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SEMIOLOGIA E
PROPEDÊUTICA
Descomplique o seu atendimento, desde
a anamnese às manobras semiológicas!
OPA, BOM TE VER POR AQUI!
A semiologia é a área que dedica sua atenção aos sinais e sintomas apresentados
pelos pacientes (tanto os verbais quanto os não verbais), sendo fundamental para
compor o diagnóstico do paciente durante um atendimento, por meio do exame
físico.
Por isso, é com grande prazer que trazemos este e-book para te ajudar em uma fase
tão importante do ciclo básico da sua formação médica - afinal, é de fundamental
importância que saibamos avaliar e examinar nossos pacientes, certo? Para isso, a
semiologia é muito importante!
Nas próximas páginas, você vai receber uma série de informações importantes sobre
a semiologia e propedêutica das mamas, ginecológica, obstétrica, neurológica,
do sistema respiratório, do sistema cardiovascular, lesões elementares de pele,
ortopédica e do abdome.
Ao final deste e-book, esperamos que você esteja craque nos principais pontos a
serem analisados e examinados no dia a dia na sua prática clínica, tanto na anamnese
quanto no exame físico.
Vamos juntos!
ÍNDICE
05 QUEM SOMOS
06 ANAMNESE
16 CLÍNICA MÉDICA
58 SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA
79 PEDIATRIA
80 A ANAMNESE PEDIÁTRICA
90 GINECOLOGIA
154 CONCLUSÃO
Somos um time de médicos formados nas principais instituições de São Paulo, mas
chegar até aqui não foi nada fácil. Todos nós passamos em algum momento pelas
dificuldades que você pode estar enfrentando agora na sua carreira.
Justamente por isso, e porque gostaríamos de ter tido alguém para nos orientar lá
trás, tomamos a decisão de criar a Medway. Depois de muito estudo, trabalho duro
e dedicação total, conseguimos montar cursos que nos enchem de orgulho, porque
sabemos que fazem a diferença na preparação dos nossos alunos.
Em menos de dois anos, já são mais de 2500 alunos impactados por uma metodologia
diferente. Leve, objetiva e verdadeira. Sem dúvidas, esse último é o nosso maior
diferencial.
Não te enrolamos e nem falamos o que você quer ouvir. Não generalizamos. Te
tratamos com respeito. Da forma como gostaríamos de ser tratados. Muitos nos
vêem como professores ou mentores. Nós gostamos de nos enxergar como aquele
veterano que você admira pelo conhecimento técnico, mas também pela didática e
pelo lado humano.
Boa leitura!
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ANAMNESE
SEMIOLOGIA E
PROPEDÊUTICA
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Anamnese
Conceitos Gerais
Como vocês já devem saber, apesar de tantas descobertas, tecnologias, a parte principal do
exercício profissional do médico é ainda o exame clínico. É com ele que conseguimos criar
uma boa relação médico-paciente, e, a partir daí, conseguir captar os elementos que vão nos
permitir realizar hipóteses diagnósticas e, consequentemente, tratamento adequado. Na
maioria das vezes o paciente vai na consulta ansioso, com dúvidas, e cabe a nós reconhecer
esse sofrimento e acolher o paciente. E claro, guardar para si seus preconceitos, posição
política, filosófica, religiosa, de forma que isso não interfira no julgamento clínico. Pessoal,
quem tem a doença é o paciente, por isso sempre temos que valorizar, ouvir atentamente,
com empatia e respeitar as queixas apresentadas.
Mas aqui nossa proposta é conversar um pouco mais sobre um dos elementos do exame
clínico: sim, aquela que com certeza foi uma das primeiras palavras que você aprendeu na
faculdade – a anamnese.
Como não podia faltar numa introdução, vamos ao que significa a palavra: “aná” = trazer de
novo, “mnesis” =memória. É então a história que o paciente traz, que é a primeira parte de
uma consulta médica.
E gente, não se iludam. Temos vários exames complementares à nossa disposição, mas ficar
solicitando um monte deles não supre falhas de uma anamnese incompleta. É uma história
clínica completa, abordando todos os seus aspectos que permitirá inclusive a solicitação de
exames adequados dependendo do quadro do paciente.
A nossa querida anamnese não é só um simples registro de uma conversa, mas sim o resultado
de um diálogo, conduzida pelo examinador (no caso, a gente), com o objetivo de criar hipóteses
diagnósticas. Trocando em miúdos, é a história clínica que o paciente vai te contar e que cabe
a você direcionar.
E tem que ser persistente! No início, como tudo, é difícil… um monte de pergunta, horas falando
com o paciente, e quando seu professor pergunta algo, bem aquilo você não abordou… mas a
gente tá aqui para tentar te ajudar a arrumar as ideias!
Mas tem mais uma coisa… temos jeitos diferentes de registrar a história. Aqui vamos falar
da anamnese tradicional, a mais amplamente conhecida, e o Registro Clínico Orientado por
Problemas (RCOP) - faz parte dela o SOAP, mas fica tranquilo que nos próximos minutos você
vai entender o que vem sendo cada vez mais utilizado na Atenção Primária. Então bora lá!
7 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Anamnese
Gente, antes de tudo e independentemente de qualquer coisa, temos que tentar deixar a
situação o mais confortável possível, tanto para o paciente como para nós. Então preparar
o ambiente, ver um local que garanta privacidade, seja silencioso, estar usando roupas
adequadas (jaleco, avental, roupas padronizadas); e pessoal, sempre se apresentar: Boa tarde!
Sr. João! Meu nome é... sou aluno do terceiro ano da faculdade de medicina, gostaria de
entender um pouco mais sobre sua história, o que trouxe o senhor aqui...outra coisa que
vale a pena reforçar aqui: sempre chamar o paciente e o acompanhante pelo nome… ficar
chamando a mãe da criança de “mãezinha” não tá com nada!
Bom, apresentação feita, partimos para a abordagem de alguns pontos, que na anamnese
tradicional são divididos em:
1. Identificação
2. Queixa e Duração
5. Antecedentes Pessoais
6. Antecedentes Familiares
7. Hábitos e Vícios
1. IDENTIFICAÇÃO
Pessoal, a identificação do paciente é a primeira coisa que vamos questionar, para tentar
entender melhor quem é aquele paciente, lembrando que tem doenças mais prevalentes em
determinado sexo, idade, ocupação… por isso, essa parte é essencial. O senhor se importa se
eu fizer algumas perguntas?
• Idade/data de nascimento
• Sexo: feminino/masculino
• Cor da pele
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Anamnese
• Religião
E gente, não esquecer de sempre colocar a data que foi feita a anamnese!
O QD consiste no motivo que trouxe o paciente, e há quanto tempo isso está acontecendo. Às
vezes, o paciente tem vários motivos, mas temos que entender qual o que mais incomoda: “Sr.
João, o que fez o senhor procurar o hospital? E há quanto tempo isso vem acontecendo?”. Ah!
Aqui pessoal, usamos as próprias palavras do paciente: “dor de cabeça há 3 dias”!
Aqui é onde vamos destrinchar o motivo apontado no QD! A ideia é deixar o paciente falar sobre
sua queixa e o ideal é a gente evitar interromper, de forma a não induzir respostas. Depois dele
falar, cabe a nós perguntar algumas coisas para completar a história, usando o sintoma como
fio-guia para estabelecermos conexões com outras queixas. Quando formos registrar no
prontuário, a ideia no HDA é colocarmos os acontecimentos em ordem cronológica e utilizar
termos técnicos. Ver direitinho a evolução, se já fez exames, algum tratamento… depois de ter
toda a história em mãos, tente fazer um resumo para o paciente, para ele confirmar a história
e ter a possibilidade de corrigir ou acrescentar algo.
Uma dica aqui, pessoal: evitem colocar datas – dia 10/08 iniciou cefaleia – imagina você lendo
isso no ano seguinte, tendo que fazer as contas a partir da data da anamnese; é mais legal
colocar há quantos dias as manifestações vem aparecendo – há 3 dias com cefaleia, com piora
há 1 dia.
E uma das coisas que vai mais aparecer aqui é a queixa de dor. Sempre questionar como está
o sintoma no momento da anamnese, exames que já foram feitos e até tratamentos. E temos
que detalhar ao máximo essa queixa! São 10 coisas que eu odeio em você 10 características da
dor que temos que perguntar:
3. Intensidade – aqui a gente pode tentar quantificar com base em escalas de dor, como a
numérica (0 dor nenhuma, 10 a pior dor da vida)
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Anamnese
8. Fatores de melhora – o que melhora a dor? (Remédio, posição, atividade física, alimentos...)
10. Fatores que acompanham – tem algum outro sintoma quando tem essa dor?
11. Vale lembrar que esses aspectos também devem ser explorados em sintomas que
aparecerem no ISDA.
Gente, aqui a gente tem que perguntar sobre todos os outros aparelhos, e se possível,
correlacionar com a doença atual. É trabalhoso (e como é...), mas principalmente nesse início,
para o ISDA ficar completo, vale a pena um esquema mais rígido, com várias perguntas
que correspondam a todos os sintomas indicativos de alterações dos vários aparelhos do
organismo. Aí aos poucos, com a prática, os principais aspectos de cada sistema vão se
tornando automáticos para você. À medida que você for ficando mais experiente no ISDA,
você vai conseguir adaptar as perguntas de acordo com o caso do paciente, conseguindo
perceber qual pergunta te trará informações relevantes ao caso. Mas uma dica é realizar uma
pergunta aberta – Sente algo na cabeça? – E a partir daí, ir detalhando!
Divide-se, então, o ISDA de maneira geral (Depende de qual referência você utiliza!):
Sintomas Gerais – febre, calafrios, sudorese, mal-estar, astenia, alteração de peso, edema e
anasarca;
Pele e anexos: dor, manchas, palidez, ulceração, tumefação, prurido, alopecia e icterícia.
Cabeça e Pescoço
• Nariz e cavidades paranasais: dor, espirros, obstrução nasal, epistaxe, anosmia, cacosmia,
prurido e coriza;
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Anamnese
• Orofaringe: sialorreia, halitose, dor de dentes, sangramentos, aftas, ulcerações, boca seca,
uso de próteses dentárias, dor na articulação temporomandibular (ATM); odinofagia,
pigarro, roncos, rouquidão, disfonia e globus faríngeo;
Sistema Respiratório: dor torácica, tosse, expectoração, hemoptise, vômica, dispneia, chiados
e cianose.
Nos antecedentes pessoais precisamos saber coisas que já aconteceram na vida do paciente:
4. Cirurgias – tipo de cirurgia, motivo pela qual foi indicada e data do procedimento;
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Anamnese
9. Medicamentos em uso – qual é o remédio, posologia, motivo que foi prescrito e quem
prescreveu.
Aqui a ideia é perguntar sobre o estado de saúde principalmente dos pais, avós e irmãos. Em
caso de falecimento, perguntar a causa do óbito e a idade em que aconteceu.
7. HÁBITOS E VÍCIOS
Temos que perguntar para o paciente sobre alimentação, atividades físicas (tipo de exercício,
frequência, duração e há quanto tempo pratica), tabagismo (tipo, quantidade, frequência,
duração do vício e abstinência se tentou parar de fumar), consumo de bebidas alcoólicas (tipo
de bebida, quantidade habitualmente ingerida, frequência), uso de anabolizantes, alguns
sedativos e consumo de drogas ilícitas.
Já sabemos o quanto a história clínica é importante; agora é importante lembrar que também
é essencial o registro adequado nos prontuários; é por ele que conseguimos acompanhar
o paciente da maneira adequada. Ah, e você já deve ter ouvido falar que prontuário é um
documento… e é. Tem que ser bem feito!
Na Atenção Primária à Saúde, vem-se cada vez mais usando o Registro Clínico Orientado por
Problemas (RCOP), também conhecido como Registro de Saúde Orientado por Problemas
(ReSOAP), e seu componente chamado de “SOAP” (Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano),
uma outra maneira de fazer a anamnese que não a tradicional.
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Anamnese
O RCOP tem 3 áreas principais para o registro das informações: a base de dados da pessoa, a
lista de problemas e as notas de evolução clínica (notas SOAP). Tem uma quarta área, as fichas
de acompanhamento, que apresentam os dados complementares à evolução. O intuito é ter
um método eficiente, que a gente consiga achar de forma rápida as informações do paciente,
sempre atualizado, e que garanta a longitudinalidade, e a articulação de cuidados dentro da
equipe da APS.
• Lista de problemas: como o nome já diz é uma lista de problemas, que aparecem logo
após a identificação da pessoa, como uma folha de rosto. É para ficar mais prático entender
o que se passa com aquele paciente, de forma que os problemas vão sendo colocados em
ordem de aparecimento, o que é crônico, o que é agudo, o que foi resolvido, os fatores
de risco. O problema clínico pode ser considerado como tudo aquilo que interfere na
qualidade de vida da pessoa, e deve ter o máximo de precisão possível.
• Notas de evolução “SOAP” – não, não tem nada a ver com sabonete não. É um acrônimo
para “Subjetivo”, “Objetivo”, Avaliação” e “Plano”, que vai nos guiar na hora de escrever as
notas de evolução.
Subjetivo – aqui colocamos as informações com base no relato do paciente sobre o problema
de saúde; aqui também colocamos nossas impressões sobre o paciente e as expressadas por
ele. Equivaleria à identificação, AF, AP, QD e HDA da tradicional
Objetivo – dados do exame físico que sejam relevantes e resultado de exames complementares;
equivaleria ao ISDA (além de exame físico) da tradicional.
• Plano Diagnóstico: exames ou procedimentos que precisam ser feitos para investigar o
problema
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Anamnese
Josefa, 62 anos, mulher negra, acompanha na UBS por diabetes e hipertensão arterial. Há
cerca de 10 dias, Josefa procura o PS devido a um desmaio seguido de perda de força em
braço e perna esquerdos. No hospital terciário foi diagnosticada com AVE e foi encaminhada
na alta ao endócrino, ao cardiologista e ao fisioterapeuta. Durante a consulta, Josefa mostrou-
se preocupada com o custo dos remédios prescritos no hospital e com a dificuldade de ir
às consultas. Chora ao falar de suas dificuldades, ela que pagava as contas como diarista,
filha está desempregada, um dos netos envolvido com álcool e drogas. Ao exame clínico,
o médico constata hemiparesia desproporcionada à esquerda, com força muscular grau V
em membro superior e grau III em membro inferior. O restante do exame clínico é normal.
O médico conversa com Josefa e propõe tratamento de diabetes e hipertensão na UBS,
cancelando os encaminhamentos. Planeja discutir o caso com equipe multidisciplinar para
acionar fisioterapeuta e assistente social. O médico ainda combina retorno precoce de Josefa
para conversar sobre a adaptação dela e de sua família a este novo ciclo de vida.
Acha que é só um exemplo bobo? Não damos ponto sem nó, não! Esse caso foi questão de
prova da USP de 2020 e esses itens do SOAP eram exatamente a resposta! Além de um tema
importante para a vida, vale vaguinha! #ficaadica
CONCLUSÃO
Bom pessoal, vimos aqui um pouco sobre como abordar a história do paciente, sendo a
anamnese tradicional, seus pontos e o quão importante é essa parte da consulta. Vimos
também um outro método de registro que é o RCOP/ReSOAP, que vem sendo usado cada
vez mais na atenção primária, e que garante maior facilidade de acesso às informações e
longitudinalidade ao atendimento do paciente. Independentemente do método, o importante
é adquirir uma boa história, para levantarmos as hipóteses adequadas e propormos para o
paciente o melhor seguimento.
Gostaram deste início? Pois apertem os cintos que nas páginas a seguir vamos entregar para
vocês os segredos da propedêutica dos grandes sistemas orgânicos.
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Anamnese
REFERÊNCIAS
1. DEMARZO, Marcelo MP; OLIVEIRA, Cristina A.; GONÇALVES, Daniel A. Prática clínica na
Estratégia Saúde da Família: organização e registro. Material institucional UNA-SUS, 2011.
2. Semiologia Médica - Celmo Celeno Porto - 8ª Edição. 2019. Editora Guanabara Koogan.
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CLÍNICA MÉDICA
SEMIOLOGIA E
PROPEDÊUTICA
SEMIOLOGIA
DO SISTEMA
RESPIRATÓRIO
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
É com grande prazer que produzimos esse E-BOOK para auxiliar em uma fase tão importante
do ciclo básico da sua formação médica: a semiologia do sistema respiratório!
Esse tema ganhou ainda mais destaque em meio à pandemia que vivemos, não é mesmo? Tal
período ressaltou, ainda mais, a importância de uma anamnese bem colhida e de um exame
físico atento e bem feito como as bases principais para o nosso diagnóstico clínico quando,
muitas vezes, o acesso aos exames complementares estava comprometido e nos vimos em
situações que exigiram total confiança no nosso exame clínico para a tomada de conduta à
beira leito, concordam?
Então, vem com a gente para relembrar os pontos mais importantes desse assunto!
Pessoal, como todos já ouvimos falar desde que entramos na faculdade de Medicina, a base
dos diagnósticos está na coleta de uma anamnese minuciosa e com foco nas queixas que nos
levarão a montar nossa linha de raciocínio até a patologia final, não é mesmo?
Então, vamos imaginar que você está atendendo no ambulatório da sua faculdade, quando
seu professor pede para a dona Maria, 65 anos, entrar no seu consultório e você coletar a
história dos sintomas da paciente e elaborar a sua hipótese diagnóstica com base nos dados
que você coletou e no seu exame físico.
Você, como bom aluno de semiologia, recepciona dona Maria na porta, a direciona até a
cadeira à sua frente e apresenta-se como estudante de medicina. Após concordar em ser
atendida, você prontamente pergunta o que a trouxe até essa consulta. A mesma prontamente
responde “Ah, doutor, é essa tosse e essa falta de ar que vem me incomodando!”. Nessa hora,
um filme passa na sua cabeça e você começa a se perguntar por onde começar essa história,
não é mesmo?
Então, calma, vamos te mostrar como investigar as queixas respiratórias mais comuns, beleza?
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/smiling-female-doctor-wearing-glasses-uniform-1926170633
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Sabemos que as patologias diferem de prevalência de acordo com a idade, o sexo, a ocupação,
os hábitos de vida e o local de moradia de cada paciente, concordam?
Por exemplo, é bem documentada a maior quantidade de homens acometidos por DPOC,
bem como a relação com tabagismo. Além disso, não podemos esquecer, principalmente na
anamnese do sistema respiratório, da importância da exposição a substâncias e animais,
como jateamento de areia, trabalho na produção de telhas e criação de aves. Vejam na tabela
abaixo algumas correlações que devemos sempre lembrar!
DADOS DA
CORRELAÇÃO CLÍNICA MAIS PREVALENTE
ANAMNESE
Agricultura: pneumoconioses
Caçador de tatus: coccidioidomicose
Contato com morcegos, grutas: histoplasmose
Ocupação/
Tabagismo: DPOC
exposição
Sílica: silicose
Amianto: asbestose
Piloto de avião/mergulhador: pneumotórax
Época da piora
Asma: sazonalidade
dos sintomas
Pronto! Agora que você já lembrou das perguntas importantes e indagou várias delas à sua
paciente, vamos às informações colhidas: Maria, 65 anos, parda, residente na cidade de São
Paulo, atualmente aposentada, trabalhava como costureira até os 60 anos de idade, com
história de tabagismo atual desde os 15 anos de idade com carga tabágica de 30 maços/ano.
Reside com o esposo, que também é tabagista e evolui há 5 dias com astenia, febre e tosse
com expectoração esverdeada.
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Galera, as queixas respiratórias, muitas vezes, vêm disfarçadas em meio aos sintomas de outros
sistemas, não é mesmo?
Então, é importante caracterizar o nosso sintoma guia, ou seja, aquele que nosso paciente
confere maior relevância e que mais gera incômodo naquele momento para, a partir dali,
buscarmos informações que nos ajudem a formular nossa hipótese!
Dentro das queixas respiratórias, as de maior destaque são: dispneia, dor torácica, tosse e
hemoptise. Então, vamos abordar objetivamente cada uma delas com as informações que
você precisa ter atenção ao coletar sua história, beleza?
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/breathing-
respiratory-problem-asthma-attack-pressure-1422762227
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
1. DISPNEIA
A queixa mais prevalente dos nossos atendimentos, a famosa “estou com falta de ar, doutor”!
A dispneia pode ser caracterizada em relação a diversos fatores, como vemos na tabela abaixo:
2. DOR TORÁCICA
Galera, em relação à dor torácica, o mais importante é diferenciarmos uma dor torácica
tipicamente anginosa de uma não anginosa, beleza?
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
3. TOSSE
A tosse pode ser característica de várias condições e deve ser avaliada quanto à sua frequência,
intensidade, fatores de melhora e piora, presença ou ausência de expectoração e período do
dia em que surge.
4. HEMOPTISE
Essa é outra queixa que veremos com frequência em nossos atendimentos, então, fiquem
atentos!
A hemoptise pode ter 2 origens principais: brônquica e alveolar. A causas mais frequentes
em nosso meio são as bronquiectasias e a tuberculose, porém, também podendo ocorrer em
infecções fúngicas (a famosa “fungus ball”), câncer de laringe, pneumonias e edema agudo
de pulmão, por exemplo!
Então, o que temos que lembrar de mais importante nesses casos? Tentar topografar de onde
pode estar vindo esse sangramento, fechou?
E como sempre fazemos, vamos sistematizar uma ordem lógica de avaliação para que
possamos observar cada detalhe que possa nos ajudar a chegar no diagnóstico correto!
Então vamos imaginar que você está no consultório com a dona Maria e, após a conversa
inicial, seu professor solicita que você faça o exame físico completo dela! E agora? Por onde
vamos começar?
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Lição número 1, galera: mantenha a calma e vamos informar à paciente sobre tudo que estamos
pretendendo fazer, garantindo um ambiente seguro e reservado. Vamos acompanhar nossa
paciente até a maca, explicar sobre o exame físico, higienizar e aquecer nossas mãos para
podermos iniciar o processo, entendido?
1. INSPEÇÃO ESTÁTICA
Nessa fase, podemos examinar o paciente sentado ou em decúbito, e devemos solicitar que
o mesmo deixe o tórax descoberto e devemos observar principalmente os seguintes pontos:
Cianose e
Hipoxemia crônica
pletora facial
Pele, mamas,
circulação colateral Avaliar sinais de desordens sistêmicas
e musculatura
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
2. INSPEÇÃO DINÂMICA
• Tipo de respiração: Aqui devemos perceber o padrão anatômico que predomina e sua
utilidade e, principalmente, reconhecer sinais de desconforto respiratório agudo que
possam levar à fadiga.
° Em indivíduos sadios, na posição sentada e em ortostase, o tipo mais comum é a
respiração torácica, ou seja, o movimento é predominantemente feito pela caixa
torácica.
° Em decúbito, a respiração tende a ser diafragmática em indivíduos saudáveis.
° Durante episódios de broncoespasmo, por exemplo, o padrão é caracteristicamente
abdominal (a famosa “prensa abdominal”)
• Ritmo respiratório: Aqui temos um dos pontos mais importantes! Devemos lembrar que,
no ciclo respiratório normal, a inspiração e a expiração possuem praticamente a mesma
duração. Porém, seja por alterações anatômicas, seja por alterações fisiológicas, esse ritmo
pode estar alterado e sinalizar grande risco para o nosso paciente!
° Cheyne-Stokes: caracterizado por incursões respiratórias cada vez mais profundas
e de elevada amplitude culminando em períodos de apneia e posterior retorno ao
ritmo anterior, ou seja, um ritmo periódico. Encontrada principalmente em pacientes
pós AVC e TCE, além de hipertensão intracraniana e intoxicações por opioides.
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
1. EXPANSIBILIDADE
Nessa fase do exame físico, é importante avaliarmos como o tórax do nosso paciente está
expandindo, se o movimento é simétrico e se existe alguma limitação anatômica ou funcional
que esteja ocasionando limitação de expansão torácica.
Pacientes com doenças que acometem a musculatura torácica, como miastenia gravis,
tendem a apresentar menor expansibilidade.
O FTV é caracterizado pela transmissão das vibrações das cordas vocais à parede torácica.
Em alguns pacientes, principalmente os de tom de voz mais grave, o frêmito é mais audível,
porém, em grande parte dos casos, precisamos de uma ferramenta que amplifique esse som
e nos ajude a entender se está aumentado ou diminuído: a pronúncia do famoso “33”, lembra?
26 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Para avaliar o FTV, devemos apoiar a palma da mão no tórax, poupando as estruturas ósseas
para não prejudicar a ausculta, e iniciar do sentido superior para inferior. Para avaliar a região
torácica anterior, devemos nos posicionar atrás do paciente, colocando os polegares à altura
da vértebra cervical C7 e os demais dedos na fossa supraclavicular, orientando que o paciente
pronuncie a palavra “33” e, a partir desse evento, verificamos a transmissão desse som nas
demais áreas pulmonares.
Lembrando que o FTV tende a ser mais intenso nas bases e à direita. Dica de ouro para o
exame do sistema respiratório: sempre devemos comparar um lado com o outro!
Agora que já relembramos como avaliar o FTV, vamos dar uma olhada abaixo nas condições
que vamos ter variações na sua intensidade!
Aumentado Consolidações
Galera, essa é a terceira etapa do nosso exame físico e nossa missão principal nesse momento
é classificar o som que estamos encontrando em: som claro pulmonar, macicez, timpânico e/
ou hipertimpânico, combinado?
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
• Som maciço: presença de líquido entre a parede torácica e o parênquima pulmonar; sob
a região hepática. Lembrar do sinal de Signorelli: macicez durante a percussão da coluna
dorsal nos casos de derrame pleural.
Agora que já sabemos o som característico de cada região que iremos percutir, se encontrarmos
tais sons em outros locais, devemos suspeitar de algumas patologias, concordam? Se liguem
na tabela abaixo que resumimos as principais condições associadas!
28 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Figura: pontos de ausculta pulmonar. Sempre lembrar de comparar com o lado contralateral.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-illustration-auscultation-lungs-771599374
Pessoal, para auscultar nosso paciente, o mesmo deve estar, preferencialmente, sentado no
leito. Colocamos o diafragma do estetoscópio sobre as regiões supraclaviculares (avaliação dos
ápices pulmonares) e os espaços intercostais das regiões anterior, posterior e lateral do tórax,
solicitando que o paciente inspire pelo nariz e expire pela boca. Devemos realizar o exame no
sentido crânio-caudal e sempre lembrando de comparar com o lado simétrico para avaliar
possíveis diferenças nos sons. Em relação aos sons que podemos encontrar, destacamos:
29 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
30 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Temos aqui uma paciente com histórico de tabagismo atual, o que deve nos lembrar do risco
de DPOC, com piora dos sintomas há 5 dias associada a sintomas constitucionais e piora dos
sintomas de base com mudança da característica da expectoração. Ao exame físico, vemos
características de síndrome de consolidação brônquica, concordam? Para auxiliar no caso, seu
preceptor mostrou o seguinte raio X:
31 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Fonte: https://radiologyassistant.nl/chest/chest-x-ray/lung-disease#consolidation-differential-diagnosis
Nesse raio X vemos uma consolidação em lobo inferior esquerdo que corrobora com as áreas
que encontramos alterações no exame físico, concordam? Perceberam como só com o exame
físico e uma boa anamnese nós já alcançamos o diagnóstico final da nossa paciente? É isso
que queremos de vocês!
Aqui embaixo estamos deixando uma tabela com os achados mais comuns das síndromes
pleuropulmonares que discutimos acima, para facilitar sempre que você quiser tirar suas
dúvidas!
SÍNDROME
EXPANSIBILIDADE FTV PERCUSSÃO AUSCULTA
CLÍNICA
MV e RV
DPOC/enfisema Diminuída Diminuído Hipertimpânico
diminuídos
Estertores
Pneumonia/
Diminuída Aumentado Macicez Broncofonia e
consolidação
pectoriloquia
Diminuído/
Atelectasia Diminuída Submacicez Abolido
abolido
MV abolido
Derrame pleural Diminuída Ausente Macicez
Broncofonia
32 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Esperamos que esse material contribua para o aprendizado no seu ciclo básico e tenha sempre
em mãos para revisar os detalhes que não podemos deixar passar batido nesse exame, beleza?
Um abraço e até a próxima, pessoal!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. PORTO,Celmo Celeno;PORTO,Arnaldo Lemos. Semiologia Médica. 6ª edição.Rio de
Janeiro. Ed: Guanabara Koogan. 2011. Pag 320-360.
3. MARTINS,Milton;et al. Semiologia Clínica. 1ª edição. São Paulo. Ed: Manole. 2021. Pag 542-
556.
33 Índice
SEMIOLOGIA
DO SISTEMA
CARDIOVASCULAR
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Fala, pessoal, tudo bem? É com enorme prazer que construímos esse E-BOOK para
acompanhar você nos estudos de um assunto tão importante e tão fascinante dentro da
semiologia médica: o exame físico do sistema cardiovascular! Mesmo antes de entrar
na faculdade de medicina, com certeza você já estava ansioso para ganhar o seu primeiro
estetoscópio e sair auscultando toda a família em casa. Não é mesmo? Esse assunto tem
enorme relevância dentro da prática médica, já que a principal causa de óbitos no mundo,
excluindo as causas externas, são os eventos cardiovasculares. Lembra?
Então, vamos caprichar no nosso estudo para reconhecer qualquer sinal de alteração nesse
sistema e dar a melhor assistência possível para os nossos pacientes. Combinado? Vamos lá!
Ah, não! Para que falar de fisiologia agora? Calma, pessoal! Vamos te orientar nos pontos mais
importantes para fixar o conceito e te ajudar quando formos explicar os achados de algumas
patologias, beleza? Dessa forma, você vai compreender o funcionamento cardíaco e não
apenas decorar a ausculta normal e os sopros. Bora lá!
Relaxamento
isovolumétrico
Ejeção Rápido enchimento
Contração Diástole
isovolumétrica
Sístole atrial
Abertura Fechamento
da valva da valva aórtica
Pressão (mmHg)
aórtica
Pressão na aorta
Fechamento
da valva A-V
Abertura
da valva A-V
Pressão atrial
Pressão ventricular
Volume (mL)
Volume ventricular
Eletrocardiograma
Fonocardiograma
Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.
php?search=ciclo+cardiaco&title=Special:MediaSearch&go=Go&type=image Legenda: Ciclo cardíaco
35 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Pessoal, o ciclo cardíaco é dividido em duas partes: a fase do enchimento cardíaco, diástole,
e a fase do esvaziamento cardíaco, a sístole. Vamos ver na tabela abaixo os achados de cada
fase e seu resultado na ausculta do nosso paciente. Beleza?
Patológico: B4
(ocorre antes
Final da ↑Pressão atrial → abre
Contração atrial de B1, significa
diástole mitral e tricúspide
enchimento
diastólico tardio)
B1 (mitral
Contração ↑Pressão ventricular → fecha
Sístole fecha antes da
isovolumétrica mitral e tricúspide
tricúspide)
Pressão no ventrículo E
Ejeção
Sístole maior que pressão aorta → B2
ventricular rápida
abre valva aórtica
Patológico:
Pressão ventricular menor B3 (dilatação
Enchimento
Diástole que pressão atrial → abre ventricular
ventricular rápido
tricúspide e mitral permitindo refluxo
sangue)
↓gradiente atrioventricular
Enchimento
Diástole → enchimento ventricular → Patológico: B3
ventricular lento
fecha mitral e tricúspide
Pessoal, todos sabemos da importância de uma história clínica bem colhida e do quanto
nos servirá de guia para chegar ao diagnóstico correto. No caso dos pacientes com queixas
36 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Vamos imaginar que você, aluno do 3º ano de medicina, inicia o ciclo de atendimentos práticos
e hoje é seu primeiro dia no ambulatório de Cardiologia do seu hospital universitário.
Seu professor o direciona para a sala e orienta que você atenda o seu João, paciente de 68
anos, que veio do interior de São Paulo para ser atendido por você hoje. Ficou nervoso? Então,
vem com a gente que abaixo vamos detalhar as 4 queixas cardiovasculares mais comumente
encontradas nos ambulatórios tanto de clínica médica como de cardiologia!
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/highlighted-pain-against-senior-man-having-1207561864
1. DOR TORÁCICA
Pessoal, a queixa mais comum dos atendimentos! Quem nunca atendeu um paciente dizendo
“doutor, estou com dor no peito”? O mais importante aqui é diferenciarmos a dor de origem
cardíaca e a dor de origem extracardíaca, como as pleurais, esofágicas, mediastinais e, até
mesmo, da parede torácica.
Assim como a avaliação de qualquer dor, devemos caracterizar quanto aos seguintes pontos:
localização, irradiação (usando a escala analógica de dor), intensidade, início, fatores de
melhora e piora, qualidade (em pontada, queimação, lancinante..) e sintomas associados
(sudorese, náuseas, vômitos, dispneia). Se liga na tabela abaixo que listamos os principais tipos
de dor e sua origem correspondente!
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DOENÇA
DOR ORIGEM CARACTERÍSTICA CLÍNICA
ASSOCIADA
Retroesternal;
Mais à esquerda; Infarto agudo
Irradia para MSE, ombro, mandíbula, do miocárdio
epigástrio, interescapular; (IAM)
Em aperto;
Isquêmica
Cardíaca Sinal de Levine; Angina
- típica
Duração: estável (AE)
• Duração 2-3min e piora ao esforço (AE);
• Duração 20 min, em repouso (AI); Angina
• Dura mais de 20 min, em repouso, alivia instável (AI)
com nitrato (IAM).
Infarto agudo
do miocárdio
(IAM)
Equivalentes anginosos mais comuns em
Isquêmica
Cardíaca mulheres, obesos, portadores de diabetes; Angina
- atípica
Dor em queimação, pontada. estável (AE)
Angina
instável (AI)
Retroesternal;
Irradia para pescoço;
Em peso ou queimação;
Intensidade variável;
Pleurítica Pericárdio Pericardite
Piora com respiração, ao se
deitar, ao movimentar o tronco;
Alivia ao inclinar o tórax para
frente e posição genupeitoral.
Retroesternal;
Lancinante;
Início súbito;
Dissecção
Dissecante Aorta Irradia para pescoço, ombros e região
de aorta
interescapular;
Sem fatores de melhora;
Associada à síncope e dispneia.
Mallory- Dor torácica iniciada após vômitos
Esofágica Mallory-Weiss
Weiss intensos e com episódios de hemoptise.
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2. PALPITAÇÕES
São a segunda queixa mais comum! Podemos definir como a sensação física dos batimentos
cardíacos, gerando desconforto ao paciente. É importante caracterizarmos os seguintes
pontos:
• Idade do início: pacientes jovens tendem a ser mais acometidos por taquicardia por
reentrada nodal (TRN) enquanto, ao longo dos anos, aumenta a ocorrência de fibrilação
atrial e outras arritmias.
3. DISPNEIA
Assim como a dor torácica, devemos utilizar ferramentas para diferenciar a dispneia com
achados característicos de origem cardíaca das de extracardíaca, sendo a pulmonar a mais
frequente.
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4. SÍNCOPE
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Pessoal, depois que conversamos com seu João, ele nos informa que há 2 meses vem
apresentando episódios de síncope associadas a angina e dispneia progressiva aos moderados
esforços. Nesse momento, você informa ao paciente como será feita sua avaliação, o direciona
à mesa de exames, higieniza e aquece suas mãos e inicia o seu exame físico. Opa! Mas vamos
direto para a ausculta ou tem algo antes no exame cardiovascular? Se liga no passo a passo
abaixo para brilhar no seu exame completo!
1. INSPEÇÃO
A inspeção do tórax e das extremidades é a base dessa fase do exame, pessoal! As malformações
da caixa torácica possuem grande importância no exame físico cardiovascular devido à grande
associação com cardiopatias congênitas e adquiridas. Dentre as que mais relacionadas temos
o pectus excavatum e o pectus carinatum, vamos lembrar as diferenças e as associações?
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/male-patient-presenting-congenital-deformity-
anterior-1083531518 Legenda: Pectus excavatum - relacionado às cardiopatias congênitas,
como prolapso de valva mitral e defeitos dos septos atrioventriculares.
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Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index
php?search=pectus+carinatum&title=Special:MediaSearch&go=Go&type=image -
Legenda: Pectus carinatum - relacionado às doenças pulmonares obstrutivas e síndrome de Marfan.
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Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/right-hand-patient-congenital-cyanotic-heart-1391837051
Legenda - Presença de cianose periférica e unhas em vidro de relógio (sugestivas de hipoxemia crônica) em
paciente portador de cardiopatia congênita cianótica.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/clinical-sign-heart-failure-pitting-edema-1462345028
Legenda: Edema de membros inferiores com presença de sinal de cacifo
43 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Além disso, devemos estar atentos aos sinais de má perfusão, como: alteração do nível de
consciência, oligúria, hipotensão, extremidades frias, pulsos finos e palidez cutâneo-mucosa.
Para finalizar, vamos lembrar que, muitas vezes, o paciente apresenta múltiplas comorbidades
que estão associadas às patologias cardíacas, porém só com exame físico minucioso vamos
perceber tais detalhes!
2. PALPAÇÃO
Pessoal, o ictus cordis é o famoso impulso apical cardíaco, ou seja, o local anatômico que
você poderá sentir a “ponta do coração” batendo! E qual a importância disso? Primeiramente,
dependendo da localização do ictus, podemos suspeitar de hipertrofia ventricular esquerda
e de outras condições como valvopatias (com destaque para insuficiência aórtica e
insuficiência mitral) e estados hiperdinâmicos, além de poder ser um achado fisiológico em
pacientes longilíneos e emagrecidos!
Outro ponto importante e que muitas vezes nos esquecemos de avaliar: o frêmito
cardiovascular! É a sensação tátil das vibrações cardíacas e dos vasos adjacentes, sendo de
enorme importância nos casos de pericardite e tamponamento, beleza?
Galera, muita atenção agora! Uma das partes mais importantes do exame cardíaco é a
avaliação dos pulsos. Concordam? Então, fiquem ligados que abaixo vamos detalhar o que
realmente precisamos entender de cada pulso e seu significado!
1. PULSOS VENOSOS
Pessoal, com certeza você já ouviu alguém falar sobre a turgência jugular do paciente no leito,
mas vocês sabem como avaliar e o que esse achado significa? Então fiquem ligados!
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Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Elevated_Jugular_Venous_Pressure.jpg
Legenda: Turgência jugular patológica
Além disso, outro achado venoso interessante é o refluxo hepatojugular! Devemos avaliar
pressionando o quadrante superior direito por 10 a 20 segundos e observando o ingurgitamento
jugular, se presente e com duração superior a 15 segundos, indica hipertensão venosa e
capilar, indicando hipervolemia. Esse achado é encontrado em casos de insuficiência cardíaca,
pericardite.
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Muitas vezes deixamos de lado a avaliação completa do pulso venoso, mas vejam na tabela
abaixo como é simples e pode nos ajudar a avaliar de modo mais completo nosso paciente!
Ausente na
fibrilação atrial
Profundo: pericardite,
↓ pressão atrial por
Descenso y Início diástole miocardiopatia
abrir tricúspide
restritiva
Beleza, entendemos o pulso venoso! Mas o que será que eles têm de diferente em relação
aos arteriais?
PULO DO GATO:
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2. PULSOS ARTERIAIS
Pessoal, os pulsos arteriais são muito importantes no exame físico cardiológico porque, muitas
vezes, o nosso diagnóstico mais provável já é suspeitado nesse momento e existem tipos que
sugerem classicamente algumas patologias. Lembram disso?
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/major-arteries-pulse-points-head-arms-330572663
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Antes de continuarmos, vocês já ouviram falar da manobra de Osler? Usamos essa manobra
principalmente em idosos, quando avaliamos a rigidez arterial durante a investigação de
hipertensão arterial verdadeira ou pseudo-hipertensão devido essa rigidez encontrada
fisiologicamente no idoso! Devemos insuflar o manguito 30 mmHg acima da pressão sistólica
e manter por 10 segundos. Se a artéria continuar palpável, porém, sem pulsação, temos a
manobra positiva e sugestiva de pseudo-hipertensão. Beleza?
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/drawing-blood-pressure-cuff-on-arm-267913970
Agora que já relembramos os detalhes do exame, veja na tabela abaixo os pulsos encontrados
classicamente em certas condições.
Martelo d’água
Ascensão e queda abruptos Insuficiência aórtica
(Corrigan)
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3. AUSCULTA
Galera, tudo certo até aqui? Percebeu como cada detalhe do nosso exame físico é importante
e nos dá alguma dica do diagnóstico? Vamos agora entender os achados da ausculta cardíaca!
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/heart-auscultation-labeled-46957651
Legenda: Focos de ausculta cardíaca
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FOCO LOCALIZAÇÃO
Aórtico
3º ou 4º espaço intercostal esquerdo
acessório
Agora que fixamos os locais corretos de ausculta, estamos prontos para compreender os
ruídos cardíacos fisiológicos e patológicos, vamos lá!
Hiperfonética: hipertensão,
coarctação de aorta
Fechamento das valvas aórtica e
B2 Hipofonética: estenose aórtica
pulmonar, sendo que o aórtico é mais
(“TA”) Desdobramento: fisiológico
intenso e ocorre antes da pulmonar.
durante inspiração, insuficiência
de ventrículo direito
51 Índice
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Pessoal, agora que aprendemos os achados mais comuns da ausculta, vamos a uma das
partes mais importantes e ricas do exame físico: a avaliação dos sopros cardíacos!
Os sopros podem ser classificados de acordo com a sua intensidade pela classificação de
Levine, que varia de 1 a 6, sendo que a partir do estágio 4 já podemos perceber o frêmito e o
estágio 6 corresponde aos sopros auscultados sem estetoscópio. Beleza?
Assim como realizamos a ausculta nos pontos determinados, podemos utilizar algumas
manobras que nos auxiliam a caracterizar melhor cada achado, vejam abaixo!
Galera, agora que já vimos os locais corretos e as manobras que podemos utilizar, vamos
caracterizar os sopros encontrados nas valvopatias mais prevalentes? Se liga!
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Telediastólico
Baixa frequência
Em ruflar
Melhor auscultado em decúbito
Dispneia
Estenose lateral esquerdo e com a campânula
Palpitação
Mitral Estalido de abertura
Rouquidão (Síndrome de Ortner)
B1 hipofonética, B3
Protomesossistólico
Insuficiência Sopro Carey Coombs: ruflar
Em barra
Mitral diastólico da estenose mitral
Com irradiação para região axilar
Ictus desviado para esquerda
Frêmito apical
Mesossistólico
Agudo
Em diamante (ejetivo)
Tríade: angina, síncope, dispneia
Estenose Mais audível em foco
Pulso parvus et tardus
Aórtica aórtico e aórtico acessório Irradia
Desdobramento de B2
para pescoço e fúrcula esternal
Aumenta com manobra
agachamento e reduz com Valsalva
Protodiastólico
Pulso de Corrigan: pulso
Aspirativo
perceptível na região carotídea
Insuficiência Em foco aórtico e aórtico acessório,
Aórtica Irradiação para fúrcula e pescoço
Sinal de Musset: movimento
Sopro aumenta ao inclinar o tórax para
da cabeça junto ao sopro
frente, posição de cócoras e handgrip
53 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Sopro ejetivo
Insuficiência Protodiastólico Desdobramento de B2
Pulmonar Aumenta com handgrip B3 e B4
Alta frequência
Sopro mesodiastólico
Estenose
com estalido de abertura Associação com estenose mitral
Tricúspide
Aumenta com manobra de Valsalva
Galera, deu para revisar os achados mais relacionados a cada sopro? Para finalizar, vamos dar
uma olhada nas representações gráficas dos sopros abaixo e fixar o que aprendemos acima!
Fonte: Apostila Extensivo Cardiologia - Valvopatias/Legenda: Representação gráfica sopro estenose mitral
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Fonte: Apostila Extensivo Cardiologia - Valvopatias/Legenda: Representação gráfica sopro insuficiência mitral
Fonte: Apostila Extensivo Cardiologia - Valvopatias/Legenda: Representação gráfica sopro estenose aórtica
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Fonte: Apostila Extensivo Cardiologia - Valvopatias/Legenda: Representação gráfica sopro insuficiência aórtica
Fonte: Apostila Extensivo Cardiologia - Valvopatias/Legenda: Representação gráfica sopro estenose pulmonar
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Inspiração - - - - + + + + +
Expiração + + + + - - - - -
Valsalva - - - - - - - - + +
Agachamento + + + + + + + + - -
Handgrip - + + + + - - +
Nitrito de
amila + + - - - + + -
Legenda: EAo = Estenose Aórtica; EM = Estenose Mitral; IAo = Insuficiência Aórtica; IM = Insuficiência mitral; EP =
Estenose pulmonar; ET = Estenose tricúspide; IP = insuficiência pulmonar; IT = Insuficiência tricúspide; CMH =
Cardiomiopatia hipertrófica; PVM = Prolapso da Valva Mitral; CIV = Comunicação interventricular. Fonte: Apostila
Extensivo Cardiologia - Valvopatias/Legenda: Resumo das manobras e da relação com a valvopatia/cardiopatia
congênita associada
Galera, agora estamos prontos para finalizar a consulta do seu João e brilhar na passagem de
caso para o seu preceptor do ambulatório? Vamos lá! Como já vimos, seu João nos informou
que estava há alguns meses com queixa de síncope, angina e dispneia. Ao realizarmos o
exame físico, à ausculta, percebemos um sopro sistólico, em diamante, além de um pulso de
longa duração e baixa amplitude, o famoso pulso parvus et tardus! E aí, galera? Agora ficou
fácil, não é mesmo? O diagnóstico do nosso paciente é estenose aórtica e percebemos isso
com nossa história clínica bem colhida e o nosso exame físico minucioso! Bom, esperamos
que esse material te ajude nos seus estudos e que seja útil para revisar e aprender mais sobre
essa fascinante área que é a Cardiologia!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Semiologia Clínica - HCFMUSP - 1ªa edição
57 Índice
SEMIOLOGIA
NEUROLÓGICA
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia Neurológica
Fala galera? Tudo bem com vocês? Hoje estamos aqui para falarmos um pouquinho dessa
especialidade temida por muitos: a Neurologia. Mas, é de fundamental importância que
saibamos avaliar e examinar nossos pacientes, certo? E para isso, a semiologia neurológica é
essencial!
Ao final da leitura deste ebook, portanto, esperamos que vocês estejam craques nos principais
pontos a serem analisados e examinados no dia a dia e prática clínica, tanto na anamnese
quanto no exame físico!
Fique esperto: é importante que você sistematize, crie sua rotina (especialmente se
considerarmos as provas práticas). Damos nossas dicas, mas, sintam-se livres para fazer
modificações!
ROTEIRO: 5 PASSOS!
• Passo 1: nível de consciência. Impressão inicial logo no primeiro contato com o paciente!
Fonte: https://www.google.com/search?q=precentral+and+postcentral+gyrus+brain&sxsrf=AOaemvLYO1ZibHriuO6
OBT_2D9ZgAVG-aw:1631395333461&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiT2Nqa7ffyAhVBH7kGHaxBCnQQ_
AUoAXoECAIQAw&biw=1280&bih=698#imgrc=YLIY67HPeiKytM&imgdii=9w_WCy9HWmZVJM
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia Neurológica
• Passo 4: avaliação dos nervos cranianos. Pertinho o cerebelo, temos o tronco encefálico,
localização da maior parte dos nervos cranianos.
• Passo 5: sinais meníngeos. Finalmente, já que estamos na nuca, procuremos por sinais de
irritação meníngea!
• Avaliação descritiva: o paciente estabelece contato visual com o examinador? Por quanto
tempo? Como se encontra no leito? Obedece aos comandos?
• Atenção sustentada: pedir para o paciente contar de 1 a 10 em ordem inversa (ou seja, de
10 até 1) ou dizer os meses do ano em ordem inversa (de dezembro a janeiro);
• Um teste bem consolidado que avalia a atenção é o teste de vigilância, que utiliza a frase
“CASA BLANCA”. Nesse teste, o examinador irá soletrar essa frase e a cada “A” o paciente
deve levantar a mão. Se cometer 2 erros ou mais, o teste é considerado alterado.
60 Índice
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Semiologia Neurológica
Espontânea 4
Comando verbal 3
Abertura ocular
Estímulo doloroso 2
Ausente 1
Orientado 5
Confuso 4
Resposta verbal Resp. Inapropriadas 3
Resp. Incompreensíveis 2
Ausente 1
O estímulo doloroso pode ser realizado no trapézio, região supra-orbitária (figura A) e leito
ungueal (figura B). É importante realizar o estímulo bilateralmente e nos quatro membros,
porque devemos sempre considerar a melhor resposta, mesmo em casos de déficits
neurológicos focais, em que a resposta considerada é a do melhor membro.
61 Índice
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Semiologia Neurológica
PASSO 2: COGNITIVO
O exame cognitivo pode demorar muito tempo para ser feito completamente. Nosso objetivo
aqui é descrever a avaliação de dois pontos mais importantes e usualmente cobrados em
provas: linguagem e atenção visuoespacial.
SE LIGA:
LINGUAGEM:
• Fluência verbal: quantidade de palavras ditas por minuto pelo paciente. Sua impressão
subjetiva é o mais importante. Pacientes com fluência comprometida têm a fala
entrecortada e não conseguem dizer uma frase completa com facilidade.
• Compreensão: inicialmente avaliada com perguntas “sim ou não”, como: “o céu é azul?
Cachorro voa?”. Após, com comandos simples e complexos, como pedir para elevar um
membro, mostrar a língua, piscar ou colocar a mão direita na orelha esquerda, por exemplo.
• Nomeação: de objetos e suas partes. Toda afasia cursa com ANOMIA, isto é, incapacidade
de nomear objetos ou partes deles.
ATENÇÃO VISUOESPACIAL:
• Paciente só olha para a direita ou só explora o ambiente à direita?
• Há desvio conjugado do olhar para a direita? Desvio da cabeça ou do corpo para a direita?
FIQUE ATENTO:
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Semiologia Neurológica
A afasia porque a linguagem tem um hemisfério dominante e, na maioria das pessoas (>
90-95%), esse hemisfério é o esquerdo. A síndrome de heminegligência, em que há limitação
na habilidade de direcionar, responder ou orientar-se frente a estímulos apresentados no lado
oposto à lesão cerebral, ocorre porque o hemisfério dominante para a atenção visuoespacial é
o direito. Enquanto o hemisfério esquerdo percebe visuoespacialmente tudo que está à nossa
direita, o direito o faz para tudo que está à nossa direita E esquerda. Logo lesões no hemisfério
esquerdo não surtem repercussões sobre a atenção visuoespacial, pois o hemisfério direito
compensa o que foi perdido.
DICA:
PASSO 3: SOMÁTICO
MOTRICIDADE:
Força
Manobras deficitárias
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Semiologia Neurológica
Figura 2. Desvio pronador na manobra dos braços estendidos (desvio pronador à esquerda). Desvio típico de lesão
piramidal (ou seja, lesão de primeiro neurônio motor). Fonte: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMicm1213343
Figura 3. Manobra de Mingazzini, avalia força de membros inferiores, a queda de um dos membros sugere
fraqueza muscular ipsilateral. Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.slideshare.
net%2Fpauaualambert%2Fmotricidade-62040842&psig=AOvVaw3p-rioinvQ_Yi1wg2ImYxW&ust=1623852065
286000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCNje8cvmmfECFQAAAAAdAAAAABAD
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Semiologia Neurológica
MANOBRAS DE OPOSIÇÃO
Vence a gravidade.
3 Paresia
Se opõe à resistência, mas não é capaz de vencê-la.
Tabela 2 - Graduação de força muscular através de manobras de oposição (Medical Research Council - MRC)
TÔNUS MUSCULAR
O tônus muscular pode ser examinado pela inspeção, palpação e movimentação passiva
dos grupamentos musculares e classificado em: hipo/hipertonia ou normal. As hipotonias
musculares acompanham as lesões do neurônio motor inferior, por exemplo (depois
entenderemos o porquê).
65 Índice
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Semiologia Neurológica
REFLEXOS
Profundos
Avaliados pelo estiramento rápido do tendão muscular causado pela percussão do mesmo,
realizada com o auxílio do martelo de exame neurológico. O paciente deve manter os músculos
bem relaxados e o examinador deve comparar as respostas entre os dois hemicorpos.
• Amplitude;
• Velocidade;
• Polirreflexia.
66 Índice
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Semiologia Neurológica
SE LIGA:
• Abolidos;
• Normoativos;
PAPO RETO:
Superficiais
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Semiologia Neurológica
Figura 4. Como elicitar o reflexo cutâneo plantar. Fonte: DeMyer’s, 7a edição, página 363.
Figura 5. O reflexo cutâneo-plantar normal é caracterizado por flexão dorsal do hálux ao estímulo ascendente
na parte lateral para medial da região plantar. É chamado de sinal de Babinski se houver a extensão do hálux.
Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2010000400037
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Semiologia Neurológica
O reflexo cutâneo-plantar extensor (sinal de Babinski) denota lesão na via piramidal, a qual é
formada pelos tratos corticoespinhais anterior e lateral: com fibras que partem do lobo frontal
(giro pré-central), agrupam-se na cápsula interna e chegam ao tronco onde dividem-se em
um feixe que cruza para o lado contralateral, na altura das pirâmides bulbares - decussação
das pirâmides (trato corticoespinhal lateral), e outro que continua homolateralmente sem
cruzamentos (trato corticoespinhal anterior).
PRA VIDA!
Os bebês mostram uma resposta extensora, que neste caso é normal. Isso
ocorre porque o trato corticoespinhal que corre do cérebro para a medula
espinhal ainda não está completamente mielinizado nesta idade, então o
reflexo não é inibido pelo córtex cerebral. A resposta extensora desaparece e
dá lugar à resposta flexora por volta dos 12-18 meses de vida.
SENSIBILIDADE:
Sempre explique ao paciente o que irá examinar e como ele deve responder.
• Dor: utilizar instrumentos pontiagudos, mas nunca perfurantes (não se deve usar agulha
para examinar - ora, elas foram feitas para perfurar sem sentir dor e, por isso, são
biseladas). Um bom método é com uma espátula quebrada ao meio (sempre teste em
você mesmo antes de testar no paciente!);
69 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia Neurológica
SE LIGA:
Figura 6. Demonstração de como examinar a artrestesia. Fonte: John Patten, 2a edição, página 113.
70 Índice
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Semiologia Neurológica
COORDENAÇÃO:
Figura 7. Em (A) vemos um trajeto linear, normal. Em (B) vemos um trajeto não-linear que caracteriza a
decomposição do movimento, típica de ataxia cerebelar. Fonte: Hal Blumenfeld, 2a edição, página 95.
71 Índice
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Semiologia Neurológica
• Equilíbrio estático: paciente em pé, com a base que se encontra. Há comparação com
quando ele junta os pés, olhando para frente, com os olhos abertos e com os olhos
fechados. Se ao fechar os olhos há queda, temos o famoso sinal de Romberg positivo;
• Marcha: avalia a base, a distância entre os passos, se há tendência à queda para algum
lado (ou seja, lateropulsão), simetria entre os hemicorpos, distância entre os pés e o chão,
entre outras características da marcha;
• Fala: avaliar se há dificuldade para articular as palavras, a fluência verbal, voz “anasalada”
(escape nasal de ar), entre outras alterações;
I (N. OLFATÓRIO):
II (N. ÓPTICO):
Acuidade visual: pode ser avaliada com cartão de Snellen ou cartão de Rosenbaum.
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Semiologia Neurológica
Figura 8. Cartão de Rosenbaum para avaliação da acuidade visual. Fonte: Clin Ophthalmol. 2021;15:859–869.
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Semiologia Neurológica
• Fundo de olho: especialmente se a queixa for cefaleia ou haja hipótese de neurite óptica,
em busca de edema de papila.
Figura 10: exemplo de edema de papila à fundoscopia. Fonte: DeMyer’s, 7a edição, página 165.
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Semiologia Neurológica
V (N. TRIGÊMIO):
Musculatura da mímica facial: Nos casos de paralisia facial, sempre avaliar tanto o andar
inferior (rima labial) quanto o andar superior (fronte) da face, para diferenciar paralisia facial
entre central e periférica.
A porção superior do nervo facial é coordenada pelos dois hemisférios cerebrais. Logo, mesmo
com o comprometimento de um dos hemisférios, o outro mantém a capacidade de contrair
a fronte do paciente. Enquanto isso, na paralisia facial periférica o estímulo não consegue
atingir os músculos da face (todas as fibras que tinham que cruzar, já cruzaram).
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Semiologia Neurológica
Figura 11. Características diferenciadoras da paralisia de Bell (paralisia periférica - figura à esquerda)
e paralisia facial central (paralisia facial secundária a lesão de sistema nervoso central).
Movimentos oculares oscilatórios, rítmicos e repetitivos dos olhos, compostos por uma fase
lenta e uma fase rápida. A fase rápida é a que determina para qual lado o nistagmo “bate”. Eles
podem ser horizontais, verticais, rotacionais ou mistos.
Além disso, podem ser unidirecionais (“bate” só para um lado, independente da posição do
olhar) ou multidirecionais (“bate” para múltiplas direções - por exemplo: ao olhar para a direita,
a fase rápida é para a direita, e ao olhar para a esquerda, a fase rápida muda para a esquerda).
Os unidirecionais tendem a ser periféricos, e os multidirecionais, centrais.
• Avaliação da audição: pode ser feita esfregando a ponta dos dedos próximo ao ouvido, fios
de cabelo, ou o barulho do diapasão e comparar bilateralmente a percepção do paciente
com a sua.
• Elevação do palato: pedir para o paciente abrir a boca e dizer um “AAA”. Avalie se há
elevação adequada do palata e sua simetria.
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Semiologia Neurológica
XI (N. ACESSÓRIO):
• Rigidez de nuca
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Semiologia Neurológica
• Sinal de Kernig: com o paciente deitado com a coxa fletida sobre o abdome, não é possível
estender o joelho completamente pois há dor.
REFERÊNCIAS
1. Campbell, W; Barohn, R. DeJong’s - The neurological examination. 8ed. Wolters Kluwer
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PEDIATRIA
SEMIOLOGIA E
PROPEDÊUTICA
A ANAMNESE
PEDIÁTRICA
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
A Anamnese Pediátrica
A história clínica em Pediatria faz parte do processo de coleta de dados que também envolve o
exame físico e que, dentro da perspectiva da entrevista pediátrica, objetiva construir o raciocínio
clínico que levará a elaboração das hipóteses diagnósticas e do plano de cuidados, sempre
considerando o indivíduo sob o seu aspecto biopsicossocial. Nesse sentido, a anamnese em
Pediatria se estrutura de maneira específica, a fim de possibilitar a construção deste conjunto
de dados, e necessita de uma visão ampliada e detalhista, por parte do examinador, para
evitar lacunas que comprometam a produção deste raciocínio clínico.
Em sua última parte, a anamnese pediátrica se presta a reconhecer o ambiente psíquico e social
habitado pela criança, na tentativa de reconhecer as relações de afeto por ela estabelecidas,
seu espaço sanitário, sua dinâmica e rotina para incluir no plano de cuidados as orientações
necessárias sobre prevenção de acidentes e promoção de saúde.
• Queixa principal e duração (QD): a(s) queixa(s) que motivaram a consulta ou os objetivos
da mesma devem ser registrados utilizando as palavras do informante e associados a
expressão “sic” aquelas afirmativas que não tenham sido comprovadas objetivamente.
• História da moléstia atual (HMA): os sinais e sintomas descritos pelo paciente ou responsável
devem ser registrados de acordo com a adequada terminologia médica (por exemplo:
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A Anamnese Pediátrica
82 Índice
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A Anamnese Pediátrica
• Antecedentes pessoais (AP): abordar de forma lógica e cronológica a fim de evitar lacunas.
Considerar que a criança nasce, alimenta-se, cresce, desenvolve-se, imuniza-se e pode
adoecer, abordando, então, os seus antecedentes:
° Perinatais: planejamento e aceitação da gravidez, duração, pré-natal (quantas
consultas), intercorrências (sangramento, infecção urinária, hipertensão, diabete,
convulsões, obesidade, cirurgia, rubéola, outras doenças, radiografia nos primeiros
3 meses), ferro, vitaminas, medicamentos, drogas ilícitas, fumo e álcool. Tipo de
parto (se cesariana, motivo), local, sofrimento fetal, condições de nascimento. Apgar
(primeiro e quinto minutos), manobras de reanimação. Peso, comprimento, perímetro
cefálico, perímetro torácico ao nascimento. Problemas respiratórios, cianose, icterícia,
problemas alimentares, infecção, convulsão, necessidade de tratamento especial
(incubadora, oxigênio e medicação, fototerapia, cateterismo de vasos umbilicais e
ventilação mecânica), tempo de hospitalização, condições de alta e peso na alta;
° De alimentação: desde seu histórico alimentar, como a presença ou ausência de
aleitamento materno, a época de introdução da alimentação complementar e um
recordatório alimentar de suas últimas 24 horas, de forma precisa e detalhada, com
horários, quantidades e, sobretudo, a qualidade dos alimentos ingeridos;
° De crescimento pôndero-estatural: visão dos pais e seguimento de rotina prévio
sobre o crescimento em peso e estatura da criança - observar gráficos e evolução;
° De desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM): deve-se registrar o período em meses
em que foram obtidos os principais marcos do DNPM a saber: firmar a cabeça, sorriso
espontâneo, segurar objetos, sentar sem apoio, engatinhar, andar sem apoio, controlar
esfíncteres, primeiras frases, correr sem dificuldade, subir escadas, linguagem de
adulto, beber em copo, usar colher, vestir-se. Além disso, busca-se ter noção de como
é o rendimento escolar em pacientes que frequentam a escola;
° De imunizações: checar a caderneta vacinal e status de imunizações até o presente
momento;
° De comorbidades e internações/cirurgias: doenças relevantes, hospitalizações,
cirurgias. Patologias crônicas e uso de medicamentos por longo prazo. Alergias a
alimentos, medicamentos, picada de insetos.
• Antecedentes familiares (AF): Registrar idade e estado de saúde de pais, irmãos e avós.
Registrar, ainda, o histórico das principais doenças familiares a saber: alergia, asma,
diabetes, cardiopatias, convulsões com ou sem febre, hemofilia, hipertensão arterial,
pneumopatias crônicas, retardo de desenvolvimento e tuberculose.
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A Anamnese Pediátrica
familiar médio e uso de drogas) e situação conjugal dos pais (estado civil, separação e
relacionamento). Escola (pública ou privada, tamanho, distância e transporte). Atividades
para escolares (esporte, música e artes), tempo de tela e atividade física. Contato com
animais, dentro e fora da habitação, com tabagistas e com substâncias tóxicas. Atividade
e interesse sexual, conhecimento sobre doenças sexualmente transmissíveis e métodos
contraceptivos (em pacientes com idade apropriada).
Para finalizar, vamos deixar algumas dicas sobre as consultas de rotina de puericultura.
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A Anamnese Pediátrica
A orientação do MS são consultas menos frequentes que o recomendado pela SBP, seguindo
o seguinte esquema, até 24 meses: 1a semana, 1 mês, 2 meses, 4 meses, 6 meses, 9 meses, 12
meses, 18 meses e 24 meses.
O peso e a estatura (ou comprimento, a depender da idade) devem ser aferidos em todas as
consultas, independente da faixa etária.
Todas as medidas devem ser avaliadas de acordo com gráficos de crescimento específicos por
faixa etária e sexo, e idealmente a interpretação deve levar em consideração a evolução, e não
pontos isolados.
A técnica correta varia de acordo com a idade da criança, e está demonstrada nas imagens a
seguir:
Legenda: técnica de pesagem para lactentes ou crianças <15kg: balança pediátrica, com a
criança sentada ou deitada, sem roupas, acessórios ou fraldas. Fonte: Manual de Avaliação
Antropométrica do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) - Rio de Janeiro, 2019
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A Anamnese Pediátrica
Legenda: técnica de pesagem para crianças >2 anos ou >15kg, em balança comum,
sem roupas ou acessórios. Fonte: Manual de Avaliação Antropométrica do Estudo
Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) - Rio de Janeiro, 2019
Legenda: técnica de aferição do comprimento para crianças <2 anos ou <100cm através do uso
de infantômetro: a criança deve estar deitada, com a cabeça reta e apoiada na face superior do dispositivo,
com as pernas esticadas e pés apoiados sobre a face inferior do dispositivo. Fonte: Manual de Avaliação
Antropométrica do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) - Rio de Janeiro, 2019
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A Anamnese Pediátrica
Nuca
Plano de
Frankfurt
Costas
Nádegas
Calcanhar
Legenda: técnica de aferição da estatura para crianças >2 anos ou >100cm. Fonte: Manual de Avaliação
Antropométrica do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) - Rio de Janeiro, 2019
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
A Anamnese Pediátrica
Outro ponto fundamental da avaliação pediátrica de rotina é a avaliação genital. Toda criança
deve ser avaliada sem roupas durante as consultas de rotina, visando identificar alterações do
trato genitourinário como criptorquidia, fimose, hipospádia, virilização e sinais de puberdade.
Por último, mas não menos importante: quando devemos aferir a Pressão Arterial de uma
criança?
A resposta é: depende.
Para crianças saudáveis, a aferição deve ser feita pelo menos 1x/ano, a partir dos 3 anos de vida.
Já para as crianças com fatores de risco para hipertensão, como cardiopatia congênita, doença
renal crônica, prematuros e obesos, a aferição deve ser feita em todas as consultas!
Legenda: técnica correta da aferição da pressão arterial na criança. O comprimento da bexiga do esfigmo
deve corresponder a cerca de 80% da distância entre o acrômio e o olécrano, e a largura, 40%.
A interpretação dos valores é feita de acordo com dados padronizados de acordo com a idade,
sexo e estatura da criança!
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A Anamnese Pediátrica
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. Blank D, Eckert G. Pediatria Ambulatorial: Elementos Básicos e Promoção da Saúde, 2ed.
Porto Alegre: Editora da Universidade - UFRGS, 1995
3. Kac G, Anjos LA, Boccolini C, Lacerda EMA, Castro IRR, Vasconcellos MTL et al. Manual de
Avaliação Antropométrica do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI)
- Rio de Janeiro, 2019
4. Bresolin NL, Sylvestre LC, Kaufman A, Uhlmann A, Garcia CD, Andrade OVB et al: Manual
de Orientação do Departamento Científico de Nefrologia: Hipertensão Arterial na Infância.
SBP, 2019.
89 Índice
GINECOLOGIA
SEMIOLOGIA E
PROPEDÊUTICA
SEMIOLOGIA E
PROPEDÊUTICA
DAS MAMAS
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
INTRODUÇÃO
Fala, galera! Vamos falar sobre um tema muito importante, a semiologia das mamas. É
fundamental que todos os médicos tenham conhecimento básico sobre ela, pois queixas
mamárias são frequentes entre as mulheres, especialmente nas consultas de rotina. Iremos
revisar brevemente a anatomia mamária e depois focar na anamnese e exame físico das
mamas. Vamos que vamos!
ANATOMIA
Cada uma das mamas pode ser dividida em unidades anatômicas chamadas de lobos. A
quantidade média de lobos por mama é de 15 a 20. Por sua vez, cada lobo é subdividido em 20
a 40 lóbulos - que são as chamadas unidades funcionais das mamas. Isso porque cada lóbulo
possui uma média de 10 a 100 alvéolos, que são responsáveis pela produção de secreção láctea
quando há estímulo. Os alvéolos desembocam nos ductos mamários, atingindo as ampolas já
próximas ao CAP. As ampolas funcionam como reservatórios de produto lácteo.
A mama é recoberta pela fáscia superficial nas suas duas porções (superficial e profunda). Junto
à pele, a fáscia anterior da mama se espessa até a pele, formando os chamados ligamentos de
Cooper. Esses ligamentos são responsáveis pela sustentação da mama, e são primariamente
acometidos em caso de neoplasias, o que explica a retração da pele quando da presença de
algum carcinoma mamário.
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93 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
94 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
AVALIAÇÃO CLÍNICA
A Semiologia das mamas visa avaliar, a partir de sinais e sintomas obtidos pela anamnese
e exame físico, o que é normal e o que é patológico. Mesmo considerando o grande avanço
dos exames complementares, uma boa história e o exame físico são fundamentais para a
elaboração dos diagnósticos.
Anamnese
Identificação:
• Nódulo doloroso em uma das mamas, com hiperemia e febre (por exemplo, quadro de
mastite);
• Fluxo papilar esverdeado, não espontâneo (por exemplo, quadro de ectasia ductal);
• Nódulo que surge e depois desaparece com o período menstrual (por exemplo, cisto
mamário).
Por outro lado: nódulo sólido, com crescimento rápido, endurecido, sem sintomas sistêmicos
e com retração da pele deve chamar mais a atenção para a possibilidade de neoplasia,
especialmente em pacientes na pós menopausa.
95 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
3. O fluxo papilar também deve ser esmiuçado, portanto avaliamos a lateralidade, se é bilateral,
se é espontâneo ou se requer estímulo, o volume da secreção e suas características, como
coloração e consistência.
Antecedentes pessoais:
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Também devemos indagar sobre intervenções cirúrgicas nas mamas e destacar o tipo e
localização de cicatrizes. É fundamental questionar sobre o uso de terapias hormonais, os
tipos de hormônios utilizados e a duração do tratamento.
Antecedentes familiares:
Sempre devemos questionar sobre patologias das mamas e mesmo neoplasia de mama em
parentes. História de câncer de mama ou ovário nos familiares de primeiro grau (mãe e irmãs)
ou de segundo grau (linhagem materna), aumentam de forma mais significativa o risco de
neoplasia de mama da paciente. Pacientes com história de mutação BRCA 1 ou 2 ou ainda do
gene TP53 (Síndrome de Li Fraumeni) em parentes de primeiro grau também tem indicação
de rastreamento de alto risco para neoplasia de mama, com mamografia anual intercalada
com ressonância magnética de mamas.
Exame físico
O exame físico das mamas é obrigatório nas consultas ginecológicas. Ele é realizado após
consentimento da paciente e esclarecimento dos passos, preferencialmente em ambiente
privado e confortável para a paciente. É interessante memorizar os tempos do exame para
não esquecer de nenhum passo. Todas as impressões serão cuidadosamente anotadas nos
prontuários das pacientes. O exame é realizado na seguinte ordem: inspeção estática, inspeção
dinâmica, palpação das cadeias linfáticas, palpação das mamas e expressão dos mamilos.
Inspeção estática:
Devemos orientar a paciente para ficar em posição sentada e com os braços relaxados ao
longo do corpo. Devemos analisar o número de mamas, o volume das mamas, o formato
mamário, simetria entre as mamas e a localização. É importante atentar para a presença de
abaulamentos e retrações. Ao observar a pele, devemos analisar a coloração, vascularização,
cicatrizes, presença de lesões e se há edema cutâneo, o famoso “peau d’orange” - pele de
laranja em francês. Na inspeção do complexo aréolo-papilar, analisamos as dimensões, a
simetria, a forma e se há retrações. Devemos também analisar se existem alterações torácicas
ou escapulares, visto algumas malformações congênitas das mamas serem acompanhadas
de malformações de musculatura peitoral ou ainda de arcos costais.
97 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Inspeção dinâmica:
A paciente deve permanecer na mesma posição e serão realizadas três manobras com intuito
de mobilizar as glândulas mamárias. Inicialmente orientamos a paciente a elevar os braços
estendidos lentamente para avaliarmos os ligamentos de Cooper. Em seguida solicitamos
que a paciente posicione as mãos na cintura e realize uma contração da musculatura peitoral,
para evidenciar possíveis nódulos aderidos ou retrações assimétricas. Na última manobra, a
paciente eleva os braços e flexiona o tronco para frente, para que as mamas fiquem pendulares.
98 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Palpação:
Ainda com a paciente sentada, realizamos a palpação das cadeias ganglionares bilateralmente.
Avaliamos as cadeias supraclaviculares, infraclaviculares e por fim, as regiões axilares. Para
avaliar a região axilar, usamos a técnica de Bailey: para a cadeia axilar direita, a paciente deve
deixar o braço direito solto ou apoiado no braço direito do examinador, que irá examinar com
a mão esquerda. Para a região axilar esquerda, faremos o oposto: a mão direita do examinador
é responsável pela avaliação da cadeia ganglionar esquerda.
Na palpação das mamas, solicitamos que a paciente se posicione em decúbito dorsal e eleve
os braços com as mãos na nuca. É preconizado iniciar o exame pela mama sem queixas e
sempre comparar os achados bilateralmente.
99 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Os achados possíveis na palpação incluem: nódulos e espessamentos, que devem ser avaliados
detalhadamente, evidenciando a lateralidade e o quadrante da mama em que se encontra a
alteração, sendo comum ainda o registro ainda da posição do relógio (em horas) e a distância
da alteração até o CAP.
Expressão:
Finalizamos a avaliação das mamas com a expressão papilar bilateral, realizando delicada
ordenha radialmente da base da mama até o complexo aréolo-papilar. Se houver descarga,
temos que observar sua coloração (transparente, branca, sanguinolenta ou variada), sua
consistência (fluída ou pastosa), a simetria, bilateralidade, quantidade secretada, quais são os
ductos excretores e se há ponto gatilho (ponto único que quando estimulado, leva a produção
de secreção, o que aumenta a suspeita de patologia intracanalicular, por exemplo, um
papiloma). Já secreções multiductais levantam a hipótese de afecção sistêmica, especialmente
nos casos de galactorreia.
100 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Finalizamos o exame físico das mamas orientando a paciente a se vestir e sobre os achados
presentes na avaliação. Sempre é válido acalmar a paciente e esclarecer todas as dúvidas,
pois é um exame delicado e que gera expectativas. Se necessário, devemos prosseguir a
investigação com exames complementares.
BIBLIOGRAFIA:
1. FRASSON, Antônio et al . Doenças da Mama. Guia Prático Baseado em Evidências. 2 ed.
Atheneu, 2017.
2. HARRIS, Jay R. – Diseases of the Breast – fifth edition Lippincott Williams & Wilkins/Wolters
Kluwer Health, 2014 e alterações.
3. Carrara HAA, Philbert PMP. SEMIOLOGIA MAMÁRIA. Disponível em: https://edisciplinas.
usp.br/pluginf ile.php/4166225/mod_page/content/3/SEMIOLOGIA%20MAM%C3%81RIA.
pdf. Acesso em 18 de setembro de 2021 às 16:34
4. Medeiros, Francisco. (2015). MANUAL DO EXAME DAS MAMAS. 10.13140/RG.2.1.2238.8563.
Disponível em https://www.researchgate.net/publication/286921354. Acesso em 18 de
setembro de 2021 às 16:34
101 Índice
SEMIOLOGIA E
PROPEDÊUTICA
GINECOLÓGICA
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
O primeiro passo é entender que esse pode ser um momento de tensão para a paciente:
muitas ficam envergonhadas e até mesmo constrangidas durante a anamnese ou exame
ginecológico. Nosso papel, como profissionais da saúde, é garantir boa relação com a paciente,
manter postura ética e transmitir segurança durante todo atendimento.
Vamos estruturar nosso estudo em dois tópicos centrais: anamnese e exame físico, ok?
Estamos juntos?
ANAMNESE
• Identificação;
• Queixa e duração;
• Antecedentes pessoais;
• Hábitos de vida;
• Antecedentes familiares.
Informações referentes a nome, idade, raça, estado civil, profissão, religião, nacionalidade,
naturalidade e procedência são obtidas nesta etapa. Sabemos que esses dados são importantes
para categorizar as pacientes e definir condutas necessárias. Por exemplo, o atendimento
de uma adolescente é diferente daquele oferecido a uma paciente na pós-menopausa.
Concordam?
Queixa e duração
A paciente deve ser questionada sobre a presença dos sintomas que a fizeram buscar
atendimento e duração dos mesmos. Exemplo: corrimento vaginal há 3 dias.
103 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Trata-se da descrição detalhada da queixa referida pela paciente, incluindo duração, sintomas
associados e fatores de melhora ou piora. Vale ressaltar, que muitas pacientes procuram
atendimento ginecológico mesmo assintomática, para avaliação de rotina. Nesses casos,
todos os possíveis sinais e sintomas ginecológicos devem ser ativamente questionados. Na
tabela abaixo estão descritos os principais sinais e sintomas que devem ser investigados.
Dor abdominal/pélvica
Queixas sexuais
104 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Do ponto de vista prático, por exemplo, pacientes com diagnóstico de endometriose podem
apresentar dor pélvica crônica e dispareunia; enquanto pacientes na transição menopausal
podem queixa-se de fogachos e ressecamento vaginal.
Antecedentes pessoais
Hábitos de vida
Antecedentes familiares
Tudo bem até aqui? Acho que vocês puderam perceber a importância da anamnese completa,
não é mesmo? Vamos seguir...
EXAME FÍSICO
105 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
• Exame abdominal;
• Estado geral;
• Estado de hidratação;
• Temperatura;
• Pressão arterial;
• Peso;
• Estatura;
Exame abdominal
Trata-se de um tempo fundamental na propedêutica ginecológica, que deve ser realizado com
a paciente em decúbito dorsal horizontal. A sequência de avaliação deve respeitar a ordem:
inspeção estática, inspeção dinâmica, ausculta, percussão e palpação (superficial e profunda).
O objetivo central é identificar possíveis patologias que cursam com dor pélvica/abdominal
ou massas palpáveis.
106 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
A paciente deve assumir posição ginecológica, em decúbito dorsal, com as coxas e joelhos
fletidos, apoiando os pés nas perneiras. É importante que a paciente esteja despida e, de
preferência, coberta com um avental ou lençol.
A inspeção deve ser realizada no repouso, com objetivo de identificar possíveis lesões locais.
Também é válida a avaliação durante manobra de esforço-tipo Valsalva como forma de
diagnosticar os prolapsos genitais. Recomenda-se ainda a palpação do monte de vênus e da
cadeia ganglionar inguinal bilateral para determinar se há existência de linfonodomegalias.
O objetivo do exame genital interno é avaliar a vagina, o colo uterino, o útero e os anexos. Para
isso, lançamos mão do exame especular e do toque vaginal.
107 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
# Toque vaginal: Também realizado com a paciente em posição ginecológica. Permite avaliar
as características das paredes vaginais, do colo e do corpo uterino. Pode ser realizado de forma
unidigital (quando somente o dedo indicador é introduzido na vagina) ou bidigital (utilizando
dedos indicador e médio). O exame bimanual, por sua vez, realizado com a outra mão apoiada
sobre o hipogástrio, auxilia na avaliação do posicionamento e tamanho do útero, além dos
anexos.
A B
108 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Toque retal
Não é essencial no exame físico obstétrico, mas pode ser necessário em condições específicas.
Um exemplo clássico é a avaliação do acometimento de paramétrio na neoplasia de colo uterino.
Também pode ser realizado o toque retal e vaginal combinados, conforme caracterizado na
figura abaixo.
Devemos ter cautela e não usar a mesma luva para realizar vaginal após a avaliação retal, ok?
109 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Para finalizar, é aconselhável, sempre que possível, realizar o exame ginecológico acompanhado
de outro profissional da saúde.
Além disso, não se esqueçam de que, na maioria das vezes, o ginecologista é o único médico
que a paciente procura periodicamente. Assim, é fundamental que a consulta ginecológica
seja o mais completa possível!
Até a próxima!
REFERÊNCIAS
1. Tratado de Ginecologia da Febrasgo 2019
110 Índice
SEMIOLOGIA E
PROPEDÊUTICA
OBSTÉTRICA
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Durante anamnese e exame físico obstétrico você será capaz de notar na prática essas
alterações, então nada mais justo do que uma breve revisão sobre esse tópico, não é mesmo?
• Cutâneas
• Hematológicas
• Cardiovasculares
• Osteoarticulares
• Renais
• Respiratórias
• Gastrointestinais
Modificações cutâneas
112 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Modificações hematológicas
• Aumento na atividade dos fatores de coagulação VII, VIII, X e do fator de Von Willebrand;
113 Índice
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Modificações cardiovasculares
Modificações osteoarticulares
• Alteração centro gravidade da gestante para a frente, devido ao peso adicional do útero,
feto, anexos e mamas. Para compensar tal alteração, a gestante assume a postura de
lordose lombar e amplia sua base de sustentação, com aparecimento da marcha típica
“marcha anserina”
114 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Modificações renais
Modificações respiratórias
• Nas vias aéreas superiores ocorre vasodilatação, edema da mucosa, congestão nasal e
aumento das secreções.
Modificações gastrointestinais
115 Índice
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As alterações mamárias não foram enfatizadas neste texto, pois temos um Ebook exclusivo
para propedêutica das mamas, OK?
SINAL DESCRIÇÃO
ANAMNESE OBSTÉTRICA
116 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Informações referentes a nome, idade, raça, estado civil, profissão, religião, nacionalidade,
naturalidade e procedência são obtidas nesta etapa. Sabemos que esses dados são importantes
para a avaliação do risco gestacional.
117 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Até aqui já identificamos nossa paciente, reconhecemos possíveis riscos associados à gestação
e sabemos a sua paridade. Devemos então, neste momento, calcular a idade gestacional,
estimar a data provável do parto e identificar possíveis queixas / intercorrências presentes na
gestação atual.
O cálculo da idade gestacional pode ser realizado através da estimativa pela data da última
menstruação (DUM) ou pelo registro do primeiro ultrassom. Na prática essa conta é facilmente
realizada por aplicativos… mas na prova as coisas não são tão simples! Você vai precisar lembrar
dos conceitos básicos da matemática para não errar nenhuma questão...
• Para os meses: subtraem-se 3 meses do mês da DUM nos casos posteriores a março OU
soma-se 9 nos meses anteriores a março
• Dias: 5 + 7 = 12
• Meses: 11 - 3 = 8
• Meses: 1 + 9 = 10
• Note que a conta referente aos dias só poderá atingir 30-31 (a depender do mês). Da mesma
forma, a conta relativa ao mês só poderá alcançar 12. Quando ultrapassarmos esse limite,
deveremos acrescentar um 1 mês e/ou 1 ano.
118 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
QUEIXAS
Náuseas e vômitos
Lombalgia
Pirose
Fadiga e sonolência
Constipação intestinal
Cefaleia
Leucorreia
EXAME FÍSICO
Avaliação geral
• Estado geral;
• Estado de hidratação;
• Temperatura;
• Pressão arterial;
• Peso;
• Estatura;
• Exame abdominal;
119 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Avaliação obstétrica
# Ausculta dos batimentos cardíacos fetais: A ausculta do batimento cardíaco fetal costuma
ser realizada com sonar Doppler a partir da 12ª semana de gestação. O valor de normalidade
varia entre 110-160 bpm.
# Avaliação dos órgãos genitais externos: O exame da vulva inclui a inspeção local, na tentativa
de identificar possíveis lesões ou secreções patológicas.
# Avaliação dos órgãos genitais internos: Inclui a avaliação da vagina, do colo uterino, do útero
e dos anexos.
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
• Toque vaginal: Também realizado com a paciente em posição ginecológica. Permite avaliar
as características das paredes vaginais, do colo e do corpo uterino. Pode ser realizado de
forma unidigital (quando somente o dedo indicador é introduzido na vagina) ou bidigital
(utilizando dedos indicador e médio). Na gestação, nota-se que o colo uterino torna-se
amolecido. Com o avançar da idade gestacional, podemos avaliar também a presença de
dilatação cervical, apresentação fetal e integridade das membranas ovulares. O exame
bimanual, por sua vez, realizado com a outra mão apoiada sobre o hipogástrio, auxilia na
avaliação do posicionamento e tamanho do útero.
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR
• Hemograma
• Glicemia de jejum
• Sorologia de sífilis
• Sorologia de HIV
• Ultrassonografia obstétrica
REFERÊNCIAS
1. Tratado de Obstetrícia da Febrasgo 2019
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CIRURGIA
SEMIOLOGIA E
PROPEDÊUTICA
SEMIOLOGIA
OTORRINOLA-
RINGOLÓGICA
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia Otorrinolaringológica
A anamnese do otorrino não difere das outras áreas. É fundamental a correta interpretação da
queixa principal e sua história pregressa, bem como a investigação de outros sistemas, pois a
queixa pode ser uma manifestação de algo mais complexo. O questionamento sobre hábitos,
fatores de exposição e história laboral também são cruciais em Otorrinolaringologia.
SEMIOLOGIA NASAL
Os dois sintomas cardinais em rinologia são a rinorreia e a obstrução nasal. Eles podem
aparecer agudamente, como num quadro de rinossinusite aguda ou mesmo serem crônicos,
em casos de rinite alérgica, por exemplo. A obstrução nasal é muitas vezes referida pelo
paciente como falta de ar ou sensação de sufocamento. O desafio aqui é compreender o que
o paciente quer de fato dizer com aquela queixa e se de fato a origem dos sintomas é nasal.
A obstrução nasal também é uma queixa de difícil quantificação. Pacientes com hipertrofia
de cornetos nasais ou desvios septais obstrutivos, que não apresentam queixa, ou pacientes
que se queixam de obstrução nasal intensa com exame físico quase normal, são rotina na
vida do Otorrinolaringologista. Desta forma, tenta-se reduzir a probabilidade de interpretação
errônea esmiuçando ao máximo a queixa. Tempo de duração, horário do dia, intermitência,
lateralidade, hábitos que pioram ou melhoram, concomitância com outros sintomas e
progressão são a chave para entender este sintoma.
Por exemplo: em um paciente que se queixa de obstrução nasal fixa à esquerda sem progressão
pensa-se em um desvio de septo nasal. Um paciente que se queixa de obstrução nasal que
ora obstrui um lado, ora o outro pode estar simplesmente queixando do chamado ciclo nasal,
fisiológico, e sentido por apenas uma pequena parte dos pacientes, exacerbado em algumas
condições inflamatórias. Em crianças, quando a queixa não é clara, principalmente advinda de
um acompanhante, o sintoma será descrito como um hábito, como respiração oral, e pode dar
uma pista sobre a obstrução nasal.
A Rinorreia, também chamada de coriza, muitas vezes vem associada à queixa de obstrução
nasal. A definição de coloração, espessura, sazonalidade e lateralidade pode ajudar no
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Semiologia Otorrinolaringológica
Espirros e prurido nasal geralmente são sintomas de cunho irritativo e inflamatório, que podem
ser alérgicos ou não. Nesses casos, as informações ambientais e laborais são importantes para
tentar estabelecer uma relação.
O exame físico nasal começa pela inspeção. A avaliação global da face pode trazer dicas sobre
obstrução nasal crônica, principalmente em crianças. Respiradores orais podem apresentar
hipoplasia maxilomandibular, face alongada, alterações de mordida, palato ogival. É comum
nos alérgicos a presença da Prega de Dennie-Morgan nas pálpebras inferiores e a presença de
uma linha no dorso nasal, conhecida como saudação alérgica. Na inspeção dinâmica, com o
paciente praticando uma inspiração forçada, pode-se notar colabamento da fossa nasal, dando
pista para uma insuficiência de válvula. Em casos de trauma, a inspeção da pirâmide nasal na
procura por afundamentos ou lateralidades é importante, principalmente comparando com
alguma imagem prévia. A palpação nasal também é especialmente válida nestes casos, com
possíveis crepitações e desnivelamentos.
Legenda: alterações dentárias típicas do respirador oral. Fonte: Tratado de Otorrinolaringologia. 3. Ed. Capítulo 81.
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Semiologia Otorrinolaringológica
Apesar de muito praticada, a percussão dos seios da face tem pouco valor preditivo, é
inespecífica e auxilia em quase nada para o diagnóstico. A rinoscopia anterior é a principal chave
do exame físico nasal. É com ela que se avalia de fato a presença de desvios septais, turgidez
da mucosa, presença de secreção, coloração e tamanho dos cornetos inferiores, presença ou
não de lesões obstrutivas, entre outras anormalidades. Evidente que ela tem seu valor limitado
à região anterior do nariz. Com uma boa luz até é possível avaliar o trajeto até a rinofaringe,
porém, para uma avaliação mais completa lança-se mão de exames complementares, como
a endoscopia nasossinusal.
A
Legenda: rinoscopia anterior evidenciando hipertrofia de corneto inferior.
Fonte: Tratado de Otorrinolaringologia. 3. Ed. Capítulo 54.
A queixa de hipoacusia muitas vezes vem associada à de zumbido, visto que a primeira é a sua
principal causa. A hipoacusia pode ser súbita, como nos casos de trauma acústico ou surdez
súbita, ou crônica, com progressão lenta, como nas presbiacusias. No zumbido, geralmente o
jargão utilizado é um “barulho dentro da cabeça, zoeira ou chiado”. Normalmente ele é mais
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Semiologia Otorrinolaringológica
comum no período noturno, pela falta de ruído competidor no ambiente. O zumbido pode
ser classificado como rítmico ou não rítmico, objetivo ou subjetivo. Os zumbidos rítmicos
são aqueles que têm uma frequência contínua, que pode ter associação com a frequência
cardíaca ou não. Os não rítmicos, mais comuns, são aqueles contínuos, geralmente causados
por alterações auditivas.
Legenda: otoscopia evidenciando abaulamento, hiperemia e nível retrotimpânico, otite média aguda.
Fonte: Tratado de Otorrinolaringologia. 3. Ed. Capítulo 14.
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Semiologia Otorrinolaringológica
128 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia Otorrinolaringológica
Inicialmente é necessário compreender o que o paciente entende por tontura. Muitas vezes
a queixa de desequilíbrio é confundida com a vertigem, ou mesmo sintomas de pré-síncope
ou hipoglicemia. É crucial uma anamnese detalhada sobre como ocorre, qual a sensação do
paciente, o tempo real de duração, o que é fator desencadeante, o que é fator de piora, o que
melhora, posição em que ocorre, presença ou não de sintomas associados, associação ou não
com hábitos, presença ou não de zumbido ou hipoacusia nas crises, entre outros. A gama de
diagnósticos é ampla nos casos de tontura e as queixas podem vagas, como “sensação de
cabeça leve” podem dificultar a anamnese.
O exame físico otoneurológico também é vasto. Para a queixa de tontura, é crucial inicialmente
diferenciar a origem central da periférica, principalmente nos casos agudos. Para isso, utiliza-
se um protocolo bem estabelecido chamado HINTS, que é a associação do Head Impuse Test,
avaliação de Nistagmo (espontâneo e semi-espontâneo) e pesquisa do desvio Skew. Além
deles, é importante a avaliação do equilíbrio pelos testes de Romberg e Unterberger, avaliação
dos outros pares cranianos e avaliação com testes posicionais como o Dix-Hallpike e o Head
Roll Maneuver.
A B
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Semiologia Otorrinolaringológica
SEMIOLOGIA FARINGOLARÍNGEA
A queixa de odinofagia é muito comum. E ela pode ter várias etiologias, desde faringoamigdalites
até a respiração oral noturna causando ressecamento da mucosa oral. Uma anamnese bem
feita, entendendo o tempo de duração, momento do dia, associação com outras queixas
inflamatórias ou hábitos como tabagismo, pode auxiliar no diagnóstico. No exame físico é
comum a avaliação somente das tonsilas palatinas, porém, o exame físico de toda a cavidade
oral é essencial, com avaliação de estados de dentição, presença de trismo, alterações de
mucosa jugal, alterações de língua e parede posterior da faringe.
A avaliação das tonsilas passa pela avaliação do tamanho, segundo a classificação de Brodsky
e avaliação de possíveis alterações como assimetrias, hiperemias e possíveis lesões. É comum
a confusão de exsudato purulento de uma amigdalite aguda com caseum nas criptas
amigdalianas.
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Semiologia Otorrinolaringológica
Legenda: faringotonsilite crônica caseosa. Fonte: Tratado de Otorrinolaringologia. 3. Ed. Capítulo 80.
Algumas outras queixas também são comuns, como pigarro, tosse e sensação de globus
faríngeo. São queixas geralmente crônicas, muitas vezes associadas ao refluxo faringolaríngeo,
porém, descritas pelo paciente como se houvesse um “corpo estranho na garganta”. Essa
queixa pode ou não estar associada à disfonia. Assim como a tontura, a disfonia poderia ser
um livro a parte apenas dedicado a ela.
A investigação das alterações vocais passam por uma anamnese detalhadíssima que aborda
desde a percepção subjetiva do paciente sobre a própria voz até a avaliação perceptiva
da voz realizada pelo médico, na tentativa de classificar o tipo e intensidade da disfonia.
Tradicionalmente, utilizam-se parâmetros como percepção global da voz (rouquidão), grau de
soprosidade, instabilidade, aspereza, astenia e tensão. São fundamentais informações como
tempo de início, duração, correlações clínicas, fatores de alívio ou agravo, hábitos, esforço vocal
(laboral ou lazer), presença de dispneia ou estridor associados e questionamentos acerca de
deglutição, como engasgos ou tosse.
O exame físico faringolaríngeo passa invariavelmente pela palpação cervical. Ela deve ser
realizada em busca de alterações como nódulos, lesões, adenomegalias, abaulamentos. A
pesquisa por achados suspeitos de malignidade nos casos de adenomegalia, por exemplo,
é fundamental na suspeita de tumores de cabeça e pescoço. Linfonodos palpáveis, grandes,
rígidos, fixos a planos profundos são classicamente suspeitos. A avaliação laríngea até pode
ser realizada pela laringoscopia indireta com uso do Espelho de Garcia, porém, atualmente,
o uso de endoscópios rígidos ou flexíveis tem tomado o espaço, para garantir uma avaliação
mais precisa.
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia Otorrinolaringológica
Legenda: níveis das cadeias linfonodais cervicais. Fonte: Tratado de Otorrinolaringologia. 3. Ed. Capítulo 138.
Tendo em vista todo o rol de sintomas em otorrinolaringologia e suas nuances, este breve
resumo mostrou apenas os tópicos mais importantes da prática clínica. O aprofundamento
em cada um deles é importante não só para o especialista como também para o médico
generalista.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
1. PIGNATARI, SSN.; ANSELMO-LIMA, WT. (Coord.). Tratado de Otorrinolaringologia. 3. Ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2018.
132 Índice
SEMIOLOGIA
ORTOPÉDICA
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Semiologia Ortopédica
Galera, todo mundo lembra que o exame físico ortopédico é sistematizado em 5 etapas?
Vamos recordar?
1. INSPEÇÃO
2. PALPAÇÃO
A palpação é uma das etapas mais importantes no exame físico ortopédico, onde vamos,
através do tato, detectar anormalidades nas estruturas anatômicas ortopédicas: ossos,
músculos, tendões, ligamentos, vasos sanguíneos etc. Vejam a imagem da palpação da coluna
cervical:
134 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia Ortopédica
3. AMPLITUDE DE MOVIMENTO
4. EXAME NEUROLÓGICO
Faz parte do exame físico ortopédico avaliar a função neurológica do membro através da
mensuração da força motora, sensibilidade e reflexos. Veja o exemplo da avaliação neurológica
da coluna cervical examinando a raiz nervosa de C5 (sensibilidade lateral do braço, força
motora do deltoide e bíceps braquial e reflexo bicipital)
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia Ortopédica
5. TESTES ESPECIAIS
E os testes especiais, galera? Estão lembrados que várias doenças ortopédicas são
diagnosticadas de maneira clínica através de testes especiais? Vamos recordar alguns muito
cobrados?
MÃO
Teste de TYNEL
COTOVELO
Teste de COZEN
Teste para diagnóstico da epicondilite lateral do cotovelo. Como é realizado? com o cotovelo
em 90 graus de flexão e o antebraço em pronação, pede-se ao paciente que faça extensão
ativa do punho contra a resistência que será imposta pelo examinador. O teste será positivo
quando o paciente referir dor no epicôndilo lateral.
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Semiologia Ortopédica
OMBRO
Teste de JOBE
COLUNA LOMBAR
Teste de LASÉGUE
Esse não dá para esquecer, né, pessoal? Teste que reproduz o pinçamento das raízes do
nervo ciático em sua descendência a partir da coluna lombar. Paciente em decúbito dorsal,
o examinador eleva o membro inferior a ser testado observando se há acentuação da dor
irradiada no trajeto do ciático. Se sim, teste +.
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Semiologia Ortopédica
QUADRIL
JOELHO
Teste de LACHMAN
O clássico teste para avaliar as rupturas do ligamento cruzado anterior do joelho. Paciente
em decúbito dorsal, joelho flexionado em 30 graus. O examinador, com uma mão, estabiliza o
fêmur, com a outra mão, traciona a tíbia em sentido anterior. Se houver uma lassidão da tíbia,
transladando anterior, isso sugere ruptura do LCA.
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Semiologia Ortopédica
REFERÊNCIAS
1. VOLPON, José Batista. Semiologia ortopédica. Medicina (Ribeirão Preto), v. 29, n. 1, p. 67-79,
1996.
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SEMIOLOGIA
DO ABDOME
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia do Abdome
Galera, dor abdominal é uma das queixas que mais vemos pacientes chegando no pronto
socorro. É dor na parte da cima do estômago, no pé da barriga, nela toda. É dor que não acaba
mais. E para a gente saber cuidar bem desses pacientes, precisamos entender exatamente o
que estamos procurando quando formos examinar. Então, a propedêutica abdominal entra
em cena!
Para começarmos temos que entender que o abdome é dividido em nove quadrantes,
conforme a imagem abaixo.
2. Epigástrio: lobo esquerdo do fígado, piloro, duodeno, cólon transverso e cabeça e corpo do
pâncreas;
A partir daí vamos ter um guia para nosso exame. Lógico que vamos nos guiar pela história
clínica e antecedentes do paciente, mas examinar corretamente, vai nos dizer em qual
órgão pensar e até direcionar qual exame pedir.
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia do Abdome
INSPEÇÃO
Como todo exame físico iniciamos pela inspeção, ela vai ser feita de forma estática e dinâmica.
Na inspeção estática vamos verificar forma, volume e alterações cutâneas do abdome. Na
inspeção dinâmica, pedimos para o paciente realizar uma manobra de valsalva, buscando
surgimento de abaulamentos, sugerindo hérnias, por exemplo.
• Forma: Na forma vamos avaliar como o abdome se apresenta. Plano, globoso (as custas
de adiposidade ou ascite), escavado (síndromes consuptivas), Batráquio (pós-bariátrica)
ou gravídico.
• Circulação colateral: veias visíveis na parede abdominal, que pode ser do tipo cabeça de
medusa( circulação portal) ou veia cava (circulação mais central).
Abdome escavado
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Semiologia do Abdome
Abdome em Batráquio
Abdome Gravídico
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Semiologia do Abdome
SInal de Cullen
AUSCULTA
• Presença de Ruídos Hidro Aéreos, sinal de que peristalse está funcionante e propulsiva na
medida correta,;
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Semiologia do Abdome
PALPAÇÃO
A palpação abdominal é a arte do cirurgião experiente. São anos palpando barrigas e barrigas
para saber exatamente o que sentir em cada quadrante. Aí vamos dividir em palpação
superficial, na qual vamos avaliar a integridade da parede abdominal, podendo encontrar
lesões superficiais ou hérnias, e palpação profunda, avaliando nossos pontos de interesse
com os famosos pontos dolorosos.
• Epigástro: A dor a palpação epigástrica sugere doenças dispépticas e úlcera gástrica, ela
é bem comum e se associada a um abdome endurecido (em tábua) podemos estar diante
de uma abdome agudo perfurativo.
• Hipocôndrio Direito: Aqui temos o famoso ponto cístico, e se na palpação profunda dele
o paciente realizar uma pausa inspiratória, teremos o glorioso sinal de Murphy, sugestivo
de colecistite.
• Fossa Ilíaca Direita: Entre o terço médio e o terço distal de uma linha imaginária entre
a cicatriz umbilical e a espinha ilíaca ântero superior, temos o ponto de Mcburney, se
o paciente tiver dor à descompressão brusca nesse local, temos o sinal de Bloomberg,
sugestivo de Apendicite Aguda.
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia do Abdome
• Fossa Ilíaca Esquerda: Nessa região temos onde se pronunciam as dores típicas de
doença diverticular, e em alguns casos de diverticulite aguda, podemos até palpar
abscessos locais.
Podemos palpar também visceromegalias, então se sentirmos alguma coisa maciça saindo
por baixo da costela direita, teremos uma hepatomegalia. E se for algo vindo do flanco
esquerdo para cicatriz umbilical, se trata de um baço aumentado.
PERCUSSÃO
• Macicez em outras regiões pode indicar massas intra-abdominais e ascite (macicez móvel
com o decúbito)
• O sinal do piparote é realizado com o paciente apoiando a região lateral de sua mão na linha
média do abdome, e o examinador realizando uma batida no flanco, a qual é transmitida
para o flanco contralateral pela presença de líquido livre abdominal.
146 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Semiologia do Abdome
REFERÊNCIAS:
1. https://www.thelancet.com/doi/story/10.1016/pic.2018.10.16.107370
2. https://doi.org/10.1053/j.gastro.2017.05.032
3. https://doi.org/10.12968/pnur.2013.24.3.141
147 Índice
LESÕES
ELEMENTARES
DE PELE
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Pode parecer muito básico, mas esse é o fundamento de toda a dermatologia! Se você for
capaz de olhar para uma lesão e fazer a descrição correta, muitas vezes conseguirá fazer o
diagnóstico clínico só com base nessa informação!
Um exemplo? Se nós falarmos que um paciente tem vesículas agrupadas sobre uma base
eritematosa no lábio, qual o diagnóstico? Herpes simples!
Mas percebam no exemplo anterior que descrevemos vesículas (lesão elementar) + eritema
(lesão elementar) + agrupadas (padrão de distribuição) + lábio (localização anatômica). Outra
informação importante em alguns casos é o que chamamos de “forma, contorno e dimensões”,
como abordaremos no final deste tema.
Mas vocês sabem o que são vesículas? E qual a definição de eritema? Esse é o foco deste
material, esclarecer o que são as lesões elementares e dar exemplos da vida prática!
MANCHA OU A) Vásculo-sanguíneas
MÁCULA Ex: eritema (mancha vermelha na pele
causada por vasodilatação).
B) Pigmentares
Ex: nevos melanocíticos (“pintas”)
149 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Ex.: psoríase.
Ex.: lipoma.
Variantes:
NODOSIDADE OU TUMOR: Formação
sólida, circunscrita, saliente ou não,
NÓDULO
maior que 3 cm.
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O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
151 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Ex.: impetigo.
152 Índice
O Guia Completo da Semiologia e Propedêutica
Agora vamos falar um pouco daquelas outras características que comentamos lá na introdução:
As formas, contornos e dimensões das lesões associadas podem ser designadas como:
4. Corimbosa (em corimbo, ou seja, uma lesão central e outras satélites ao redor)
Distribuição e número
Fez sentido? Esperamos que sim! Esse material é um resumo dos principais pontos chave,
mas a descrição de todas as lesões elementares e imagens de casos clínicos de cada uma
delas estão na nossa apostila 1 de dermatologia do curso extensivo!
Bons estudos!
REFERÊNCIAS:
1. SAMPAIO, Sebastião AP; RIVITTI, Evandro A. Dermatologia. In: Dermatologia. 2007.
153 Índice
CONCLUSÃO
E aí, curtiu este e-book? Esperamos que este conteúdo seja útil para a sua formação
médica e que agora você esteja craque em avaliar e examinar os pacientes no dia a
dia, tanto na anamnese quanto no exame físico.
Acho que você deve ter notado que é importante seguir um roteiro para não se
esquecer de nenhum passo do exame físico durante a sua prática clínica, então
fique atento! Nessas horas, ter organização, saber sistematizar e criar uma rotina é
fundamental!
PRA CIMA!!
Equipe Medway
Índice 154
O QUE NOSSOS ALUNOS ESTÃO FALANDO?
Índice 155
NOSSA MISSÃO
Todos os nossos esforços na Medway são voltados para uma única missão: melhorar
a assistência em saúde no Brasil. Por meio de um ensino sólido em Medicina de
Emergência e uma excelente preparação para as provas de Residência Médica,
acreditamos que nossos alunos se tornarão médicos ainda melhores do que eram
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Índice 156
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Índice 159
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