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RESUMO ATLS 9ª ED.

– BRUNA PRADO

Trauma Abdominal e Pélvico


 Avaliação primária em trauma fechadoavaliar circulação (possível
hemorragia).
 Atentar para mecanismo de trauma, forças da lesão, localização do ferimento e
estado hemodinâmico.
 Lesões no tronco (mamilo-períneo) são causas possivelmente potenciais.
 Avaliação pode ser comprometida por intoxicação de álcool, drogas ilícitas, lesões
cerebrais e/ou medulares e danos a estruturas adjacentes (arcos costais e coluna).
 Volumes significativos podem estar presentes na cavidade abdominal sem levar a
mudanças drásticas na aparência/dimensões do abdome e sem sinais de irritação
peritoneal.
 Anatomia do abdome:

 Mecanismo de trauma:
o Trauma fechado:
 Impacto direto pode causar compressão ou esmagamento de
vísceras abdominais e da pelve.
 Deformação de órgãos sólidos e vísceras
ocasrupturahemorragia secundária, contaminação
pelo conteúdo intestinal e peritonite.
 Cisalhamento: lesão por esmagamento quando um dispositivo de
segurança e restrição é usado de forma inadequada.
 Lesão por forças relacionadas à desaceleraçãoestruturas fixas e
móveis sofrem movimentos em direções opostas (ex. fígado e seus
ligamentos; mesentério e intestino delgado).
 Órgãos mais acometidos: baçofígadointestino delgado.
 Hematoma retroperitoneal após laparotomia.
 Airbag não impede trauma abdominal.
o Trauma penetrante:
 Arma branca e projéteis de baixa velocidadecorte e laceração.
 Projéteis de alta velocidadetransferência maior de energia
cinética e aumenta danos pelas cavitações temporárias e possível
fragmentação (intestino delgado, cólon, fígado e vascularização).
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 Arma branca atravessam estruturas adjacentesfígado, intestino


delgado, diafragma e cólon.
 Explosivoslesões penetrantes, contusas (impacto/ejeção).
 Pacientes que estavam próximoslesões pulmonares e em
vísceras ocas (onda de choque).

 Avaliação:
o Determinar se lesão abdominal ou pélvica é causa de hipotensão.
o Hemodinamicamente normal sem sinais de peritoniteavaliação mais
detalhada (incluir exames clínicos repetidos).
o História:
 Colisão automobilísticavelocidade, tipo de colisão, intrusão de
partes do veículo no compartimento de passageiros, tipos de
dispositivos de contenção, acionamento do airbag, posição do
paciente no veículo e condições dos passageiros.
 Quedasaltura.
 Sinais vitais, lesões aparentes e resposta ao tratamento pré-
hospitalar.
 Trauma penetrantetempo de lesão, tipo de arma, distância do
agressor, número de lesões (tiros/facadas), volume de sangue
perdido na cena.
 Localização e intensidade de qualquer dor abdominal (paciente).
o Exame físico:
 Sequência padrãoinspeção, ausculta, percussão e palpação.
 Análise da estabilidade pélvica.
 Exames da uretra, períneo, reto, vagina e glúteos.
 Inspeção:
 Despido.
 Abdome anterior e posterior, parte inferior do tórax e
períneo.
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 Procurar abrasões e contusões (cinto de segurança),


lacerações, feridas penetrantes, corpos estranhos
empalados, evisceração do omento ou intestino delgado e
evidência de gravidez.
 Flanco, escroto e área perianal (sangue no meato uretral,
edema, hematoma ou laceração no períneo, vagina, reto ou
nádegasfratura pélvica exposta).
 Ausculta:
 Difícil (sala de emergência).
 Presença ou ausência de ruídos hidroaéreos.
 Sangue intraperitoneal livre ou conteúdo
gastrointestinalíleo sem ruídos hidroaéreos (não é
específico).
 Percussão e Palpação:
 Defesa involuntáriairritação peritoneal.
 Palpação pode revelar e distinguir dor superficial ou
profunda.
 Avaliar útero gravídico.
 Próstata deslocada cranialmentefratura pélvica.
 Avaliação da estabilidade pélvica:
 Hipotensão inexplicável.
 Evidências de fratura pélvicaruptura da uretra (próstata
deslocada, hematoma escrotal ou sangue no meato),
discrepância entre o comprimento dos membros ou
deformidade rotacional da perna sem fratura óbvia.
o Evitar manusear a pelvedesalojar coágulo.
 Manipular a pelve UMA única vez.
 Hemipelve instável migra cranialmenterotação externa
(gravidade).
o Pelve pode ser fechada manualmente empurrando
as cristas ilíacas no nível das espinhas ilíacas
anterossuperiores.
o Manobra de distração e compressãosentir
movimento se as cristas ilíacas são pegas e a
hemipelve instável é girada para dentro e para fora.
 Cisalhamento verticalpalpação da espinha ilíaca
posterior e do tubérculo, enquanto a hemipelve instável é
puxada e empurrada.
 Anormalidades neurológicas ou feridas abertas nos
flancosevidências de instabilidade.
 Radiografia AP confirma.
 Exame da uretra, períneo e reto:
 Sangue no meato, equimose/hematoma no escroto ou
períneolesão uretral.
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 Trauma fechadotônus do esfíncter e integridade da


mucosa retal, posição prostática e fratura pélvica.
 Trauma penetrantetônus do esfíncter e procurar
sangramento por perfuração intestinal (toque).
 Exame vaginal:
 Laceraçãofragmentos ósseos ou ferimento penetrante.
 Só quando tiver suspeita de lesão.
 Exame dos glúteos.
o Medidas auxiliares ao exame físico:
 Sonda gástrica: aliviar dilatação gástrica aguda, descomprimir
estômago para LPD e remover conteúdo gástrico.
 Sonda vesical: aliviar retenção urinária, descomprimir bexiga
antes de LPD e permitir monitorização do débito urinário.
 Hematúria.
 Uretrograma retrógrado para avaliar integridade.
o LPD (hemorragia)usada mais em anormalidade hemodinâmica e trauma
fechado multissistêmico. Não fazer em cirurgias abdominais prévias,
obesidade mórbida, cirrose avançada e coagulopatias.
o FAST (hemoperitôneo, razões da hipotensão sem hipovolemia)repetir
com frequência de 30min.
o Hemodinamicamente estável com: (REQUER EXAMES ADICIONAIS)
 Alteração sensorial.
 Mudança na sensibilidade.
 Lesão de estruturas adjacentes.
 Exame físico duvidoso.
 Tempo prolongado sem contato com paciente.
 Sinal do cinto de segurança com suspeita de lesão do intestino.
o Radiografia:
 AP de tórax (trauma fechado multissistêmico).
 Ortostática (trauma penetrante acima do umbigo ou lesão
toracoabdominal suspeita)excluir hemo/pneumotórax ou ar
intraperitoneal.
 AP pélvica (origem da perda de sangue em hemodinamicamente
alterados ou dor pélvica).
 Marcar com clipe/moeda ferimentos de entrada/saída para
determinar trajeto do projétil ou ar retroperitoneal no RX supina.
o TC contrastada:
 Pacientes hemodinamicamente estáveis e sem indicação para
laparotomia de emergência.
 Líquido livre na cavidade abdominal sugere lesão no TGI e/ou
mesentériolaparotomia precoce.
o Exames contrastados:
 Uretrografiasuspeita de ruptura uretral.
 Cistografiaruptura de bexiga intra/extraperitoneal.
 Urografia excretoraalternativa a TC.
 Estudo contrastado do tubo digestivo.
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 Avaliação do trauma abdominal:


o Evidência de necessidade de transferêncianão realizar exames
demorados.
o Ferimentos toracoabdominais ou parede anterior do abdome por arma
brancaexame físico seriado ou LDP.
o TC com duplo/triplo contraste em ferimentos nos flancos e dorso.
o Intervenção cirúrgica pode ser necessária para diagnóstico e tratamento.
o Ferimento por arma de fogolaparotomia exploradora.
o Ferimentos por arma brancatratamento seletivo.
o Laparatomia em ferimentos penetrantes:
 Alterações hemodinâmicas.
 Trajeto do projétil transperitoneal.
 Sinais de irritação peritoneal.
 Sinais de penetração da fáscia.
 Indicações de laparotomia:
o Trauma abdominal fechado com hipotensão e FAST positivo ou evidência
clínica de hemorragia intraperitoneal.
o Trauma abdominal fechado ou penetrante com LPD positiva.
o Hipotensão associada a ferimento penetrante do abdome.
o Ferimentos por projétil de arma de fogo que atravessam a cavidade
peritoneal ou compartimento visceral/vascular do peritônio.
o Evisceração.
o Hemorragia do estômago, reto ou trato genitourinário secundário a
ferimento penetrante.
o Peritonite.
o Ar livre, ar retroperitoneal ou ruptura do hemidiafragma.
o TC com contraste revelando lesão do TGI, lesão intraperitoneal da bexiga,
lesão de pedículo renal ou lesão parenquimatosa grave após trauma
fechado e penetrante.
 Diagnósticos específicos:
o Lesões diafragmáticas:
 Esgarçamentos (lado esquerdo é mais acometido).
 Mais comum ruptura (5-10cm) que envolve porção posterolateral
do hemidiafragma esquerdo.
 RXelevação ou borramento do hemidiafragma, hemotórax,
apagamento da imagem do diafragma por sombra gasosa ou a
presença de sonda gástrica no tórax.
 Diagnóstico confirmatóriolaparotomia, toracoscopia ou
laparoscopia.
o Lesões duodenais:
 Rupturamotoristas sem cinto em colisão frontal ou golpe direto
no abdome.
 Sangue no aspirado gástrico, ar retroperitoneal no RX ou TC.
 Pacientes com alto risco para a lesãoestudo radiográfico
contrastado do TGI alto ou TC duplo contraste.
o Lesões pancreáticas:
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 Golpe no epigástrio (compressão contra a coluna).


 Elevação da amilase.
 TC com duplo contraste repetida (a primeira pode não mostrar).
 Exploração cirúrgica.
o Lesões genitourinárias:
 Contusões, hematomas ou equimoses no dorso/flancoslesões
renaisTC ou urografia excretora).
 Avalia TGU em casos de hematúria em:
 Ferimento abdominal penetrante.
 Episódio de hipotensão (PAS <90mmHg) em trauma
abdominal fechado.
 Lesões intra-abdominais associadas em doentes com
trauma abdominal fechado.
 Hematúria + choque =possível trauma não renal.
 TC contrastada.
 Trombose da artéria renal ou ruptura do pedículo renal secundária
a desaceleraçãorarourografia excretora, TC ou arteriografia
renal.
 Fratura pélvica anteriorlesão uretral.
o Lesões de vísceras ocas:
 Lesões contusas pela desaceleração brusca.
 Equimoses lineares e transversas ou fratura lombar com desvio no
RX.
o Lesões em órgãos sólidos:
 Fígado, baço e rimchoque, instabilidade hemodinâmica ou
evidência de hemorragia ativalaparotomia.
 Nem todos precisam ser tratados com cirurgiainternar e
observar.
o Fraturas pélvica e lesões associadas:
 Ruptura dos ligamentos ósseos posterioresfratura + hemorragia.
 Lesão vascular (plexo venoso pélvico e/ou artéria ilíaca
internaruptura do anel pélvico ou deslocamento vertical da
articulação sacroilíaca.
 Traumas que levam a rotação da hemipelvepúbis contra o
sistema genitourináriolesão de bexiga e/ou uretra.

A. Colisões automobilísticas B. Colisões de motos, atropelamentos,


C. Quedas
esmagamento da pelve, queda >3,6m.
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 Tratamento:
o Controle da hemorragia na fratura pélvica grave (reanimação com
líquidos).
 Estabilização mecânica do anel pélvico e contrapressão externa.
 Uso de lençol, cinta pélvica ou outro dispositivo sobre os
trocânteres maiores para estabilizar a pelve.
o Tratamento definitivo de pacientes hemodinamicamente alterados:
 Cirurgião de trauma, cirurgião ortopédico e radiologista
intervencionista.
 Embolização arteriográfica.

Caso Clínico 1
Passageiro, 35 anos, vítima de colisão de veículos em alta velocidade. Seus sinais
vitais são: PA 105x80mmHg, FC 110bpm, FR 18. Seu escore na Escala de Coma de
Glasgow é 15. O doente queixa-se de dores no tórax, abdome e pelve.
O doente está com dor na porção inferior do tórax à esquerda e apresenta
escoriações no tórax, abdome e flanco, todas à esquerda. Ele sente muita dor no quadrante
superior esquerdo e tem dor ao exame da pelve. Sua pelve está estável.
O doente tem fraturas de arcos costais inferiores do lado esquerdo, identificadas
pela radiografia de tórax, e fraturas nos ramos superior e inferior esquerdo do púbis,
identificadas pela radiografia da pelve. Devido a esses achados, juntamente com sua
sensibilidade abdominal aumentada, o doente é submetido a uma TC abdominopélvica.
A TC demonstra as fraturas dos arcos costais e da pelve e mostra uma lesão
esplênica grau III (moderadamente grave) com uma pequena quantidade de líquido livre
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intraperitoneal. A pressão arterial do doente permanece normal, sua frequência cardíaca


é de 110, o seu défice de base é de 3,2 e o seu lactato é de 1,7 mmol/L.
O doente é admitido na unidade de terapia intensiva para o controle da dor e para
cuidados respiratórios; após 24 horas ele encontra-se hemodinamicamente normal, sendo
transferido para a enfermaria. Ele recebe alta do hospital no 5º dia de internação.
Caso Clínico 2
Um homem de 37 anos de idade brigou em um bar e foi ferido por arma branca.
Chegou ao hospital Geral do Estado – HGE – trazido pelo suporte básico, imobilizado
em prancha longa, com colar cervical e ventilado com dispositivo de máscara com válvula
e balão. (Aspecto geral: palidez e confusão mental).
Exame Físico

 A (Via aérea): Via aérea pérvia.


o Condutas:
 Manutenção da imobilização em prancha longa e colar cervical;
 Fornecimento em alto fluxo de oxigênio 100% com máscara não-
reinalante;
 Monitorização: FC: 145 bpm; FR: 40 ipm; S02: 94%; PA: 80×30
mmHg;
 Acesso venoso periférico;
 Exame laboratorial: Tipagem sanguínea, prova cruzada,
gasometria, toxicológico e função renal;
 Reservar centro cirúrgico e bolsa de sangue.
 B (Respiração):
o Inspeção: Expansibilidade diminuída em hemitórax esquerdo. Lesão de 2
cm, “respirante”;
o Palpação: Dor à palpação de hemitórax esquerdo;
o Percussão: Hipertimpânico;
o Ausculta: Murmúrios vesiculares abolidos em hemitórax esquerdo.
o Condutas:
 Punção de alívio;
 Curativo de três pontos;
 Drenagem de torácica;
 Reavaliação do atendimento primário (ABCDE).
 C (Circulação):
o Bulhas rítmicas e normofonéticas em 2T, ausência de bulhas extras ou
sopros;
o Buscar por sinais de Choque: pele fria; pulso filiforme, rápido e simétrico,
Tempo de enchimento capilar > 2 segundos;
o Buscar por focos de hemorragia: toráx já foi avaliado no B, não
evidenciando ser a possível fonte de sangramento; abdome com equimose
e lesão penetrante em hipocôndrio esquerdo, reativo e doloroso a palpação
superficial, sugerindo ser a possível fonte do sangramento; pelve estável e
ossos longos sem sinais de edema, também não evidenciando serem a
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fonte do choque hipovolêmico. Dessa forma o abdome é a principal


suspeita.
o Condutas para choque hemorrágico:
 Controle da fonte de hemorragia;
 Reposição volêmica com Ringer Lactato aquecido;
 Ponderar a utilização do sangue;
 Exame de imagem: USG fast;
 Centro cirúrgico à Laparatomia exploratória;

Sangramento em espaço esplenorrenal

Ruptura do baço
 D (Neurológico):
o Pupilas fotorreagentes e isocóricas;
o Escala de Coma de Glasgow: O3V4M6 = 13
 E (Exposição):
o Rolamento em bloco com inspeção minuciosa do dorso e palpação da
coluna cervical.
o Prevenção de hipotermia: manta térmica e aumentar temperatura do ar
condicionado.
 Atendimento secundário:
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o Após estabilização:
 História SAMPLA: S (sintomas) A (Alergia a dipirona), M (Não
faz uso de medicamento regular), P (sem comorbidades prévias),
L (fez ingesta de bebida alcoólica e “espetinhos de carne” há 2
horas), Ambiente (vide “Relato do Acompanhante” infra-citado);
 Exame craniocaudal: sem mais achados;
 Exames complementares: Série trauma: Raio X de cervical, raio
X de tórax, raio X de pelve e TC de crânio. Solicitar Hemograma,
Gasometria Arterial, Uréia e Creatinina, TGO/TGP, ECG;
 Encaminhar o paciente para UTI no pós-operatório.
 Prescrição
o Dieta oral zero
o SF 0,9% 500ml, IV, rápido a critério médico
o Concentrado de hemácias 02U, IV
o Concentrado de plaquetas 07U, IV
o Plasma fresco congelado 07U, IV
o Morfina 1 ampola + SG 5%, 9ml. Fazer 2 ml, IV
o Codeína 1 ampola, IV, 8/8h
o Ranitidina 50mg, IV, 8/8h
o Glicemia capilar 4/4h
o MOV contínua
o Balanço hídrico
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Queimaduras
 Atenção constante para possível comprometimento das vias aéreas, identificação
e tratamento de lesões mecânicas associadas e manutenção da hemodinâmica.
 Complicações possíveisrabdomiólise e a arritmias.
 Medidas imediatas:
o Via aérea:
 Edemaobstrução (sinais podem ser sutis até a crisereavaliação
constante e avaliar IOT).
 Aumenta o risco de obstruçãoprofundidade e extensão de
queimaduras maiores, queimaduras na cabeça/face, lesões
inalatórias e queimaduras no interior da boca.
 Criançasmaior risco de problemas.
 Lesão por inalação (indicadores clínicos): necessidade de IOT
 Queimaduras faciais/cervicais.
 Chamuscamento dos cílios e das vibrissas nasais.
 Depósito de carbono na boca/nariz e expectoração
carbonácea.
 Alterações inflamatórias agudas na orofaringe (eritema).
 Rouquidão.
 Histórico de confusão mental e/ou confinamento no local
do incêndio.
 Explosão com queimaduras da cabeça e tronco.
 [ ] carboxihemoglobina >10%.
 Estridor costuma ser tardioIOT imediata.
transferência para centro de queimados.
o Interrupção do processo de queimadura:
 Remover roupaexceto aquela aderida à pele.
 Tecidos sintéticosformam resíduos que continuam queimando o
paciente.
 Roupas impregnadas com substância químicaremover com
cuidado.
 Pós químicosremover com escova (cuidado).
 Enxaguar copiosamente superfície queimada.
 cobrir doente com lençóis quentes, lipos e secos.
o Acesso venoso:
 Reposição volêmica em queimados com mais de 20% da superfície
corpórea.
 Acessos com cateter de grosso calibre (16G) em veia periférica
(MMSS são preferíveis).
 Solução cristalóide isotônica (Ringer).
 Avaliação:
o História:
 Determinar quando ocorreu, se paciente tentou escapar, se houve
explosões.
 Ambientes fechadoslesão por inalação e lesão cerebral anóxica.
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 História clínica:
 Doenças preexistentes (DM, HAS, doença cardíaca,
pulmonar e/ou renal).
 Uso de medicamentos.
 Alergia ou hipersensibilidade.
 Estado de imunização contra tétano.
 Atenção com possibilidade de suicídio.
 História deve condizer com o padrão de queimadurapode ser
abuso.
o Área da superfície corporal:
 Regra dos Nove.
 Corpo do adulto: 9% ou múltiplos.
 Criança:
 Cabeça tem porcentagem maior e MMII porcentagem
menorcomparando com adulto.
 A palma da mão~1%.
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o Profundidade (avaliar gravidade, planejar tratamento e prever resultados


funcionais e cosméticos finais):
 Primeiro grau (atinge Epiderme Superficial):
 Eritema, dor e ausência de bolhas.
 Sem risco à vida e reposição endovenosa.
 Epiderme intacta.
 Segundo grau:
 Aparência vermelha ou mosqueada e presença de edemas
e bolhas.
 Superfície “lacrimejante” ou úmida.
 Dor intensa (aumento da sensibilidadeaté o vento causa
dor).

 Terceiro grau:
 Escuras e aparência de couro.
 Pele translúcida ou aspecto de cera.
 Indolor (chega até terminações nervosas).
 Superfície seca e vermelha, não mudando de cor com a
digitopressão.
 Pouco edema no tecidoao redor pode ser edema
significativo.
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 Avaliação Primária e Reanimação:


o Via aérea:
 Sempre estar atento a história que é passada (confinamento, perda
de consciência)tratamento definitivo da via aérea.
 Não esperar modificações no RX ou gasometria arterialedema
pode chegar a um ponto que impossibilita intubaçãovia aérea
cirúrgica.
o Ventilação:
 Lesão da via aérea inferior é rarainalação de vapor
superaquecido.
 Hipóxia:
 Relação com lesão inalatória, ventilação inadequada por
queimaduras no tórax ou lesões traumáticas torácicas não
relacionadas à queimadura.
 O2 suplementar (com/sem IOT).
 Intoxicação por CO:
 Considerar sempre em queimados em ambientes fechados.
 História + medida da HbCO.
 Níveis de CO <20% quase não apresentam
sinais/sintomas.
 Níveis elevados de CO:
o Cefaleia e náusea; confusão; como; morte (>60%).
o Pele vermelho-cerejararodoente moribundo.
 O2 em alto fluxo por máscara unidirecional, sem
recirculação.
 Lesão por inalação:
 Tratamento inicialIOT e VM.
o Antes da IOTpré-oxigenar.
 Tudo de grosso calibrealta probabilidade de
broncoscopia.
 Gasometria arterial desde o início para avaliação da função
pulmonar ao longo do tempo.
 Diagnosticar inalação de produtos da combustãodobra
mortalidade.
o Acúmulo nos bronquíolos distaislesão e morte
das células da mucosa brônquica.
o Aumento da resposta inflamatóriaaumento da
permeabilidade capilardisfunção da difusão de
O2.
o Células necrosadas obstruem a via aérea.
o Aumento do risco de pneumonia.
 Radiografia e gasometria arterial.
 Tratar com suporte clínico.
o Elevação da cabeça e do tórax em 30º (redução do
edema).
o Escarotomiarestrição da movimentação do tórax.
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o Circulação:
 Queimaduras gravesdificultam avaliação do volume sanguíneo.
 Lesões associadas podem causar choque hipovolêmico.
 Monitorar débito urinárioavalia volume sanguíneo.
 Sonda vesical.
 Doente queimado necessita de 2-4L de Ringer lactato por kg
de peso corporal por porcentagem de área de superfície
corporal nas primeiras 24h.
 Metade do volume total estimado nas primeiras 8h após
queimadura.
 Restante nas 16h seguintes.
 Após isso, ajustar volume através do débito urinário
(0,5mL/kg/h adultos e 1mL/kg/h crianças com menos de
30kg).
 Em crianças com <10kg, pode ser necessário associar
glicose para evitar hipoglicemia.
 Arritmias podem ser o primeiro sinal de hipóxia e anormalidades
acidobásicas ou eletrolíticasECG.
 Acidemia persistenteenvenenamento por cianeto.
 Avaliação Secundária e Medidas Auxiliares:
o Exame físico:
 Estimar extensão e profundidade.
 Avaliar lesões associadas.
 Pesar paciente.
o Documentação:
 Descrever todos os procedimentos executadosacompanha o
doente quando for transferido para o centro de queimados.
o Exames iniciais para queimaduras graves:
 Amostras para hemograma, tipagem e provas cruzadas,
carboxihemoglobina, glicemia, eletrólitos e hCG.
 Amostra de sangue arterialgasometria e HbCO.
 Radiografia de tórax em pacientes intubados ou com suspeita de
lesão por inalação (repetir conforme necessidade).
o Manutenção da circulação periférica em queimaduras circunferenciais de
extremidades:
 Excluir síndrome compartimental.
 Pressão compartimental >30mmHg pode causar
necroseescarotomia.
 Piora da dor com a movimentação passiva, tensão do
membro, dormência e ausência de pulso.
 Pode estar presente no tórax e abdomeaumenta pressão
de pico inspiratória.
 Reposição volêmica agressiva pode causar síndrome
compartimental abdominal.
 Manutenção da circulação periférica:
 Remover joias.
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 Avaliar circulação distal (cianose, enchimento capilar,


sinais de comprometimento neurológico, pulso com
Doppler).
 As escarotomias devem ser feitas por cirurgião e não
costumam ser necessárias nas primeiras 6h após a
queimadura.
 Fasciotomia raramente são necessárias.
 Sondagem gástrica:
 Pacientes com náuseas, vômitos, distensão abdominal ou
queimaduras com mais de 20% da superfície corporal
acometida.
 Narcóticos, analgésicos e sedativos:
 Respondem melhor à administração de O2estão mais
ansiosos e agitados.
 Mascaram sinais de hipoxemia ou hipovolemia.
 Pequenas doses e frequentes por via intravenosa.
 Cuidados com a ferida:
 Cobrir ferida.
 Não romper bolhas ou aplicar agentes antissépticos.
 Não usar água fria em queimaduras extensas (>10%).
 Remover substâncias aplicadas previamente.
 Antibióticos:
 Não são indicados logo após queimaduras.
 APENAS para tratar infecções.
 Imunização antitetânica.
 Queimaduras Químicas:
o Exposição a ácidos, álcalis ou derivados do petróleo.
o Influenciadas pela duração do contato, concentração e quantidade.
o Remover o produto (ducha por 20-30min no mínimo).
o Queimaduras dos olhos por álcalisirrigação contínua nas primeiras 8h.
 Queimaduras Elétricas:
o Pode levar a lesões térmicas nos tecidos.
o Corrente passa pelos vasos e nervostrombose local e lesão nervosa.
o Fasciotomias são frequentes.
o Transferência para centro de queimados no início do tratamento.
o Proceder:
 Avaliar via aérea e respiração.
 Acesso venoso em membro não afetado.
 Monitorização eletrocardiográficaarritmias.
 Sondagem vesical.
o Eletricidade causa contrações forçadas dos músculosprocurar lesões
musculoesqueléticas associadas.
o Rabdomiólise (IRA)urina escura (hemocromógenos)administrar
100mL/h no adulto e 2mL/kg em crianças <30kh.
o Corrigir acidose metabólica.
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 Transferência:
o Critérios:
 Queimaduras de 2º e 3º comprometendo mais que 10%.
 Queimaduras de 2º e 3º envolvendo face, olhos, ouvidos, mãos,
pés, genitália, períneo ou pele sobre principais articulações.
 Queimaduras de 3º em qualquer extensão.
 Queimaduras elétricas mais graves.
 Queimaduras químicas importantes.
 Lesão por inalação.
 Queimaduras em doentes com doenças prévias que podem
complicar o atendimento, recuperação ou elevar mortalidade.
 Qualquer doente queimado, no qual o trauma concomitante
aumente o risco de morbimortalidade (transferir quando estiver
estável).
 Crianças queimadas devem ser transferidas sempre que a unidade
não tiver equipe/equipamento não qualificado.
 Queimados que necessitarão de suporte especial
(social/emocional/reabilitação prolongada/suspeita de negligência
e abuso).
Caso Clínico 1
U m homem de 54 anos de idade foi resgatado de uma casa em chamas. Ele está
consciente, agitado e tossindo com expectoração carbonácea. O doente tem queimaduras
extensas na cabeça e na parte superior do corpo.
O doente é intubado, são obtidos acessos venosos antecubitais através da pele
queimada.
O volume de cristaloide calculado para as primeiras 24 horas é 12, 6 L. Telefona-
se para o centro de queimados mais próximo para providenciar a transferência, e as
queimaduras do doente são cobertas com lençóis limpos.
É iniciada a reposição volêmica e o doente apresenta um baixo débito urinário;
aumenta-se a taxa de infusão e o doente é avaliado para outras lesões traumáticas.
O débito urinário do doente a u mentou para 0,5mL/kg com o aumento da infusão
de volume, e a radiografia de tórax mostrou múltiplas fraturas de arcos costais e contusão
pulmonar. Após a discussão do caso com o médico que receberá o doente, este é
transferido para o centro regional de queimados.
O doente necessita de u m total de 20 L de líquido de reanimação durante as
primeiras 24 horas e apresenta fratura de fêmur, além das fraturas de arcos costais. Ele é
submetido a múltiplos enxertos de pele e finalmente recebe alta hospitalar depois de vá
rios meses.
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO

Caso Clínico 2
Paciente de 24 anos, sexo masculino, peso aparente de 70kg, vítima de acidente
de trabalho com explosivo em local fechado. Apresenta queimaduras de segundo e
terceiro grau acometendo face e pescoço, região anterior do tronco e todo o membro
superior direito. No momento, paciente está lúcido e orientado, previamente despido
pela equipe do SAMU.
 Conduta inicial:
o Estabelecer o controle da via aérea e obter acessos venosos.
o Buscar a presença de corpos estranhos, edema de face ou glote.
o Oximetria de pulso.
o Oxigênio a 100% em máscara umidificada.
 Se houver sinais de insuficiência respiratória, proceder com
intubação orotraqueal.
 Escala de coma Glasgow menor do que 8;
 PaO2 menor do que 60;
 PaCO2 maior do que 55 na gasometria;
 Saturação de O2 menor do que 90 na oximetria;
 Presença de edema importante de face e orofaringe.
 Lesão inalatória?
o Simacidente em local fechado, queimadura na face.
o Achados em exame físico que ajudariam rouquidão, estridor, escarro
carbonáceo, dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência respiratória.
 Reposição volêmica nas primeiras 24h:
o Regra dos Nove:
 Face: 4,5%
 Tórax e Abdome: 18%
 Membro superior direito: 9%
 Área da superfície corporal = 31,5%.
o 2-4mL x ASC% x kg de peso:
 2-4mL x 31,5% x 70kg
 4410mL – 8820mL.
 Em 8h2205-4410mL
 Nas 16h restantes2205-4410mL
 Reavaliar de acordo com o débito urinário.

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