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UNIVERSIDADE MUSSA BIM BIQUE

Curso de Administração Pública

Faculdade de Ciências Sociais e Humanidade

PROGRAMAS DE AUDITORIA

Nampula

2019

UNIVERSIDADE MUSSA BIM BIQUE


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Curso de Administração Pública

Faculdade de Ciências Sociais e Humanidade

PROGRAMAS DE AUDITORIA

Trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue na Faculdade de Ciências
Sociais e Humanidade, recomendado
pelo docente da cadeira de
AUDITORIA I,

Nampula
2019
2

Índice
Introdução..........................................................................................................................3
Objetivos............................................................................................................................3
Geral..................................................................................................................................3
Específicos.........................................................................................................................3
Metodologia.......................................................................................................................3
1.Programas de auditoria...................................................................................................4
1.1.Programa de Trabalho.................................................................................................6
1.2.Descrição do sistema de Controlo Interno.................................................................11
1.2.1.Tipos de Controlo Interno......................................................................................12
1.3.Avaliação Do Sistema De Controle Interno: Alcance da Auditoria..........................14
1.3.1.Importância para a auditoria...................................................................................14
1.3.2.Procedimentos de Auditoria...................................................................................16
1.4.Auditoria Financeira..................................................................................................20
1.5.Área de Compras.......................................................................................................21
1.5.1.Objetivos do Sector de Compras............................................................................21
1.5.2.Descrição do controlo Interno................................................................................22
1.6.Avaliação do Controle Interno..................................................................................23
1.6.1.Segregação de Funções...........................................................................................24
1.7.Fluxograma do Sector de Compras...........................................................................25
Conclusão........................................................................................................................26
Bibliografia......................................................................................................................27
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Introdução
O surgimento da auditoria está relacionado com a necessidade da confirmação de
informações quanto a realidade financeira – econômica de uma entidade. Dessa forma,
temos assim o marco da escrituração mercantil com a publicação do Método das
Partidas Dobradas em meados de 1494, no trabalho Summa / Tractatus, de Frà Luca
Paccioli, como ponto de partida desse estudo direcionado.
Assim, uma auditoria é uma revisão das demonstrações financeiras, sistema financeiro,
registros, transações e operações de uma entidade ou de um projeto, efetuada por
contadores, com a finalidade de assegurar a fidelidade dos registros e proporcionar
credibilidade às demonstrações financeiras e outros relatórios da administração. A
auditoria também identifica deficiências no sistema de controle interno e no sistema
financeiro e apresenta recomendações para melhorá-los. As auditorias podem diferir
substancialmente, dependendo de seus objetivos, das atividades para os quais se
utilizam as auditorias e dos relatórios que se espera receber dos auditores.
Contudo, no presente trabalho pretende-se falar sobre o programa de Auditoria, onde se
pretende tratar da descrição do sistema de controlo interno; avaliação do sistema de
controlo: alcance da auditoria; Área financeira: Descrição do sistema de controlo
interno; Programa de auditoria interna. Também vai se falar da Área de compras:
Descrição do sistema de controlo interno; Programa de auditoria interna Quadros e
fluxogramas da área de compras. É portanto, desta forma que far-se-á o
desenvolvimento do presente trabalho.

Objetivos
Geral
 Compreender o Processo de Auditoria em Geral;
Específicos
 Identificar os programas de auditoria nas áreas de compras e financeira;
 Descrever o sistema de controlo interno nas áreas de compras e financeira.
 Explicar o processo de avaliação do sistema de controlo interno.
Metodologia
Para a realização do presente trabalho foi necessário o uso do método bibliográfico que
consistiu na leitura de diversas obras que versam sobre o assunto em estudo.
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1.Programas de auditoria
Programa de Auditoria constitui-se no desenvolvimento do Plano de Auditoria,
executado previamente aos trabalhos de campo, embasado em objetivos definidos e nas
informações disponíveis sobre as atividades da entidade auditada. É o plano de ação
detalhado, destinado a orientar adequadamente o trabalho do auditor, permitindo-lhe,
ainda, complementá-lo quando circunstâncias imprevistas o recomendarem, MORAIS
& MARTINS (2013:22).
Assim, o programa de auditoria constitui-se no objetivo final do planejamento. É um
plano de acção detalhado e se destina, precipuamente, a orientar adequadamente o
trabalho do auditor interno, facultando-se-lhe, ainda, sugerir oportunamente
complementações quando as circunstâncias o recomendarem.
Neste sentido, ATTIE (1998:56) define o programa de auditoria como sendo:
uma definição ordenada de objetivos, determinação de escopo e
roteiro de procedimentos detalhados, destinado a orientar a
equipe de auditoria; configura-se na essência operacional do
trabalho de auditagem relativamente a uma área específica da
entidade ou a gestão de determinado sistema organizacional e
deve estabelecer os procedimentos para a identificação, análise,
avaliação e registro da informação durante a execução do
trabalho.
Para ele, o programa de auditoria é estruturado de forma padronizada e pode conter:
 Sistema organizacional a ser auditado;
 Conceituação;
 Áreas envolvidas;
 Período;
 Objetivos;
 Cronograma dos trabalhos;
 Equipe de auditores internos;
 Custos envolvidos;
 Tick-marks utilizadas;
 Procedimentos;
 Questionário de Avaliação - Controles Internos Administrativos (QACI);
 Campo para observações dos auditores internos;
 Conceito dos auditores internos;
 Orientações gerais.
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Ainda para ATTIE (1998:58) a utilização criteriosa do programa de auditoria permite à


equipe avaliar, em campo, sobre a conveniência de ampliar os exames (testes de
auditoria) quanto à extensão e/ou a profundidade, caso necessário.
Neste sentido, o programa visa definir os meios mais econômicos, eficientes e
oportunos para se atingir os objetivos da auditoria. Deve ser suficientemente discutido
no âmbito da Unidade de Auditoria Interna e ser aprovado por seu titular ou seu
delegado, antes do início do trabalho de campo.
Por outro lado, MORAIS & MARTINS (2013:25) afirmam que o programa deve ser
preparado analisando-se, entre outros, a natureza e o tamanho da entidade ou setor
examinado, as políticas e o sistema de controle interno estabelecidos pela administração
e as finalidades do exame que será efetuado. Essas características e circunstâncias
devem ser analisadas por intermédio de um estudo geral, que englobe as informações
contidas em trabalhos anteriores, o conhecimento do ramo de atividade, a avaliação de
controles internos, dentre outras.
Assim, para eles a época mais adequada para fazer-se o programa ocorre na fase final do
planejamento dos trabalhos, após ter-se conhecimento geral das operações, por meio dos
manuais dos serviços ou elaboração de fluxogramas (Pré-auditoria). A responsabilidade
do programa pode ser do Titular da Unidade de Auditoria Interna ou dos Auditores
designados para o trabalho. As características do programa de auditoria variam de caso
para caso, (MORAIS & MARTINS, 2013:25). Todavia, é possível estabelecer certos
conteúdos mínimos que todo programa deve conter. Estes requisitos mínimos são:
 Objetivo do trabalho;
 Aspectos fundamentais de controles internos;
 Procedimentos de auditoria e momento em que serão efetuados;
 Extensão dos trabalhos que considera necessária para que o auditor possa
concluir sobre os mesmos.
A preparação do programa de auditoria, portanto, deve seguir o seguinte fluxo:
Em resumo, a preparação do programa deve seguir o fluxo racional e harmônico,
prevendo uma consistência natural e lógica da atividade do auditor com o próprio fluxo
da atividade. Podendo ser estruturado para que possa ser:
ESPECÍFICO – preparado para cada trabalho de auditoria, quando as atividades
apresentarem frequentes alterações de objetivos, procedimentos ou controles internos; e
PADRONIZADO – destinado à aplicação em trabalhos locais ou em épocas diferentes,
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com pequenas alterações, prestando-se a atividades que não se alterem ao longo do


tempo ou a situações que contenham dados e informações similares. Objetiva
padronizar os procedimentos da auditoria de uma mesma unidade auditável.

1.1.Programa de Trabalho
Assim, dos itens citados anteriormente, a programação dos trabalhos de auditoria deverá
ser consubstanciada em documento contendo, obrigatoriamente e no mínimo, (ATTIE,
1998:60), os seguintes itens:
 Objeto
 Objetivos (geral e específicos);
 Escopo do exame;
 Avaliação dos riscos envolvidos;
 Procedimentos de auditoria a serem executados;
 Recursos a serem utilizados (humanos, materiais, tecnológicos e financeiros);
 Tick-marks utilizadas;
 Cronograma detalhado, envolvendo as diversas fases de execução;

a) Objeto
Definição sucinta das características da área ou da atividade a ser auditada, propiciando
ao auditor um nível mínimo de informações que permite avaliar, desde logo, a
magnitude, importância, complexidade da área e, portanto, a problemática de controle
que terá pela frente.

b) Objetivo da auditoria

Objetivo da auditoria significa o propósito da atividade programada e é o principal


elemento de referência dos trabalhos que determinará o tipo e a natureza da auditoria.
Os objetivos da auditoria condicionam a determinação do escopo e a metodologia a ser
aplicada e podem ser para:
 Prevenir resultados;

 Acompanhar processos operacionais e gerenciais; e

 Avaliar os resultados orçamentários, financeiros, econômicos, patrimoniais e


sociais.
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O objetivo geral significa o que se pretende alcançar no âmbito macro, ou seja, define o
que a auditoria procurará atingir dentro da área de investigação sob exame: “Qual a
finalidade da realização do exame dentro da área selecionada?”

Os objetivos específicos representam o detalhamento do objetivo geral, circunscrevendo


a abrangência da auditoria e estabelecendo os limites de sua atuação: “Quais os pontos
que deverão ser analisados, com a finalidade a atingir o objetivo geral da área de
investigação sob exame?”

c) Escopo do trabalho
Para COSTA, (2010:198) escopo é a delimitação estabelecida para a implementação dos
programas de auditoria. A determinação do Escopo, para ser consistente, deve guardar
compatibilidade com os objetivos da auditoria programada e contemplar os seguintes
elementos estruturais:
Abrangência - refere-se à delimitação do universo auditável, e por ser assim, representa
o mais importante elemento estrutural do escopo. Pelo requisito Abrangência identifica-
se o que deve ser examinado;
Oportunidade - consiste, objetivamente, na pertinência do ponto de controle e na
temporalidade dos exames programados, aqui o sentido da tempestividade torna-se
variável decisiva. Por meio do requisito Oportunidade identifica-se quando deve ser
realizado o exame, ou seja, o período de abrangência do exame.
Extensão - corresponde à configuração da amostra, à amplitude ou tamanho dos exames
previstos (provas seletivas, testes e amostragens), vale dizer: corresponde à quantidade
dos exames programados. Através do requisito Extensão identifica-se quanto deve ser
examinado.
Profundidade - significa a intensidade das verificações, o seu grau de detalhamento, seu
nível de minúcia, enfim a qualidade dos exames. Difere, neste sentido, do conceito da
extensão visto aquele se relacionar aos aspectos da quantidade. Pelo requisito
Profundidade identifica-se como deve ser realizado o exame. Ex: técnicas de auditoria
utilizadas, roteiros de Auditoria e Check list aplicados.

d) Avaliação dos riscos envolvidos


Na visão de COSTA, (2010:190) a avaliação do risco, durante a fase do planejamento
da auditoria, destina-se a identificação de áreas e sistemas relevantes a serem auditados.
São as seguintes as espécies de riscos operacionais:
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A. Risco humano (erro não intencional; qualificação; fraude);


B. Risco de processo (modelagem; transação; conformidade; controle; técnico);
C. Risco tecnológico (equipamentos; sistemas; confiabilidade da informação).
A fraude engloba um conjunto de irregularidades e ilegalidades caracterizado pelo
engano intencional, encobertamento ou violação da confiança. Pode ser perpetrada em
benefício de pessoas ou em prejuízo da organização e por pessoas tanto externamente
como integrantes da Companhia, (ATTIE, 1998:64).
O desencorajamento da fraude consiste em ações tomadas tempestivamente para
dissuadir práticas fraudulentas e limitar os riscos operacionais. O principal mecanismo
para o desencorajamento da fraude são os controles internos administrativos. A
responsabilidade primeira pelo estabelecimento e manutenção de controles pertence à
gestão a custos razoáveis.
Assim, apesar de não ser o objetivo primordial das atividades da Unidade de Auditoria
Interna a busca de fraudes, o auditor interno deve estar consciente da probabilidade de,
no decorrer dos exames e testes, defrontar-se com tais ocorrências. Compete-lhe assim,
prestar especial atenção às transações ou situações que apresentem indícios de fraudes e,
quando obtida evidencias, comunicar o fato a alta administração para a adoção das
medidas corretivas cabíveis.
Avaliar risco em auditoria interna significa identificar, medir e priorizar os riscos para
possibilitar a focalização das áreas auditáveis mais significativas. A avaliação do risco é
utilizada para identificar as áreas mais importantes dentro do seu âmbito de atuação,
permitindo ao auditor interno delinear um planejamento de auditoria capaz de testar os
controles mais significativos para as questões de auditoria que se mostrarem
materialmente e criticamente relevantes, (ATTIE, 1998:64).
Como ferramenta para a avaliação de riscos, de forma a sistematizar e estruturar
informações de riscos sobre o ambiente de análise poder-se-á utilizar o Diagrama de
Avaliação de Risco, que estabelece o impacto potencial e as probabilidades de
ocorrência dos riscos identificados.
Os riscos considerados de baixo impacto, ou seja, de consequências de baixa gravidade,
poderão ser aceitos e monitorados, com ou sem redirecionamento de
condutas/procedimentos. Os riscos de alto impacto poderão requerer a adoção de
medidas saneadoras. Os riscos que além de alto impacto, apresentarem alta
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probabilidade de ocorrência, merecerão imediatas medidas saneadoras, (TRIBUNAL


DE CONTAS, 1999:47).
A auditoria com foco em resultados e centrada no risco acrescenta mais valor a
organização do que uma auditoria centrada apenas nos aspectos de conformidade.
Trata-se de novo paradigma, que significa ampliar a perspectiva da auditoria interna
para abarcar as técnicas de gestão de riscos aos programas de auditoria e de avaliação de
natureza operacional.
Sob essa nova perspectiva, abordagens metodológicas relativas ao controle da gestão
organizacional, foram construídas e traduzidas em modelos de referência reconhecidos
mundialmente que visam à implantação e avaliação de controles internos.

e) Procedimentos de auditoria a serem executados


Conjunto de ações ordenadas que permitam ao auditor controlar a execução de seu
trabalho e, ao mesmo tempo, habilitá-lo a expressar sua opinião sobre os controles
internos da organização, (ATTIE, 1998:64). São os passos da fase de execução do
processo de auditoria e compreendem os levantamentos de dados, a aplicação de
roteiros e check list, coleta das evidências, aplicação das técnicas de auditoria, registros
em papeis de trabalho, e demais procedimentos necessários a formar e fundamentar a
opinião do auditor.

f) Recursos a serem utilizados


Na óptica de ATTIE, (1998:64) é a identificação dos elementos básicos e mínimos
necessários ao desempenho do trabalho de auditoria, e podem ser:
 Humanos: equipe de auditores, coordenador, equipe de apoio administrativo;

 Materiais: veículos, espaço físico de trabalho, equipamentos;

 Tecnológicos: computadores, impressoras, softwares, banco de dados;

 Financeiros: recursos para diárias de viagem, transporte, consultorias.

g) Cronograma detalhado
É a definição do tempo necessário para a execução de cada fase do trabalho,
dimensionando-se assim, qual o prazo previsto para a realização da auditoria e entrega
dos resultados.
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h) Tick-marks utilizadas
Para auxiliar na utilização do programa de auditoria, devem ser utilizadas marcas
(símbolos) usuais de verificação denominadas tick-marks. A principal função de tais
marcas é evidenciar qual o tipo de revisa que foi efetuada sobre aquele item marcado,
(TRIBUNAL DE CONTAS, 1999:45). Com isso, pode se afirmar que as marcas a
serem utilizadas são:
a) Conforme documento original examinado ( Ø )
b) Conforme registro do sistema informatizado (  )
c) Conferido;
d) Cálculo conferido ( Σ )
e) Ponto de relatório ( X )
É importante que os programas de auditoria indiquem claramente o significado de cada
marca ou símbolo empregado.
Os auditores internos dispensarão ao preparo dos programas de auditoria todo o cuidado
e o empenho necessários para que o resultado final atinja o padrão de qualidade técnico
almejado.
É desejável, ainda, que o programa de auditoria seja suficientemente flexível para
permitir adaptações tempestivas, sempre que surgirem questões relevantes que
justifiquem as alterações propostas. Qualquer modificação deve ser levada, por escrito,
ao conhecimento da Unidade de Auditoria Interna e receber a devida análise para que
seja aprovada.
É recomendável que o novo programa de auditoria seja submetido a pelo menos um
teste-piloto, especialmente diante da elevada complexidade e da falta de manualização
ou de informações precisas a respeito do objeto da auditoria, (TRIBUNAL DE
CONTAS, 1999:47). Ferramenta útil para facilitar a elaboração conceitual do trabalho e
subsidiar as decisões sobre a estratégia metodológica a ser empregada é a matriz de
planejamento, de utilização obrigatória nas avaliações de natureza operacional e
facultativa nas demais modalidades de trabalho realizadas pela Unidade de Auditoria
Interna.
O TRIBUNAL DE CONTAS, (1999:47) realça que nenhum trabalho de auditoria in
loco, de cunho ordinário, poderá ser empreendido sem que haja o respectivo programa
de auditoria, que é essencial ao ato de auditar, definindo o ponto de controle sobre o
qual se deve atuar.
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Assim, a partir dos elementos tratados anteriormente, podemos afirmar que o


instrumento formal de planejamento dos trabalhos de auditoria, ou seja, o PROGRAMA
DE TRABALHO DE AUDITORIA - PTA conduzirá a equipe de auditoria à realização
de um serviço elaborado, consistente, fundamentado, oportuno e, principalmente, eficaz,
atendendo ao objetivo proposto.

1.2.Descrição do sistema de Controlo Interno


Tal como no caso da auditoria, existem vários conceitos de várias entidades nacionais e
internacionais para Controlo Interno, os quais revelam diferentes ideologias acerca do
que será um adequado Controlo Interno para uma dada organização.
Segundo MORAIS & MARTINS (2013:28), foi o AICPA, em 1934, o primeiro
organismo a definir Controlo Interno, através da SAS nº1, definindo que o Controlo
Interno “compreende um plano de organização e coordenação de todos os métodos e
medidas adoptadas num negócio a fim de garantir a salvaguarda de activos, verificar a
adequação e confiabilidade dos dados contabilísticos, promover a eficiência operacional
e encorajar a adesão às políticas estabelecidas pela gestão”.
Desde então, o Controlo Interno tem vindo a ser cada vez mais preponderante no seio
das organizações, devido ao crescimento registado nos últimos tempos das empresas em
si e devido também ao ambiente em que operam, a cada passo marcado pela constante
mudança. Assim, têm surgido vários conceitos para Controlo Interno de várias entidades
nacionais e internacionais, sendo que destaco as seguintes definições de Controlo
Interno:
“Processo concebido, implementado e mantido pelos responsáveis pela governação,
pela gestão e outro pessoal, para proporcionar uma segurança razoável com o fim de se
atingir os objectivos de uma entidade com vista à credibilidade do relato financeiro,
eficácia e eficiência das operações e cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis.”
(IFAC, 2010, ISA 315)
“O Controlo Interno é um processo, levado a cabo pelo Conselho de Administração, de
Gestão, e outro pessoal, desenvolvido para fornecer uma segurança razoável no que
respeita ao alcance dos objetivos relacionados com as operações, reporte, e
cumprimento de leis e regulação.” (COSO, 2013:3).
“Assim, uma das definições mais vulgarizada e simples, refere que o controlo interno
compreende o plano de organização e todos os métodos e medidas adoptados numa
entidade para:
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a) salvaguardar os seus activos;


b) verificar a exactidão e a fidedignidade dos seus dados contabilísticos;
c) promover a eficácia operacional; e
d) encorajar o cumprimento das políticas prescritas pelos gestores.” (COSTA,
2010:223).
“Controlo é qualquer ação empreendida pela gestão, pelo conselho e outras entidades
para aperfeiçoar a gestão do risco e melhorar a possibilidade do alcance dos objetivos e
metas da entidade. A gestão planeia, organiza e dirige o desempenho de ações
suficientes para assegurar com razoabilidade que os objetivos e metas serão
alcançados.3” (MORAIS & MARTINS, 2013:27).
“O controlo interno é uma forma de organização que pressupõe a existência de um
plano e de sistemas coordenados destinados a prevenir a ocorrência de erros e
irregularidades ou a minimizar as suas consequências e a maximizar o desempenho da
entidade na qual se insere.” (TRIBUNAL DE CONTAS, 1999:47).
Analisando os conceitos anteriores, pode-se afirmar que o controlo interno de uma
empresa engloba o conjunto de procedimentos e controlos pré-estabelecidos pela gestão
de uma entidade, os quais visam garantir a qualidade da informação financeira, como
também a eficácia das operações e processos dentro da entidade, através da
minimização de erros e irregularidades, assegurando de forma razoável o cumprimento
dos objetivos estabelecidos para a mesma.
Por outro lado, apercebemo-nos também que o Controlo Interno se associa ao processo
levado a cabo pela gestão de uma empresa, tendo em vista a concretização dos objetivos
referidos nas definições acima apresentadas, enquanto o Sistema de Controlo Interno
compreende as políticas e procedimentos que de facto são implementados na empresa,
isto é, os controlos internos existentes na entidade.

1.2.1.Tipos de Controlo Interno


Na literatura o Controlo Interno é diferenciado em dois tipos, segundo o seu âmbito de
atuação. Assim, segundo COSTA (2010), o American Institute of Certified Public
Accountants (AICPA) no Statement on Auditing Procedure, sobre o âmbito do estudo
do auditor sobre a avaliação do Controlo Interno, divide então o Controlo Interno
naqueles dois grandes tipos:
1) Controlo Interno Administrativo;
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2) Controlo Interno Contabilístico.


Quanto ao primeiro tipo de Controlo Interno, COSTA (2010:34) refere que este inclui o
plano de organizações e os procedimentos e registos relacionados com os processos de
decisão e que, por conseguinte, conduzem à autorização das transações pelo órgão de
gestão. Desta forma, o Controlo Interno Administrativo inclui o controlo hierárquico e
dos procedimentos e registos que se relacionem com os planos, políticas e objetivos que
hajam sido definidos pelos responsáveis de gestão (TRIBUNAL DE CONTAS, 1999).
Já em relação ao segundo tipo de Controlo Interno, o Contabilístico, COSTA (1010)
menciona que este abrange, por sua vez, o plano de organização e os registos e
procedimentos relacionados com a salvaguarda dos ativos e com a confiança que os
registos contabilísticos induzem. Assim, tal como o Tribunal de Contas (1999)
menciona, este tipo de controlo tem como finalidade o alcance de uma garantia no que
respeita à fiabilidade dos registos contabilísticos, por forma a simplificar a revisão das
operações financeiras que tenham sido autorizadas pelos respetivos responsáveis, bem
como permitir a salvaguarda dos ativos, tal como referido por COSTA (2010).
Por outro lado, e no que respeita aos Controlos possíveis de serem implementados na
entidade, encontra-se também uma distinção entre vários tipos de Controlos existentes,
a qual, neste caso, divide os Controlos segundo o efeito esperado da sua aplicação.
Nesta perspectiva MORAIS & MARTINS (2013) apresentam assim um conjunto de 5
tipos de controlos possíveis de serem implementados numa empresa.
Os Controlos Preventivos, segundo MORAIS & MARTINS (2013), tem como objetivo
impedir que acontecimentos não desejáveis ocorram, sendo assim também conhecidos
por controlos à priori. Com o estabelecimento de Controlos Preventivos pretende-se
evitar erros ou fraudes, uma vez que este tipo de Controlo não permite que, por
exemplo, sejam pagas faturas sem autorização superior ou cujas quantias ou preços
estejam incorretos.
Ao invés dos Preventivos, os Controlos Detetivos são controlos à posteriori, uma vez
que visam detetar e corrigir erros e irregularidades que já ocorreram no passado.
Exemplo deste tipo de Controlos, são as reconciliações bancárias, contagens físicas ou
conciliações de extratos de contas com terceiros (MORAIS & MARTINS, 2013).
Para além destes, existem também os Controlos Diretivos ou Orientativos, os quais,
segundo aquelas autoras, “servem para provocar ou encorajar a ocorrência de um facto
desejável, isto é, para produzir efeitos ‘positivos’” (MORAIS & MARTINS, 2013:32).
As autoras apresentam vários exemplos deste tipo de controlos, de entre os quais
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destaco a criação de regulamentos internos na entidade e a criação de instruções para os


documentos em circulação na entidade.
Já os Controlos Corretivos permitem a retificação de possíveis problemas que tenham
sido encontrados, sendo exemplo relatórios sobre artigos obsoletos, sobre atrasos de
cobrança de dívidas ou até sobre cheques do pessoal que não tenham sido descontados
(MORAIS & MARTINS, 2013).
Por último, MORAIS & MARTINS (2013) apontam para um tipo de Controlo
Compensatório, que serve precisamente para compensar possíveis fragilidades
existentes no Controlo Interno implementado, em relação a outras áreas da organização.
As autoras apresentam como exemplo deste tipo de controlo o cruzamento do valor das
entradas registadas pelo armazém com a contabilidade, realizando uma conciliação da
conta de compras.

1.3.Avaliação Do Sistema De Controle Interno: Alcance da Auditoria

1.3.1.Importância para a auditoria


A Avaliação do Sistema de Controlo Interno, tal como o próprio nome sugere, consiste
em determinar a eficácia operacional dos controlos internos implementados na entidade
e, por conseguinte, identificar possíveis erros e falhas naquele sistema, (MORAIS &
MARTINS, 2013:29).
Esta avaliação pode ser realizada quer por auditores externos, quer por auditores
internos, os quais apresentam objetivos distintos para a execução da mesma. Por seu
lado, o auditor externo ao avaliar o SCI de uma entidade procura verificar a
conformidade das suas operações através da análise dos controlos internos, visando a
credibilidade da informação financeira produzida pela organização. Já o auditor interno
tem como finalidade expressar uma opinião no que respeita à eficácia da gestão da
entidade.
Desta forma, apercebemo-nos da importância da Avaliação do SCI, não apenas ao nível
da gestão da entidade, mas também como ferramenta de trabalho da auditoria. Assim,
“uma entidade de sucesso não se compadece com ocorrências imprevisíveis. É
necessário identificar e acompanhar os seus objetivos, avaliando o controlo interno”
(MORAIS & MARTINS, 2013:39).
Porém, interessa aqui entendermos de facto a razão pela qual a Avaliação do SCI é tão
importante para uma auditoria financeira independente. Segundo MORAIS &
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MARTINS (2013), aquela avaliação é essencial para a elaboração de um programa de


auditoria pois é a base para a definição dos procedimentos a realizar, bem como para a
definição do alcance e profundidade dos testes a efetuar na auditoria. O controlo interno
exerce assim uma grande influência nos trabalhos de auditoria, uma vez que lhe serve
de ponto de partida.
Desta forma, o primeiro passo a tomar num trabalho de auditoria passa pelo
levantamento do controlo interno, sendo que cada empresa possui objetivos
operacionais diferentes e, portanto, os procedimentos de CI utilizados serão igualmente
diferentes entre si. Porém ATTIE, (1998) avança que após o levantamento e avaliação
dos controlos internos, o auditor deverá conseguir determinar um grau de confiança a
depositar em cada tipo de operação analisada, pelo que os procedimentos e testes a
realizar estarão dependentes desta determinação. Assim, com o estudo do SCI da
entidade o auditor poderá averiguar sobre:
 O sistema pelo qual as informações passam pelos diversos departamentos;
 A regularidade das operações;
 E, a adequação dos registos contabilísticos e de controlo.
A Avaliação do SCI visa então o alcance de dois grandes objetivos finais: determinação
do grau de confiança no SCI e determinação da profundidade dos procedimentos a
efetuar. Para além disso, segundo o TRIBUNAL DE CONTAS (1999) a avaliação do
SCI pode ser dividida em duas fases:
 Avaliação Preliminar, a qual se inicia na fase de planeamento global da auditoria
e se baseia na identificação dos tipos de operações mais relevantes, dos
principais fluxos de processamento das operações e das áreas-chave do controlo.
 Avaliação Definitiva, que só poderá ser realizada após o auditor obter a
descrição detalhada e fidedigna dos procedimentos da entidade, por forma a
identificar os pontos fortes e fracos do controlo, permitindo-lhe aferir sobre o
alcance ou não dos objetivos estipulados para o CI.
Em jeito de conclusão, e segundo COSTA (2010:234-235), “para os auditores externos
não é indiferente que a empresa tenha bons ou maus sistemas contabilísticos e de
controlo interno (…) De facto, a segunda norma de auditoria do ACIPA, relativa ao
trabalho de campo, determina que ‘tem de haver um estudo e avaliação apropriados do
controlo interno existente, não só como base da confiança que o mesmo merece como
também para a determinação da extensão dos procedimentos de auditoria’”.
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1.3.2.Procedimentos de Auditoria
De acordo com ATTIE (1998:45), qualquer auditoria inicia-se com um planeamento dos
trabalhos e, após esta fase, é feito um exame preliminar que se realiza após o
encerramento das contas do ano anterior. É neste exame preliminar que se encontra a
fase de avaliação dos sistemas de controlo interno, que depois permitirá definir a
extensão dos procedimentos de auditoria.
De acordo com a literatura encontrada ATTIE (1998:45), a avaliação de um SCI pode
ser dividida em três etapas fundamentais:
A primeira etapa de uma avaliação do controlo interno de uma entidade implica uma
análise de toda a informação disponível sobre a entidade e os seus processos, por forma
a identificar os procedimentos de controlo interno existentes e, posteriormente,
descrevê-los e documentá-los.
Segundo COSTA (2010), no levantamento do SCI de uma entidade devem ser
analisados documentos como organigramas, manuais de descrição de funções, manuais
de políticas e procedimentos contabilísticos, bem como de medidas de controlo interno,
entre outros documentos que contenham informações imprescindíveis para que a
descrição do CI seja o mais próxima possível da realidade. Por outro lado, o
TRIBUNAL DE CONTAS (1999:32) menciona ainda que ao reunir a informação
deverão ainda ser analisados os objetivos do organismo, os regulamentos e normas
internas e, ainda, dados relativos às principais operações financeiras.
No entanto, poderão haver algumas situações em que o auditor não dispõe destes
documentos e desta informação, como no caso em que aqueles documentos não são
atualizados com regularidade ou simplesmente não existem. Neste caso, mas também
quando estes documentos são disponibilizados, o auditor deverá obter e/ou completar a
informação obtida através da realização de entrevistas ou através de questionários
padronizados (COSTA, 2010).
As entrevistas são geralmente realizadas com os responsáveis das secções ou
departamentos, mas poderão também ser efetuadas com os próprios executantes das
tarefas, devendo ser bem planeadas e preparadas com bastante cuidado por parte do
auditor externo. Este deverá marcar previamente a entrevista e definir criteriosamente os
assuntos a abordar durante a mesma. O auditor deverá conseguir obter do entrevistado
uma descrição das funções desempenhadas por este, bem como de todo o
desenvolvimento do processo a analisar, isto é, da sua primeira etapa até à finalização
do processo. No decorrer da entrevista o auditor deverá ainda garantir que esta se
17

desenvolva com cordialidade, abertura e respeito e que seja o mais eficaz possível no
que respeita ao objetivo final, o levantamento do SCI (TRIBUNAL DE CONTAS,
1999).
Por outro lado, poderão também ser utilizados nesta fase questionários padronizados, os
quais nada mais são do que um conjunto de procedimentos contabilísticos e de medidas
de controlo interno que se espera estarem implementados numa dada entidade com o
mínimo de organização. Este conjunto de procedimentos e medidas poderá ser mais ou
menos extenso e serve de orientação para o auditor na fase de levantamento dos pontos
cruciais dos processos a descrever. Geralmente, existem três opções de resposta a estes
questionários, sim, não ou não aplicável, havendo ainda espaço para observações de
aspetos particulares que tenham sido identificados. Note-se que, por serem
padronizados, estes questionários deverão ser adaptados à realidade de cada entidade
que se pretende analisar, sobretudo em relação a aspetos como o mecanismo de
autorizações existente, bem como a segregação de funções ou mesmo o registo
contabilístico. Para além disso, a lógica subjacente a estes questionários tem vindo a
evoluir, sendo que é usual estes questionários terem a sua base em determinados
objetivos de controlo considerados básicos para os principais processos de uma
entidade, ao invés do que se espera estar implementado (COSTA, 2010:42).
Por último, poderá ser ainda realizada uma simples observação dos funcionários,
verificando a forma como as tarefas são executadas e como a documentação é tratada
(COSTA, 2010).
Segundo COSTA (2010:56) das três formas de levantamento de processos aqui
referidas, a correspondente ao questionário padronizado é a menos adequada devido à
sua pouca especificação ou à sua generalidade em demasia.
Entretanto, após a realização destas tarefas, o auditor deverá ser capaz de registar e
documentar todos os procedimentos para os quais fez levantamento e reunião de
informações. Analogamente, existem várias formas de registar as informações
recolhidas sobre o SCI, nomeadamente, as narrativas, os fluxogramas ou mesmo um
misto das duas últimas, as quais fazem parte dos papéis de trabalho do auditor e da
segunda etapa acima referida.
Na mesma perspectiva COSTA, (2010:67) acrescenta que as narrativas são bastante
utilizadas em auditoria e consistem numa descrição bastante detalhada dos
procedimentos contabilísticos e das medidas de controlo interno existentes nas várias
áreas operacionais de uma dada entidade. Normalmente, produz-se narrativas para as
18

áreas mais importantes e/ou de maior risco para a organização. Ao contrário do que se
passa na situação dos questionários padronizados, no caso das narrativas o auditor pode
ser levado a uma excessiva pormenorização dos processos, sendo por isso uma forma de
registo mais adequada a processos mais simples por forma a não ser perdida a sua
vantagem, a obtenção de uma visão global sobre o processo.
Por sua vez, o TRIBUNAL DE CONTAS, (1999) descreve que poderemos também
encontrar os chamados fluxogramas, os quais envolvem o desenvolvimento de uma
representação gráfica dos procedimentos contabilísticos e das medidas de controlo
interno implementados numa entidade. Esta técnica utiliza vários símbolos para
conseguir relatar a sequência lógica das operações e processo analisados, bem como a
forma como a informação e documentação flui dentro da organização. Os fluxogramas
podem ainda tomar duas formas: fluxogramas verticais ou fluxogramas horizontais.
Nos fluxogramas verticais, os procedimentos são apresentados sucessivamente na
vertical, geralmente de forma descendente, sendo dada importância aos documentos.
Por outro lado, os fluxogramas horizontais apresentam os procedimentos
sucessivamente na horizontal, contendo assim varias colunas correspondentes às várias
secções que se incluam no processo a descrever. Em relação a outras formas de registo
dos SCI, será de fácil dedução a vantagem da utilização dos fluxogramas uma vez que
no caso de processos complexos, permitem ao auditor obter uma visão mais direta do
processo (COSTA, 2010:78).
Por fim, no registo do SCI o auditor poderá também fazer uso de métodos mistos que,
como o nome indica, são uma combinação dos dois métodos acima descritos, a narrativa
e o fluxograma. Desta forma, através deste método obtém-se uma descrição por extenso
das políticas, procedimentos e práticas contabilísticas em conjunto com a sua
representação fluxo-gráfica (TRIBUNAL DE CONTAS, 1999:34).
Segundo COSTA (2010:241), a segunda forma de registo dos SCI aqui apresentada, os
fluxogramas, é claramente preferível às demais “uma vez que pode representar de forma
clara, simples e concisa qualquer esquema por mais complexo que seja”.
Ressalta ainda aqui a importância da documentação do trabalho realizado, uma vez que,
tal como COSTA (2010:235) refere, “em auditoria é fundamental ficar com a prova
(audit evidence) do trabalho realizado”.
Recolhido e registado todo o SCI relevante para a auditoria, passa-se à terceiraetapa do
processo de avaliação do SCI, a confirmação e respetiva avaliação do sistema de
19

controlo interno efetivamente observado e documentado. Por sua vez, esta etapa pode
dividir-se em três fases:
 Confirmação da existência do SCI;
 Avaliação preliminar;
 Verificação do funcionamento do sistema.
A primeira das três fases acima referidas, a confirmação da existência do SCI, trata-se
da verificação de que o sistema, identificado e descrito pelo auditor, corresponde de
facto à realidade do normal decorrer de cada processo. Nesta fase, utilizam-se os
chamados testes de procedimento (também conhecidos por walkthroughs), nos quais o
auditor seleciona um exemplo de um processo corrente e procede a sua análise,
verificando todos os passos tomados desde o seu inicio até ao fim, averiguando assim a
existência do SCI tal como foi descrito. Desta forma, poderão ser encontradas
diferenças no que respeita à descrição do sistema feita pelo auditor e a realidade
encontrada no exemplo escolhido, devendo estas ser corrigidas. Note-se que aqueles
testes são realizados apenas para as operações consideradas como relevantes conforme o
definido no início da auditoria, (TRIBUNAL DE CONTAS, 1999:50).
Posto isto, o auditor fará a avaliação preliminar do sistema por si identificado, o que
corresponde à segunda fase mencionada. Nesta avaliação preliminar, o objetivo do
auditor é aferir se o SCI está na verdade a cumprir com o seu propósito no que respeita
aos objetivos estipulados (TRIBUNAL DE CONTAS, 1999).
Por fim, a última e terceira fase prende-se com a verificação do funcionamento do
sistema, altamente relacionado com a segunda fase, sendo aqui utilizados os testes de
conformidade. Estes testes têm como finalidade permitir ao auditor concluir sobre a
execução do SCI implantado, ou seja, se este é de facto aplicado às transações da
entidade. Assim, através da realização destes testes o auditor verifica a adequação do
sistema encontrado e se aquele realmente funciona, quer no período da avaliação do SCI
quer em todo o período temporal a analisar na auditoria, apercebendo-se da
credibilidade do mesmo. É depois desta fase que o auditor poderá decidir sobre
delimitar ou alargar a extensão dos seus trabalhos, nomeadamente no que respeita aos
testes substantivos a realizar, conforme obtenha resultados satisfatórios ou não em
relação à eficácia do SCI encontrado (TRIBUNAL DE CONTAS, 1999).
20

1.4.Auditoria Financeira
O processo de auditoria financeira inicia-se com a fase de planejamento, passando pela
fase de execução (ou de testes) e termina com a fase de relatório. Ressalta-se, todavia,
que o planejamento não é uma fase estanque, devendo ser atualizado em todas as fases
do processo, (TRIBUNAL DE CONTAS, 1999:78). Além disso, alguns aspectos são
transversais e perpassam todas as fases do processo de auditoria, tais como controle de
qualidade, documentação e comunicação. Estes aspectos contribuem para garantir a
eficácia e a credibilidade da auditoria. Apesar das semelhanças entre os processos de
diferentes tipos de auditoria, há algumas características específicas que merecem ser
destacadas. Em trabalhos de certificação, sejam eles para assegurar a confiabilidade da
informação ou a conformidade com leis e regulamentos, pelo menos quatro
peculiaridades se sobressaem.
A primeira refere-se ao uso da abordagem baseada em risco. Em geral, trabalhos de
asseguração são periódicos (em regra, anuais) e abrangentes, por ter como objeto todo o
conjunto de transações, saldos e divulgações do período auditado. A grande quantidade
de elementos a serem auditados e os prazos pré-estabelecidos exigem uma abordagem
de auditoria tão eficiente e eficaz quanto possível, de tal modo que em um curto período
de tempo seja possível testar tantos elementos quantos necessário para obter o nível de
segurança requerido. A abordagem baseada em risco direciona os esforços para áreas de
alto risco, reduzindo a quantidade de testes necessários e aumentando as chances de
identificar distorções materialmente relevantes.
A segunda peculiaridade refere-se à amostragem estatística. Mesmo utilizando a
abordagem baseada em risco e testando todas as áreas com alto risco de distorção
relevante, o auditor só poderá formar uma opinião sobre aqueles elementos que forem
testados. Neste caso, não seria possível obter segurança razoável sobre todo o conjunto
de elementos auditados. Por isso, é fundamental a utilização de amostragem estatística
para permitir a extrapolação dos resultados da auditoria para todo o conjunto de
informações da entidade. A terceira peculiaridade refere-se ao encaminhamento de
possíveis fraudes ou irregularidades, passíveis de responsabilização administrativa e
financeira, identificadas durante um trabalho de asseguração. Devido às limitações
técnicas e temporais, não é possível investigar e obter provas de fraudes e
irregularidades no mesmo processo de auditoria. Além disso, não há condições técnicas
e temporais para a identificação de responsáveis por fraudes e irregularidades passíveis
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de sanção (identificação de conduta e de nexo de causalidade). Portanto, caso se


constate circunstâncias dessa natureza, a equipe de auditoria deverá representar perante
a autoridade competente, nos termos das leis e regulamentos aplicáveis, de modo que a
apuração e a eventual responsabilização possam ser conduzidos mediante procedimento
próprio adequado.
A quarta peculiaridade refere-se ao monitoramento das recomendações.
Como os trabalhos de auditoria financeira são realizados periodicamente, geralmente
em bases anuais, o monitoramento das recomendações de auditorias do ano X é
realizado na auditoria do ano X+1, fazendo parte, portanto, do planejamento do
exercício X+1.

1.5.Área de Compras
O setor de Compras é considerado de fundamental importância para uma organização.
Para ARNOLD (1999:45), compra é uma atividade que tem que localizar fontes
adequadas de suprimentos, negociar preços, obtendo o material certo, nas quantidades
certas, com a entrega correta (tempo e lugar), da fonte correta e no preço certo. Este
setor tem como finalidade obter materiais, peças, acessórios, componentes ou serviços.
O processo de compras inclui também a seleção de fornecedores, os contratos de
negociação, e todas as decisões para conclusão da compra. É também considerado como
um setor de apoio à instituição, pois seu serviço é de utilidade aos demais
departamentos, (ARNOLD, 1999:45).
Deste modo é imprescindível que seu processo ocorra de forma segura e correta, para
que não existam falhas ou para as que, se eventualmente ocorrerem, não venham a
prejudicar outros setores.

1.5.1.Objetivos do Sector de Compras


O setor de Compras tem como principal objetivo satisfazer o cliente interno, atendendo
suas solicitações com eficácia e eficiência, e consequentemente gerar receitas para a
instituição por meio do fluxo contínuo de suprimentos. No entanto, para que o cliente
interno seja atendido com sucesso é fundamental uma boa relação entre comprador e
fornecedor.
BAILY et al (2000:31), definem como objetivos do setor de compras:
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 suprir a organização com um fluxo seguro de materiais e serviços para atender a


suas necessidades;
 assegurar continuidade de suprimentos para manter relacionamentos efetivos
com fontes existentes, desenvolvendo outras fontes de suprimentos alternativas,
ou para atender as necessidades emergentes ou planejadas;
 comprar eficiente e sabiamente, obtendo por meios éticos o melhor valor por
centavo gasto;
 administrar estoque parar proporcionar o melhor serviço possível aos usuários e
ao menor custo; - manter relacionamentos cooperativos sólidos com outros
departamentos, fornecendo informações e aconselhamentos necessários para
assegurar a operação eficaz de toda a organização;
 desenvolver funcionários, políticas, procedimentos e organização para assegurar
o alcance dos objetivos estabelecidos; - selecionar os melhores fornecedores do
mercado;
 ajudar a gerar o desenvolvimento eficaz de novos produtos;
 proteger a estrutura de custos da empresa; - manter o equilíbrio correto de
qualidade/valor;
 monitorar as tendências do mercado de suprimentos; - negociar eficazmente para
trabalhar com fornecedores que buscarão benefício mútuo por meio de
desempenho economicamente superior.
Nesta linha de pensamento ARNOLD (1999), elucida que o setor de Compras tem como
objetivo adquirir mercadorias e serviços na quantidade necessária, em boa qualidade e
ao menor custo possível. Assim, este setor deve realizar aquisições que sejam
necessárias para o desenvolvimento das atividades da empresa. Para atingir este
objetivo, é preciso que os matérias e serviços adquiridos sejam na quantidade certa, de
boa qualidade e ao menor custo possível.

1.5.2.Descrição do controlo Interno


Conforme BASSO (2005:162), o sistema de controle interno “[...] busca aumentar a
exatidão e fidedignidade dos relatórios contábeis e de outros dados administrativos e
operacionais, promover e melhorar a eficiência em todos os aspectos das atividades da
entidade [...].” De acordo com BOYNTON, JOHNSON & KELL (2002:319), alguns
23

fatores contribuíram para o crescimento e reconhecimento da importância da utilização


do controle interno, sendo eles:
 a expansão e o tamanho das entidades com finalidade lucrativas tinham- se
tornado tão complexos que a administração precisava recorrer a vários relatórios
e análises para controlar eficazmente as operações;
 as conferências e revisões inerentes a um bom sistema de controles internos
proporcionavam proteção contra fraquezas humanas e reduziam a possibilidade
de ocorrência de erros e irregularidades;
 dadas as limitações econômicas de seus honorários, era impraticável que
auditores independentes auditassem a maioria das companhias e se pudessem
recorrer aos respectivos sistemas de controles internos.
Então, em função da expansão do mercado empresarial, os empresários foram em busca
de ferramentas que proporcionassem relatórios com informações verídicas, dando aos
mesmos, maior confiança para tomar as decisões.

1.6.Avaliação do Controle Interno


É necessário que se faça a avaliação dos controles internos, o que proporciona maior
confiabilidade nos processos gerenciados. Para avaliar o controle é importante saber
como funcionam os procedimentos contábeis e a rotina da empresa, possibilitando assim
uma conclusão mais exata e eficiente.
De acordo com SÁ (2002:106), “avaliação do controle interno é, pois, o processo
auxiliar de auditoria através do qual medimos a capacidade dos meios utilizados por
uma empresa ou instituição para proteger seu patrimônio e os objetivos deste.” Desta
forma, entende-se que a avaliação do controle interno é uma ferramenta na qual visa
mensurar capacidade dos procedimentos desenvolvidos na instituição com o intuito de
assegurar a proteção patrimonial.
Completando, ALMEIDA (2003:73), relata que a avaliação consiste em:
 Determinar os erros ou irregularidades que poderiam acontecer; verificar se o
sistema actual de controles detectaria de imediato esses erros ou irregularidades;
 Analisar as fraquezas ou falta de controle, que possibilitam a existência de erros
ou irregularidades, a fim de determinar natureza, data e extensão dos
procedimentos de auditoria;
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 Emitir relatório-comentário dando sugestões para o aprimoramento do sistema


de controle interno da empresa.
Desta forma, pode-se dizer que a avaliação dos controles internos proporciona as
entidades, maior segurança de que as informações fornecidas são verdadeiras, pois o
mesmo tem como objetivo assegurar que os procedimentos estabelecidos estão sendo
corretamente seguidos. Também possibilita identificar erros ou possíveis irregularidades
que possam surgir, permitindo retificá-lo e evitar sua reincidência, o que futuramente
poderá prejudicar o crescimento da instituição.

1.6.1.Segregação de Funções
É fundamental que as funções sejam atribuídas a pessoas diferentes, assim evitando a
ocorrência de conflito, e até mesmo ações injustas quando eventualmente houver erros
ou fraudes no desempenho das atividades. A segregação de funções é avaliada como o
elemento mais importante dos que compõem um sistema de controle interno eficaz,
onde o mesmo consiste em não atribuir diversas etapas de um procedimento para uma
única pessoa, diminuindo o risco das operações serem efetuadas de forma ineficaz ou
fraudulenta (SILVA JUNIOR, 1998:34).
De acordo com ALMEIDA (1996:51), um sistema de controle interno com as funções
corretamente atribuídas, colabora para:
 Assegurar que todos os procedimentos de controles sejam executados;
 Detectar erros e irregularidades;
 Apurar as responsabilidades por eventuais omissões na realização das
transações da empresa.
Sendo assim, pode-se notar que a atribuição das funções contribui para a eficácia do
controle, auxiliando no cumprimento dos procedimentos estabelecidos pela
administração, na detecção de erros no desenvolvimento das atividades e principalmente
na constatação do responsável por tal irregularidade.
25

1.7.Fluxograma do Sector de Compras


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Conclusão
Contudo, pode-se perceber que os objetivos do planejamento de auditoria podem ser
atingidos de modo mais eficiente quando este planejamento é feito por escrito, ou seja,
quando as ideias ou decisões relativas ao “que fazer”, “como fazer” e “porque fazer”,
são convertidas em um documento formal para direcionar a execução dos trabalhos
Assim, no acto da auditoria o controle interno é uma ferramenta de fundamental
importância para um bom gerenciamento em toda organização, o qual visa implantar e
avaliar métodos e procedimentos internos, cujo objetivo é proporcionar à instituição
melhor desempenho em todas as suas atividades de rotina.
Portanto, a implantação de um controle interno eficiente, alimentado por pessoas
capacitadas, proporciona a entidade melhor desempenho em suas atividades, e
consequentemente resultados satisfatórios, contribuindo com o desenvolvimento e
permanência da mesma no mercado empresarial, atualmente bastante competitivo.
No entanto, cabe ressaltar também que é necessária a cooperação de todos os
colaboradores, pois um controle interno mesmo que eficiente, pode ser considerado
invalido caso não seja alimentado por pessoas capacitadas, e dispostas e realizarem um
bom trabalho em prol do melhor para a empresa.
Desta forma, conclui-se que a adoção e utilização correta de um controle interno
eficiente são de suma importância em toda instituição, onde o mesmo é adaptado as
necessidades e de acordo com as características de cada departamento, este tendo como
objetivo fornecer informações seguras e verídicas, proporcionando aos diretores maior
segurança na tomada de decisões.
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Bibliografia
TRIBUNAL DE CONTAS. Manual de Auditoria Financeira. República Federativa do
Brasil.2016.
SÁ, Antônio Lopes de. Curso de auditoria. 10ª. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 1984.
ATTIE, William. Auditoria Interna: conceitos e aplicações. 2ª. ed. São Paulo: Atlas,
2007.
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo:
Atlas, 1996.
ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.
SILVA JUNIOR, José Barbosa da. Controles internos contábeis e alguns aspectos de
auditoria. Coleção Seminários CRC-SP / IBRACON. São Paulo: Atlas, 2000.
BASSO, Irani Paulo. Iniciação à auditoria. 3. ed. Ijuí: UNIJUI, 2005.
MORAIS, G. & MARTINS, I. Auditoria interna – Função e Processo. (3ªEdição).
Lisboa: Áreas Editora.2013.

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