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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS


UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

BIANCA LUCAS FERNANDES


LUIZA DI CREDICO PARANHOS

PREVALÊNCIA DE ANSIEDADE GESTACIONAL EM PACIENTES DE PRÉ-


NATAL DE ALTO RISCO: um estudo observacional

CAMPINA GRANDE - PB
2023
BIANCA LUCAS FERNANDES

LUIZA DI CREDICO PARANHOS

PREVALÊNCIA DE ANSIEDADE GESTACIONAL EM PACIENTES DE PRÉ-

NATAL DE ALTO RISCO: um estudo observacional

Monografia apresentada para a disciplina


de Trabalho de Conclusão de Curso da
Graduação em Medicina, do Centro de
Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Federal de Campina
Grande, campus Campina Grande, como
requisito para obtenção do diploma no
referido curso.

Orientador(a): Tatiana Silva Ferreira de


Almeida

CAMPINA GRANDE-PB
2023
BIANCA LUCAS FERNANDES
LUIZA DI CREDICO PARANHOS

PREVALÊNCIA DE ANSIEDADE GESTACIONAL EM PACIENTES DE PRÉ-


NATAL DE ALTO RISCO: um estudo observacional

Projeto de Pesquisa realizado como


trabalho de conclusão do curso de
graduação em Medicina da UFCG

Aprovado em: ___/___/___.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________
Profª. Tatiana Silva Ferreira de Almeida - UFCG
Orientadora
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Edmundo de Oliveira Gaudêncio - UFCG
Membro Interno
_______________________________________________________________
Prof. Raimundo Antonio Batista de Araujo - UFCG
Membro Interno
_______________________________________________________________
Profª. Dra. Carmem Dolores de Sá Catão- UFCG
Suplente
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela minha vida, e por ter sempre iluminado meu caminho, permitindo
que eu tivesse saúde e determinação para que eu alcançasse meus objetivos em
todos os meus anos de estudos. Aos meus pais, que me trouxeram a vida, aos meus
irmãos, amigos e familiares que me acompanharam e me incentivaram nos
momentos difíceis e de desânimo, além de tornarem a jornada mais leve e alegre.
Agradeço também a todos os professores pelos ensinamentos e dedicação ao meu
processo de formação profissional e pessoal; assim como todos os pacientes que
me ensinaram o que é medicina e, acima de tudo, o que é ser humano.
“Conheça todas as teorias, domine todas
as técnicas, mas ao tocar uma alma
humana, seja apenas outra alma humana”
Carl Jung
RESUMO

A ansiedade, emoção natural necessária e propulsora à vida humana, desempenha


um papel fundamental, contribuindo para a adaptação e o enfrentamento de
situações desafiadoras. No entanto, em determinados contextos, a ansiedade pode
assumir uma forma patológica, levando a preocupações excessivas, impacto
negativo na funcionalidade diária e manifestações físicas desconfortáveis. Nesse
contexto, durante o período gestacional, as mulheres enfrentam uma série de
alterações fisiológicas, hormonais, sociais e psicológicas, que podem influenciar
significativamente sua saúde emocional e aumentar o risco de morbidade
psiquiátrica, incluindo a ansiedade. Nas gestantes que sofrem dessa patologia, as
preocupações com a saúde e o futuro do bebê, embora fisiológicas e até mesmo
esperadas, se apresentam de forma desproporcional e excessiva, evidenciando uma
ansiedade gestacional patológica que pode aumentar os riscos de eventos adversos
à vida da mãe e do feto, como risco aumentado para depressão pós-parto, parto
prematuro e alterações cognitivas a longo prazo para a criança, o que aponta a
necessidade de compreender possíveis fatores de risco para o problema. O
presente estudo se propõe a investigar a prevalência de ansiedade gestacional no
pré-natal de alto risco, assim como buscar uma correlação com questões sociais,
epidemiológicas e obstétricas, por meio de um estudo observacional, transversal,
individualizado e correlacional. Para tal, uma amostra de 93 gestantes foi avaliada
quanto a presença de ansiedade utilizando um Instrumento de Rastreio para
Sintomas de Ansiedade Gestacional (IRSAG), validado no Brasil, e um questionário
sociodemográfico e epidemiológico, de autoria das pesquisadoras. Os resultados
revelaram que mais da metade (60,95%) das gestantes foram classificadas entre os
níveis de ansiedade moderado e elevado, baseado na pontuação obtida através do
IRSAG. Observou-se, ainda, que alguns dos fatores sociais e epidemiológicos
estudados apresentaram maiores índices de ansiedade gestacional elevada, como
renda inferior a um salário mínimo, raça preta, complicações em gestações
anteriores e mulheres solteiras. No entanto, tais informações são essenciais para o
desenvolvimento de políticas públicas que visem a redução do impacto da
ansiedade durante a gestação, identificando as populações de maior risco para o
problema, para que ações direcionadas e efetivas possam ser traçadas, garantindo
o princípio de equidade e melhores indicadores de saúde pública.
Palavras-chaves: ansiedade gestacional; gestação; pré-natal de alto risco;
ansiedade.
ABSTRACT

Anxiety, a natural and necessary emotion for human life, plays a fundamental role in
adapting and coping with challenging situations. However, in certain contexts, anxiety
can take on a pathological form, leading to excessive worries, negative impact on
daily functioning, and uncomfortable physical manifestations. In the context of
pregnancy, women experience a series of physiological, hormonal, social, and
psychological changes that can significantly influence their emotional health and
increase the risk of psychiatric morbidity, including anxiety. In pregnant women
affected by this pathology, concerns about the health and future of the baby, although
physiological and even expected, are experienced in a disproportionate and
excessive manner, indicating pathological gestational anxiety that can increase the
risks of adverse events for both the mother and the fetus, such as an increased risk
of postpartum depression, preterm birth, and long-term cognitive changes in the
child, highlighting the need to understand potential risk factors for the issue. The
present study aims to investigate the prevalence of gestational anxiety in high-risk
prenatal care and explore its correlation with social, epidemiological, and obstetric
factors through an observational, cross-sectional, individualized, and correlational
study design. To achieve this, a sample of 93 pregnant women was assessed for the
presence of anxiety using a validated Screening Instrument for Gestational Anxiety
Symptoms (SIGAS) in Brazil, along with a sociodemographic and epidemiological
questionnaire developed by the researchers. The results revealed that over half
(60.95%) of the pregnant women were classified as having moderate to high levels of
anxiety based on the scores obtained from SIGAS. Furthermore, it was observed that
certain social and epidemiological factors studied showed higher rates of elevated
gestational anxiety, such as income below the minimum wage, Black race,
complications in previous pregnancies, and unmarried women. Such information is
essential for the development of public policies aimed at reducing the impact of
anxiety during pregnancy, identifying populations at higher risk for the problem, so
that targeted and effective actions can be implemented, ensuring the principle of
equity and better public health indicators.

Keywords: gestational anxiety; pregnancy; high-risk pregnancy; anxiety


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................10
2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................10
3 OBJETIVOS.........................................................................................................11
3.1 Objetivo Geral.......................................................................................................11
3.2 Objetivos Específicos............................................................................................11
4 HIPÓTESE............................................................................................................11
5 MÉTODOS............................................................................................................12
5.1 Desenho do Estudo..............................................................................................12
5.2 Local do Estudo....................................................................................................12
5.3 Período da coleta de dados..................................................................................12
5.4 População e Amostra...........................................................................................12
5.5 Critérios de elegibilidade......................................................................................12
5.5.1 Critérios de Inclusão...........................................................................................12
5.5.2 Critérios de Exclusão.........................................................................................12
5.6 Procedimentos para participação dos participantes............................................13
5.7 Critérios para descontinuação do participante do estudo....................................13
5.8 Procedimentos para coleta dos dados.................................................................13
5.8.1 Instrumento de coleta.........................................................................................13
5.8.2 Coleta de dados.................................................................................................14
5.8.3 Controle de qualidade das informações............................................................14
5.9 Processamento e análise dos dados...................................................................14
5.9.1 Processamento dos dados.................................................................................14
5.9.2 Análise dos dados..............................................................................................14
6 ASPECTOS ÉTICOS............................................................................................15
7 CONFLITO DE INTERESSES.............................................................................15
8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................16
8.1 A ansiedade patológica........................................................................................16
8.2 A ansiedade na gestação.....................................................................................17
8.3 Efeitos adversos da ansiedade para o binômio mãe feto....................................18
8.4 Suporte social.......................................................................................................19
8.5 Estratégias de enfrentamento..............................................................................20
9 RESULTADOS.....................................................................................................22
10 DISCUSSÃO........................................................................................................32
11 CONCLUSÃO.......................................................................................................35
REFERÊNCIAS....................................................................................................37
Anexo A - Instrumento de rastreio para sintomas de ansiedade gestacional
– IRSAG...............................................................................................................41
Anexo B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE.................42
Apêndice A - Questionário Sociodemográfico e Epidemiológico................45
10

1 INTRODUÇÃO

Os Transtornos de Ansiedade estão entre os transtornos psiquiátricos mais


frequentes da atualidade, no qual a ansiedade, emoção natural necessária e
propulsora à vida humana, se encontra exacerbada, gerando preocupações mentais
excessivas, angústia, tensão, além de sintomas físicos como taquicardia, sudorese,
tremores, entre outros, com impacto importante na qualidade de vida e na
funcionalidade do indivíduo (DALGALARRONDO, 2019). Segundo dados da
Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país mais ansioso do mundo (WHO,
2022), fazendo urgir a necessidade de um olhar diferenciado da saúde pública
brasileira para o problema, assim como de compreender possíveis fatores causais
para o agravamento dos sintomas ansiosos nos diversos contextos e períodos da
vida humana.
Nesse sentido, a gestação se caracteriza como um período transformador,
sendo importante fonte de mudanças na vida pessoal e interpessoal dos genitores,
e, além disso, é também momento de vulnerabilidade emocional e psicológica. A
ansiedade exacerbada durante a gestação pode aumentar os riscos de eventos
adversos para o binômio mãe-filho, como depressão pós-parto e prematuridade
(BRUNTON et al., 2015) (DAYAN, 2002). Além disso, é sabido que questões sociais
como renda, raça e escolaridade podem impactar a saúde mental dos indivíduos,
pois influenciam seu estar no mundo e o acesso aos recursos necessários para uma
qualidade de vida satisfatória, como o acesso à saúde e à educação (FARO;
PEREIRA, 2011) (BARROS; OLIVEIRA, 2009). Sendo assim, o presente trabalho se
propõe a investigar a ansiedade gestacional no pré-natal de alto risco, assim como
buscar uma correlação com questões sociais e obstétricas.

2 JUSTIFICATIVA

O período gestacional, por ser um momento de muitas mudanças e


descobertas para a mulher, constitui também uma fase de fragilidade emocional e
psicológica, ocasionando, muitas vezes, sintomas ansiosos. Esse fato, quando
associado a uma gestação de alto risco, parece gerar sintomas ansiosos
exacerbados que podem aumentar os riscos de eventos adversos para a mãe e para
o feto. Além disso, acredita-se que a ansiedade patológica é subdiagnosticada
11

nessa população. Por esta razão, investigar e diagnosticar mulheres enquadradas


nesse perfil poderia trazer intervenções terapêuticas que visem reduzir as ameaças
geradas por uma ansiedade exacerbada. Além disso, sua relação com fatores
sociais e epidemiológicos podem nortear políticas de enfrentamento e prevenção
das consequências trazidas pela patologia. Estas considerações justificam, dessa
forma, o estudo de prevalência da ansiedade em gestantes acompanhadas no pré-
natal de alto risco.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Analisar a prevalência de sintomas de ansiedade gestacional em pacientes


assistidas em uma unidade pública de pré-natal de alto risco do município de
Campina Grande.

3.2 Objetivos Específicos

● Avaliar influência de questões sociodemográficas e epidemiológicas, como


raça, renda familiar e partos prévios, na gravidade dos sintomas ansiosos;
● Avaliar e rastrear a presença de sintomas ansiosos através de uma
autoavaliação das participantes da pesquisa;
● Relacionar o alto-risco gestacional com o agravamento dos sintomas
ansiosos.

4 HIPÓTESE

● Existe associação entre o pré-natal de alto risco e uma maior incidência de


sintomas ansiosos;
● É possível rastrear sintomas ansiosos na população gestante e diminuir riscos
materno-fetais através de instrumentos autoavaliativos;
● É possível associar maior incidência de ansiedade com grupos sociais e
epidemiológicos específicos.
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5 MÉTODOS

5.1 Desenho do Estudo

Trata-se de estudo observacional, transversal, individualizado e correlacional


com análise quantitativa dos dados obtidos.

5.2 Local do Estudo

O estudo foi realizado no pré-natal de alto risco (PNAR) da maternidade


Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA).

5.3 Período da coleta de dados

A coleta de dados foi realizada no período compreendido entre 06 de junho e


12 de junho de 2023 após aprovação pelo CEP-HUAC.

5.4 População e Amostra

A população foi composta por gestantes voluntárias selecionadas entre a


população geral de mulheres que fazem acompanhamento no PNAR da
maternidade em questão. A amostra foi calculada de acordo com o número de
gestantes atendidas por dia no serviço e o tempo disponível para coleta de dados. A
partir disso, foi obtida uma amostra, não probabilística, de 101 gestantes que, após
os critérios de exclusão, compuseram um total de 93 participantes.

5.5 Critérios de elegibilidade

5.5.1 Critérios de Inclusão

● Gestantes que estavam em acompanhamento de pré-natal de Alto Risco;


● Gestantes com mais de 16 anos.

5.5.2 Critérios de Exclusão

● Pacientes não atingiam os critérios para agendamento no PNAR;


● Pacientes que possuíam condições psiquiátricas/cognitivas de base
que inviabilizaram a correta coleta dos dados;
13

● Gestantes que não preencheram o Termo de Consentimento Livre e


Esclarecido ou que deixaram o questionário da pesquisa incompleto.

5.6 Procedimentos para participação dos participantes

Os participantes serão recrutados entre as pacientes que estiverem


realizando consultas de pré-natal de alto risco do ISEA. Para tal, as gestantes foram
convidadas, presencialmente, a responderem um questionário de rastreio para
sintomas de ansiedade gestacional (IRSAG) (Anexo A), validado no Brasil
(SCHIAVO; BRANCAGLION, 2021), e um questionário sociodemográfico e
epidemiológico, de autoria das pesquisadoras (Apêndice A). Após a avaliação de
cada voluntária pelas pesquisadoras, e, depois de preenchidos os critérios de
inclusão e afastados os critérios de exclusão da pesquisa, a voluntária foi informada
sobre os procedimentos que seriam realizados e as possíveis consequências de sua
participação na pesquisa. Considerando os princípios éticos sugeridos pela
Resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012, foi apresentado à todas as
participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo B), e
iniciado a coleta de dados após leitura e concordância do mesmo.

5.7 Critérios para descontinuação do participante do estudo

● Recusa do paciente em continuar no estudo.

5.8 Procedimentos para coleta dos dados

5.8.1 Instrumento de coleta

Todos os dados foram coletados pelas pesquisadoras de forma que, para


cada paciente selecionada, foram aplicados presencialmente dois instrumentos,
sendo um questionário de base sociodemográfica e epidemiológica (Apêndice A), de
autoria das pesquisadoras e  um Instrumento de Rastreio para Ansiedade
Gestacional - IRSAG (Anexo A), validado no Brasil (SCHIAVO; BRANCAGLION,
2021), que possui 20 perguntas, nas quais a resposta é avaliada  com base em uma
escala tipo Likert de até 4 pontos (1 significa não, 2 significa pouco, 3 significa
bastante e 4 significa muito), com a pontuação total de cada participante da
pesquisa variando de 20 à 80 pontos.
14

5.8.2 Coleta de dados

Todos os dados foram coletados pelos pesquisadores presencialmente em


uma instituição pública de pré-natal de alto risco.

5.8.3 Controle de qualidade das informações

Cada formulário foi cuidadosamente revisado pelos pesquisadores


responsáveis de forma independente, checando a veracidade e confiabilidade das
informações.

5.9 Processamento e análise dos dados

5.9.1 Processamento dos dados

Após o final da coleta, os dados foram exportados para a planilha eletrônica


do tipo Microsoft Office Excel® e revisados pelas pesquisadoras de forma
independente.

5.9.2 Análise dos dados

Os dados coletados foram organizados e tabulados pela pesquisadora em


planilha eletrônica no programa Microsoft Office Excel®. Para a análise inferencial e
quantitativa dos dados obtidos pelo questionário IRSAG, foi utilizada como base
ferramentas do mesmo programa, e, também, foram comparados os resultados
encontrados com os obtidos pelo software de análise estatística SPSS, sendo, os
mesmos, equivalentes. Em relação ao nível de ansiedade, foi realizada a somatória
dos pontos de cada participante, sendo os resultados interpretados de forma que
gestantes com pontuação 20-31 pontos foram consideradas com ansiedade leve,
32-40 pontos com ansiedade moderada e maior ou igual a 41 pontos como alta
ansiedade, em acordo com a análise sugerida pelo instrumento de rastreio utilizado
(Anexo A) (SCHIAVO; BRANCAGLION, 2021). Para as variáveis qualitativas
sociodemográficas e epidemiológicas, transformou-se os as respostas dos
questionários em números e foi feita a análise comparativa pelo teste de Mann-
Whitney com nível de 5% de significância e a correlação com os níveis de ansiedade
pelo coeficiente de Pearson realizada entre as variáveis do questionário. Além disso,
15

foram avaliadas com relação à prevalência dos diferentes graus de ansiedade


(baixa, moderada e alta), por meio de porcentagem.

6 ASPECTOS ÉTICOS

Todos os pacientes foram devidamente informados dos objetivos da pesquisa


e somente foram incluídos no estudo caso concordassem em participar e
assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE - (Anexo B). Foi
garantida a confidencialidade dos dados, o anonimato dos pacientes, assim como a
possibilidade de descontinuidade na pesquisa.

Como riscos da pesquisa, são previstos a possibilidade da participante sentir


desconforto durante preenchimento dos questionários, como: evocação de
memórias, timidez, constrangimento, cansaço e desconforto no local de aplicação do
questionário, além de exposição indevida dos dados.

Para minimizar esses riscos, o sigilo da identidade da participante foi


garantido, com compromisso de não divulgação de nenhum dado de identificação
pessoal; todas as informações foram usadas única e exclusivamente para fins
científicos; os questionários foram aplicados em ambiente com privacidade; as
pesquisadoras mantiveram-se atentas a sinais de desconforto das participantes; foi
utilizada linguagem acolhedora e acessível; as perguntas foram feitas de forma
objetiva e as participantes tiveram liberdade para se retirar da pesquisa a qualquer
momento, sem penalidade alguma.

O projeto foi elaborado em consonância com os preceitos da Resolução


466/12 do Conselho Nacional de Saúde que aprova as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos e submetido à
apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Alcides
Carneiro (CEP-HUAC), tendo início somente após sua aprovação.

Os pesquisadores se comprometem a usar as informações coletadas para


fins acadêmicos e a publicar o estudo independentemente dos resultados
encontrados.

7 CONFLITO DE INTERESSES

Esta pesquisa está livre de conflito de interesses particular ou institucional.


16
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8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

8.1 A ansiedade patológica

A ansiedade é uma emoção fisiológica e necessária para o adequado


funcionamento do ser humano. Com ela, é possível predizer possíveis fontes de
perigo e construir estratégias de autoproteção. Contudo, em determinadas
situações, pode se encontrar de forma exacerbada e patológica, gerando
adoecimento. Nesse contexto, o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é um
dos transtornos mais frequentes e importantes da atualidade, além de ser uma das
principais causas de incapacidade ao redor do mundo (QUEVEDO; ZIQUIERDO,
2020). Ele se caracteriza por um estado de alerta constante e generalizado, gerando
preocupações mentais excessivas, desproporcionais ao estímulo, angústia, tensão,
atitudes evitativas, além de sintomas físicos como taquicardia, sudorese, dores
musculares, tremores, entre outros, com impacto importante na qualidade de vida
(DALGALARRONDO, 2019).

Como bases neurobiológicas do Transtorno de Ansiedade, encontra-se um


desequilíbrio na interpretação de estímulos externos, com uma tendência a entendê-
los como ameaças. Nesse sentido, indivíduos expostos a um mesmo estímulo, nas
mesmas condições, terão interpretações diferentes da situação, e o indivíduo com
níveis patológicos de ansiedade, tenderá à leitura negativa e ameaçadora, com base
importante nos circuitos neuronais baseados na amígdala basolateral. Outras
alterações encontradas são menor expressão de receptores serotoninérgicos, e
níveis maiores de noradrenalina (hormônio relacionado à luta e fuga). Em todo o
processo, envolve-se fatores hereditários, epigenéticos (ou seja, a capacidade do
ambiente de modular as nossas expressões gênicas), neurológicos, imunológicos e
emocionais, formando um circuito complexo e multifatorial nas bases fisiopatológicas
da ansiedade (QUEVEDO; ZIQUIERDO, 2020).

Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da patologia, estão


hereditariedade, sexo feminino, entre outros. Destacando-se o sexo feminino, por
serem foco da atual pesquisa, um estudo epidemiológico realizado nos Estados
Unidos evidenciou um aumento substancial da prevalência dos diversos transtornos
de ansiedade, com prevalência dos transtornos duplicada nas mulheres, embora as
18

causas para esse aumento não sejam bem definidas. Além disso, as mulheres
apresentam também um maior risco de associação com outras comorbidades, como
o Transtorno Depressivo (KINRYS; WYGANT, 2005).

8.2 A ansiedade na gestação

O período gestacional constitui uma fase de alterações fisiológicas,


hormonais, sociais e psíquicas que impactam a vida da mulher e aumentam o risco
de sofrimento emocional e morbidade psiquiátrica (BEDASO, 2021). Embora a
gravidez possa ser fonte de felicidade e autorrealização, muitas mulheres podem
vivenciar experiências que culminam com alterações em sua saúde mental e no
desenvolvimento de ansiedade patológica. Apesar das evidências sobre ansiedade
no pré-natal sejam limitadas na literatura, alguns estudos apontam que diferentes
fatores aumentam a probabilidade de que o problema ocorra, a exemplo de eventos
estressantes, desvantagem social, histórico de aborto espontâneo, morte fetal, parto
prematuro ou morte neonatal precoce e histórico prévio de doença mental (SILVA et
al., 2017). Outros agentes também exercem influência, como: mudanças hormonais
e estéticas, aceitação do papel de genitora, gravidez não planejada, nuliparidade,
malformações congênitas, entre outros (SALEHI et al., 2016).

A prevalência de ansiedade na gestante varia de acordo com os diferentes


estudos disponíveis. Um estudo americano realizado com 357 gestantes mostrou
que 54% das mulheres apresentaram sintomas ansiosos durante o pré-natal, com
incidência maior durante o segundo trimestre, e 34% apresentaram sintomas
depressivos (LEE et al., 2007). Em um estudo brasileiro com 209 gestantes, a
ansiedade estava presente em 26,8% das participantes, com maior frequência
durante o terceiro trimestre (SILVA et al., 2017).

Também merece atenção as demais comorbidades psiquiátricas que podem


acompanhar o problema, com destaque para a depressão. Dados sugerem que o
risco de desenvolver depressão durante a gestação aumenta em gestantes
acometidas pela ansiedade, assim como os riscos de desenvolvimento de depressão
pós-parto (NAVARRETE et al., 2012). Em relação aos riscos para o binômio mãe-
filho relacionados à depressão, encontramos parto prematuro, problemas na
amamentação, baixo peso ao nascer e restrição de crescimento intrauterino
(GRIGORIADIS et al., 2013; GROTE et al., 2010).
19

Além disso, voltando o olhar para o casal que gesta, sugere-se também que o
risco de um dos genitores desenvolver um transtorno de ansiedade aumenta
consideravelmente de acordo com o estado emocional do parceiro. Ou seja, um
parceiro ansioso aumenta as chances de que o outro vivencie o mesmo (PHILPOTT
et al., 2019).

Um estudo realizado por SILVA et al (2017) analisou as variáveis que


apresentaram relação estatisticamente significativas com a ocorrência da ansiedade
na gestação, evidenciando notória associação com a ocupação desempenhada pela
gestante, mostrando que gestantes que exerciam atividade do lar apresentaram
maior chance de desenvolver ansiedade na gravidez do que as que possuíam
trabalho. Além disso, entre as multigestas, as complicações em gestações anteriores
estavam presentes como fatores de desenvolvimento de ansiedade em 47,1% das
gestantes acompanhadas e o histórico de abortamento/ameaça de parto prematuro
foi vivenciado por 42,1% delas.

Nesse contexto, observa-se que, nas gestantes que sofrem de ansiedade


gestacional, as preocupações com a saúde e o futuro do bebê, embora fisiológicas e
até mesmo esperadas, se encontram de forma desproporcional e excessivas
evidenciando uma ansiedade gestacional patológica, que sabidamente pode
aumentar os riscos de eventos adversos para o binômio mãe-filho.

8.3 Efeitos adversos da ansiedade para o binômio mãe feto

Embora a atenção sobre problemas psiquiátricos maternos tenha,


historicamente, se voltado para a depressão, já existem uma gama de estudos que
avaliam a ansiedade como fator de risco para adversidades. Uma meta-análise
recente mostra que a ansiedade na gestação aumenta de forma significativa o risco
de efeitos perinatais como parto prematuro e baixo peso ao nascer (GRIGORIADIS
et al., 2018), ambas importantes causas de morbimortalidade pediátrica.
Além disso, sabe-se que a realidade psíquica materna, como ansiedade,
depressão e eventos com alto teor de estresse influenciam o desenvolvimento
neurocognitivo da criança desde a vida intrauterina, com evidências de aumento dos
níveis de cortisol fetal (TALGE; NEAL; GLOVER, 2007) e de alterações no
suprimento de oxigênio e sangue pela placenta (A TEIXEIRA et al., 1999), além de
possivelmente afetar a relação mãe-filho após o nascimento (PEARSON et al.,
20

2012). Como efeitos pós-natais da ansiedade gestacional no filho, podemos


destacar alterações cognitivas, problemas emocionais, sociais e comportamentais
(PEARSON et al., 2015; LAUTARESCU et al., 2020).
Um estudo prospectivo observou que, em gestantes acometidas pela
ansiedade gestacional, houve um impacto significativo na função cognitiva das
crianças analisadas entre 6-9 anos de idade. Como exemplo, foi observada uma
diminuição na capacidade de memória visual e espacial. Um importante achado do
estudo foi que tais associações estão mais fortemente ligadas à ansiedade e
preocupações excessivas direcionadas à gestação, do que à ansiedade
generalizada (BUSS et al., 2011).
Outro ponto a ser considerado é que, um dos principais fatores de risco para
o desenvolvimento de transtornos de ansiedade é ter pais ansiosos (ASBAHR,
2004). Uma vez que, caso não tratada, a ansiedade costuma desenvolver-se de
forma crônica e, dessa forma, o pré-natal pode ser um momento oportuno para
rastreamento e tratamento da condição de ambos os genitores.
Tais dados nos chamam para um olhar mais atento para a realidade psíquica
no acolhimento pré-natal e colocam as questões emocionais da gestante, e do (a)
parceiro (a), como possível fonte de intervenção, gerando implicações tanto para o
bem-estar materno, quanto para a redução de efeitos adversos para o filho e, ainda,
tentativa de melhores indicadores de saúde pública.
8.4 Suporte social

Em relação ao recorte social analisado na presente pesquisa, estudos


demonstram que o suporte comunitário à gestante possui influência em sua saúde
mental, impactando de forma expressiva problemas como ansiedade, depressão e
automutilação (BEDASO et al., 2021). Em países desenvolvidos, a ansiedade pré-
natal alcança 19,4% de prevalência, contrastando com 34,4% em países pouco ou
subdesenvolvidos, nos quais o suporte social é menor (DENNIS; FALAH-HASSANI;
SHIRI, 2017).
Fatores como realidade financeira, nível de acesso à informação, falta de
suporte familiar e situação conjugal podem aumentar a exposição ao estresse e à
vulnerabilidade e desencadear problemas emocionais maternos no campo
patológico (DIVNEY, 2012).
21

Em um estudo realizado por GURUNG et al. (2005) com 5271 mulheres, uma
renda familiar alta e trabalhos com baixo índice de estresse foram considerados
fatores protetores contra o desenvolvimento de ansiedade gestacional.
Outros fatores, como a raça, também possuem influência na realidade do pré-
natal. Segundo dados brasileiros, a população preta constitui a maior parcela dentre
as gestantes com adversidades como morte materna, sífilis na gestação e menor
acesso/comparecimento às consultas de pré-natal no primeiro trimestre da gestação
(BRASIL, 2016). Historicamente negligenciada e marginalizada, tais dados
evidenciam a necessidade de um olhar direcionado para essa população, e de
melhores dados que mensurem o impacto das desigualdades raciais também na
saúde mental da gestante.
8.5 Estratégias de enfrentamento

Com vistas às soluções para o problema, abordagens terapêuticas devem ser


ofertadas. A maior parte das gestantes que necessitam de tratamento possuem
preferência por terapias não farmacológicas, devido ao receio em relação aos efeitos
adversos das medicações. Tendo isso em vista, o incentivo à pesquisa, em relação a
tais formas de intervenção, necessita de expansão; embora já existam diversas
estratégias que demonstraram efetividade, como: yoga, musicoterapia, massagens
realizadas pelo parceiro, Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e mindfulness
(ZEMESTANI et al., 2019; DOMÍNGUEZ-SOLÍS et al., 2021). Infelizmente, tais
abordagens são pouco disponíveis na maior parte das unidades públicas de
atendimento, o que dificulta o tratamento amplo e integral.
Em gestantes refratárias às modalidades citadas acima, os medicamentos
devem ser considerados, uma vez que os riscos estimados de uma condição mental
não tratada se sobressaem em relação aos possíveis riscos do uso das medicações,
de acordo com os estudos disponíveis atualmente (STEWART et al., 2023). Tal
informação deve ser reforçada com a gestante, sempre acolhendo e respeitando os
seus valores, em virtude de muitas mulheres se negarem ao uso das medicações,
com receio de efeitos adversos (ALDER et al., 2011), sem saber, no entanto, que os
efeitos adversos das patologias mentais costumam ser desconhecidos.
As classes medicamentosas mais utilizadas e mais estudadas são os
Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), a exemplo da Fluoxetina,
Paroxetina, Sertralina e Escitalopram. A despeito das particularidades éticas da
22

pesquisa com gestantes, a maior parte dos estudos são do tipo observacional. Tais
estudos sugerem que os ISRS, enquanto classe, não são associados a anomalias
congênitas (com a possível exceção da Paroxetina, que será discutida a seguir)
(MALM et al., 2015). Com relação aos riscos relacionados ao uso, o aumento na
incidência de hemorragia pós-parto está presente, especialmente no uso durante o
terceiro trimestre (BRUNING et al., 2015). Uma pesquisa observacional sugeriu um
aumento no risco de distúrbios da fala em crianças que foram expostas intra útero
aos ISRS (BROWN et al., 2016). Estudos realizados com crianças de 3-7 anos
expostas aos ISRS na gestação não mostraram diferença com relação aos índices
de QI (quociente de inteligência) (NULMAN et al., 2015). Além disso, não foi
observado risco aumentado para diabetes gestacional (DANDJINOU et al., 2019),
aborto espontâneo (ALMEIDA et al., 2016), autismo e Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade (MALM et al., 2016).
Não há recomendação de preferência por um tipo específico de ISRS (à
exceção da Paroxetina), e, caso a mulher já tenha apresentado sucesso com
alguma droga, essa deve ser a preferida, inclusive na amamentação. Todos os ISRS
foram relacionados com aumento do risco de hemorragia pós-parto, e a Paroxetina,
em alguns estudos, foi relacionada com um aumento pequeno do risco de alterações
cardíacas, embora outros estudos não tenham observado a mesma relação, e essa
ou outras anomalias congênitas não tiveram o risco aumentado de forma significativa
nas demais drogas (STEWART et al., 2023). Contudo, em razão das evidências que
mostram uma baixa passagem da Sertralina para a circulação fetal e para o leite
materno, na prática clínica, muitos profissionais tem essa medicação como primeira
linha na gestante, embora essa recomendação não exista formalmente, uma vez
que a não detecção do fármaco na circulação ou a baixa dosagem deles não são
indicativos formais de ausência de efeitos clínicos (STEWART et al., 2023).
Alguns estudos sugerem também a realização de uma nova modalidade no
acompanhamento pré-natal, chamada de “pré-natal psicológico”, como um modelo
de intervenção preventivo por meio de atendimentos psicoeducativos com as
gestantes e seus familiares (BENINCASA et al., 2019).
Com um olhar mais abrangente, levando em conta que fatores ambientais
como suporte social exercem influência nos sintomas ansiosos, cabe ressaltar que
estratégias gerais de acesso à informação, saúde, moradia, segurança e educação,
regidas especialmente por políticas públicas, também podem ser consideradas como
23

medidas coletivas de prevenção ao adoecimento mental das gestantes e suas


parcerias.
Dessa forma, conhecer a ocorrência da ansiedade gestacional patológica,
bem como os fatores de risco associados podem auxiliar no desenvolvimento de
estratégias de triagem para identificar grupo de risco de mulheres com necessidade
de intervenção durante a gestação, trazendo benefícios à longo prazo tanto para a
gestante, quanto para o parceiro, a prole, a estrutura familiar, e os indicadores de
saúde de forma geral.

9 RESULTADOS

Após randomização e tratamento dos dados, a amostra foi caracterizada por


93 gestantes (n=93). Dessas, às variáveis mais frequentemente encontradas foram:
idade de 19 a 35 anos (75,27%), pardas (63,44%), ensino médio completo (41,94%),
casadas (44,09%), com idade gestacional de terceiro trimestre (58,06%), residindo
com parceiro (87,10%), com renda familiar média menor que um salário mínimo
(58,06%) e desempregadas (52,69%). Em relação às gestações prévias, 70,97%
eram multíparas, sem complicações prévias (62,37%), sem abortos prévios
(67,74%), com prevalência similar entre os partos normais e cesáreos.

Visando representar de forma ilustrada os dados obtidos, apresentam-se a


seguir nas Figuras 1 a 13, as informações em gráficos de colunas, com os valores
absolutos, e gráficos de pizza, com os valores em percentual. As informações têm a
ordem baseada na estrutura do questionário. Inicialmente, a faixa etária das
participantes, raça, estado civil, renda familiar, ocupação, escolaridade, situação
marital, gestações prévias, abortos prévios, complicações em gestações ou partos
prévios, quantidade de partos normais e cesarianas prévias e, por fim, idade
gestacional atual.
24

Figura 1 – Perfil de idade das gestantes (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)

Figura 2 – Raça autodeclarada pelas gestantes (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)

Figura 3 – Estado civil das gestantes (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)


25

Figura 4 – Renda familiar (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)

Figura 5 – Ocupação das gestantes (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)

Figura 6 – Escolaridade das gestantes (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)


26

Figura 7 – Situação marital (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)

Figura 8 – Gestações prévias (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)

Figura 9 – Abortos prévios (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)


27

Figura 10 – Presença de complicações em gestações prévias (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)

Figura 11 – Quantidade de partos normais prévios (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)

Figura 12 – Quantidade de cesarianas prévias (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)


28

Figura 13 – Intervalos da idade gestacional das pacientes (a) Valor absoluto. (b) Valor percentual.

(a) (b)

Fonte: Autoria Própria (2023)

Na Tabela 1 foram sintetizadas todas as informações sóciodemográficas e


epidemiológicas encontradas no questionário proposto neste estudo e que foram
ilustradas nas figuras acima.

Tabela 1 – Caracterização sóciodemográfica da amostra (continua)

Variáveis Freq. %
Idade
16-18 anos 2 2,15%
19-35 anos 70 75,27%
Mais que 35 anos 21 22,58%
Raça
Parda 59 63,44%
Preta 6 6,45%
Branca 25 26,88%
Indígena 1 1,08%
Amarela 2 2,15%
Estado civil
Solteira 23 24,73%
União estável 26 27,96%
Casada 41 44,09%
Divorciada 3 3,23%
Renda familiar
Menor que 1 salário mínimo 54 58,06%
Entre 1 e 3 salários mínimos 35 37,63%
Entre 4 e 5 salários mínimos 3 3,23%
Maior ou igual a 6 salários 1 1,08%
29

Tabela 1 – Caracterização sóciodemográfica da amostra (conclusão)

Trabalho/ocupação
Estudante 10 10,75%
Desempregada 49 52,69%
Empregada 34 36,56%
Escolaridade
Ensino fundamental incompleto 12 12,90%
Ensino fundamental completo 8 8,60%
Ensino médio incompleto 12 12,90%
Ensino médio completo 39 41,94%
Ensino superior incompleto 9 9,68%
Ensino superior completo 13 13,98%
Condição marital
Reside com o parceiro(a) 81 87,10%
Não reside com parceiro(a) 12 12,90%
Gestações prévias
Nenhuma 27 29,03%
1 gestação 17 18,28%
2 ou mais gestações 49 52,69%
Abortos prévios
Nenhum aborto 63 67,74%
1 aborto 25 26,88%
2 ou mais abortos 5 5,38%
Complicações em gestações prévias
Não 58 62,37%
Sim 35 37,63%
Partos normais prévios
Nenhum 57 61,29%
1 normal 23 24,73%
2 ou mais normais 13 13,98%
Número de cesarianas prévias
Nenhuma 57 61,29%
1 cesariana 20 21,51%
2 ou mais cesarianas 16 17,20%
Idade gestacional atual
Menos de 13 sem 3 3,23%
Entre 13 e 26 sem 36 38,71%
27 sem ou mais 54 58,06%
Fonte: Autoria Própria (2023)

A partir da análise do nível de ansiedade pelo IRSAG, foram obtidos os


resultados descritos na Tabela 2. A média do score total é de 38,22 ± 13,09, de
30

forma que 38,70% das gestantes apresentaram um quadro de ansiedade baixa,


24,73% moderado e 36,56% elevado, totalizando 60,95% das gestantes com níveis
entre moderado e elevado.

Tabela 2 – Estratificação da amostra na escala de ansiedade.

Classes N %
38,71
Leve 36 %
24,73
Moderada 23 %
36,56
Elevada 34 %
Total 93 100%
Fonte: Autoria Própria (2023)

Com o intuito de obter uma avaliação do nível de ansiedade e a relação com


diferentes condições sociais das gestantes, realizou-se um cruzamento entre os
questionários sociodemográficos e o IRSAG. A partir dessa relação, notou-se que,
das mulheres que apresentaram nível elevado de ansiedade, 79,41% eram mulheres
que tinham idade de 19 a 35 anos. Nas mulheres com mais de 35 anos, cerca de
50% possuíam nível de ansiedade moderado a elevado. Observou-se ainda que,
entre as gestantes menores de idade, uma (50%) apresentou ansiedade moderada e
a outra (50%) ansiedade elevada. Nas participantes com níveis baixos de
ansiedade, cerca de 70% possuíam entre 19 e 35 anos e 30% apresentavam mais
de 35 anos.
Em relação à raça, das gestantes com ansiedade moderada a elevada,
61,40% (35) se declararam pardas, 8,77% (5) se consideravam pretas, 26,31% (15)
se designaram brancas e 3,50% (2) indígena ou amarela. Adicionalmente, 50% (3)
das mulheres pretas foram classificadas como nível elevado de ansiedade, com 35%
(21) das pardas, 36% (9) das brancas e 100% (1) das indígenas pertencendo a
mesma classificação. Considerando os níveis moderado e elevado, fazem parte
desse grupo, 83,3% (5) das autodeclaradas pretas, 59,3% (35) das pardas, 60% (15)
das brancas e 100% (1) das indígenas.
O nível de ansiedade classificado como moderado a elevado foi predominante
em toda a amostra, independentemente do estado civil. Entre as gestantes casadas,
58,54% (24), apresentaram ansiedade moderada a elevada, com 36,58% elevada e
31

21,95% moderada. Das mulheres solteiras, cerca de metade das gestantes


possuíam ansiedade moderada a elevada, sendo 8,7% moderada e 43,47%
apresentando o nível mais alto de ansiedade. Nas participantes que viviam com o
parceiro em união estável, a prevalência da ansiedade foi de 73% moderada a
elevada, sendo 27% com scores mais elevados.
Analisando-se a renda familiar, constatou-se que, entre as mulheres com
nível elevado de ansiedade, 58,82% possuíam renda menor que um salário mínimo
e 35,3% possuíam renda de 1 a 3 salários mínimos. Além disso, mais da metade das
gestantes de baixa renda (55,55%) apresentaram pontuação maior que 31 no
IRSAG, sendo evidenciados níveis de ansiedade moderados a elevados.
Observando-se a variável ocupação, verificou-se que 42,85% das
participantes desempregadas apresentavam ansiedade elevada, 18,36% moderada
e o restante ansiedade leve. Entre as gestantes com níveis altos de ansiedade,
61,76% estavam desempregadas e 32,35% encontravam-se empregadas.
Na variável da escolaridade, das gestantes com nível elevado de ansiedade,
17,64% apresentaram ensino fundamental completo ou incompleto, 8,82% ensino
médio incompleto, 52,94% ensino médio completo e 20,59% ensino superior
completo ou incompleto. Entre as 6 gestantes que possuíam apenas ensino
fundamental, incompleto ou completo, 5 apresentaram níveis consideráveis de
ansiedade, com scores do IRSAG acima de 32 pontos.
Quando questionadas sobre a condição marital, 76,47% das gestantes com
nível alto de ansiedade residiam com o (a) parceiro (a), enquanto 23,5% não residia.
Das mulheres que residiam com o parceiro, 32,1% apresentaram ansiedade elevada
pelo questionário, 27,16% moderada e 40,74% baixa. Além disso, entre as que não
moravam com o parceiro, 3 a cada 4 demonstraram ter nível de ansiedade
moderado a elevado.
Em relação à paridade, 68,42% que se encontravam na classificação de
moderada a elevada do IRSAG são multíparas, sendo 59,64% com nível elevado de
ansiedade. Quando observado os itens do questionário, percebe-se que entre as
nulíparas, 29,62 % apresentaram ansiedade elevada, 37,03% ansiedade moderada
e 33,33% baixa. Entre as multíparas, 40,91% apresentaram ansiedade nível baixo e
59,1% nível moderado a elevado. (19,7% moderada e 34,4% elevada).
No presente estudo, aproximadamente, uma a cada três mulheres declararam
já ter tido um ou mais de um abortamento, e 60,0% destas estavam classificadas
32

com índice de ansiedade entre os níveis moderado a elevado de acordo com o


IRSAG, enquanto que, nas sem episódios de aborto, a relação encontrada foi de
61,9%. Considerando apenas o nível elevado de ansiedade, esse grupo englobou
29,6% das nulíparas, e 39,3% das multíparas. Além disso, 31,57% do total de
gestantes com ansiedade moderada a elevada já haviam tido aborto prévio.
Avaliando-se as complicações em gestações ou partos prévios, percebeu-se
que mais da metade das gestantes (51,42%) com moléstias prévias apresentaram
ansiedade com pontuação acima de 40 pontos no IRSAG, caracterizando a
ansiedade como elevada, totalizando 68,57% das pacientes com ansiedade
moderada a elevada. Já nas pacientes sem complicações prévias, o valor
encontrado foi de 27% de nível elevado de ansiedade gestacional. Ao considerar
conjuntamente os níveis de ansiedade moderado e alto, os valores encontrados
foram de 68,5 % para as mulheres com histórico de complicações, e de 56,8% na
ausência destas. Além disso, na amostra de participantes com ansiedade elevada,
52,94% obtiveram complicações prévias.
Quando analisada a variável trimestre gestacional, 61,76% das
representantes do nível de ansiedade elevada eram do terceiro trimestre. Observa-
se ainda que, entre as pacientes que estavam no terceiro trimestre, 38,88%
apresentaram alta ansiedade. Já entre as do primeiro e do segundo trimestres, um
terço das mulheres, em ambos os casos, apresentaram scores de ansiedade
elevada. Somado a isso, incluindo os níveis de ansiedade moderada, cerca de
metade (52,77%) das gestantes que estavam no segundo trimestre apresentaram
ansiedade de moderada a alta (19 das 36 analisadas em questão) e no primeiro
trimestre todas apresentaram ansiedade moderada a elevada.
Analisando-se as vias de parto, das pacientes submetidas a dois ou mais
partos cesáreos prévios, 62,5% apresentaram ansiedade moderada a elevada. Entre
as gestantes submetidas ao parto normal, 33,3% apresentaram ansiedade elevada e
55,5% ansiedade moderada a alta e, entre as que nunca passaram pelo parto
normal, 38,59% foram classificadas com alta ansiedade e 64,9% moderada a
elevada. Já das pacientes submetidas a cesariana, 36,1% apresentaram níveis
elevados de ansiedade, 52,7% moderado a alto. Em contraposição, 36,8% das
gestantes que nunca passaram pela cesariana tiveram scores elevados para
ansiedade, 66,6% moderado a alto.
33

Considerando as classes do IRSAG e caracterizando-as em uma variável


politômica sobre ansiedade (leve, moderada e elevada), foi empregado o teste de
Mann-Whitney com nível de significância estabelecido em 0,05 (p< 0,05), em que os
valores de p encontrados foram menores que 0,05, indicando que há diferença
significativa entre as variáveis analisadas no estudo, com exceção do perfil de idade
que apresentou p=0,06. Por meio da correlação de Pearson, foi possível observar
que existem correlações fracas entre as variáveis do presente estudo com valor de
r<0,5, tanto para correlações positivas, quanto para negativas; sendo o maior valor
de r=0,198 com correlação positiva entre ansiedade e complicações prévias.

10 DISCUSSÃO

Observar de que forma os sintomas ansiosos estão presentes no pré-natal de


alto risco é imprescindível para uma visão clínica que contemple tanto as dimensões
físicas quanto emocionais da mulher, considerando que ambas são essenciais para
uma saúde satisfatória. Além disso, os atuais conceitos de saúde abrangem, além
do bem-estar físico e psíquico, o bem-estar social (WHO, 1946). Sendo assim,
compreender a influência dos fatores sociais nos processos de adoecimento é
fundamental para que políticas de enfrentamento possam ser mais efetivas e bem
direcionadas, a partir de um melhor entendimento do problema.
De acordo com o instrumento utilizado (ISRAG) (Anexo A), no presente
estudo, das 93 gestantes analisadas, 38,7 % apresentaram níveis de ansiedade
baixa, 24,73% nível moderado e 36,22% nível elevado, totalizando mais da metade
(60,95%) das gestantes com níveis entre moderado e elevado. Tal resultado é
alinhado com o estudo realizado no exterior, que mostram uma prevalência de
ansiedade na gestação de 14 - 59 % (BEDASO, 2021), e superior ao resultado de
um estudo brasileiro que mostrou uma prevalência de 26,8% (SILVA et al., 2017).
Um diferencial presente nesta pesquisa é a realização integral em uma unidade de
pré-natal de alto risco, o que pode explicar a maior porcentagem de sintomas
ansiosos na amostra, uma vez que gestações de risco são colocadas como um fator
agravante para o desenvolvimento de ansiedade gestacional (GURUNG et al.,
2005). Cabe lembrar que, de acordo com a OMS (2022), a prevalência de ansiedade
na população geral brasileira é de 9,3% (níveis pré-pandêmicos), o que pode
34

significar índices maiores no período gestacional. Além disso, os maiores níveis


foram encontrados entre as pacientes do terceiro trimestre.
Além de observar a prevalência dos diferentes níveis de sintomas ansiosos na
gestação, buscou-se também, correlacionar com os dados sociais e
epidemiológicos, visando revelar a relação entre saúde e seus determinantes
sociais, no âmbito do pré-natal de alto risco. Essa compreensão é importante para a
elaboração de políticas voltadas para o combate às desigualdades (BRASIL, 2016),
indo de encontro ao princípio de equidade estabelecido pelo Sistema Único de
Saúde (BRASIL, 1990).
Em relação às pacientes classificadas como nível elevado de ansiedade
gestacional, dentro das variáveis sociodemográficas analisadas, observou-se que as
características predominantes foram: faixa etária de 19-35 anos (79,41% das
gestantes com nível elevado), pardas (61,4%), casadas (44%), renda familiar menor
que um salário mínimo (58,8%), desempregadas (61,7%), ensino médio completo
(52,9%), residiam com o parceiro (76,4%), possuíam mais de duas gestações
prévias (50%), nenhum aborto (67%), com histórico de complicações em gestações
anteriores (52%), sem nenhum parto vaginal ou cesariana anterior (64,7% e 61,7%,
respectivamente), e com idade gestacional maior que 27 semanas (64,7%). Tais
características podem ser importantes na clínica para identificar e rastrear gestantes
de risco, porém, possuem consonância com a prevalência geral das participantes do
estudo, e, por isso, se faz necessário analisar de forma individual cada um dos
fatores.
Desta forma, observa-se que, em relação à raça, 50% (3) das mulheres
pretas foram classificadas como nível elevado de ansiedade, com 35% (21) das
pardas, 36% (9) das brancas e 100% (1) das indígenas pertencendo a mesma
classificação. Ao considerar os níveis moderado e elevado, fazem parte desse
grupo, 83,3% (5) das autodeclaradas pretas, 59,3% (35) das pardas, 60% (15) das
brancas e 100% (1) das indígenas. Embora limitados pelo número de participantes
da pesquisa, tais resultados corroboram com outros documentos que evidenciam o
racismo e a discriminação como determinantes associados ao adoecimento de
pessoas pretas/indígenas, levando em conta, para além das questões genéticas,
questões como acesso aos serviços de saúde, renda, e o suporte social
(WERNECK, 2016).
35

Das participantes menores de 18 anos, 1 apresentou ansiedade alta, e 1


moderada. Embora consistente com outros dados que reforçam que gestantes mais
jovens possuem índices maiores de ansiedade (SCHETTER et al., 2016), a análise
foi comprometida pelo pequeno número de mulheres menores de idade voluntárias.
Em relação ao estado civil, observa-se que, entre as divorciadas, 66%
apresentavam nível elevado de ansiedade, entre as solteiras, 43%, entre as
casadas, 36%, e, nas em união estável, 26%. Em relação à condição marital, das
mulheres que residiam com o parceiro, 32,1% apresentaram ansiedade elevada pelo
questionário. Já entre as que não moravam com o parceiro, 66% demonstraram
nível de ansiedade elevado. Tal resultado está alinhado com outros estudos
realizados com gestantes, que mostram níveis mais altos de ansiedade em
pacientes sem um(a) parceiro(a), além de apontarem o genitor como uma das fontes
mais importantes de apoio para a mulher que gesta (SCHETTER et al., 2016;
GURUNG et al., 2005). Essa constatação pode estar relacionada com uma menor
sensação de suporte, de divisão das responsabilidades, além do estigma social em
relação às gestações solo.
No quesito renda e ocupação, 55,5 % das gestantes que recebiam abaixo de
um salário-mínimo apresentaram pontuação maior que 31 no IRSAG, sendo
evidenciados níveis de ansiedade moderados a elevados, e, dentre as
desempregadas, a maior parte (61,2%) apresentou nível moderado a elevado.
Outros estudos que avaliaram variáveis epidemiológicas na ansiedade gestacional
encontraram a mesma relação (SCHETTER et al., 2016; GURUNG et al., 2005). A
renda familiar baixa e o desemprego favorecem a situação de vulnerabilidade e
desamparo da gestante, o que pode ser agravado pela expectativa de gastos com a
criação do(a) filho(a), que podem não ser adequadamente supridos.
Além da condição social, a história obstétrica da paciente também tem
potencial de impactar sua realidade psíquica, uma vez que influencia na produção
das expectativas mentais geradas em relação à gestação e ao parto, seja de forma
positiva ou negativa.
Pesquisas realizadas previamente indicam níveis de ansiedade mais altos em
nulíparas, sugerindo que mulheres que já tiveram a experiência em gestar e dar à
luz possuiriam menos preocupações, por terem conhecimento do processo (COSTA
et al., 1999). Contudo, no presente trabalho, nulíparas apresentaram 66,6% de
ansiedade moderada a elevada, enquanto pacientes com gestações prévias
36

apresentaram 59%, uma diferença considerada pouco expressiva. Levando em


conta apenas o nível elevado de ansiedade, esse grupo englobou 29,6% das
nulíparas, e 39,3% das multíparas. Esse achado pode ser explicado pelo tamanho
da amostra utilizada, ou pela realização da pesquisa em uma unidade de pré-natal
de alto risco, uma vez que a presença de condições de risco diferenciado para o
binômio mãe-feto pode ser fonte de tensão adicional para a gestante,
independentemente da paridade.
Outra variável analisada foi a presença de abortos prévios, sendo encontrado
que 60,0% das mulheres que tinham histórico de abortos, estavam classificadas com
índice de ansiedade entre os níveis moderado a elevado de acordo com o IRSAG,
enquanto que, nas sem episódios de aborto, a relação encontrada foi de 61,9%, o
que não mostrou alteração expressiva, de acordo com nosso estudo. Também não
foi significativa a relação demonstrada entre tipos de partos prévios (parto vaginal ou
cesárea).
A presença de complicações em experiências gestacionais prévias foi
observada com a intenção de compreender esse aspecto como um fator estressor
ou protetor. Percebeu-se que cerca da metade (51,4%) das pacientes com
complicações prévias apresentaram ansiedade gestacional elevada, enquanto que,
na ausência de complicações prévias, o valor encontrado foi de 27%. Outro aspecto
analisado foi que, ao considerar conjuntamente os níveis de ansiedade moderado e
elevado, os valores encontrados foram de 68,5 % para as mulheres com histórico de
complicações, e de 56,8% na ausência destas, diferença menos significativa que a
anterior. Esses dados podem sugerir que os maiores impactos desses fatores
estejam direcionados ao nível elevado de sintomas ansiosos, em comparação à
existência geral de ansiedade gestacional.
Contudo, apesar dos resultados citados acima, não foi observada significância
estatística pelo teste de Pearson, em discordância com outros estudos realizados
(BEDASO, 2021; DIVNEY, 2012; SCHETTER et al., 2016; GURUNG et al., 2005).
Todas as variáveis apresentaram teste de mann-whitman com p<0,05, com exceção
da idade. Com esses achados, pode-se ter como limitações ao estudo: o caráter
subjetivo da avaliação, a amostra pequena e a restrição de tempo para a coleta, o
que pode justificar a existência de pouca correlação entre as variáveis.
37

11 CONCLUSÃO

O presente estudo teve como objetivo analisar de que forma a ansiedade


gestacional está presente em uma unidade de pré-natal de alto risco, e associar tais
achados com fatores sociais e epidemiológicos. Contando com um número de 93
participantes, mais da metade (60,95%) das gestantes foram classificadas entre os
níveis moderado e elevado, um número bastante expressivo e preocupante,
especialmente ao se considerar as possíveis comorbidades associadas ao quadro,
como aumento do risco de depressão e de desfechos peri e pós natais indesejáveis.

Observou-se que alguns dos fatores sociais e epidemiológicos estudados


apresentaram maiores índices para níveis elevados de ansiedade gestacional, como
renda inferior a um salário-mínimo, desemprego, raça preta, complicações em
gestações anteriores e mulheres solteiras.

Considerando as bases do SUS, tais informações são essenciais para o


desenvolvimento de políticas públicas que visem a redução do impacto da
ansiedade durante a gestação, identificando as populações de maior risco para o
problema, para que ações direcionadas e efetivas possam ser traçadas, garantindo
o princípio de equidade. Levando em conta os eventos adversos que estão ligados à
ansiedade na gestação, como parto prematuro, baixo peso ao nascer e alterações
cognitivas a longo prazo para a criança e, considerando também a prevalência
expressiva do problema, estratégias de saúde pública direcionadas para a
prevenção, o rastreio e o manejo, devem ser incentivadas, com a intenção de
promover uma melhora nos indicadores de saúde, assim como direcionar recursos
para mais pesquisas, especialmente dirigidas para a realidade brasileira.
38

REFERÊNCIAS

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42

Anexo A - Instrumento de rastreio para sintomas de ansiedade gestacional –

IRSAG

Não Pouco Bastante Muito


(1 ) (2) (3) (4)

Estou preocupada em relação à minha


gestação

Insegurança define o que sinto agora

Estou tensa com essa gravidez

Estou arrependida de ter engravidado

Não me sinto grávida e nem me conecto


com o bebê

Sinto-me perturbada com essa gravidez

Estou preocupada com possíveis incômodos

Sinto-me cansada

Sinto-me ansiosa

Sinto que algo ruim pode acontecer a


qualquer hora

Sinto que não serei uma boa mãe

Sinto- me nervosa com essa situação de estar


grávida

Estou agitada

Tenho pensamentos repetitivos sobre o


mesmo assunto

Sinto-me culpada

Sinto-me triste

Estou preocupada com o futuro

Tenho pesadelos

Tenho medo

Me sinto sozinha/desamparada
Fonte: Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.4, p.16885-16904 jul./aug2022
43

Anexo B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PREVALÊNCIA DE ANSIEDADE GESTACIONAL EM PACIENTES DE PRÉ-NATAL


DE ALTO RISCO: UM ESTUDO OBSERVACIONAL

Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O
documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que
estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para
nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.

Pesquisadora responsável: Tatiana Silva Ferreira de Almeida

Telefone: (83) 998357675

Email: tsfalmeida@gmail.com

Endereço institucional: Rua Aprígio Veloso, 882, Universitário, Campina Grande - PB

Eu, ____________________________________________________________,
profissão_____________________. residente e domiciliado na
________________________ _______________________________, portador da
Cédula de identidade, RG ______________ e inscrito no CPF _________________,
nascido(a) em ___ / _____ /_____, abaixo assinado(a), concordo de livre e
espontânea vontade em participar como voluntário(a) do estudo
______________________Declaro que obtive todas as informações necessárias,
bem como a promessa dos esclarecimentos às dúvidas, por mim apresentadas
durante o decorrer da pesquisa.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Objetiva-se analisar a interferência de questões sociodemográficas e
epidemiológicas na prevalência de sintomas ansiosos durante a gestação em
44

pacientes assistidas no pré-natal de alto risco do ISEA no município de Campina


Grande.

Para tal, foi utilizado um instrumento de rastreio para sintomas de ansiedade


gestacional (IRSAG), validado no Brasil, e um questionário sociodemográfico e
epidemiológico, de autoria das pesquisadoras.

Desconfortos e riscos:

O risco previsto é a possibilidade da participante sentir desconforto


durante preenchimento dos questionários, como: evocação de memórias, timidez,
constrangimento, cansaço e desconforto no local de aplicação do questionário, além
de exposição indevida dos dados.

Para minimizar esses riscos, o sigilo da identidade da participante está


garantido, com compromisso de não divulgação de nenhum dado de identificação
pessoal; todas as informações serão usadas única e exclusivamente para fins
científicos; os questionários serão aplicados em ambiente com privacidade; as
pesquisadoras ficarão atentas a sinais de desconforto das participantes; será
utilizada linguagem acolhedora e acessível; as perguntas serão feitas de forma
objetiva e as participantes terão liberdade para se retirar da pesquisa a qualquer
momento, sem penalidade alguma. Você não deve participar deste estudo se não
quiser, não puder ou não assinar o presente termo de esclarecimento.

Benefícios:

Este estudo não prevê benefícios diretos aos sujeitos da pesquisa.


Entretanto, trará dados importantes para que haja melhor avaliação das pacientes
que iniciaram quadro de ansiedade associada ao pré-natal de alto risco, de forma a
tornar a gestação mais tranquila e confortável, reduzindo possíveis riscos à saúde da
mãe e do feto.

Estou ciente que:


I) O estudo se faz necessário para que se possam descobrir as possíveis
associações entre o desenvolvimento de ansiedade e o pré-natal de alto risco;
II) A minha participação consistirá em preencher um questionário de avaliação;
III) A participação neste projeto não tem objetivo de me submeter a um
tratamento, bem como não me acarretará qualquer ônus pecuniário com
45

relação aos procedimentos médico-clínico-terapêuticos efetuados com o


estudo;
IV) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo
no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;
V) A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar
físico. Não virá interferir no atendimento ou tratamento médico;
VI) Os resultados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo, mas
concordo que sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus
dados pessoais não sejam mencionados;
VII) Caso deseje, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados, ao
final desta pesquisa. Estou ciente que receberei uma via deste termo de
consentimento;
( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

IX) Caso me sinta prejudicado (a) por participar desta pesquisa, poderei recorrer
ao Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos – CEP, do Hospital
Universitário Alcides Carneiro - HUAC, situado a Rua: Dr. Carlos Chagas, s/ n, São
José, CEP: 58401 – 490, Campina Grande-PB, Tel: 2101 – 5545, E-mail:
cep@huac.ufcg.edu.br; ao Conselho Regional de Medicina da Paraíba e à Delegacia
Regional de Campina Grande.

Campina Grande - PB, _____ de ____________de 2023.

( ) Paciente : _______________________________________________.

Responsável (se menor de idade): ________________________________

Testemunha 1 :
__________________________________________________________.
Nome / RG / Telefone

Testemunha 2 :
__________________________________________________________.
Nome / RG / Telefone
46

Apêndice A - Questionário Sociodemográfico e Epidemiológico

- Idade - Quantidade de gestações


- 16-18 anos prévias
- 19-35 anos - 0 (primigesta)
- >35 anos - 1 gestação prévia
- Raça - 2 ou mais gestações
- parda prévias
- preta - Abortos prévios
- branca - 0
- indígena - 1
- amarela - 2 ou mais
- Estado Civil - Complicações em gestações
- solteira ou partos prévios?
- união estável - Não
- casada - Sim
- divorciada - Número de partos vaginais
- Renda Familiar (salários prévios
mínimos) - 0
- menos que 1 - 1
- 1-3 - mais de dois 2
- 4-5 - Número de cesarianas
- 6 ou mais prévias
- Trabalho/Ocupação - 0
- Estudante - 1 cesárea prévia
- Desempregada - mais de duas 2 cesáreas
- Empregada prévias
- Escolaridade - Idade gestacional atual
- Analfabeta - menos que 13 semanas
- ensino fundamental - 13-26 semanas
incompleto - 27 semanas ou mais
- ensino fundamental
completo
- ensino médio incompleto
- ensino médio completo
- ensino superior
incompleto
- ensino superior completo
- Condição marital
- Reside com parceiro(a)
- Não reside com
parceiro(a)
47

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