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APRESENTAÇÃO AULA 3

- Passos iniciais da anamnese


- Amigdalite
- Giardíase
- Síndrome do colo irritável

PASSOS INICIAIS DA ANAMNESE - ROTEIRO PROPOSTO

1) O que é anamnese?
2) A importância de uma anamnese bem feita (relação da prática com diagnóstico e relação
médico-paciente)
3) Possibilidades e objetivos da anamnese
4) Os sete passos (citar exemplos)
5) Exemplo de roteiro
6) Referências bibliográficas

O que é anamnese?

Anamnese (aná =trazer de novo e mnesis =memória) significa trazer de volta à mente todos os fatos
relacionados com a doença e a pessoa doente. Em essência, a anamnese é uma entrevista, e o
instrumento de que nos valemos é a palavra falada.

Em termos simples, poder-se-ia pensar que "fazer anamnese" nada mais é que "conversar com o
paciente"; contudo, entre uma coisa e outra há uma distância enorme, basicamente porque o diálogo
entre o médico e o paciente tem objetivo e finalidade preestabelecidos, ou seja, a reconstituição dos
fatos e dos acontecimentos direta ou indiretamente relacionados com uma situação anormal da vida do
paciente. A anamnese é um instrumento para a triagem de sintomas anormais, problemas de saúde e
preocupações, e registra as maneiras como a pessoa responde a essas situações, abrindo espaço para
a promoção da saúde.

A anamnese pode ser conduzida das seguintes maneiras:

- Deixar que o paciente relate livre e espontaneamente suas queixas sem nenhuma interferência
do médico, que se limita a ouvi-lo.
- De outro modo, que pode denominar-se anamnese dirigida, o médico, tendo em mente um
esquema básico, conduz a entrevista mais objetivamente. O uso dessa técnica exige rigor
técnico e cuidado na sua execução, de modo a não se deixar levar por ideias preconcebidas.
- Outra maneira seria o médico deixar, inicialmente, o paciente relatar de maneira espontânea
suas queixas, para depois conduzir a entrevista de modo mais objetivo.

Qualquer que seja a técnica empregada, os dados coletados devem ser elaborados. Isso significa que
uma boa anamnese é o que fica do relato feito pelo paciente depois de ter passado por uma análise
crítica com o intuito de estabelecer o significado exato das expressões usadas e a coerência das
correlações estabelecidas. Há de se ter cuidado com as interpretações que os pacientes fazem de seus
sintomas e dos tratamentos.

As primeiras tentativas são trabalhosas, longas e cansativas, e o resultado não passa de uma história
complicada, incompleta e eivada de descrições inúteis, ao mesmo tempo em que deixa de ter
informações essenciais. Por tudo isso, pode-se afirmar que a anamnese é a parte mais difícil do método
clínico, mas é também a mais importante.

Seu aprendizado é lento, só conseguido depois de se realizarem dezenas de entrevistas. Muito mais
fácil é aprender a manusear aparelhos, já que eles obedecem a esquemas rígidos, enquanto as
pessoas apresentam individualidade, característica humana que exige do médico flexibilidade na
conduta e capacidade de adaptação.
Para que se faça uma entrevista de boa qualidade, antes de tudo o médico deve estar interessado no
que o paciente tem a dizer. Ao mesmo tempo, é necessário demonstrar compreensão e desejo de ser
útil àquela pessoa, com a qual assume um compromisso tácito que não tem similar em nenhuma outra
relação inter-humana.

A importância de uma anamnese bem feita (relação da prática com diagnóstico e relação
médico-paciente)

De início, deve-se ressaltar que a anamnese é a parte mais importante da medicina: primeiro, porque é
o núcleo em torno do qual se desenvolve a relação médico-paciente, que, por sua vez, é o principal pilar
do trabalho do médico; segundo, porque é cada vez mais evidente que o progresso tecnológico
somente é bem utilizado se o lado humano da medicina é preservado.

A anamnese, se benfeita, acompanha-se de decisões diagnósticas e terapêuticas corretas; se malfeita,


em contrapartida, desencadeia uma série de consequências negativas, as quais não podem ser
compensadas com a realização de exames complementares, por mais sofisticados que sejam.

A ilusão de que o progresso tecnológico eliminaria a entrevista e transformaria a medicina em uma


ciência "quase" exata caiu por terra. Já se pode afirmar que uma das principais causas da perda de
qualidade do trabalho médico é justamente a redução do tempo dedicado à anamnese. Até o
aproveitamento racional das avançadas técnicas depende cada vez mais da entrevista. A realização de
muitos exames complementares não resolve o problema; pelo contrário, agrava-o ao aumentar os
custos, sem crescimento paralelo da eficiência. Escolher o(s) exame(s) adequado(s), entre tantos
disponíveis, é fruto de um raciocínio crítico apoiado quase inteiramente na anamnese.

Possibilidades e objetivos da anamnese

- Estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente


- Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos do paciente que
influenciam seu processo saúde-doença
- Fazer a história clínica registrando, detalhada e cronologicamente, o problema atual de saúde do
paciente
- Avaliar, de maneira detalhada, os sintomas de cada sistema corporal
- Registrar e desenvolver práticas de promoção da saúde
- Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais,
familiares e ambientais que influenciam seu processo saúde-doença
- Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e
culturais.

Ponto de partida: o paciente não é obrigado a saber como deve relatar suas queixas. O médico é que
precisa saber como obtê-las.

O médico tem de estar imbuído da vontade de ajudar o paciente a relatar seus padecimentos. Para
conseguir tal intento, Bates (2005) sugere que o examinador utilize uma ou mais das seguintes técnicas:
apoio, facilitação, reflexão, esclarecimento, confrontação, interpretação, respostas empáticas e silêncio.

Os sete passos (elementos) da anamnese

A anamnese é classicamente desdobrada nas seguintes partes:

1) Identificação: é o perfil sociodemográfico do paciente que permite a interpretação de dados


individuais e coletivos. Apresenta múltiplos interesses: iniciar o relacionamento com o paciente;
confecção de fichários e arquivos; datar pontos de vista pericial, sanitário e médico-trabalhista.
Elementos obrigatórios: nome, idade, sexo/gênero, cor/etnia, estado civil, profissão, local de
trabalho, residência, naturalidade, procedência, nome da mãe, nome do
responsável/cuidador/acompanhante, religião, filiação a órgãos /instituições previdenciárias e
planos de saúde.

Elementos obrigatórios de identificação podem oferecer pistas sobre a situação clínica atual do
paciente e um possível caminho para o diagnóstico. Por exemplo: existem doenças típicas de
determinado gênero, idade, etnia, profissão, etc.

2) Queixa principal: ​neste item, registra-se a queixa principal ou o motivo que levou o paciente a
procurar o médico, repetindo, se possível, as expressões por ele utilizadas. É uma afirmação
breve e espontânea, geralmente um sinal ou um sintoma, nas próprias palavras da pessoa, que
é o motivo da consulta.

Não aceitar, tanto quanto possível, "rótulos diagnósticos" referidos à guisa de queixa principal.
Assim, se o paciente disser que seu problema é "pressão alta" ou "menopausa", procurar-se-á
esclarecer o sintoma que ficou subentendido sob uma outra denominação. Nem sempre existe
uma correspondência entre a nomenclatura leiga e o significado exato do termo "científico"
usado pelo paciente.

3) História da doença atual: ​a história da doença atual (HDA) é um registro cronológico e


detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o seu início até
a data atual. Costuma ser a chave mestra para chegar ao diagnóstico. Algumas histórias são
simples e curtas, constituídas de poucos sintomas, facilmente dispostos em ordem cronológica e
cujas relações entre si aparecem sem dificuldade. Outras histórias são longas, complexas e
compostas de inúmeros sintomas cujas inter-relações não são fáceis de se encontrar.

- O sintoma-guia é por onde se começa a desembolar o novelo e os nós da moléstia do paciente.

- Os elementos que compõem o esquema para análise de qualquer sintoma são: início,
características do sintoma, fatores de melhora ou piora, relação com outras queixas, evolução,
situação atual

4) Interrogatório sintomatológico: ​denominada também anamnese especial ou revisão dos


sistemas, constitui, na verdade, um complemento da história da doença atual. O interrogatório
sintomatológico documenta a presença ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada
um dos principais sistemas corporais.

Permite ao médico levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não guardam relação
com o quadro sintomatológico registrado na HDA. Por exemplo: o relato de um paciente
conduziu ao diagnóstico de úlcera péptica e, no IS, houve referência a edema dos membros
inferiores. Esse sintoma pode despertar uma nova hipótese diagnóstica que vai culminar, por
exemplo, no encontro de uma cirrose. Em outras ocasiões, é no interrogatório sintomatológico
que se origina a suspeita diagnóstica mais importante.

Outra importante função do interrogatório sintomatológico é avaliar práticas de promoção à


saúde. Enquanto se avalia o estado de saúde passado e presente de cada sistema corporal,
aproveita-se para promover saúde, orientando e esclarecendo o paciente sobre maneiras de
prevenir doenças e evitar riscos à saúde.

A única maneira de realizar uma boa anamnese especial, particularmente nessa fase de
iniciação clínica, é seguir um esquema rígido, constituído de um conjunto de perguntas que
correspondam a todos os sintomas indicativos de alterações dos vários aparelhos do organismo.

5) Antecedentes pessoais e familiares: a investigação dos antecedentes não pode ser


esquematizada rigidamente. É possível e útil, entretanto, uma sistematização que sirva como
roteiro e diretriz de trabalho.

Antecedentes pessoais: considera-se avaliação do estado de saúde passado e presente do


paciente, conhecendo fatores pessoais e familiares que influenciam seu processo saúde-doença.
Os passos a serem seguidos abrangem os antecedentes fisiológicos (gestação e nascimento,
desenvolvimento psicomotor e neural e desenvolvimento sexual) e antecedentes patológicos
(alergia, traumatismo, cirurgia, etc.).
Antecedentes familiares: os antecedentes começam com a menção ao estado de saúde (quando
vivos) dos pais e irmãos do paciente. Se for casado, inclui-se o cônjuge e, se tiver filhos, estes
são referidos. Não se esquecer dos avós, tios e primos paternos e maternos do paciente. Se
tiver algum doente na família, esclarecer a natureza da enfermidade. Em caso de falecimento,
indagar a causa do óbito e a idade em que ocorreu.

6) Hábitos de vida: ​este item, muito amplo e heterogêneo, documenta hábitos e estilo de vida do
paciente e está desdobrado nos seguintes tópicos: alimentação, ocupação atual e ocupações
anteriores, atividades físicas (faz?) e hábitos (fuma, bebe, etc).

7) Condições socioeconômicas e culturais: ​avaliam a situação financeira, vínculos afetivos


familiares, filiação religiosa e crenças espirituais do paciente, bem como condições de moradia e
grau de escolaridade.

Este item está desdobrado em: habitação (condições de saneamento, coleta de lixo, e
possibilidade de contato com vetores de doenças), condições socioeconômicas (capacidade
financeira do paciente para pagar por exames e comprar medicamentos), condições culturais,
vida conjugal e relacionamento familiar.

Exemplo de roteiro

- Printar livro do Porto

Referências bibliográficas

- PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos (Ed.). Exame clínico: Porto & Porto. 7. ed. Rio
de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, c2012. 34-55 p.

AMIGDALITE - ROTEIRO PROPOSTO

7) O que é (doença, agente etiológico, transmissão, etc.)


8) Classificação das amigdalites
9) Comparativo: eritematosas, amigdalite viral vs bacteriana
10) Diagnósticos diferenciados e exames laboratoriais
11) Complicações das faringoamigdalites
12) Referências bibliográficas

O que é (doença, agente etiológico, transmissão, etc.)

As faringites e as amigdalites agudas são síndromes clínicas causadas por diversos microrganismos. A
maioria dos casos é de etiologia virótica freqüentemente associada ao resfriado comum, às infecções
pelo vírus influenza e ao vírus Epstein-Barr (agente da mononucleose infecciosa).

Classificação das amigdalites

- Amigdalite aguda: dor de garganta, febre, disfagia e adenomegalia cervical Ao exame: hiperemia
de amígdalas com ou sem exsudatos purulentos.
- Amigdalite crônica: dor de garganta crônica, halitose, eliminação de caseum, edema
periamigdaliano e adenopatia cervical persistente.
- Hiperplasia amigdaliana: roncos, apnéia obstrutiva do sono, disfagia e voz hipernasal. Na
presença de quadro agudo associado, pode evoluir com insuficiência respiratória aguda.

Comparativo: eritematosas, amigdalite viral vs bacteriana

Anginas eritematosas ou eritematopultáceas: as anginas eritematosas são as mais freqüentes,


correspondendo a 90% dos casos, de origem viral ou bacteriana. Ao exame observa-se a mucosa
orofaríngea arroxeada, as amígdalas edemaciadas e aumentadas de volume. As anginas
eritematopultáceas apresentam, além das características inflamatórias presentes nas anginas
eritematosas, exsudato esbranquiçado puntiforme ou confluente, que se desprende facilmente da
mucosa ao ser manipulado com o abaixador de língua.

Amigdalite viral: as amigdalites de origem viral correspondem a 75% das faringoamigdalites agudas,
preponderantes nos primeiros anos de vida (2 e 3) e menos freqüentes na adolescência. Os agentes
etiológicos podem ser os rinovírus, coronavírus, adenovírus, herpes simples, influenza, parainfluenza,
coxsackie e outros. O quadro clínico da amigdalite viral caracteriza-se por dor de garganta, disfagia,
mialgia, febre baixa, tosse, coriza hialina e espirros. No exame físico, há hiperemia e edema da mucosa
faríngea e das amígdalas, com presença de exsudato (raramente). Ausência de adenopatia. O
tratamento é feito com medidas de suporte, analgésicos e antiinflamatórios.

Amigdalite bacteriana: as faringoamigdalites bacterianas correspondem a 20 a 40% dos casos. O


agente etiológico mais comum é o estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Sua importância em Saúde
Pública decorre não apenas da sua alta freqüência, mas também das suas complicações, como febre
reumática e glomerulonefrite difusa aguda. Etiologicamente, afeta crianças a partir dos 3 anos, com pico
de incidência entre 5 e 10 anos, podendo acometer qualquer idade. Manifesta-se com dor de garganta
intensa, disfagia, otalgia reflexa, febre de intensidade variável, que pode ser acompanhada de queda do
estado geral. O exame físico revela hiperemia, aumento de tonsilas e exsudato purulento, além de
adenomegalia em cadeia jugulodigástrica, observada em 60% dos casos. No hemograma observamos
leucocitose com desvio à esquerda. Apesar do diagnóstico da faringoamigdalite aguda bacteriana ser
basicamente clínico, é possível a utilização de métodos diagnósticos para a confirmação da etiologia
estreptocócica. O tratamento é feito com analgésicos, antiinflamatórios, corticosteróides e
antibioticoterapia.
Diagnósticos diferenciados

Para fins de diagnóstico diferenciado, a amigdalite é também confundida com: a) Leucemia aguda: a
angina é comumente acompanhada de estomatite, com tendência a sangramento e fenômenos
necróticos. Linfonodomegalia, febre, anorexia, dores ósseas são freqüentemente associadas.
Hemograma e mielograma são necessários para confirmação diagnóstica. b) Agranulocitose: a angina
varia de um simples eritema à ulceração e necrose da mucosa orofaríngea. Hemograma apresenta
acentuada leucocitopenia.

Exames laboratoriais: ​a cultura de orofaringe é considerada o padrão ouro, mas apresenta como
desvantagem o tempo prolongado (18 a 48 horas) para obtenção do resultado do exame e com isso a
espera para a introdução da medicação adequada. Outros testes para detecção do estreptococo, como
ELISA, imunoensaios ópticos ou sondas de DNA, apresentam a vantagem do diagnóstico rápido, cerca
de 15 minutos. Essas provas se apresentam na forma de kits e podem ser realizadas no consultório.
Quando comparados à cultura de orofaringe, apresentam sensibilidade de 30 a 90% e especificidade de
95%, tendo, portanto, um valor elevado de falsos-negativos. Na prática clínica, a solicitação da dosagem
dos anticorpos antiestreptolisina O, anti-hialuronidase, anti-DNAse e a antiestreptoquinase é de pouca
utilidade, pois seus títulos só se elevam 2 ou 3 semanas após a fase aguda.

Complicações das faringoamigdalites

- Febre reumática: os sinais e sintomas aparecem de 2 a 3 semanas após a faringoamigdalite


estreptocócica, acometem crianças entre os 5 e 15 anos. Para o diagnóstico utilizamos o critério
de Jones modificado, sendo confirmado na presença de 2 critérios maiores ou 1 critério maior e
2 menores, associados à evidência de infecção estreptocócica recente.
- Escarlatina: decorrente da ação de endotoxinas, apresenta-se com rash cutaneopapular e
eritematoso, deixando a pele áspera, linfonodomegalia, vômitos, febre e eritema de orofaringe.
Pode manifestar os sinais de Filatov (palidez perioral) e Pastia (presença de petéquias e
hiperpigmentação em linhas de flexão.
- Glomerulonefrite: ocorre após infecção faríngea ou de pele. Acomete 24% dos pacientes
expostos a cepas nefritogênicas (correspondem a 1% do total). O paciente evolui com síndrome
nefrítica de 1 ou 2 semanas após a infecção.
- Síndrome do choque tóxico: pode ocorrer após infecção ou colonização estreptocócica de
qualquer sítio (faringe, pele). O paciente apresenta hipotensão associada a pelo menos dois dos
seguintes fatores: insuficiência renal, coagulopatia, alterações na função hepática, síndrome da
angústia respiratória do adulto, necrose tecidual e rash eritematomacular.
- Complicações supurativas: a) abscesso periamigdaliano: a teoria mais aceita para explicar sua
formação seria a extensão da infecção localizada na amígdala para estruturas do espaço
periamigdaliano, inicialmente como celulite evoluindo para a formação do abscesso. Geralmente
causado por flora mista composta por germes aeróbios e anaeróbios, sendo o Streptococcus
pyogenes o mais comumente isolado. O paciente no curso da amigdalite aguda apresenta
alteração no quadro, evoluindo com odinofagia acentuada e unilateral, piora da disfagia e da
halitose, salivação, alteração no timbre da voz e trismo. Ao exame observa-se edema dos
tecidos localizados superiormente e lateralmente à amígdala envolvida e deslocamento da úvula.

Referências bibliográficas
- ABORLCCF. Guidelines IVAS. In ​Área de acesso restrito​. Disponível em
<https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=2ahUKEwiy1biQte
TnAhUsCrkGHZ30CXgQFjAAegQIARAB&url=https%3A%2F%2Fwww.aborlccf.org.br%2Fimage
Bank%2Fguidelines_completo_07.pdf&usg=AOvVaw2gBCdVvph9PaWiGnZwc3uL> acesso em
22/02/2020

GIARDÍASE - ROTEIRO PROPOSTO

13) O que é (doença, agente etiológico, transmissão, etc.)


14) Sinais e sintomas
15) Diagnóstico
16) Tratamento
17) Prevenção
18) Referências bibliográficas

O que é (doença, agente etiológico, transmissão, etc.)

Doença diarréica causada pelo protozoário Giardia intestinalis (mais conhecido como Giardia lamblia). A
infecção ocorre pela ingestão de cistos em água ou alimentos contaminados. No intestino delgado, os
trofozoítos sofrem divisão binária e chegam à luz do intestino, onde ficam livres ou aderidos à mucosa
intestinal, por mecanismo de sucção. A formação do cisto ocorre quando o parasita transita o cólon, e
neste estágio os cistos são encontrados nas fezes (forma infectante). No ambiente podem sobreviver
meses na água fria, através de sua espessa camada.

Sinais e sintomas

A maioria dos casos é assintomática ou oligossintomática, sobretudo em pacientes adultos. Contudo, a


doença pode apresentar amplo espectro clínico em crianças ou adultos jovens; as crianças pequenas
podem, em raros casos, evoluir com hemorragia retal e fenômenos alérgicos.

As manifestações podem surgir de forma súbita ou gradual. Na giardíase aguda os sintomas surgem
após um período de incubação, geralmente de uma a três semanas. Na giardíase crônica os sintomas
podem ser contínuos ou episódicos, persistindo por anos, e o paciente não necessariamente
desenvolve manifestações agudas. Menos frequentemente pode ocorrer disseminação extraintestinal,
na qual os trofozoítos migram para os dutos biliares e pancreáticos. A manifestação clínica mais
frequente é a síndrome diarreica, caracterizada por diarreia de evolução crônica, contínua ou com
surtos de duração variável, acompanhada por cólicas abdominais, com alternância de exonerações
normais e constipação intestinal. As evacuações em geral ocorrem duas a quatro vezes ao dia. As fezes
são pastosas, abundantes, fétidas e com predomínio de muco.

Outras apresentações clínicas menos comuns são: síndrome de má absorção, que causa
emagrecimento, anorexia, distensão abdominal, flatulência, desnutrição, raquitismo e esteatorreia, além
de anemia; síndrome dispéptica, com sensação de desconforto epigástrico, plenitude gástrica
pós-prandial, eructações, pirose e náuseas, além de vômitos; e síndrome pseudoulcerosa, constituída
por dor epigástrica ou pirose, que melhora com a ingestão de alimentos e retorna com o jejum.

Diagnóstico

A clínica é inespecífica. O diagnóstico definitivo é realizado a partir do encontro dos trofozoítos, cistos
ou antígenos de G. intestinalis em qualquer amostra de fezes ou fluido duodenal. No entanto, deve-se
ficar atento, pois o diagnóstico de giardíase através da pesquisa de trofozoítos ou cistos apresenta
elevada percentagem de resultados falso-negativos. Como os trofozoítos são destruídos no meio
externo em 15 minutos, é conveniente conservar as fezes com o conservante de Schaudinn ou MIF.
Recomenda-se a aspiração ou a biopsia do duodeno e do jejuno em pacientes que apresentam
manifestações clínicas e exames de fezes para G. intestinalis negativos, como também amostra de
fluido duodenal, e se encaixam em um dos seguintes critérios: 1) achados radiológicos (edema,
segmentação do intestino delgado); 2) resultado anormal no teste de tolerância à lactose, nível ausente
de IgA secretória, hipogamaglobulinemia ou acloridria; 3) Entero-Test; 4) Técnica de imunosseparação
magnética, acoplada à imunofluorescência (IMS-IFA), para detecção de cistos de Giardia lamblia em
fezes humanas; 4) O teste de ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay) também se mostrou útil
devido a sua alta sensibilidade, que varia de 85% a 100%. Além disso, esse método pode ajudar no
diagnóstico eliminando os resultados falso-negativos que ocorrem nos exames microscópicos.

Tratamento

O Ministério da Saúde propõe os seguintes tratamentos para a giardíase: 1) Secnidazol 2g VO em dose


única para adultos, e 30mg/kg ou 1ml/kg para crianças, em dose única, após refeição. 2) Tinidazol 2g
VO, em dose única. 3) Metronidazol 250mg duas vezes ao dia, por cinco dias, para adultos; em
crianças, 15mg/kg/dia, VO, divididos em duas tomadas, por cinco dias, não ultrapassando 250mg.

Em revisão recente da literatura, Granados et al. (2012) utilizaram dados de estudos obtidos a partir das
fontes the Cochrane Infectious Disease Group Specialized Register, the Cochrane Central Register of
Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE, EMBASE, LILACS e the International Clinical Trials Registry
Platform Search Portal. Estes autores revisaram 19 ensaios clínicos considerando albendazol,
metronidazol, tinidazol e nitazoxanida, envolvendo 1.817 participantes (1.441 crianças). Relataram que
a maioria desses estudos apresentava problemas de número amostral ou outros problemas
metodológicos, inclusive com a confirmação etiológica do parasito.

Prevenção

As medidas mais importantes para a prevenção da giardíase são o acesso a adequadas condições de
saneamento, ingestão de água tratada ou fervida, cuidados com a higiene pessoal e adequada
preparação e conservação dos alimentos. Além disso, são importantes o controle de insetos e o
adequado diagnóstico e tratamento dos doentes, visando interromper a cadeia de transmissão.

Referências bibliográficas

- SANTANA, Luiz Alberto et al. ​Atualidades sobre giardíase. JBM. janeiro/fevereiro, 2014 vol.
102 No 1. p. 7-10
- SECRETARIA DO ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO. ​Manual das doenças transmitidas
por alimentos​. Disponível em
<​https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=giard%C3%ADase+manual+de+manejo#​>
acesso em 22/02/2020

SÍNDROME DO CÓLON IRRITADO - ROTEIRO PROPOSTO

19) O que é
20) Sinais e sintomas
21) Diagnóstico
22) Tratamento e prevenção

O que é

A síndrome do intestino irritável é denominada pela sigla IBS, e é representada por dores abdominais
itinerantes, sem lesões orgânicas e alteração do comportamento intestinal. É também conhecida por
cólon irritável, colite mucosa, e outras.
A IBS é frequente, e de prevalência elevada em países asiáticos, e é mais típica de mulheres adultas.
Sua etiologia é diversa e pode ser atribuída a causas como erro alimentar, hipolactasia, deficiências
imunológicas, sensibilidade visceral aumentada, secundária ou não a quadros depressivos. A existência
de causa orgânica é que confere à IBS a denominação de doença funcional, pois tumores, cânceres,
parasitoses, infecções, podem aparentar ser IBS.

Sinais e sintomas

Embora sejam de diferentes etiologias, o denominador comum entre elas é a alteração motora no
intestino delgado e nos cólons, com espasticidade, distensões gasosas, diarréia ou constipação. A
mucosa irritada produz mais muco, que pode ser eliminado e visto nas fezes.

São pacientes que se queixam de dor itinerante no abdome, borborigmos e distensão abdominal. Pode
ocorrer flatulência de graus variáveis. É comum que períodos de diarréia alternem-se com os de
constipação seguido de diarréias. A palpação do abdome localiza a dor essencialmente no trajeto cólico,
mas o abdome em geral apresenta a dor difusa à palpação profunda. Por vezes, a dor abdominal
incomoda de tal forma que as próprias vestes causam desconforto. Na variedade dos casos
distinguem-se as formas predominantemente diarréicas e as constipantes.

Nos congressos de gastroenterologia e 1989 e 1998 em Roma foram estabelecidos critérios para a IBS:

Critérios de Roma II: 1) Menos de três evacuações por semana; 2) Mais de três evacuações por dia; 3)
Fezes endurecidas, irregulares ou em cíbalas; 4) Fezes amolecidas, pastosas ou aquosas; 5) Esforço
grande às evacuações, 6) Urgência imperiosa para evacuar; 7) Sensação de evacuação incompleta; 8)
Presença de muco nas fezes; 9) Distensão abdominal.

Diagnóstico

Estabelecido o diagnóstico clínico, o médico deve buscar o diagnóstico pessoal de cada paciente.
Excluir causas orgânicas é fundamental, pelos exames laboratoriais, radiografias, colonoscopia e,
eventualmente, tomografias. Exames de fezes devem ser feitos, além de uma pesquisa sobre tolerância
a lactose, excluir doença celíaca e quantificar as imunoglobulinas séricas IgA, IgG e IgM. Antecedentes
de depressão na família devem chamar a atenção do médico, e seu dia alimentar (verificar se há falta
de ingestão de fibras, ou excesso; abuso de cerveja, por exemplo).

Tratamento e prevenção

O tratamento depende do diagnóstico. Se o caso for erro alimentar, a correção suprime os


sintomas(reeducação alimentar). Se houver vinculações com quadros depressivos, é necessário
prescrever antidepressivos e/ou tranquilizantes. Praticamente não são utilizados antiespasmódicos, e se
mantidos, podem agravar o problema. A fermentação excessiva pode ser corrigida pela alimentação,
com o afastamento do leite nos casos de hipolactasia.

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