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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos


Licenciatura em Contabilidade e Auditoria, 3º ano, 1º semestre
Cadeira: Gestão Financeira
Trabalho do 2º Grupo

Valor das Obrigações


Discentes:
Docente:
Edson Jhone Rocha
Festivaldo G. Aldino
Dr. Saíde
Sarneta Francisco José Mavale
Introdução

No mercado de capitais, isto é, o ponto de convergência entre as


forcas da oferta e demanda de fundos de longo prazo, ou mercado
onde os poupadores fornecem fundos para os investidores
(emprestadores), como é o caso obrigações, que são títulos de dívida
(representativo de uma fracção de um empréstimo).

O presente trabalho pertence a cadeira de Gestão Financeira e tem


com principal tema valor das Obrigações, nele pretendemos dar
destaque ou, discorrer em torno das obrigações que constituem
instrumentos financeiros representativos de empréstimos, contraídos
junto de investidor pela entidade que as emite.
Conteúdo

1.Taxas de Juros e Retorno Exigidos


2. Obrigações Privadas
3. Fundamentos de Avaliação
4.Avaliação de Obrigações
1. TAXAS DE JUROS E RETORNO EXIGIDOS

Conforme Gitman (2010), podemos definir


• Taxa de Jurus é o custo que a entidade que pede emprestado
dinheiro (emissor) deve pagar ao seu obrigacionista (entidade que
fornece fundos);

• Retorno exigidos -representa o custo dos fundos obtidos pagos


pelos emissores com a venda de direitos de propriedade , como é o
caso a venda de uma ação; e
Taxa de juros Real e Nominal
Taxa de juros real (r*) é taxa que cria um equilíbrio entre a oferta e a
demanda por fundos.

Taxa de juros nominal (r1) é a taxa efetivamente cobrada pelo


obrigacionista de fundos e paga pelo emitente. A taxa de juros nominal
(r1) difere da taxa de juros real, r*, por causa de dois factores:
 as expectativas inflacionárias refletidas num prêmio pela
inflação (IP); e
 características do obrigacionista, como risco de inadimplência e
condições contratuais, que se refletem num prêmio pelo risco
(RP — risk premium).
Cont…
A taxa de juros nominal do título 1, r1, é dada pela seguinte Equação:
r1 = r* + IP + RP1
Onde:
• IP é o premio pela inflação
• r* é a taxa de jurus real: r* = RF - IP
• RP é o Prêmio pelo risco.

Taxa Livre de Risco, RF = r* + IP


Estrutura Temporal das Taxas de Juros
Conforme Gitman (2010), “a estrutura temporal das taxas de juros relaciona a
taxa de juros ou de retorno e prazo até o vencimento” (p.249).
Curvas de Rendimento
A curva de rendimento representa a relação entre o prazo restante até o
vencimento da dívida e seu rendimento até o vencimento. É uma representação
gráfica da estrutura temporal das taxas de juros.

• Curva de rendimento invertida –apresenta inclinação negativa, representa as taxas


de juros de curto prazo estão acima das de longo prazo.
• curvas de rendimento normais – apresentam uma inclinação positiva e, indicam que
os custos de empréstimo de curto prazo são menores do que os de longo prazo.
• curva de rendimento horizontal - reflete custos de tomada de empréstimo
relativamente equivalentes para o curto e o longo prazo.
Estrutura Temporal das Taxas de Juros

Fonte: Gitman, 2016


Teorias da Estrutura Temporal
De acordo com Gitman (2010), para explicar o formato geral da curva de
rendimento, são citadas três frequentemente teorias nomeadamente:
A teoria das expectativas - sugere que a curva reflete as expectativas
dos investidores quanto às taxas futuras de juros e inflação. Quanto
mais elevadas as Taxas de inflação futura esperada, maiores serão
taxas de juros de longo prazo; e ocorre o contrário com taxas futuras
menores.
Teoria da preferência por liquidez – sugere que, para qualquer emitente de
títulos, as taxas de juros de longo prazo tendem a ser mais altas que as de curto
prazo.
Teoria da segmentação de mercado – sugere que o mercado de empréstimos é
segmentado com base nos prazos de vencimento e que a oferta e a demanda
de empréstimos.
2-OBRIGAÇÕES PRIVADAS
“uma obrigação privada é um instrumento de dívida de longo prazo
que indica que uma empresa tomou emprestada certa quantia em
dinheiro e promete restituí-la no futuro sob condições claramente
definidas” (Gitman, 2010, p.255).

Segundo Gitman (2010), a maioria das obrigações é emitida com


prazo entre 10 e 30 anos e com valor nominal, sendo os que titulares
das obrigações são protegidos principalmente pela escritura de
emissão e pelo agente fiduciário. E para compreender o
funcionamento das obrigações privadas devemos ter em conta
alguns aspectos como:
2.1-Conceito de obrigação

Segundo Martins, Cruz, Silva e Gonçalves (2016), “Uma obrigação é um


contrato de divida que obriga o devedor (emitente) cumprir um
determinado plano para o serviço de divida (reembolso e pagamento de
juros)” (p.162).

Uma obrigação é um activo de rendimento fixo, isto é, uma vez


emitidos, os títulos de renda fixa não podem ser ajustados pela inflação.
As obrigações diferem dos outos tipos de dividas (Empréstimos
bancários, por exemplo), por estas representarem cada, uma parcela de
um empréstimo, sob ponto de vista do emitente. E no ponto de vista
investidor/obrigacionista, representa activos financeiros transacionáveis
no mercado de capitais (Ross, et. al., 2013; Martins, et. al., 2016).
2.2-Aspectos Legais
Escritura de emissão é um documento legal que especifica tanto os
direitos dos titulares das obrigações quanto os deveres da empresa
emitente.
Condições padronizadas de dívida são cláusulas de uma escritura de
emissão de obrigações que especificam certas práticas gerais e de
escrituração de negócio que o emitente deve seguir; normalmente, não
impõem nenhuma restrição a uma empresa financeiramente sólida.
Condições restritivas são cláusulas de uma escritura de emissão de
obrigações que impõem restrições operacionais e financeiras ao emitente.
Agente fiduciário – atua como terceira parte em uma escritura de
emissão de obrigações e pode tomar determinadas providências em
nome dos titulares das obrigações, caso os termos da escritura sejam
violados.
2.3-Características Básicas
Segundo Afirmam Afonso, Barros, Calado, Borges, Garcia e Alves (2004), as obrigações
apresentam como características básicas:
• Valor nominal ou valor facial (VN) de uma obrigação
• Preço de emissão (PE)
• Periodicidade de juro
• Taxa de Juro, taxa de cupão ou taxa nominal (C)
• Vida máxima de um empréstimo obrigacionista
• Valor do Reembolso (VR)
• Maturidade do reembolso
• Período de carência
• Amortização da obrigação
• Cotação
• Juro corrido
2.4-Características gerais de uma emissão de
obrigações
Segundo Gitman (2016), durante a emissão de obrigações, são
fornecidos ao demandante ou ofertante, oportunidades de fazer
substituição, resgate da obrigação, ou de suplementação com alguma
forma de emissão de ações. Elas podem apresentar as seguintes
características:

• Cláusula de conversibilidade – uma opção incluída na emissão de


uma obrigação ou de uma ação preferencial que permite ao portador
trocar o título por um número determinado de ações ordinárias.
• Cláusula de resgate uma cláusula incluída em quase todas as
emissões de obrigações, concedendo à empresa emitente a
oportunidade de readquirir as obrigações a um dado preço de resgate,
antes da data de vencimento.
Cont…
Preço de resgate – o preço pelo qual uma obrigação pode ser
recomprada, com o recurso à cláusula de resgate, antes de sua data
de vencimento.

Prêmio de resgate – o montante pelo qual o preço de resgate de


uma obrigação supera seu valor de face.

Warrants de compra de ações – Instrumentos que dão a seus


titulares o direito de comprar certo número de ações ordinárias do
emitente a um preço estipulado durante certo prazo.
Rendimento das obrigações

O rendimento, ou taxa de retorno, de uma obrigação é


frequentemente usado para avaliar o desempenho de uma obrigação
no decorrer de um intervalo de tempo, normalmente um ano. Dentre
as varias maneiras de medir o rendimento podemos encontrar: o
rendimento corrente, o rendimento até o vencimento (YTM — yield to
maturity), e o rendimento até o resgate (YTC — yield to call). Sendo
que ada um deles dá uma medida específica do retorno de uma
obrigação (Gitman, 2010).
3. FUNDAMENTOS DE AVALIAÇÃO

A “Avaliação é o processo que relaciona risco e retorno para


determinar o valor de um ativo. É um processo relativamente
simples, que pode ser aplicado a séries esperadas de benefícios
proporcionados por investimentos em obrigações, ações, imóveis,
poços de petróleo e outros bens” (Gitman, 2010, p.262).

Segundo Costa, Aquino e Demarchi (2015), frisam que o risco e o


retorno são elementos importantes que ajudam na tomada de
decisão no mundo financeiro. E há uma relação directa entre risco e
retorno. Quanto maior o risco de um investimento, maior é o risco da
operação.
3. FUNDAMENTOS DE AVALIAÇÃO
Principais Dados
Conforme Gitman (2010), os principais dados de entrada para o
processo de avaliação são:
Fluxos de caixa (resultados) - o valor de qualquer ativo depende
dos fluxos de caixa que se espera que o ativo gere durante o
período em que for mantido.
Datas - além de estimar fluxos de caixa, precisamos saber as datas
em que eles deverão ocorrer.
Risco e retorno requerido - o nível de risco associado a um activo
pode afetar significativamente seu valor. De modo geral, quanto
maior o risco (ou menor a certeza) de um fluxo de caixa, menor será
o seu valor.
3. FUNDAMENTOS DE AVALIAÇÃO
Modelo Básico de Avaliação

Segundo Martins, et. al. (2016), considerando que o valor de


qualquer activo, depende dos fluxos de caixa gerados por ele, e pela
obrigação e da taxa de retorno requerido apropriado. Enntao,
podemos calcular o valor de qualquer ativo no instante zero, V 0,
partir da seguinte formula:
𝑛
𝐹𝐶 t
𝑉 0= ∑ 𝑛 V0 = valor do ativo na data zero
𝑥− 1 (1 +𝑟 ) FCt = fluxo de caixa esperado ao final do ano t
r = retorno requerido apropriado (taxa de desconto)
n = período relevante
Exercícios
As ações da Michaels Enterprises valem $ 2.500,
O poço de petróleo $ 9.262 e
o quadro $ 85000
.
AVALIAÇÃO DE OBRIGAÇÕES

• Segundo Gitman (2010), uma obrigação tem seu valor apresentado no


valor presente dos pagamentos que a empresa emitente está
contratualmente obrigada a fazer, da data atual até o vencimento. modelo
básico do valor (B0) de uma obrigação é dado pela Equação:

[∑ ] [ ]
𝑛
1 1
𝑃𝑉 = 𝐽 . t
+𝑉𝐹 n
𝑡 =1 ( 1+𝑌𝑀𝑇 ) ( 1+𝑟 𝑑 )
PV = valor da obrigação na data zero
Ou J = juro anual

¿
n = número de anos até o vencimento
VF = valor de face
YMT = retorno requerido da obrigação
Exemplo:

1- Em 10 de janeiro de 2010, a Mills Company, uma grande


empreiteira do setor de defesa, emitiu uma obrigação de dez anos
com cupom de 10% e valor de face de $ 1.000 que paga juros
semestralmente. Os investidores que comprarem essa obrigação
adquirirão direito contratual a dois fluxos de caixa: (1) $ 100 em juros
anuais (cupom de 10% sobre o valor de face de $ 1.000) distribuídos
como $ 50 (1/2 × $ 100) ao final de cada seis meses e (2) o valor de
face de $ 1.000 ao final do décimo ano.

2- Se o retorno requerido aumentasse para 12% ou caísse para 8%.


3- e se o pagamento de for semestral
4.1-Comportamento do valor da obrigação
Segundo Gitman (2016), geralmente, o valor de uma obrigação no
mercado não equivale ao seu valor de face. as obrigações poderm
estar avaliadas abaixo ou acima do seu valor face. Isso deve-se a
diversas forças econômicas externas.
4.1.1. Relação entre Retornos requeridos e valor da obrigação
Gitman (2010), sempre que o retorno requerido difere do cupon, o
prazo de vencimento afecta o valor da obrigação, isto é, a relação
entre o retorno requerido e o cupon pode apresentar duas situações:
Deságio, quando o retorno requerido é maior do que o cupon, o
valor da obrigação, V0, será menor do que seu valor de face.
prêmio ou ágio, quando o retorno requerido é inferior ao cupon, o
valor da obrigação será maior do que seu valor de face.
4.3-Comportamento do valor da obrigação

4.3.2.Prazo de vencimento e valor da obrigação

Para Gitman (2016), o prazo de vencimento contitui outro factor a ser


considerado nos retornos requeridos é se são constantes ou variarem
ao longo da vida da obrigação.
• Retornos requeridos constantes – quando o retorno requerido
difere do cupon e se presume constante até o vencimento.

• Retornos requeridos variáveis – quando há possibilidade de que


as taxas de juros se alterem e, com isso, mudem o retorno requerido e o
valor da obrigação é chamada de risco de variação das taxas de juros.
5.4. Rendimento até o vencimento (YTM —
yield to maturity)
O rendimento até o vencimento (YTM) diz respeito da taxa de
retorno que permite aos investidores tomarem decisões em relação
a compra de uma obrigação a um preço determinado e se a
mantiverem até o vencimento considerando que a empresa emitente
honre todos os pagamentos programados de juros e o valor de face
(Gitman, 2010).
 O rendimento até o vencimento de uma obrigação com preço
corrente equivalente a seu valor de face (ou seja, V0 = VF) será
sempre igual ao cupon.
 Quando o valor da obrigação divergir do valor de face, o
rendimento até o vencimento será diferente do cupon. (Gitman,
2010).
CONCLUSÃO

Em gesto de conclusão, as obrigações são títulos representativos de


dividas emitidos por empresas ou pelo estado, em outras palavras,
obrigações representam títulos de crédito representativos de
dinheiro proveniente de empréstimo concedidos, do ponto de vista
do investidor. As obrigações podem vencer juros anualmente,
semestralmente ou trimestralmente.
No que tange as taxas de juros e retornos esperados, as taxas de
jurus representam o custo por tomar os fundos (na óptica do
emitente), isto é, representa o custo a entidade que pede
emprestado dinheiro (emitente) deve pagar ao seu obrigacionista
(entidade que fornece fundos).
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Costa, E. S, Aquino, L. M. A. P., & Demarchi, L. (2015). Gestão Financeira.


São Paulo, Brasil: Rede e-Tec Brasil.
Gitman, L. J. (2010). Princípios de administração financeira. (12ª ed.). São
Paulo, Brasil: Pearson Prentice Hall.
Martins, A. Cruz, I. Augusto, M. Silva, P. P. e Gonçalves, P. G. (2016).
Manual de Gestão Financeira Empresarial. (2ª. ed.). São Paulo, Brsail :
Escolar Editora.
Ross, S. A. Westerfield, R. W. Jordan, B. D. & Lamb, R. (2013).
Fundamentos de Administração Financeira. (9ª. ed.). Porto Alegre,
Brasil: AMGH Editora Ltda.
Vasconcellos, M. A. S. (2011). Economia Micro e Macro. (8ª. ed.). São
Paulo, Brasil: Editora Atlas SA.
Enquanto existir o conceito vencedor,
Haverá sempre o perdedor
-Madara

Obrigado

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