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– BRUNA PRADO
Mecanismo de trauma:
o Trauma fechado:
Impacto direto pode causar compressão ou esmagamento de
vísceras abdominais e da pelve.
Deformação de órgãos sólidos e vísceras
ocasrupturahemorragia secundária, contaminação
pelo conteúdo intestinal e peritonite.
Cisalhamento: lesão por esmagamento quando um dispositivo de
segurança e restrição é usado de forma inadequada.
Lesão por forças relacionadas à desaceleraçãoestruturas fixas e
móveis sofrem movimentos em direções opostas (ex. fígado e seus
ligamentos; mesentério e intestino delgado).
Órgãos mais acometidos: baçofígadointestino delgado.
Hematoma retroperitoneal após laparotomia.
Airbag não impede trauma abdominal.
o Trauma penetrante:
Arma branca e projéteis de baixa velocidadecorte e laceração.
Projéteis de alta velocidadetransferência maior de energia
cinética e aumenta danos pelas cavitações temporárias e possível
fragmentação (intestino delgado, cólon, fígado e vascularização).
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
Avaliação:
o Determinar se lesão abdominal ou pélvica é causa de hipotensão.
o Hemodinamicamente normal sem sinais de peritoniteavaliação mais
detalhada (incluir exames clínicos repetidos).
o História:
Colisão automobilísticavelocidade, tipo de colisão, intrusão de
partes do veículo no compartimento de passageiros, tipos de
dispositivos de contenção, acionamento do airbag, posição do
paciente no veículo e condições dos passageiros.
Quedasaltura.
Sinais vitais, lesões aparentes e resposta ao tratamento pré-
hospitalar.
Trauma penetrantetempo de lesão, tipo de arma, distância do
agressor, número de lesões (tiros/facadas), volume de sangue
perdido na cena.
Localização e intensidade de qualquer dor abdominal (paciente).
o Exame físico:
Sequência padrãoinspeção, ausculta, percussão e palpação.
Análise da estabilidade pélvica.
Exames da uretra, períneo, reto, vagina e glúteos.
Inspeção:
Despido.
Abdome anterior e posterior, parte inferior do tórax e
períneo.
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
Tratamento:
o Controle da hemorragia na fratura pélvica grave (reanimação com
líquidos).
Estabilização mecânica do anel pélvico e contrapressão externa.
Uso de lençol, cinta pélvica ou outro dispositivo sobre os
trocânteres maiores para estabilizar a pelve.
o Tratamento definitivo de pacientes hemodinamicamente alterados:
Cirurgião de trauma, cirurgião ortopédico e radiologista
intervencionista.
Embolização arteriográfica.
Caso Clínico 1
Passageiro, 35 anos, vítima de colisão de veículos em alta velocidade. Seus sinais
vitais são: PA 105x80mmHg, FC 110bpm, FR 18. Seu escore na Escala de Coma de
Glasgow é 15. O doente queixa-se de dores no tórax, abdome e pelve.
O doente está com dor na porção inferior do tórax à esquerda e apresenta
escoriações no tórax, abdome e flanco, todas à esquerda. Ele sente muita dor no quadrante
superior esquerdo e tem dor ao exame da pelve. Sua pelve está estável.
O doente tem fraturas de arcos costais inferiores do lado esquerdo, identificadas
pela radiografia de tórax, e fraturas nos ramos superior e inferior esquerdo do púbis,
identificadas pela radiografia da pelve. Devido a esses achados, juntamente com sua
sensibilidade abdominal aumentada, o doente é submetido a uma TC abdominopélvica.
A TC demonstra as fraturas dos arcos costais e da pelve e mostra uma lesão
esplênica grau III (moderadamente grave) com uma pequena quantidade de líquido livre
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
Ruptura do baço
D (Neurológico):
o Pupilas fotorreagentes e isocóricas;
o Escala de Coma de Glasgow: O3V4M6 = 13
E (Exposição):
o Rolamento em bloco com inspeção minuciosa do dorso e palpação da
coluna cervical.
o Prevenção de hipotermia: manta térmica e aumentar temperatura do ar
condicionado.
Atendimento secundário:
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
o Após estabilização:
História SAMPLA: S (sintomas) A (Alergia a dipirona), M (Não
faz uso de medicamento regular), P (sem comorbidades prévias),
L (fez ingesta de bebida alcoólica e “espetinhos de carne” há 2
horas), Ambiente (vide “Relato do Acompanhante” infra-citado);
Exame craniocaudal: sem mais achados;
Exames complementares: Série trauma: Raio X de cervical, raio
X de tórax, raio X de pelve e TC de crânio. Solicitar Hemograma,
Gasometria Arterial, Uréia e Creatinina, TGO/TGP, ECG;
Encaminhar o paciente para UTI no pós-operatório.
Prescrição
o Dieta oral zero
o SF 0,9% 500ml, IV, rápido a critério médico
o Concentrado de hemácias 02U, IV
o Concentrado de plaquetas 07U, IV
o Plasma fresco congelado 07U, IV
o Morfina 1 ampola + SG 5%, 9ml. Fazer 2 ml, IV
o Codeína 1 ampola, IV, 8/8h
o Ranitidina 50mg, IV, 8/8h
o Glicemia capilar 4/4h
o MOV contínua
o Balanço hídrico
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
Queimaduras
Atenção constante para possível comprometimento das vias aéreas, identificação
e tratamento de lesões mecânicas associadas e manutenção da hemodinâmica.
Complicações possíveisrabdomiólise e a arritmias.
Medidas imediatas:
o Via aérea:
Edemaobstrução (sinais podem ser sutis até a crisereavaliação
constante e avaliar IOT).
Aumenta o risco de obstruçãoprofundidade e extensão de
queimaduras maiores, queimaduras na cabeça/face, lesões
inalatórias e queimaduras no interior da boca.
Criançasmaior risco de problemas.
Lesão por inalação (indicadores clínicos): necessidade de IOT
Queimaduras faciais/cervicais.
Chamuscamento dos cílios e das vibrissas nasais.
Depósito de carbono na boca/nariz e expectoração
carbonácea.
Alterações inflamatórias agudas na orofaringe (eritema).
Rouquidão.
Histórico de confusão mental e/ou confinamento no local
do incêndio.
Explosão com queimaduras da cabeça e tronco.
[ ] carboxihemoglobina >10%.
Estridor costuma ser tardioIOT imediata.
transferência para centro de queimados.
o Interrupção do processo de queimadura:
Remover roupaexceto aquela aderida à pele.
Tecidos sintéticosformam resíduos que continuam queimando o
paciente.
Roupas impregnadas com substância químicaremover com
cuidado.
Pós químicosremover com escova (cuidado).
Enxaguar copiosamente superfície queimada.
cobrir doente com lençóis quentes, lipos e secos.
o Acesso venoso:
Reposição volêmica em queimados com mais de 20% da superfície
corpórea.
Acessos com cateter de grosso calibre (16G) em veia periférica
(MMSS são preferíveis).
Solução cristalóide isotônica (Ringer).
Avaliação:
o História:
Determinar quando ocorreu, se paciente tentou escapar, se houve
explosões.
Ambientes fechadoslesão por inalação e lesão cerebral anóxica.
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
História clínica:
Doenças preexistentes (DM, HAS, doença cardíaca,
pulmonar e/ou renal).
Uso de medicamentos.
Alergia ou hipersensibilidade.
Estado de imunização contra tétano.
Atenção com possibilidade de suicídio.
História deve condizer com o padrão de queimadurapode ser
abuso.
o Área da superfície corporal:
Regra dos Nove.
Corpo do adulto: 9% ou múltiplos.
Criança:
Cabeça tem porcentagem maior e MMII porcentagem
menorcomparando com adulto.
A palma da mão~1%.
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
Terceiro grau:
Escuras e aparência de couro.
Pele translúcida ou aspecto de cera.
Indolor (chega até terminações nervosas).
Superfície seca e vermelha, não mudando de cor com a
digitopressão.
Pouco edema no tecidoao redor pode ser edema
significativo.
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
o Circulação:
Queimaduras gravesdificultam avaliação do volume sanguíneo.
Lesões associadas podem causar choque hipovolêmico.
Monitorar débito urinárioavalia volume sanguíneo.
Sonda vesical.
Doente queimado necessita de 2-4L de Ringer lactato por kg
de peso corporal por porcentagem de área de superfície
corporal nas primeiras 24h.
Metade do volume total estimado nas primeiras 8h após
queimadura.
Restante nas 16h seguintes.
Após isso, ajustar volume através do débito urinário
(0,5mL/kg/h adultos e 1mL/kg/h crianças com menos de
30kg).
Em crianças com <10kg, pode ser necessário associar
glicose para evitar hipoglicemia.
Arritmias podem ser o primeiro sinal de hipóxia e anormalidades
acidobásicas ou eletrolíticasECG.
Acidemia persistenteenvenenamento por cianeto.
Avaliação Secundária e Medidas Auxiliares:
o Exame físico:
Estimar extensão e profundidade.
Avaliar lesões associadas.
Pesar paciente.
o Documentação:
Descrever todos os procedimentos executadosacompanha o
doente quando for transferido para o centro de queimados.
o Exames iniciais para queimaduras graves:
Amostras para hemograma, tipagem e provas cruzadas,
carboxihemoglobina, glicemia, eletrólitos e hCG.
Amostra de sangue arterialgasometria e HbCO.
Radiografia de tórax em pacientes intubados ou com suspeita de
lesão por inalação (repetir conforme necessidade).
o Manutenção da circulação periférica em queimaduras circunferenciais de
extremidades:
Excluir síndrome compartimental.
Pressão compartimental >30mmHg pode causar
necroseescarotomia.
Piora da dor com a movimentação passiva, tensão do
membro, dormência e ausência de pulso.
Pode estar presente no tórax e abdomeaumenta pressão
de pico inspiratória.
Reposição volêmica agressiva pode causar síndrome
compartimental abdominal.
Manutenção da circulação periférica:
Remover joias.
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
Transferência:
o Critérios:
Queimaduras de 2º e 3º comprometendo mais que 10%.
Queimaduras de 2º e 3º envolvendo face, olhos, ouvidos, mãos,
pés, genitália, períneo ou pele sobre principais articulações.
Queimaduras de 3º em qualquer extensão.
Queimaduras elétricas mais graves.
Queimaduras químicas importantes.
Lesão por inalação.
Queimaduras em doentes com doenças prévias que podem
complicar o atendimento, recuperação ou elevar mortalidade.
Qualquer doente queimado, no qual o trauma concomitante
aumente o risco de morbimortalidade (transferir quando estiver
estável).
Crianças queimadas devem ser transferidas sempre que a unidade
não tiver equipe/equipamento não qualificado.
Queimados que necessitarão de suporte especial
(social/emocional/reabilitação prolongada/suspeita de negligência
e abuso).
Caso Clínico 1
U m homem de 54 anos de idade foi resgatado de uma casa em chamas. Ele está
consciente, agitado e tossindo com expectoração carbonácea. O doente tem queimaduras
extensas na cabeça e na parte superior do corpo.
O doente é intubado, são obtidos acessos venosos antecubitais através da pele
queimada.
O volume de cristaloide calculado para as primeiras 24 horas é 12, 6 L. Telefona-
se para o centro de queimados mais próximo para providenciar a transferência, e as
queimaduras do doente são cobertas com lençóis limpos.
É iniciada a reposição volêmica e o doente apresenta um baixo débito urinário;
aumenta-se a taxa de infusão e o doente é avaliado para outras lesões traumáticas.
O débito urinário do doente a u mentou para 0,5mL/kg com o aumento da infusão
de volume, e a radiografia de tórax mostrou múltiplas fraturas de arcos costais e contusão
pulmonar. Após a discussão do caso com o médico que receberá o doente, este é
transferido para o centro regional de queimados.
O doente necessita de u m total de 20 L de líquido de reanimação durante as
primeiras 24 horas e apresenta fratura de fêmur, além das fraturas de arcos costais. Ele é
submetido a múltiplos enxertos de pele e finalmente recebe alta hospitalar depois de vá
rios meses.
RESUMO ATLS 9ª ED. – BRUNA PRADO
Caso Clínico 2
Paciente de 24 anos, sexo masculino, peso aparente de 70kg, vítima de acidente
de trabalho com explosivo em local fechado. Apresenta queimaduras de segundo e
terceiro grau acometendo face e pescoço, região anterior do tronco e todo o membro
superior direito. No momento, paciente está lúcido e orientado, previamente despido
pela equipe do SAMU.
Conduta inicial:
o Estabelecer o controle da via aérea e obter acessos venosos.
o Buscar a presença de corpos estranhos, edema de face ou glote.
o Oximetria de pulso.
o Oxigênio a 100% em máscara umidificada.
Se houver sinais de insuficiência respiratória, proceder com
intubação orotraqueal.
Escala de coma Glasgow menor do que 8;
PaO2 menor do que 60;
PaCO2 maior do que 55 na gasometria;
Saturação de O2 menor do que 90 na oximetria;
Presença de edema importante de face e orofaringe.
Lesão inalatória?
o Simacidente em local fechado, queimadura na face.
o Achados em exame físico que ajudariam rouquidão, estridor, escarro
carbonáceo, dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência respiratória.
Reposição volêmica nas primeiras 24h:
o Regra dos Nove:
Face: 4,5%
Tórax e Abdome: 18%
Membro superior direito: 9%
Área da superfície corporal = 31,5%.
o 2-4mL x ASC% x kg de peso:
2-4mL x 31,5% x 70kg
4410mL – 8820mL.
Em 8h2205-4410mL
Nas 16h restantes2205-4410mL
Reavaliar de acordo com o débito urinário.