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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA

CENTRO DE FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE


BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE

JOÃO VITOR SANTA MARIA MAGALHÃES

PORTFÓLIO REFLEXIVO DE SEMIOLOGIA E PROPEDÊUTICA DA CLÍNICA GERAL

TEIXEIRA DE FREITAS - BA
2021
JOÃO VITOR SANTA MARIA MAGALHÃES

PORTFÓLIO REFLEXIVO DE SEMIOLOGIA E PROPEDÊUTICA DA CLÍNICA GERAL

Trabalho final apresentado na


Universidade Federal do Sul da Bahia
como requisito para conclusão do
componente curricular Semiologia /
propedêutica clínica geral.

Orientador: Ênio Rodrigues da Silva

TEIXEIRA DE FREITAS - BA
2021
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

1.1. MEMORIAL

1.2. CONCEITOS GERAIS DE SAÚDE E DOENÇA DE CANGUILHEM

1.3. CAMPO DA SAÚDE GERAL E MENTAL

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO

3. METODOLOGIA

4. RELATO DE EXPERIÊNCIAS E INTERDISCIPLINARIDADES

5. A CONSTRUÇÃO DA ANAMNESE EM PROPEDÊUTICA GERAL

6. NOTAS CONCLUSIVAS

7. REFERÊNCIAS

8. ANEXOS
1. INTRODUÇÃO

O componente curricular “Semiologia/Propedêutica clínica geral" aborda

sobre as questões de como realizar uma anamnese, o que deve ser levado em

consideração, como realizar a entrevista e como avaliar o paciente em sua

completude. Esta disciplina é de extrema relevância para a formação do discente,

pois trata de questões essenciais para a prática da medicina.

Conceitos de saúde e doença, bem como, ergologia também foram tratados

nesse componente. Além disso, também foi aprendido sobre o exame do estado

mental.

1.1 MEMORIAL

João Vitor Santa Maria Magalhães, nascido em 07 de agosto de 1999, em

Teixeira de Freitas, Bahia. A medicina na minha vida está presente desde o começo,

sempre tive o contato com profissionais da saúde e com a medicina na minha

família. Sou fruto de uma família que atualmente conta com 26 profissionais da

saúde, desses 15 são médicos. Ou seja, nota-se uma influência desde sempre da

medicina na minha família, e, tendo essas inspirações, o desejo em trilhar passos

de sucesso na atenção à saúde veio desde o início da minha formação como

pessoa.

1.2 CONCEITOS GERAIS DE SAÚDE E DOENÇA DE CANGUILHEM

Georges Canguilhem foi um filósofo e médico francês que levou às ciências

da vida a reflexão filosófica, investigou o estatuto epistemológico de conceitos

usados nestas ciências, como o conceito de saúde e doença. Sua tese de

doutorado em Medicina teve o título “O Normal e o Patológico”.


O termo normal está relacionado à norma, regra. A norma designa o

enquadramento, o que está no meio, que é central. Nesse sentido, é normal aquilo

que é de conformidade.No entanto, há também um sentido comum, que se refere à

maior parte dos casos em uma espécie. Percebe-se aqui um sentido duplo: o

primeiro refere-se ao que deve ser, já o segundo designa o mais frequente em torno

da média. (CANGUILHEM, 2000, p. 95).

Segundo Canguilhem, existe, na medicina, uma confusão análoga em que

este estado “normal designa ao mesmo tempo o estado habitual dos órgãos e seu

estado ideal, já que o restabelecimento desse estado habitual é o objeto usual da

terapêutica” . O anormal não caracteriza o patológico, patológico implica pathos,

sentimento direto e concreto de sofrimento e de impotência, sentimento de vida

contrariada.

De acordo com Canguilhem, “o doente é doente por só admitir uma norma. O

doente não é anormal por ausência de norma, e sim por incapacidade de ser

normativo”. O ser doente se percebe em um novo meio, com outras normas de vida

por uma redução do nível de sua atividade, mais limitado.

Canguilhem diz que uma média obtida estatisticamente, não permite afirmar

se determinado indivíduo é normal ou não. Não pode-se partir dessa média para

cumprir o dever médico com o indivíduo. Tratando-se de uma norma

supra-individual é impossível determinar o “ser doente”.

Para Canguilhem, o ser doente não é um ser anormal, é um ser que vivencia

uma doença e que tem várias possibilidades de restabelecimento do ser saudável,

e, para isso, deverá encontrar um caminho para compreensão de seu estado

temporário para alcançar novas dimensões de vida.


1.3 CAMPO DA SAÚDE GERAL E MENTAL

Meu primeiro encontro com o campo da saúde geral foi em 2018, quando

entrei na universidade. Fiz alguns componentes relacionados à saúde geral

presentes no currículo do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde da Universidade

Federal do Sul da Bahia, o que foi extremamente útil para o meu aprendizado e a

ampliação dos horizontes no campo da saúde. Em relação à saúde mental, fiz

apenas um componente de psicologia, que ajudou na parte introdutória sobre a

saúde mental. Nesse contexto, este componente atual da semiologia, me fez

descobrir novas informações sobre a saúde mental, bem como, novos conceitos

sobre a saúde e doença, e aprender um pouco sobre ergologia.


2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

1. Compreender os conceitos semiológicos e histórico social, numa visão ampliada

do processo Saúde-Enfermidade-Cuidado;

2. Desenvolver competências básicas para a análise de casos clínicos com respeito

e confiabilidade;

3. Fundamentar o Raciocínio Clínico para a produção de diagnósticos de problemas

de saúde numa perspectiva abrangente do processo saúde-doença

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

1. Conhecer os principais fundamentos histórico-sociais da Clínica, destacando a

transição da medicina dos sintomas à moderna perspectiva biopsicossocial da

Propedêutica;

2. Compreender significados e aplicações de conceitos da Propedêutica clássica

nos campos da Semiologia e da Semântica Clínica (terminologia, siglas, jargão

técnico);

3. Compreender modelos de Enfermidade-Doença e suas configurações

nosológicas (tipologias e classificações), numa perspectiva inter-transdisciplinar da

saúde humana;
4. Considerar problemas de saúde individual numa perspectiva pragmática

orientada por evidências científicas, com atitudes éticas e humanas que favoreçam

a produção criativa do cuidado em saúde mediante prospecção de conhecimentos

significativos nas principais plataformas de busca (Centro Cochrane, Colaboração

Campbell, PubMed, Portal Periódicos)

5. Desenvolver uma escuta ativa e sensível das narrativas dos sujeitos nos

processos de produção de dados para fins de avaliação clínica (entrevista,

anamnese e construção da história do paciente);

6. Compreender os fundamentos e habilitar-se nos processos de produção de dados

objetivos de importância clínica (exame físico: métodos, técnicas e instrumentos);

7. Conhecer e aplicar estratégias e instrumentos para registro de informações

significativas no cuidado ao paciente pela equipe multiprofissional de saúde, com

foco no Prontuário Orientado por Problemas;

8. Conhecer elementos básicos de Lógica Aplicada à tomada de decisão na

Propedêutica Clínica, visando a redução dos graus de incerteza no processo

diagnóstico (Meta Cognitiva Transversal III);

9. Distinguir as categorias Caso, Problema e Evidência, apreciando sua importância

e pertinência para a avaliação de práticas, métodos e técnicas diagnósticas;

10.Compreender os principais fundamentos dos métodos de integração de dados,

informações e conhecimentos para análise de possibilidades e hipóteses

diagnósticas e prognósticas (Raciocínio Clínico), visando a identificação dos

problemas individuais de saúde mais relevantes e pertinentes


3. METODOLOGIA

Foi realizada uma revisão de literatura dos livros e artigos usados no

componente. Além disso, nas partes mais pessoais do trabalho foram utilizadas

experiências e vivências dos acadêmicos ao longo de suas trajetórias no campo da

saúde. Outrossim, conhecimentos adquiridos por meio de apresentações dos

colegas de classe nesta disciplina também foram utilizados para construção desse

portfólio.

4. RELATO DE EXPERIÊNCIAS E INTERDISCIPLINARIDADES

Semana 1:

Saúde e doença, trabalho em equipe.

A primeira aula foi apresentada pelas Equipes de Aprendizagem Ativa 1 e 2

os textos o normal e o patológico de Canguilhem, e saúde e doença e ingredientes

de competência das atividades, sobre ergologia.

Semana 2:

Construção da anamnese geral - Mapas Conceituais - Parte 1

A segunda aula foi apresentada pelas Equipes de Aprendizagem Ativa 3 e 4.

A primeira parte foi explicando sobre a importância cognitiva dos mapas mentais

para o processo de aprendizagem. A segunda parte foi relacionada a construção da

anamnese geral e a demonstração dos aparelhos de forma mais genérica.

Semana 3:

Construção da anamnese geral - Parte II

Método clínico centrado na pessoa


A terceira aula foi apresentada pela Equipe de Aprendizagem Ativa 1. Nesse

aspecto foi associado o método clínico centrado na pessoa e a metodologia de

pesquisa em histórias de vida, no sentido de pesquisar estratégias focadas na

pessoa.

Semana 4:

Anamnese psiquiátrica e a construção do caso clínico

A terceira aula foi apresentada pela Equipe de Aprendizagem Ativa 2. Nesse

momento foi demonstrado a anamnese completa com enfoque no exame de saúde

mental do paciente psiquiátrico em seguida foi utilizado um caso clínico que

demonstrasse na prática a anamnese.

A interdisciplinaridade representa o terceiro nível de interação entre as

disciplinas. E,segundo Japiassú, é caracterizada pela presença de uma axiomática

comum a um grupo de disciplinas conexas e definida no nível hierárquico

imediatamente superior, o que introduz a noção de finalidade.

Portanto, defende-se que a interdisciplinaridade não deveria ser considerada

como uma meta obsessivamente perseguida no meio educacional simplesmente por

força da lei, como tem acontecido em alguns casos. Pelo contrário, ela pressupõe

uma organização, uma articulação voluntária e coordenada das ações disciplinares

orientadas por um interesse comum.

Nesse ponto de vista, a interdisciplinaridade só vale a pena se for uma

maneira eficaz de se atingir metas educacionais previamente estabelecidas e

compartilhadas pelos membros da unidade escolar. Caso contrário, ela seria um

empreendimento trabalhoso demais para atingir objetivos que poderiam ser

alcançados de forma mais simples


5. A CONSTRUÇÃO DA ANAMNESE EM PROPEDÊUTICA GERAL

A anamnese tem o objetivo de fornecer elementos para a formulação

diagnóstica. Pode ser dividida em alguns pontos: identificação, queixa principal,

história da moléstia atual, antecedentes - história médica e psiquiátrica,

antecedentes - história pessoal, antecedentes - história familiar, personalidade

pré-mórbida, exame físico (ZUARDI, 1996).

Na identificação são obtidas informações como o nome, sexo, idade,

profissão, religião, entre outros. A queixa principal é a informação sobre o problema

atual do paciente, o que o levou ali. Nesse sentido, o terceiro ponto que é sobre a

história da moléstia atual avalia como a doença começou, a evolução e sintomas. O

quarto item analisa os antecedentes do paciente, as doenças que ele já teve,

medicamentos que já usou, antecedentes psiquiátricos, bem como, tratamentos. No

quinto ponto, os antecedentes da história pessoal, é analisado o nascimento, a

infância, a adolescência e a idade adulta do paciente. Em antecedentes da história

familiar, são coletadas informações sobre os familiares, como doenças que

possuem, profissão e escolaridade. A personalidade pré-mórbida compreende as

atitudes e padrões habituais de comportamentos do indivíduo. O último item é o

exame físico, que deve ser feito de rotina. (ZUARDI, 1996)

Além disso, é necessaŕio também o exame de estado mental do paciente. É

uma avaliação do funcionamento mental com base nas observações que são feitas

durante a entrevista. Esse exame de estado mental é organizado por áreas para

facilitar a descrição. Nesse sentido, as áreas são: linguagem e pensamento,

senso-percepção, afetividade e humor, atenção e concentração, memória,

orientação, consciência, capacidade intelectual, juízo crítico da realidade.


Na construção da anamnese existem alguns passos que devem ser

observados como a História Clínica Psiquiátrica, dessa forma nota-se alguns

tópicos importantes como:

1 - Identificação

2 - Queixa principal

3 - História da moléstia atual

4 - Antecedentes - História Médica e Psiquiátrica

○ História médica

○ História psiquiátrica prévia HPP

5 - Antecedentes - História pessoal

○ Hábitos de vida

○ História psicossocial HPS

6 - Antecedentes - História familiar

7- Personalidade pré-mórbida

8- Exame físico

Outro ponto importante é o Exame psíquico ou exame de estado mental, nele

nota-se alguns pontos importantes:

● Aspecto geral: aparência, higiene, atitude.

● Nível de consciência
● Psicomotricidade

● Orientação

● Memória

● Sensopercepção

● Pensamento

● Inteligência

● Afetividade

● Autopagnose
6. NOTAS CONCLUSIVAS

Diante dos aspectos supramencionados, nota-se que há uma relevância no

que diz respeito à Semiologia e Propedêutica. Diante dos estudos relatados durante

o período letivo, pode-se compreender que a semiologia, ou propedêutica, é a parte

da farmácia, biomedicina, medicina, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia

ocupacional, odontologia, enfermagem e nutrição relacionada ao estudo dos sinais e

sintomas das doenças humanas. Esse componente curricular é um CC de abertura

do Bloco Temático “Integração de Competências Clínicas” e objetivou a

compreensão de conhecimentos introdutórios e habilidades básicas necessárias ao

Raciocínio Clínico competente e sensível. Também houve a introdução dos

conceitos da Propedêutica Clássica e inclui introdução geral a práticas de produção

de dados de interesse clínico e uso de informações mediadas por tecnologias para

integração de evidências visando ao diagnóstico clínico. Foi possível também a

introdução aos elementos da Lógica Aplicada, aos conceitos de Prática Clínica

Baseada em Evidências e Orientada por Problema, a integração destas habilidades

ao conceito da Prática Clínica Centrada na Pessoa.


7. REFERÊNCIAS

CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária,

2000.

ZUARDI, A. W.; LOUREIRO, S. R. Semiologia psiquiátrica. Medicina (Ribeirão

Preto), [S. l.], v. 29, n. 1, p. 44-53, 1996. DOI: 10.11606/issn.2176-7262.v29i1p44-53.

Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/71

JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago,

1976. 220 p.

SEVERINO, Antônio Joaquim. O conhecimento pedagógico e a interdisciplinaridade:

o saber como a intencionalização da prática. In: Fazenda, Ivani C. Arantes (org.).

Didática e interdisciplinaridade. Campinas – SP: Papirus, 1998. p. 31-44.

FAZENDA, Ivani C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 4. ed.

Campinas: Papirus, 1994.

PORTO CC, PORTO AL. Semiologia médica I. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 2014.

BICKLEY LS. BATES - Propedêutica Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 2015.
DUNCAN BB, et al. Medicina Ambulatorial. Condutas de Atenção Primária

Baseadas em Evidências. 4. ed. Porto Akegre: Ed. Editora ArteMed, 2013.

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