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Urgências

Clínicas

Tatiana Leal Marques


HIPERGLICEMIAS – Cetoacidose Diabética e ® Respiração de Kussmaul – tentativa de
Estado Hiperglicêmico Hiperosmolar resolver a acidose metabólica com alcalose
respiratória
Epidemiologia ® Vômitos – tentativa de expelir bicarbonato
® CAD ocorre em 1-5%, esp. em DM1 ® Glicosúria
® EHH ocorre em cerca de 20%, esp. em DM2 ® Desidratação
® Mortalidade da CAD é 5% (jovem em idade ® Alteração do nível de consciência
produtiva) ® Distúrbio hidroeletrolítico
® Mortalidade do EHH é 15-35% (idosos com ® Lipólise
outras comorbidades) ® Perda de potássio para MEC e por diurese e
vômitos
Fatores desencadeantes
PNM, ITU, abscesso, pé diabético, pielonefrite, Particularidades
colecistite enfisematosa, infecção fúngica, A desidratação é mais intensa no EHH.
zigomicose rinocerebral, otite média invasiva, má CAD: hiperglicemia, acidose metabólica, corpos
adesão ao tratamento, IAM, trauma, AVCi, cetônicos e desidratação.
queimadura, trombose mesentérica, TEP, uso de EHH: hiperglicemia, desidratação grave,
bomba de insulina (obstrução de cateter), hiperosmolaridade plasmática, manifestações
interrupção do tratamento com insulina, uso de neurológicas, alteração da função renal.
medicamentos ou substâncias (CE, antipsicótico
[anlozepina, risperidona], l asparaginase,
cocaína), NPT.
Ver se é a primo-manifestação (comum em jovens) da
doença.

Patogênese
Pouca produção de insulina > aumento de
glucagon > glicogenólise, gliconeogênese e
diminuição do uso periférico de glicose.
A cetogênese (na CAD) ocorre pelo aumento do
fluxo de ácidos graxos de cadeia longa do tecido Achados laboratoriais
adiposo para o fígado; esses AG são oxidados a Deve-se dosar: glicemia, HGT, ureia, creatinina,
acetoacetato e a 3-b-hidroxibutirato. EAS, gasometria arterial (parâmetro básico, muito
importante), hemograma (infecções), sódio,
potássio, ECG (hipo ou hipercalemia [onda T
apiculada]).

OBS1: o sódio sofre alterações com a glicemia (quanto


maior a glicemia, mais alto tende a estar o sódio), logo,
deve-se calcular o sódio corrigido a partir da fórmula:
Sódio corrigido = sódio medido + 1,6x(glicose –
100)/100

OBS2: dosar osmolaridade a partir da fórmula (no EHH,


está > 320):
Osmolaridade = 2x(sódio + potássio) + glicose/18

OBS3: calcular ânion-gap (alto na CAD – principal


causa de AG elevado) pela fórmula:
Clinicamente AG = sódio – (cloro + bicarbonato)
® Deficiência absoluta (CAD) ou relativa (EHH)
de insulina Diagnóstico diferencial
® Produção de corpos cetônicos ® Cetoacidose por inanição
® Acidose láctica (metformina)

1
hipocalemia e morte súbita). A velocidade de
infusão do potássio é cerca de 20-30 mEq/h.

3. Insulina
Faz-se insulina regular por via EV (preferível em
casos graves), SC ou IM. O objetivo é que haja
queda dos níveis de insulina a uma razão de 50-
100 U glicemia/hora (queda de 10% da glicemia
em 1 hora).
Como a administração da insulina EV só dura 5
minutos, é preciso manter em BIC, seguindo-se o
® Acidose secundária à ingestão de salicilatos, esquema: 0,15 U/kg/h de insulina regular bolus
metanol, etilenoglicol e paraldeído, IR seguido de BIC 0,1 U/kg/h até atingir glicemia de
250-300; nesses níveis, reduz-se para 0,05
Tratamento U/kg/h.
® Reposição volêmica e restauração da Considera-se como critérios para melhora:
perfusão tecidual ® Na CAD: pH > 7,3; AG < 12; BIC > 18.
® Correção da glicemia e da osmolaridade ® No EHH: osmolaridade < 315 e melhora
plasmática clínica.
® Correção da acidose metabólica e diminuição
da cetogênese 4. Bicarbonato
® Correção das perdas de eletrólitos Em geral, não repõe – pode piorar a hipocalemia
® Diagnóstico e tratamento dos fatores e desencadear acidose paradoxal no SNC. Em
desencadeantes casos de pH < 6,9 ou na presença de hipercalemia
® Avaliar acesso central ou arritmias, pode ser feito.
® Fazer cálculo rigoroso do balanço hídrico
Complicações do tratamento
® Monitorização cardíaca e de PA
periódica/contínua ® Hipoglicemia – verificar glicemia a cada hora
® Hipopotassemia – verificar a cada 2h
1. Hidratação ® Edema cerebral – é raro, mas pode acontecer
Em adulto, deve-se fazer 1L em 1 hora – é esp. em crianças com CAD; deve ser
importante conseguir acessos calibrosos, de suspeitado em casos de início adequado do
preferência 2, ou até acesso central. Ao fazer a tratamento com posterior piora, evoluindo com
hidratação, deve-se observar o paciente e sua flutuação do nível de consciência, respiração
resposta. Em seguida, faz-se mais 0,5-1L nas de Cheyne-Stokes, incontinência urinária; o
próximas horas, a depender de seu estado tratamento é feito com manitol.
hemodinâmico. ® SARA – pela rápida alteração de fluidos
® Quando a glicemia atingir 250, deve-se iniciar ® Acidose metabólica hiperclorêmica – pelo uso
soro glicosado (SG 5%) junto à hidratação do SF
(para evitar hipoglicemia).
® Em pacientes com hipernatremia (sódio > Após a crise
150), deve-se fazer SF 0,45% (e não 0,9%). Deve-se observar normalização de pH, BIC e
melhora dos parâmetros clínicos. Antes de
2. Potássio desligar a bomba (90-120 min antes), deve-se
Devido à perda renal de potássio, costuma haver administrar insulina SC.
depleção de 500-700 mEq; quando faz insulina, o Se a manifestação abriu a doença (primo-
potássio tende a cair. manifestação), deve-se utilizar 0,6 U/kg/d –
Deve-se iniciar reposição de potássio quando normalmente, faz-se 60% basal (glargina ou NPH)
seus níveis forem < 5,5. Em caso de potássio < 2x e 40% regular ou UR 3x.
3,3, não se deve iniciar insulinoterapia (é preciso
primeiramente corrigir o potássio – risco de

2
HIPOGLICEMIA resposta/sintomas adrenérgicos = hipoglicemia
grave).
Epidemiologia
® Alta morbidade física e psicossocial Tratamento
® Pacientes DM1 têm cerca de 1 episódio ® Avaliar a causa
sintomático de hipoglicemia por semana e ® Em casos leves, administrar 15g de
cerca de 1 episódio grave por ano carboidrato
® 4% dos óbitos de DM1 ® Em casos graves, administrar glicose EV ou
® 2,4% em uso de metformina glucagon
® 3,3% em uso de sulfoniureia ® Diminuir insulina basal
® 11% em uso de insulina ® Evitar secretagogos

Diagnóstico
Glicemia < 70 + sintomas compatíveis com
hipoglicemia (adrenérgicos e neuroglicopênicos)
que melhoram com infusão de glicose.

Fatores de risco
® Excesso de insulina ou secretagogos
® Falta de alimento
® Pós ingestão de álcool
® Durante ou após atividade física
® IR

Classificação
® Leve: presença de sintomas neuroglico-
pênicos leves com melhora após ingestão de
15g de carboidrato.
® Moderado: necessidade de ajuda de terceiros.
® Grave: coma ou convulsões com necessidade
de glicose EV 25% (2-4 ampolas) ou glucacon.

Peculiaridades da hipoglicemia em diabéticos


Alguns diabéticos têm resposta contrarregulatória
ineficaz ou atraso na percepção da hipoglicemia.
Nem sempre esses pacientes apresentam
sintomas adrenérgicos, aumentando o risco de
hipoglicemia grave (ausência de resposta
contrarregulatória adequada + ausência de

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CRISE TIREOTÓXICA Doppler de tireoide (aumento da vascularização
da glândula); ECG (arritmia).
Epidemiologia
Ocorre em cerca de 1% dos casos de Tratamento
hipertireoidismo, mas possui alta mortalidade ® Tratar a causa precipitante

tireotóxica e desencadeamento de FA, deve-


se preferir evitar amiodarona e tratar a crise.
(30%). A principal causa é por doença de Graves. ® Bloquear a síntese de hormônios tireoidianos

Nota: em caso de paciente em crise


Normalmente, tem fator precipitante associado, e reduzir os efeitos periféricos dos hormônios
como interrupção do tratamento medicamentoso*, já liberados
infecção, trauma, gravidez, TEP, CAD, uso de ® Suporte intensivo
medicamentos (amiodarona – liberação de ® Tratamento medicamentoso
hormônios já produzidos e aumento do estímulo à o Tionamidas – de preferência
produção endógena de hormônios), uso de propiltiouracil, por diminuir a conversão
contrastes iodados, exames específicos (como periférica de T4 em T3, na dose de 400-
Papanicolau). 800 mcg 3-4x/dia; em caso de
hepatotoxicidade ou hipersensibilidade ao
Fisiopatologia PTU, o metimazol pode ser usado na dose
® Aumento rápido das frações livres dos 40-80 mcg.
hormônios tireoidianos e diminuição da TBG o Betabloqueador – diminuição dos efeitos
® Maior expressão de receptores beta dos hormônios já liberados; costuma-se
adrenérgicos nas células alvo ou modificações preferir propranolol 60-80 mg/dia 4-4h VO
nas vias de sinalização ou 1-3 mg EV 4-4h EV; pode ser usado
® Aumento da resposta celular aos hormônios atenolol 50-200 mg 12-12h; ou metoprolol
tireoidianos no estado de hipóxia tecidual 100 mg 12-12h VO ou 5 mg EV.
o BCC – em pacientes asmáticos ou
Quadro clínico intolerantes aos BB; pode ser usado
® Exoftalmia (proptose) – aumento de diltiazem 60 mg 12-12h ou verapamil 80
fibroblastos na córnea mg 8-8h.
® Tremor de extremidades o Iodo – para redução da liberação dos
® Sintomas adrenérgicos em geral – taquicardia, hormônios tireoidianos já fabricados e
diarreia, vômito, náusea, hipertensão, estocados na tireoide e para redução da
aumento de apetite com perda de peso organificação de T4L em T3; só pode ser
® Sintomas atípicos (5%, esp. em idosos) – feito pelo menos 1 hora após o início da
ganho de peso, apatia medicação anti-tireoidiana. Costuma-se
usar lugol 5% 6 gotas 4x/dia.
Diagnóstico da crise o Glicocorticoide – usado em suspeita de
® Estado de hipertireoidismo pleno e grave insuficiência adrenal AI associada; usa-se
® Procurar fatores desencadeantes hidrocortisona 100 mg 8-8h.
® Critérios de Burch and Wartofsky (Anexo 1) o Lítio – também diminui a síntese de
hormônios tireoidianos e pode ser usado
OBS1: a todo paciente com FA deve-se solicitar TSH e em caso de alergia ou hepatotoxicidade
T4L. importante (CI ao uso das tionamidas); é
OBS2: paciente com hipertireoidismo e sintomas de nefrotóxico, por isso, é importante
ICC (edema de mmii, estertores, EAP hipertensivo) dosagem de ureia e creatinina e deve-se
deve ser investigado para crise tireotóxica. ter cuidado em nefropatas; usa-se
carbonato de lítio 300 mg 8-8h.
Solicitar diante de suspeita de crise
TSH; T4L; hemograma (suspeita de infecção); COMA MIXEDEMATOSO
função hepática (medicamentos como metimazol
são hepatotóxicos); anti-TPO; anti-tireoglobulinas; Epidemiologia
eletrólitos (é comum hipertireoidismo com Acomete < 1% dos casos de hipotireoidismo, mas
hipocalemia); glicemia; bilirrubina; cálcio; EAS; tem mortalidade alta (20%). É mais prevalente em
RxT; hemocultura; cortisol (insuficiência adrenal); idosos (poliqueixosos). A principal causa é por
Nota: a crise tireotóxica costuma ser muito subdiagnosticada.
Ex.: paciente psiquiátrico com crise psicótica aguda ou
paciente em investigação para diarreia crônica e sd. 1
consuptiva são candidatos a investigação da crise.
tireoidite de Hashimoto (AI), mas também pode uma injúria vascular osmótica da BHE,
ocorrer pós tireoidectomia ou pós iodoterapia. resultando em edema e desmielinização dessa
Outras causas incluem uso de amiodarona, de área; logo, deve-se evitar usar solução
interferon, de lítio e hipotireoidismo central hipertônica.
(hipotálamo ou hipófise). Pode acontecer, ainda, ® Cobertores para tratamento da hipotermia
por algum fator desencadeante, como infecção, ® IOT em caso de IRpa
desidratação, arritmia, descompensação de ICC, ® Antibioticoterapia
AVE, cirurgia ou trauma, apendicite, queimadura,
hemorragia GI, anestesia, barbitúricos, INSUFICIÊNCIA ADRENAL
medicamentos (rifampicina, anticonvulsivantes,
analgésicos, sedativos, BB, diuréticos, lítio), Introdução
hipotermia (pode ser fator desencadeante e/ou A glândula adrenal possui 6 g e localiza-se acima
manifestação clínica). do rim. Possui uma zona glomerulosa (produção
de mineralocorticoides, como aldosterona), uma
Quadro clínico zona fasciculada (produção de glicocorticoides,
Hipotermia + alteração mental = pensar em como cortisol) e uma zona reticulada (produção de
coma mixedematoso andrógenos). Seu eixo envolve hipotálamo
® Alterações neurológicas – confusão, apatia, (produção de CRH), hipófise (produção de ACTH)
letargia, coma e adrenal.
® Hiponatremia – esp. sem causa óbvia, é A insuficiência adrenal é definida como deficiência
preciso investigar hipotireoidismo na produção de GC ou de GC e MC. Pode ser
® Bradicardia, hipertensão diastólica, derrame primária ou secundária. A IA primária ocorre
pericárdico (QRS de baixa voltagem), pulsos quando há distúrbios na própria adrenal, como por
reduzidos, ICC Bradicardia + QRS de baixa voltagem causas AI ou infecciosas (TC, paracoco). Nesses
® Hipoglicemia = descartar derrame pericárdico casos, há níveis baixos de cortisol e altos de
® Constipação intestinal, pseudo-obstrução ACTH.
intestinal
® Hipoventilação (redução do drive respiratório) Epidemiologia
® Hipotermia Principais causas de derrame pericárdico –
É doença pouco frequente, sendo a IAS mais
LES, pericardite, hipotireoidismo, TB. comum do que a IAP. É mais comum nas mulheres
Diagnóstico na forma AI (primária) e nos homens na forma
Score diagnóstico (Anexo 2). infecciosa (secundária).
Na suspeita de coma mixedematoso e na
presença dos critérios clínicos, não é preciso História natural da IAP ou doença de Addison
esperar a dosagem de TSH e T4L para iniciar o 1º. Predisposição genética – HLA DR3, CTLA-4
tratamento (a mortalidade é alta). 2º. Fator desencadeante – infecção, estresse
agudo
Tratamento 3º. Produção de auto Ac – alteração na produção
® Levotiroxina 300-400 mcg EV bólus + 1,6 de MC – início de sintomas de baixo débito
mcg/kg/dia até recuperação da consciência + (deficiência de aldosterona), como fraqueza,
medicação oral (depois); quando não há síncope, pré-síncope.
levotiroxina EV, faz-se: levotiroxina 300-600 4º. Prejuízo na produção de GC
mcg VO.
® Dosagem de T4L 1-2x/semana
® Hidrocortisona 100 mcg EV 6-6h – risco de IA
associada
® Correção da hiponatremia com restrição de
água livre (hiponatremia dilucional) – há risco
importante de mielinólise pontina
(desmielinização da parte central da base da
ponte) ao administrar sódio a essas pacientes,
por que a reposição rápida de sódio levaria a

2
Adrenalite autoimune Insuficiência adrenal secundária
É mais comum em países desenvolvidos (90% dos ® Tumores hipofisários ou hipotalâmicos
casos primários) e está normalmente associado às ® Irradiação
sd. poliglandulares (60%). O anticorpo antiadrenal ® Hipofisite linfocítica AI (hipopituitarismo de
está presente em até 75% dos casos e até 50% rápida instalação, esp. em mulher periparto ou
dos pacientes têm outra doença AI associada. com outra doença AI)
® Pan-hipopituitarismo
Síndrome poliglandular tipo 1 ® Apoplexia hipofisária (hemorragia súbita da
É autossômica recessiva e surge na infância. hipófise com infarto)
Caracteriza-se por IA, alopecia, candidíase ® Síndrome de Sheehan (hipopituitarismo pós-
mucocutânea, hipoplasia do esmalte dentário e parto secundário à necrose hipofisária decor-
hipoparatireoidismo. Está relacionada a mutação rente de hipotensão ou choque por hemor-
no gene AIRE que gera defeito na imunidade ragia maciça durante ou logo após o parto)
mediada pelos linfócitos T. ® Infiltração hipofisária
® Corticoterapia prévia*
Síndrome poliglandular tipo 2
IA + DM1 + doença de tireoide; pode também
Quadro clínico da IAP
apresentar anemia perniciosa e vitiligo.

OBS1: o cortisol inibe discretamente o TSH, logo,


pode haver IA e hipotireoidismo subclínico (cortisol
baixo e TSH discretamente elevado) – sendo esse
hipo causado pela própria IA, e não por doença de
Hashimoto.
OBS2: os hormônios tireoidianos aumentam o
clearence de cortisol; se o paciente tem IA +
hipotireoidismo, deve-se repor primeiramente o
cortisol, por que, caso contrário, a levotiroxina vai
aumentar o clearence do cortisol e o paciente vai
apresentar piora importante.

Rastreamento da IA
Tuberculose adrenal
Ocorre em 5% dos pacientes com TB disseminada
e, na maioria das vezes, a doença extra adrenal é
evidente. Dificilmente a IA reverte com o
tratamento. A rifampicina acelera a depuração de
cortisol, piorando o quadro. A visualização da
adrenal calcificada ou fibrosada em exame de
imagem pode ser indicativo de IA infecciosa (50%
em TB).

Outras infecções
Paracoco, histoplasmose, criptococose. O
cetoconazol, usado para tratar a infecção fúngica,
pode precipitar uma crise adrenal por inibir a
esteroidogênese do cortisol. Outros laboratórios
ACTH > 100, ARP, SDHEA, auto Ac (anti-21-
Hemorragia adrenal bilateral hidroxilase).
É mais comum em pacientes com meningococce-
mia, mas pode ocorrer em outras situações (SA Tratamento
AF, sepse). O quadro clínico típico é de queda de ® Reposição de MC e de GC
Hb + dor abdominal ou em flancos + sinais de IA.

3
Anexo 1
® Hidrocortisona 15-25 mg/dia (se > 50 mg
equivale a ação mineralocorticoide)
® Acetato de cortisona 25-37,5 mg/dia
® Prednisona 5-7,5 mg/dia
® Fludrocortisona (Sd. de Addison)

Como monitorizar
O acompanhamento é feito clinicamente: se o
paciente ganha muito peso, deve-se reduzir a
dose; se apresenta vômitos, adinamia ou
fraqueza, deve-se aumentar a dose. Em caso de
estresse, deve-se dobrar a dose.

Crise adrenal
É a forma mais grave e urgente da IA, de
instalação aguda ou por agudização de IA já
existente. Caracteriza-se por anorexia, vômito, dor
abdominal, hipotensão severa, fraqueza,
adinamia. É mais comum na IAP (a secundária
dificilmente leva a crise adrenal). Pode levar a
morte se não tratada. O tratamento é feito com
hidrocortisona 100 mg IM ou EV ou VO em dose
alta (se não muito grave).

Anexo 2

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Mecanismos eletrofisiológicos das arritmias ® Eletrocardiograma:
cardíacas • 12 derivações
® Septo interatrial e feixe de Bachmann • Registro a 2N
® Crista terminalis • Registro a 50 mm/s – em taquiarritmias, pode-
® Óstio do seio coronário se aumentar a velocidade com que o papel vai
® Células ao redor das veias pulmonares – onde correr, objetivando-se analisar melhor o
começam potenciais deflagradores de FA traçado
® Valvas atrioventriculares • Derivações especiais – esofágica (paciente
® Junção atrioventricular (NH) engole o eletrodo)
® Fibras de Purkinje ® Tratamento – depende e baseia-se inicialmente no
Todos esses componentes do coração têm condição de estado hemodinâmico (diz se há tempo para
assumir o ritmo em falha do marca-passo natural (nó espera do efeito da medicação)
sinusal); também podem, contudo, envolver-se na ® Prevenção de recorrências
gênese das arritmias.
Bradiarritmia
Arritmia cardíaca
QRS estreito
Taquiarritmia
QRS largo
OBS: bradicardia e taquicardia sinusais são consideradas
disritmias, condições tidas como benignas.

BRADIARRITMIA

® Bradicardia sinusal – condição benigna


® Parada sinusal – implica necessariamente na
Os estímulos podem ser alterados por:
necessidade de marca-passo (falha do nó sinusal)
Alterações na formação do impulso – taqui
® Bloqueios atrioventriculares (BAV)
automáticas, RIVA, bradicardia sinusal;
• BAV 1º grau
Alterações na condução do impulso – taqui reentrante,
BAV; • BAV 2º grau – Mobitz I e II*
Alterações mistas – Torsade de Pointes (mais grave por • BAV avançado* – às vezes, classificado como
ser mista, com grande potencial de degeneração para Mobitz II (BAV fixo)
fibrilação ventricular). • BAV 3º grau ou BAVT*
® Secundária a medicações – deve sempre ser
Etiopatogenia pesquisado
Um coração normal pode desenvolver arritmias, mas, *Indicação de marca-passo provisório.
dificilmente, desenvolverá arritmias malignas (com Clinicamente, esse paciente chega bradicardico e com
potencial de parada cardíaca e morte). As arritmias instabilidade hemodinâmica (especialmente em BAVT).
benignas envolvem fibrilação atrial em coração normal Pode ocorrer também síncope em BAVT,
ou taquicardia supraventricular, por exemplo. especialmente em apresentação inicial.
Em um coração com algum tipo de anormalidade (como
insuficiência cardíaca), as arritmias podem acontecer A decisão acerca da colocação do marca-passo
consequentes a fenômenos como: depende da causa subjacente da arritmia; se há causa
® Dilatação reversível, retira-se o marca-passo provisório e corrige-
® Hipertrofia se a causa; se a causa não é reversível, coloca-se o
® Fibrose marca-passo definitivo.
® Isquemia subendocárdica
OBS:
® Aumento de catecolaminas
Marca-passo transvenoso: através de veia jugular ou
® Baixa de potássio e magnésio (diuréticos)
subclávia, introduz-se o marca-passo até o coração,
® Pro-arritmia (medicamentos ou energéticos)
onde fica fixado e conectado a um gerador externo.
Todos esses podem interferir no SNA, onde há vários
Marca-passo transcutâneo: utiliza-se desfibrilador para
substratos que podem ser causadores ou
servir como marca-passo, que fica estimulando o
propagadores das arritmias.
coração utilizando-se da musculatura estriada
esquelética (o paciente precisa estar sedado, por que
Abordagem diagnóstica e terapêutica
causa dor – choque que chega ao coração).
® História clínica
® Identificação da cardiopatia subjacente
Os marca-passos que assumem o comando em falha do nó
sinusal têm frequência abaixo da do nó sinusal, tendem a
degenerar com o tempo e são mais sujeitos a taquiarritmias – por
1
isso, essas condições envolvem necessidade de marca-passo.
Aqui, as medicações taquicardizantes não costumam Síndrome do coração do feriado: pode acontecer
ser eficazes. Pode-se utilizar adrenalina ou atropina de TPSV por reentrada nodal de forma transitória em
maneira provisória, mas o efeito é pequeno. corações normais por causas externas e reversíveis
(como ingestão alcoólica ou cafeína em excesso, por
Resumo: diante de uma bradiarritmia > marca-passo exemplo).
provisório + identificação de causa subjacente > causa
identificada e reversível = reversão da causa; causa Tratamento clínico
não reversível = marca-passo definitivo. ® Manobra vagal:
Se o serviço de saúde não tiver marca-passo, deve-se • Compressão do seio carotídeo
estabilizar hemodinamicamente (noradrenalina, • Cuidado em idosos – risco de soltura de placa
dobutamina, dopamina – ajudam ao débito cardíaco) o de ateroma; não fazer bilateral.
paciente e encaminhar a um centro que o possua. • Bolsa de água gelada na face
• Compressão do globo ocular
TAQUIARRITMIAS • Manobra de Valsalva
• Elevação passiva dos membros
QRS estreito – origem supraventricular
® Fármacos:
QRS largo – origem ventricular
Fase aguda:
• Adenosina 6-8 mg* – muito mal-estar/sensação
TAQUICARDIA PAROXÍSTICA SUPRAVENTRI-
de morte iminente (indução de parada com
CULAR POR REENTRADA NODAL
retorno do batimento em seguida)
Aspectos clínicos
• Cefilanide 0,04-0,08 mg (agem diminuindo a
® É mais frequente no sexo feminino e após os 40
condução – esse e abaixo)
anos
• Verapamil 5-10mg
® É o tipo mais frequente de taquicardia
• Procainamida 10-15 mg/kg
supraventricular – 60% dos casos para EEF
• Propanolol 1-3 mg EV em 1-5 min
® Desencadeamento das crises:
• Metoprolol 5-10 mg EV
• Noturnas, mais frequentemente depois de
A situação em que não se faz medicação é quando há
deitado
instabilidade. Se há choque, hipotensão, desconforto
• Mudanças de posição do corpo
respiratório ou sinais de acometimento cerebral, a
• Estresse emocional ou físico
conduta é cardioversão.
• Às vezes, sem fator desencadeante
® Duração variável – poucos minutos a horas PRÉ-EXCITAÇÃO VENTRICULAR
® Reversão espontânea ou necessidade de Critérios eletrocardiográficos (e diagnósticos)
intervenção ® Intervalo PR < 120 ms
® Presença de onda delta
Sintomas
® Duração do QRS > 120 ms
® Palpitações – pescoço ou peito
® É comum a associação com alteração da
® Tonturas/desmaios repolarização ventricular
® Dor no peito ® Síndrome de WPW: critérios eletrocardiográficos +
® Falta de ar sintomas (isto é, WPW = pré-excitação ventricular
® Fadiga + taquicardias ou palpitações). Se há só sintomas,
® Suor frio é pré-excitacao ventricular.
® Sensação de vazio no estômago Na síndrome de WPW, se associada à fibrilação, há
® Dor na barriga/sensação de cólica degeneração para fibrilação ventricular. Ao ECG, na
® Poliúria (durante ou após a crise) – menos prática, vê-se onda que “sobe devagar”, deixando o
frequente intervalo PR curto e o QR largo; habitualmente, há
inversão de onda T.
Aqui, não se pode fazer verapamil – inibe o sistema de
condução AV, ficando só pela via rápida do feixe
anômalo, culminando em piora clínica.

FLUTTER ATRIAL
Instabilidade atrial, de modo que as forças elétricas
começam a ser liberadas em frequência muito rápida
OBS: onde P retrógrada ao ECG. (250-300 bpm), com ondas F características em
substituição às ondas P.

2
Sua fisiopatologia envolve a crista terminalis e ao redor Taquicardia regular, com frequência cardíaca de 100
das veias pulmonares. São ritmos anárquicos que bpm, com complexos QRS alargados (> 0,10 s), que se
começam a ser produzidos e propagados. origina abaixo da bifurcação do feixe de His.

Diagnóstico eletrocardiográfico Importância clínica


® Ondulações regulares e de morfologia semelhante: ® Frequentemente associado a cardiopatia
• Ondas F negativas em D2, D3 e aVF – tipo ® Arritmia que acarreta risco de vida (“arritmia
comum maligna”)
• Ondas F positivas em D2, D3 e aVF – tipo ® Precede casos de fibrilação ventricular e morte
incomum súbita
• Ausência de linha isoelétrica entre as ondas F ® Alta probabilidade de recorrência
® Frequência das ondas F:
• 240-340 – tipo I Aspectos clínicos
• 340-433 – tipo II (atípico) ® Palpitações
® Frequência ventricular: 150, 75 bpm ou variável, ® Tonturas
rítmico ou irregularidade rítmica ® Falta de ar
® Condução AV: 2:1, 4:1, 6:1 etc. (onda F:QRS) ® Pré-síncope/síncope
• Insuficiência mitral
FIBRILAÇÃO ATRIAL • Relaxamento ventricular incompleto
O ritmo é ainda mais anárquico, com completa • Disfunção ventricular
desorganização das ondas f. ® Desconforto epigástrico
® Sensação de calor pelo corpo
Tratamento do flutter e da fibrilação atrial ® Angina
Depende da estabilidade hemodinâmica. Se o ® Nenhum
paciente chega instável, o tratamento é cardioversão.
Requer muito cuidado, por que, ao tratar, pode induzir Classificação
AVE. O átrio, em FA ou em flutter, não tem contração ® Quanto à morfologia do QRS:
efetiva. Isso significa que o fluxo de sangue nessa
• Monomórfica
câmara fica mais lento, tendendo, por isso, a coagular
• Polimórfica
– o que acontece em 48h. Por isso, passadas 48h,
® Quanto à duração:
pode-se admitir que já há presença de coágulo, ao
• Sustentada – > 30s de duração/só melhora
menos nas auriculetas (apêndices atriais). Dessa
com cardioversão
forma, antes de fazer a reversão dessas taquiarritmias,
• Não sustentada – > 3 batimentos (salva), < 30
é importante perguntar quanto tempo faz desde o início
seg
do quadro: se há mais de 48h, deve-se fazer
OBS: Se 2 batimentos – extrassístole ventricular
anticoagulação por 4-6 semanas ou colocar
variada
transesofágico antes da cardioversão; em caso de
dúvida acerca do tempo de início, prefere-se não fazer
a cardioversão de urgência. Diagnóstico eletrocardiográfico da taquicardia
Quando não se pode reverter, pelas condições ventricular
supracitadas, deve-se controlar a FC com ® FC 120-150 bpm
medicamentos cronotrópicos negativos (que não ® Complexo QRS com duração > 120 ms
fazem cardioversão), como BB, BCC, digoxina. ® Ritmo regular (variação máxima de 40 ms)
Em caso de preferência por cardioversão química, ® Polaridade das ondas T oposta à dos complexos
utiliza-se amiodarona, propafenona ou quinidida. QRS
® O mais disponível é amiodarona – esquema: 150- ® Dissociação AV
300 mg bólus ou 300 mg em 1h e manutenção de ® Batimentos de captura e fusão ventricular
900 mg em 24h). ® Eixo dos complexos QRS no plano frontal
® A propafenona é uma medicação segura, rápida e ® Aspectos morfológicos do QRS nas derivações V1
eficaz desde que não haja cardiopatia estrutural e V6
associada (em sua presença, pode precipitar
insuficiência cardíaca e levar à morte) – aqui, pode Tratamento clínico
ser feita VO; 300-600 mg inicial. ® Colapso hemodinâmico – cardioversão elétrica
® Hemodinamicamente tolerada
TAQUICARDIA VENTRICULAR • Procainamida
Definição • Lidocaína
• Amiodarona

3
• Dosagem dos eletrólitos Ca, K e Mg

Prevenção de recorrências
® Tratar cardiopatia subjacente
® Abolir fatores desencadeantes
® Tratamento medicamentoso:
• Empírico
• Guiado por estudo eletrofisiológico/Holter
® Desfibrilador automático implantável – funciona
como marca-passo que faz leitura do ritmo
cardíaco; quando identifica os critérios
eletrocardiográficos da TV, já faz a cardioversão
(prevenção contra morte súbita).

Resumo:
1. Indicações de marca-passo = BAVT, BAV
avançado, Mobitz II e parada sinusal;
2. Instabilidade hemodinâmica = cardioversão
elétrica;
3. Flutter atrial e FA: até 48h = cardioversão
elétrica ou química; após 48h =
anticoagulação 4-6 sem + controle da FC ou
transesofágico para descartar presença de
coágulo;
4. TV: estabilidade = medicação; instabilidade =
cardioversão;
5. Não mandar o paciente para casa sem tratar.

4
Habilidade fundamentais ao médico generalista Avaliação do paciente com queixa
no PS osteomuscular – anamnese e exame físico
Avaliação e conduta inicial em:
® Artrites ANAMNESE
® Lombalgias ® Manifestações articulares:
® Fase aguda da Chikungunya • Dor*
® Imunossuprimidos • Edema*
• Calor
Diagnóstico diferencial das artrites • Rigidez
• Deformidade
® Manifestações extra-articulares:
• Pele e mucosas
• Oculares
• Pulmonares
• Cardíacas
• Gastrointestinais
• Neurológicas
• Vasculares

Dor articular
® Artralgia:
• Subjetiva
• Sem alteração ao exame físico
• Menos específica
® Artrite:
• Objetiva
• Edema, calor, rubor ou limitação
• Mais específica
Aspectos interessantes nas artrites
® Tempo – agudo (até 6 semanas) x crônico Caracterizar a dor
® Padrão de acometimento ® Inflamatória
• Ex.: AR – artrite de mãos e pés de forma ® Mecânica
simétrica e aditiva; LES – artrite de grandes ® Compressão radicular
articulações de forma migratória e assimétrica; ® Irradiada
espondiloartrite – artrite de grandes
articulações de forma aditiva e assimétrica com Sintomas associados
predomínio em mmii, normalmente associada a ® Edema
dor lombar; gota – monoartrite recorrente,
® Rigidez pós-repouso
normalmente em tornozelo e pé.
® Impotência funcional
® Sintomas associados – febre, perda de peso,
lesões cutâneas, queda de cabelo, dor lombar –
Manifestações extra-articulares mais frequentes
ajuda a diferenciar se é sistêmico ou localizado
® Pele e mucosas:
nas articulações.
• Manchas
® Sempre pensar em artrite séptica – emergência
• Alopécia
médica; se não há como excluir, é necessário
• Raynaud
fazer punção
• Livedo reticular
® Comorbidades – ex. imunossuprimidos, usuários
de drogas – maior tendência a artrite séptica • Úlceras
® Janela de ouro das artrites: 12 semanas ® Coração e pulmões:
Janela de oportunidade para tratar o paciente; • Pleurite/pericardite
até 12 semanas, o tratamento tem melhor • HAP
resposta e o prognóstico é muito melhor. • HAS
• Pneumonite
• Cardite
Nota: a artrite séptica apresenta-se como monoartrite associada
a febre e a outros sintomas sistêmicos; normalmente, por
Staphilococcus aureus; tratamento é oxacilina. 1
® Aparelho genito-urinário:
• Nefrite
• Cistite
• Uretrite
• Cervicite
® Vascular:
• Alteração de pulsos
• Vasculites cutâneas
• Tromboses
® Sistema digestivo: ® As etiologias e o plano de investigação são
• Alteração de motilidade direcionados pelos sinais de alerta
• Xerostomia ® Lombalgias x lombociatalgias
• Diarreia ® Lombalgias inflamatórias – retardo no
® Olhos: diagnóstico
• Conjuntivite
Pacientes imunossuprimidos
• Episclerite
® Devem ser minuciosamente examinados e
• Uveíte
avaliados
• Xeroftalmia
® Sempre considerar exames
® Sistema nervoso:
® Sintomas podem corresponder tanto a atividade
• Neuropatias
de doença quanto a infecções típicas e atípicas
• Convulsões
® Uso de quimioterápicos de forma precoce
• Coreia
® Avaliação semelhante aos pacientes com câncer
® Sistema hematológico:
® Cuidado ao encaminhar o paciente a um médico
• Anemia
assistente – risco de infecção fulminante
• Citopenia
• Plaquetopenia
• Trombose

Exame físico
® Pode ser realizado em pé, sentado ou deitado
® O foco é a área dolorosa ou comprometida
® Sempre comparar com o lado oposto
® Inspeção estática (em repouso)
® Inspeção dinâmica
® Palpação
® Mobilidade
® Testes especiais

Screening rápido de avaliação musculo-


esquelética
GALS – Gait1, arms, legs, spine2
1
Observar o paciente andando alguns passos, indo e
voltando. Analisar simetria, fraqueza e habilidade
para fazer a volta.
2

2
GALS – exame rápido para fazer em caso de
queixa reumatológica

1. Marcha

3. Pernas

2. Mãos

4. Coluna

3
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA 3. Miopatias, alteração dos mm. intercostais e
diafragma – miopatia do doente crítico,
Conceito polimiosite
Insuficiência respiratória aguda é a incapacidade 4. Disfunção medular – TRM, ELA
do sistema respiratório de manter a ventilação 5. Disfunção do n. frênico
e/ou oxigenação agudamente. Também pode ser
definida como a incapacidade de manter as trocas Quadro clínico
gasosas. Sintomas:
Caracteriza-se por PaO2 ≤ 60 mmHg e/ou PaCO2 ® Dispneia, fadiga, prostração
> 50 mmHg. ® Cefaleia, dor torácica
® Alterações de consciência, dificuldade de
Fisiologia concentração
® Ventilação alveolar Sinais:
® Difusão ® Taquipneia, bradipneia
® Relação ventilação-perfusão ® Tiragem intercostal, tiragem de fúrcula,
respiração abdominal
Tipos de IRpA ® Ausculta pulmonar anormal
® Tipo 1 – hipoxêmica ® Hipoxemia: cianose, agitação
® Tipo 2 – hipercápnica ® Hipercapnia: hiperemia conjuntival, torpor
® Combinação
Diagnóstico
Causas de IRpA hipoxêmica Gasometria arterial:
1. Redução da FiO2 ® PaO2 < 60 mmHg (em ar ambiente)
• Baixa pressão barométrica (altitude ® PaCO2 > 45 mmHg
elevada) ® Ou elevação > 10 mmHg com pH < 7,35
• Confinamento em ambiente hermético ® Saturação de oxigênio (SaO2) < 90%
2. Distúrbio ventilação/perfusão (V/Q)
• Edema pulmonar, pneumonia, SDRA, PaO2/FiO2
TEP, hemorragia alveolar, doenças Pacientes com oxigênio suplementar
intersticiais, asma e enfisema ® PaO2/FiO2 > 400: normal
3. Shunt direita-esquerda ® PaO2/FiO2 = 300-400: déficit de oxigenação
• Parte do sangue venoso misto ganha a ® PaO2/FiO2 < 300: insuficiência respiratória
circulação sem participar da troca ® PaO2/FiO2 < 200: insuficiência respiratória
• Atelectasias, shunt intracardíaco grave
4. Distúrbios de difusão – alteração da
membrana alvéolo-capilar Gradiente alvéolo-arterial O2
• Fibrose pulmonar, edema pulmonar DAO2 = PaO2 - PaO2
intersticial, dolagenoses, doenças PaO2 = (PB - PH2O) x FiO2 - PaCO2/R
infecciosas PB = 760; PH2O = 47; R = 0,8
5. Hipoventilação alveolar ® Permite avaliar se há bloqueio à passagem de
• Queda do volume-minuto ar entre o alvéolo e o sangue arterial – valor
• Asma, DPOC, narcose, intoxicação, normal: 10-20 mmHg
acidentes vasculares cerebrais. ® Hipoxemia com gradiente aumentado: defeito
de trocas alvéolo-capilares
Causas de IRpA hipercápnica – redução da ® Hipoxemia com gradiente normal:
ventilação alveolar hipoventilação alveolar
1. Rebaixamento do nível de consciência
afetando o drive respiratório: sedação, drogas Radiografia do tórax
do SNC, intoxicações, AVC. ® Consolidação
2. Doenças neuromusculares – MG, ® Opacidades alveolares
polirradiculoneurite ® Opacidades intersticiais

1
® Doença pleural 3.Otimizar a capacidade neuromuscular:
® Deformidade torácica: ® Tratamento das doenças neuromusculares
• Alterações discretas – asma, DPOC, TEP; ® Repouso temporário da musculatura fadigada
etiologia extrapulmonar. ® Nutrição adequada corrigindo desnutrição
® Equilíbrio hidro-eletrolítico: potássio,
Outros exames magnésio, cálcio e fósforo
® ECG e ECO ® Evitar drogas implicadas em miopatias
® Enzimas cardíacas ® Adequar a oferta de oxigênio para os músculos
® TC de tórax respiratórios – aumentando DC, melhorando a
® Hemograma, culturas anemia
® TC de crânio
® Eletroneuromiografia 4. Diminuir a carga respiratória:
® Diminui metabolismo: tratar febre,
Tratamento hipertireoidismo, agitação, dor
® Tratar a patologia ou fator desencadeante da ® Diminui produção de CO2: evitar dieta
IRpA (1) excessiva ou rica em carboidratos
® Ofertar oxigênio e/ou suporte ventilatório sob a ® Suporte ventilatório (VMI ou VMNI)
forma de ventilação invasiva ou não invasiva ® Diminuir a resistência de VA – broncodilatador
(2) e aspiração de VA
® Otimizar a capacidade neuromuscular (3)
® Diminuir a carga respiratória (4) VENTILAÇÃO MECÂNICA

1. Tratar patologia/fator desencadeante: Início depende do julgamento clínico


® Pneumonia – antibióticos ® Indicativos de maior gravidade:
® Edema pulmonar – diuréticos, VMNI, • FR > 40 ipm
vasodilatadores • Sudorese e cianose
® TEP – anticoagulação • Rebaixamento de consciência
® Pneumotórax – drenagem • Silencio respiratório na ausculta, apesar do
® Anemia – transfusão esforço
• Hipoxemia grave e refratária – acidose
2.Oferta de oxigênio: respiratória progressiva
® Cateter nasal
® Máscara facial Principais indicações
® Máscara de Venturi ® PCR
® Ventilação não invasiva (VNI) ® Hipoventilação e apneia
® Ventilação invasiva ® Falência mecânica do aparelho respiratório
® Pacientes retentores de CO2: suplementar ® Insuficiência respiratória devido a doença
oxigênio visando SpO2 entre 90-92%. pulmonar instrínseca e hipoxemia
® Pode ser feito por: ® Prevenção de complicações respiratórias
• Cânula nasal: fluxo máximo 4L/min; (pós-operatório)
estima-se que cada litro aumenta 3% na
FiO2. Considerações
• Máscara simples – fluxo mínimo 5L/min. ® Suporte ventilatório com pressão positiva sob
• Máscara com reservatório: inspira o a forma invasiva e não invasiva
oxigênio que preenche o reservatório; o ar ® Na VM com pressão positiva, a insuflação
exalado sai pelas válvulas; oferta alta de pulmonar ocorre quando a pressão e o fluxo
FiO2. são aplicados na VA proximal aberta
• Máscara de Venturi: sistema de alto fluxo; ® A VM invasiva exige o posicionamento do tubo
oxigênio passa por orifício sob pressão. A endotraqueal
FiO2 varia de 24-50%.

2
VM não invasiva 4. Monitorizar: FR, FC, PA, SaO2, consciência
® Pode diminuir a necessidade de intubação e 5. Extubação
suas complicações 6. Em caso de fracasso, nova tentativa após 24h
® Redução da mortalidade em DPOC
descompensado e EAP Via aérea definitiva
® Contra-indicações: Definição: tubo colocado na traqueia com cuff e
• Alteração do nível de consciência balão insuflado.
• Agitação Situação em que é possível ventilar e proteger a
• Instabilidade hemodinâmica VA de aspiração.
• Trauma facial
INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
• Secreção ou vômitos

Considerações
Ciclo ventilatório
® Não deve exceder 30 segundos
® Fase inspiratória
® Permite controle das VA
® Mudança da fase inspiratória
® Protege contra aspiração
® Fase expiratória
® Possibilita elevadas concentrações de O2
® Mudança da fase expiratória
® Permite aspiração traqueal
Técnicas ventilatórias ® Possibilita administração de drogas via
® Controlada: sem a interferência do paciente endotraqueal
® Assistida: esforço respiratório do paciente • NELA – naloxone, epinefrina, lidocaína,
atropina
® Assisto-controlada

Avaliação das vias aéreas


Modos ventilatórios
® Distância inter-incisivos > 3 cm
® Ventilação controlada a volume (VCV): a
fase inspiratória do ciclo é encerrada quando ® Comprimento dos incisivos superiores curtos
um volume corrente é atingido. ® Conformação do palato não estreita
® Ventilação controlada a pressão (PCV): ® Protrusão voluntária da mandíbula – dentes
recebe uma pressão programada em VA mandibulares ultrapassam linha dos maxilares
durante um tempo específico; ideal na DPOC ® Comprimento e largura do pescoço
e SARA. ® Movimento de flexão do pescoço a 35º e
® Ventilação mandatória intermitente extensão da cabeça a 80º
sincronizada (SIMV): o paciente respira em
ciclos espontâneos ao tempo em que recebe Mallampati
ventilação mandatória.
® Ventilação com suporte pressórico (PSV):
assistido; a inspiração termina ao atingir
determinado fluxo. Há risco de apneia.

Desmame da ventilação
Transição da ventilação artificial para a
espontânea. Os critérios para desmame são:
® Melhora clínica;
® Troca gasosa adequada (PaO2 ≥ 60 mmHg;
FiO2 ≤ 0,4; PEEP 0,5 cm H2O);
® Estabilidade hemodinâmica.
Indicações para intubação traqueal
Passos para desmame da ventilação Proteção da VA:
1. Interromper a sedação ® Alterações do estado de consciência
2. Método assistido ® Comprometimento anatômico da VA
3. Redução gradual da pressão de suporte ® Diminuição dos reflexos

3
® Sedação em locais de difícil acesso (ex. TAC, ® Tamanho = (idade/4) + 4
RMN) ® Lâmina = tamanho/2
® Aspiração de secreções ® Homem: ~ 8-9; mulher: ~ 7-7,5
® Falência respiratória ® Lâmina reta ou curva
Hipoxemia:
® SARA, IRpA Técnica de sequência rápida
® EAP Técnica em que se reduz ao mínimo o tempo em
® Atelectasia que a VA fica desprotegida, assegurando
® Causas ventilatórias: condições adequadas para laringoscopia e IOT.
® Hipercapnia Deve ser possível em 60 seg. após a adm. de
® Hipoventilação medicações depressoras dos reflexos.
® Doença neuromuscular
® “Overdose” de droga
Causas circulatórias:
® PCR
® Choque
® Sepse
Outras causas:
® Hiperventilação por aumento da PIC
® Transporte do doente em risco de deterioração

O que é preciso para intubar


® Monitorização: monitor cardíaco + oxímetro +
PANI
® Paramentação completa para toda a equipe: Medicações
máscara, óculos e luvas Analgesia:
® Carrinho de parada: desfibrilador + drogas ® Fentanil 1-5 mcg/kg EV bolus
para PCR ® Alfentanil 15-30 mcg/kg EV\
® Acesso venoso Sedação:
® Medicações: sedação + BNM ® Midazolan 0,1-0,5 mg/kg
® Máscara facial + ambu + O2 úmido ® Etomidato 0,3-0,4 mg/kg EV bolus
® Material para aspiração + vácuo ® Propofol 1-4 mg/kg bolus
® Laringoscópio + tubo orotraquel + fio guia ® Tiopental sódico 2,5-5 mg/kg EV
® TOT testado: cuff ® Quetamina 2-4 mg/kg EV
® Posicionamento adequado do paciente BNM:
® Pré-oxigenação ® Succinilcolina 1-1,5 mg/kg EV bolus
® Rocurônio 0,6-1,2 mg/kg EV bolus
Tubos orotraqueais ® Vecurônio 0,1-0,3 mg/kg EV
® Atracúrio 0,4-0,6 mg/kg EV

Cormack e Lehane

4
® Solicitar RxT – checar posição do tubo (ideal 2
cm acima da carina)
® Solicitar gasometria arterial – após 30 min de
ventilação
® Reajustar parâmetros ventilatórios e reduzir
FiO2 – PO2 > 60 ou SatO2 > 90%
® Passar SNG (manter aberta, em drenagem) e
sonda vesical
® Checar pressão do cuff com manovacuômetro
– manter pressão em 20 cm H2O

Confirmação da IOT
® Ausência de ruídos epigástricos
® Sons respiratórios bilaterais
® Elevação simétrica do tórax
® Melhora da cianose
® CO2 expirado/capnografia
® Oximetria de pulso

Alternativas
® Máscara laríngea
® Combitube
® Ventilação a jato
® Cricotireoidostomia
® Traqueostomia

Máscara laríngea
® Alternativa para situação de máxima
Intubação difícil emergência: não intubo e não ventilo
Intubação traqueal difícil: a inserção de um tubo ® Fácil aprendizagem
endotraqueal com laringoscopia convencional ® Consegue inserir com uma abertura bucal de
requer mais de 3 tentativas ou mais de 10 min. 1,2 cm intermediária
Via aérea difícil: situação clínica em que um ® Os critérios de intubação difícil parecem não
médico com experiência tem dificuldade para ter correlação com dificuldades no uso da
ventilar com máscara e tem dificuldade para máscara laríngea
intubação traqueal.

Cuidados imediatos pós-intubação


® Insuflar o cuff
® Checar posição do tubo – estômago, pulmão
E, pulmão D
® Fixar o tubo
® Aspirar TOT – técnica asséptica (luva e sonda
estéril)
® Ajustar parâmetros do respirador e colocar em
VM – FiO2 100%
® Checar sinais vitais – FC, ritmo cardíaco, PA e
SaO2
® Iniciar sedação e analgesia em infusão
continua em BI
® Elevar cabeceira do leito a 30º

5
Conceito ® Sudorese (27%)
É a entidade clínica e patológica caracterizada Sinais:
pela instalação de um coágulo sanguíneo na ® Taquipneia (80-90%, com FR > 20 em 70%)
circulação arterial pulmonar com prejuízo da ® Estertores (50%)
perfusão local. ® Taquicardia (40%)
® Febrícula (40%)
Incidência ® Ritmo de galope (34%) – B3, IC
É a 3ª doença cardiovascular mais comum, com ® Flebite (32%)
mortalidade de 12% no 1º mês pós TEP.
® Edema (24%)
® Cianose (19%) Paciente em UTI que piorou sem
Fonte de origem dos êmbolos
® Choque (8%) causa aparente: pensar em TEP.
® Membros inferiores*
® Vv. pélvicas e renais
Fatores de risco
® Membros superiores
® Idade > 65 anos
® Coração direito
® Viagem de longa distância*
® 10% causam infarto pulmonar
® Obesidade
® Na maioria dos casos, verificam-se múltiplos
® Tabagismo
êmbolos, com predominância de envolvimento
® SAAF
dos lobos inferiores.
® Imobilização
® Insuficiência arterial e insuf. venosa
Alterações pulmonares
® Trauma
® Hipoxemia – pode não estar presente
® Gravidez
® Aumento do espaço morto
® Câncer
® Aumento do trabalho ventilatório
® Doença clínica aguda
® Pneumoconstrição
® Doença inflamatória intestinal
® Hipertensão pulmonar
® Pós-operatório
® Redução do débito cardíaco

Exames para avaliação diagnóstica


Fisiopatologia
Laboratorial:
® Hemograma – geralmente normal; pode haver
leucocitose
® Gasometria – 90% têm redução de PaO2 e
PaCO2 – hipocapnia e alcalose
® PO2 normal não exclui o diagnóstico
Radiografia: é incomum o Rx no TEP ser normal
® Alterações não específicas ocorrem em 85%
® Pode haver elevação diafragmática em 50%
® Sinal de Westemark em 25% – área de
hipertransparência pulmonar com ingurgitação
arterial hilar
® Sinal de Hampton em 10-30% – condensação
triangular periférica com base pleural
Quadro clínico ® Atelectasias
Não há sinais e sintomas específicos ® DD com pneumonia, pneumotórax e
Sintomas: pneumomediastino
® Tríade clássica: dor torácica (80%), tosse (40- ECG:
53%) e hemoptise (13-20%) – nem sempre ® Maior valor em identificar outras desordens
está presente clínicas, como IAM
® Dispneia (75%)* ® Podem ocorrer arritmias atriais – taquicardia
® Ansiedade (50%) sinusal ocorre em até 80%
® Síncope (13%)

1
® Eixo elétrico desviado para direita com padrão ® Ecocardiograma: pode ser útil em disfunção
S1-Q3-T3 de VD e hipertensão pulmonar. Se normal em
® Bloqueio de ramo direito novo pacientes instáveis, exclui TEP.
® Cintilografia V-Q-pulmonar: faz
Diagnóstico mapeamento da microcirculação pulmonar
Deve-se estabelecer a probabilidade de o quadro pelo uso de macroagregados radioativos.
ser de TEP com o score de Wells (protocolo Pode ser útil em pacientes que não podem
screening de rastreamento). usar contraste na TC. Em baixa probabilidade
e cintilografia normal, descarta-se a
probabilidade de TEP. Se alta probabilidade e
cintilografia alta, confirma-se TEP.
® USG doppler de membro inferior: se
positivo, confirma TEP; se negativo,
prossegue-se a investigação.
® AngioTC de tórax: é exame de escolha, com
sensibilidade de 83% e especificidade de 90%.
® Angiografia pulmonar: é um exame invasivo
e pouco útil.

Estratificação
Wells

Baixa ou
Alta
intermediaria
probabilidade
probabilidade

AngioTC ou
AngioRNM,
D-Dímero USGdop. se
sinais de TVP

Se negativo e
Estratificação de risco de morte: ECG, ECO,
< 500 ug.dl ou > 500 ou > 10
não encontrar
outra causa
enzimas cardíacas, BNP (peptídeo natriurétrico
< idade x 10 >
50 anos
x idade > 50
anos
arteriografia atrial, que, se positivo, aumenta a sensibilidade
para alterações cardíacas), RxT, eletrólitos.
tratamento de TEP: 2 semanas.
Time para diagnóstico e

TEP TEP Tratamento


excluído confirmado
É feito de acordo com a estratificação:
Angiotc
® Se baixo risco: alta + novos ACo rivaroxabana
disponível e dabigatrana;
® Se risco intermediário: anticoagulação
sim não parenteral + oral;
® Se alto risco: trombólise medicamentosa,
TEP excluido TEP Ecocardio no embolectomia pulmonar.
confirmado leito

Trombolíticos Opções de tratamento


Disfunção
ou
embolectomia
de VD ® Heparina não fracionada
® Enoxaparina
Outros exames
® Fondaparinux
® D-dímero: é o produto da degradação da
® Warfarina (INR 2-3 – iniciar junto com
fibrina pela plasmina. Tem alta sensibilidade e
baixa especificidade, podendo ser falso heparina) – sofre muita interferência
positivo em situações como DII, trauma, CIVD, ® Rivaroxabana (não necessita de AC prévio e
tumores, gestação, puerpério, infecções e de ajuste de INR) – Xarelto
eclampsia. ® Dabigatrana (iniciar 5-7 dias após heparina)
® Contra-indicação: sangramento ativo

Paciente de alto risco: hipot. sustentada, > 15min, ou neces. de droga vasoativa sem outra causa.
Paciente de risco int.: s/ hipotensão, com disfunção de VD ou lesão miocárdica (enz.+). 2
Baixo risco: s/ hipotensão, lesão de VD ou miocárdica.
Estratégias de tratamento
1. Suporte hemodinâmico e ventilatório
2. Trombólise medicamentosa (até 2
semanas). Feita em alto risco.
Primeira linha – EV: estroptoquinase 250.000
UI em 30 min + 100.000 UI/h em 12-24h;
Uroquinase 4.400 UI em 10 min + 4.400 UI/h
em 12-24h;
RtPA 100 mg em 2h – pode ser usado junto à
heparina não fracionada.
3. Heparina não fracionada: 80 UI/kg bólus
(5.000 UI 1ml) com 18 UI/kg/h de manutenção
(solução 5 ml heparina 25.000 UI + SF 0,9%
245 ml em BIC 10 ml/h).
Monitorizar TAP e TTPa de 6/6h e observar
hemograma com contagem de plaquetas
diário.
4. Heparina não fracionada: é preciso fazer
ajuste de dose pelo TTPa RT, de modo que:
◦ < 1,2 – novo bolus 80 UI/kg e manutenção
sobe 4 UI/kg/h;
◦ 1-2-1,5 – bolus 40 UI/kg e sobe UI/kg/h;
◦ 1,5-2,3 – ótimo;
◦ 2,3-3 – diminui 2UI/kg/h de manutenção;
◦ 3 – interrompe infusão por 1h e reinicia
manutenção menos 3UI/kg/h.
5. Heparina de baixo peso molecular: é de
escolha em paciente com função renal normal
e sem alto risco de sangramento.
Enoxaparina 1mg/kg SC 12/12h ou 1,5mg/kg
1x/dia – Clexane
6. Fondaparinux 5mg, 7,5mg e 10mg SC 1x/dia
7. Filtro de veia cava: pode ter como
complicações 33% de chance de oclusão de
veia cava em 10 anos; só é usado quando há
indicação, como: CI absoluta à
anticoagulação; sangramento durante
anticoagulação em paciente na faixa
terapêutica; TEP apesar de anticoagulação
adequada.

Contra-indicações à trombólise
Absolutas: AVEh; AVEi há 6 meses; neoplasia de
SNC; trauma, cirurgia ou TCE nas últimas 3
semanas; sangramento digestivo no último mês;
sangramento ativo.
Relativas: AIT nos últimos 6 meses; anti-
coagulação oral; gravidez ou puerpério; punções
não compressíveis; reanimação traumática; HAS
refratária; cirrose avançada; endocardite; úlcera
gástrica.

3
Definição Ciclagem: início da expiração; é a mudança da
É a substituição total ou parcial da ventilação fase inspiratória para a expiratória. Pode ser por:
espontânea para o tratamento da insuficiência ® Tempo
respiratória aguda (IRpA) ou crônica agudizada. ® Pressão
Ventilação mecânica é o suporte oferecido ao ® Volume
paciente por meio de um aparelho, o ventilador, ® Fluxo (25%)
auxiliando-o em sua ventilação e em suas trocas
gasosas. Esse suporte pode ser oferecido em
diferentes níveis, com nenhuma ou com grande
participação do paciente, conforme sua condição
Tipos de ciclagem na VM
clínica – isto é, assiste ou substitui a respiração
Ciclos controlados: disparados, controlados e
espontânea, diminuindo ou substituindo o trabalho
ciclados pelo ventilador.
respiratório dos pacientes.
Ciclos assistidos: disparados pelo paciente,
controlados e ciclados pelo ventilador ou pelo
Indicações da VMI
paciente.
® Apneia
® Corrigir hipoxemia e/ou acidose respiratória
Parâmetros ventilatórios
aguda
® Pressão inspiratória (Pins)
® Aliviar desconforto respiratório (relativo – VNI)
® Pressão positiva expiratória final (PEEP)
® Promover descanso dos mm. respiratórios em
® Pressão de pico (Ppico)
presença de fadiga
® Pressão platô (Ppl) – medido
® Supressão respiratória intencional – cirurgia
® Pressão de suporte (PS)
® Reduzir consumo de O2 sistêmico ou de
® Volume corrente (VC ou VT)
miocárdio
® Frequência respiratória (FR)
® Permitir adequada expansão e ventilação
pulmonar em pacientes com instabilidade da ® Volume minuto (VE) – medido
parede torácica ® Fluxo (V)
® Tempo inspiratório (Tins)
Intubação endotraqueal ® Relação I:E
Indicação de IOT: ® Fração inspirada de O2 (FiO2)
® PaO2 < 55 mmHg (SpO2 < 90%) ® Sensibilidade (para modos assistidos)
® PaCO2 > 50 mmHg (exceto crônicos), com
acidose respiratória (pH < 7,30) PEEP
® Sinais de grande trabalho respiratório ou Manutenção de pressão positiva nas vias aéreas
fadiga muscular respiratória durante a expiração.
® Instabilidade de outros sistemas – Efeitos fisiológicos:
cardiovascular ® Aumento de CRF
® Rebaixamento do nível de consciência ® Aumento de PaO2
A experiência clínica é a principal ferramenta ® Aumento do transporte de O2
para decisão quanto à intubação. ® Aumento da complacência
® Redução da resistência de VA
® Efeitos protetor (volutrauma)
Efeitos adversos:
® Redução do retorno venoso
® Redução do DC
® Aumento da resistência vascular pulmonar
Fases dos ciclos respiratórios durante VMI ® Aumento da PIC
Disparo: início da inspiração; é a mudança da
® Barotrauma
fase expiratória para a inspiratória. Pode ser por:
® Tempo Modos ventilatórios
® Pressão (1-2cm H2O) É o conjunto de ajustes de um ventilador que faz
® Fluxo (2-3 l/min) com que obedeça a regras específicas. Os dois

1
modos principais de trabalho são volume- Desmame
controlado e pressão-controlada. É o processo de transição da ventilação artificial
® Ventilação controlada: para a espontânea nos pacientes que
• Volume controlado (VCV) permanecem em VMI > 24h.
• Pressão controlada (PCV) Sucesso: manutenção da ventilação espontânea
® Ventilação assistida ou assistida-controlada: durante pelo menos 48h após a interrupção da
• A/C – VCV ventilação artificial.
• A/C – PCV Recomendações: interrupção diária da sedação
® Ventilação mandatória intermitente (“despertar diário”); teste de respiração
sincronizada (SIMV) – o ventilador permite o espontânea (TER); VNI.
disparo de ciclos mandatórios em sincronia Extubação.
com a pressão negativa ou o fluxo negativo
realizados pelo paciente.
® Ventilação com pressão de suporte (PS) –
disparo e ciclagem pelo paciente, de modo que
o ventilador assiste à ventilação através da
manutenção de uma pressão positiva pré-
definida durante a inspiração até que o fluxo
inspiratório do paciente reduza-se a um nível
crítico.

Modos assistidos controlados – A/C-VCV e


A/C-PCV
Indicações:
® Trauma raquimedular
® Depressão do SNC
® Bloqueio neuromuscular
® Pós-operatório
Desvantagens:
® Atrofia muscular
® Comprometimento hemodinâmico
® Assincronia

SIMV + PS
É um modo híbrido. Permite ciclos controlados,
assistidos e espontâneos.

PSV + PEEP
A PSV assegura um nível de pressão inspiratória
pré-programada constante durante a inspiração. A
frequência e o tempo da inspiração são
determinados pelo paciente.

Intubei o paciente, e agora?


Volume ou pressão?
Quanto de volume corrente devo usar?
Quanto de pressão inspiratória devo usar?
Quanto de PEEP?
Qual FR?
Quanto de tempo inspiratório?
Quanto de FiO2?

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