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de desenvolvido para ser um sistema de medição de desempenho, ele podia ser utilizado para
comunicar e alinhar a estratégia da empresa.
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Ao integrar indicadores financeiros e não financeiros, o BSC abre assim uma perspectiva
abrangente do desempenho das áreas críticas da actividade.
Com esse intuito, os criadores do BSC, Kaplan & Norton, delimitaram as quatro seguintes
dimensões, através das quais a actividade de uma organização deve ser analisada:
Dimensão Financeira (Como estamos perante os nossos associados ou accionistas?)
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Segundo Kaplan & Norton (1996), o uso do balanced scorecard como um instrumento de comunicação e
alinhamento estratégico da empresa apontou uma séria deficiência nos sistemas gerenciais tradicionais, qual seja,
a incapacidade para ligar a estratégia de longo prazo da empresa com as suas ações de curto prazo.
Para que o balanced scorecard seja usado da maneira correta, entretanto, as medidas devem expressar claramente
a estratégia de longo prazo da organização para o sucesso competitivo (Kaplan & Norton, 1996). Assim, passa a
ser visto, por seus autores, como uma ferramenta que traduz a estratégia da empresa em objetivos específicos
mensuráveis – tanto os de longo prazo quanto os de curto. Assim, a partir da utilização do balanced scorecard
para comunicar e alinhar a estratégia da empresa, percebeu-se que ele podia ser utilizado como um novo sistema
de gestão estratégica (Kaplan & Norton, 1997).
Kaplan & Norton (1996b; 1997) utilizou uma metáfora do navio e do barco para expressar a diferença entre o que
se pode gerir com os sistemas gerenciais tradicionais e com o balanced scorecard. Segundo os autores, a
diferença é comparável a pilotar um navio isolado por um ambiente estável até o seu destino e pilotar um barco
em uma competição que enfrenta mudanças nas condições do tempo e do mar.
O modelo de comando e controle de uma organização é similar ao do capitão de um navio (executivo-chefe), que
determina a direção e a velocidade em que o navio (unidade de negócio) deve navegar. Os marinheiros (gestores e
funcionários de linha de frente) seguem as ordens e implementam os planos determinados pelo capitão. Os
sistemas operacionais e de controle gerencial são estabelecidos para garantir que os gestores e funcionários ajam
de acordo com o plano estratégico estabelecido pelos executivos seniores. Esse processo linear de estabelecer
uma visão e uma estratégia, comunicá-la e ligá-la a todos na organização e alinhar as ações e iniciativas para
alcançar os objetivos de longo prazo é um exemplo de processo simples de realimentação (single-loop feedback
process). Nesse processo, o objetivo permanece constante. Esse processo não leva as pessoas a questionar se o
objetivo a ser alcançado permanece viável ou se os métodos usados para alcançá-los ainda são os apropriados.
Apenas serve para monitorar desvios em relação ao planejado (Kaplan & Norton, 1996b; 1997).
De acordo com Kaplan & Norton (1996b; 1997), em uma competição de barcos, o canal de comando ainda existe,
mas o capitão monitora o ambiente continuamente e, freqüentemente, reage taticamente e estrategicamente às
mudanças no comportamento dos competidores, da equipe e das capacitações do barco, das condições do vento e
das correntes. O capitão ainda deve receber informações de uma enorme quantidade de fontes, tais como
observação do pessoal, dos instrumentos e medidas e, especialmente, da opinião dos táticos do barco que também
inspecionam as condições e traçam planos.
Dessa forma, o balanced scorecard revelou-se um importante instrumento de ajuda aos gestores no ambiente
competitivo moderno, semelhante ao do barco numa competição em que as condições do tempo e do mar são
continuamente alteradas. As organizações, situadas em um ambiente em constante mudança, precisam de um
processo duplo de aprendizado (doublelooplearning process). Esse processo permite que o gestor questione as
hipóteses traçadas e reflita se as teorias sob a qual opera ainda estão consistentes com as evidências, observações
e experiências correntes (Kaplan & Norton, 1996b,1997).
Segundo Kaplan & Norton (1997), é claro que os gestores precisam saber se sua estratégia planejada está sendo
executada de acordo com o plano –um processo simples de aprendizado. Mas, mais importante que isso, precisa
saber se as hipóteses fundamentais traçadas quando do lançamento da estratégia permanecem válidas.
Muitos gestores, portanto, começaram a integrá-lo ao sistema de planejamento e orçamentação. O verdadeiro
potencial do balanced scorecard se realiza quando ele deixa de ser um sistema de mensuração de desempenho e
passa a ser um sistema de gestão estratégica (KAPLAN & NORTON, 1997).
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4. Para sermos bem sucedidos em nossos pontos de vista, como devemos manter nossa capacidade de aprender e
crescer?
Os autores justificaram este primeiro enfoque pela necessidade de um sistema de medição de desempenho capaz
de vincular o controle operacional de curto prazo à visão estratégica do negócio de longo prazo, já que, na opinião
dos autores, os modelos de avaliação de desempenho, até então existentes, baseavam-se muito em indicadores
contábeis e financeiros, que possibilitavam apenas analisar resultados de períodos passados, ficando difícil
mostrar as potencialidades de geração de resultados futuros (KAPLAN & NORTON , 1992).
A proposta inicial do BSC, como sistema de medição de desempenho, incorpora o conceito de estratégia e de
visão explícita, formando a base das quatro perspectivas. Para cada uma delas, devem-se formular objetivos
estratégicos, indicadores de desempenho, metas específicas e planos de acção.
Além disso, o modelo do BSC enfatiza o relacionamento e a interdependência entre as perspectivas do BSC em
uma relação de causa e efeito, evidenciando as medidas de resultado e as medidas que irão conduzir ao resultado.
“Assim, um balanced scorecard construído adequadamente deve contar a história
da estratégia da unidade do negócio. Ele deve identificar e deixar explícita a
seqüência de hipóteses sobre as relações de causa e efeito entre as medidas de
resultado e os condutores da performance daqueles resultados. Cada medida
selecionada para um balanced scorecard deve ser um elemento em uma corrente
de relações de causa e efeito, que comunica o significado da estratégia da unidade
do negócio para a organização” (KAPLAN & NORTON, 1997:31).
Conforme refere PEDRO (2004), as perspectivas de um BSC têm significados diferentes no sector privado e
público como o autor ilustra ao referir-se à Missão e estratégia, e às Perspectivas Financeira, Cliente,
Processos Internos e Aprendizagem e Crescimento, diferenças apresentadas nas tabelas que se seguem.
Missão e Estratégia
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Perspectiva financeira
Para que qualquer BSC fique completo implica que seja considerada a perspectiva financeira, tanto no
sector privado como no sector público, com as especificidades abaixo referidas.
Sector Privado Sector Público
Trata das necessidades de satisfação dos Os indicadores financeiros em organizações
accionistas (criação de valor sustentável) e não lucrativos podem ser vistos como
dos clientes e de geração de cash flow. catalizadores do sucesso dos clientes
(cidadãos) ou como restrições entre as quais
a organização deve operar.
A utilização isolada de indicadores financeiros Será difícil colocar um preço justo ao trabalho
faz centrar as atenções da gestão em que executam (ex.: acções de apoio à
resultados de curto prazo que podem prejudicar prevenção da saúde).
a criação de valor a longo prazo. As estratégias de aumento das receitas não
vêm do valor oferecido ao cliente se o
financiamento não for indexado à satisfação
dos cidadãos e empresas (clientes) e da
entidade que tutela o serviço (accionistas).
Fonte: Pedro (2004)
Perspectiva Cliente
Esta perspectiva tem toda a justificação uma vez que o cliente ou utente é o referencial de
toda a actividade da organização, ou seja, é para a satisfação dos clientes ou utentes que
qualquer organização é criada e funciona.
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Perspectiva Aprendizagem e Crescimento
Para Kaplan e Norton (2000, 2001, 2004) uma organização sem fins lucrativos deve
atribuir igual importância às perspectivas financeira e do utente / cliente, as quais têm
contudo de ficar subordinadas à missão da organização. A Figura seguinte reflecte
este modelo de perspectivas do BSC.
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Figura 6 - Modelo de BSC para organizações sem fins lucrativos
MISSÃO DA ORGANIZAÇÃO
Perspectiva dos
Processos Internos
Perspectiva
Aprendizagem e
Crescimento
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