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Manobras semiotécnicas e exames complementares em

odontologia hospitalar
Sumário comprobatório, mas também para criação de uma
fonte valiosa de pesquisas científicas.
- Prontuário médico
No contexto da pesquisa científica, as informações
- Caminho semiológico contidas no prontuário, se corretamente descritas,
podem colaborar para o exercício de uma prática em
- Anamnese
saúde baseada em evidência. As tomadas de decisões
- Exame físico em saúde baseada em evidências têm como pilares a
pesquisa científica, a experiência profissional e o
- Exames complementares
desejo do paciente. Se esses três aspectos estiverem
- Descrição de lesões de mucosa bucal registrados em prontuário e forem levados em
consideração de forma clara, consciente e
Quando a saúde em um paciente é restabelecida, individualizada na tomada de decisão, os riscos de
prevenindo e tratando uma doença, o sucesso é insucesso no tratamento serão significativamente
alcançado. Esse é o objetivo dos profissionais de saúde. amenizados
Contudo, esse sucesso depende de dois fatores: a
execução correta da sequência semiológica e o amplo
conhecimento das doenças.

Prontuário médico
Prontuário médico é “um documento único constituído
de um conjunto de informações, sinais e imagens
registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos
e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a
ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que Caminho semiológico
possibilita a comunicação entre membros da equipe
Semiologia é a ciência que aborda a obtenção do
multiprofissional e a continuidade da assistência
diagnóstico e do tratamento de uma determinada
prestada ao indivíduo.”
doença. Diagnóstico é o reconhecimento dos sintomas
Vale destacar alguns aspectos desse conceito. (sensações subjetivas) e sinais (manifestações
Primeiramente, é um documento único, portanto, objetivas) de uma doença. Portanto, um tratamento
todos os profissionais de saúde em um hospital têm bem executado depende do estabelecimento prévio de
acesso e registram a evolução de um determinado um diagnóstico correto, definido a partir de um exame
paciente no mesmo documento. Nesse sentido, todos clínico bem conduzido. As etapas semiológicas que o
os profissionais devem conhecer o prontuário e a cirurgião-dentista deve percorrer para alcançar o
linguagem utilizada pela equipe multiprofissional para sucesso no diagnóstico e no tratamento das doenças
que a comunicação seja eficaz. bucais são mostradas na figura abaixo

Destacam-se também outros objetivos do prontuário,


como registrar e guardar,
de forma sigilosa, todas as informações obtidas para
definição do diagnóstico e toda assistência prestada ao
paciente. Uma vez que esse documento tem caráter
legal, caso a prestação de serviço seja questionada pelo
paciente na justiça, cabe ao prestador de serviço, nesse
caso o profissional de saúde, utilizar o prontuário para
comprovação dos fatos. Por fim, o preenchimento
completo e adequado do prontuário colabora não
somente para um trabalho resolutivo, integrado e
O caminho semiológico começa com o exame clínico,
por meio da coleta de informações subjetivas e
• Perguntas da anamnese
objetivas da doença. A partir dos sinais e sintomas
obtidos no exame clínico, são descritas as tens da anamnese Perguntas
características das lesões. Associando-as ao Queixa principal (QP) Em que posso ajudá-lo? O
conhecimento prévio das doenças bucais, é possível ou motivo da que o trouxe à consulta?
estabelecer um diagnóstico e propor tratamento e consulta
prevenção adequados. Em muitos casos, os exames História da doença Quando iniciaram os
complementares são necessários e realizados após o atual (HDA) sintomas? Como descreve o
exame clínico, para ajudar na definição do diagnóstico. que está sentindo? Está
Dessa forma, a saúde bucal é alcançada com sucesso realizando algum
tratamento por conta
Anamnese própria ou com outro
profissional?
É a coleta de dados por meio de uma entrevista com o História médica atual Como está sua saúde geral?
paciente. As informações coletadas dizem respeito à (HMA) Em caso de relato de alguma
história médica e odontológica do paciente, bem como doença: Qual(is)
a sintomas da doença atual. É fundamental que o tratamento(s) está(ão)
cirurgião-dentista disponha de tempo, interesse sendo realizado(s)? Qual(is)
genuíno pelo paciente e comunicação clara e a(s) consequência(s)
desse(s) tratamento(s)?
compreensível para alcançar uma relação de confiança
História médica Em caso de história de
e respeito mútuos.
pregressa (HMP) doença em algum sistema:
A maneira pela qual o profissional conduz a anamnese Rever todos os Qual(is) tratamento(s)
é livre e individual, mas alguns itens são sistemas, foi(ram) realizado(s)?
imprescindíveis para uma abordagem biopsicossocial e perguntando se está Qual(is) a(s)
funcionando consequência(s) desse(s)
espiritual do paciente e sua saúde. Essa abordagem
adequadamente. tratamento(s)?
holística ajuda o profissional a estabelecer diagnóstico
História odontológica Como está a sua saúde
e tratamento integrais, nos quais a doença e as
(HO) bucal? A qual(is)
circunstâncias que fizeram o paciente adoecer são tratamento(s) já foi
identificados e tratados. submetido? Teve
Se a anamnese não for completa, as circunstâncias que complicações em algum
deles? Qual(is)? Como
levaram o paciente a adoecer não serão consideradas
foi(ram) tratada(s)? Você
no diagnóstico e, dessa forma, o tratamento pode
tem medo de dentista?
falhar. Por exemplo, dois pacientes podem apresentar Como você cuida da sua
o mesmo diagnóstico, doença cárie. Contudo, um deles saúde bucal?
está doente por falta de higiene adequada e dieta rica História social (HS) tem acesso à água
em sacarose, enquanto o outro adquiriu a doença fluoretada? Saneamento
depois que foi submetido a um tratamento básico? Como é o seu
radioterápico na região de cabeça e pescoço, que o trabalho? Você tem alguma
levou a uma hipossalivação intensa crença?
Hábitos e vícios Você fuma? Qual tipo de
nocivos à saúde tabaco? Qual a frequência e
por quanto tempo? Você
consome bebida alcoólica?
Com qual frequência? Há
quanto tempo? Outras
drogas?
Medicamentos em ocê está fazendo uso
uso contínuo de algum
medicamento? Qual(is)?
Tem algum efeito colateral?
Qual(is)?
Exame físico (anelar, médio e indicador) em movimento contínuo,
todas as regiões devem ser palpadas bilateralmente.
“Só vemos o que procuramos, só reconhecemos o que
sabemos.” Em situações de infecção (fungos, vírus, bactérias e
protozoários), neoplasias e metástases, essas
O exame físico inicia-se desde o momento em que o estruturas aumentam de volume e são detectadas pela
profissional de saúde entra palpação regional. Nesse caso, diz-se que o paciente
em contato com o paciente, mas é após a anamnese apresenta linfadenopatia.
que ele é completamente executado. É pelo exame
físico que se observam as manifestações objetivas da
doença, por isso deve-se estar atento aos sinais desde
o primeiro momento da consulta. Para captura dos
sinais, são utilizados visão, tato, olfato e audição. No
primeiro contato visual com o paciente, já se deve
observar fácies, ambulação, atitudes, idade aparente,
harmonia dos segmentos do corpo, cor e alterações
tegumentares visíveis. O paciente pode apresentar
fácies típica de alguma síndrome ou doença ou fácies
atípica, nesse último caso, normal

• Exame físico geral (sinais vitais)

Após a anamnese, inicia-se a verificação dos sinais


vitais: pulso, pressão arterial sistêmica, temperatura,
respiração e dor. A coleta desses dados é de
fundamental importância, pois são preditores de
eventos que colocam em risco a vida do paciente. Se
um dos sinais estiver alterado, isso deve ser
comunicado à equipe multidisciplinar, e o paciente
deve receber um atendimento especializado.

Os três pares de glândulas salivares maiores também


devem ser examinados
pela palpação. Deve-se ordenhar a glândula parótida e
verificar se há secreção salivar, observando a abertura
do ducto da glândula parótida (na papila parotídea),
durante esse estímulo. Além disso, deve-se avaliar a
quantidade e a consistência da saliva durante o exame.
• Exame físico especial (sistema As glândulas submandibular e sublingual devem ser
estomatognático) examinadas da mesma forma.
• Exame extrabucal Os músculos faciais e a articulação temporomandibular
O exame do sistema estomatognático inicia-se na (ATM) também devem ser palpados bilateralmente,
região extrabucal, com a palpação dos linfonodos tanto durante o movimento de abertura, fechamento
regionais e as glândulas salivares maiores. Em e lateralidade mandibular, quanto no seu estado
condições fisiológicas, os linfonodos não são palpáveis, estático. Se houver dor ou dificuldade de abertura
por isso é necessário conhecer anatomicamente as bucal, deve-se registrar a medida da abertura bucal e
cadeias linfonodais. São elas: superficial e profunda da fazer a ausculta da ATM com o estetoscópio.
parótida (1), retroauricular (2), submandibular (3), • Exame intrabucal
submentual (4), cervicais (superficiais e profundas) (5)
e clavicular (6). - Hálito:

A palpação das cadeias linfonodais deve ser realizada Ao iniciar o exame intrabucal, deve-se atentar
com o profissional posicionado em pé, atrás do primeiramente ao hálito. O exame
paciente. Utilizando as duas mãos e os três dedos organoléptico bucal pode sugerir diversas
situações patológicas de origem bucal ou O plasma, parte líquida do sangue, composto por água
sistêmica. Por exemplo, o odor de putrefação (91,5%), proteínas (7%), sais e substâncias orgânicas
pode ser um sinal de abscesso, cárie ou doença (1,5%) não é avaliado pelo hemograma.
periodontal, enquanto o odor amoníaco pode
• Divide-se o hemograma em três partes:
ser um sinal de insuficiência renal.
- Eritrograma: que contém informações sobre as
- Exames das estruturas anatômicas bucais:
células vermelhas (eritrócitos / hemácias);
Em seguida, deve-se realizar, por intermédio
- Sua função é transportar gases (oxigênio e gás
de inspeção e palpação, o exame de todas as
carbônico)
estruturas anatômicas bucais. A sequência
seguinte pode ser adotada: lábios, gengiva, - O principal objetivo do eritrograma é fornecer
mucosa alveolar, mucosa jugal, soalho bucal, informações quantitativas e qualitativas das
língua, orofaringe, palatos duro e mole. O uso hemácias e da hemoglobina, para que o
da gaze é imprescindível para tracionamento profissional possa avaliar a capacidade de
da língua e avaliação do seu dorso, ventre e transporte gasoso por essas células. A
bordas laterais. alteração mais frequentemente evidenciada
pelo eritrograma é a anemia.
- Dente
- Leucograma: que fornece informações sobre
exame minucioso de cada um dos dentes e a
leucócitos em estágio final de diferenciação
sondagem periodontal devem ser realizados
(neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e
sob boa iluminação e instrumentais
basófilos); alguns exames podem incluir também
adequados, como espelho e sondas
estágios intermediários de diferenciação dos
milimetrada e exploradora.
leucócitos, exibindo, por exemplo, quantificação de
Obs.: O exame bucal pode ser realizado pelo cirurgião- bastonetes, mielócitos e blastos;
dentista à beira do leito, não necessitando de um
Os leucócitos são as células de defesa
consultório odontológico. Todas as alterações
circulantes no sangue, cujo número pode
observadas devem ser devidamente descritas,
alterar em diversas situações patológicas,
conforme será discutido.
como infecções e neoplasias
EXAMES COMPLEMENTARES Quando a contagem de leucócitos totais está
É incomum a condução de um caso clínico sem a acima do valor de referência, denomina-se
utilização dos exames complementares. Embora eles leucocitose. As leucocitoses podem ser
nem sempre sejam necessários para definição do fisiológicas, reativas ou patológicas. A forma
diagnóstico, muitas vezes ajudam a detalhar e fisiológica normalmente apresenta um
classificar com mais precisão o tipo de doença. aumento leve de leucócitos e pode estar
associada com gravidez, pós-atividade física ou
O exame clínico deve sempre preceder e guiar os febre. Na leucocitose reativa, encontra-se um
exames complementares aumento moderado de neutrófilos, o qual
pode estar associado a infecções bacterianas,
Dentre os exames complementares mais solicitados no
inflamações, necrose tecidual e doenças
ambiente hospitalar, destacam-se exames de imagem
metabólicas. A leucocitose patológica pode
e exames laboratoriais, incluindo o
sugerir doenças mieloproliferativas (leucemias
anatomopatológico, realizado a partir de biópsia.
mieloides) ou linfoproliferativas (linfomas,
• HEMOGRAMA leucemias linfoides). Nesse caso, há presença
de leucócitos jovens (mieloblastos e
É um exame laboratorial que avalia as células e os linfoblastos). O leucograma pode também
elementos figurados do sangue.
indicar a presença de um desvio à esquerda, ou
O hemograma fornece informações da parte sólida do seja, grande quantidade de bastonetes,
sangue, representada por hemácias (98%), leucócitos e metamielócitos e pró-mielócitos, os quais
plaquetas (2%). constituem neutrófilos ainda sem atingir o
estágio final de maturação; o desvio à
esquerda pode exibir perda da reação
escalonada, ou seja, pode haver ausência de segundos), que se refere à cascata extrínseca.
proporção adequada de neutrófilos maduros. Quando o TTP ou o TP estão aumentados, o
tempo de formação do tampão hemostático
- Plaquetas: cujo número total é incluído após o
secundário é mais demorado, podendo gerar
leucograma.
um quadro hemorrágico após o procedimento
Sua principal função está relacionada ao cirúrgico. Algumas causas do aumento do TTP
processo de coagulação, o que auxilia a são hemofilia (doença genética caracterizada
impedir hemorragias e também é útil ao por deficiência na síntese do fator VIII da
sistema de defesa do corpo. Em uma região de cascata intrínseca) e uso de heparina. Em
ferimento, elas liberam uma enzima chamada relação ao aumento do TP, uma das principais
tromboplastina-quinase, que é responsável causas do seu aumento é o uso de
por criar os coágulos anticoagulante inibidor de vitamina K e
insuficiência hepática.
O valor de referên-cia de plaquetas varia de
150.000 a 450.000/mm3. Resultados acima Exame de RNI (relação normatizada internacional): O
desses valores configuram trombocitose RNI é uma fórmula que calcula a razão entre o valor de
(aumenta o risco de coagulação), e resultados TP do paciente e do TP (controle) do laboratório,
abaixo, trombocitopenia ou plaquetopenia portanto, o valor normal teórico seria igual a 1. Na
(aumenta o risco de hemorragia). população em geral, um valor de RNI igual a 1,3
também é considerado normal.
• COAGULOGRAMA
• BIÓPSIA
Avalia a coagulação, isto é, a capacidade fisiológica de
solidificação do sangue. A biópsia é um procedimento para o diagnóstico de
alterações teciduais. Consiste na remoção de um
Os dois elementos que participam da fragmento do tecido alterado e envio do mesmo para
coagulação são plaquetas e fibrina. As o laboratório realizar o exame anatomopatológico (ou
plaquetas são fragmentos celulares oriundos citopatológico).
do megacariócito, célula presente na medula
óssea. A fibrina é uma proteína de alto peso As biópsias podem ser incisionais, quando é retirado
molecular que se forma a partir da ativação de um pequeno fragmento da lesão, e excisionais, quando
duas cascatas da coagulação, intrínseca e há remoção total da lesão. As incisionais são indicadas
extrínseca normalmente quando há lesões extensas, lesões
potencialmente cancerizáveis e, principalmente,
Para que as plaquetas permaneçam vedando o quando há suspeita de lesões de natureza maligna. As
local de rompimento vascular, é necessária a excisionais são normalmente utilizadas para lesões
presença da rede de fibrina, formando o benignas.
tampão hemostático secundário. O tampão
hemostático secundário é mais estável e
permanece aderido à parede vascular até a
regeneração vascular.

Tempo de sangramento (TS): consiste no tempo


necessário para agregação plaquetária e formação do
tampão hemostático primário, cujo valor de referência
é 2 a 5 minutos. Quando o paciente apresenta um TS
aumentado, ele pode apresentar um quadro
hemorrágico durante um procedimento cirúrgico.

Os demais tempos medidos no coagulograma DESCRIÇÃO DAS LESÕES DE MUCOSA BUCAL


se referem à formação de fibrina. São eles o
“Descrever é representar, por meio de palavras, as
tempo de tromboplastina parcial (TTP) e o
características de seres e objetos percebidos através
tempo de protrombrina (TP). O TTP (60 a 70
dos sentidos”
segundos) refere-se ao tempo de formação de
fibrina a partir da cascata intrínseca, tempo A descrição das lesões de mucosa bucal é uma
mais prolongado do que o TP (10 a 20 habilidade fundamental no cotidiano do cirurgião-
dentista e é uma tarefa que precede o diagnóstico. 2. Escuras: lesões negras, vermelhas, arroxeadas,
Quando bem realizada, ela possibilita que sejam acastanhadas, amareladas ou azuladas; exemplo:
alcançados os seguintes objetivos: melanose do fumante.

- Registrar detalhadamente, em prontuário, as


características da lesão encontrada na boca;

- Definir o diagnóstico da lesão/doença;

- Comunicar com a equipe multidisciplinar;

- Encaminhar o paciente para o especialista;

- Acompanhar a evolução da lesão/doença.

No hospital, a comunicação deve ser compreendida


por todos os profissionais para que as dúvidas e os
erros sejam amenizados ao máximo. Antes de realizar 3. Úlceras e similares: lesões com perda parcial ou total
a descrição detalhada de uma lesão, os seguintes do epitélio de revestimento; exemplo: estomatite
princípios semiológicos devem ser seguidos: aftosa recorrente e carcinoma espinocelular oral.
- Realizar um exame clínico minucioso;

- Saber reconhecer as alterações da mucosa bucal;

- Utilizar linguagem clara, objetiva e com domínio da


terminologia científica adequada;

- Organizar as informações relevantes em uma


sequência retórica e com nível de detalhes
apropriados. 4. Exofíticas: lesões de ganho tecidual, originando
massas sólidas ou com presença de conteúdo líquido;
• ETAPAS DA DESCRIÇÃO DA LESÃO DE são inúmeros os exemplos de lesões exofíticas sólidas,
MUCOSA BUCAL as quais podem ser formadas por tecido mole (lesões
1ª etapa: Definição do tipo da alteração ou lesão elevadas de tecido mole) ou por tecido duro; a
fundamental. hiperplasia fibrosa inflamatória é uma das mais
frequentes lesões exofíticas sólidas formadas por
Existem três possibilidades de alterações presentes na tecido mole; já lesões ósseas ou odontogênicas
mucosa bucal: apenas de cor, com perda tecidual, com exemplificam as lesões de tecido duro; as lesões
ganho tecidual. exofíticas com conteúdo líquido podem constituir
A partir da definição do tipo de alteração que a mucosa vesículas ou bolhas; exemplos: vesículas provocadas
sofreu é que se determina o grupo de lesões por herpes vírus observadas no herpes labial e, então,
fundamentais ao qual ela pertence. As lesões a mucocele.
fundamentais são:

1. Brancas: lesões predominantemente brancas;


exemplo: a leucoplasia.

5. Síndromes: conjunto de alterações que determinam


um único diagnóstico.
2ª etapa: Utilização dos termos descritivos corretos  LESÕES ESCURAS

Para cada grupo de lesões, utilizam-se termos Caso a lesão seja de outra cor que não seja a branca,
científicos apropriados para se obter uma comunicação ela estará nesse grupo. Nesse caso, os termos mais
mais objetiva, precisa e universal. utilizados para sua descrição são:

 LESÕES BRANCAS • mácula: termo utilizado apenas para lesões escuras


sem ganho nem perda tecidual, em nível de mucosa
Para o grupo de lesões brancas, os termos científicos
íntegra;
mais utilizados são:
• eritema: lesão avermelhada;
• placa branca: utiliza-se esse termo quando a lesão
predominantemente branca apresenta até 2 mm de • eritema macular: mácula eritematosa;
espessura;
• púrpura: área de hemorragia subepitelial podendo se
• removível: quando a lesão é facilmente destacável da apresentar em formato pontual; nesse caso, utiliza-se
mucosa (pseudo-membrana); o termo petéquia. Ou ainda, a hemorragia pode ser
mais extensa, para a qual se utiliza o termo equimose.
• verrucosa: quando a superfície da lesão for irregular.
Nesse caso, pode ser globular, quando a superfície é - Mácula
irregular e arredondada, lembrando a superfície de
uma couve-flor. Ou ainda, digitiforme, quando a
superfície da lesão apresentar projeções pontiagudas
que lembram os dedos das mãos.

- Placa branca sugestiva de leucoplasia pilosa:

- Eritema

- Lesão branca removível. Exemplo: Candidíase


pseudomembranosa

- Púrpura

- Lesão branca verrucosa: leucoplasia verrucosa


 ÚLCERAS E SIMILARES
proliferativa
Esse grupo se caracteriza por uma área de perda do
epitélio de revestimento da mucosa bucal ou
descontinuidade do tecido. Tal perda pode ser total ou
parcial, sendo importante utilizar corretamente os
seguintes termos:

• úlcera: consiste em uma área de perda total do


epitélio de revestimento; nesse caso, a lesão vai se
apresentar crateriforme com exposição do tecido
conjuntivo. Em geral, é uma área sintomática e - Erosão
sangrante

• ulceração: termo utilizado para uma área de perda


total do epitélio de revestimento mais recente em
relação à úlcera;

• erosão: termo utilizado para perda parcial do epitélio


de revestimento; nesse caso, a mucosa se apresenta
avermelhada e sensível;

• atrofia: consiste na redução do número de células da - Atrofia


mucosa oral; um exemplo seria a atrofia das papilas
linguais. Nesse caso, semelhante à área de erosão, a
mucosa se apresenta avermelhada e sensível;

• fissura: termo utilizado para descrever uma área de


úlcera linear, mais comum na região de comissura
labial. Alguns autores também utilizam o termo
rágades e ragádias para as fissuras da comissura labial

• exulceração: úlcera de superfície globular e


avermelhada, com aspecto moriforme. Aspecto
comum nas lesões bucais provocadas pela
- Exulceração
paracoccidioidomicose;

• fístula: área de solução de continuidade da mucosa


bucal, decorrente da formação de um canal de
comunicação entre o tecido periodontal ou ósseo e a
cavidade bucal. A fístula é toda revestida por epitélio

• crosta ou escara: termos utilizados para área de


ressecamento da úlcera; nesse caso, podem-se
encontrar crostas ou escaras apenas na pele e lábios.

- Ulceração:

- Fístula

- úlcera:

- Crosta
 VESÍCULAS E BOLHAS - Abscesso

As vesículas e bolhas são lesões exofíticas comuns na


cavidade bucal, cujo conteúdo é líquido e se
diferenciam pelo tamanho:

• vesículas: termo utilizado para lesões exofíticas de


conteúdo líquido de até 5 mm de diâmetro;

• bolhas: termo utilizado para lesões exofíticas de


conteúdo líquido com mais de 5 mm de diâmetro

• pústula: lesões com acúmulo de líquido purulento  LESÕES ELEVADAS DE TECIDO MOLE
subepitelial;
São inúmeras as lesões bucais que se apresentam
• abscesso: coleção purulenta na submucosa como lesões elevadas de tecido mole. Os termos
- Vesícula (herpes labial) descritivos aplicados para esse grupo são utilizados
para diferenciar o tamanho das lesões:

• pápula: lesão exofítica com tamanho de até 5 mm


(Figura 22);

• nódulo: lesão exofítica com tamanho entre 5 e 20 mm


(Figura 23A);

• nodosidade ou massa nodal: lesão exofítica com


tamanho acima de 20 mm
(Figura 23B).

- Pápula: granuloma de fordyce


- Bolha (mucocele)

- Nódulo: fibroma ossificante periférico

- Pústula

- Nodosidade ou massa nodal: linfoma não Hodgkin

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