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Excessos e deficits do período, Erros, Mudanças de politicas (IPSAS 3)

Por

Cristina Lourino Langa

Erinella Fernanda Howard Muchacha

Márcia Milene Matimele

Marília Fortunato Jalane

Nazário Augusto Zopene

Shánia da Lúcia Dovelo

Licenciatura em Contabilidade e Fiscalidade


Turma única 3º Ano

Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique (ISCAM)

Maputo, Agosto de 2021


Excessos e deficits do período, Erros, Mudanças de políticas (IPSAS 3)

Por

Cristina Lourino Langa

Erinella Fernanda Howard Muchacha

Márcia Milene Matimele

Marília Fortunato Jalane

Nazário Augusto Zopene

Shánia da Lúcia Dovelo

Licenciatura em Contabilidade e Fiscalidade


Turma única 3º Ano

Trabalho de investigação científica a ser entregue na cadeira de Contabilidade e Relato do Sector


Público sob orientação da docente Dr. Pedro Samissone para efeitos de avaliação.

Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique (ISCAM)

Docente: Dr. Pedro Samissone

Maputo, Agosto de 2021


Índice

1. Introdução: ............................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos ............................................................................................................................. 1

2. Referencial teórico ................................................................................................................... 2

2.1. Definições (§ 7 da IPSAS 3) ........................................................................................... 2

3. Políticas contabilísticas ........................................................................................................ 3

3.1. Seleção e aplicação de políticas contabilísticas (§§ 9 a 15 da IPSAS 3).............................. 3

3.2. Consistência de políticas contabilísticas (§ 16 da IPSAS 3) ................................................ 4

3.3. Alterações nas Políticas contabilísticas (§§ 17 a 23 da IPSAS 3) ........................................ 4

3.4. Aplicação de Alterações em políticas contabilísticas (§§ 24 a 26 da IPSAS 3) ................... 5

3.5. Aplicação retrospectiva (§ 27 da IPSAS 3) .......................................................................... 5

3.6. Limitação à aplicação retrospetiva (§§ 28 a 32 da IPSAS 3) ............................................. 5

4. Alterações nas estimativas contabilísticas (§§ 37 a 43 da IPSAS 3) .......................................... 6

4.1. Divulgação (§§ 44 e 45 da IPSAS 3) .................................................................................... 7

4.2. Erro (§§ 46 e 47 da IPSAS 3) ............................................................................................... 8

4.3. Limitações da reexpressão retrospectiva (§§ 48 a 53 da IPSAS 3) .................................... 8

4.4. Divulgação de erro de período anterior (§ 54 da IPSAS 3) .................................................. 9

5. Exemplos práticos.................................................................................................................... 9

5.1. Exemplo prático de alteração de políticas contabilísticas com aplicação retrospetiva .... 9

5.2. Exemplo prático de alteração de uma estimativa contabilística (aplicação prospetiva): 10

Conclusão...................................................................................................................................... 11

Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 12


1. Introdução:
A IPSAS 3, “Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativas e Retificações de Erros” é constituída
dos parágrafos 1-61. Todos os parágrafos têm o mesmo nível hierárquico. A IPSAS 3 deve ser lida
levando em consideração o contexto de seu objetivo, a Base para Conclusões e o “Prefácio às
Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público”. A IPSAS 3, “Políticas Contábeis,
Mudança de Estimativa e Retificação de Erro” fornece subsídios para a seleção e aplicação de
políticas contábeis na falta de orientação específica.
Este trabalho de pesquisa visa decsrever os principais pontos da IPSAS 3 de forma clara sem fugir
da parte literal da própria norma, e também evidenciar alguns exemplos aplicáveis a norma.

1.1. Objectivos
1. O objetivo desta Norma é definir critérios para a seleção e a mudança de políticas contábeis,
juntamente com o tratamento contábil e evidenciação de mudança nas políticas contábeis, a
mudança nas estimativas contábeis e a retificações de erros. A Norma tem como objetivo melhorar
a relevância e a confiabilidade das demonstrações contábeis da entidade, bem como permitir sua
comparabilidade ao longo do tempo e a comparabilidade com as demonstrações contábeis de
outras entidades.

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2. Referencial teórico
2.1.Definições (§ 7 da IPSAS 3)
Políticas contabilísticas são os princípios, as bases, as convenções, as regras e as práticas
específicas aplicadas pela entidade na elaboração e na apresentação de demonstrações financeiras.

Aplicação retrospetiva é a aplicação de nova política contabilística a transações, a outros eventos


e a condições, como se essa política tivesse sido sempre aplicada.

Mudança na estimativa contabilística é um ajuste nos saldos contabilísticos de ativo ou de


passivo, ou nos montantes relativos ao consumo periódico de ativo, que decorre da avaliação da
situação atual e das obrigações e dos benefícios futuros esperados associados aos ativos e passivos.
As alterações nas estimativas contabilísticas decorrem de nova informação ou inovações e,
portanto, não são retificações de erros.

Erros de períodos anteriores são omissões e incorreções nas demonstrações financeiras da


entidade de um ou mais períodos anteriores decorrentes da falta de uso, ou uso incorreto, de
informação confiável que:
(a) Estava disponível quando da autorização para divulgação das demonstrações financeiras desses
períodos; e
(b) pudesse ter sido razoavelmente obtida e levada em consideração na elaboração e na
apresentação dessas demonstrações financeiras.

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3. Políticas contabilísticas
3.1. Seleção e aplicação de políticas contabilísticas (§§ 9 a 15 da IPSAS 3)
9. Quando uma IPSAS se aplicar especificamente a uma transação, outro evento ou
circunstância, a política ou políticas contábeis aplicadas a essa situação devem ser
determinadas pela aplicação da Norma.
10. IPSASs estabelecem políticas contábeis que o IPSASB elaborou com a finalidade de que a
aplicação de tais políticas resulte em demonstrações financeiras, contendo informação relevante e
confiável sobre as transações, outros eventos e condições a que se aplicam. Essas políticas não
precisam ser aplicadas quando o efeito da sua aplicação for imaterial. Contudo, não é apropriado
produzir, ou deixar de corrigir, incorreções imateriais. Tais incorreções configuram um
afastamento do que recomenda as IPSASs para se obter uma determinada e adequada apresentação
da demonstração da posição financeira (balanço patrimonial), do desempenho financeiro
(demonstração do resultado do exercício) ou da demonstração dos fluxos de caixa da entidade.
11. As IPSASs são acompanhadas por orientações que auxiliam as entidades a aplicar suas
determinações. Todas essas orientações informam se são partes integrantes das IPSASs.
Orientações que são parte integrante das IPSAS são impositivas. Orientações que não são parte
integrante das IPSASs não contém determinações para as demonstrações financeiras.
12. Na ausência de uma IPSAS que se aplique especificamente a uma transação, outro evento ou
condição, a administração exercerá seu julgamento no desenvolvimento e na aplicação de política
contabilística que resulte em informação que seja:
(a) Relevante para a tomada de decisão por parte dos usuários;
(b) Confiável, de tal modo que as demonstrações financeiras:
(i)Representem fidedignamente a posição financeira (balanço), o desempenho
financeiro (demonstração do resultado do exercício) e os fluxos de caixa da entidade;
(ii) Reflitam a essência econômica de transações, outros eventos e condições e, não,
meramente a forma legal;
(iii) Sejam neutras, isto é, que estejam isentas de viés;
(iv) Sejam prudentes; e
(v) Sejam completas em todos os aspetos materiais.
13. O parágrafo 12 requer o desenvolvimento de políticas contabilísticas para assegurar que as
demonstrações contábeis proporcionem informações que atendam um conjunto de características
qualitativas. O Apêndice B da IPSAS 1 resume as características qualitativas das demonstrações
financeiras.
14. Ao exercer os julgamentos descritos no parágrafo 12, a administração deve consultar e
considerar a aplicabilidade das seguintes fontes por ordem decrescente:
Os requisitos das IPSASs que tratem de assuntos semelhantes e relacionados; e
As definições, os critérios de reconhecimento e de mensuração de ativos, passivos, receitas e
despesas contidos em outras IPSAS’s.

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15. Ao exercer os julgamentos descritos no parágrafo 12, a administração pode também considerar
os mais recentes pronunciamentos emitidos por outros órgãos normalizadores da Contabilidade e
práticas aceitas pelo setor público ou privado sobre o assunto em questão, mas somente até o ponto
em que estes pronunciamentos não entrem em conflito com as fontes enunciadas no parágrafo14.
Por exemplo, pronunciamentos do IASB, incluindo “Modelo para a Preparação e Apresentação
das Demonstrações Contábeis”, IFRSs e Interpretações emitidas pelos seguintes comitês: the
IASB’s International. Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC) ou antigo Standing
Interpretations Committee (SIC).

3.2. Consistência de políticas contabilísticas (§ 16 da IPSAS 3)


16. A entidade deve selecionar e aplicar suas políticas contabilísticas consistentemente para
transações semelhantes, outros eventos e condições, a menos que uma IPSAS especificamente
exija ou permita a classificação de itens para os quais possam ser aplicadas diferentes
políticas. Se uma Norma exigir ou permitir tal classificação, uma política contábil
apropriada deve ser selecionada e aplicada uniformemente para cada categoria.

3.3. Alterações nas Políticas contabilísticas (§§ 17 a 23 da IPSAS 3)


17. A entidade deve alterar uma política contabilística apenas se a mudança:
(a) For exigida por uma IPSAS; ou
(b) resultar em informação confiável e mais relevante nas demonstrações contábeis sobre os
efeitos das transações, outros eventos ou condições acerca da posição financeira, do desempenho
financeiro ou dos fluxos de caixa da entidade.
18. Os Usuários das demonstrações financeiras devem ter a possibilidade de comparar as
demonstrações financeiras da entidade ao longo do tempo para identificar tendências na sua
posição financeira (balanço patrimonial), no seu desempenho financeiro (demonstração do
resultado do exercício) e nos seus fluxos de caixa. Por isso, devem ser aplicadas as mesmas
políticas contabilísticas em cada período e de um período para o outro, a menos que uma mudança
em política contábil esteja em conformidade com um dos critérios enunciados no parágrafo 17.
19. A mudança do regime de caixa para o de acréscimo (ou vice versa) é uma mudança de política
contabilística.
20. A mudança de tratamento contabilístico, reconhecimento ou mensuração de uma transação,
evento ou condição de acordo com um regime contábil é percebida como uma mudança de política
contabilística.
21. Não constituem mudanças nas políticas contabilística:
(a) A adoção de política contabilístic para transações, outros eventos ou condições que sejam
diferentes, em essência, daqueles que ocorriam anteriormente; e
(b) a adoção de nova política contabilística para transações, outros eventos ou condições que não
ocorriam anteriormente ou eram imateriais.
22. A aplicação inicial de uma política de reavaliação de ativos, em conformidade com a IPSAS
17 – Ativo Imobilizado ou com a IPSAS 31 – Ativo Intangível é uma mudança na política

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contabilística a ser tratada como reavaliação de acordo com o IPSAS 17 ou IPSAS 31, e não
conforme com esta Norma (IPSAS 3) em particular.
23. Os parágrafos 24–36 não se aplicam à mudança de política contábil descrita no parágrafo 22.

3.4. Aplicação de Alterações em políticas contabilísticas (§§ 24 a 26 da IPSAS 3)


24. Definições sujeitas ao parágrafo 28:
a) A entidade deve contabilizar uma mudança na política contabilística resultante da adoção inicial
de uma IPSAS, de acordo com as disposições transitórias específicas, se essas existirem, expressas
nessa Norma; e
(b) Quando a entidade muda uma política contabilística na adoção inicial de uma IPSAS que não
inclua disposições transitórias específicas que se apliquem a essa mudança, ou quando muda uma
política contabilística voluntariamente, ela deve aplicar essa mudança retrospetivamente.
25. Para fins desta IPSAS, a adoção antecipada de uma Norma não deve ser considerada como
mudança voluntária na política contabilística.
26. Na ausência de uma IPSAS que se aplique especificamente a uma transação, outro evento ou
condição, a administração pode, de acordo com o parágrafo 15, aplicar uma política contabilística
proveniente de pronunciamentos mais recentes emanados de outros órgãos técnicos
normalizadores e que sejam aceitas pelas práticas adotadas pelo setor público e privado, mas desde
que sejam consistentes com o parágrafo 14. Por exemplo, pronunciamentos do IASB, incluindo
“Modelo para a Preparação e Apresentação das Demonstrações financeiras”, IFRSs e
Interpretações emitidas pelos seguintes comitês: the IASB’s International Financial Reporting
Interpretations Committee (IFRIC) ou antigo Standing Interpretations Committee (SIC). Se, ao
seguir uma mudança de referida norma, a entidade optar por mudar uma política contábil, essa
mudança deve ser contabilizada e evidenciada como mudança voluntária na política contabilística.

3.5. Aplicação retrospectiva (§ 27 da IPSAS 3)


27. Observado o disposto no parágrafo 28, quando uma mudança na política contabilística é
aplicada, retrospetivamente, de acordo com os parágrafos 24(a) ou (b), a entidade deve ajustar o
saldo de abertura de cada componente do patrimônio líquido afetado para o período anterior mais
antigo apresentado e ajustar também os demais montantes comparativos divulgados para cada
período anterior apresentado, como se a nova política contábil tivesse sempre sido aplicada.

3.6. Limitação à aplicação retrospetiva (§§ 28 a 32 da IPSAS 3)


28. Quando a aplicação retrospetiva for exigida pelos parágrafos 24(a) ou (b), uma mudança na
política contabilística deve ser aplicada retrospetivamente, exceto quando for impraticável
determinar os efeitos específicos do período ou o efeito cumulativo da mudança.
29. Quando for impraticável determinar os efeitos específicos do período resultantes da mudança
na política contábil sobre as informações comparativas de um ou mais períodos anteriores
apresentados, a entidade deve aplicar a nova política contabilística aos saldos contabilísticos de
ativos e passivos de abertura do período mais antigo para o qual seja praticável a aplicação

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retrospetiva, que pode ser o período corrente, e deve proceder ao ajuste correspondente no saldo
de abertura de cada componente afetado dos ativos líquidos /Patrimônio Líquido desse período.
30. Quando for impraticável determinar o efeito cumulativo, no início do período corrente, da
aplicação de uma nova política contabilística a todos os períodos anteriores, a entidade deve ajustar
a informação comparativa para aplicar a nova política contabilística prospectivamente a partir do
período mais antigo possível.
31. Quando a entidade aplicar a nova política contabilística retrospetivamente, ela deve aplicar a
nova política contabilística à informação comparativa para períodos anteriores tão antigos quanto
for praticável. A aplicação retrospetiva a um período anterior é considerada não praticável se não
for praticável determinar o efeito cumulativo nos montantes dos balanços de abertura e de
encerramento desse período. O valor do ajuste resultante, relacionado com períodos anteriores aos
apresentados nas demonstrações contábeis, é registrado no saldo de abertura de cada componente
do patrimônio líquido afetado do período anterior mais antigo apresentado. Geralmente, o ajuste é
registrado em superavits ou deficits acumulados. Contudo, o ajuste pode ser feito em outro
componente dos ativos líquidos / patrimônio líquido (por exemplo, para cumprir uma IPSAS
específica). Qualquer outra informação sobre períodos anteriores, tal como resumos históricos de
dados financeiros, é também ajustada para períodos tão antigos quanto for praticável.
32. Quando for impraticável a uma entidade aplicar a nova política contabilística
retrospetivamente, porque não pode determinar o efeito cumulativo da aplicação da política a todos
os períodos anteriores, a entidade, de acordo com o parágrafo 30, deve aplicar a nova política
prospectivamente desde o início do período mais antigo praticável. Portanto, desconsidera-se a
parcela do ajuste cumulativo em ativos, passivos e ativos líquidos / patrimônio líquido
correspondente a períodos anteriores ao período mais antigo praticável. A mudança na política
contabilística é permitida mesmo que seja impraticável aplicar a nova política prospectivamente a
partir de qualquer período anterior. Os parágrafos 55 a 58 oferecem orientação sobre o que fazer
quando é impraticável aplicar uma nova política contábil a um ou mais períodos anteriores.

4. Alterações nas estimativas contabilísticas (§§ 37 a 43 da IPSAS 3)


37. Como consequência das incertezas inerentes aos serviços de entrega de encomendas,
gerenciamento de comércio ou outras atividades, muitos itens nas demonstrações financeiras não
podem ser mensurados com precisão, podendo apenas ser estimados. A estimativa envolve
julgamentos baseados na última informação disponível e confiável. Por exemplo, podem ser
exigidas estimativas de:
a) receita tributária devida ao governo;
b) inadimplência decorrente de tributos de liquidação duvidosa;
c) Obsolescência de estoque;
d) Valor justo de ativos financeiros ou passivos financeiros;
e) Vida útil ou o padrão esperado de consumo dos futuros benefícios econômicos ou serviços
potenciais incorporados em ativos depreciáveis; ou a percentagem de conclusão na construção de
estradas; e

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f) Obrigações decorrentes de garantias.
38. O uso de estimativas razoáveis é parte essencial da elaboração de demonstrações contábeis e
não reduz sua confiabilidade.
39. A estimativa pode necessitar de revisão se ocorrerem alterações nas circunstâncias em que a
estimativa se baseou ou em consequência de novas informações ou de maior experiência. Dada a
sua natureza, a revisão da estimativa não se relaciona com períodos anteriores nem representa
correção de erro.
40. Uma mudança de método de avaliação é uma mudança na política contábil e não uma mudança
na estimativa contábil. Na dúvida em determinar se uma mudança é uma mudança na política
contábil ou é uma mudança na estimativa contábil, a mudança é tratada como mudança na
estimativa contábil.
41. O efeito de uma mudança na estimativa contábil que não seja uma mudança à qual se aplique
o parágrafo 42 deve ser reconhecido prospectivamente, incluindo-o no superavit ou no deficit no:
(a) período da mudança, se a mudança afetar apenas esse período; ou (b) período da mudança e
futuros períodos, se a mudança afetar todos eles.
42. Na medida em que a mudança na estimativa contábil resulte em mudanças em ativos e passivos,
ou relacione-se a componente dos ativos líquidos / patrimônio líquido, ela deve ser reconhecida
pelo ajuste no correspondente valor contábil do componente do ativo, do passivo ou dos ativos
líquidos / patrimônio líquido no período da mudança.
43. O reconhecimento prospetivo do efeito de uma mudança na forma de elaborar uma estimativa
contábil significa que a mudança é aplicada a transações, outros eventos e condições a partir da
data da mudança na forma de elaborar uma estimativa. Uma mudança na forma de elaborar uma
estimativa contábil pode afetar apenas o superavit ou o deficit do período corrente ou o superavit
ou o deficit tanto do período corrente como de períodos futuros. Por exemplo, uma mudança na
estimativa do montante de créditos de liquidação duvidosa afeta apenas o superavit ou o deficit do
período corrente e, por conseguinte, é reconhecida no período corrente. Por outro lado, a mudança
na forma de estimar a vida útil de ativo depreciável, ou a mudança na forma de elaborar a
estimativa do padrão esperado de consumo dos futuros benefícios econômicos ou do serviço
potencial incorporado desse tipo de ativo, afeta as despesas com depreciação do período corrente
e de cada um dos futuros períodos durante a vida útil remanescente do ativo. Em ambos os casos,
o efeito da mudança relacionada com o período corrente é reconhecido como receita ou despesa
no período corrente. O efeito, caso exista, em períodos futuros é reconhecido como receita ou
despesa nesses períodos futuros.

4.1. Divulgação (§§ 44 e 45 da IPSAS 3)


44. A entidade deve evidenciar a natureza e o montante obtido por meio de uma mudança
na forma de elaboração de uma estimativa contabilística que tenha efeito no período corrente
ou se espera que tenha efeito em períodos subsequentes, exceto para os casos de tentativa de
evidenciação do efeito em períodos subsequentes em que a estimativa do efeito for
impraticável.

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45. Se o montante do efeito em períodos subsequentes não for evidenciado porque a
estimativa do mesmo é impraticável, a entidade deve evidenciar tal fato.

4.2. Erro (§§ 46 e 47 da IPSAS 3)


46. Erros podem ocorrer no reconhecimento, na mensuração, na apresentação ou na evidenciação
de elementos de demonstrações contábeis. As demonstrações financeiras não estarão em
conformidade com as IPSAS se contiverem erros materiais ou erros imateriais cometidos
intencionalmente para forjar determinada apresentação da posição financeira, do desempenho
financeiro ou dos fluxos de caixa da entidade. Os potenciais erros do período corrente descobertos
nesse período devem ser corrigidos antes de as demonstrações financeiras serem autorizadas para
publicação. Contudo, os erros materiais, por vezes, não são descobertos até um período
subsequente, e esses erros de períodos anteriores são corrigidos na informação comparativa
apresentada nas demonstrações financeiras desse período subsequente (ver parágrafos 47–51).

47. De acordo com o disposto no parágrafo 48, a entidade deve corrigir os erros materiais de
períodos anteriores retrospectivamente no primeiro conjunto de demonstrações financeiras
cuja autorização para publicação ocorra após a descoberta de tais erros. A correção deve
seguir alternativamente os seguintes critérios:
(a) A entidade deve corrigir o(s) erro(s) por meio da reapresentação dos valores
comparativos do(s) período(s) anterior(es) apresentado(s) em que (ou nos quais) o erro tenha
ocorrido; ou
(b) se o erro ocorreu antes do período anterior mais antigo apresentado, o erro será corrigido
por meio da reapresentação dos saldos de abertura dos ativos, dos passivos e dos ativos
líquidos / patrimônio líquido do período anterior mais antigo apresentado.

4.3. Limitações da reexpressão retrospectiva (§§ 48 a 53 da IPSAS 3)


48. Um erro de período anterior deve ser corrigido por meio de reapresentação retrospectiva,
salvo quando for impraticável determinar os efeitos específicos do período ou o efeito
cumulativo do erro.
49. Quando for impraticável determinar os efeitos de erro em um período específico na
informação comparativa para um ou mais períodos anteriores apresentados, a entidade deve
retificar os saldos de abertura de ativos, passivos e ativos líquidos / patrimônio líquido do
período mais antigo para o qual seja praticável a reexpressão retrospectiva (que pode ser o
período corrente).
50. Quando for impraticável determinar o efeito cumulativo, no início do período corrente,
de erro em todos os períodos anteriores, a entidade deve retificar a informação comparativa
para corrigir o erro prospectivamente a partir da data mais antiga praticável.
51. No caso de retificação de erro de período anterior, o efeito desse erro deve ser excluído do
superávit ou do déficit do período no qual o erro foi descoberto. Qualquer informação apresentada

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a respeito de períodos anteriores, incluindo qualquer resumo histórico de dados financeiros, deve
também ser retificada nos períodos tão antigos quanto for praticável.
52. Quando for impraticável determinar o montante de um erro (por exemplo, erro na aplicação de
política contábil) para todos os períodos anteriores, a entidade, de acordo com o parágrafo 50,
retifica a informação comparativa prospectivamente a partir da data mais antiga praticável. Dessa
forma, ignorará a parcela da retificação de erros cumulativos de ativos, passivos e de ativos
líquidos /patrimônio líquido relativa a períodos anteriores à data em que a retificação do erro foi
praticável. Os parágrafos 55 a 58 fornecem orientação sobre quando é impraticável corrigir erro
para um ou mais períodos anteriores.
53. As correções de erro distinguem-se de mudanças nas estimativas contabilísticas. As estimativas
contabilísticas, por sua natureza, são aproximações que podem necessitar de revisão à medida que
se conhece informação adicional. Por exemplo, o ganho ou a perda reconhecida no momento do
desfecho de uma contingência, que, anteriormente, não podia ser estimada com precisão, não
constitui retificação de erro.

4.4. Divulgação de erro de período anterior (§ 54 da IPSAS 3)


54. Ao aplicar o parágrafo 47, a entidade deve fazer as seguintes evidenciações:
(a)Divulgar a natureza do erro de período anterior;
(b) para cada período anterior apresentado, e até onde for praticável, a entidade deve
evidenciar o montante de retificação de cada elemento componente da demonstração
financeiras que tenha sido afetada.
(c) evidenciar o montante da retificação no início do período anterior mais antigo
apresentado; e
(d) no caso em que a reapresentação retrospectiva for impraticável para um específico
período anterior, a entidade deverá evidenciar tanto as circunstâncias que levaram à
existência dessa condição, quanto a descrição de como e desde quando o erro foi retificado.
As demonstrações contábeis de períodos subsequentes à retificação do erro não precisam
repetir essas divulgações.

5. Exemplos práticos
5.1.Exemplo prático de alteração de políticas contabilísticas com aplicação retrospetiva
Uma entidade tem em construção uma estação de energia hidroelétrica tendo para o efeito recorrido
a financiamentos bancários. Até ao final 2011, a política contabilística da entidade relativa à
contabilização dos juros de empréstimos contraídos especificamente para a construção foi a sua
capitalização como parte do ativo. Em 2012, o órgão de gestão da entidade decidiu alterar a sua
política contabilística passando a considerar esses juros como um gasto e deixando, assim, de os
capitalizar no ativo. O órgão de gestão fez esta alteração considerando a nova política mais
apropriada, porque resulta num tratamento mais transparente dos gastos de financiamento e é
consistente com as práticas de outras entidades públicas.

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Todos os custos de empréstimos suportados até 2011 com a construção da central foram
capitalizados sendo 2.600.000 meticais relativos a 2011 e 5.200.000 meticais relativos a períodos
anteriores a 2011.
A demonstração de resultados de 2012 mostra um resultado líquido positivo antes de juros de
30.000 euros e um gasto de juros de 3.000.000 meticais (que apenas diz respeito a 2012). A
entidade não reconheceu qualquer depreciação relativa à estação de energia hidroelétrica porque
ainda não está a ser usada. A demonstração de resultados de 2011 mostra um resultado líquido
positivo de 18.000.000 meticas não havendo qualquer gasto de juros.
O saldo inicial da conta de resultados transitados em 2011 era de 20.000 euros e o saldo final após
considerar os resultados líquidos de 2011 era de 38.000 euros. O saldo representando o capital
(património líquido) manteve-se em 10.000.000 meticais.

5.2.Exemplo prático de alteração de uma estimativa contabilística (aplicação prospetiva):


No início de 2021, o órgão de gestão mandou fazer uma avaliação a um determinado item do ativo
fixo tangível com o objetivo de determinar se tal item, considerando o seu desgaste e estado de
uso atual, mantinha ou não o seu potencial de futuro, e por quanto tempo (vida útil remanescente).
A informação proporcionada pela referida avaliação indicou que a vida útil inicialmente estimada
do item, na base da qual se procedia à respetiva depreciação periódica, não se mostrava apropriada
e era mais longa do que a estimada.
A informação disponível é a seguinte:
Quantias em meticais 2020 Vida útil Anos
Custo 300.000 Inicial 10
Depreciação acumulada (210.000) Já decorrido 7
Valor contabilístico no final do período 90.000 Remanescente (com base na avaliação) 5
Depreciação do período (Inicial) 30.000

Com base nestes dados, a depreciação a considerar para o período de 2021 e anos futuros é de
18.000 meticais (90.000/5).

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Conclusão
Quando a uma transação ou acontecimento se aplicar uma IPSAS específica, devem ser aplicadas
a essa transação ou acontecimento as políticas contabilísticas previstas nessa Norma específica.
Nas circunstâncias em que não existe uma IPSAS específica para uma transação, acontecimento
ou condição, a seleção e aplicação de políticas contabilísticas é uma questão de julgamento do
órgão de gestão ponderando:
• Os requisitos e orientações previstos noutras IPSAS que tratam de matérias semelhantes
e/ou relacionadas; e
• As definições e critérios de reconhecimento e mensuração previstos na Estrutura
Conceptual do Manual de NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE PARA
O SETOR PÚBLICO.
Uma política contabilística só deve ser alterada quando for exigido por uma outra IPSAS, ou
resultar em informação mais fiável e relevante.
As alterações de políticas contabilísticas aplicam-se:
De acordo com as regras específicas transitórias de uma NCP, se existirem, e
Retrospetivamente, quando não existirem disposições transitórias ou quando a alteração for
voluntária
Quando a alteração for feita retrospetivamente, deve ajustar-se o saldo de abertura de cada
componente do património líquido afetado do período anterior apresentado nas demonstrações
financeiras para efeitos comparativos.
Quando for impraticável determinar os efeitos do período ou efeitos cumulativos da alteração, a
aplicação faz-se prospetivamente a partir da data mais antiga possível.
Erros são incorreções e/ou omissões em um ou mais períodos, com respeito ao reconhecimento,
mensuração, apresentação ou divulgação de elementos das demonstrações financeiras.
Os erros decorrem de não se ter usado, ou ter sido feito uso incorreto, de informação fiável que:
Estava disponível quando as demonstrações financeiras desses períodos foram autorizadas para
emissão, ou
Poderia esperar-se que tivesse sido obtida e tomada em consideração na preparação e apresentação
dessas demonstrações financeiras.
Quando um erro é descoberto num determinado período e ocorreu nesse período, a sua correção
faz-se dentro do período antes de as demonstrações financeiras estarem preparadas. Quando um
erro é descoberto num determinado período, mas ocorreu num período anterior, a sua correção é
feita retrospetivamente nas demonstrações financeiras apresentadas para efeitos comparativos
reexpressando as quantias comparativas do período anterior apresentado.
Quando for impraticável determinar os efeitos do período ou efeitos cumulativos do erro, a
aplicação faz-se prospetivamente.

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Referências Bibliográficas
CNC. (2016). Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações Públicas (SNC-
AP): Manual de Implementação.

IFAC. (2010). NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE PARA O SETOR PÚBLICO.

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