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CALM

Certa manhã, a gentil Maylak acorda e sente uma sensação


de pavor que se aproxima. Como curandeira da tribo, é seu
trabalho garantir que todos estejam seguros, felizes
e saudáveis... e eles estão.
Então, o que poderia estar ameaçando seu povo?
Este é um conto ambientado na série ICE PLANET
BARBARIANS e não existe sozinho. Deve ser lido após
BARBARIAN'S TOUCH e é um pouco de doçura e convivência
familiar para quem espera o próximo lançamento.
1
MAYLAK
A inquietação me acorda do sono. Eu me viro nas peles,
incapaz de ficar confortável. A sensação não vai embora e abro
os olhos, olhando para o teto da minha caverna.
Algo está errado. Não é o tremor que meu khui envia
através de mim quando outro está morrendo. É algo mais suave,
algo prestes a acontecer. Essa é a pontada de mal-estar que vem
com uma preocupação mais lenta e rastejante, como fome ou
doença.
Minha mão vai para minha barriga e procuro bem fundo,
deixando a cura do meu khui fluir. Toca o pequeno aninhado
dentro do meu corpo e o encontra bem. Minha barriga está
baixa e meus ossos doem, o que me diz que logo meu
kit vai chegar. Depois de muitas temporadas de espera, estou ao
mesmo tempo aliviada e animada por segurar meu filhinho em
meus braços, mas não é ele quem me acorda esta manhã,
então. Eu olho para a cama de Esha, diretamente em frente à
nossa. Minha filha chupa o dedo durante o sono, de olhos
fechados. Ela está em paz e sua cor é boa. Não é Esha, então. Eu
relaxo um pouco.
Ao meu lado, meu companheiro fuça meu pescoço. —
Maylak?
Eu passo meus dedos sobre o querido rosto de Kashrem. —
Eu não consigo dormir.
— É o kit? Estará aqui em breve? — Sua mão acaricia minha
barriga. — Devo preparar uma cesta para ele?
— Ainda não, — digo ao meu companheiro, e acaricio seu
chifre distraidamente. — É outra coisa.
Ele se apóia em suas peles, olhando para mim com
preocupação em seus olhos. — Algo mais?
Eu aceno e começo a me levantar de nossas peles. Kashrem
põe-se de pé e ajuda-me a puxar-me, visto que sou desajeitada
com o kit e o meu corpo parece um estranho. Ele me segura um
pouco mais do que o necessário, preocupação em seu rosto
gentil.
Eu acaricio sua mandíbula. — Eu devo verificar a tribo, meu
companheiro, — eu sussurro para ele.
Kashrem acena com a cabeça. Ele , mais do que ninguém,
entende meu humor. Ele sabe que me preocupo com cada
pessoa em nossa crescente tribo como se fossem meus próprios
kits. Ele sabe que não serei capaz de descansar até que meu khui
tenha cantado a cada um deles e determine que eles estão
bem. Muito vividamente, lembro-me de como era assistir a
doença de khui percorrer nosso povo e meu próprio khui ainda
não ter despertado para seus poderes de cura. Então, eu estava
impotente e não tínhamos curandeira.
Agora é diferente e devo fazer o que puder.
Meu companheiro me ajuda a vestir a túnica e se ajoelha
para me ajudar a calçar as botas. Eu não posso me curvar para as
amarras, então ele faz isso por mim, com as mãos gentis. Ele é
tão bom para mim, meu Kashrem. Sempre paciente, sempre
gentil, e cuida de Esha quando estou ocupada... e com tantos
novos na tribo, parece que estou sempre ocupada. Aquece meu
coração ver tantas famílias crescendo, mas também é exaustivo
para apenas um curandeira.
Como se pudesse sentir meus pensamentos, Kashrem
termina de amarrar meus cadarços e fica de pé, com uma
expressão severa no rosto. — Você não vai se exaurir?
— Eu não vou, — eu prometo.
O olhar que ele me dá é claramente cético. — Você está
perto do seu tempo e cansada. Se você começar a sentir—
— Eu sei, meu companheiro. — Dou um tapinha em sua
bochecha e sorrio.
— Confie na curandeira para conhecer seu próprio corpo.
— Eu confio na curandeira, mas também conheço minha
companheira, — ele diz calmamente. Esha acorda e esfrega os
olhos, e ele se agacha, estendendo os braços para ela. —
Eu vou cuidar da pequena hoje. Ela vai ajudar o pai a preparar
algumas peles, não é, minha pequena?
Minha doce filha apenas ri e se joga nos braços de
Kashrem. Ela descansa a bochecha em seu ombro e sorri para
mim. — Posso te beijar, mamãe? Os humanos fazem isso.
Oh, com os lábios? Estendo minhas mãos para minha filha,
e ela se joga em meus braços e pressiona sua pequena boca em
minha bochecha. Ela baba por todo o meu rosto e eu permaneço
pacientemente quieta, embora eu veja meu companheiro
sorrindo com diversão. — Com qual humano você aprendeu isso,
Esha? — Eu pergunto quando ela termina.
— Jo-see, — Esha proclama alegremente. — Ela está
sempre beijando Haeden. Por que você e papai não se beijam?
— Porque não somos humanos, — explico a ela,
despenteando sua crina e, em seguida, devolvendo-a a
Kashrem. Não estou totalmente certa de que algum dia adotarei
o costume humano de beijar de língua com meu
companheiro. Parece... estranho. Mas os beijos de Esha são
doces e me enchem de alegria, e dou um beijo rápido e seco em
sua bochecha redonda. — Seja boa para o seu pai. Eu estarei
de volta em breve.
Kashrem sorri para mim e meu coração se aperta de afeto
por meu companheiro. Num impulso, estendo a mão e acaricio
seu braço, procurando. Envio meus pensamentos por seu corpo,
em busca de seu khui. Cada um tem uma leve música, mesmo
quando não está em ressonância, e eu procuro por essa música
agora, misturada na pulsação de sangue fluindo e coração
batendo forte. O de Kashrem está lá e é forte. Normal. Eu respiro
um suspiro de alívio e volto para dentro de mim. Um momento
depois, toco o braço de Esha e faço o mesmo, só porque preciso
me assegurar de que minha família está
bem. Quando estou satisfeita, abaixo minha mão.
Meu companheiro está me olhando com um olhar de
preocupação no rosto. — O que é isso que te incomoda?
— Eu ainda não sei. Pode não ser nada. — Mas não sinto
como se não fosse nada. — Devo procurar os outros. Volto em
breve.
Ele balança a cabeça e acaricia meu braço, uma carícia
reconfortante. — Avise-me se precisar de mim.
Meu doce companheiro. Eu sorrio. Ele não pode fazer
muito mais para ajudar com a cura do que segurar minha mão,
ainda que o faria se eu pedisse. — Divirta-se com suas peles, —
provoco, e belisco a bochecha gorda de Esha para fazê-la rir. É
difícil sair do lado da minha família, mesmo por um momento,
quando meus sentidos estão chamando um alerta.
Mas toda a tribo não é minha família? Eles não são meus
para cuidar?
Eu acaricio a bochecha do meu kit uma última vez e então
saio de nossa caverna particular um momento depois. Preciso
me curvar um pouco para sair porque a porta é baixa e, quando
me endireito, minhas costas protestam. Eu fecho meus olhos e
falo com meu khui, entrando em mim por um momento. O calor
floresce em meus músculos e a dor passa um momento depois.
— Oh, aí está você, Maylak! Exatamente a pessoa que eu
procurava!
Abro os olhos e vejo o rosto redondo e estranho da
humana Jo-see. Ela abre um sorriso para mim, com as mãos na
barriga lisa. — Você estava procurando por mim? Você se sente
mal, Jo-see?
— Não! E esse é o problema! Se estou grávida, em que
ponto surge o enjoo matinal? Liz diz que surge praticamente no
momento em que o espermatozóide encontra o óvulo, mas você
conhece Liz. Ela está cheia de merda. — Seus grandes olhos me
olham com preocupação. — Você não acha que algo está errado,
acha? Eu deveria estar sentindo algo se estivesse grávida, certo?
— Deixe-nos ver. — Coloco minhas mãos em sua barriga,
sentindo a pequena centelha de vida lá. A gravidez é complicada,
porque a criança no útero não tem khui. Mas o corpo ao redor
pode me dizer muito, e o corpo de Jo-see transborda de boa
saúde e vida. Eu me retiro para dentro de mim e sorrio para
ela. — Tudo está bem. Você deve ser paciente.
Ela salta de um pé para o outro. — Não sei se vocês
notaram, mas não sou muito boa com paciência. É tão difícil,
porque quero experimentar tudo! E Liz vomita e eu não. — Ela
parece triste. — Eu simplesmente não posso esperar, sabe?
— Sua espera é mais curta do que a minha, — digo a ela,
divertida com sua impaciência. Pensar que alguém está ansiosa
para ter todas as pequenas doenças da gravidez.
Suas mãos vão para a boca. — Oh, me desculpe. Não estou
reclamando, eu prometo. Estou muito animada.
— Eu sei que você não está—
— Quero dizer, deve ser muito difícil ficar grávida por três
malditos anos, inchada como uma melancia na videira e... —
Seus olhos se arregalam. — Estou tornando tudo pior, não
estou?
Não sei se ela está. — O que é água-may-lon?
Ela dá um tapinha no meu braço rapidamente. — Você
sabe o que? Esquece. É legal. Você o terá em breve?
— Hoje não, eu acho, — digo, e sorrio para ela. — Como
está seu companheiro? Ele está na caverna? — Eu deveria checá-
lo, especialmente. Há certos membros da tribo que mantenho
um olho e Haeden é um deles. Seu khui não é seu khui original,
mas foi dado a ele quando ele sobreviveu à doença de khui,
muitas temporadas atrás. Ele é saudável e forte, mas um
curandeira sempre se preocupa.
A expressão sonhadora volta ao rosto de Jo-see. — Acabou
de sair para caçar. Ele prometeu que voltaria para casa mais cedo
para - bem, não importa. — Ela acena com a mão no ar,
nervosa. — Eu só vou ficar quieta agora.
Eu rio. A boca de Jo-see corre à frente de sua mente, e o
acasalamento com Haeden não mudou isso. Eu olho ao redor da
caverna para ver quem está acordado de madrugada. Stay-see
está perto da fogueira principal, junto com Meh-gan, No-rah e
Shorshie. Elas gostam de se reunir no início da manhã, beber chá
quente e fazer bolos de raiz. É uma refeição estranha e sem
graça, mas os humanos adoram. — Devemos nos juntar as outras
perto do fogo?
— Certo. — Jo-see salta à minha frente, cheia de energia
como a minha Esha. Eu estou tão pesada com o kit que apenas
observar seu movimento me cansa.
Eu sigo alguns passos atrás, em direção ao fogo. As
humanas erguem os olhos e sorriem para mim, seus rostos
estranhos me dando boas-vindas.
— Venha e sente-se, Maylak, — diz Shorshie, levantando-se
de seu assento e oferecendo-o para mim. — Stacy está fazendo
bolo.
— Bolo legítimo, — Stay-see concorda, e o cheiro de algo
doce e enjoativo sobe da panela que ela está segurando sobre o
fogo. As outras se inclinam com interesse.
— O que é lee-git cake? — Eu pergunto. E coloco minha
mão no ombro de Shorshie para me sentar e deixo meu khui
tocar o dela. Ela está saudável... e carregando outro kit. Ela e
Vektal devem ter ressoado mais uma vez e guardado para si. Eu
sorrio para ela, satisfeita por meu chefe e sua
companheira. Vou manter seu segredo.
Shorshie ri. — É bolo de bolo. Como sobremesa.
— Com glacê, — anuncia Stay-see. — Tenho feito
experiências com hraku e as não-batatas, e algumas das
sementes que temos colhido. Quando conseguirmos mais frutas
da caverna que Lila encontrou, vai ser um bolo.
— Você quer gelo no seu bolo? — Eu pergunto, confusa. —
Eles são comidos congelados?
No-rah ri do meu outro lado, movendo seu kit do seio para
o colo, e trocando a outra filha para o seio. — Vocês estão
deixando Maylak mais confusa.
Eu rio distraidamente, mais interessada em estender a mão
e acariciar a juba fina e felpuda de penugem na cabeça de Ah-
nah. O kit está no colo de No-rah, e a mãe não parece se
importar quando toco em sua filha. Ah-nah é forte e saudável. Eu
casualmente passo minha mão sobre No-rah, e ela está bem
também. Saudável. Menos cansada do que quando as
gêmeas nasceram.
— Isso é o glacê? — Jo-see exclama, pegando uma tigela e
mergulhando o dedo em um mingau marrom macio.
— É tinta, — Meh-gan grita assim que Jo-see leva o dedo à
boca.
Jo-see congela.
Stay-see e Meh-gan caiem na gargalhada.
— Vocês são umas idiotas, — diz Jo-see, e lambe o
dedo. Seus olhos se arregalam. — Ohmeudeus, isso é tão bom!
— Está quase pronto, — Stay-see diz, usando uma
ferramenta longa, para esculpir as bordas do seu bolo
arredondado. É mais grosso e maior do que os bolos normais do
café da manhã, e estou curiosa para saber qual é a diferença e
por que elas estão tão animadas.
Afinal, é apenas comida.
Elas puxam do fogo com um coletivo — oooh, — e Stay-see
corta-o em pequenas cunhas e coloca-los em placas ósseas
pequenas. Ela pega o glacê de Jo-see e cuidadosamente passa
uma colherada em cima de cada fatia. — Vai derreter porque o
bolo está quente, mas acho que ninguém se importa, certo?
— Me dê, — Meh-gan diz. — Apenas me dê. — Elas riem e
o bolo é distribuído. Deram-me um prato, e eu pondero a cunha
desleixada, coberta de gosma de ‘bolo’. Enquanto eu observo,
Meh-gan pega seu bolo, dá uma mordida e fecha os olhos. Ela o
coloca de volta na mesa e lambe os dedos com cuidado. — Essa é
a melhor coisa que comi desde que pousamos.
Agora estou curiosa. Dou uma mordidinha no bolo - e
congelo. A textura é áspera e estranha, e a terrível doçura do
sabor me lembra a carne que estragou. Com grande dificuldade,
termino de mastigar minha pequena mordida e me forço a
engolir. À minha volta, as outras terminam o bolo rapidamente e
exclamam: Fique para ver como é maravilhoso. Eu seguro meu
prato, sem saber como posso me livrar dele sem ofender os
sentimentos de Stay-see.
— Você vai ter que fazer isso de novo, — Shorshie diz com
um pequeno suspiro. — Talvez para ocasiões especiais como um
aniversário ou algo assim. — Seu kit começa a chorar e Shorshie
a pega de sua cesta.
Eu coloco meu bolo no chão da caverna e estendo meus
braços. — Posso?
Shorshie entrega Talie, e eu abraço o kit, segurando-a no
alto enquanto minha barriga fica no caminho. Ela está crescendo
e, a cada dia, parece mais com Vektal. Estou alegre que Talie tem
o nariz forte e sua coloração. É assim que nosso kit
seria se tivéssemos ressoado. Ela tem algumas características
humanas, mas não muitas. Isso não me deixa triste; Estou feliz
com minha Esha, e meu Kashrem é o companheiro perfeito para
mim. Mas estou satisfeita que meu outrora companheiro de
prazer agora tenha sua própria família. Ele é um bom homem.
Eu fecho meus olhos e alcanço o khui de Talie, mas a
criança é forte e saudável. Não há problemas, não há razão
para um curandeira se preocupar. Eu a coloco no meu joelho
para que ela possa jogar.
Shorshie me lança um olhar curioso. — Está tudo bem? —
Ela pergunta em voz baixa enquanto as outras começam a
conversar sobre os sabores do bolo e quando elas podem fazer
um.
Eu aceno e dou a ela um sorriso triste. — Estou... eu não sei
a palavra humana para isso. Sinto a necessidade de verificar
todos hoje. — Não conto a ela a preocupação persistente com a
qual acordei. Pode ser simplesmente isso - uma preocupação.
— 'Preocupada' é provavelmente a palavra, — Shorshie diz,
e gentilmente puxa a mão de Talie das minhas tranças. — Me
avise se precisar de alguma coisa, certo? Eu posso falar com meu
companheiro.
Devolvo Talie, agora que tenho certeza de que ela está
bem. — Eu vou.
A conversa continua ao nosso redor, e mais pessoas vêm
para o fogo. O resto do bolo é distribuído e outras aparecem com
seus kits. Eu rio e me ofereço para segurar as crianças, fazendo
parecer que não tenho mais necessidade na minha vida do que
segurar cada kit. As mães estão muito feliz em deixar alguém
tomar o seu kit por alguns momentos, e eu toco o khui de cada
um com a minha mente. Todos estão saudáveis e, ao devolver
cada filho, toco o khui de cada mãe. Elas estão todos bem.
O problema não está aqui, então.
Eu olho em volta, pensando. — Har-loh e Rukh estão nas
cavernas? Ou eles estão na Caverna dos Anciãos?
— Eles estão em casa, — diz Jo-see. — Eu vi Harlow ontem
e duvido que eles tenham saído durante a noite.
— Eu deveria ir cumprimentá-los, — digo com um sorriso e
começo o árduo processo de mover meu corpo desajeitado na
posição vertical. Har-loh tem um khui que deve trabalhar muito
mais - há um tumor dentro de sua cabeça que seu khui mantém
sob controle. Seu khui é forte, mas quando ela estava com o kit,
seu corpo ficava severamente sobrecarregado. É possível que ela
esteja grávida de novo? E desta vez ela não se sairá bem? Penso
em Rukh, tão selvagem e indomável ainda, e em seu filho
pequeno. Devo visitá-los e certificar-me de que estão bem.
— Quer companhia? — Jo-see pula de pé.
— Oh, não, fique com os outros. Estou bem. — Eu sorrio
para tirar a dor do meu declínio. — Estou indo para dizer Olá, e
então eu preciso ajudar meu marido com seu esfola. — Eu me
endireito e saio do círculo agrupado de mulheres.
— Espere, — chama Stay-see.
Eu me viro.
Ela pega meu prato, toda sorrisos. — Você esqueceu seu
bolo.
— Que bobo da minha parte, — murmuro, pegando-o. —
Obrigada, Stay-see. Você é muito atenciosa. — Talvez Har-
loh vá gostar do bolo e eu não vou ser forçada a comer mais do
mesmo. Eu agarro o pequeno prato e vagueio pela caverna, indo
para a caverna particular de Har-loh e Rukh.
2
Enquanto me dirijo para o outro lado da caverna tribal, o
som de ânsia de vômito faz meus sentidos de curandeira
pinicarem. Eu me viro, indo em direção à caverna que Leezh
compartilha com Raahosh.
A tela de privacidade não está na frente da entrada da
caverna, mas posso ouvir Raahosh murmurando para sua
companheira de dentro. Pode ser um momento privado. Hesito
do lado de fora, segurando meu bolo, e desvio meu olhar para
ser educada. — Posso entrar?
— Oh, Senhor, — eu ouço Leezh dizer. — A
curandeira. Agora eu sei que estou morrendo.
Eu sei o suficiente sobre esta humana para saber que ela
exagera, mas suas palavras ainda enviam uma pontada de
preocupação por mim. Leezh é a fonte da minha preocupação?
Eu ouço Raahosh bufar, e então ele aparece, me chamando
para entrar. — Ela está com enjôo matinal, só isso.
Do lugar no chão onde ela está agachada, Leezh gesticula
com um dedo para seu companheiro, e então se inclina sobre
uma tigela novamente, vomitando. ‘Idiota’, ela ofega entre
vômitos secos.
Ele se move de volta para o lado dela, acariciando
suavemente o cabelo de seu rosto enquanto ela vomita. —
Você vai ficar bem, minha companheira, — ele murmura, e
esfrega suas costas. — Isso vai passar em breve.
— Não tenham pressa, — digo a eles, colocando o prato de
bolo perto da entrada e, em seguida, movendo-me para a cesta
forrada de pele perto de sua cama, onde Raashel balança seus
pequenos punhos. Eu deito no chão ao lado dela - não é uma
tarefa fácil - e ofereço meu dedo para ela agarrar. Ela o pega, e
seu khui canta para o meu, forte. Eu sorrio, porque sempre me
preocupo mais com os pequenos, principalmente depois da
morte da filhinha de Asha. Eu não pude fazer nada para salvá-la
porque ela não tinha khui, e isso ainda me assombra.
Enquanto Leezh se endireita e toma um gole de água,
estendo a mão e passo a mão no ombro de Raahosh. Ele é
saudável.
Ele olha para mim com uma carranca no rosto,
questionando.
— Devo ajudar sua companheira? Talvez meu khui possa
acalmar o dela.
— Meu khui está bem, — declara Leezh, recostando-se e
descansando por um momento. — É meu estômago que me
odeia.
Eu rio e dou um tapinha no chão ao meu lado. — Pode ser
mais fácil para você vir até mim do que eu ir até você.
Leezh acena com a cabeça e rasteja para se estatelar no
chão ao meu lado. Ela parece cansada e abatida, e eu coloco a
mão nela. Carregar um kit é mais difícil para algumas do que para
outras, e Leezh passou por maus bocados. Mesmo assim, ela é
forte e não há preocupação em seu corpo, apenas um estômago
azedo. Envio pensamentos de cura do meu khui para o dela, para
acalmar a raiva em seu intestino e aliviar um pouco a doença. —
Você deve beber mais água, — eu a repreendo, e então
acrescento, — e mais chá. Kemli é bom para cuidar de barrigas
zangadas.
— Acho que tentei. O chá que tem gosto de couro de
sapato? — Ela faz uma careta. — Acho que
prefiro apenas vomitar. — Seu rosto empalidece, e então ela
pega sua tigela novamente. — Na verdade, talvez não.
Sento-me com Leezh e Raahosh por um tempo. Não há
nada que eu possa fazer para o estômago de Leezh que mais
água e tempo não corrigirá. Conversamos sobre caça,
companheiros e Raashel, que é um dos kits que parece mais
humano do que sa-khui. Eu me gabo da minha pequena
Esha, que já está aprendendo a trabalhar uma pele com o pai. E
discutimos mais gravidezes.
— Acho que sou a única que ressoou duas vezes, — diz
Leezh. — Isso foi rápido?
— Mmm. — Eu penso em Shorshie e seu segredo. — Nem
sempre. Se a mãe estiver saudável o suficiente para carregar
outro kit, isso pode acontecer ainda mais rápido.
Raahosh toca a barriga lisa de sua companheira. — Você
pode nos dizer se é homem ou mulher?
Leezh sorri para mim. — Já estamos discutindo sobre
nomes. Eu disse a ele que se for menino, ele pode escolher, mas
se for menina, é tudo meu. Eu quero chamá-la de Aayla.
— Ay-lah?
— Sim, depois de Aayla Secura. Desde a trilogia de Star
Wars. Quero dizer, eles eram muito ruins, mas Aayla era uma
Jedi durona. E azul! É como um ganha-ganha. — Leezh esfrega a
barriga com alegria. — Não que minha filha seja um Jedi, mas
posso apostar que ela será azul e durona, então acho que
funciona.
— Ah.
— Ela não entende suas palavras, minha companheira, —
Raahosh diz. — E a única razão para fazer isso é porque já ouvi
isso muitas vezes.
— Estou certa de Jeh-die é um bom nome, — digo Leezh.
— Aayla. Não Jedi. — Ela apenas suspira e balança a cabeça
para nós. — Onde estão meus nerds de Star Wars quando eu
preciso deles? — Raahosh apenas bufa e se levanta, movendo-se
para pegar Raashel. Ao fazer isso, Leezh me lança um olhar
curioso. — Não quero ser esquisita, mas isso é... bolo na porta?
Oh. Esqueci-me da comida de Stay-see. Eu esperava
abandoná-lo silenciosamente. — Sim.
Os olhos de Leezh brilham. — Há mais?
— Acho que acabou, — digo, e depois acrescento
rapidamente, — mas você pode ficar com o meu.
Ela lança um punho no ar. — Eu
poderia simplesmente beijar você, Maylak.
Não digo que gostaria tanto disso quanto gostaria de mais
bolo.

Har-loh tem uma mancha suja no rosto, uma ferramenta na


mão e uma expressão de concentração no olhar.
— O quê é isso? — Eu pergunto, franzindo a testa para a
estranha criação quadrada em que ela está trabalhando.
— Um aquecedor, — ela me diz. — Para a temporada
brutal. Ele produz seu próprio calor. Bem, em teoria. Preciso
descobrir como fazer com que fique quente o suficiente usando
sakh bah-tur-ees sem superaquecimento. — Ela adere à
ferramenta brilhante para o aquecedor e ergue uma fatia
dela para frente. — Agora meio que está derretido, mas estou
perto. Eu penso. Certo, baby?
Rukh grunhe concordando, entregando ao pequeno Rukhar
um chocalho de osso entalhado. — Quente. — Em um cobertor
perto de seu pai, o kit agita seus braços, sua cauda
sacudindo. Ele joga o chocalho e começa a rastejar atrás
dele. Um pequeno e relutante sorriso curva o rosto sombrio de
Rukh e isso me agrada.
Har-loh está olhando para mim como se esperasse uma
resposta, então eu aceno. — Eu vejo.
— Eu não quero congelar quando esfriar. —
Ela faz uma pausa e então inclina a cabeça. — Bem, mais frio. E
com o pequeno Rukhar aqui, quero ter certeza de que estamos
confortáveis.
— Então você vai ficar para a temporada brutal? — Eu sei
que Har-loh e seu companheiro gostam de ir para a Caverna dos
Anciões para fugir. Rukh ainda não está acostumado com tantas
pessoas ao redor. A temporada brutal será difícil para ele.
— Nós ficaremos, — concorda Rukh antes que Har-loh
possa falar.
— Teremos o maior prazer em recebê-los. — Eu coloco
minha mão em seu braço e dou-lhe um pequeno aperto de
afeto. Eu alcanço seu khui e o encontro pulsando
continuamente. É forte, mas manter Har-loh saudável exige
muito. Envio uma onda estimulante de cura do meu khui para o
dela antes de remover minha mão.
— Eu preciso ir, — digo a Har-loh e seu companheiro. —
Quero verificar Ti-fah-ni e Salukh antes que o dia fique muito
longo. — Esfrego minha barriga, usando isso como uma desculpa
para seguir em frente. — Meus pés já estão cansados de ficar em
pé.
— Eu ando com você, curandeira, — diz Rukh, pegando seu
filho. Har-loh volta para sua caixa, retirando outra camada
brilhante.
Quando saímos da caverna, Rukh me impede. Ele olha para
trás em sua caverna, então para mim. —
Eu tenho... preocupações.
Meus sentidos vibram de pavor. Aquela sensação estranha
e incômoda que me perseguiu durante toda a manhã volta a me
dominar. — Sobre Rukhar? Ele está indo muito bem. — Eu corro
um dedo ao longo da bochecha gorda e azul do kit. Ele
praticamente cantarola de boa saúde. — Ou sobre a próxima
temporada brutal? — Eu coloco minha mão em seu braço
casualmente. Não há problemas. — Sua família está bem, Rukh.
Sua boca se forma em uma linha infeliz, e ele segura seu
filho se contorcendo mais perto enquanto ele se inclina. — Har-
loh. Eu... me preocupo. Com a ressonância.
— Você ressoou de novo? — Assim, muitos kits vão vir para
a nossa pequena tribo. Mal posso imaginar.
Ele balança a cabeça rapidamente e há medo em seus
olhos. — É minha preocupação. Leezh—
Ah. Eu entendo agora. Har-loh é a mais frágil das humanas,
e carregar Rukhar era difícil para seu corpo. Eu dou a ele um
aperto reconfortante no braço. — Acabei de falar com o khui
dela e está tudo bem. Não há problemas.
— É... a uma maneira de parar? — Ele acaricia a cabeça de
seu filho, amor feroz em seu olhar.
— Você não quer ressoar de novo?
A expressão em seu rosto é torturada. — Sim. Mas nenhum
risco para Har-loh. Ela é... tudo. — Ele aperta o punho sobre o
coração, angustiado. — Eu não posso perdê-la...
— Eu sei. — E eu suspeito que ele não vai deixar as
cavernas a menos que haja um curandeira por
perto. Ele não vai arriscar sua companheira. — Talvez você não
ressoe novamente. Talvez sim. Apenas o khui pode decidir. —
Quando ele parece perturbado, acrescento, — Seu khui não
permitirá que o kit a destrua. Se ela não for forte o suficiente
para carregar, isso não acontecerá novamente. E se acontecer,
estou aqui. Não estou indo a lugar nenhum.
Um pouco da tensão diminui de seu rosto. Ele balança a
cabeça lentamente e agarra meu braço com força, depois
retorna para sua caverna com seu filho. Eu o vejo ir, classificando
minhas emoções. Eu sei como ele se sente. Algumas noites, eu
observo Esha dormir, apavorada com todas as coisas que podem
acontecer e que podem quebrar um corpo pequeno e frágil. E às
vezes fico acordada e olho para o meu companheiro, pensando a
mesma coisa. Nosso mundo é perigoso e, embora Kashrem seja
um curtidor e fique perto da caverna na maioria dos dias, ainda
há muitas coisas que podem acontecer. Eu me preocupo. Eu
sempre me preocupo. A tribo inteira é minha para proteger, mas
Kashrem e Esha são meus.
Eu conheço bem os medos de Rukh.
— Maylak, — alguém grita, me tirando dos meus
pensamentos. — Curandeira.
É Bek. Eu sigo em direção ao som de sua voz, perto da
entrada da caverna. — Estou aqui.
Ele corre para frente, uma expressão irritada no rosto. —
Precisamos de sua cura. Harrec cortou a mão em sua lança.
— Novamente? — Pego o braço que ele me oferece e me
inclino sobre ele para andar mais rápido. Seu khui é vibrante e
mais forte do que a maioria. Não é surpreendente - meu irmão
sempre foi um homem feroz. É claro que seu khui também será
feroz. — O que você estava fazendo?
Ele bufa, seus passos impacientes enquanto ele diminui sua
marcha para acompanhar a minha. — Eu não fiz nada. Ele tem
mãos como clavas. Eu apenas tentei mostrar a ele uma maneira
melhor de embrulhar sua ponta de lança.
Eu rio. — Você deve ser paciente, irmão.
— Eu sou.
— Com os outros.
O grunhido de reconhecimento que ele faz me diz que ele
não concorda, mas também não deseja discutir. Saímos pela
entrada e entramos na neve. O dia está bom e ameno, o vento
balançando minhas tranças. À distância, vejo dois ou três dos
caçadores agrupados. É estranho - um deles está ferido e, no
entanto, minha sensação de pavor não parece ser maior. —
Suponho que Harrec não pudesse andar até a caverna para que
eu pudesse cuidar de sua mão?
— Ele poderia... se não desmaiasse ao ver seu sangue. — A
voz do meu irmão está azeda.
Uma pequena risada me escapa. Eu tinha esquecido que
Harrec tem esse problema. Caçar não o incomoda, mas uma gota
de seu próprio sangue e ele estará no chão. — Claro. Bem,
suponho que seja um bom dia para uma caminhada. — Eu coloco
a mão na parte inferior da minha barriga para apoiá-la. É
desconfortável caminhar tanto, mas posso suportar.
Meu irmão fica em silêncio enquanto subimos o cume até
onde Harrec está esparramado. Vejo Taushen e Hassen perto
dele, agachados. Os suprimentos para a fabricação de lanças
estão espalhados na neve. — Você está bem? — Bek pergunta
depois de um momento. — Você parece... retraída hoje.
— Estou cansada, — digo a ele.
— Não é isso.
Meu irmão me conhece bem. — E eu me preocupo, é claro.
— Sobre o kit?
Eu balanço minha cabeça, meu olhar fixo em Harrec. —
Algo parece errado. Não sei o que. Mas vou descobrir.
— Diga-me quando fizer. Se eu puder ajudar, me avise.
Eu sorrio para meu irmão. Ele caça para nós, e ele é um
bom homem. Um bom provedor. Estou triste por ele que as
outras seres humanas todas tem suas famílias iniciadas e
ressoaram, e não há nada para o meu irmão temperamental. Eu
sei que ele tem ciúme da felicidade deles. Eu sei que ele ainda
sente falta daquela quieta chamada Claire. — Eu sei. Se houver
alguma coisa que eu precise fazer, irei até você. Isso eu prometo.
Então, estamos ao lado de Harrec e não discutiremos mais
o assunto. Bek me ajuda a ajoelhar-me ao lado
do caçador caído e fico aliviada ao ver que sua cor está boa,
apesar de sua imobilidade. Em seu peito, o khui de Harrec
ressoa, tão brilhante e pulsante como sempre. Eu envio canções
de cura para seu khui, encorajando-o a fechar a ferida em sua
mão e tricotar a carne... e para acordá-lo, porque os outros irão
provocá-lo impiedosamente se ele não se mexer logo.
Bem, eles vão provocá-lo sem piedade de qualquer
maneira.
Harrec acorda, e os outros zombam dele por causa
do corte, enquanto eu enrolo uma tira de couro em volta. A
carne está quase completamente curada, mas o corte foi
profundo e precisará ser protegido durante a noite. Aproveito
para tocar em Taushen e Hassen e não encontro
problemas. Bek me vê passando um rápido roçar de mãos contra
os outros. Suspeito que ele saiba o que estou fazendo, mas não
diz nada.
Meu irmão pode não ser paciente, mas ele entende.
3
Os anciãos estão bem. Apesar de sua idade, eles são tão
saudáveis quanto qualquer um dos companheiros de tribo mais
jovens. Warrek está ensinando o jovem Sessah a fazer uma
armadilha, e passo as mãos na cabeça de Sessah apenas para
verificá-lo. Tudo está bem.
Talvez isso seja apenas preocupação de uma mulher
grávida. Preocupada, como diz Shorshie. Não sei,
mas vou terminar de visitar todos na tribo antes de relaxar.
Haeden e Vaza estão nas trilhas e não irão voltar para as
cavernas esta noite. Farli levou seus pais, Kemli e Borran, para a
Caverna dos Anciões para que eles aprendessem a linguagem
gestual que Li-lah fala. Vou me preocupar com eles até que
voltem, mas por enquanto, há outros para verificar. Penso em
meu irmão e onde está seu coração, e sigo para a caverna de
Claire e Ereven.
Eu chego no momento em que Ereven está saindo, suas
redes de pesca penduradas no ombro. Ele me dá um sorriso fácil
e toca meu ombro. — Curandeira. Você fica mais cheia de kit
cada vez que olho para você.
— Isso é porque eu estou, — provoco de volta. Esse
pequeno contato de pele me diz que Ereven não é a causa da
minha preocupação, então eu espreito por ele em sua
caverna. — Vim verificar sua adorável companheira.
— Ela está com Tee-fah-nee e aquela que chora o tempo
todo. Seus companheiros estão caçando. — Ele aponta para suas
redes. — E estou prestes a me juntar a eles. Claire quer peixe
esta noite.
Eu sorrio. — Não vou mantê-lo. — Minha mente já está
acelerada. Quem chora o tempo todo é Ar-eeh-aw-nuh, e não a
companheira que eu teria escolhido para Zolaya, que está
sempre sorridente e feliz. Sua companheira não é nada
assim. Quando ela chegou, chorou porque odiava o frio. Agora
ela chora porque está cansada e seu kit é agitado. Posso ajudar
com isso, pelo menos.
Conforme Ereven se afasta, minhas costas parecem apertar
com força, os músculos puxando em protesto por toda a minha
caminhada. Um assobio me escapa e faço uma pausa, enviando
cura pelo meu corpo. As dores desaparecem alguns momentos
depois e posso andar novamente. Eu me movo para
frente. Estou cansada e não quero nada mais do que voltar para
a minha cama e me enrolar em um ninho de peles, mas eu posso
fazer isso depois de já ter aliviado meus medos. Esfrego a parte
inferior da minha barriga novamente e sigo em direção à caverna
de Ti-fah-ni.
As três mulheres estão sentadas ao redor da fogueira de Ti-
fah-ni, separando punhados de sementes. Ar-ee-aw-nuh segura
seu kit Analay, esfregando suas costas enquanto ele chora. Claire
se senta com as pernas cruzadas na frente dela, barriga
suavemente arredondada com os primeiros sinais de seu kit
chegando. Ti-fah-ni é recém acasalada e irá ter uma barriga por
luas e luas ainda. Todos elas olham para mim quando eu entro, e
Ti-fah-ni pula de pé. — Maylak! Venha sentar! Você parece
cansada.
Eu mordo de volta minha irritação. Por que todo mundo me
diz que estou mal? Eu estou apenas grávida com o kit. Mas eu sei
que ela tem boas intenções, então coloco um sorriso no rosto. —
Ouvi dizer que Analay está tendo um dia difícil e queria ajudar. —
As mãos de Ti-fah-ni são fortes nas minhas, e o pulso de cura
que envio por ela me diz que ela está bem. Eu a deixo me ajudar
a sentar, estabelecendo-se entre as duas mulheres.
Ar-ee-aw-nuh imediatamente entrega Analay para mim,
sua boca fechada em uma carranca. — Ele está tão agitado
hoje. É meu leite de novo?
Eu balanço o kit em meus braços, enviando uma cura
quente através de seu pequeno corpo. De toda a tribo, Analay é
o que mais me preocupa. Seu khui não é forte e ele luta onde
outros florescem. Nunca compartilhei isso com a mãe porque é
algo que pode melhorar ou piorar com o tempo. Não há como
saber, e contar a ela meus medos só causariam mais
preocupação. É apenas mais um fardo que um curandeira deve
carregar, então observo Analay de perto. O khui cura muito, mas
não pode curar tudo, e algo no leite de sua mãe faz seu
estômago doer. Envio minha cura a ele para encorajar seu corpo
a receber comida, mas todos os dias é difícil para ele. — Sim. Ele
está com fome, mas seu estômago fica mal.
Lágrimas de frustração crescem nos olhos de Ar-ee-aw-
nuh. — Meu bebê é intolerante à lactose? Você não pode
consertar isso?
Eu balanço minha cabeça, porque não conheço essas
palavras. Leite é leite, e Analay não gosta de leite. — Talvez
quando ele ficar mais velho, ele possa comer carne se for bem
mastigada para ele.
— Tem uma erva que acalma o estômago, certo? Talvez
possamos amassar um pouco de não-batata com um pouco de
caldo de osso e um pouco da erva e ver se isso ajuda? — Ti-fah-ni
pergunta, olhando para mim.
— Kemli tem uma, — eu concordo. — Analay é jovem para
alimentos sólidos, mas talvez valha a pena tentar.
— Eu vou, — Claire diz, levantando-se. Ela é graciosa,
apesar da protuberância arredondada de sua barriga. Eu estendo
a mão e coloco minha mão em sua barriga antes que ela possa se
afastar. — Como está seu estômago?
— Esta bem. — A voz de Claire é tímida. Ela coloca as mãos
em cada lado da barriga e dá uma pequena sacudidela. — Sério,
me sinto maravilhosa. Você não precisa se preocupar comigo.
— Sou a curandeira. Deixe-me ser a juíza disso. — Eu digo,
enquanto puxo minha mão. Nem preciso tocar a pele de Claire
para saber que ela está em perfeita saúde. Nem o agitado Analay
é a causa de minhas preocupações. É outra coisa. Mas o que?
Com a minha cura acalmando suas dores, Analay dorme em
meus braços e Ti-fah-ni conforta a mãe angustiada. Pobre Ar-ee-
aw-nuh. Eu sei que preocupa Zolaya, que não pode ajudar. Ele
passa longas horas caçando porque é algo que ele pode fazer, e
isso apenas coloca mais pressão em sua companheira, que fica
com uma criança chorando por muitas horas. Nenhum
acasalamento é perfeito, mas é sempre mais difícil logo após
o nascimento do kit. Isso eu sei bem. Penso em mim e em meu
Kashrem, quando parecia que durante a noite passamos de dias
preguiçosos nas peles para frenéticas mudanças de panos e
muito pouco sono. As primeiras voltas da lua são sempre difíceis.
Claire retorna pouco tempo depois com as ervas, e as
mulheres fazem um purê de raiz e caldo para Analay enquanto
eu o seguro. As primeiras mordidas que ele dá fazem seu
rostinho enrugar, mas ele consegue engolir uma pequena
refeição e, quando envio minha cura por ele, não sinto a dor no
estômago que ele normalmente tem. — Eu acho que está
funcionando. Talvez o alimente com um pouco de leite e um
pouco de purê e, lentamente, você pode movê-lo para comida
amassada. Ele ainda precisa dos nutrientes do seu leite por
enquanto. — Eu o entrego de volta para sua mãe, que tem um
olhar aliviado em seu rosto magro. — E sempre venha me buscar
quando ele estiver chateado.
— Eu não queria incomodar você, — diz Ar-ee-aw-nuh,
segurando Analay perto.
— Eu sou a curandeira. É meu trabalho cuidar de todos. —
Eu sorrio para ela e lentamente fico de pé. — E é apenas um
toque de minhas mãos.
— Mas isso não te deixa cansada?
Estou surpresa com a pergunta. Claro que me cansa. Cada
grama de cura que dou a outra pessoa está forçando meu khui a
se esticar um pouco mais, e às vezes ele se estende
muito. Mas... também é meu trabalho, como curandeira. Cada
ferida não tratada, eu sinto em meu coração. É meu dever
manter a tribo saudável e forte.
A última curandeira da tribo foi à irmã da minha mãe,
Nashak. Ela morreu na doença de khui de exaustão, tendo
estendido a si mesma e seu khui longe demais. Foi uma boa
morte; ela morreu salvando seu povo. Eu espero o mesmo de
mim mesma. Vou curar cada corte, cada ferida, cada dor de
estômago até que eu não possa mais curar.
Mas há preocupação no rosto pequeno de Ar-ee-aw-
nuh. Eu acaricio sua bochecha e envio uma pequena onda de
cura através da mãe cansada também. — Eu prefiro curar o
pequeno Analay do que ouvi-lo chorar. Você não faria, também?
Ela balança a cabeça lentamente e depois me dá um sorriso
cansado. — Obrigada, Maylak.
Eu bato em sua suave bochecha. — Eu devo ir visitar os
outros. Se ele se sentir mal mais tarde, venha me procurar na
minha caverna.
— Eu vou.
Acaricio o braço de Ti-fah-ni enquanto ando, mas não há
nada preocupante dentro dela. O kit que carrega na barriga lisa
cresce a cada dia e ela está saudável.
Todo mundo está saudável. É ao mesmo tempo alívio e
frustração, porque o mal-estar na parte de trás da minha
mente vai não vai embora.
Eu visito Mar-layn e Zennek e seu pequeno kit. Eles são
saudáveis. Visito Aehako e sua família. Também
saudáveis. Encontro alguns caçadores voltando com uma
refeição do meio-dia para suas companheiras e apresento razões
tolas para interrompê-los. Cada um está saudável. Encontro
Hemalo trabalhando suas peles na frente da caverna dos
caçadores. Ele está saudável, embora triste.
Todo mundo está saudável. Então o que é?
Eu sigo para o fundo da caverna, onde Asha está agora
acomodada com a única fêmea humana não acasalada, Mah-
dee. Talvez haja algo preocupando Asha. Ela tem estado
desolada desde a morte de seu filho. Meu coração dói por
ela. Estávamos grávidas na mesma época, mas ela deu à luz
muito cedo e nem mesmo a minha cura conseguiu impedir. Seu
kit morreu, nasceu muito cedo, e Asha se retraiu em si
mesma. Dei à luz minha Esha meses depois, e a separação entre
nós foi completa. Asha não pode me perdoar, eu acho, por ter o
que ela tanto deseja.
Hoje não é diferente de qualquer outro dia. Asha está
sozinha em sua caverna, o fogo apagado. Ela se encolhe sob os
cobertores, os olhos abertos e olhando para o nada.
— Asha, — murmuro enquanto entro. — É Maylak. Posso
entrar?
— Eu não me importo, — ela diz em uma voz sem tom.
Eu procuro por um assento, mas não há nada que eu possa
abaixar meu corpo desajeitado facilmente. — Me dê sua mão? —
Eu pergunto, decidindo permanecer de pé.
Ela rola de costas. Seu cabelo comprido e escuro é um
emaranhado bagunçado em volta do rosto, e me pergunto há
quanto tempo ela está deitada na cama. Dias? Um punhado de
dias? Ela franze a testa para mim. — Por quê?
— Porque estou aqui para verificar você, — digo a ela sem
rodeios. Estendo minha mão em direção a ela e mexo meus
dedos, indicando minha impaciência.
— Por que isso importa? — Sua expressão é amarga. —
Se estou morrendo, Hemalo está livre. E há uma boca a menos
para alimentar nesta temporada brutal.
Eu não digo nada, porque não vou discutir. Ela coloca sua
mão na minha, e é forte, embora eu possa sentir a tristeza que
irradia dela. Quero dizer a ela que ainda existe prazer na vida,
nos braços de um companheiro, nas alegrias simples - mas viria
de mim, grávida e com outro kit. Ela não quis ouvir. E o
companheiro de Asha a abandonou. Então eu suspiro e solto sua
mão. — Onde está sua amiga humana?
Asha bufa e rola. — Eu não sou a guardiã dela.
Tento outra tática. — Eu vi No-rah com suas kits perto do
fogo. Ela parecia estar com as mãos ocupadas. Você pode se
oferecer para ajudá-la se tiver tempo hoje.
Seus olhos se estreitam para mim, mas ela se endireita na
cama e passa a mão pelo cabelo. — Ela me pediu para ajudar?
A esperança em sua voz parte meu coração. — Ela não fez
isso, — admito. — Mas também acho que ela está se esforçando
muito para lidar com isso sozinha e tem medo de pedir
ajuda. Mas acho que ela gostaria de outro par de mãos. — Eu
esfrego minha barriga porque minhas costas estão começando a
doer. — E ela gosta da sua companhia. — Eu também, antes que
tudo mudasse.
Asha olha além de mim por um momento, pensando. Então
lentamente empurra os cobertores para o lado e se levanta. — A
humana está visitando sua irmã.
— Meus agradecimentos. — Não espero para ver se Asha
vai deixar sua caverna. Meus pés estão doendo e agora minhas
costas também. Vou visitar Mah-dee e Li-lah, e depois vou voltar
para minha própria caverna, onde o meu companheiro pode me
mimar e eu posso abraçar o meu kit e ser feliz com a minha
família.
Meus passos estão um pouco mais pesados, um pouco mais
arrastados quando deixo a caverna de Asha e me dirijo ao
pequeno recanto que agora é a casa de Rokan e sua Li-lah.
Eles são o mais novo par acasalado em nossa pequena tribo
e não emergiram muito de sua caverna nos últimos dias,
ocupados atendendo às demandas da ressonância. Eu sinto uma
pequena pontada de pavor enquanto me dirijo para sua
caverna. É cedo para que algo dê errado com seu
acasalamento. Li-lah pode nem estar com o kit ainda.
Eu fico do lado de fora, ouvindo com atenção. A caverna
deles está silenciosa, mas a tela é removida da entrada. Lá
dentro, posso ouvir o crepitar aconchegante de uma fogueira e
ver as pernas de uma humana pálida sentada perto dela. —
Posso entrar? — Eu chamo.
Um momento depois, Rokan emerge, desdobrando seu
longo corpo pela entrada apertada. — Curandeira! Entre. Você é
sempre bem-vinda. — Ele pega meu braço e me deixa apoiar
nele enquanto entro, como se eu fosse mais velha em vez de
mais jovem do que ele. Mesmo assim, sou grata pela
ajuda. Estou cada vez mais cansada e deprimida.
Mah-dee se levanta de seu banquinho e o oferece para
mim, e eu me sento perto do fogo. Li-lah imediatamente
mergulha uma xícara no tripé sobre o fogo e oferece a bebida
para mim, fazendo um gesto com a mão.
— Sinto muito, — digo enquanto pego a xícara. — Eu não
tive a chance de ir à Caverna dos Anciões para aprender a falar
com as mãos. — Eu deixo meus dedos tocarem os dela enquanto
ela me entrega a xícara. Li-lah está saudável... e ainda não está
grávida. A ressonância ainda vai demorar um pouco mais.
— Você está com o kit, — diz Rokan, fazendo gestos com as
mãos ao mesmo tempo em que diz as palavras para que sua
companheira possa ‘ouvir’. — Ninguém espera isso de você.
Sempre tão atencioso, Rokan. Eu sorrio para ele e tomo um
gole de chá.
— Além disso, — Mah-dee diz, fazendo o mesmo, — Não é
como se esses dois estivessem deixando sua caverna. — Ela faz
uma careta para eles. — Eu diria para conseguirem um quarto,
mas vocês já têm um.
Li-lah ri baixinho e faz uma série de gestos, e Mah-dee bufa,
rapidamente sinalizando de volta. Elas gesticulam por
mais um momento e depois olham para mim.
— Lila quer saber se você acha que é um menino ou uma
menina, — diz Mah-dee, apontando para minha barriga. — Ou é
indelicado perguntar?
— Não é, — murmuro, com um sorriso nos lábios. — E eu
sei o que é.
— Sabe? — Mah-dee parece impressionada. — Isso é uma
coisa estranha?
— É uma 'coisa' de curandeira, — eu concordo.
— Maylak sabe das coisas, — diz Rokan. — Como eu, mas
sobre corpos e feridas e cura.
Algo nessa declaração me faz parar. Parece significativo,
mas antes que eu possa pensar, Mah-dee fala novamente.
— Sortuda. — Mah-dee faz um pequeno gesto. — Então,
nós temos que descobrir? Menino ou menina? Parece que há
muitas meninas agora.
Eu sorrio. — Não irei dizer. Mesmo meu companheiro não
sabe.
— Por que não? — Mah-dee inclina a cabeça.
— Porque quero surpreendê-lo. — Eu quero ver a alegria
em seu rosto quando nosso kit nasce e é um macho.
— Vantagem, — Mah-dee diz, e há um tom astuto em sua
voz. Ela olha para a irmã e gesticula novamente.
Eu não sigo, mas isso não é incomum quando falamos com
humanos. Então, sorrio educadamente e bebo meu chá
rapidamente, esvaziando a xícara. Então me inclino para frente e
o estendo para Mah-dee. — Posso tomar mais chá? É muito
bom.
— Certo. — Mah-dee pega a xícara e seus dedos tocam os
meus. Nenhuma doença em nenhuma das irmãs. Uma coisa boa.
Enquanto me endireito, olho para Rokan. Ele ficou muito
quieto, seu olhar em mim. Sua expressão está vazia, mas sinto
que ele está pensando. Depois de um momento, ele me oferece
a mão com a palma para cima.
Ele sabe o que estou fazendo.
Ele sabe coisas, como eu.
Meus olhos se arregalam. Será que ele sente isso? Será
que ele acordou com o medo rastejando como eu? Eu devo
saber. Mas não quero assustar às outras. Então coloco um
sorriso brilhante no rosto e olho para as humanas. — Vocês
sabiam que Stay-see fez bolo?
— Bolo? — Mah-dee pergunta, gesticulando para sua
irmã. Li-lah coloca a mão sobre a boca em surpresa satisfeita.
— Não sei se sobrou algum, mas tenho certeza que se você
perguntar, ela fará mais. — Eu aliso minhas roupas sobre minha
barriga dura e arredondada.
Rokan apenas me observa.
— Estou dentro se Lila estiver, — Mah-dee diz, falando com
a irmã.
As mãos de Li-lah se movem, se comunicando, e então
Mah-dee olha para mim. — Lila acha que você está tentando se
livrar de nós para poder falar com Rokan.
Eu inclino minha cabeça ligeiramente. Li-lah é sábia.
— É justo. Posso ser subornada com bolo. — Mah-dee se
levanta, e Li-lah também. Li-lah hesita, e então vai até Rokan e o
beija na boca rapidamente antes de voltar para o lado de sua
irmã. Eu vejo Rokan dar a sua companheira um olhar ardente
enquanto ela sai.
A ressonância está definitivamente em andamento para
esses dois.
Elas partem, e a caverna fica silenciosa novamente. Brinco
com minhas roupas, tentando parecer calma e relaxada, embora
não sinta isso. Há muita coisa acontecendo na minha cabeça para
eu ficar calma.
Rokan olha para mim depois de um momento, e seu olhar
está cansado. — Você sente isso também?
4
Você sente isso também?
Meu coração aperta. — Sinto.
— O que é?
Ele não sabe? — Eu esperava que você tivesse uma
resposta.
Rokan esfrega o queixo pensativamente. — E eu também.
Eu me mexo na cadeira, inquieta, mas de alguma forma
aliviada. Rokan se sente da mesma maneira que
eu. Não sou apenas uma mulher grávida que vê problemas onde
não há nenhum. Algo está errado... ou estará errado. — Acordei
esta manhã e senti isso, — digo a ele. — Sutil, mas
irritante. Como grão no olho. Não sei o que é, só sinto... algo no
horizonte. — Mesmo agora, sinto uma leve inquietação no ar,
aderindo como fumaça.
— É o seu kit? — ele pergunta. — Você está saudável?
Balanço minha cabeça. — Eu posso... sentir enjôo, se isso
faz sentido. Meu khui parece diferente perto daqueles que não
estão bem. Parece semelhante, mas diferente. Tenho visitado
todos, mas ninguém está doente. Não sei o que fazer com
isso. Eu pensei que talvez fosse só eu...
— Até eu falar, — Rokan termina. Ele continua esfregando
o queixo. — Isso me incomoda há dois dias.
Estou surpresa. — Porque não disse nada?
Ele encolhe os ombros. — Parece vago, como
uma idéia mais do que qualquer outra coisa. E como você, não
consigo encontrar centrado em ninguém.
— Mas você sente isso, — eu enfatizo. Agora estou ainda
mais preocupada. Sou apenas uma curandeira, mas Rokan pode
sentir coisas. Ele sabe quando vai chegar uma forte tempestade
de neve, quando a caça está escassa... ele sabe tantas pequenas
coisas. — É o tempo?
— Acho que não. É... difícil. — Ele bate um dedo no queixo
e se senta, frustrado. — Não consigo descrever, apenas sei que
perdura. Como um gosto ruim.
— Bem, agora nós sabemos todas as coisas que ele é, — eu
digo impaciente. — É como um gosto ruim. É como grão no
olho. São todas essas coisas e ainda não sabemos o que
realmente é.
Ele levanta a sobrancelha para mim, surpreso com minha
explosão. — Uma vez que eu souber mais, vou te dizer.
Eu esfrego a mão no rosto. — Eu sei. Estou apenas
cansada. E preocupada. Prefiro um braço quebrado do que
algum problema sem nome e sem forma que não consigo ver.
— Eu entendo. — Rokan pega um pedaço de pau e cutuca
as brasas do fogo. — A princípio pensei que fosse minha Li-lah e
meu coração se encheu de pavor. Não a deixei sair de nossas
peles por um dia inteiro, preocupado que algo pudesse
acontecer se ela saísse da minha vista. Mas quando a sensação
continuou... — Ele para. — Isso me preocupou,
mas estou aliviado. Não é Li-lah, e me sinto mal porque estou
feliz que seja o que for, não a toque.
Estendo a mão e coloco em seu joelho. — Eu conheço bem
esse sentimento. Tenho um companheiro e um kit, e outro a
caminho. Eu acordo à noite, preocupada com eles. É porque
você ama profundamente. Isso vai te assustar às vezes, mas
também é uma coisa boa.
O olhar vazio que ele me dá me diz que ainda há muita
preocupação em sua cabeça.
A preocupação me arrepia e um novo pavor surge. — Não
consigo me lembrar, Rokan. Você teve o seu 'sentido' quando a
doença de khui atingiu todas aquelas estações atrás? Eu ainda
não era uma curandeira, então não sei se isso é o mesmo. —
Meu corpo inteiro aperta contra o pensamento. Por favor, não
deixe ser. Qualquer coisa menos isso.
Eu quero chorar de alívio quando ele balança a cabeça
lentamente. — Não é o mesmo. Quando a doença de khui estava
aqui, parecia... — Ele fecha o punho e o coloca sobre o peito. —
Como uma sensação esmagadora. Isso só parece...
leve. Desanimador.
Eu exalo, ponderando suas palavras. Ele está certo - isso
não parece esmagador. Parece... uma sugestão? Uma idéia de
uma coisa ruim prestes a acontecer. — Então, o que fazemos?
— Nós esperamos. O que mais podemos fazer?
— Podemos contar ao nosso chefe. Vektal deve saber,
então estaremos preparados.
— Preparados para quê?
Ele tem razão, mas ainda assim, nosso chefe merece
saber. — Qualquer coisa e tudo.
Rokan concorda.
Coloco minhas mãos no ar. — Ajuda-me e nós vamos a para
sua caverna.
Rokan me ajuda a levantar e então faz uma pausa. — Vou ir
ver Vektal. Você deve voltar para sua caverna.
— Não, eu posso ir com você—
— Maylak, — ele diz gentilmente, e aperta minhas mãos. —
Você não pode sentir isso? Seu kit está a caminho.
Naquele momento, meu corpo dá um aperto poderoso,
uma contração me rasgando. Eu solto suas mãos e me dobro,
segurando minha barriga.
— Sua bolsa está prestes a estourar também, — ele diz,
com um toque de diversão em sua voz. — Deixe-me levá-la de
volta para seu companheiro.
Eu agarro sua túnica, punhos em minhas mãos. Tudo em
meu corpo que estive ignorando, deixando de lado porque estive
muito ocupada, muito preocupada - tudo está vindo à
tona. O dia todo, meu corpo - e meu kit - tem me enviado sinais
de que meu tempo está próximo, e estive distraída demais para
notar. Agora eu sinto tudo: a mudança na posição do meu kit
dentro da minha barriga, a expansão lenta da minha carne entre
as minhas pernas, as contrações que ondulam pelo meu
estômago duro. Eu tenho acalmado com pequenos
toques durante todo o dia, focado no bem-estar da minha tribo.
Agora meu kit está desesperado para nascer.
Oh. Hesito, porque preciso descobrir o que está afetando a
tribo. Devo consertar porque eles dependem de mim para
mantê-los seguros e saudáveis. — Mas—
— Todo o resto pode esperar, curandeira. Eu prometo. —
Ele me ajuda a ficar de pé e então começa a me conduzir em
direção à entrada de sua caverna. — Tenha seu kit. Vou falar
com Vektal. Nós iremos ver você mais tarde.
Eu hesito.
— Sua água, — alerta Rokan. — Muito em breve.
Eu aceno e me arrasto para fora da caverna, segurando
meu estômago. No momento em que estamos no túnel
principal, ele me pega com cuidado em seus braços. — Vamos
levá-la de volta para Kashrem, sim?
Outra contração se abate sobre mim. — Minha caverna, —
eu concordo, ofegante. — E se apresse. — Mais dor percorre
minha barriga e, desta vez, não uso minha cura para acalmá-la.
Meu kit está chegando, e cada nó de dor que sobe na
minha barriga é um lembrete de que em breve, vou ter um novo
pequeno rosto para cumprimentar.
Muito, muito em breve.

POUCO TEMPO DEPOIS, me sento nas peles e coloco as


mãos na barriga, deixando minha cura fluir pelo meu corpo. O
parto foi fácil, graças ao meu khui, mas ainda
dói. Estou exausta. Com um pouco de cura, vou me recuperar
muito mais rápido.
Perto do fogo, meu companheiro enxuga o kit com uma
toalha úmida e quente. Há um largo sorriso no rosto que não
vai se desvanecer, e ele toca a pele azul suave do nosso kit com
reverência. Cada dedinho do pé é contado, cada dedinho
desenrolado. — Um menino, — ele murmura, e olha para mim
com amor em seus olhos. — Você sabia?
Eu sorrio. — Como eu não poderia? Ele viveu dentro do
meu corpo temporada após temporada. — Estou com o kit há
tanto tempo que agora me sinto um pouco vazia e desamparada
sem a sensação reconfortante dele em minha barriga. Eu aliso a
mão sobre o monte macio do meu estômago. Ele vai apertar e
ficar plano novamente em breve, e estou quase triste porque já
sinto falta de carregar meu kit.
Mas então Kashrem está se movendo para o meu lado,
nosso novo kit cuidadosamente embalado em seus braços. Ele
segura o pequeno macho para mim. Ele é uma criança linda e
perfeita. Lembro-me do rosto de Esha, contraído e enrugado de
tanto chorar, seus pequenos chifres já brotando. Este kit é gordo,
e seus chifres são apenas sugestões em sua sobrancelha. Sua
expressão é doce, seu olhar calmo enquanto ele me encara com
olhos escuros que não piscam. Meu khui se agita em meu peito
quando pego meu kit nos braços, mas não há nenhum khui de
resposta a quem recorrer. Ainda não.
Essa vaga sensação de mal-estar retorna, mas desta vez é
diferente. Esta é uma mãe preocupada com seu kit
vulnerável. Eu acaricio minha mão sobre a pequena cabeça,
quase careca. — Não tem muito cabelo.
— Não é como Esha, — meu companheiro concorda, se
acomodando ao meu lado nas peles. Seu braço se move em volta
dos meus ombros e ele me segura perto, pressionando sua boca
contra minha crina. — Ela tinha uma cabeça negra cheia e se
projetava como uma erva daninha.
Eu rio, lembrando. O kit em meus braços pisca e sua
boquinha se move, franzindo. Eu o embalo contra meu peito e
ofereço meu mamilo, e um momento
depois, ele pega. Amor feroz corre através de mim e eu tenho
que piscar para conter as lágrimas. Eu sentir falta da minha
barriga arredondada? Não é nada comparado a segurar esta
pequena vida em meus braços.
Kashrem me aninha de novo. — Você é linda, minha
companheira. Eu sou o mais sortudo dos homens. Tenho uma
linda mulher ao meu lado, uma filha forte e saudável, e agora um
filho. Meu coração tem tanta alegria.
Eu toco sua bochecha enquanto o kit mama. Ele é forte,
meu filho. Saudável. Posso ver isso mesmo sem um khui em seu
peito para falar. — Você queria um menino.
— Eu queria, — Kashrem concorda. — É uma sensação
egoísta saber que nossa tribo precisa tanto de mulheres, mas
não consigo imaginar amar outra menina tanto quanto amo
Esha. Então, eu queria um filho pequeno. — Ele esfrega meu
braço distraidamente. — Claro, agora que ele está aqui, não
posso imaginar amá-lo menos ou mais do que Esha. Ele é apenas
diferente e já reivindicou outra parte do meu coração.
Eu sei exatamente o que ele quer dizer. A pequena Esha
partiu com Rokan para que ela não tivesse medo de nenhum
choro que eu fizesse durante o parto. Eu sinto falta da minha
filha, no entanto. Eu a quero aqui. Quero mostrar a ela o novo
irmão que ela tem e ver seu sorriso encantador. Eu quero
abraçá-la e me assegurar de que ela está segura, embora eu
saiba que ela está com Rokan e sua Li-lah. Eu estou apenas...
preocupada. — Um nome? — Eu pergunto ao meu companheiro,
mantendo meu tom leve. — Você já considerou um?
— Eu pensei que poderíamos misturar nossos nomes, como
os humanos fazem. Makash.
— Um nome feroz para um kit tão sonolento. — Eu sorrio
para o pequeno pacote em meus braços. Eu poderia observar o
rostinho por horas, as bochechas gordas trabalhando enquanto
Makash mama.
— Ele crescerá e tornará seu nome forte, — diz Kashrem,
dando uma última carícia em meu braço e, em seguida,
levantando-se. — Melhor que ele seja um caçador do que um
curtidor como seu pai.
Eu olho para cima, franzindo a testa com essas palavras
negativas. — Por que isso importa?
Enquanto eu observo, meu gentil Kashrem pega sua lança
raramente usada e vai para a entrada de nossa minúscula
caverna. Ele se senta e observa a entrada, e seu rosto está
solene.
— O que? — Eu pergunto. Isso não é típico do meu
companheiro. Meu Kashrem é doce por natureza e não um
lutador. Nunca me importei se ele pegou uma lança para caçar
ou se curou uma pele. Por que a repentina mudança de atitude?
— Estou preocupado, — diz ele em voz baixa, as mãos
segurando a lança de forma desajeitada. Seus olhos brilham ao
se fixarem no minúsculo Makash.
— Sobre o kit? Mas...
Ele balança a cabeça. — Sobre o que você disse esta manhã
quando acordou. Que algo estava errado. E isso me fez pensar...
devo ser mais forte para proteger minha família? Devo
fazer mais? Devo caçar? Ser feroz como Hassen e Bek? — Ele
olha para a lança em suas mãos como se ela fosse estranha para
ele. — Isso vai ajudar?
— Meu companheiro, — digo baixinho, chamando por
ele. Eu estendo minha mão, esperando.
Ele olha para a lança, então suspira e a joga de lado. Ele
se move para o meu lado e se ajoelha, em seguida, segura meu
rosto com as mãos. — Eu quero ser o suficiente. O suficiente
para você, o suficiente para Esha e Makash.
— Você é. Nunca duvide disso. — Eu acaricio sua mão e a
seguro ali, contra minha bochecha. — Não pense que você tem
que ser outra coisa se não é quem você é.
— Mas o perigo—
— Pode não ser nada, — eu digo com firmeza. — Falei com
Rokan e ele sente o mesmo mal-estar, mas não é como a doença
de khui de antes. Não sabemos o que é, e pode ser algo tão
simples como o mau tempo nesta temporada brutal. — Parece
uma mentira contra os meus dentes, mas vale à pena ver a
preocupação no rosto do meu companheiro desaparecer.
— Eu quero proteger você, — Kashrem diz ferozmente. —
Você é minha mulher. Minha companheira. A mãe dos meus kits.
— Uma mãe que está ocupada cuidando de uma tribo que
cresce a cada dia, — digo suavemente. Eu acaricio sua mão e
olho para ele novamente. — Uma mãe com
dois filhotes muito novos que fica grata por ter um marido que
não está nas trilhas, porque a deixa se concentrar em ajudar a
todos.
Minhas palavras aliviam um pouco da tensão em seus
ombros. — Por que você sempre sabe a coisa certa a dizer para
aliviar meu coração?
— Porque eu sou a curandeira, — digo suavemente. — E
sua companheira. Meu dever é conhecê-lo e saber como curá-lo
de todas as formas.
Ele olha para Makash e ri. — Ele adormeceu se
alimentando.
Eu olho para baixo e a pequena boca de nosso filho
estremece, como se estivesse tentando pegar no sono. Eu o
coloco no ombro e esfrego suas costas, esperando o arroto
inevitável. Quando termina, eu o envolvo em peles macias e o
estendo para seu pai.
O olhar de amor no rosto de Kashrem quando ele pega seu
filho nos braços me faz derreter e me enche de proteção
feroz. Não precisamos de um caçador em nossa família. Eu sou a
curandeira. Vou manter a minha família forte e segura com a
minha cura. A tribo fornece comida para nós em
agradecimento. Nada mais é necessário.
E eu me sinto culpada por minha preocupação ter passado
para o meu companheiro. É por isso que uma curandeira tem
tantos segredos. Porque às vezes eles não devem ser falados até
que se transformem em algo que possa ser curado com um
toque. Eu fiz meu companheiro se preocupar com perigos que
podem nunca vir à tona. E ainda... não posso segurar essas coisas
de meu companheiro. Ele é meu coração. Ele é o único com
quem posso compartilhar meus fardos.
— Eu conheço essa expressão no seu rosto, —
ele murmura, ao mesmo tempo em que balança Makash
suavemente em seus braços.
— O olhar? — Eu endireito minha roupa, envolvendo meus
seios macios com uma bandagem no peito, como eu vi as fêmeas
humanas fazerem.
— O olhar que diz que você se arrepende de compartilhar
suas preocupações comigo. — O sorriso que ele me dá é
sábio. — Mas eu não faria de outra maneira.
— Nem eu, — digo baixinho. Até mesmo uma curandeira
deve se apoiar em outro. Eu mexo com os cobertores, sentindo-
me estranhamente vulnerável com o quão bem ele me
conhece. — A tela de privacidade fica na entrada? Rokan e
Vektal virão em breve para conversar sobre o mau
pressentimento e o que podemos fazer.
Ele coloca o kit em uma nova cesta - uma cesta tecida por
meu companheiro, com cordas coloridas que lhe dão um padrão
decorativo - e então vai até a entrada e move a tela. Ele retorna
um momento depois, e Vektal e Rokan estão atrás dele.
— Curandeira, — diz Vektal, acenando para mim. — Seu
novo kit está bem?
Kashrem levanta a mão, parando os dois caçadores antes
que eles possam se sentar. — Minha companheira acabou de dar
à luz. Só porque ela quer você aqui é que removi a tela. Você vai
dizer o que precisa, e rápido, e então ela vai descansar.
Os olhos de Rokan se arregalam, mas ele está
sorrindo. Vektal apenas acena com a cabeça, seus lábios se
contraindo de diversão. — Você está feroz esta noite, Kashrem.
— Minha companheira cuidou da tribo o dia todo e depois
voltou para casa para dar à luz meu filho. Claro que estou
feroz. Ela não vai parar até ter certeza de que tudo está bem,
então vou me certificar de que ela descanse. — Ele dá a seu
chefe um aceno firme e, em seguida, o mesmo para mim. —
Portanto, não se sente, porque você não vai ficar aqui por muito
tempo.
Eu rio e puxo as peles para mais perto da minha cintura. Ele
está certo; Estou cansada. Minhas pálpebras estão pesadas e não
quero nada mais do que dormir, mas sinto que há muito o que
fazer.
Vektal chega perto das peles e depois olha para Kashrem
antes de se agachar ao lado da minha cama. — Conte-me mais
sobre suas preocupações.
Eu olho para Rokan, que acena com a cabeça, e então eu
falo. Digo ao meu chefe sobre acordar com minhas preocupações
e minhas visitas para verificar a tribo. Conto-lhe minhas dúvidas,
porque não posso apontar para uma coisa específica que me
preocupa. Ele está apenas lá, esperando. — Eu não sei o que
fazer com isso, — digo por fim. — Eu acho que são apenas as
preocupações de uma mulher grávida, mas Rokan as
compartilha.
— Sim, e não estou grávida, — diz Rokan, com o rosto
sério.
Vektal apenas lança um olhar paciente para Rokan e depois
se volta para mim. — E você tem certeza de que não está focado
em seu novo kit?
— Makash é forte, — digo com orgulho. — Muito saudável.
Meu chefe grunhe. — É um bom nome.
— Isto é.
Vektal se volta para Rokan. — Será que isso está
relacionado à caça ao khui que devemos fazer para
Makash? Precisamos ir em breve.
Rokan pensa, e então balança a cabeça. — Não parece um
perigo de caça.
— E também não é sobre o clima?
Rokan balança a cabeça novamente.
— E é focado na tribo?
— É assim que parece, — digo. À luz de todas as perguntas,
me pergunto se estou imaginando coisas. Todo mundo está
saudável. Ninguém está doente. Eu vejo no rosto de Rokan
que ele se pergunta a mesma coisa. Então eu pergunto: —
Estamos vendo fumaça onde não há fogo?
Vektal fica em silêncio por um longo momento, olhando
para mim. Então ele fala. — Nunca vi você entrar em pânico,
Maylak. Você é estável e inabalável. Se você tiver preocupações,
nós ouviremos.
— Mas eu não sei com o que me preocupo, — mas fico
preocupada.
— Então vamos esperar, — diz Vektal. — Continuaremos
atentos e esperemos o que quer que seja que for que acontecer.
— Ele fica de pé lentamente. — Minha Georgie tem uma
expressão humana - a calmaria antes da tempestade. Talvez isso
seja o que é.
— Mas então o que é a tempestade? — Rokan pergunta.
Vektal espalha suas mãos. — Nós não sabemos ainda.
Eu olho impotente para Rokan. — Então, o que fazemos?
— Aproveite à calma, — diz Vektal. — Não diga nada aos
outros. Não faz sentido espalhar o pânico. Até lá, aproveite
cada dia, cada hora com sua família.
Eu olho para os rostos sérios, e depois para o meu próprio
companheiro. — Isso não é resposta, meu chefe.
— É porque eu não tenho nenhuma. — O rosto de Vektal
parece momentaneamente sombrio, mas, em seguida, sua
expressão muda a determinação. — Nós não seremos pegos de
surpresa, seja o que isso for. Vamos observar o tempo. Vamos
reunir mais fontes de alimento, mais suprimentos de
fogo. Vamos enviar caçadores em pares em vez de
sozinhos. Estaremos seguros. — Ele fecha o punho e descansa-o
no topo de sua palma plana. — Se nós pudermos impedir que
isto aconteça, nós o faremos.
— Muito bem, — digo baixinho. — Há mais que posso
fazer. Eu posso trabalhar com Kemli e reunir mais ervas
curativas. Fazer mais chás medicinais. Posso assistir as grávidas
ainda mais de perto. — E os que eu secretamente tenho um olho
em, como Har-loh e Analay.
— Você vai dormir, — meu companheiro diz, avançando e
se colocando entre meu chefe e minha cabeceira. Ele dá aos dois
homens um olhar severo. — Ela está cansada. Deixe-a
descansar. Vocês podem se preocupar mais amanhã.
— Como quiser, feroz. — Vektal acena para mim e depois
para Kashrem. — Traga Makash quando estiver descansado,
curandeira. Minha Georgie vai querer abraçá-lo.
— Eu irei, — eu prometo.
Os dois caçadores saem e Kashrem coloca a tela de volta na
entrada. Ele esfrega o rosto e depois caminha para o meu lado,
passos pesados, antes de cair nas peles. Ele coloca os braços em
volta de mim e enterra o rosto no meu ombro.
Eu brinco com suas tranças elegantes. — Longo dia? — Eu
provoco.
— Eu me preocupo com a minha companheira,
mesmo que ela não faça. Alguém deve fazer a nossa curandeira
incansável, descansar. — Ele permite que os dedos tracem sobre
minha pele. — E me preocupo sobre o que Vektal diz. Se há um
problema—
— Então esperaremos até que surja, — eu asseguro ao meu
companheiro. — Ele está certo. Não podemos viver todos os dias
nos preocupando com uma coisa sem forma e sem nome.
— Aproveite à calma, — Kashrem concorda, me segurando
perto. — Mais fácil do que parece.
Na cesta, Makash soluça e começa a chorar.
Apesar da minha exaustão, eu rio. — Muito mais fácil do
que parece, especialmente com um kit recém-nascido.
— Eu vou pegá-lo. — Meu companheiro se levanta
novamente e vai até a cesta. Ele pega o pacote, balançando
Makash nos braços enquanto ele retorna para o meu lado.
Ao assisti-los, minha determinação é fortalecida. Vektal
está certo. Vivemos em um mundo perigoso. Há ameaças todos
os dias, e não podemos viver com
medo. Nós vamos esperar. Nós iremos nos
preparar. Nós iremos manter os nossos segredos, e vamos
esperar o melhor.
E até então, aproveitaremos a calma.
Estendo meus braços para meu novo filho e sorrio.
Nota do autor
Bem, não foi uma provocação divertida? Espero que você
tenha gostado do pequeno vislumbre do espaço mental de
Maylak. Eu queria mostrar as coisas do ponto de vista dela -
tanto como parte integrante da tribo quanto como preocupante,
- bem como entrar em contato com vários de nossos outros
casais. Espero que você tenha gostado disso! Como diz Maylak, é
um pouco de calma, logo antes da tempestade.
Falando em tempestades... o livro de Maddie, BARBARIAN'S
TAMING, sairá no final do verão, e estou pensando que será uma
virada de jogo para nossos alienígenas de várias maneiras.
Espero que você tenha gostado desse gostinho e isso o
levará até o próximo lançamento completo. Como sempre,
obrigado por ser um fã. Eu realmente tenho os melhores do
planeta!
<3
Rubi
DIA DA MUDANÇA
FARLI
Cham-pee morde a manga da minha legging enquanto eu
caminho pela caverna, quase me fazendo tropeçar.
— Cham-pee! Pare! Estou tentando levar estes cobertores!
Ele bale para mim, parecendo tão engraçado e tão sa-khui
em minha indignação que eu rio. Não posso ficar com raiva de
seu rostinho peludo. Quando ele fica indignado, ele me lembra
Bek em um de seus humores, o que me faz rir ainda mais.
Mãos agarram a pilha alta de cobertores de mim,
e fico surpresa ao ver que é Bek. Não estou surpresa de ver que
ele está carrancudo.
— Obrigada, — digo a ele, agarrando Cham-pee antes
que ele possa atacar a calça de Bek.
— Você deve ter mais cuidado, — ele me diz com uma voz
monótona e raivosa. — Você quase pisou nas peles de Hemalo.
Eu olho surpresa. Com certeza, Hemalo colocou suas peles
apenas fora da caverna dos caçadores solteiros. Está no caminho
através da caverna tribal, mas suponho que ele não possa mais
montá-la em sua própria caverna, agora que se mudou. — Oh. Eu
não vi—
— Claramente. — Bek acena para mim. — Agora, para onde
você vai leva isso?
— Estou indo chamar Mah-dee, — digo-lhe, ignorando o
seu mau humor. — Hoje é o dia da mudança dela.
Ele grunhe. — Vou levar isso para você para que não se
machuque.
— E então você pode ver Mah-dee? — Eu provoco.
Uma carranca escurece em seu rosto. Provavelmente fui
longe demais, a julgar pela reação dele. Eu não ligo. Bek precisa
de um chute na cauda depois de várias luas de lamentação. A
única pessoa com quem ele ainda é gentil é a humana Claire. Eu
acho que ele sente falta dela. Mas ele apenas diz, — Onde está a
humana, então?
Eu encolho os ombros. — Onde ela dormiu ontem à noite
durante a celebração? Em qual caverna?
Ele não sabe, e eu também não, então começamos a espiar
as cavernas sem telas. Se ela deitou com um caçador, logo a
encontraremos. Esta é uma caverna com
poucos segredos... embora eu ache que se ela se deitou com
alguém, vou perder a ajuda de Bek.
Encontramos Vaza antes de encontrar Mah-dee. Ele é todo
sorrisos enquanto ele nos espia, uma cesta em suas mãos. —
Você viu a humana Mah-dee? Eu queria dar a ela uma cesta.
Sufoco minha diversão por trás da minha mão. Vaza é tão
óbvio. Bek também, na verdade. Eles entram em uma
competição. — Por que ela precisa de uma cesta?
Vaza olha para a cesta em suas mãos e então dá de
ombros. — Nem todo mundo precisa de uma boa cesta?
— Estou certa que ela ficará grata. — E uma risadinha
escapa de mim.
Ambos olham feio para mim. Cham-pee me cutuca e morde
meu queixo. Eu libero meu pequeno dvisti e ele imediatamente
foge para longe, pensando que estamos jogando um jogo de
perseguição. Eu não sigo.
O jogo de perseguição que está se desenrolando aqui é
muito interessante.
— Talvez ela esteja dormindo em uma das cavernas de
armazenamento, — sugiro. — Vou ir olhar.
Eles não prestam atenção em mim. Eles estão muito
ocupados olhando um para o outro. — Ela pode fazer sua própria
cesta, — Bek rosna para Vaza.
— Ela pode fazer seus próprios cobertores também!
— Estou ajudando Farli. Você está apenas perseguindo-a
como um gato da neve, como sempre faz.
— Como se você pudesse falar, — sibila Vaza. — Você tinha
uma humana e a perdeu. Deixe os outros terem uma chance!
Eu rolo meus olhos como Leezh faz quando está irritada.
Cada vez que uma fêmea humana esta sozinha, é a mesma
história com os machos não acasalados. Eles fazem papel de
bobos para empurrar o seu caminho em sua presença,
esperando um prazer companheiro, se não a ressonância. Agora
que há apenas uma fêmea solteira novamente, eles crescem
mais desesperados e mais irritados em suas conversas entre
si. Alguns dos caçadores, como Harrec e Warrek não se
preocupam em perseguir as fêmeas. Eles descobriram que
se estão destinados a ser, a ressonância acontecerá. Os
apressados como Bek fazem o seu melhor para ajudar com as
coisas.
Acho que é irritante... mas também um pouco
emocionante. Em algumas temporadas, eu vou ser uma mulher,
idade suficiente para ser cortejada. Será que eles vão correr
atrás de mim como acaloradamente fazem com Mah-dee? O
pensamento de toda a atenção faz meu estômago vibrar. Eu não
sei se quero Vaza ou Bek, mas ainda é interessante pensar. Eu
bato no meu peito liso. Ainda sem tetas. Eu tenho uma ou duas
temporadas ainda.
Eu suspiro. Estou pronta para crescer.
Deixo os dois caçadores brigarem e procuro nas
cavernas. Em uma pilha de peles extras no fundo da caverna de
armazenamento, encontro Mah-dee. Ela dormiu na caverna da
minha família desde que chegou, porque temos uma maior, mas
ela não voltou ontem à noite. — Bom dia, — eu grito para ela
quando me aproximo. — Acorde! É hora do dia da mudança!
Mah-dee senta-se turva, sua crina amarela um emaranhado
em sua cabeça. — Por que você está aqui e esta fazendo tanto
barulho?
— Estou falando alto? — Atrás de mim, Cham-pee berra na
entrada da caverna como se concordasse. — Eu estou, — eu
sussurro. — Está melhor?
— Acho que estou de ressaca, — diz Mah-dee, esfregando
o rosto. — Esse sah sah é uma merda potente.
Eu suspiro. — Estava ruim? — Já ouvi ‘merda’ muitas vezes
das humanas, mas elas costumam dizer isso quando se referem a
esterco. — Oshen ficará tão descontente—
— Não, não, — ela diz rapidamente. — Coisa potente. O
material. Eu falei mal.
Oh.
— Onde está minha irmã? — Ela ajeita a roupa e olha ao
redor. — Ela está acordada?
Eu rio. — Nós não veremos muito eles durante o dia, eu
acho. Eles estão ressoando. — É tão emocionante pensar
nisso. Imaginar Rokan e como ele olha para a sua companheira, e
um pequeno suspiro me escapa. Eu quero que um homem me
olhe assim. Então eu torço meu nariz. Mas não Vaza ou
Bek. Alguém mais legal. Talvez Taushen.
Mah-dee apenas dá um pequeno gemido infeliz e se deita
de volta na cama. Ela puxa os cobertores sobre a cabeça. — Eu
odeio este lugar.
Eu rio e me inclino para frente para puxar os cobertores
para baixo novamente. — Você é tão boba. — Eu comecei a
conhecer Mah-dee bem nas últimas semanas. Ela diz muitas
coisas azedas, mas ela está apenas triste e solitária e precisa de
amigos. — Hoje é um bom dia. Você está obtendo sua própria
caverna!
Ela me deixa puxar os cobertores para baixo e há uma
expressão pensativa em seu rosto. — Estou? Eu não vou ficar
com minha irmã?
— Não, você vai ser colocada com Asha, — digo a ela. — É
uma caverna para meninas! — O pensamento é muito
emocionante para mim. Talvez quando estiver mais velha, eu
posso morar com elas. Podemos trançar os cabelos uma das
outras, fazer roupas juntas e compartilhar segredos.
— Eu acho que está tudo bem. Eu realmente não queria
ouvir minha irmã agarrando seu novo namorado o tempo todo,
— Mah-dee diz depois de um momento. A expressão em seu
rosto fica triste novamente.
— Não namorado, — eu a corrijo. — Companheiro. E eles
não estão se agarrando, estão acasalando.
— Certo. Foi mal.
— Mau?
— Esquece. — Ela se senta e Cham-pee imediatamente
corre para a frente e agarra um canto de seu cobertor,
sacudindo-o violentamente. Um pequeno sorriso toca seu rosto
triste, e ela estende a mão para esfregar a cabeça dele. — Tudo
bem, vamos ver o novo lugar.
Quando Mah-dee e eu emergimos da caverna de
armazenamento, Bek e Vaza inflam visivelmente o
peito. Se Mah-dee nota, porém, ela fica em silêncio. Ela
permanece ao meu lado enquanto a conduzo através da caverna
tribal, e não presta atenção aos homens que correm para ficar
perto dela. Não acho que Mah-dee esteja interessada em um
companheiro neste momento, mesmo um companheiro de
prazer.
Embora se eu fosse escolher um companheiro de prazer,
também não escolheria Vaza. Ele é muito velho e as mulheres
podem escolher os caçadores solteiros.
A caverna de Asha não tem tela de privacidade na frente,
então eu entro. Lá dentro, a fogueira está escura e há um feixe
de peles no fundo da caverna. — Asha? — Eu chamo.
O pacote de peles se agita. — Vá embora, Farli.
— Não é cedo, — digo a ela. — Você deveria estar
acordada.
— Por quê? — Sua voz está cansada. — Qual é o ponto?
O ponto? Que bobo. — Há muito a ser
feito. Aqui, vou começar a sua fogueira. E hoje devemos mover
Mah-dee para sua caverna. Onde estão suas ferramentas para
fazer fogo? — Eu me agacho ao lado do anel de pedras.
— Mover Mah-dee? — Asha senta-se e suas mãos vão para
o cabelo para trançá-lo. Quando ela se senta, um pequeno
pedaço de pelo cai no chão. Ela o pega rapidamente, mas não
antes de eu ver. É uma túnica do tamanho de um kit.
Pobre Asha. Ela sente falta de sua pequena Hashala. Eu só
tenho lembranças vagas do kit de várias temporadas
atrás, apenas que ela estava pálida, azul pálido e tão
minúscula. Nascida cedo demais. É raro. Tudo isso, me disseram
para que eu não me preocupe quando for a hora de eu levar um
kit.
A tribo fica de luto, e então a vida continua... para todos,
menos para Asha, eu acho. Em seu coração, ela ainda chora.
Então eu sorrio brilhantemente para ela, como se Mah-dee
morar com ela fosse à melhor coisa que já aconteceu. — Você e
Mah-dee, sim. Vektal disse que teremos as mulheres solteiras
juntas em uma caverna.
— Solteira? Mas estou acasalada com Hemalo, você se
esquece. — Seu lábio se curva ligeiramente quando ela diz o
nome dele. Os outros estão entrando na caverna enquanto
falamos, e o olhar de Asha se volta para eles.
— Hemalo quebrou o acasalamento, — diz Bek
categoricamente. — Ele foi morar com os caçadores.
— Bek! — Estou horrorizada com suas palavras cruéis,
porque é claro que não é conhecido por Asha. Sua expressão fica
tensa, seus olhos sombrios. Ela olha para mim e eu aceno
lentamente. É verdade.
— Ele não disse nada para mim. — Ela dá um pequeno riso
amargo. — Embora eu não sei por que isso me surpreende. Ele
não diz mais nada para mim. — Seu olhar se move para Bek,
Vaza e Mah-dee. — Bem-vinda à caverna de fêmeas rejeitadas.
— Ai, — Mah-dee diz. — Olá para você também.
Asha apenas agarra seus cobertores e se deita
novamente. Ela se vira e encara a parede de sua caverna, nos
deixando de fora. — Coloque a tela de privacidade ao sair, — ela
nos diz.
Eu olho feio para Bek. Isso poderia ter sido tratado de
forma mais agradável. Asha está claramente magoada.
— Você... gostaria de uma cesta, Asha?— Vaza oferece.
— Basta com a cesta, — Bek late, acotovelando
o caçador de lado. — Ninguém quer a sua cesta.
Mah-dee olha para mim, uma mistura de confusão e
desamparo em seu rosto. — Este é um momento ruim? — ela
sussurra.
— Não há tempos bons para isso, — eu sussurro de
volta. — Vamos apenas arrumar suas peles e sair para o
dia. Podemos dar um passeio com Cham-pee.
— Tudo bem, — diz Mah-dee. Bek olha para ela com
expectativa, e então ela olha ao redor da caverna antes de se
virar para mim. — Nós simplesmente pousamos em algum lugar?
— Asha? — Eu pergunto.
— Em qualquer lugar. Eu não ligo. — Sua voz está
monótona e sem vida, e ela não se vira para olhar para nós. —
Apenas me deixe em paz.
Mah-dee e eu trocamos um olhar. Vaza apenas coloca sua
cesta ao lado de suas peles. Colocamos as coisas de Mah-dee no
chão e saímos silenciosamente da caverna.
— Bem, isso foi estranho, — Mah-dee diz quando Bek
coloca a tela de privacidade sobre a entrada. — E não me sinto
bem-vinda.
— Posso fazer uma cesta para você, — diz Vaza. — Já que
aquela agora é dela. Isso me traria grande alegria.
Bek apenas bufa.
As narinas de Mah-dee dilatam e ela me lança um olhar
preocupado.
— Mah-dee e eu estamos indo caminhar Cham-pee, — eu
lhes digo. — Temos muito que fazer. — Eu pego seu braço e a
conduzo para longe dos homens antes que eles possam começar
a discutir entre si novamente. A humana não protesta e me deixa
levá-la para a frente da caverna antes que ela estremeça, e eu
esqueço que ela é humana e não está vestida para a neve. —
Espere aqui, — digo a ela. — Vou pegar algumas das minhas
peles para você vestir.
— Tenho o dobro do seu tamanho, Farli, — diz Mah-dee,
esfregando os braços. — Talvez eu deva apenas esperar Lila
acordar? — A expressão em seu rosto é de esperança.
Pobre Mah-dee. Ela não está muito familiarizada com a
ressonância. — Você vai esperar muito tempo. A ressonância não
os deixará descansar até que ela esteja com o kit. Quando Jo-see
e Haeden ressoaram, não os vimos por dias. — Eu rio. — Embora
tenhamos ouvido bastante.
— Eca, obrigado por isso, — Mah-dee diz. Ela se ajoelha
perto de Cham-pee e esfrega seu rostinho pontudo. — Então
minha irmã não precisa de ninguém além de seu homem, e
minha nova companheira de caverna não quer
companhia. Onde isso me deixa? — Ela faz caretas de beijinhos
para Cham-pee e começa a falar com uma voz engraçada que
ouvi as outras humanas fazerem com seus filhotes. — Onde isso
nos deixa, amiguinho? Estamos totalmente fodidos? Sim
estamos, não estamos? Sim, estamos sim. Estamos totalmente
ferrados, não estamos?
Eu franzo a testa para ela, tentando descobrir suas
palavras. — Você não é deixada em lugar nenhum. Você está
comigo.
Mah-dee para de fazer caretas estúpidas para o dvisti e sua
expressão muda, um pequeno sorriso enfeitando sua boca
humana engraçada. — Eu acho que sim. Obrigada, Farli. Vocês
são boas pessoas.
— Existem pessoas más?
— Figura de linguagem. — Ela esfrega os braços
novamente, e Cham-pee agarra seus dedos, pensando que é um
jogo. — Vamos pegar essas peles, vamos?
Eu aceno, estudando-a antes de me virar. Os humanos são
tão estranhos. Já se passaram muitas voltas da lua desde que os
humanos chegaram e ainda não os entendo às vezes.
O Povo dos Bárbaros do Planeta Gelo
A partir do final de CALM
(pronúncias sugeridas entre parênteses)

NA CAVERNA TRIBAL PRINCIPAL

CAVE 1
Vektal (Vehk-tall) - O chefe do sa-khui. Acasalado com
Georgie.
Georgie - Mulher humana (e líder não oficial das mulheres
humanas). Assumiu um papel de dupla liderança com seu
companheiro.
Talie (Tah-lee) - Sua filha bebê.

CAVE 2
Maylak (May-falt) - Curandeira da Tribo. Acasalado com
Kashrem. Mãe de Esha e Makash.
Kashrem (Cash-rehm) - Seu companheiro, também
trabalhador em couro.
Esha (ESH-uh) - A jovem filha.
Makash (Muh-cash) - Seu filho recém-nascido.

CAVE 3
Sevvah (Sev-uh) - Ancião da tribo , mãe de Aehako, Rokan e
Sessah
Oshen (Aw-shen) - Ancião da tribo , seu companheiro
Sessah (Ses-uh) - Seu filho mais novo

CAVE 4
Warrek (War-ehk) - Caçador tribal e professor.
Eklan (Ehk-lan) - Seu pai. Mais velho.

CAVE 5
Ereven (Air-uh-ven) Hunter, acasalado com Claire
Claire - acasalada com Ereven, atualmente grávida

CAVE 6
Liz - companheira e caçadora de Raahosh. Atualmente
grávida para uma segunda vez.
Raahosh (Rah-hosh) - Seu companheiro. Um caçador e
irmão de Rukh.
Raashel (Rah-shel) - a filha deles.

CAVE 7
Stacy - Acasalada com Pashov. Mãe de Pacy, um menino.
Pashov (Pah-showv) - filho de Kemli e Borran, irmão de Farli
e Salukh. Companheira de Stacy, pai de Pacy.
Pacy - seu filho pequeno.

CAVE 8
Nora - Companheira de Dagesh, mãe das gêmeas Anna e
Elsa.
Dagesh (Dah-zzhesh) (o som g é engolido) - Seu
companheiro. Um caçador .
Anna e Elsa - suas filhas gêmeas bebês.

CAVE 9
Harlow - companheiro para Rukh. 'Mecânico' para a
Caverna dos Anciões. Passa 75% do tempo lá com sua família.
Rukh (Rookh) - Ex-exilado e solitário. Nome original
Maarukh. (Mah-rookh). Irmão de Raahosh. Acasalar com Harlow.
Rukhar (Roo-car) - Seu filho pequeno.

CAVE 10
Megan - Companheira de Cashol. Mãe do recém-nascido
Holvek.
Cashol - (Cash-awl) - Mate para Megan. Caçador. Pai do
recém-nascido Holvek.
Holvek - (Haul-vehk) - seu filho pequeno.

CAVE 11
Marlene (Mar-lenn) - Companheira humana de
Zennek. Tem filho sem nome. Francês.
Zennek - (Zehn-eck) - Acasalar com Marlene. Tem filho sem
nome.
CAVE 12
Ariana - Mulher humana. Mate para Zolaya. Mãe para
Analay.
Zolaya (Zoh-lay-uh) - Caçadora e companheira de
Ariana. Pai para Analay.
Analay - (Ah-nuh-lay) - Seu filho pequeno.

CAVE 13
Tiffany - Mulher humana. Acasalada com Salukh e recém-
grávida.
Salukh - Salukh (Sah-luke) - Hunter. Filho de Kemli e Borran,
irmão de Farli e Pashov.

CAVE 14
Aehako - (Eye-ha-koh) - Líder em exercício da caverna
sul. Companheiro de Kira, pai de Kae. Filho de Sevvah e Oshen,
irmão de Rokan e Sessah.
Kira - Mulher humana, companheira de Aehako, mãe de
Kae. Foi o primeiro a ser abduzido por alienígenas e usava uma
orelha-tradutor para um longo tempo.
Kae ( Ki - rima com 'mosca') - Sua filha recém-nascida.

CAVE 15
Kemli - (Kemm-lee) Mulher idosa , mãe de Salukh, Pashov e
Farli
Borran - (Bore-awn) Seu companheiro, ancião
Farli - (Far-lee) A filha adolescente deles. Seus irmãos são
Salukh e Pashov. Ela tem um dvisti de estimação chamado
Chahm-pee (Chompy).

CAVE 16
Drayan (Dry-ann) - Ancião.
Drenol (Dree-nowl) - Ancião.

CAVE 17
Vadren (Vaw-dren) - Ancião.
Vaza (Vaw-zhuh) - Viúvo e ancião . Adora rastejar nas
garotas.

CAVE 18
Asha (Ah-shuh) - Separado de Hemalo. Nenhuma criança
viva.
Maddie - irmã de Lila. Encontrado na segunda
queda. atualmente não acasalado.

CAVE 19
Bek - (BEHK) - Hunter.
Hassen (Hass-en) - Hunter.
Harrec (Hair-ek) - Hunter.
Taushen (Tow –rima com cow-shen) - Hunter.
Hemalo (Hee-mah-lo) - separado de Asha.
CAVE 20
Josie - Mulher humana. Acasalada com Haeden e recém-
grávida.
Haeden (Hi-den) - Hunter. Ressoou anteriormente para
Zalah, mas ela morreu (junto com seu khui) na doença de khui
antes que a ressonância pudesse ser concluída. Agora acasalado
com Josie.

CAVE 21 (anteriormente uma caverna de armazenamento)


Rokan (Row-can) - Filho mais velho de Sevvah e
Oshen. Irmão de Aehako e Sessah. Caçador adulto . Agora
acasalado com Lila. Tem 'sexto' sentido.
Lila - irmã de Maddie. Audição prejudicada. Ressoou para
Rokan.
Lista de leitura dos bárbaros do planeta de gelo

A série Ice Planet Barbarians!

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Ice Planet Barbarians - A história de Georgie
Barbarian Alien - A história de Liz
Barbarian Lover - A História de Kira
Barbarian Mine - Harlow's Story
Ice Planet Holiday - Claire's Story (novela)
Barbarian’s Prize - História de Tiffany
Barbarian’s Mate - História de Josie
Having The Barbarian’s Baby - A história de Megan (conto)
Ice Ice Babies - Nora's Story (conto)
Barbarian’s Touch - História de Lila
Calm - Você acabou de ler!
Barbarian's Taming - Em breve!

Obrigado por ler!


<3 Ruby

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