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Autoria
Prof.ª M.ª Nívea Maria Símaro Gomes
Revisão
Esp. Laís Otero Fugaitti
OBJETIVO DA UNIDADE
• Discutir a importância da anamnese na história clínica do indivíduo.
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Introdução
Vamos iniciar nossa Unidade de Estudo trazendo informações sobre o pro-
cesso diagnóstico fonoaudiológico, ressaltando a importância da anamnese
nesse contexto. Vale salientar que essa temática é fundamental para a sua
prática profissional, pois possivelmente, durante sua carreira como profis-
sional de Fonoaudiologia, as questões relacionadas ao diagnóstico dos dis-
túrbios da comunicação farão parte do seu objeto de estudo e de sua rotina
clínica. Nessa perspectiva, discutiremos diferentes protocolos de anamnese
e sua importância no contexto clínico do diagnóstico fonoaudiológico.
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Mas o que entendemos por anamnese?
Segundo o Dicionário Oxford Languages, trata-se de um subs-
tantivo feminino e tem como definição: “1. MEDICINA histórico
que vai desde os sintomas iniciais até o momento da observação
clínica, realizado com base nas lembranças do paciente. 2. lem-
brança pouco precisa; reminiscência, recordação” (ANAMNESE,
2023, n.p.).
Anamnese Fonoaudiológica
Vamos entender a anamnese fonoaudiológica no contexto da nossa profissão.
• Perguntas como: “Qual é a queixa que trouxe você aqui?”, “Tem alguma
doença atualmente ou já tratou de alguma?”, “Faz uso de algum medi-
camento?” e “Alguém da família tem algum problema semelhante?” são
bem comuns. Quanto mais detalhes forem passados ao fonoaudiólogo,
melhor será a anamnese;
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Figura 1 – Anamnese entre profissional e paciente
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: foto de um ambiente clínico. Janelas ao fundo estão iluminando a sala. Há uma mesa
posicionada entre duas pessoas. No ambiente, a profissional, que é uma mulher branca, está sentada; ela
tem cabelos longos, castanhos e estão presos, usa um pijama hospitalar de azul, na mão direita segura uma
caneta e a esquerda está apoiada sob o queixo; tem o olhar fixo para a senhora enquanto faz anotações. À
sua frente, a paciente, idosa, usando camisa branca, está sentada em uma cadeira de rodas; ela tem cabelos
grisalhos e usa óculos. Fim da descrição.
Principais Protocolos de
Anamnese e seus Achados
para o Raciocínio Clínico nas
Diferentes Instâncias do
Diagnóstico
Durante muitos anos, as pessoas buscaram relacionar fatos com sintomas e sin-
tomas com o estado físico do paciente, criando assim, por meio de algumas con-
siderações/coincidências, novos padrões e conceitos sobre o ser humano e seu
corpo. No entanto, apenas nos últimos séculos a anamnese, somada ao exame
físico, foi valorizada na investigação diagnóstica.
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A palavra anamnese origina-se do grego: ana = trazer de volta, recor-
dar; mnese = memória; ou seja, anamnese significa trazer de volta, re-
cordar os fatos e eventos relacionados à doença e à pessoa doente. O
procedimento, adotado desde a Grécia clássica, era praticado com o
objetivo de aliviar o sofrimento das pessoas enfermas. Nesse tempo,
a determinação de uma doença era completamente empírica, basea-
da no conhecimento de seus sintomas.
– LOPES FILHO et al., 2013, p. 260
• Aspectos da escolaridade; e
• Personalidade.
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Segundo Perestrello (2010, p. 265), “a anamnese estabelece uma relação trans-
pessoal que tem por objetivo o diagnóstico do doente e não da doença”. Existe
uma relação íntima entre a observação dos acontecimentos relatados pelos en-
trevistados e a compreensão do seu significado, ou seja, o interpretativo e a as-
similação ou reflexão dos fatos caminham para o destino das condutas a serem
tomadas a partir da formulação das hipóteses.
Ehrlich (1989, p. 617) acredita que “esse momento deva atingir um equilíbrio entre calor
humano, objetividade clínica e suas intenções”. Os acompanhantes da criança trazem
expectativas variadas para essa primeira entrevista. Diante de um olhar clínico, é possí-
vel observar atitudes protetoras ou de negação do problema, propiciando uma melhor
forma de conduzir o trabalho e contribuindo para a coleta qualitativa dos dados.
Esse momento também procura trazer a família como parte da equipe, e não sim-
plesmente como fornecedora de informações sobre o desenvolvimento da crian-
ça. Os papéis já podem, então, ser definidos e suas responsabilidades também.
É pela história contada que se conhece a família, seus conceitos, o papel de cada
um, suas ansiedades e suas expectativas. Afinal, contar uma história é recons-
truí-la, anexando valores, emoções e lembranças. Por exemplo, a mesma história
pode ser contada de formas variadas por diferentes familiares e as versões serão
todas verdadeiras, na medida em que são contadas de lugares distintos.
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ecessariamente devem seguir um padrão rígido. A estratégia de cada fonoaudiólo-
n
go deve ter sua própria característica que garanta o resultado almejado, pois o que
valoriza o trabalho é a análise dos dados. Isso promove as primeiras hipóteses que
implicam os encaminhamentos necessários. A investigação, nesse momento, deve
contar também com dados da história circunstancial, relatórios escolares (se houver),
exames realizados ou outros atendimentos especializados.
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Reflita
Há indicação de somente um protocolo de anamnese? Qual o
roteiro mais indicado? Vamos partir de perguntas mais abran-
gentes sobre o desenvolvimento da criança ou de perguntas
mais específicas, em se tratando de anamnese infantil?
Sempre que possível, deve ser utilizada a mesma linguagem empregada pelo pa-
ciente e seus familiares. Sugere-se começar a coleta de informações apontando
os aspectos nos quais o paciente se mostra mais sadio e mais bem adaptado,
favorecendo o processo de interação entre ele e o terapeuta.
1. Identificação:
• Queixa: QD;
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• Heredograma: é uma representação gráfica da história familiar, apre-
sentando os vínculos de parentesco e as características genéticas.
3. Antecedentes pessoais:
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7. Desenvolvimento:
8. Audição e visão: Se o paciente refere queixas auditivas e/ou visuais, tem otites
de repetição, é atento aos sons reage quando chamado e faz uso de óculos;
15. Responsável;
16. Data.
Saiba Mais
A literatura considera que a chamada gravidez “a termo” (entre
37 e 42 semanas) pode ser subdividida em três fases (MARIZ,
2021): o termo precoce (entre 37 e 38 semanas e seis dias), o
termo pleno (39 a 40 semanas e seis dias) e o termo tardio (41
a 42 semanas).
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Vídeo
Assista a seguir a um vídeo sobre os tipos de
sondas de alimentação, descritas no roteiro de
anamnese. Reflita sobre a importância de o fono-
audiólogo conhecer os diferentes tipos de sondas
de alimentação para uma adequada abordagem
ao questionar esse aspecto na anamnese.
Reflita
A avaliação começa na anamnese, contemplando queixa;
história pregressa individual e familiar; dados do pré, peri
e pós-natal; e detalhamento do desenvolvimento da lingua-
gem, neuropsicomotor, emocional e de aprendizagem. Como
as condições de nascimento do bebê podem contribuir para
o seu desenvolvimento integral? Qual a importância da escala
ou índice de Apgar para o desenvolvimento do bebê?
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É sabida e amplamente discutida na literatura a importância da realização de
uma anamnese bem-feita, com perguntas diretas e que possibilitem ao fonoau-
diólogo conhecer melhor o histórico de vida do paciente.
Vídeo
1ª Consulta da Fono: Como é?
O que Esperar? Como se Preparar?
Assista a seguir a um vídeo sobre a importân-
cia da anamnese fonoaudiológica e reflita so-
bre a importância da anamnese no processo
diagnóstico fonoaudiológico.
Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)
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Visando responder às necessidades de se conhecer mais sobre as
consequências das doenças, em 1976 a OMS publicou a International
Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps (ICIDH), em cará-
ter experimental. Esta foi traduzida para o Português como Classifi-
cação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens
(handicaps), a CIDID. […]
Glossário
CID-10: é a Classificação Internacional de Doenças, em sua dé-
cima revisão. Essa lista classifica doenças, sintomas e uma série
de ocorrências médicas em códigos que são usados para iden-
tificar e padronizar questões de saúde em nível mundial.
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A CIF é baseada, portanto, numa abordagem biopsicossocial que
incorpora os componentes de saúde nos níveis corporais e sociais.
Assim, na avaliação de uma pessoa com deficiência, esse modelo
destaca-se do biomédico, baseado no diagnóstico etiológico da dis-
função, evoluindo para um modelo que incorpora as três dimensões:
a biomédica, a psicológica (dimensão individual) e a social. Nesse mo-
delo cada nível age sobre e sofre a ação dos demais, sendo todos
influenciados pelos fatores ambientais. A OMS pretende incorporar
também, no futuro, os fatores pessoais, importantes na forma de li-
dar com as condições limitantes. […]
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Diferentes Tipos de
Entrevistas – Estruturada e
Semiestruturada
Pode‐se conduzir a entrevista de forma diretiva e não diretiva, ou estruturada e
semiestruturada. Na primeira hipótese, as respostas objetivas vêm de perguntas
também objetivas e estão centradas nos interesses e necessidades do profissio-
nal. Já na segunda hipótese, há mudanças na forma, pois são feitas questões mais
amplas, deixando o paciente ou os responsáveis à vontade para suas próprias ob-
servações e permitindo maior aproximação do profissional. Na prática, as duas
formas de entrevista podem e devem coexistir, pois quando não há uma impo-
sição sequencial de questões ou tópicos, o paciente/responsável discorre sobre
o problema com base nas informações que já possui, e suas necessidades emer-
genciais surgem com mais facilidade. O paciente ou a família tem liberdade para
expor seus problemas reais, incluindo seus sentimentos em relação a eles. Cabe
ao profissional perceber o que é essencial entre informação, orientação e escuta.
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2. Nas perguntas circulares, o profissional comporta-se como explo-
rador e preocupa-se com a ocorrência e conexão dos fatos. São inte-
rativas e pressupõem atitudes neutras do terapeuta. Exemplo: O que
o seu marido faz quando você não escuta o que ele diz?
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Assim, caso determinada informação não coincida com a queixa ini-
cial, minimizar ou negar sua importância implica a quebra ou a ten-
tativa de aproximação desse paciente/família. […]
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MATERIAL COMPLEMENTAR
Vídeos
Leituras
CID-10 Vol.1
https://bit.ly/3PDOl92
REFERÊNCIAS
ANAMNESE. In: DICIONÁRIO Oxford Languages. S. l.: Oxford Languages, 2023. Dispo-
nível em: <https://languages.oup.com/google-dictionary-pt/>. Acesso em: 13/06/2023.
LOPES FILHO, O. et al. (ed.). Novo tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Manole,
2013. (e-book)
MARIZ, F. Idade gestacional: pesquisa mostra como cada dia na barriga impacta no
desenvolvimento do bebê. Jornal da USP, São Paulo, 22/06/2021. Disponível em: <ht-
tps://jornal.usp.br/ciencias/idade-gestacional-pesquisa-mostra-como-cada-dia-na-barri-
ga-impacta-no-desenvolvimento-do-bebe/>. Acesso em: 13/06/2023.