedade nomeadamente, pela implementação da
disciplina ética em planos curriculares, empresas a definir códigos de ética e associações
profissionais preocupadas com questões éticas.

Entidades autónomas e independentes

Competências das organizações profissionais


 Representar os seus membros;
 Defender os interesses da profissão e dos profissionais;
 Regulamentar o acesso ao exercício da profissão e controlar os profissionais já
inseridos;
 Colaborar com o poder público na produção legislativa de matérias das suas
competências;
 Estabelecer princípios e normas de ética e deontologia profissional.

Competências da OCC: art.º 3º do EOCC

Códigos Deontológicos
 Documentos onde estão definidos os princípios e normas a observar na prática duma
atividade profissional;
 Podem abranger toda a classe ou podem respeitar a apenas aos elementos duma dada
organização;
 Devem sofrer aperfeiçoamentos de modo a serem ajustados à realidade concreta e de
acordo com as experiências vividas.

Exemplo: Internacional Code of Ethics for Professional Accountants

Código de ética internacional estabelecido pelo IFAC

O IFAC é uma organização internacional para os profissionais da contabilidade.

Objetivo: servir o interesse público, contribuindo para o fortalecimento da economia


internacional, através do desenvolvimento de uma profissão que se quer global e com
padrões elevados de qualidade, promovendo, assim, a convergência internacional das
normas.

Principais valores defendidos pelo IFAC: Integridade, transparência e a perícia.


Composição e preceitos de um código de ética

IFAC - Internacional Code of Ethics for Professional Accountants


Estrutura

 Parte 1 – Conformidade com o código, princípios fundamentais e estrutura conceptual


 Parte 2 – Contabilistas em negócios
 Parte 3 – Contabilistas na prática pública
 Parte 4A – Independência para auditorias e análises
 Parte 4B – Independência para compromissos de garantia, além de auditoria e revisão
de trabalhos

Abster-se de usar informações confidenciais obtidas
como resultado de relações profissionais e comerciais
para vantagem pessoal ou vantagem de terceiros, a
menos que haja um direito legal ou profissional de
divulgar.

Princípios
Fundamentais

Competência
Comportamento
Integridade Objetividade Profissional e Confidencialidade
Profissional
Devido Cuidado

Glossário

Ser direto e honesto


em todas as profissões
e relações comerciais.

Não permitir preconceito, Obrigação de cumprir as leis


Manter o conhecimento e relevantes e regulamentos e
conflito de interesses ou
habilidade profissional no nível evitar qualquer ação que
influência indevida de
necessário para garantir serviços desacredite o profissional.
outros para substituir
profissionais competentes. Atuar
julgamentos profissionais
diligentemente de acordo com as
ou de negócios
técnicas aplicáveis e padrões
profissionais.
Abordagem da Estrutura Conceptual

 Requer consideração ativa de  Suscetíveis a mudanças rápidas


problemas (atitude proativa)  Requer julgamento em vez de
 Estabelece princípios básicos interpretações literais encorajado por
 Pode ser aplicado a diferentes uma abordagem de regras puras
circunstâncias

Ameaças

Ameaças

Interesse
Auto análise Advocacia Familiaridade Intimidação
próprio

Salvaguardas

Podem ser criadas pela profissão, legislação ou regulamento ou no ambiente de trabalho.

NOTA: quando não há uma salvaguarda adequada existem proibições.

• Potenciais conflitos
• Preparação e reporte de informação
• Agindo com experiência suficiente
Contabilistas
• Interesses financeiros, remuneração e incentivos vinculados a
em negócios
relatórios financeiros e tomada de decisão
• Incentivos, incluindo presentes e hospitalidade
• Respondendo ao não cumprimento de leis e regulamentos
• Pressão para violar os princípios fundamentais
• Compromisso Profissional
• Conflitos de interesse
Contabilistas • Segundas opiniões
na prática • Honorários e outros tipos de remuneração
pública • Incentivos, incluindo presentes e hospitalidade
• Detenção dos ativos do cliente
• Respondendo ao não cumprimento de leis e regulamentos
Independênci • Honorários
a para • Políticas de Compensação e Avaliação
trabalhos de • Presentes e hospitalidade
• Litígio real e ameaçado
• Interesses financeiros
• Empréstimos e garantias
• Relações comerciais
auditoria e
• Família e relações pessoais
revisão
• Serviço recente com um cliente de auditoria
• Ser diretor de um Cliente de Auditoria
• Atribuições Temporárias de Pessoal
• Associação longa de pessoal com um cliente de auditoria
• Prestação de serviços de não garantia a um cliente de auditoria

A Profissão de Contabilista
Conceito de Profissão

Perspetiva Funcionalista Perspetiva Crítica


Sobressai um conceito de profissão Enquadram-se as teses de poder e
associado a um conjunto de atributos monopólio, segundo as quais a existência de
(ex: detenção de conhecimento científico e uma profissão está dependente da
prático). capacidade de um grupo exercer a sua
atividade em regime de monopólio e com
autonomia face a intervenções externas.

Regulação da Profissão de Contabilista Regulação duma profissão surge


O trabalho dos contabilistas é utilizado pelos stakeholders da necessidade de imposição de
organizacionais, que inclui a sociedade, logo o interesse público padrões de competência e de
mostra-se como uma característica da profissão. comportamento aos membros
que a constituem. Esta procura
garantir a existência de
qualidade, de modo consistente,
Regulação da profissão contabilista engloba:
nos serviços prestados.
 Requisitos de acesso à profissão (licença);
 Monotorização do comportamento e performance dos
profissionais;
 Regras profissionais (éticas e relativas à qualidade);
 Sistemas disciplinares.
Processo de Profissionalização da Atividade de Contabilista
2ª metade Final séc. XIX Por volta 1910
Anos 50 séc. XIX
séc. XIX

Feitos grandes esforços no mundo Surge 1º Emergiu uma Surgiu uma arena
anglo-americano no sentido da Contabilista arena contabilística imperial.
organização da profissão de Profissional contabilística
Estabeleceu-se a profissão na
contabilista procurando-se obter na Escócia. britânica.
América
incrementos de riqueza e status
como os médicos e advogados.

Principais Marcos no período 1850 – 1910 (Ver PPT)

Relação profissão – Estado (movimentações iniciais de regulação)

Países anglo – saxónicos Estado enquanto órgão regulador com poder para criar um ring fence

Europa Continental Organismos de auditoria criados pelo Estado

Regulação da Profissão em Portugal (Ver PPT)

Ética em Gestão
Código de Ética para Empresários e Gestores

Definido pela Associação Cristã de Empresários e Gestores, para ajudar


na orientação da conduta a adotar pelos empresários e gestores.

Homem

Pilares da Ética Empresarial


Empresa

NOTA: As falhas éticas podem levar ao insucesso da organização.

Segundo Mulligan (1993), as empresas têm obrigações morais afirmativas para com a
sociedade. Assim, estas devem contribuir para o bem-estar da sociedade e não apenas se
limitar a prevenir danos.

As empresas devem desenvolver um plano de responsabilidade social e


integrá-lo na sua visão estratégica, passando, desta forma, o contributo
para o bem-estar da sociedade a fazer parte da missão da empresa.
Responsabilidade Social Empresarial (RSE)

Introdução da ética na forma como as empresas desenvolvem a sua atividade de modo a que
as suas atuações não defraudem as expectativas da sociedade e não ignorem os valores pode
ela preconizados.

Alguns autores consideram os conceitos equivalentes, no


Ética nos Negócios VS. RSE entanto, a ETHOS considera que a ética é a base da
responsabilidade social, não havendo RS sem ética.

Abordagens à Ética e à Responsabilidade Socias das organizações

O Negócio do
Teses da Moral Teoria dos
Negócio é o Missão Moral
Mínima Stakeholders
Negócio

O Negócio do Negócio é o Negócio Tese da Moral Mínima


O gestor como agente dos proprietários. A procura pelo lucro não deve impedir o
O principal contributo para esta teoria foi dever das empresas aderirem a certos
dado por FRIEDMAN (1970), que defende padrões morais mínimos. Ou seja, se uma
que a principal razão de ser e existir das empresa para atingir o lucro esquecer o
empresas é a obtenção de lucro, sendo que mínimo moral exigível, então ela pode ser
se o procurarem à luz da lei, já estão a considerada irresponsável.
cumprir o seu «dever social». Uma empresa terá sempre de cumprir a
Segundo esta abordagem, todas as moral mínima exigível. Isto obriga à
atividades sociais que não gerarem valor prevenção de eventuais danos sobre
para os shareholders são, eticamente, terceiros decorrentes da atividade
inadmissíveis. empresarial.
Com efeito, os gestores devem direcionar-se
para a angariação do lucro, porque é para tal
que são remunerados.
Se pretenderem financiar atividades
socialmente responsáveis, devem fazê-lo
com os seus próprios recursos e não com os
das empresas, pois se utilizarem estes
últimos estão a violar o contrato que
firmaram com os shareholders.

Missão Moral Teoria dos Stakeholders


As empresas têm a missão moral de utilizar Diz-nos que as empresas devem comportar-
todos os recursos físicos e intelectuais ao se de modo a ter em consideração os
seu dispor para produzirem bens e serviços interesses de todos os stakeholders e não
que fomentem a realização do Homem e apenas os dos shareholders.
tornem o mundo melhor. Por um lado, algumas teses advogam que
Neste sentido, não é suficiente evitar efeitos deve ser feita uma gestão equilibrada de
danosos, é, então, necessário praticar o todos os stakeholders porque, deste modo,
bem. é fomentado o desempenho económico das
Nesta abordagem considera-se que a lei e o empresas. Ou seja, espera-se que desta
mercado não bastam para garantir condutas gestão resultem benefícios económicos, caso
empresarias adequadas. Para além disto, contrário os interesses dos stakeholders são
assume-se que o lucro é a fonte de descurados pela gestão. Por outro lado,
sobrevivência das empresas, mas não a sua outras defendem que os stakeholders têm
razão de ser. interesses legítimos que devem ser tidos em
atenção no processo de tomada de decisão,
independentemente dos efeitos económicos
decorrentes de tais considerações.

Desempenho Social da Empresa


CARROLL definiu a RSE
Ser uma boa cidadã, ou referindo-se ao desempenho
seja, contribuir para a empresarial dividido em quatro
melhoria da qualidade categorias de responsabilidade:
de vida da comunidade. responsabilidades económicas,
responsabilidades legais,
Atuar de modo correto, responsabilidades éticas e
equitativo e de acordo responsabilidades filantrópicas.
com as normas éticas da
sociedade. Evitar causar
prejuízos e reconhecer
que para haver
Cumprir as leis e
integridade
regulamentos aplicáveis.
organizacional é
necessário ir além do
cumprimento da lei.
Sobreviver, gerar lucro
e prosperar.

Empresa com melhor desempenho social será a que, para além de cumprir as
responsabilidades económicas e legais, cumpre as éticas e filantrópicas.

Síntese do modelo de CARROLL

 Os lucros são uma condição essencial para uma eficiente cidadania empresarial. Sem eles
não é possível a empresa cumprir as restantes responsabilidades (legais, éticas e
filantrópicas).
 Uma boa cidadã empresarial gera rendimentos capazes de remunerar os investidores e
assegurar os interesses dos demais stakeholders.
 O cumprimento da lei é um dever de qualquer cidadão, mas esta obediência representa
apenas um comportamento mínimo aceitável.
 A cidadania empresarial implica ir além do respeito pelo preceituado legal, pois os
interesses dos diferentes stakeholders podem não estar completamente salvaguardados
pelo Direito.
 O sentido ético é algo fundamental para acompanhar o processo de tomada de decisão.
 A adoção duma postura ética por parte dos gestores vai fazer com que a empresa seja
encarada positivamente pelos agentes exteriores e vai contribuir para o desenvolvimento
duma cultura empresarial harmoniosa.
 Algumas organizações vão além dos três patamares e desenvolvem ações filantrópicas,
procurando, assim, contribuir para a melhoria das condições de vida da sociedade e para a
construção dum futuro mais promissor.
 Os quatro patamares estão fortemente relacionados.
 Podem, também, existir tensões entre patamares.

Limitações do modelo de CARROLL

 A pirâmide sugere que as responsabilidades do topo são mais importantes que as da base,
o que não se verifica.
 A pirâmide não reflete as sobreposições e as interinfluências entre patamares.
 Não parece muito adequado intitular as ações filantrópicas de responsabilidades, visto que
são de índole voluntária. Acresce, ainda, o facto de muitas vezes ser difícil distinguir entre
aquilo que é filantrópico e ético ou, mesmo, económico.
 O modelo não apresenta critérios objetivos que permitam classificar uma determinada
ação organizacional como económica, legal, ética ou filantrópica.

Veio remediar algumas das


Modelo dos Três Domínios (SCHWARTZ & CARROLL) limitações do modelo anterior.

Nenhum dos domínios


Idêntico ao predomina sobre os outros.
do modelo
da pirâmide.
Respeita às responsabilidades
éticas da empresa de acordo
com o que é esperado pela
comunidade em geral e pelos
Económico Legal restantes stakeholders
Ético
relevantes.

Apresenta-se neste modelo de forma mais detalhada,


considerando que o cumprimento da lei pode ser passivo,
restritivo ou oportunista. Para além disto, defende que nem
todos os cumprimentos legais podem ser inseridos no
domínio legal.
Desempenho Ideal ocorre quando a empresa concilia os 3 domínios, ou seja, quando existe
sobreposição.

Normas e Certificação de Responsabilidade Social

Garantem a existência de conformidade entre aquilo que a empresa diz fazer e o que ela faz de
facto.

Norma AA1000 Norma SA8000


Criada em 1999 pelo Institute of Social and Foi criada em 1997 pela Social
Ethical Accountability. Accountability International.
Não é uma certificação que permite verificar O modelo SA8000 e seu sistema de
a conformidade com um padrão ideal. verificação da conformidade foi
É um padrão de auxílio para a orientação da desenvolvido de modo análogo às normas
empresa no que respeita ao compromisso de certificação da qualidade ISO 9000.
para com os stakeholders. A SA8000 contempla nove áreas: trabalho
Genericamente pode definir-se como um infantil, trabalho forçado, saúde e
padrão voluntário para a avaliação, auditoria segurança, liberdade de associação e direito
e reporte ético e social. à negociação coletiva, discriminação,
Contempla um conjunto de princípios de práticas disciplinares, horários de trabalho,
qualidade e de processos de avaliação ética. remuneração e sistema de gestão.
A inclusividade é o principal princípio e Visa melhorar o desempenho social das
significa incluir as aspirações e as empresas, promovendo a observação dos
necessidades de todos os stakeholders nos direitos humanos e a dignidade das pessoas.
processos organizacionais. A garantia de que as empresas oferecem
condições de trabalho eticamente aceitáveis
é o principal objetivo.
A certificação através da SA8000 garante
que os produtos/serviços da empresa ao
longo da cadeia de produção foram
elaborados em conformidade com uma série
de requisitos éticos aceites pela sociedade (a
empresa certificada tem de garantir que os
seus FND também cumprem as exigências da
norma).
A responsabilidade dos Gestores, CC e ROC decorrente da legislação fiscal
Tipos de Responsabilidade

 Solidária – quando um credor pode exigir a totalidade da dívida a qualquer um dos


devedores, ficando os demais liberados quando um efetua o pagamento. O pagante tem
direito de regresso sobre os cada um dos restantes devedores (Art.º 512º e 524º do Código
Civil).
 Subsidiária – quando um credor tem primeiro de acionar o devedor principal e só depois
de esgotado o património deste, pode procurar terceiros responsáveis. (Art.º 23º da LGT).

Tipos de responsáveis (Art.º 21º e 22º da LGT)

 Originários ou originários solidários e seus sucessores;


 Subsidiários, solidários entre si, e seus sucessores.

Âmbito da responsabilidade prevista na LGT (Art.º 22º e 24º da LGT)

Toda a dívida tributária, enquanto obrigação principal representada na quantia exequenda e


bem assim os juros e demais encargos legais.

Efetivação da responsabilidade tributária dos terceiros responsáveis

Reversão – mecanismo através do qual são chamados ao processo tributário os terceiros


responsáveis.

Precedido de audição dos revertidos, para que, deste modo, estes possam juntar ao processo
elementos que justifiquem a sua não responsabilização. Uma vez efetuada a reversão dum
processo de execução fiscal, os revertidos podem opor-se à execução. Durante o prazo de
oposição, podem, os revertidos, pagar a dívida tributária, ficando isentos de juros e custas.
Responsabilidade dos Membros de Corpos Sociais e Responsáveis Técnicos (Art.º 24º, LGT)

Segundo o artigo 8º do RGIT, os Administradores /Gerentes são subsidiaria e solidariamente,


responsáveis pelas coimas aplicadas às entidades onde exercem funções, se por sua culpa:

 O património da entidade se tornou insuficiente para solver as obrigações fiscais;


 Não for apresentada dentro do prazo qualquer declaração fiscal.

Responsabilidade dos ROC

Os ROC e os membros dos órgãos de fiscalização possuem responsabilidade tributária de


índole subsidiária.

Incumprimento das funções de fiscalização que, implique que a


Efetiva-se se existir empresa em causa tenha deixado de cumprir as suas obrigações
fiscais e tal seja provado de Autoridade Tributária.

Responsabilidade dos CC
Art.º 72º a 75º, EOCC
Relativamente a

Violação dos deveres e a culpa dos CC

A responsabilização do CC só decorre da violação dos deveres estatutários e fiscais, facto que


tem de ser provado pela Autoridade Tributária e só releva se for culposa.

Formas de culpa: dolo e negligência (art.º 14º e 15º do CP)

Responsabilidade Subsidiária Fiscal


Antes de 31/12/2005 Após 31/12/2005
Responsabilidade subsidiária do CC dependia Haverá responsabilidade subsidiária, por
da “violação dolosa dos deveres de assunção impostos ou coimas, com qualquer grau de
de responsabilidade pela regularização culpa do CC, dolo ou simples negligência. Ou
técnica nas áreas contabilística e fiscal ou de seja, há uma ampliação das consequências
assinatura de declarações fiscais, relativas ao incumprimento dos deveres
demonstrações financeiras e seus anexos”. subjacentes às funções atribuídas ao CC pelo
nº 1 do artigo 10º do EOCC, particularmente
a responsabilidade pela regularidade técnica
nas áreas contabilística e fiscal.
Deixou de ser necessário provar a existência
de uma conduta, necessariamente, dolosa,
passando a poder-se fundamentar a
responsabilidade subsidiária do CC através
duma violação de deveres, meramente,
negligente.
O legislador entendeu não haver justificação
material para que, apenas, a violação dolosa
constituísse fundamento para a
responsabilidade subsidiária, pois resulta, do
nº 1 do art.º 10º, art.72º e 73º do EOCC, que
as funções atribuídas ao CC implicam
deveres de diligência.
Os CC passaram a ser, subsidiariamente,
responsáveis pelas coimas devidas pela falta
ou entrega tardia de quaisquer declarações
que devessem ser apresentadas no período
do seu exercício de funções. Para tal, releva
qualquer grau de culpa, a menos que
comuniquem os factos à AT no prazo de 30
dias e, tais factos não lhe sejam imputados a
qualquer título.

Regularidade Técnica nº 3, art.º 10º, EOCC


Pressupostos Subjetivos da Responsabilidade Subsidiária Fiscal dos CC

Considerando os momentos do: FC e PE dentro do PF do CC –presunção de culpa


 Facto constitutivo do imposto (FC) FC antes do PF, mas PE dentro do PF do CC –
 Pagamento ou entrega do imposto (PE) presunção de culpa
 Período de funções do CC (PF).
Modo legal prático de aplicar a responsabilidade civil subsidiária

FC no PF, mas PE depois do PF – não há


Responsabilidade dos Gestores, CC e ROC presunção de culpa
A sede própria é o processo de execução fiscal, em que o chefe do serviço de finanças procede
à sua reversão. Contudo para tal tem de obter prova do período de funções do terceiro
responsável, elaborar projeto de reversão, notificar os responsáveis relativamente ao projeto e
citar a decisão final de reversão do processo de execução fiscal.

Direitos e Garantias dos Responsáveis Subsidiários

Direitos: poder jurídico, legalmente, conferido aos sujeitos passivos relativamente a um


interesse legítimo e cuja concretização, atempada, depende da sua vontade.

São eles:

 Opor-se ao processo de execução fiscal


 Reclamar graciosamente a dívida tributária
 Impugnar judicialmente essa dívida
 Requerer o pagamento em prestações e/ou a dação em pagamento.

Garantias: dever jurídico, legalmente, imposto à administração tributária na observação


pontual de certo procedimento.

São elas:

 Ser, previamente, ouvido (nº 4 do art.º 23º da LGT)


 Ficar isento de juros e custas se… (nº 5 do art.º 23º da LGT)
 Beneficiar da excussão prévia (nº 2 do art.º 23º da LGT)
 Ininterrupção do prazo de prescrição de 8 anos, se for citado após o 5º ano
subsequente à liquidação (nº 3 do art.º 48º da LGT).

Comportamentos legais que o executado pode adotar, nos 30 dias após a citação

 Pagar voluntariamente a dívida


 Requerer o pagamento em prestações, se tal for permitido
 Requer a dação em pagamento
 Requerer a compensação da dívida com créditos sobre o Estado
 Opor-se ao PEF (os citados/revertidos têm, ainda, disponíveis os meios de defesa
Procedimento de Reclamação Graciosa e Impugnação Judicial, para além da oposição).
Oposição ao Processo de Execução Fiscal (PEF)
O revertido, uma vez citado para a execução pode não aceitar a implicação da sua
responsabilidade, por considerar que a reversão se reveste de ilegalidade, pelo facto de não se
verificarem os pressupostos legais que determinam a reversão. Nestas circunstâncias, é
através do processo de oposição à execução que o revertido pode fazer valer os seus direitos.

Natureza: processo judicial através do qual o executado reage a essa condição, dentro do
processo de execução fiscal.

Prazos e fundamentos: o executado, no prazo de 30 dias, a contar da citação, pode opor-se ao


PEF com os fundamentos do nº 1 do art.º 204º do CPPT.

Local de apresentação: o articulado da oposição, dirigido ao Juiz do TAF de 1ª instância da área


onde ocorre o PEF, deve ser entregue no Serviço de Finanças respetivo.

Efeitos: a oposição só suspenderá o PEF, se for prestada garantia idónea que assegure a
quantia exequenda (art.º 52º da LGT e art.º 169 e 212º do CPPT).

Caducidade da garantia: ocorre se a oposição não for julgada em 1ª instância no prazo de 3


anos, contados da data de entrega (art.º 183-A do CPPT).

Procedimento de Reclamação Graciosa


Deve observar o princípio da celeridade. Tem um prazo geral de 6 meses para a sua conclusão.

Garantias:

 Presunção de indeferimento para efeitos de recurso hierárquico ou impugnação


judicial, caso não sejam observados os 6 meses.
 A garantia prestada, caduca no prazo de 1 ano se o atraso na decisão do PRG não for
da responsabilidade do reclamante. (A caducidade da garantia tem de ser requerida,
sendo que se 30 dias depois não houver decisão para este pedido, presumir-se-á
deferido).

Objetivos: anular, total ou parcialmente, os atos tributários finais de liquidação, bem como os
atos tributários intermédios negativos.

Fundamentos: qualquer ilegalidade na liquidação do imposto em execução (art.º 99º CPPT dá


exemplos).

Local de apresentação e instrução: Serviço Local de Finanças.

Prazos:

 Em geral, 120 dias


 30 dias para os pagamentos por conta
 2 anos para as retenções na fonte e autoliquidação
 A todo o tempo se o fundamento invocado for a nulidade

Regras: simplicidade, celeridade, forma escrita, prova documental, isento de custas, em geral o
efeito suspensivo depende de garantia
Competência para decidir: órgão periférico regional da Administração Tributária e chefes dos
Serviço Locais de Finanças nos PRG de valor < 4988 € (em geral).

Impugnação Judicial
Noção: meio de defesa que coloca a Administração Tributária na posição de réu.

Objeto: por regra, atos tributários finais e, por exceção atos tributários intermédios.

Fundamentos: qualquer ilegalidade (art.99º do CPPT).

Forma: petição dirigida ao Juiz do Tribunal competente.

Local de apresentação: Serviço Local de Finanças, ou Secretaria do Tribunal Administrativo


Fiscal competente.

Prazos

 Em geral, 90 dias
 Como recurso de indeferimento do PRG, 15 dias
 Como recurso de indeferimento de reclamação prévia, 30 dias
 A todo o tempo, se o fundamento for a nulidade.

Tempo de decisão e garantia: 3 anos em primeira instância, findos os quais caduca a garantia.

Para as seguintes situações, recorre-se primeiramente à reclamação graciosa e só depois à


impugnação judicial:

 Situações recorríveis para as “comissões”


 Autoliquidações (AL), salvo quando o fundamento for exclusiva matéria de direito e a AL
estiver conforme as instruções da Administração Tributária
 Retenções na fonte, salvo a exceção anterior
 Pagamentos por conta
 Fixação de valores patrimoniais.

NOTA: O uso prévio da RG faz caducar o direito à impugnação.

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