Você está na página 1de 16

Instituto Politécnico Islâmico de

Moçambique
Delegaçaõ de Quelimane
Cadeira: Neonatologia

Tema: Asfixia perinata

ESMI- 18 e 19

JANEIRO, 2024
Asfixia perinatal

• Definição - Asfixia perinatal é uma injuria sofrida pelo feto


ou pelo RN devida à má oxigenação
• (hipoxia) e/ou má perfusão (isquemia) de múltiplos órgãos.
• Etiologia - Asfixia pode acontecer antes, durante ou após o
parto; 90% dos casos ocorrem no
• período ante ou intraparto como consequência de uma
insuficiência placentária. Os casos restantes, pós-parto, são
secundários a doenças pulmonares, cardiovasculares ou
neurológicas
• Factores de Risco associados à necessidade de reanimação:
Asfixia perinatal
Factores Pré-natais Factores Relacionados ao Parto
Idade <16 anos ou >35 anos Parto cesariano
Diabetes Uso de ventosa
Hipertensão na gestação Apresentação não cefálica
Doenças maternas Trabalho de parto prematuro
Infecção materna Corioamnionite
Uso de drogas ilícitas Rotura de membranas> 18 horas
Óbito fetal ou neonatal anterior Trabalho de parto> 24 horas
Ausência de cuidado pré-natal Segundo estágio do parto> 2 horas
Idade gestacional <37 ou> 41 semanas Padrão anormal de FC fetal
Gestação múltipla Anestesia geral
Rotura prematura das membranas Hipertonia uterina
Polihidrâmnios ou Oligohidrâmnios Líquido amniótico meconial
Diminuição da movimentos fetal Prolapso de cordão
Sangramento no 2º ou 3º trimestre Descolamento prematuro da placenta
Malformação ou anomalia fetal Placenta prévia
Sangramento intraparto significante
Asfixia perinatal
• Sinais de asfixia perinatal
• A reanimação depende dos sinais correspondentes aos de sofrimento fetal tais
como: FC <100/min;
• Presença de mecónio;
• Respiração irregular ou apnéico;
• Atonia com hiporeflexia (sem tónus com pouco reflexo).

Algoritmo de Reanimação Neonatal
• Material necessário para a reanimação
• Antes de iniciar a reanimação, é necessário garantir que o material esteja limpo,
esterilizado e colocado nos locais adequados para a sua imediata utilização.
• Este material consiste em:
• Mesa de reanimação com: Fonte de calor, fonte de oxigénio com fluxómetro e
aspirador a vácuo com manómetro;
• Material para aspiração: sondas de aspiração traqueal (nº8 e 10) e sondas
nasogástricas (nº 6 e 8);
• Material para ventilação com pressão positiva: ambú, máscaras para RN de termo
e pré-termo;
Asfixia perinatal
• Passos para a reanimação
• A reanimação neonatal segue o mesmo esquema de
ABCD, tanto para o RN na sala de partos como para
o RN com qualquer situação de emergência:
• A (airway) – permeabilidade das vias aéreas
• B (breathing) – restabelecimento da respiração
• C (circulation) – restabelecimento da circulação
• D (drugs) – drogas/medicamentos
Passos para a reanimação

• A (airway) – permeabilidade das vias aéreas


• 1º Passo: posicionar correctamente o RN:
• Colocar o bebé de costas num lugar firme e quente;
• Posicionar a cabeça do bebé de modo que esteja ligeiramente
estendida para permitir a permeabilização das vias respiratórias.
• Colocar os ombros do bebé sobre um pedaço de pano

Figura 1. Posição neutra da cabeça para manter as vias aéreas


abertas e iniciar a respiração com Ambú
Passos para a reanimação
• Fonte: OMS. Cuidados Hospitalares para criança. ARTMED EDITORA
S.A. 2008
• 2º Passo: desobstruir as vias aéreas
• Com uma pêra de borracha, proceder a desobstrução das vias aéreas,
aspirando as secreções que podem estar retidas na boca e nariz.
Passos para a reanimação
• 3º Passo: aspirar
• Limpar a boca do bebé e depois o nariz;
• Introduzir suavemente o tubo de sucção na boca (+/- 5 cms a partir
dos lábios) e aspirar;
• Depois introduzir o tubo 3 cm dentro das narinas e aspirar. Se o
aspirador for mecânico não exceder 120 mmHg;
• Repetir a sucção da boca e do nariz se for necessário – não mais que
duas vezes.
• Todas as manobras acima descritas devem ser feitas rapidamente
em 30 segundos
Passos para a reanimação
• B (breathing) – restabelecimento da respiração
• Ventilar:
• Colocação da máscara de modo a cobrir o queixo, a boca e o nariz;
Passos para a reanimação
• Se o peito não levantar:
• Reposicionar a cabeça; Verificar a adaptação da máscara
• Observar o peito enquanto faz a ventilação:
• Está a mover-se com a ventilação?
• O bebé está a respirar espontaneamente?
• Se a adaptação da máscara estiver correcta e se o peito levantar,
ventilar e comprimir a bolsa (“ambu”) 40 vezes por minuto até que o
RN comece a chorar ou a respirar espontaneamente.
• Um assistente pode conectar oxigénio ao ambu para enriquecer o ar.
Passos para a reanimação
• Se estiver a respirar >30ciclos/min, e se não houver tiragem
intercostal:
• Colocar o RN em contacto pele-a-pele com o peito da mãe e
continuar com os cuidados;
• Fazer monitoria de 15 em 15 minutos para verificar a respiração
e o aquecimento;
• Explicar à mãe o que está fazendo e para ela monitorar a
respiração do bebé;
• Incentivar a mãe a começar a amamentação logo que for
possível.
• Se houver tiragem intercostal
• (Verificar os movimentos do peito do bebé)
• Se a pele entre as costelas estiver ‘sugada’ para dentro, e se as
costelas estiverem salientes, o bebé tem ‘tiragem intercostal’.
Isto indica que o bebé ainda tem problemas de respiração.
Passos para a reanimação
• Continuar a ventilação:
• Administrar oxigénio se disponível;
• Se não estiver a respirar ou estiver com severa dificuldades na
respiração depois de 20 minutos de ventilação PARAR!

• Figura. 6. Ambú auto insuflável com máscara


Passos para a reanimação
• C (circulation) – restabelecimento da circulação
• Massagem cardíaca:
• Se o RN não chorar ou respirar e se a FC < 60/min após 30 segundos de ventilação,
iniciar a massagem cardíaca;
• 3: 1 (compressões: respirações) para atingir FC de 90 /min;
• Reavaliar FC cada 30 segundos;
• Se FC <60 após 30 seg de compressões torácicas, iniciar o tratamento com
medicamentos;
• Interromper manobras se circulação espontânea não se restabelecer em 15
minutos

Figura 4. Massagem cardíaca


Passos para a reanimação
• D (drugs) – drogas/medicamentos
• Raramente indicadas, somente em RN com grave depressão
respiratória e cardíaca.
• Considerar hipoxia grave irreversível.
• Estimar o peso para o uso correcto da dose.
• Acesso EV por cateterização venosa umbilical

• Administrar em sequência:
• Dextrose 5-10% - 5-10ml, prevenindo ou tratando uma hipoglicémia;
• Adrenalina 1:10 000 (0.1-0.2ml) EV, endotraqueal ou, raramente e se
por pessoal especializado, intracardíaca.
Referências bibliográficas

 http://www.unicef.org/mozambique/
MICS_Summary_FINAL_POR_141009.pdf

 Instituto Nacional de Estatística. Relatório Preliminar Do


Inquérito Sobre Indicadores Múltiplos. 2008-2009.

 MISAU. Normas de atendimento a crianca sadia e a crianca em


risco. 2011

 Kliegman, RM, et al. Livro Didático de Pediatria de Nelson.


Edição 19. 2011
FIM
“Se é bonito cuidar das crianças doentes para
recuperar sua saúde, é mais bonito cuidar das
crianças saudáveis ​para que não adoeçam”

Docente: David João Fernando \\ T.M.G//

MUITO OBRIGADO!

Você também pode gostar