Você está na página 1de 218

Crath

Livro 6

Série The Vorge


Por Laurann Dohner
Staff

Envio: Área 51 Traduções

Tradução: Louvaen Duenda

Revisão: Sariah Stonewiser

Formatação: Louvaen Duenda


É SEMPRE BOM LEMBRAR QUE...

Esta tradução foi realizada por fãs sem qualquer propósito lucrativo e apenas
com o intuito da leitura de livros que não têm qualquer previsão de lançamento
no Brasil.

A fim de nos preservamos, o grupo se reserva no direito de retirar o arquivo


disponibilizado a qualquer momento, sem aviso prévio.

O arquivo é exclusivamente para uso pessoal e privado do leitor, sendo proibida


a postagem bem como compartilhamentos.

O leitor está ciente de que será responsabilizado e responderá individualmente


pelo uso incorreto no caso de quebra desta regra, eximindo o grupo de qualquer
parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito por aquele que, por
ação ou omissão, tentar ou utilizar o presente livro para obtenção de lucro direto
ou indireto.

Nunca comente com o autor sobre o livro traduzido ou sobre o nome do grupo
de tradução, tampouco publique os arquivos em redes sociais.

O trabalho de tradução é voluntário e o arquivo poderá apresentar erros e


adaptações.

Respeite o tempo do tradutor e revisor. Caso deseje, ajude. Estamos sempre


precisando. Não critique.

Caso seja possível, adquira livros originais para auxiliar o autor e contribuir com
suas finanças. Faça sua parte e divirta-se!
Sinopse

Traída por seu planeta natal, Kelsey Bowen foi vendida em leilão como uma

incubadora humana. Até ser resgatada por um alienígena felino que afirma querer se

casar com ela. Ele deve ser louco, certo?

Desde que se juntou à tripulação de The Vorge, o macho Tryleskian Crath Vellar

quer o que sua família tem – uma companheira de vida. Seus irmãos de ninhada e

primo estão muito felizes com as fêmeas da Terra que resgataram e reivindicaram, e

depois de uma vida inteira sozinho, Crath quer alguém assim para chamar de sua. Ele

apenas terá que garantir que ela sobreviva o tempo suficiente para lhe dar uma chance

de conquistar seu coração. Não é uma tarefa fácil, quando outros machos alienígenas

também querem sua Kelsey.


Nota da Revisão

O texto a seguir foi revisado de acordo conforme as novas Regras Ortográficas,

entretanto, com o intuito de deixar a leitura mais leve e fluida, a revisão pode

sofrer alterações e apresentar linguagem informal em vários momentos,

especialmente nos diálogos, para que estes se aproximem da nossa comunicação

comum no dia a dia.

Alguns termos, gírias, expressões podem ser encontrados bem como objetos que

não estão em conformidade com a Gramática Normativa.

Boa leitura!
Capítulo Um

Kelsey agarrou as barras da pequena jaula em que estava trancada, olhando para

dezenas de alienígenas na grande sala. Eles vieram em todos os tamanhos e formas,

pelo que ela tinha visto nos últimos vinte ou mais dias desde que foi levada da Terra.

O alienígena rosa pálido na gaiola ao lado estava com ela desde que foi transferida

da primeira nave para a segunda. Isso tinha sido pelo menos uma semana antes. Talvez

duas. Não era fácil manter o controle do tempo enquanto se era mantida em cativeiro.

Kelsey virou a cabeça para encarar Nexis. Sua raça era Titã, o que provava que

raças alienígenas espaciais não faziam sentido. Ela acreditava que um titã deveria ser

algo grande e assustador; tudo o que definitivamente sua nova amiga não era. Nexis

quase parecia humano... se os humanos tivessem pelo delicado e fofo cobrindo sua pele

rosa e olhos violeta que eram um pouco grandes demais para seus rostos. Ela também

tinha mãos com patas semelhantes às de um cachorrinho, com dedos pequenos em vez

de garras. Suas orelhas eram pontudas como as de um elfo.

Nexis parecia uma criatura adoravelmente doce de conto de fadas que tinha cerca

de um metro e meio de altura.


As duas já haviam compartilhado suas histórias de “como acabamos aqui”. O

planeta de Nexis foi invadido por invasores. Ela foi sequestrada e vendida para algum

idiota alienígena que a fez sua escrava sexual e passou quase um ano sendo abusada

por aquele macho, até que ele se cansou dela e a vendeu para seus atuais captores

alienígenas. Ela havia sido colocada em uma jaula ao lado da de Kelsey, e agora ambas

estavam prestes a ser vendidas em um grande leilão de escravos realizado em alguma

estação espacial.

Quanto a Kelsey, ela foi traída por seu planeta natal. Todos reclamaram da

superpopulação na Terra, mas o governo atingiu um novo patamar quando começou a

trocar mulheres relutantes por tecnologia alienígena. Eles nem tiveram a decência de

pedir voluntários. Isso implicaria em informar o público sobre o plano - o que não

aconteceu.

Kelsey suspirou, passando uma mão pela camisola minúscula que lhe deram para

vestir. Não cobria muito, mas era melhor do que ficar totalmente nu. — Então esta é a

casa de leilões, hein?

— Sim. — Nexis não parecia mais feliz do que Kelsey se sentia. — O maior leilão de

escravos já realizado no ano. Só desejo o novo proprietário seja agradável o último.

Kelsey preencheu os espaços em branco no discurso de sua nova amiga, sentindo-

se sortuda por elas poderem se comunicar. Provavelmente tinha algo a ver com a

pequena cirurgia que foi realizada nela pelos alienígenas da primeira nave espacial. A
ferida cirúrgica atrás da orelha pelo menos havia cicatrizado e não doía mais. Dado o

discurso estranho de Nexis, Kelsey não podia imaginar que os alienígenas haviam

implantado o melhor tradutor. Ela provavelmente conseguiu o mais barato do mercado,

a julgar pelas dificuldades de linguagem.

Ela se lembrou do que Nexis disse a ela sobre seu dono anterior. Ele ficou irritado

com a queda de pelos da fêmea. Kelsey olhou para o pelo de algodão-doce de sua

amiga. Ela podia ver como pedaços de penugem cor-de-rosa espalhados por toda parte

poderiam se tornar um problema. Especialmente desde que o bastardo regularmente

puxava Nexis por seu pelo. Algumas partes carecas confirmavam o abuso que sua

amiga havia sofrido.

— Veja grandes alienígenas vermelhos. Peço aos deuses que não comprem.

Kelsey olhou do palco para os alienígenas se reunindo para licitar escravos. Os

grandes machos vermelhos eram fáceis de detectar. Eles tinham corpos altos e

atarracados, e suas feições eram duras. — Eles parecem maus.

— Dolten alien come. — Sua amiga sibilou. — Nossa comida!

— Merda. — Como se a perspectiva de se tornar a escrava sexual de algum

alienígena não fosse ruim o suficiente para Kelsey. — Seriamente?

— Sim. Verde com a pele úmida? Nupas. Desejo não compre.

Kelsey imaginou que sua amiga agora devia estar falando sobre os alienígenas com

aparência de sapo. Eles ficavam sobre duas pernas, mas tinham braços longos com
dedos de ventosa. A pele deles realmente tinha um brilho de aparência molhada sob as

luzes fortes. Alguns dos guardas pertenciam a essa raça alienígena. — Estou quase com

medo de perguntar, mas me diga por quê.

Nexis fez sons de grunhidos e bombeou seus quadris. Era sua maneira de dizer

sexo.

— Ewww.

Sua amiga deu um aceno agudo. — A todo o tempo.

— Ótimo. Os caras sapos alienígenas são super tesudos. Eles parecem nojentos.

— Sim. Muito molhado do corpo. Bocas. — Nexis apontou para sua virilha. —

Ruim sempre.

— Suficiente. Não me faça vomitar. Eu entendo o que você está dizendo. Nupas são

nojentos.

— Homem azul de corpo maior com danos no rosto? Bom. Legal. Desejo aos deuses

comprar.

Havia muitos alienígenas azuis, mas havia um daquela cor que era mais alto que os

outros e tinha muito mais músculos. Ele tinha uma cicatriz em sua bochecha azul.

Kelsey apontou. — Ele?

— Sim. Parri. Muitos vivem em casa no meu planeta. Os deles morrem. Bom. Legal.

Sem dor. Bom. Não...— Ela imitou levar um soco, então fingiu rasgar seu vestido fino.
— Acho que entendo o que você está dizendo. Esses tipos de alienígenas não vão

nos forçar a fazer sexo com eles ou bater em nós?

Nexis assentiu. Parecia que ela conseguia entender Kelsey muito bem. A tecnologia

de tradução que Nexis tinha devia ser melhor do que qualquer coisa que foi enfiada na

cabeça de Kelsey.

— Cristos!

O medo na voz de sua amiga fez Kelsey endurecer. — O que são aqueles?

— Escalas. — Nexis sibilou. — O pior de todos os tempos!

Outra raça que foi fácil de detectar. Os alienígenas reptilianos de aparência

assustadora acabaram de chegar. Suas cabeças lembravam as de uma cobra, mas seus

corpos eram como crocodilos andando eretos. Eles tinham braços e pernas grossos, com

torsos longos e volumosos. Suas bocas eram grandes fendas, seus olhos negros como

breu e escamas escuras cobriam sua pele. Ela também teve um vislumbre de caudas

finas penduradas na parte de trás de suas calças pretas.

— O que é pior do que nos comer? — Kelsey se virou para olhar para Nexis, mas a

fêmea se afastou da frente de sua jaula para se amontoar na parte de trás, no chão.

Os grandes olhos violetas de Nexis se encheram de lágrimas e ela se desenrolou um

pouco, tocando sua barriga. — Compre mulheres quentes. Precisa de nós. Recheie com

muitos ovos. — Ela fez o barulho de grunhido para o sexo. — Muita dor. Os ovos

quebram por dentro. Ela jogou os dois braços para fora, fazendo um som de estalo. —
Coma-nos de dentro para fora. Nós, comida de bebê. Morrer! — Nexis se curvou em

uma bola apertada mais uma vez, seu pequeno corpo tremendo.

Voltando a cabeça para os compradores, Kelsey olhou horrorizada enquanto mais

daqueles alienígenas escamados entravam na área de leilão. Ao todo eram dez. O

sangue se esvaiu de seu rosto. Ela tinha certeza de que tinha entendido exatamente o

que Nexis estava dizendo. Essas coisas estupravam uma escrava, implantavam ovos

nelas que se tornavam um banquete quando os bebês eclodiam dentro de seus corpos.

Eles comiam a mãe.

Que seriam ela e Nexis, se fossem compradas pelos assustadores Cristos.

— Merda. — Kelsey tinha visto um filme alienígena de terror muito antigo, mais ou

menos assim uma vez. Ela não queria alienígenas saindo de seu corpo enquanto ainda

estava viva. Especialmente sabendo como eles entrariam nela em primeiro lugar. Um

arrepio percorreu sua espinha e ela se afastou da frente da jaula também, indo para os

fundos.

— Cristos. — Nexis choramingou, balançando seu corpo.

— Vai ficar tudo bem. — Kelsey mentiu. Elas não tinham controle sobre quem as

comprava, mas muitos alienígenas compareceram ao leilão. Mais continuaram

chegando. Ela olhou para as outras gaiolas na parte de trás do palco, fazendo uma

contagem escrava das fêmeas presentes. Havia trinta e seis mulheres em leilão. Ela e
Nexis eram as únicas de sua espécie. Uma boa maioria das fêmeas eram da raça

alienígena dos sapos.

Se fossem parecidos com os répteis da Terra, provavelmente não teriam sangue

quente.

— Merda. — Kelsey cantou suavemente novamente. Talvez uma dúzia de escravos

alienígenas à venda parecesse ter sangue quente o suficiente para se tornar incubadoras

respiratórias de ovos de répteis, incluindo ela e Nexis. Os dez Cristos quase certamente

dariam lances em dez dessas doze mulheres.

Essas eram chances ruins.

Um grande alienígena amarelo, parecendo um cruzamento entre um gorila e algum

tipo de pássaro com asas curtas nas costas, subiu ao palco. — Traga a ordem. — Ele

exigiu em voz alta. — Início do leilão. O lance deve ser pago na vitória. Sem promessas

de mais tarde. Morrerá se mentir.

Uma das gaiolas da extrema esquerda foi levantada por um guindaste de onde

repousava, lentamente movida para a borda do palco elevado, mais perto da multidão

de compradores. A curiosidade levou Kelsey a se aproximar da frente de sua gaiola

para ver o que aconteceria. Seria a vez dela lá, em algum momento.

A fêmea Nupa dentro da gaiola ficou de pé, segurando as barras e olhando

desafiadoramente para os compradores. Ela usava apenas um tipo de saia solta em

volta do corpo. Todos os quatro de seus seios estavam à mostra. Quando o leilão
começou, machos alienígenas levantaram pequenos bastões coloridos. Então alguns os

baixaram. Passou de cerca de duas dúzias de licitantes levantando bastões brancos para

apenas seis com os vermelhos.

— Próxima rodada. — O leiloeiro chamou.

Quatro dos seis bastões de laranja ficaram levantados. Os outros dois recuaram.

— Próxima rodada! — O leiloeiro parecia animado.

Um licitante levantou um bastão rosa. Os outros três machos olharam para ele.

— Ganhador! — O leiloeiro soltou uma gargalhada. — Pagar! Pegar.

O magro alienígena azul com o bastão rosa se adiantou, retirou uma bolsa e se

encontrou com um dos guardas. Ele vasculhou a bolsa, passando por cima de algo que

Kelsey não podia ver, antes que outro guarda caminhasse até a jaula da fêmea.

Ele destrancou a porta, estendeu a mão para agarrar a escrava pelo pescoço e

retirou uma corrente fina com uma pulseira presa. Ele agarrou a pulseira em seu pulso

como uma algema e puxou-a para fora, levando-a ao comprador. A fêmea não lutou. O

alienígena azul aceitou a corrente e os guardas o escoltaram até o fundo da sala, fora de

vista.

Em segundos, os guardas retornaram.

— Próximo escravo! — Gritou o leiloeiro.

A segunda escrava era um tipo de alienígena com aparência de rato. Ela ficou

enrolada em uma bola no chão de sua jaula. Um dos alienígenas de Cristo a comprou e
ela começou a gritar. A pobre alienígena lutou contra o guarda quando ele a puxou para

fora de sua jaula. Seu comprador deu um soco no rosto dela, nocauteando-a, antes de

jogá-la por cima do ombro. Ele saiu pela porta com um grande sorriso em sua feia cara

de cobra. Nenhum dos guardas o escoltou.

— Oh merda. — Kelsey murmurou. Provavelmente seria assim que ela sairia do

leilão se um Cristo a comprasse. Ela ficaria inconsciente porque também lutaria.

Mais duas dessas cobras/crocodilos alienígenas compraram fêmeas, e quando

chegou a vez de Nexis ser vendida, Kelsey ficou dentro de sua gaiola, segurando as

barras da frente. — Não!

Nexis conseguiu se levantar quando sua gaiola foi colocada na borda frontal do

palco. Mais de uma dúzia de compradores seguraram bastões no início. Dois eram os

alienígenas répteis assustadores. Havia também o Parri cheio de cicatrizes. Ele

realmente era um grande azul filho da puta.

— Ei, Parri! — Kelsey gritou de repente.

Chamou a atenção dos compradores, incluindo o alien azul. Ela encontrou seu

olhar. — Compre ela! O nome dela é Nexis e ela acha você fofo. Ela me indicou você.

Ela realmente quer pertencer a você.

Dois dos guardas correram para a jaula de Kelsey, e ela recuou.

— Silêncio! — Um dos alienígenas rosnou, retirando um bastão de choque.


— Ela vai ficar muito grata! — Kelsey continuou a gritar. — Melhor escrava de

todos. Compre ela!

Um dos guardas enfiou o bastão de choque entre as barras e a golpeou no

estômago. A agonia deixou Kelsey de joelhos e roubou sua capacidade de respirar

enquanto a corrente elétrica aumentava até que o guarda puxou o bastão e saiu

andando. O leilão terminou quando ela tropeçou em seus pés mais uma vez.

O Parri estava levando Nexis para longe em uma fina pulseira de corrente.

Nexis encontrou o olhar de Kelsey, seus olhos violetas arregalados e cheios de

lágrimas. Sua amiga sorriu para ela com gratidão.

— Graças a Deus. — Kelsen suspirou aliviada, forçando seu próprio sorriso. Pelo

menos sua amiga não teria uma morte horrível.

Sua jaula foi repentinamente sacudida e Kelsey ergueu a cabeça. Um enorme

gancho foi preso ao topo do telhado e sua gaiola foi levantada de repente. Ela agarrou

as barras para não cair de joelhos enquanto a jaula balançava. Ele se estabeleceu com

força na frente do palco.

Quatro daqueles Cristos assustadores correram para colocar bastões, junto com

outros cinco alienígenas. Um deles parecia uma bolha rosa. Três eram alienígenas sapos.

O último parecia uma mistura entre humano e algum tipo de felino. Ele era grande,

com muitos músculos. Ele tinha cabelos loiros grossos, quase como uma juba, e olhos

felinos dourados. Ela sempre gostou de gatos. A expressão dele não era das mais
amigáveis, mas fora do grupo, ela rezou para que ele a comprasse. Ela forçou um

sorriso em seu rosto e soltou as barras para dar a ele um pequeno aceno.

Seus olhos se arregalaram.

A segunda rodada da licitação ainda tinha o cara felino, mas os Cristos também.

Dois deles sibilaram para ele. O alienígena felino sacou uma adaga de algum lugar de

sua roupa e apontou dentes afiados para eles. Kelsey ficou impressionada. Ele não era

de recuar diante da intimidação.

— Por favor, compre-me! — Ela implorou em voz alta, olhando diretamente para

ele.

— Estou tentando, humano.

Sua voz extremamente áspera lhe deu calafrios, soando muito animalesca. Não que

isso a dissuadisse de esperar que ele ganhasse a licitação. Entre ele e os Cristos, ele era

sua melhor opção.

— Obrigada! Eu serei a melhor escrava de todas. — Ela prometeu. Kelsey não

hesitaria em implorar e beijar a bunda de algum homem-gato alienígena se isso

significasse não ser forçada a incubar ovos que se transformariam em bebês assassinos

quando chocassem.

— Silêncio! — Gritou o leiloeiro. — Escrava, você machuca se falar mais.


Kelsey selou os lábios, mas manteve o olhar fixo no macho felino. Mais duas

rodadas de lances ocorreram antes que um dos Cristos entregasse sua bolsa para o

outro e recuasse.

O alienígena felino rosnou alto. — Você está trapaceando.

— Não é trapaça dar fundos aos irmãos. Desistir. Nós possuímos mulheres. — O

Cristo sibilou, sacudindo uma língua longa e grossa. Quase acertou o olho do felino,

mas ele se esquivou, pegou-a com o punho e a cobra gritou quando sua língua foi

brutalmente puxada.

Os guardas avançaram e se colocaram entre os dois licitantes restantes para separá-

los. Outra rodada de lances. Um terceiro Cristo passou uma bolsa para o que ainda

licitava. O alienígena felino rosnou novamente e tentou atacá-lo, mas os guardas

bloquearam seu caminho.

Seu licitante alienígena lançou-lhe um olhar zangado e balançou a cabeça.

— Não! — Ela sussurrou, compreendendo quando ele não levantou uma vara

durante a próxima rodada de lances. Ele não podia pagar por ela.

Um guarda veio até ela e destrancou a jaula. Ela não esperou que ele a agarrasse

pelo pescoço.

Em vez disso, ela recuou, antes de correr para a frente novamente, pulando,

agarrando uma barra do teto de sua gaiola e balançando o corpo, chutada com cada

grama de medo que possuía - o que era muito.


Ambos os pés descalços atingiram o guarda no estômago e ele cambaleou para trás.

Ela caiu no chão, estremecendo ao sentir o metal implacável, e correu para fora de sua

jaula em direção ao guarda ainda dobrado.

Ela tentou arrancar seu bastão de choque, mas outros guardas correram para frente.

Evitar a captura era impossível, pois quatro deles a cercavam. Dois agarraram seus

braços enquanto ela chutava e gritava, resistindo em seu aperto. Metal frio preso ao

redor de seu pulso por um terceiro guarda. A eletricidade disparou brutalmente por

todo o seu corpo, vindo da pulseira.

O quarto guarda segurava o controle remoto, com o dedo pressionado em um

botão enquanto sorria ferozmente.

Kelsey quase desmaiou, ficando mole. A pulseira era muito mais forte do que os

bastões de choque. A escuridão a atingiu, mas ela lutou para permanecer consciente. Os

dois guardas que a seguravam no alto a passaram para outra pessoa. Ela foi jogada

sobre um ombro, o corpo sob seu frio, e sua pele roçou escamas ásperas.

Os guardas a entregaram ao comprador Cristo... e ele estava indo embora com ela.

Ela respirou fundo algumas vezes, bancando o gambá1. Seus longos cabelos loiros a

cegavam ao cobrir seu rosto, mas ela ouviu com atenção. As vozes altas dos

compradores desapareceram quando uma porta se fechou atrás dela. O idiota que a

1 Fingindo-se de morta.
segurava deu passos ruidosos enquanto pisava em um corredor de metal escuro,

provavelmente levando-a para sua nave.

Ela abriu os olhos, virou um pouco a cabeça e olhou para o rabo dele. Ela cerrou os

dentes, respirou fundo outra vez e agarrou-o.

Era grosso como uma corda de escalada, mas ela conseguiu segurar com firmeza e

puxou o rabo para cima o mais forte que pôde.

O alienígena deu um guincho agudo que machucou seus ouvidos e suas unhas

afiadas cravaram em sua perna. Então o bastardo a jogou longe. Um lado inteiro de seu

corpo atingiu uma parede antes de cair dolorosamente no chão. Ela tirou o cabelo do

rosto e se levantou rapidamente, percebendo rapidamente que eles estavam dentro de

um corredor estreito e vazio.

O Cristo esfregou o rabo. — Você vai sofrer, fêmea.

— Foda-se! — Kelsey agarrou a outra ponta da corrente fina presa à pulseira presa

em seu pulso. Ele soltou a corrente também quando a jogou.

Ela o balançou em direção ao rosto dele. O cabo na ponta atingiu perto de um de

seus olhos negros e ele se encolheu.

Ela correu para ele, virou para o lado no último segundo e se preparou para o

impacto. Ela jogou o cotovelo direto na virilha dele, já que ele devia ter dois metros de

altura, mas parecia que tinha pregado um balão. Havia algo mole ali.

Ele gritou de novo, caindo.


Kelsey conseguiu ficar de pé e olhou ao redor, ainda não vendo nenhum guarda.

Ela conseguiu distinguir duas portas fechadas de cada lado do longo corredor e uma

bem no final, para onde pareciam estar indo.

O alienígena começou a lutar para ficar de joelhos, tentando se levantar.

Ela ficou atrás dele, usou a corrente como se fosse uma corda, e enrolou-a em torno

de sua garganta grossa. Apoiando o joelho contra a espinha escamosa dele, enrolou a

corrente em cada mão e se inclinou para trás, puxando com toda a força. Ela precisava

de ambas as mãos para sufocá-lo com a corrente. Suas palmas doíam devido à corrente

apertada, mas ela ignorou a dor.

O homem jogou um braço por cima do ombro e tentou socá-la no rosto. Ela se

inclinou mais para trás, mantendo a corrente apertada contra sua garganta, esperando

desesperadamente que pudesse estrangulá-lo. Uma rápida olhada em seu grande corpo

não revelou nenhuma arma que ela pudesse pegar.

A porta para a qual eles estavam se movendo no final do corredor foi

repentinamente escancarada e uma forma grande e sombria correu em sua direção.

Kelsey não desistiu de tentar sufocar o alienígena, rezando para que ele

desmaiasse, embora ela esperasse ser atacada a qualquer momento.

No entanto, não foi outra cobra/crocodilo alienígena que veio até ela, ou um

guarda. Era um alienígena felino semelhante ao que tinha sido superado. Ele tinha

cabelo preto, ao invés de loiro, e os olhos felinos neste macho eram de cor azul.
Ele sacou uma arma e apontou. Ela se encolheu, ainda não querendo largar a

corrente que sufocava o Cristo que a havia comprado. Um som suave de zíper encheu o

pequeno corredor, mas nada a atingiu.

Em vez disso, o alienígena escamoso ao qual ela se apoiava estremeceu e todo o seu

corpo ficou mole.

Ela lutou para liberar a corrente para não ser puxada para baixo pelo volumoso

Cristo quando ele caiu no chão. Ela apenas conseguiu.

— Venha comigo, humana. Estou resgatando você.

Ela percebeu que o grande felino alienígena havia colocado sua arma no coldre. Ela

também ficou surpresa por ele falar um inglês perfeito.

— Quem ganhar o próximo escravo estará andando por aqui a qualquer segundo.

Precisamos ir. Provavelmente será um de seus companheiros de escotilha. Estou

levando você para outros humanos.

Ela começou a enrolar os dois metros de corrente fina em volta do braço ao qual a

pulseira estava presa. Suas mãos doíam de segurar com tanta força, e ela sabia que seu

pulso estava sangrando. — Por que eu deveria confiar em você? — Ela sibilou.

— Meu nome é Crath, e aquele era meu primo, Raff, apostando em você lá. Viemos

resgatá-la.

Ela ainda não tinha certeza do que fazer quando ele de repente se moveu,

investindo contra ela antes que pudesse reagir, quase acertando seu meio. Seu braço
envolveu a parte de trás de suas pernas e de repente ela estava pendurada em outro

ombro.

Ele girou tão rápido que a deixou tonta, e então correu.

— Calma, princesa. Estou sendo seu cavaleiro branco te salvando dos alienígenas

do mal.

Ela estava muito atordoada por suas palavras para lutar. Ele irrompeu pela porta

distante e gritos imediatamente soaram. Ele disparou sua arma em alguma coisa.

Houve gritos e assobios. Ela virou a cabeça, vislumbrando dezenas de alienígenas.

Estavam no mercado da estação espacial, passando por várias vitrines.

— Abram caminho! — Crath rugiu. — Minha escrava está ferida! — Isso não foi em

inglês.

— Pare! — A voz profunda de um estranho berrou.

Kelsey fechou os olhos e estendeu a mão cegamente, agarrando as calças do

alienígena felino enquanto tentava segurar a corrente também. Ele não tinha uma cauda

escamosa, pelo menos.

Ela não tinha ideia de por que ele a estava levando ou o que planejava fazer com

ela. Mas tinha que ser melhor do que ter ovos assassinos forçados dentro de seu corpo.

Houve um som alto e algo bateu em suas costas.

Então a escuridão tomou conta.


Capítulo Dois
Kelsey sentiu muito frio, apesar do fato de que parecia que alguém a havia

enrolado em um cobertor. Ela abriu os olhos em fendas, depois arregalou, olhando ao

redor, encarando uma pequena sala banhada por uma luz verde pálida. A fonte vinha

das paredes de cada lado dela, perto do teto.

Ela tentou se mover, apenas para perceber que dois cintos a mantinham no lugar

sobre um colchão. Um corria sob seus seios, em sua caixa torácica, e o outro sobre seus

quadris.

— Não se mova. — Uma voz masculina rouca insistiu.

Então ela o viu. O alienígena de juba negra se aproximou e pairou sobre ela. Estava

claro o suficiente na sala para ela ver aqueles olhos azuis, em um rosto bonito. Ela

também viu uma cicatriz no lado esquerdo do pescoço. Parecia que alguém havia

tentado cortar sua garganta em algum momento de sua vida.

— Consegui chegar a uma nave auxiliar, princesa. Eu tive que roubá-la. A

segurança da estação isolou a doca onde estacionei a minha. Eles estavam atirando em

nós e determinados a me pegar. Infelizmente, acertaram você duas vezes com um

stunner. Com seu corpo me cobrindo, pude continuar correndo e nos tirar de lá.

Ela tentou engolir, mas sua garganta estava seca. Estendeu a mão, atrapalhada com

o cobertor, e tocou seu pescoço.


Ele saiu de vista, mas voltou rapidamente com uma bolsa. — Bebida. Não está

drogada. Apenas um líquido cheio de nutrientes. Água e vitaminas, acho que você

chamaria isso. Eu sou Crath, se você não entendeu meu nome antes. — Ele sorriu, sua

expressão tornando-o mais bonito enquanto continuava: — Seu salvador. Você está

livre agora. Qual o seu nome?

Ela tentou se sentar, mas o cinto em torno de sua caixa torácica não permitia. Ele

tocou em algo, e a cama debaixo dela começou a se mover. Kelsey engasgou com o

movimento, e uma vez que estava sentada, percebeu que não estava em um colchão,

mas em uma cadeira acolchoada que havia sido reclinada. A corrente e a pulseira foram

removidas. Ela ergueu os braços para ver se o pulso e as mãos estavam enfaixados.

— Você estava ferida. Tirei a pulseira de choque, mas ela cortou sua pele. Assim

como a corrente que você estava segurando para sufocar o Cristo. Ele também arranhou

uma de suas pernas com as garras. Consegui tratar seus ferimentos com o pequeno kit

médico que tinha comigo. Dentro de uma hora, você pode remover as bandagens assim

que o creme abrasivo selar sua pele. A única coisa que não consegui curar foram os

hematomas. Quando chegarmos à nave da minha família, o androide médico cuidará

disso. Por favor, me diga seu nome.

Ela olhou em seus olhos, tentando entender tudo o que ele acabara de dizer. A sede

a fez aceitar a bebida que ele ainda lhe oferecia. Tinha um pequeno tubo preso ao topo.
— Chupe e aperte um pouquinho. Não faça isso com muita força ou o líquido vai

explodir. As rações estocadas nesses pequenos ônibus econômicos são da pior

qualidade.

Ela tomou um gole. Não era ruim, mas não tinha gosto de água. Mais como uma

sopa de ervas com um sabor estranho. Ao menos ajudava a apaziguar sua sede, então

ela arriscou um gole maior.

— Você é um ser humano incrível. — Ele sorriu novamente. — Foi muito corajoso

de sua parte lutar contra um Cristo. — Suas feições ficaram sérias. — Por favor, não me

ataque em seguida. Eu nunca machucaria você.

— Quem é você? O que você é? E como aprendeu a falar um inglês tão bom?

Ele se agachou ao lado de seu assento. — Meu nome é Crath Vellar. Minha raça é

Tryleskiana. Somos extremamente humanos amigáveis. Meu irmão e sua tripulação

resgatam humanos e os trazem a bordo de sua nave. É por isso que eu aprendi a sua

língua. Você é livre. Você se lembra que eu contei essa parte? A Terra também vendeu

você?

Ela assentiu. — Sim.

— Bastardos. — Ele sibilou. — Nara está me ensinando palavrões da Terra. Ela

também é humana. Esse foi apropriado?

Ela assentiu novamente, olhando para ele enquanto tentava descobrir se podia

confiar nele ou não.


— Você pode, por favor, me dizer seu nome?

— Kelsey Bowen. — Ela estudou seus olhos. Eles eram lindos. — Você é um

amigo?

— Oh, linda Kelsey... eu gostaria de ser muito mais.

Sua boca se abriu de surpresa, mas ela a fechou rapidamente.

Ele sorriu. — Dois dos meus irmãos e nosso primo são casados com humanos. Você

os encontrará assim que chegarmos ao navio. Raff, meu primo, já sabe que não consegui

voltar para nosso ônibus. Como eu disse, foi ele quem fez o lance em você. Assim que

descobrirem que não fomos pegos, mas roubamos uma nave, eles permanecerão

escondidos, esperando que nos juntemos a eles. Eles não vão nos abandonar neste setor

do espaço.

— E você disse que as pessoas em sua nave têm o hábito de salvar humanos?

— Você será o nosso sexto.

Isso a surpreendeu. — Por que fazer isso?

— Os humanos precisam de ajuda. Você está indefesa.

Ela ergueu as sobrancelhas. — Você viu que eu derrubei aquele cara réptil, certo?

Isso pareceu indefesa para você?

Sua boca se curvou um pouco para baixo. — Você tem algumas habilidades de luta,

mas seu tamanho e força não são suficientes para vencer a maioria dos alienígenas que

encontrará no espaço.
Isso não era algo que Kelsey pudesse negar. Caso contrário, teria escapado muito

antes de chegar a esse leilão.

Ele estudou seu rosto cuidadosamente. — Como você aprendeu a lutar?

— Eu era uma policial na Terra.

— O que é isso?

— Um agente aplicador da lei.

Ele ficou boquiaberto com ela. — Então por que a Terra te vendeu? Temos a

impressão de que eles só fazem isso com mulheres sem empregos e famílias agora.

— Eu prendi um homem importante. Isso irritou os responsáveis. — Ela ainda

sentia muita raiva por isso. — O cara tinha um histórico de abuso. Meus supervisores

nos disseram para apenas dar-lhe outro aviso se tivéssemos que ir para sua casa

novamente. Cheguei para encontrá-lo batendo em sua última namorada. De jeito

nenhum eu iria deixá-lo escapar com um aviso, como outros policiais fizeram no

passado. Eu arrastei a bunda dele para a cadeia.

— Ele deveria ter sido trancado se machucar mulheres—

— Exatamente. Mas meus supervisores não concordaram. Em vez disso, fui presa e

levada para uma instalação militar, onde disseram a mim e a cerca de vinte outras

mulheres que havíamos nos tornado noivas alienígenas. Eles até nos deram um

discurso sobre como estávamos fazendo um grande favor a toda a humanidade, já que

os alienígenas estavam dando a eles uma tecnologia que salvava vidas.


— Favor? Não conheço essa palavra.

— Uma história de merda total para desculpar por que eles estavam nos vendendo

para alienígenas.

— Não vi nenhum outro humano no leilão.

— Esses alienígenas com aparência de peixe nos levaram para fora da Terra em

uma nave e depois nos transferiram para outras. Eu me separei do resto do grupo.

Nenhuma outra mulher humana foi enviada comigo. Não tenho ideia de onde estão

agora.

Ele assentiu.

Ela olhou ao redor da sala, entendendo agora que era um pequeno quarto. — Isto é

como um transporte privado, certo? É maior do que eu imaginava, mas só vi isso em

filmes e programas de televisão; apenas um espaço aberto com cadeiras e uma pequena

estação de pilotagem. A nave que me tirou da Terra também não era nada assim. Era

enorme, como uma nave de carga. Éramos mantidos em pequenas gaiolas no que

parecia ser um contêiner industrial. Certamente não havia cadeiras reclináveis.

— Este é um ônibus de viagem privada e aqui tem outro quarto. Eu teria colocado

você em uma cama de verdade dentro da cabana do dono, mas está em péssimo estado.

Um Nupa claramente vivia naquele lugar. Este quarto é um espaço de dormir para um

piloto contratado. Acho que nunca foi usado.

— Oh. — Ela não tinha certeza do que dizer sobre isso. — Obrigada?
— De nada. Vamos atracar assim que eu tiver certeza de que consegui desligar o

sistema de rastreamento. A última coisa que precisamos é levar as forças de segurança

da estação ou os Cristos direto para o Vorge.

— Vorge?

— A nave da minha família.

Ela assentiu. — O que vai acontecer comigo então?

— Você estará livre. — Sua expressão ficou séria. — No entanto, você não pode

retornar à Terra. Eles podem te matar ou te revender.

Isso era algo que Kelsey já havia determinado por conta própria. Os meios de

comunicação não disseram uma palavra sobre mulheres sendo retiradas à força da

Terra para serem vendidas a alienígenas. A mídia tinha que saber a verdade, mas sem

dúvida estava ajudando a encobri-la. Como oficial, ela notou o aumento de relatórios de

pessoas desaparecidas então os meios de comunicação também teriam. O fato de que

nenhum destes foi relatado gritava “conspiração do governo” para ela.

Kelsey tinha visto várias semelhanças nos arquivos de pessoas desaparecidas que

leu. Todas as mulheres tinham entre dezoito e trinta anos. Nenhuma deles tinha família.

Elas também foram demitidas de seus empregos ou pediram demissão antes de amigos

irem às delegacias de polícia para fazer denúncias.

Ela apontou suas suspeitas para um superior de que alguém poderia estar mirando

nas mulheres, com base nessas semelhanças. Kelsey temia que eles pudessem ter um
assassino em série à solta; um inteligente o suficiente para se livrar dos corpos

extremamente bem, já que nenhuma das mulheres desaparecidas foi encontrada. Essa

teoria só rendeu a Kelsey uma palestra severa sobre paranoia e como todas as mulheres

provavelmente se mudaram para outras cidades.

Sabendo o que Kelsey sabia agora, tinha que ser um grande encobrimento, desde o

topo do comando da polícia até o governo. Eles teriam o poder de silenciar os meios de

comunicação.

Seus chefes de departamento não apenas sabiam a verdade, mas também a

entregaram para ser enviada para fora da Terra.

Ela se perguntou quantas mulheres estavam sendo vendidas. Deveria estar

acontecendo em mais cidades do que apenas na dela.

— Você está bem? Você empalideceu.

A voz profunda de Crath a tirou de seus pensamentos perturbadores, e ela olhou

em seus olhos azuis. Eles eram verdadeiramente magníficos. — Eu só estava pensando.

Eu sei que não posso voltar para o meu planeta.

Ele parecia satisfeito. — Você é muito inteligente.

Kelsey reprimiu um bufo. — Eu não diria isso. Estou aqui, não estou? O público

precisa saber o que está acontecendo na Terra. É a única maneira de acabar com essa

merda. Infelizmente, nossos meios de comunicação devem estar trabalhando com o

governo.
Ele inclinou a cabeça.

— Os responsáveis da Terra estão vendendo nossas próprias mulheres. Há mais do

que apenas a polícia por trás disso. Havia militares onde eu estava detida mas a

escravidão é ilegal na Terra. O público se revoltaria se soubesse a verdade.

Especialmente porque as pessoas encarregadas de compartilhar notícias importantes do

meu planeta estão propositalmente escondendo o que está acontecendo.

A coisa toda a perturbava o suficiente para querer mudar de assunto.

— Tem um buraco nas minhas costas onde fui baleada? Dói.

— Sem buracos. A segurança da estação mirou em você duas vezes com uma carga

de energia, o que tende a atordoar qualquer um que acerte. É doloroso e causará

hematomas. Minha preocupação era sobre os cortes em sua pele. Os seres humanos são

propensos a infecções. É por isso que fiquei grato por ter um creme abrasivo comigo.

Como eu disse, deixe o creme agir por mais uma hora e depois removeremos os

curativos.

Kelsey franziu a testa em dúvida, olhando para as bandagens.

— Seus cortes e arranhões serão completamente curados. — Assegurou. — Nossos

medicamentos são muito mais avançados. Peço desculpas por não ter nada para

hematomas profundos, mas cuidaremos disso assim que chegarmos ao The Vorge.

Levará apenas alguns minutos para curá-los.


Ela olhou novamente para o pulso e as mãos enfaixadas, percebendo que não havia

dor. Sua perna também não doía nada. Ela se forçou a mexer os dedos e rolar o pulso

machucado. — Nada parece quebrado.

— Estou feliz. Eu não tenho um scanner médico, e o Nupa, dono deste ônibus

espacial, não tinha um para emprestar.

Ela olhou ao redor da sala. — Conte-me mais sobre esta nave.

Ele se inclinou um pouco para trás. — A informação importante é que é suficiente

para nossa fuga. Suspeito que seremos caçados, no entanto. Os Cristos vão querer muito

você, depois da grande quantia que pagaram para ganhá-lo no leilão.

Ela estremeceu.

— Você está familiarizado com a raça deles?

— O alienígena rosa na gaiola ao lado da minha me disse o suficiente para que eu

soubesse que tinha que escapar ou morrer de uma forma horrível. Nexis era minha

amiga. Um Parri a comprou. Você sabe alguma coisa sobre essa raça?

— Sim. Um dos tripulantes do navio da minha família é um Parri.

— Será que um Parri vai machucar minha amiga?

— Não acredito. A grande maioria é honrada. Eles tratam as mulheres

extremamente bem. Não importa, no entanto. Outro membro da equipe da The Vorge

foi atrás daquela fêmea.

Kelsey ficou boquiaberta com ele.


— Para resgatar a fêmea, como fiz com você. Ficou claro para nós que ela devia ser

sua amiga quando você começou a gritar com o homem para comprá-la. Marrow irá

recuperar a fêmea e levá-la de volta para The Vorge. Eles podem já estar lá. Meu

comunicador foi perdido enquanto fugíamos da segurança da estação. Não consegui

ouvir mais do que Marrow dizendo que havia embarcado no navio para onde sua

amiga foi levado.

— O que você planeja fazer com ela?

— A raça dela é chamada de Titãs. O planeta dela não é muito longe do meu

mundo natal. Ouvimos dizer que eles sofreram um ataque de invasores no ano passado

e enviamos algumas de nossas embarcações militares para impedir que isso acontecesse

novamente. Houve relatos de que centenas de suas mulheres foram sequestradas. Sua

Nexis deve ter sido uma das infelizes. Vamos devolvê-la ao seu mundo natal, se for isso

que ela quiser.

Kelsey ficou aliviada ao ouvir isso. — Obrigada por me tirar de lá antes que mais

Cristos pudessem me encontrar... e por resgatar Nexis.

Ele deu um aceno sombrio. — Os Cristos são proibidos na maioria dos mundos e

em todas as estações espaciais. Um cruzamento masculino com uma fêmea pode criar

mais de vinte descendentes. Produzir filhotes é sempre fatal para as fêmeas, a menos

que haja cuidados médicos constantes para remover os ovos quando eles começam a

eclodir. Apenas famílias ricas podem pagar esse tipo de cuidado. Os machos mais
pobres compram escravas para procriar, já que não se importam em matá-las para ter

filhotes.

Enquanto ele falava, ela descobriu como soltar as presilhas do cinto, removendo as

tiras do corpo, e lentamente tentou se levantar. Crath se levantou, elevando-se sobre ela

em altura. Ele era um grande alienígena. Ela se encolheu quando ele tentou tocá-la.

Isso o fez dar um passo para trás.

— Eu não vou machucar você, Kelsey. Mas acho melhor você ficar sentada.

Ela se espreguiçou um pouco, as costas doendo ainda mais, mas pelo menos ela se

sentia inteira. — Lesões de bebês não são para mim.

Ele fez uma careta.

Kelsey olhou para o alienígena de olhos azuis, tentando determinar se ela

realmente podia confiar nele. — Eu sobrevivi ao treinamento policial e me tornei um

respondente de código vermelho. Significa que fui encaminhada para qualquer ligação

envolvendo violência. Já sofri ferimentos muito piores do que alguns cortes e contusões

nas costas.

— Seu povo envia fêmeas em seu planeta para lidar com machos violentos?

Ela bufou, divertida. — A maioria das ligações que atendi eram de mulheres

brigando entre si. Na Terra, há muito mais de nós do que homens. Às vezes, porém, era

um cara batendo em uma mulher. Obviamente foi assim que acabei sendo vendida para

os alienígenas. O idiota que prendi era um doador de pau bem pago que vivia em um
apartamento de cobertura chique. E meu departamento ainda o escolheu em vez de

mim.

— Um doador de quê?

— Doador de pau. É uma gíria para homens atraentes que dormem com mulheres

por dinheiro. Com a baixa proporção de homens para mulheres, eles são muito

procurados por mulheres ricas que querem ter filhos à moda antiga, fazendo sexo de

verdade. Esse cara gerou quatorze filhos verificados, o que realmente aumentou seu

preço. Ele falou sobre isso enquanto eu o arrastava para a delegacia, jurando que estaria

livre assim que seu advogado descobrisse. — Ela cerrou os dentes com raiva. — E eu

tenho certeza que ele estava.

Crath franziu a testa ainda mais.

Ela olhou para a camisola minúscula que usava, apenas percebendo que mal estava

vestida. — Eu não suponho que haja outras roupas que eu possa usar?

Ele balançou sua cabeça. — O Nupa dono dessa nave era muito sujo. Procurei

roupas limpas em sua cabana enquanto você estava fora. Não havia nenhuma. O

cobertor foi a única coisa que não encontrei manchada ou usada por ele. Estava selado

em um saco. Basta envolvê-lo em torno de seu corpo.

Isso teria que servir. Não era um cobertor grosso ou particularmente grande, mas

grande o suficiente para envolvê-la e amarrar em um ombro. Kelsey manteve a


camisola por baixo. Uma vez feito, ela olhou de volta para Crath. — Eu gostaria de ver o

resto desta nave.

Ele assentiu. — Venha comigo.


Capítulo Três
Kelsey observou enquanto Crath acenava com a mão sobre um bloco embutido na

parede e uma porta se abriu. O corredor do lado de fora era estreito, com outra porta

fechada bem em frente à pequena sala. Ele saiu, virando à direita. Ela seguiu. Uma

terceira porta ficava um pouco mais abaixo, à esquerda, também fechada. Além de

Crath, ela avistou uma área aberta, mas não conseguiu ver muito. Ele era um alienígena

alto, de ombros largos e peito largo.

— O que é aquele quarto? — Ela apontou o polegar para a porta à esquerda.

— O quarto do proprietário. Tem um cheiro forte e ruim. — Desgosto apareceu em

suas feições bonitas. — Eu teria tratado você no chão antes de colocá-la naquela cama.

Estava manchado e nojento.

Ela apontou para a porta do outro lado do corredor de onde acordou. — E aquele?

— Banheiro. Há apenas um. Também não está limpo, mas utilizável. Você precisa

que eu lhe mostre como usar as coisas lá dentro? Estou ciente de que as viagens

espaciais não são comuns em seu planeta para a maioria. Nara me falou muito sobre os

humanos. Ela é a esposa do meu irmão.

Essa informação finalmente caiu. Ele mencionou antes que seus irmãos se casaram

com humanos, mas ela ainda estava bastante atordoada na hora.


Kelsey deixou de lado todas as perguntas que surgiram em sua cabeça. Não era da

conta dela como as coisas funcionavam entre duas raças alienígenas diferentes.

— Estou bem por enquanto. Meus captores nos forçaram a tomar banho antes do

leilão, o que incluiu nos deixar fazer xixi. Acho que alienígenas limpos lhes dão mais

dinheiro. E por banho, quero dizer que eles nos lavaram com mangueira e sopraram ar

quente em nós para secar nossos cabelos. — Tinha sido indigno, para dizer o mínimo.

Ela olhou para o cobertor fino que agora a cobria. — Pelo menos eles nos deram algo

para vestir, embora não fosse muito. Este cobertor é uma melhoria. Os alienígenas que

me tiraram da Terra nos forçaram a desistir de nossas roupas e se recusaram a nos

deixar usar qualquer coisa dentro de nossas jaulas.

Crath continuou pelo corredor estreito até limpá-lo — e Kelsey teve seu primeiro

vislumbre do espaço sideral. Do outro lado de uma espécie de espaço vital, havia uma

pequena cabine, um pouco maior do que você encontraria em um avião humano

comum. Dois assentos estavam vazios, de frente para um grande para-brisa curvo

mostrando um espaço negro com algumas estrelas distantes.

Ela ficou lá e ficou boquiaberta.

Ele seguiu seu olhar antes de olhar para ela. — Você está bem?

— Não. — Kelsey engoliu em seco, forçando sua atenção para longe da janela. A

área de estar do ônibus não era muito grande, mas maior que o cockpit. Talvez três

metros de largura e dois metros do corredor até o início da cabine. Um banco estava ao
longo da parede à sua direita, junto com uma pequena mesa e cadeira, e um armário

alto com portas. Do lado esquerdo havia uma minicozinha perto de uma porta que ela

presumiu ser a saída do ônibus.

— Está com fome? Não há comida atraente estocada, mas vai encher nossas

barrigas. O proprietário comprou suprimentos baratos. Comeremos muito melhor

quando chegarmos a The Vorge.

— Não tenho apetite agora.

— Você precisa comer, Kelsey.

— Meus captores nos alimentaram com alguma porcaria parecida com aveia esta

manhã antes de nos lavarem. Provavelmente para ter certeza de que não

desmaiássemos ou parecêssemos doentes para os compradores. — Ela avançou para

frente, seu olhar fixo na janela novamente. — Está tão escuro lá fora.

— Sim. — Crath se aproximou. — Gostaria de se sentar comigo na estação do

piloto? Preciso fazer varreduras para ter certeza de que não estamos sendo seguidos. O

piloto automático está ligado. Não estou muito familiarizado com este modelo, mas

gostaria de pensar que ele me avisará se algum navio se aproximar de nós. Ainda assim,

é melhor verificar novamente.

— Claro.

Crath caminhou para a frente e se sentou no assento esquerdo. Ele acenou para ela

pegar o direito. Ela se aproximou lentamente, olhando para os poucos pontos distantes
de luzes no breu do espaço. O assento era largo, um pouco alto para suas pernas, mas

confortável quando sentou. Tinha muito enchimento grosso.

Crath concentrou-se na estação de pilotagem. Devia haver uma dúzia de telas

pequenas. Ela viu símbolos rolando em um deles. Não estava em nenhum tipo de

idioma que ela já tinha visto.

— Você pode ler isso?

Ele olhou para ela. — Sim. Este é um modelo de transporte vendido para muitas

raças diferentes. Tinha um cenário para Tryleskian.

— Isso é o que você é, certo?

— Sim.

Depois de estudar as telas, um rosnado baixo irrompeu de Crath, e ele estendeu a

mão, tocando em algo próximo ao topo do console. Ela se assustou quando o para-brisa

de repente brilhou com um holograma, bloqueando a visão do espaço.

Kelsey levou longos segundos para registrar o que estava vendo. — Isso é um

mapa? Quais são os dois pontos vermelhos?

— Naves chegando. — Crath sibilou. Ele tocou o holograma. Um dos pontos

vermelhos aumentou, criando uma imagem pop-out que coloriu para cinza. Símbolos

amarelos brilhantes apareceram. Ele puxou a mão para trás, tocando outro círculo. Este

aumentou e se tornou uma imagem pop-out azul e verde.

Mais símbolos brilhantes apareceram.


— Ou o sistema de rastreamento não está totalmente offline ou os Cristos

conseguiram nos localizar. Não tive acesso a um scanner para garantir que você não foi

injetada com nenhum tipo de dispositivo.

Essa possibilidade fez Kelsey sentir tudo, de raiva a terror. Já era ruim o suficiente

que os peixes alienígenas tivessem mexido com ela implantando um tradutor. — Que

tipo de dispositivos?

— Rastreadores às vezes são embutidos em escravos para o caso de conseguirem

escapar. Eu olhei para a sua nuca e ambas as coxas enquanto a tratava. É onde os

dispositivos escravos geralmente são implantados. Não vi cicatrizes ou feridas causadas

por um injetor. Havia apenas aquele atrás da orelha para o tradutor, que removi. — Ele

rapidamente tocando em mais círculos.

Kelsey ficou tensa. — Você fez uma cirurgia em mim?

— Eu poderia dizer pela cicatriz irregular que se forma em sua pele que não foi um

profissional médico qualificado que implantou aquele tradutor. Conexões ruins podem

causar hemorragias cerebrais e outros danos graves causados por infecções,

especialmente no caso de hardware barato. Achei melhor removê-lo imediatamente.

Kelsey fechou a boca, sua indignação esfriando rapidamente. Esse foi um grande

motivo para ele não esperar para pedir permissão primeiro. Ela também estava

chateada porque parecia que ele havia checado seu corpo inteiro enquanto ela estava

inconsciente... mas ela era tipicamente uma pessoa lógica. Ou tentava ser. Ele estava
procurando rastreadores e feridas. Claro, era assustador como o inferno, mas em sua

situação estranha... era razoável. Ela teve que revistar as vítimas em busca de

ferimentos no passado durante o trabalho, mesmo que tivessem inconscientes quando

ela chegasse ao local. Incluindo verificar sob suas roupas se ela viu sangue, para saber

se era deles ou não.

Ela respirou fundo algumas vezes para se acalmar antes de falar. — Estou a salvo

de sofrer uma hemorragia cerebral, agora que isso está fora?

— Sim. Substituí-o por tecnologia Tryleskiana. É seguro, muito superior e não irá

prejudicá-lo de forma alguma. Nunca temos certeza se algum humano que resgatarmos

terá tradutores, então todos carregamos um sobressalente. Essa também é a razão pela

qual eu tinha creme abrasivo. Para curar rapidamente a ferida de inserção. É uma

prioridade para os humanos entenderem que estamos tentando salvá-los.

— Eu falo sua língua terrestre, assim como Raff, mas Marrow não aprendeu. Ela foi

quem foi atrás da Titã. Ser incapaz de compreender a linguagem dela poderia ter

tornado nossa missão mais difícil se ela tivesse resgatado você. Você poderia tê-la visto

como uma ameaça em vez de um aliado. — Seus dedos voavam sobre os controles

enquanto ele falava, sua expressão sombria.

— O que está errado?

— Esta nave é velha. Não podemos fugir deles. Há cinco naves perseguidoras ao

todo. — Ele acenou com o braço sobre o holograma e ele desapareceu. Segundos depois,
outro apareceu. Parecia um mapa diferente. Ele bateu no holograma, vários pontos

aparecendo.

— O que você está fazendo?

— Estou verificando todos os planetas perto de nós para ver se algum deles é

inimigo dos Cristos. Eles não nos seguiriam se conseguíssemos pousar em um deles.

Todos esses planetas são desabitados. Agora estou tentando encontrar uma maneira de

chegarmos a The Vorge antes que aqueles navios nos alcancem. Eu não queria que meu

irmão e sua tripulação tivessem que se envolver em uma batalha, mas agora não há

escolha. — Ele rosnou segundos depois. — Não vamos conseguir.

— Tem certeza de que são os Cristos?

— Sim. As assinaturas de suas naves são distintas. — Ele bateu nos círculos

novamente, tornando-os maiores.

— O que você está fazendo agora?

— Encontrando o melhor planeta que é possível sobreviver.

— Você acabou de dizer que eles são desabitados.

— Isso não significa que não são capazes de sustentar uma vida. Desabitado

significa simplesmente que nenhuma raça senciente reivindicou oficialmente o planeta.

Não vamos conseguir ultrapassar os Cristos nesta nave por tempo suficiente para

alcançar minha família. Nossa única chance é cair e fazê-los pensar que não

sobrevivemos. Eles provavelmente irão embora.


Ela saltou da cadeira, em pânico. — Não! Deve haver outra maneira. Ficaremos

presos em algum planeta alienígena até morrermos.

Ele não lhe deu um olhar. — Não vamos. O Vorge virá atrás de nós. Vou enviar-

lhes uma mensagem de despedida.

— Sim. Certo! Você disse mensagem de despedida. Então sabe que vamos morrer.

Ele teve a coragem de rir. — É tudo parte do meu plano. Você precisa confiar em

mim, Kelsey.

— Eu nem te conheço.

Ele rapidamente fez algo com os controles e ela sentiu vibrações sob seus pés. — O

que é que foi isso?

— Eu cancelei os controles de segurança do piloto automático.

— Por que você faria isso? — Ela não sabia se deveria atacar Crath para detê-lo ou

deixá-lo implementar qualquer plano maluco que tivesse inventado. Os Cristos estavam

chegando, pelo menos segundo ele. Se eles a capturassem, ela rezaria pela morte de

qualquer maneira. Ela confiava em Nexis e não ia esquecer o que sua amiga havia dito

sobre aquela raça horrível.

Bater quase soava melhor do que ser capturado.

— Quase. — Ela murmurou. — Mas não exatamente.

— O que? — Crath lançou-lhe um olhar confuso.


— Nada. O que posso fazer? — Uma morte rápida era melhor do que ser

implantada à força com ovos que acabariam por matá-la de uma forma horrível.

— Encontre uma sacola e comece a colocar suprimentos de comida dentro dela.

Olhe dentro dos armários ao lado da mesa e na cozinha. Depressa.

Ela girou, correndo primeiro para os armários altos. Levou algumas tentativas para

descobrir que tinha que girar a maçaneta para cima para abri-los. — Qual é o plano?

Apenas me diga pois vai me ajudar a ficar mais calma.

— Estou empurrando os motores além do limite de segurança para aumentar a

distância entre nós e os Cristos. Cada minuto será importante.

— E então? — Kelsey encontrou pacotes parecidos com os que seus captores

alienígenas lhe deram algumas vezes. Ela também encontrou um grande saco preto

pesado feito de uma borracha esquisita e começou a enchê-lo.

— Não queremos os Cristos imediatamente atrás de nós quando atingirmos a

atmosfera do planeta. Vou definir um curso para voar direto para uma montanha. A

nave deve explodir. Vamos lançar o único casulo de vida que este ônibus espacial tem

antes que isso aconteça.

— Merda! — Ela sibilou. Kelsey pegou algumas facas que encontrou na cozinha,

enfiando-as dentro da bolsa. Um armário tinha uma pilha de toalhas dobradas de

algum tipo. Eram longas tiras de tecido, elástico e macio. Ela decidiu que poderiam ser

úteis mais tarde e enfiou cerca de uma dúzia dentro da bolsa. Havia também bolsas com
algum tipo de líquido dentro. Todas as marcas nelas eram estranhas, mas lembravam a

bolsa que Crath lhe dera depois de acordar. Ela só esperava que fossem água ou algo

igualmente seguro para beber. Pelo que sabia, ela estava carregando óleo de cozinha ou

outra substância igualmente inútil.

— Nós vamos conseguir. Estou enviando uma mensagem de despedida aos meus

irmãos. O sinal não é seguro. Conto com isso para ajudar os Cristos a acreditar que

preferimos morrer a permitir que nos peguem. Não diga uma palavra.

Foda-se, ela murmurou.

— Chamando Kuta Ta. — A voz de Crath saiu profunda e alta. Ele falava inglês. —

Segundo companheiro, lembra do meu maior desafio no trabalho? Estou transmitindo

nossas últimas coordenadas. Os olhos de York e Sara são o que estou vendo. Estamos

sendo ultrapassados pelos Cristos. Prefiro morrer a ser capturado. Obrigado pela

carona. Eu realmente precisava disso. Por favor, notifique minha família de que tive

problemas. Brit para fora.

O chão sob Kelsey vibrou novamente, e houve um estalo. Ela girou, olhando para

Crath.

A escuridão não cobria mais todo o para-brisa. Eles estavam indo em direção a uma

grande lua escura.

Seu corpo inteiro tremeu. — É aí que vamos cair?


— Não. Esta lua tem uma gravidade extremamente forte. Estou usando isso para

nos ajudar a ganhar velocidade conforme passamos. O planeta está por trás disso.

— O que foi aquele barulho de estalo?

— A nave, liberando plasma para fazer os Cristos acreditarem que estamos tendo

problemas no motor.

— Nós estamos?

— Não. Ainda não. — Crato se levantou do assento do piloto e correu em sua

direção, agarrando seu braço. — É hora de ir.

Ele estava mentindo para ela. Kelsey sabia que eles colidiriam com aquela lua.

O medo a fez tropeçar, mas ela permitiu que ele a arrastasse para o corredor

estreito. Ele parou na sala onde ela estava anteriormente, pegando uma pequena caixa.

Ele voltou pelo corredor e abriu a porta da cabine do proprietário, puxando-a para

dentro.

Ela inalou, engasgando. O fedor era ruim o suficiente para fazê-la parar. A primeira

coisa que viu foi a cama. Era grande, com manchas verdes e viscosas por todos os

cobertores amarelos.

Crath agarrou seu braço e a empurrou para dentro da sala. — Prenda a respiração.

A cápsula de vida está bem aqui.

Ele a soltou quando se aproximaram de uma parede, mas ela viu o contorno de

uma porta de formato estranho. Ele apertou um botão quadrado branco e abriu,
revelando um único assento em uma sala circular do tamanho de um pequeno armário.

Crath a agarrou novamente e jogou a maleta no chão. Ele se sentou, puxou-a para seu

colo e praticamente arrancou o saco de suas mãos.

— Vire-se para a frente e coloque suas pernas sobre as minhas. Não temos muito

tempo.

As luzes piscavam no quarto fedorento. Ela fez o que Crath ordenou. A porta se

fechou e eles foram deixados na escuridão total por apenas um segundo. Luzes

amarelas pálidas vieram de cima e um painel na frente dela se abriu na porta

arredondada. Era um pequeno monitor com um painel de controle. Símbolos

alienígenas brilhavam.

Crath passou os braços ao redor dela e a puxou para mais perto, as costas dela

pressionadas contra o peito dele. — É um ajuste apertado com os cintos, mas

precisamos ser amarrados.

— Isso não foi projetado para duas pessoas. — Disse Kelsey, afirmando o óbvio.

Ele começou a prendê-los, as tiras passando por suas coxas e quadris. — Não, mas

alguns alienígenas maiores compram este modelo. Nós vamos fazer isso funcionar.

— Você é um alienígena maior.

— Mas você não é. E não é nada difícil ter você no meu colo.
A sala começou a tremer. Kelsey poderia ter quicado em seu colo se as tiras não a

estivessem prendendo a Crath e ao assento. Ele baixou mais dois cintos sobre os ombros

e eles se cruzaram sobre o peito dela.

— O que está acontecendo? — Ela estava apavorada.

— A nave está girando ao redor da lua. Eu disse que estávamos usando a

gravidade para aumentar nossa velocidade.

Ela virou a cabeça, olhando para seus olhos intensamente azuis. — Você é

totalmente louco, não é?

Ele riu. — Confie em mim.

— Como eu disse, eu nem te conheço, Crath.

— Você irá. — Ele tocou o painel na frente deles, observando em vez dela. Um

mapa brilhou, não que ela entendesse muito. Mais símbolos brilharam. Ele bateu em um

círculo cinza duas vezes e um chilrear soou.

— O que está acontecendo agora?

— Estou pilotando o ônibus espacial para nos levar ao planeta em que planejamos

cair.

Kelsey fechou os olhos com força e virou a cabeça. Ela estava grudada no corpo

grande e quente de Crath. Ele retinha muito calor.


Eles iam morrer. Era aterrorizante, mas a ideia de ser capturada por aqueles

alienígenas feios que queriam colocar suas garras nela também era. Só havia uma coisa

a fazer quando se encontrava em uma situação angustiante.

— Merda. Merda. Merda!

— Por favor, evite fazer isso comigo. Eu lhe ofereci o uso do banheiro.

Ela abriu a boca para deixá-lo saber que xingar a fazia se sentir melhor, mas

decidiu ficar quieta. Não era hora de corrigi-lo. Talvez tenha sido sua pobre tentativa de

piada.

Nesse caso, ela decidiu que Crath teve o pior momento de todos.
Capítulo Quatro
Crath odiava quando bons planos davam errado. Tudo deu errado depois que seu

primo perdeu a licitação para comprar Kelsey. Os Cristos foram um fator imprevisto em

sua missão de resgate. A estação nem deveria ter permitido que a corrida atracasse já

que nenhum alienígena civilizado confiava neles, especialmente perto de fêmeas

compatíveis para procriar mais filhotes.

Os Cristos eram um flagelo no espaço. Vender escravos sexuais significava apenas

aumentar seus números. Só idiotas extremamente cruéis fariam isso. Ou os mais

ganancioso. Os Cristos pagaram seis vezes o preço normal oferecido até mesmo por um

escravo altamente valorizado. Eles não suspeitavam que alguém pagaria metade disso,

ou Raff teria trazido mais créditos.

O leilão exigia pagamento imediato e seu primo havia oferecido tudo o que tinha.

A segunda coisa que deu errado em seu plano de salvar um humano foi a

segurança da estação impedindo-o de alcançar sua nave. Ele tinha comidas populares

da Terra esperando para fazer Kelsey feliz. Até mesmo algumas roupas bonitas para ela

escolher.

Ele imaginou seduzir a humana com seu charme e reivindicá-la como sua chave de

vida antes de levá-la de volta ao The Vorge. Então ele teria o resto de suas vidas juntos

para provar que eles estavam destinados a ficar juntos.


Em vez disso, ele teve que roubar uma nojenta nave Nupa. A única cama real

estava manchada com o lodo que sua raça escorria de seus corpos. Ele teve que colocá-

la em uma cadeira de dormir desconfortável no que equivalia a um espaço minúsculo

para o piloto. A única roupa que ele podia oferecer era um cobertor de emergência. Ele

não conseguia nem mesmo alimentá-la com uma boa refeição.

Agora eles estavam prestes a cair propositalmente em um planeta.

Os controles de pilotagem no pod de vida estavam funcionando. Essa era a única

coisa atualmente a seu favor. A nave Nupa não era ideia de ninguém de um bom

modelo. Deveria ter sido descartada há muito tempo. Crath só esperava que os motores

sobrecarregados não explodissem antes de chegarem ao planeta para o qual estavam se

dirigindo.

Ele verificou a velocidade, estremecendo por dentro. Era possível que a nave se

partisse no espaço. A cápsula os protegeria, mas eles ficariam flutuando indefesos no

espaço, esperando para serem apanhados pelos Cristos. O pod desatualizado não tinha

a capacidade de levá-los a qualquer lugar, apenas propulsores de baixa potência para

ajudar em uma descida mais lenta. Mesmo que possuísse algo mais poderoso, seria

muito lento para escapar dos navios hostis que avançavam.

— Como estamos indo?

A humana em seu colo parecia sem fôlego. Ele temia que os pulmões de Kelsey

estivessem sendo espremidos com muita força pelos cintos que os prendiam no lugar
enquanto eram sacudidos. Ele empurrou para trás com força contra o assento, tentando

tirar um pouco da pressão. — Nós vamos conseguir.

— As vibrações estão muito mais fortes. Não estou imaginando isso, estou? —

Kelsey parecia em pânico.

— Não. Vai tudo ficar bem. Eu sei o que estou fazendo. — Crath usou um tom

confiante, esperando que aliviasse o medo dela. Ele também esperava não ter matado os

dois. Não era como se ele tivesse outras opções. — Estamos quase no planeta.

— E então?

— Vou encontrar a montanha mais próxima e definir um curso para o ônibus

espacial bater nela. Vamos ejetar antes que isso aconteça. — Ele não mencionou que,

devido à velocidade excessivamente rápida em que viajavam, era possível que a nave se

desfizesse ao entrar na atmosfera do planeta, antes que ele tivesse a chance de traçar um

curso.

O pod deve se manter unido, no entanto. Eles foram projetados para suportar

quase tudo.

Seria muito traumático e violento quando eles fossem ejetados. Essa parte, ele não

queria avisar Kelsey sobre.

Crath verificou o status dos navios perseguidores de Cristo. Ainda estavam vindo,

mas ele conseguiu colocar alguma distância entre eles. Ele desativou os transmissores

do pod de vida, deixando-os completamente offline. A última coisa de que precisavam


era que a embarcação enviasse uma mensagem de socorro para avisar seus

perseguidores quando fosse disparada. O truque seria ejetar o pod perto o suficiente de

onde o ônibus espacial caiu, para fazê-lo parecer destroços se as naves inimigas se

importassem em sobrevoar.

A nave e a cápsula chacoalharam com mais força e as luzes do teto piscaram. Os

controles continuaram funcionando. Crath abafou um rosnado, preocupado que

pudessem perder completamente o poder interior assim que entrassem na atmosfera do

planeta. Seria uma transição muito difícil.

— Kelsey?

— Sim?

Ele ouviu um tremor em sua voz. — Estamos prestes a chegar ao planeta. Preciso

que você pressione sua bochecha contra meu peito e cruze os braços sobre os cintos.

Não enrole os dedos. Apenas cruze sobre eles. Cerre as mãos.

— Por que?

— Para evitar lesões.

Ela obedeceu, o rosto voltado para ele, e ele pressionou a própria bochecha contra a

testa dela. Os controles e a energia do monitor permaneceram estáveis e ele examinou o

planeta do qual se aproximavam rapidamente, estabelecendo um curso. Havia algumas

montanhas, mas ele selecionou uma perto de um grande corpo de água, com uma
vegetação alta ao seu redor. Eles precisariam do último para se esconder. Ele

programou rapidamente quando o pod deveria ejetar, segundos antes do impacto.

O tremor piorou quando ele confirmou que o piloto automático do ônibus espacial

havia recebido e reconhecido suas ordens. Ele soltou os controles e passou um braço em

volta do peito de Kelsey, segurando-a com força contra seu corpo. Ele usou o outro

braço para cobrir seu rosto e o dela, virando a cabeça dela um pouco mais para ele.

A fêmea endureceu.

— Para nos proteger. — Ele murmurou. — Você é corajosa e linda, Kelsey. Eu

quero que você saiba disso. Eu farei qualquer coisa para protegê-la. Confie em mim.

Agora respire fundo e mantenha os olhos fechados.

— Foda-se. — Ela sussurrou. — Nós vamos morrer, não vamos?

— Não. — Ele afirmou com firmeza. — Estamos entrando na atmosfera. Pode ser

difícil. Apenas saiba que vamos conseguir. Eu tenho você.

Ele fechou os olhos e aproveitou a oportunidade para roçar os lábios na pele macia

dela. Kelsey não recuou ao sentir os lábios dele em sua testa. Ela agarrou seu pulso e se

agarrou a ele com força.

— Obrigada por tentar me salvar.

— Vou conseguir salvá-la. — Respondeu Crath, um pouco engasgado pela emoção

com a possível mentira.


Ele finalmente encontrou um humano para amar e eles provavelmente iriam

morrer. Pelo menos iriam juntos.

Isso o entristeceu profundamente. Quantas vezes Crath imaginou encontrar

alguém de sua raça para se relacionar, Kelsey era mais do que ele esperava. Ele gostava

de seu espírito ardente e corajoso. Ela também tinha um emprego comparável ao dele.

Ambos prendiam criminosos.

Kelsey era perfeita.

O barulho ficou pior, quase violento. — Três minutos. — Alertou.

— Até o que?

— Para chegar à superfície. Lembre-se disso. Apenas três minutos no máximo.

Então o pior terá passado.

Ele ajustou seu braço para proteger melhor seus rostos. Também envolveu seu

braço com mais firmeza sobre o dela para se certificar de que não seriam arremessados

para longe de seu corpo quando o casulo fosse ejetado. Isso poderia fazer com que suas

mãos batessem nas laterais da cápsula com força suficiente para quebrar ossos antes que

o preenchimento fosse ativado. Ele havia sobrevivido a um pod anterior sendo

implantado durante um acidente planetário, e foi uma das piores experiências que já

teve.

Agora ele estava prestes a fazer isso de novo. De propósito.


Crath esperava que o Vorge entenderia suas palavras codificadas quando

recebessem sua transmissão. Ele contou a seu irmão Cavas sobre um pirata que

derrubou uma nave em um planeta para fingir sua própria morte e enganar as

autoridades que o caçavam. Tinha sido o segundo maior desafio de Crath encontrar o

assassino. O planeta que ele escolheu tinha uma tecnologia que impossibilitava a busca

por sinais de vida. Ele teve que literalmente rastrear o pirata à moda antiga.

Crath mencionou ter visto os olhos de York e Sara, especificamente, por causa de

sua cor. O planeta em que eles estavam prestes a cair era predominantemente azul e

verde. Ele também disse que precisaria de uma carona, estava com problemas e usou

seu nome disfarçado para lembrá-los sobre seu rastreador de pulso, que poderia ser

usado para localizá-lo. Ele compartilhou a frequência segura com seus irmãos de

ninhada, caso precisassem encontrá-lo novamente.

A cápsula foi ejetada com um estrondo ensurdecedor. Os estabilizadores de

gravidade ficaram offline. A fêmea em seus braços gritou quando eles foram girados

violentamente. Era uma sensação doentia. Ele segurou Kelsey com mais força,

ignorando como o barulho agudo de seu terror machucava seus ouvidos sensíveis.

Seus gritos foram interrompidos abruptamente em um giro particularmente

violento. Os cintos impediram que fossem arremessados contra as paredes da cápsula.

Ele estava grato por tê-la amarrado com ele em vez de apenas tentar segurá-la. Não
importava sua força, ele nunca seria capaz de ter sucesso. Levou tudo o que tinha

apenas para manter a cabeça dela contra ele e os braços pressionados contra o corpo.

Alarmes soaram dentro do casulo. Ele não se preocupou em abrir os olhos ou tentar

espiar o monitor. Eles estavam caindo rapidamente em direção à superfície do planeta.

A qualquer segundo, os propulsores de pouso do pod seriam acionados para retardá-

los antes do impacto. Quando o fizeram, ele quase perdeu sua última refeição no

empurrão brutal.

A rotação parou quando eles se nivelaram.

O corpo de Kelsey ficou mole contra o dele. Ele esperava que ela tivesse apenas

desmaiado e não ferida. Independentemente disso, não havia nada que ele pudesse

fazer até que o casulo aterrissasse. Esperançosamente, inteiro e intacto.

Ele ouviu um barulho sibilante alto e ficou tenso. Grandes almofadas infladas de

repente os encheram, saindo das paredes e do teto. Era um recurso de proteção para

amortecer o passageiro de impactos brutais. Foi também por isso que ele cobriu seus

rostos.

Os propulsores de pouso gemeram repentinamente quando o casulo tentou

diminuir a velocidade de sua descida. Eles foram ligeiramente silenciados graças ao

amortecimento protetor entre eles e as paredes internas do casulo. Ele forçou seu corpo

a relaxar para evitar lesões por tensão, esperando que o impacto pudesse sobreviver.
Eles atingiram a superfície com força, apesar dos propulsores, e a cápsula rolou

novamente. Os propulsores cortaram completamente, seu corpo foi esbofeteado contra

o estofamento mas o tempo todo, Crath se agarrou a sua humana. Eles bateram em

alguma coisa - e então tudo parou. Todos os ruídos morreram.

Ele respirou fundo e sentiu as almofadas de segurança esvaziando, a pressão contra

seu corpo diminuindo.

Eles estavam quase na vertical, mas inclinados para trás em um pequeno ângulo. A

parte inferior pesada da cápsula claramente funcionou corretamente, já que não caíram

de cabeça para baixo ou deitados de lado. Esta última opção poderia ter bloqueado a

saída ou causado ferimentos por queda quando o passageiro soltou o cinto do assento.

Crath abaixou o braço, vendo o interior da cápsula intacto. Ele fixou sua atenção

em Kelsey em seguida. Ela respirou, mas permaneceu inconsciente. Ele respirou fundo

pelo nariz, sem sentir cheiro de sangue. Ele cuidadosamente começou a desamarrá-los

do assento.

Crath precisava sair para garantir que o casulo não pudesse ser visto com

facilidade. Caso contrário, teria que encontrar algo para encobrir, pois se os Cristos

voassem, poderiam vê-los. Ele rosnou sobre os limites apertados do casulo enquanto

levantava gentilmente sua humana e sentava seu corpo caído no assento depois que se

levantou.
Ele não viu nenhum dano visível em Kelsey então se virou, odiando deixá-la nem

por um momento, e abriu a cápsula. A escotilha da porta abriu apenas alguns

centímetros, obviamente danificada. Ele agarrou as bordas e empurrou com força. O

metal gemeu, mas abriu mais.

Ele olhou para o planeta alienígena. Um pesado dossel de árvores escondia o céu

de sua visão. Ele teve que mexer seu corpo através da porta para pisar na... lama. Sua

bota deslizou um pouco, mas ele recuperou o equilíbrio e se inclinou mais para ver os

arredores.

Eles pousaram em uma área densamente florestada, do jeito que havia planejado. A

cápsula desceu em uma pequena colina e eles deslizaram cerca de três metros antes de

parar, deixando uma trilha clara. Ele correu para fora e agarrou um arbusto frondoso

próximo, arrancando grandes pedaços de vegetação. Ele subiu a encosta, jogando os

arbustos sobre os sulcos profundos de terra molhada que haviam sido marcados no

solo. Ele continuou fazendo isso até que a trilha não aparecesse mais, usando vários

minutos preciosos de seis minutos.

O som de um motor fraco o fez xingar e correr de volta para a cápsula. Ele

empurrou a porta com o ombro enquanto se inclinava para dentro, forçando-a a abrir

ainda mais. Um toque rápido em sua pulseira ativou um escudo ao seu redor, com uma

alcance de um metro e meio. Crath agarrou o saco de suprimentos, usando a alça para
prendê-lo no ombro e colocou o kit médico de emergência da nave no colo de Kelsey

antes de levantá-la gentilmente para fora da cápsula.

O som do motor ficou mais alto. Crath se virou com a pequena humana em seus

braços e começou a correr para longe do casulo e se aprofundar nas árvores densamente

crescidas. Se os Cristos encontrassem o casulo, ele não facilitaria a captura.

Nada nem ninguém iria tirar Kelsey dele. Ele já a considerava sua companheira de

vida.

O motor soou ainda mais perto, ele se abaixou contra um grande tronco de árvore,

encostando-se a ele, e olhou para a copa espessa de galhos. As folhas eram enormes e

quase bloqueavam o céu. Ele teve um vislumbre de algo à distância. Pelo menos uma

nave Cristo os seguiu até o planeta. Ele também viu fumaça escurecendo o ar perto de

onde voou.

Essa visão o fez sorrir. A nave deve ter explodido com o impacto para fazer tanta

fumaça, assim como ele esperava. Ele ficou parado, observando enquanto a nave

inimiga circulava ao redor do local do acidente à distância. Ele temia deixar seu

esconderijo caso eles tivessem sensores para rastrear objetos em movimento.

Seu escudo pessoal esconderia seus sinais de vida. Ele até silenciaria um sinal de

rastreador se Kelsey tivesse sido injetada com algum. Os Cristos não eram conhecidos

por terem tecnologia avançada para localizar formas de vida, mas ele não ia arriscar.
Minutos se passaram antes que a nave inimiga subisse, voando mais alto. Ele

suspirou quando os sons do motor diminuíram até que ele ficou apenas com o farfalhar

de uma brisa soprando os grandes galhos acima. Os Cristos devem ter concluído que os

dois haviam morrido no acidente.

Crath abaixou o queixo, estudando Kelsey. Ela permanecia inconsciente, mas

respirando. Ele deslizou de bunda, colocando-a cuidadosamente sobre seu colo, e tirou

o saco de suprimentos. Depois de acomodá-la, usou a mão livre para colocar o kit de

emergência no chão.

— Linda? Por favor, abra os olhos.

Ele esperou. Kelsey não se mexeu.

Ele começou a se preocupar.

— Kelsey! Acorde.

Ela respirou fundo e seus olhos se abriram. Seu corpo inteiro relaxou enquanto ele

olhava em seus pálidos olhos verdes. Eles eram uma boa combinação para seu cabelo

quase branco e pele pálida.

— Olá. Sobrevivemos, como eu disse que faríamos.

Ela piscou para ele algumas vezes antes de sugar outra respiração profunda. —

Aquilo foi…—

— Incrível, correto?

— O pior passeio de todos os tempos.


Ele riu. — Poderia ter sido muito pior. A cápsula caiu intacta.

— Isso não é engraçado.

— É, desde que sobrevivemos.

Ela começou a se mexer, tentando sair do colo dele.

— Relaxe. Você está ferida em algum lugar?

— Meu estômago não está tão quieto. Acho que não vou vomitar. Preciso me

levantar.

Ele odiava deixá-la ir, mas a ajudou até que ambos estivessem de pé. Crath deu

uma rápida olhada em seu corpo, ainda sem identificar nenhum novo ferimento. Ele

gostaria de poder ver onde o cobertor a cobria, mas ele não a estressaria ainda mais

pedindo-lhe para se despir.

Ela olhou ao redor, com os olhos arregalados.

Crath se perguntou o que ela estava pensando. — Este é o seu primeiro mundo

alienígena?

— Sim.

— Não é ruim. — Ele olhou ao redor também. — O ar é confortavelmente

respirável e não fede a algo desagradável. A temperatura é agradável. Não muito

quente ou frio. Até a gravidade aqui é compatível. Também não fomos atacados por

nada hostil.

O olhar dela encontrou o dele. — Isso é uma piada?


— Sim. — Ele mentiu. — Não se preocupe. O Vorge virá atrás de nós. Ele olhou

para sua pulseira, sem ver nenhum dano em seu rastreador. O escudo permaneceu

ativo. — Acho que minha família vai aparecer em algum momento desta noite, a menos

que os Cristos fiquem perto do planeta. Então eles podem esperar um pouco para evitar

uma batalha. Ou não. O Vorge poderia enfrentar cinco navios Cristo e vencer. Não é

como se meu irmão mais velho devesse se preocupar em causar uma guerra com seu

povo. Eles não têm aliados e são inimigos de todos.

Ela apenas olhou para ele.

Ele sorriu. — Eu mencionei que meu irmão Cathian é o embaixador do meu mundo

natal? O Vorge é uma grande embarcação extremamente bem armada. Ele não apenas

negocia tratados comerciais e espalha boa vontade. Há momentos em que ele teve que

provar que meu povo não é fraco. Mesmo uma de nossas naves militares hesitaria em

enfrentar o Vorge em batalha.

— Isso deveria ser reconfortante?

— Sim. Você não é mais uma escrava. Eu resgatei você e minha família é capaz de

mantê-la a salvo de todos os inimigos.

— Vou considerar isso um ponto positivo. Obrigada.

— De nada. Devemos encontrar abrigo antes que escureça. Crath não sabia muito

sobre o planeta além do fato de que poderia abrigar vida. Ele não tinha conhecimento

de que tipo de formas de vida poderiam enfrentar. Poderia ser qualquer coisa, desde
alienígenas primitivos até animais selvagens. Até a vegetação pode ser perigosa. Era

melhor estar preparado.

— Tem certeza de que seu irmão virá nos buscar?

— Irmãos. Dois deles, mais meu primo e alguns outros tripulantes. Sem mencionar

as algemas humanas. Eles virão atrás de nós.

— Algemas? — As feições de Kelsey ficaram cautelosas. — Isso soa como

escravidão. Você disse que estava me salvando disso.

— Companheiros de vida, ou algemas de vida é o nosso termo para casamento.

Meu povo abomina a escravidão e não a permite. Você está livre, Kelsey.

Ela o encarou por longos segundos, mas então assentiu, parecendo acreditar nele.

— E se eles não receberem aquela mensagem estranha que você mandou?

— Eles fizeram. Mandei repetir a transmissão até a nave explodir. Tenha fé, Kelsey.

Minha família e o a tripulação de Vorge vai ouvir qualquer transmissão comigo

desaparecido em ação de nossa missão de resgate.

— Estou com pouca fé depois de tudo que passei.

Ele podia entender e simpatizar. — Eu prometo que tudo mudou, agora que entrei

em sua vida. Salvei você de ser levada pelos Cristo duas vezes agora. Sou altamente

habilidoso em ser o que você chamaria de cavaleiro branco.

— Alguém já disse que você é um pouquinho arrogante?

Ele sorriu. — É uma boa característica.


— Acho que ainda estou sofrendo com um tradutor imperfeito. Ou isso, ou seu

inglês ainda precisa de um pouco de trabalho. — Ela disse, franzindo a testa.

— Podemos consertar isso no The Vorge.

— Só para você saber, arrogante não é um elogio.

Foi a vez de Crath franzir a testa.


Capítulo Cinco
Kelsey tentou não ficar muito boquiaberta. Ela estava em um planeta alienígena

real. As árvores eram estranhas e definitivamente diferentes de qualquer coisa que já

viu na Terra. A casca era grossa, de cor cinza acinzentada com listras mais escuras, e as

árvores eram mais como vinhas longas e retorcidas firmemente entrelaçadas para

formar uma massa sólida. As folhas maciças eram de vários tons de azul, rosa e laranja.

Cada uma era facilmente do tamanho de uma rede ou maior.

Havia outras coisas estranhas também, como não ver insetos ou pássaros. Eles

estavam em uma área densamente arborizada. Isso deveria significar um monte de

ambas as coisas, especialmente porque obviamente tinha chovido recentemente.

O solo lamacento também era de um cinza opaco, em vez de marrom. Quase como

argila, mas não cheirava a argila ou sujeira. Na verdade, havia um aroma cítrico de

limão pairando no ar.

Ela continuou lutando com o cobertor para mantê-lo enrolado em seu corpo. Era

um material leve, mas difícil de usar. Ainda assim, estava grata por não ter que desfilar

com uma camisola minúscula. O ar estava frio o suficiente para deixá-la infeliz de outra

forma.

— Existe mais alguma coisa viva neste planeta?


Crath deu de ombros. — Não estou certo. A varredura limitada que consegui

executar revelou apenas ar respirável e o fato de que não foi reivindicado por nenhuma

raça alienígena. Teria havido uma transmissão de sinal para alertar os visitantes sobre

suas regras... ou para ficar totalmente longe, se não quisessem que ninguém aterrissasse

aqui.

— Isso não é um bom presságio para nós, não é? Quero dizer, o não saber. Há ar e

vegetação. Onde estão as outras formas de vida? Não que eu seja um especialista em

mundos alienígenas ou algo assim, mas imaginei que a maioria não seria muito

diferente da Terra se tivessem oxigênio e gravidade. Já é como a Terra, com o clima.

Estaríamos vendo animais peludos e pássaros em meu planeta neste tipo de paisagem.

Insetos também.

— Sim, é estranho.

Isso não ajudou a aliviar suas preocupações nem um pouco. Kelsey se aproximou

de Crath. — Agora estou me perguntando se algo matou todos eles. Os monstros de

lama vão aparecer de repente do chão para nos comer? — Ela olhou cautelosamente

para a superfície de argila.

— Eu vou mantê-lo segura.

— Seu grande plano era nos derrubar em um planeta sobre o qual sabe muito

pouco?

— Os Cristos não nos capturaram, não é?


Ela daria isso a ele. — Como você pode me manter a salvo de perigos que você nem

conhece? — Ela procurou visualmente por uma arma. Um galho cinza quebrado jazia a

cerca de três metros de distância. Caminhando cuidadosamente naquela direção,

observou o galho por longos segundos. Pelo que ela sabia, as árvores podiam estar

vivas. Afinal, era um planeta alienígena.

O pedaço de cipó retorcido que passava por um galho não se mexeu. Ela estendeu

a mão para tocá-lo com a ponta dos dedos. Não reagiu de forma alguma, então ela o

levantou. A madeira parecia sólida.

— O que você está fazendo?

— Arma. — Ela se virou, dando-lhe um golpe de teste. — Pode derrubar algo

vindo em nossa direção se eu bater forte o suficiente.

— Eu vejo. Mas você não precisa disso. Eu vou proteger você.

— É ótimo ouvir isso, mas vou manter a ideia de qualquer maneira. Eu meio que

me salvo sempre que possível.

— Eu respeito e admiro uma mulher forte. — Ele sorriu para ela.

Ela notou novamente que Crath era um alienígena bonito. Especialmente quando

tentava ser charmoso. Ele era principalmente humanoide, mas com traços felinos.

Aqueles olhos azuis dele eram incríveis.

Uma lição de história brilhou em sua cabeça desde o colégio. Era sobre divindades

egípcias. Alguns deles eram felinos. Seu olhar desceu por seu corpo musculoso de
aparência muito humana e voltou para suas características faciais. Talvez sua raça já

tivesse visitado a Terra e cruzado com os humanos. Isso explicaria por que suas feições

não eram tão duras ou animalescas quanto as retratadas em museus e livros.

— Por acaso seu povo visitou a Terra há milhares de anos?

Crath olhou para ela e deu de ombros. — Talvez. Estamos viajando no espaço há

muito tempo. Não tenho certeza. Por que?

— Deixa para lá. — Ela não estava prestes a perguntar se seus ancestrais haviam

sido adorados por humanos em algum momento da história. Era hora de mudar de

assunto. — Então você gosta de mulheres fortes? Coisa boa porque é com uma assim

que você está preso neste planeta. — Ela mexeu os dedos dos pés descalços. — Eu

preciso de sapatos. Essa coisa de lama é fria. Peguei algum material para enfiar naquela

bolsa e algumas facas. Você pode cavar dentro dele para encontrar essas coisas e pegá-

las para mim?

— O que você vai fazer?

— Algum tipo de cobertura para proteger meus pés.

Ele sorriu para ela. — Você é engenhosa.

— Eu tento ser.

Ele parou, abriu a bolsa e cavou ao redor. Kelsey aceitou uma faquinha e os panos

de prato dobrados, ou seja lá como os alienígenas os chamavam. Eles eram um material

fino, mas resistente. Kelsey sentou-se em um tronco de videira retorcido, enrolou uma
toalha em volta do pé, juntando as pontas em volta do tornozelo e cortou outra toalha

em longas tiras. Ela usou um deles para amarrar o material no lugar em torno de seu

tornozelo. Em seguida, fez o mesmo com o outro pé.

— Mulher inteligente.

Ela levantou o queixo, olhando para Crath. — Eu adoraria mais umas botas de

caminhada, mas isso é melhor do que nada.

— Eu vou conseguir qualquer coisa que você desejar quando estivermos no The

Vorge.

— Então, estou ansiosa por uma refeição e banho quentes, se você tiver algo que

pareça com uma banheira... e você tem um robô massagista?

— O que é aquilo? Massagista? Eu nunca ouvi essa palavra antes.

— Eu estava brincando. É basicamente um robô que dá massagens nas costas. Você

sabe, para massagear músculos doloridos.

— Você quer que seu corpo seja estimulado por prazer? — Ele sorriu. — Eu posso

fazer isso por você.

Suas sobrancelhas se ergueram. — Uau. Vamos ficar com uma refeição quente e um

banho morno quando formos resgatados.

O olhar de Crath percorreu seu corpo brevemente antes de se virar, parecendo

inspecionar visualmente a área ao redor deles. — Estou procurando cavernas. Isso

significa que precisamos começar a escalar. Encontraremos um lugar seguro para passar
a noite caso o Vorge não puder nos resgatar até amanhã. Ele a encarou novamente. —

Se você ouvir algum barulho de motor, corra para mim. — Ele levantou o braço e

apontou para o dispositivo em seu pulso. — Você precisa estar muito perto para

mascarar nossos sinais de vida dos exames se os Cristos retornarem.

Ela estudou sua pulseira grossa. — Eu pensei que isso fosse apenas para o seu

pessoal rastreá-lo.

— É, mas faz mais.

— Todos os alienígenas têm isso?

Ele balançou sua cabeça. — Ele veio com o meu trabalho.

— O que você faz?

— Como você, eu sou um policial. Eu trabalho com as autoridades aliadas. Estou

tirando uma folga agora depois da minha última tarefa.

— Algo deu errado no trabalho?

— Você poderia dizer isso. Fui capturado e mantido prisioneiro enquanto

disfarçado. Minha família e a equipe do The Vorge veio em meu auxílio. Eles também

resgataram um humano do mesmo planeta. Ela se tornou a esposa do meu segundo

irmão.

— Vocês realmente encontram humanos e os salvam?

— Sim. Nós fazemos.

— Quantos irmãos você tem? Todos eles moram na nave de que você me falou?
Crath riu. — De jeito nenhum. Apenas meus irmãos de ninhada estão no The

Vorge. Discutiremos isso assim que encontrarmos um lugar seguro para montar

acampamento. Tenho certeza de que explicar as famílias Tryleskianas aos humanos é

complicado.

Ela se levantou, experimentando seus sapatos improvisados. Eles não a

protegeriam de objetos pontiagudos, mas mantinham seus pés mais aquecidos e batiam

ao andar diretamente na lama fria. — Me dizer quantos irmãos você tem é complicado?

E o que são irmãos de ninhada?

— Tryleskianos têm ninhadas. Os seres humanos tendem a ter nascimentos únicos.

Nara me disse isso. Às vezes, sua raça pode ter gêmeos ou trigêmeos. Meu povo tem de

três a cinco bebês ao mesmo tempo. Às vezes seis, mas é raro. Um de nossos cientistas

teorizou que um humano provavelmente teria pelo menos dois e até cinco bebês

durante uma gravidez do cio de um macho Tryleskiano. As crianças nascidas ao mesmo

tempo são chamadas de ninhadas. Também entramos no cio a cada três anos.

Isso fez seu queixo cair em estado de choque, mas ela o fechou rapidamente. A

coisa da ninhada fazia mais sentido agora, já que Crath parecia ser algum tipo de gato

alienígena, embora muito parecido com um humano. — Qual é a sua versão do cio?

— Entendo que alguns de seus animais da Terra experimentam entrar no cio. É

semelhante. — Ele se virou para estudá-la. — Para ser franco, é a única vez em que a

semente de um macho Tryleskiano é eficaz para engravidar uma fêmea.


Experimentamos um desejo primordial de procriar que é instintivo. — Ele olhou para

cima. — Agora, precisamos encontrar cobertura. Parece que o sol vai se pôr em breve.

Ela observou seus pés enquanto eles continuavam se movendo, o terreno inclinado

se tornando mais íngreme. Sua mente, no entanto, estava ocupada principalmente com

o que ela havia aprendido. Seu olhar continuou se desviando para o corpo de Crath,

observando seus ombros largos, corpo alto... e ele tinha uma bunda incrível. O fato dele

entrar no cio como um animal deveria tê-la deixado nervosa, mas não era isso que ela

sentia. Parecia meio...

Sexy.

Kelsey empurrou severamente esse pensamento para longe e se concentrou em

seus arredores. O sol estava baixo no céu, mas, francamente, ela não tinha certeza se

estava se pondo ou nascendo. De qualquer maneira, o abrigo provavelmente era uma

boa ideia. Não havia nuvens à vista para indicar mais chuva ou mau tempo, mas pelo

que ela sabia, isso poderia mudar em um instante. Era um mundo estranho. Ela não

tinha ideia do que esperar.

— Tenho dois irmãos de ninhada. Fomos a primeira ninhada de nossos pais. — Ele

finalmente disse a ela. — Cathian e Cavas moram no The Vorge.

Ela estava grata por Crath ter decidido conversar enquanto caminhavam. A

conversa a impediu de ficar paranoica demais pensando que um monstro de lama

alienígena surgiria do solo lamacento a qualquer momento. — E você também?


— Eu não moro naquela nave, mas vou ficar lá por um tempo.

— Onde você costuma morar? Em seu planeta natal?

— Viajei com frequência a trabalho. As autoridades aliadas consistem em muitas

raças diferentes que compartilham leis comuns. Não trabalhamos apenas para um

mundo, mas para muitos.

Isso a fascinava. — Então você já viu muitos planetas?

— Sim. Mas como eu disse, estou tirando uma folga.

O terreno ficou ainda mais íngreme quando eles começaram a escalar a encosta de

uma montanha. As árvores ficaram mais espessas em vez de rarear.

Ele parou de repente, e ela parou também, em estado de alerta. Seu olhar disparou

ao redor, procurando uma ameaça, permanecendo estranhamente quieto sem nenhum

sinal de vida além de toda a vegetação.

Crath fez sinal para que ela avançasse com a mão. Ela avançou mais perto, olhando

para onde ele olhava entre um grupo denso de árvores alienígenas. Havia uma pequena

abertura visível na encosta a cerca de dez metros de distância. Tinha que ser uma

caverna. O solo ao redor da abertura consistia em rocha cinza. Ela não viu mais nada.

Talvez ele estivesse esperando para ver se uma criatura sairia do buraco escuro.

Minutos se passaram. — Você viu alguma coisa? — Ela sussurrou.

— Sim. Olhe para as videiras vermelhas que estão cobrindo parcialmente a

abertura. — Ele sussurrou de volta.


Ela localizou o aglomerado de videiras que pendia de uma rocha saliente que

cobria ligeiramente o lado esquerdo da entrada da caverna. Ela levou um segundo para

perceber que não era apenas um pedaço de vegetação branca misturada com as

trepadeiras vermelhas. Parecia um osso.

Um que parecia ser do tamanho de um fêmur para um grande ser humano ou

alienígena.

— O que exatamente estamos olhando? — Kelsey tinha certeza de que estava

imaginando aquele osso.

— É possivelmente uma planta que se alimenta de seres vivos. — Crath sussurrou

de volta.

— Merda. — Ela deixou escapar, não feliz por ter seu palpite confirmado.

Outro bom minuto se passou antes que ela decidisse que tinha que fazer algo para

testar sua teoria. Eles não poderiam ficar lá para sempre. Os últimos minutos

confirmaram que Crath estava certo. O sol estava se pondo, estava ficando mais escuro

em vez de claro.

Kelsey olhou ao redor perto de seus pés e viu uma pedra do tamanho da palma da

mão. Ela se abaixou e pegou. — Prepare-se para correr se precisarmos.

Esse foi o único aviso que ela deu a Crath antes de lançar a pedra nas vinhas

vermelhas. O projétil atingiu o aglomerado e quicou no chão.


As videiras de repente começaram a se separar, chicoteando no ar. O objeto branco

caiu - era definitivamente um osso. E parecia um fêmur com certeza.

As videiras continuaram a se contorcer e se esticar, parecendo procurar cegamente

por qualquer coisa que as tivesse tocado. Elas estavam muito longe para alcançar Crath

e Kelsey.

Ele sibilou, seu corpo ficando tenso ao lado dela.

— Acho que agora sabemos por que não estamos vendo nenhuma criatura viva.

Essas vinhas provavelmente agarram qualquer coisa que se aproxime. — Ela se virou,

olhando freneticamente ao seu redor. — Não vejo mais trepadeiras assim, mas talvez

todas as plantas sejam agarradoras. Merda, e eu sentei em um tronco!

— Talvez sejam apenas as vinhas vermelhas.

— Talvez não seja. Quero dizer, não vimos nenhuma criatura ou inseto. Nem um.

— Kelsey o lembrou.

— Este planeta pode ser como Zandavor.

Ela lançou a Crath um olhar frustrado. — O que isso significa?

— É um planeta onde todas as formas de vida procuram abrigo quando chove. Não

as plantas, mas criaturas e insetos, como você os chama. Choveu aqui recentemente. Em

Zandavor, eles permanecem cobertos por pelo menos um dia inteiro após uma

tempestade antes de se aventurarem novamente. Eu diria que perdemos a chuva por

horas quando caímos aqui.


— Por que eles evitariam a chuva?

— Ela contém toxinas venenosas que os matam.

Ela fechou os olhos e silenciosamente tentou se acalmar. — Eu andei na lama com

os pés descalços até cobrir meus pés. — Ela abriu os olhos para encará-lo. — Você só

pensou nisso agora?

Arrependimento brilhou em suas feições. — Zandavor é o único planeta assim, que

eu saiba. É extremamente raro. Tem algo a ver com gases tóxicos presos nas nuvens.

Você está sentindo dor ou dormência nos pés?

— Não.

Crath exalou alto. — Você teria se tivesse sido exposto aos tipos de toxinas

encontrados em Zandavor.

— Estamos neste planeta?

— Não.

— Você tem certeza sobre isso?

— Sim.

Ela agarrou seu galho quebrado, examinando-o novamente. Era tentador acertá-lo

com ele, só por causa de sua frustração. Crath sabia muito mais do que ela sobre

estranhos planetas encontrados no espaço. Ele deveria ter considerado a chuva

venenosa antes daquele momento.


Kelsey lutou para manter a calma. Ferir Crath poderia fazê-la se sentir menos

frustrada e assustada, mas a longo prazo, a culpa viria. Ele a tirara daquela estação e a

afastara dos Cristos.

— OK. Vamos supor que não fui envenenada. Sabemos que as vinhas vermelhas

são perigosas. Você ainda quer experimentar aquela caverna? Acho que devemos nos

afastar de todas as plantas até descobrirmos quais vão tentar nos agarrar de repente ou

não. Espero que nada viva dentro dessa caverna.

— Precisamos buscar abrigo. Eu não queria dizer nada, mas suspeito que este possa

ser um planeta sombrio.

Kelsey se aproximou dele e olhou para o rosto de Crath. — O que isso significa,

exatamente?

— Eu não quero te assustar.

A vontade de bater nele com o galho voltou à tona. — Sou policial. Não alguém

propenso a histeria. Diga-me diretamente, porra! Temos uma chance melhor de

sobrevivência se eu tiver alguma ideia do que podemos enfrentar. Agora, o que diabos é

um planeta sombrio?

Crath hesitou.

— Não me faça arrancar isso de você. Estou ficando muito frustrado. Fale ou

sangre. Sua escolha.


Os cantos de sua boca se contraíram quando a diversão brilhou em seus olhos

azuis. — Fêmea feroz.

— Malditamente certo. Agora fale logo. Planeta Sombrio? Dê-me detalhes.

— É um termo comum para qualquer planeta cuja espécie predadora dominante

caça durante a noite. Nós caímos aqui tarde o suficiente para qualquer criatura não

predatória já ter procurado abrigo em preparação... ou eles são caçados com tanta

frequência que o som da nossa nave batendo os fez fugir. — Ele olhou para o céu. — Os

predadores das trevas quase sempre comem carne, e uma boa porcentagem deles tem

asas.

— Porra! — Ela cuspiu, também olhando para o céu que escurecia lentamente entre

os galhos e as folhas enormes. Ela não viu nenhuma criatura voadora.

— É por isso que precisamos buscar abrigo dentro de uma caverna. As paredes e

tetos de pedra nos esconderão dos predadores.

— E se essa caverna estiver abrigando esses monstros que caçam à noite? Não

quero entrar na casa deles como entrega de comida e fazer uma refeição fácil.

— A maioria dos predadores noturnos são muito grandes. Eles não caberiam

dentro daquela abertura. Fora isso…

— O que?

— As vinhas penduradas sobre a abertura. Um predador as teria matado se aquela

fosse sua casa. Uma caverna é a nossa melhor opção. A maioria dos predadores da
escuridão possui a capacidade de ver o calor. É como eles encontram suas presas do

céu. É encontrar uma caverna para ficar lá dentro, ou precisamos começar a cavar um

buraco profundo e angular no solo.

— Ótimo. — Ela murmurou, se contorcendo para longe dele. — Ou nos arriscamos

entrando em um possível covil de víboras alienígenas que podem tentar nos comer, ou

nos enterramos vivos na lama. Esse segundo nem é uma opção. Esqueça essa besteira.

Ainda estou desconfiada de monstros de lama debaixo da terra.

Kelsey se curvou, encontrando outra pedra e atirou-a nas videiras acalmadas. Ela

pregou alguns pendurados mais acima. A planta pegajosa se partiu onde a rocha havia

atingido, girando cegamente mais uma vez.

— Sua pontaria é muito boa. Por que você está jogando pedras? Já aprendemos o

que as videiras fazem quando atingidas. — Crath a olhou com interesse.

— Sou arremessadora do meu time de beisebol em casa e estou irritando essas

plantas para garantir que isso seja tudo o que eles podem fazer antes de termos que

lidar com elas de perto e pessoalmente.

— Basebol?

— É um jogo com bolas e tacos. Não é hora de explicar. — Ela franziu a testa,

observando as vinhas quando elas pararam de se mover. — Você tem alguma coisa que

possa fazer fogo?

— Sim.
— Prepare-se para fazer isso. Eu volto já.

— Não quero que nos separemos.

Ela também não queria. Kelsey apontou para alguns galhos grossos de madeira

retorcida que haviam caído das árvores. — Vou cutucar aqueles com isso. — Ela agitou

seu pequeno galho no ar. — Se nenhuma deles se mover, vamos colocar fogo em duas.

— Tochas. Estou familiarizado com o conceito.

— As plantas geralmente não gostam de fogo e tendem a queimar.

— Isso é verdade, mas não podemos arriscar começar um incêndio. Isso criaria

fumaça. Não tenho certeza se os Cristos ainda não estão procurando por nós. Eu vi uma

de suas naves voar, mas eles podem não ter deixado o planeta ainda.

— Você tem uma arma?

Ele assentiu e se curvou, levantando a perna da calça e sacando uma pequena arma

da bota. Kelsey desejou que ele tivesse mencionado antes. Crath podia ser um possível

descendente bonito de uma divindade egípcia, mas sua propensão a não compartilhar

informações estava começando a irritá-la. Ela não se incomodou em reclamar com ele.

Estava ficando mais escuro a cada minuto. Eles não tinham tempo para discutir.

— Atire nas vinhas perto do topo da rocha. Espero que mate os um... membros. —

Ela sugeriu.

Ele apontou para a rocha saliente, onde as trepadeiras vermelhas caíam em cascata

sobre a abertura da caverna, e uma rajada de laser azul disparou da arma. As vinhas
estavam agrupadas mais densamente lá em cima, mas ele atingiu perto do centro. A

massa inteira estremeceu - e então algumas delas caíram. O vermelho rapidamente se

desvaneceu para uma cor rosa pálida. Elas se contorceram no chão onde pousaram, mas

pararam depois de segundos.

Crath mirou novamente e atirou nas videiras mais algumas vezes, até que todas as

que estavam penduradas na abertura da caverna caíssem no chão. Assim que toda a

massa ficou rosa e parou de se mover, Kelsey pegou mais algumas pedras e as

arremessou. Elas atingiram as vinhas mas nenhuma se contraiu.

— Eu acho que estão mortas. — Crath baixou a arma.

— Espero que sim. — Kelsey suspirou. — Ou são plantas inteligentes que se fingem

de mortas e vão nos agarrar quando precisarmos pisar nelas para chegar àquela

caverna.

Ele franziu a testa.

Ela deu de ombros. — Eu assisti a muitos filmes de terror. Vamos precisar de pelo

menos um galho para fazer uma tocha para podermos ver o que tem dentro daquela

caverna. Se as videiras estão apenas se fingindo de mortas, podemos queimá-las com

fogo se elas nos atacarem.

Crath pendurou a bolsa no ombro e sorriu, mostrando a ela sua pulseira. — Ela

vem com uma luz. — Ele bateu e um feixe brilhante se acendeu, mas o desligou com a

mesma rapidez. — Nós realmente não devemos arriscar iniciar um incêndio.


— Eu quero uma dessas pulseiras para mim.

— Vou conseguir algo parecido assim que estivermos no The Vorge.

— Ainda vou pegar alguns galhos caso precisemos fazer uma fogueira dentro da

caverna. — Ela olhou para as videiras rosa espalhadas no chão perto da entrada. —

Apenas no caso. É melhor ficar seguro do que arrepender-se.

— Eu poderia atirar de novo.

— Eu não quero que você use essa arma novamente, a menos que seja

absolutamente necessário. Presumo que precise carregá-lo de vez em quando, certo?

Crath assentiu. — Isso é verdade. Minha arma precisa ser carregada, mas está

quase totalmente carregada. Deve durar alguns dias, a menos que entremos em conflito.

— O que eu realmente espero que não aconteça. Isso significaria que estamos sendo

atacados. Não vejo uma estação de carregamento em nenhum lugar, então não atire a

menos que seja necessário. — Kelsey caminhou até o galho quebrado mais próximo e

cutucou-o com o que ela segurava. Aquilo não se mexeu. Ela esperou alguns segundos

antes de estender a mão e nada aconteceu quando ela o levantou.

Até agora, ela não estava gostando de estar em um estranho planeta alienígena,

mas pelo menos nada tentou matá-la. Ainda.


Capítulo Seis
Kelsey abraçou os galhos contra o peito enquanto seguia Crath em direção à

abertura da caverna. Ele manteve sua arma alienígena fora e pronta para atirar

enquanto se aproximavam das vinhas caídas. Ela realmente esperava que a vegetação

alienígena não fosse esperta o suficiente para se fingir de morta. Isso seria péssimo.

A sucção parecia ser sua fase atual na vida. Ser traída por seu próprio povo quando

a venderam para alienígenas. Quase acabar pertencendo a um hediondo alienígena

cobra-crocodilo com más intenções. Agora ela havia caído em um mundo assustador

com possíveis monstros de lama. Talvez houvesse predadores noturnos que

apareceriam depois de escurecer, tentando comê-la, e ainda havia vegetação assassina

para lidar.

Crath fez uma pausa quando parou diante das trepadeiras rosa amassadas no chão

rochoso e apontou sua arma. Ela manteve alguns metros entre eles, pronta para pular

fora do caminho se as vinhas se contorcessem. Ela observou enquanto ele chutava uma

com sua grande bota. A videira não revidou de forma alguma.

— Morta. — Ele murmurou.

— Ou superinteligente. — Ela sussurrou de volta.


Crath pisou em outra que também não atacou ou se moveu. Ele caminhou sobre

uma grande massa delas para alcançar a abertura da caverna, antes de virar em sua

direção. Ele manteve sua arma apontada para as videiras rosa. — Venha até mim.

Ela invejava suas botas grossas e a roupa que usava - calça e camisa de manga

comprida. Tudo o que ela tinha eram estranhos panos de prato alienígenas protegendo

seus pés e um cobertor fino sobre uma camisola minúscula. As videiras eram longas e

eram muitas para não chegar ao seu lado sem pisar em algumas. Ela cerrou os dentes e

lembrou-se mentalmente de que era durona.

A videira parecia mole quando ela pisou na primeira. Tinha uma sensação

estranha, comparável a uma mangueira de jardim enorme. Ela se moveu rápido,

pisando nos que não podia evitar, e chegou a Crath.

— As videiras devem estar realmente mortas. — Ele deu a ela um aceno de cabeça.

— Ainda desconcertante.

Ele ajustou a arma em sua mão e ergueu o pulso com o estranho relógio. — Vamos

ver o que tem dentro. — Ele apertou um botão e a luz voltou a acender.

Kelsey estudou seu rosto. — Você não precisa parecer tão animado. Isso não é uma

aventura.

Ele a surpreendeu sorrindo, seus olhos azuis brilhando. — Não é? É tudo uma

questão de perspectiva.

— Não temos ideia...-


GRITO!

Kelsey girou, seu olhar freneticamente examinando a área ao redor deles e de onde

eles vieram. O barulho era agudo e muito alto. Perturbador. Foi um grito diferente de

qualquer outro que já ouviu. O tom foi muito alto. Talvez como algo de um filme de

dinossauro de pássaros voadores assassinos.

Um monstro de quatro patas do tamanho de um cachorro grande de repente

disparou entre as árvores abaixo. Era uma coisa cinza claro e desgrenhada, a cor

ajudando a se misturar com as árvores e o solo lamacento.

Kelsey ficou tensa, esperando que ele atacasse.

Isso não aconteceu. Ele disparou entre as árvores abaixo e continuou indo. Ela

abriu a boca para perguntar a Crath o que ele achava que aquele animal poderia ter

sido, mas uma batida forte veio antes que ela pudesse falar.

O que se seguiu àquela criatura peluda com aparência de cachorro era enorme - e o

terror instantaneamente inundou Kelsey. Parecia semelhante às imagens que ela tinha

visto do Pé Grande da Terra, todo volumoso e musculoso, com dois braços e pernas... e

longos espinhos saindo de seu corpo. A coloração também era cinza, o mesmo tom de

grande parte do planeta, incluindo a lama que grudava em seu corpo.

Monstros de lama pontiagudos. Eu odeio quando estou certa!


Enquanto ela observava, congelada, a coisa virou a cabeça e ela viu dois grandes

olhos negros. Eles pareciam muito grandes no rosto disforme.

Abruptamente, ele parou de correr e apenas olhou para eles, um ruído surdo vindo

de seu peito.

— Não é bom. — Crath sibilou, seu braço enganchando em volta da cintura dela.

O monstro mudou de rumo e avançou na direção deles, subindo a encosta em um

ritmo alarmante. Estava a cerca de cinquenta metros de distância, mas se aproximando

rapidamente. Kelsey estava horrorizada demais para se mover enquanto seu cérebro

catalogava mais detalhes sobre a coisa.

Devia ter pelo menos dois metros e meio de altura. Talvez duzentos quilos

endurecido na lama irregular, mas ela vislumbrou o pelo grosso por baixo. Havia

dezenas de pontas saindo ao redor do tronco principal do corpo, das axilas às coxas,

lembrando-a dos chifres de um cervo.

Ele abriu uma boca enorme, grunhindo enquanto corria.

Felizmente, Crath não estava congelado.

Ele arrancou Kelsey do chão e se lançou para trás. A abertura da caverna não era

grande, fazendo com que os braços e os lados de Crath raspassem contra a rocha. Ela

deixou cair a madeira dentro da caverna quando ele a agarrou.

Crath cambaleou mais para trás, a luz de sua pulseira brilhando na barriga dela,

onde a segurava com força. Ele ergueu o outro braço, apontando a arma para a entrada.
O braço dele se chocou contra alguma coisa, com força suficiente para que ela sentisse

enquanto ele recuava para colocar mais distância entre eles e a abertura da caverna.

O monstro chegou à caverna e tentou entrar atrás deles. Não cabia. Era muito alto e

grosso, os longos espinhos saindo da coisa não ajudavam. Uma grande mão com garras

estendeu-se para dentro, golpeando cegamente o ar.

Kelsey ainda estava muito atordoada para realmente contar, mas ele tinha mais de

cinco dedos e aquela mão era maior que sua cabeça inteira. O braço era muito longo

também. Como o dobro do comprimento de um humano.

Um rosnado alto veio de Crath quando ele colocou Kelsey de pé e a empurrou para

trás dele. Ela se mexeu o suficiente para espiar ao redor dele no espaço estreito.

O monstro grunhiu, recuou e torceu seu grande corpo. Toda a luz do lado de fora

cessou, pois seu corpo maciço bloqueou completamente a entrada. O monstro correu

pela abertura novamente e tentou se espremer. Felizmente, ele era muito grande.

Crath disparou sua arma, acertando a coisa na lateral. Ele rugiu, cambaleando para

trás, e desaparecendo até que algo bateu no lado de fora da caverna, fazendo com que

sujeira e detritos caíssem perto da abertura. Em segundos, o monstro estava de volta,

uma mão com enormes garras balançando para dentro para golpear cegamente o ar.

Seu salvador alienígena fez algo com sua arma batendo no cano e atirando, o que

atingiu o monstro uma segunda vez. Ele desapareceu mais uma vez, e os segundos
nunca passaram tão devagar para Kelsey enquanto esperava para ver o que aconteceria

a seguir.

Tudo ficou em silêncio. A atenção deles permaneceu na abertura da caverna, e

Crath manteve sua arma erguida e pronta para atirar, suas respirações rápidas o único

som que ela podia ouvir.

Ela pressionou a mão nas costas de Crath, precisando sentir sua força.

Ele não olhou para ela ou desviou o olhar da abertura da caverna. Os segundos se

transformaram em minutos.

Ainda assim, o monstro não voltou.

Isso deu a Kelsey a coragem de sussurrar: — Você acha que o matou?

— Não. — Ele sussurrou de volta. — Eu provavelmente machuquei o suficiente

para ele repensar em vir atrás de nós.

— O que diabos foi isso?

— Nunca vi nada igual. — Crath fez uma pausa. — Talvez seja a forma de vida

dominante neste planeta. Nara me contou sobre seus homens das cavernas da Terra. —

Ele acenou com sua arma para onde a criatura estava. — Pode ser a versão possível

deste planeta. Meu povo já foi como seus homens das cavernas há muito tempo. Todo

planeta evolui. Alguns estão apenas nos estágios iniciais. Este deve ser um deles.

Um arrepio percorreu sua espinha. — Ótimo. Pelo menos o animal que ele

perseguia não era um T-Rex.


Crath manteve sua arma levantada, mas então olhou para ela. Ele inclinou o pulso

para a luz e ela foi capaz de ver seu rosto. Ele parecia confuso.

— Deixa para lá. Piada ruim. Quer dizer, não era do tamanho de uma casa. Isso

deve ser uma boa notícia, certo?

Ele olhou para frente e deu um passo para longe dela.

Kelsey agarrou sua camisa. — Sem chance! Você não vai chegar perto dessa

abertura. Provavelmente essa coisa está lá fora esperando para agarrar um de nós com

seus braços esquisitos e longos se chegarmos muito perto.

Ele olhou para ela.

— Você não assiste a filmes de terror, assiste? Deixa para lá. Acho que essa coisa é

muito grande para entrar aqui. O que é bom para nós. — Ela se aproximou dele e

agarrou seu braço logo acima do relógio de pulso, ajustando para onde a luz apontava.

Iluminou o fundo da caverna, que ela queria ver. — Precisamos ter certeza de que

estamos seguros aqui antes de confrontar o que está lá fora. — O momento para o

último seria nunca, se ela tivesse algo a dizer sobre isso.

Crath lançou um olhar para a entrada da caverna a cerca de três metros de

distância, mas baixou a arma e se virou mais para ela. Havia luz suficiente para mostrar

a eles que a caverna estreita tinha cerca de dois metros de altura, talvez um metro e

meio de largura - algumas partes dela talvez três - e uns bons seis metros de

profundidade. Havia uma parede ligeiramente inclinada na parte de trás. Kelsey


ajustou a luz para estudá-la. Cerca de três metros acima havia uma fenda. Não era

enorme, mas possivelmente grande o suficiente para eles rastejarem se pudessem

alcançá-lo. Também parecia profunda. Talvez algum tipo de túnel? Pelo menos, ela

vislumbrou mais escuridão além de onde a luz de Crath chegava. Ela ficou feliz em ver

uma possível rota de fuga.

— Eu realmente espero que nada viva naquele buraco escuro lá em cima. — Ela

sussurrou.

Crath gentilmente puxou para fora de seu aperto e se aproximou dele, piscando

sua luz na escuridão. Kelsey a seguiu, realmente estudando o interior da caverna. Ela

estendeu a mão e tocou a parede de pedra inclinada que conduzia ao buraco na parede,

passando as pontas dos dedos sobre a superfície lisa. Em seguida, estudou abaixo de

onde começava a inclinação. Era apenas um pouco côncava. — Desgastado pela água.

— Ela murmurou.

— O que?

Kelsey apontou para a abertura. — Meu palpite? A água costumava fluir de lá de

cima. A pedra é super lisa e um pouco oca. Está totalmente seco agora, apesar de ter

chovido recentemente lá fora. Isso significa que a água de alguma forma foi bloqueada

em algum momento. Foda-se.

— Por que isso te deixa com raiva?


— Porque isso significa que a maneira como entramos é possivelmente a única

maneira de sair daqui. As boas notícias? Se assim for, só precisamos defender essa

abertura. Más notícias? Estamos fritos se aquele monstro conseguir entrar conosco e sua

arma alienígena não conseguir matá-lo.

— Fritos?

— Mortos. Encrencados. — O olhar de Kelsey voltou para o buraco acima. — Mas

talvez ainda seja uma opção. O colapso pode não ter bloqueado a abertura

completamente. Certa vez, enquanto caminhávamos, minha mãe e eu investigamos por

que uma pequena cachoeira dentro de uma caverna havia parado de fluir de um rio

próximo. Descobrimos que parte do telhado desabou devido a um deslizamento de

terra. O todo ainda era visível, mas os escombros no topo da caverna redirecionaram a

água.

— Por que você acha que a água costumava fluir por aqui?

— Minha mãe era guarda florestal na Terra. Eu investiguei muitas cavernas

quando era criança, até que ela morreu e fui enviada para um orfanato na cidade. Já vi

muitas paredes de pedra erodidas pela água. Na verdade, pensava em seguir a carreira

dela, mas gostei mais da cidade, então decidi me tornar policial em vez de guarda

florestal.

— O que é um guarda florestal?


— Temos vastas áreas na Terra chamadas parques. São reservas protegidas, pela

natureza e pelos animais silvestres. As pessoas não podem construir nada lá.

— E um orfanato?

— É para onde as crianças são enviadas para viver se não tiverem família para

cuidar delas. Minha mãe morreu quando eu tinha quinze anos. Foi um acidente de

rafting. Os parques ganham dinheiro dando passeios, e alguns deles são feitos na água.

Minha mãe estava levando um grupo rio abaixo em uma pequena jangada quando um

dos turistas caiu. Mamãe entrou no rio para salvá-lo, mas bateu com a cabeça em uma

pedra. Ela não sobreviveu.

— Desculpe. Você não teve um pai vivo?

— Não. — Essa foi a resposta mais fácil que ela poderia dar.

Houve um rosnado e um baque alto do lado de fora. Kelsey se assustou, mas Crath

reagiu mais rápido, apontando seu pulso para a abertura.

O monstro estava de volta. Mais uma vez alcançando dentro, procurando

cegamente por um deles para agarrar.

Crath parou na frente de Kelsey, dando alguns passos mais perto da entrada. Ele

disparou sua arma, acertando o braço do monstro. Ele rugiu e se afastou mais uma vez.

— A maldita coisa não vai embora, não é?

— Eu vou proteger você. — Crath manteve a luz apontada para a entrada, sua

arma pronta.
Isso a deixou com uma visão de suas costas e pouco mais. Ela baixou o olhar. Ele

realmente tinha uma grande bunda. Parecia bem humana para ela, suas calças pretas

apertadas formando duas bochechas perfeitamente carnudas. Kelsey sabia que não

deveria estar cobiçando ele. Os homens eram algo com que ela praticamente não queria

ter nada a ver. Ela estava melhor sozinha, uma crença que manteve durante a maior

parte de sua vida.

Sua opinião sobre os homens nunca foi alta. Seu doador de esperma foi outra razão

pela qual ela não seguiu os passos de sua mãe. Ela não queria trabalhar para ele. Darron

Wick chefiava os serviços do Parque Nacional. Ele usava sua posição para seduzir

incontáveis mulheres solitárias a seu serviço e foi pai de mais de uma dúzia de filhos... e

esses eram apenas os que ela conhecia.

Quando a mãe dela morreu, ele se recusou terminantemente a ficar com a custódia

de Kelsey. Não deveria ter sido uma surpresa. Ele ignorava todos os seus descendentes,

fingia que não existiam e negava abertamente que eram dele. Ainda doía. Não que ela

fosse admitir isso em voz alta. Mas ao menos lhe ensinou uma lição importante: deixar

qualquer homem se aproximar significava abrir-se para o desgosto.

Essa lição só foi aplicada depois que ela se tornou policial. Alguns doadores de

esperma estavam em alta demanda, já que havia tão poucos homens em comparação

com as mulheres disponíveis. Isso deu a eles um senso exagerado de autoestima e sérios

problemas de direitos.
Muitos desses homens se tornaram golpistas, roubando dinheiro e posses de

mulheres desesperadas antes de deixá-las na mão e passar para a próxima. E ainda

havia aqueles que achavam que não havia problema em ser idiotas abusivos, como o

último que ela prendeu. Infelizmente, ela tinha visto muitas mulheres se defenderem e

mentirem para os homens que as deixaram espancadas e sangrando, decidindo que era

melhor ter um idiota trapaceiro e abusivo do que não ter companhia alguma.

Crath de repente rosnou e disparou sua arma, tirando Kelsey de seus pensamentos.

Ela espiou ao redor dele e viu outro monstro - um menor - saindo da abertura da

caverna. Aquele não parecia ter espinhos. Era apenas uma massa de lama aglomerada,

pela rápida olhada que ela conseguiu.

— Merda, isso era como um jovem?

— Talvez, ou a versão feminina.

— Vai conseguir entrar! — Ela tremeu com o pensamento.

— Eu sei.

Seu olhar pousou na madeira que ela deixou cair quando Crath a carregou para

dentro. — Você pode começar um incêndio com sua arma? Aponte para a madeira.

Aposto que eles não gostam de fogo.

Ele bateu em algo em sua arma e atirou em um galho logo na entrada que começou

a soltar fumaça e então as chamas se acenderam, espalhando-se rapidamente para os

outros pedaços de madeira. Kelsey sabia que não havia galhos quebrados suficientes
para queimar por muito tempo. As chamas eram altas e a madeira queimava

rapidamente, mas não como na Terra.

— Merda. — Ela se virou, olhando para o buraco escuro acima deles. — Temos que

escalar. Os grandes não cabem dentro, mas espero que os menores não consigam chegar

tão alto para nos seguir. — Ela olhou para cima, avaliando a distância. Três metros, pelo

menos, até o buraco. A rocha era muito lisa e não oferecia apoio. Isso deixava apenas

uma opção.

— Afaste-se, Crath. Quero que me entregue sua arma e suba em meus ombros. Isso

o ajudará a alcançar o buraco. Quando estiver lá em cima, use o cobertor que estou

usando para me puxar para cima.

Ele se virou para encará-la. — Não.

— Você é muito pesado para eu carregar até lá, e a única maneira de chegar tão alto

é me usar como escada. — Ignorando seus protestos, ela removeu o cobertor,

pressionou as costas contra a parede lisa e entrelaçou os dedos. — Pise em minhas

mãos, depois em meus ombros. Você é forte e pode alcançar a abertura e puxar-se para

dentro. Em seguida, abaixe o cobertor para me puxar para cima como uma corda.

Espero que haja espaço suficiente para nós dois.

— Eu não vou deixar você aqui embaixo. Eu vou levantá-la primeiro.


— Maldição, não temos tempo para discutir! A madeira alienígena queima muito

rápido, mesmo que ainda esteja um pouco úmida. Agora enfie o cobertor dentro da

calça, jogue a sacola lá em cima e suba nos meus ombros.

— Eu não vou! — Ele pareceu horrorizado com a ideia. — Vou pular lá em cima.

— São três metros, pelo menos. Você é alto, mas, mesmo pulando, não consegue se

segurar o suficiente na rocha lisa para se levantar. Posso não ser capaz de levantá-lo,

mas sou forte o suficiente para suportar seu peso apenas o tempo suficiente para você

alcançar o buraco. Agora mova-se!

Rugidos, múltiplos, vinham do lado de fora. Outros seguiram rapidamente,

ligeiramente mudos, como se estivessem à distância. Se Kelsey fosse adivinhar, os

monstros definitivamente não gostavam de fogo... e pelo que parecia, devia haver pelo

menos meia dúzia ou mais deles lá fora agora.

Crath rosnou.

Kelsey teria feito o mesmo, mas sua garganta não poderia fazer aquele ruído

profundo e descontente como a dele.

Ele enfiou o cobertor dentro da bolsa antes de jogá-lo para cima. Kelsey o ouviu

pousar e viu que ele não caiu de volta. Crath também deveria ter um bom braço de

arremesso.

Ele se virou para ela. — Eu não sou um de sua raça. Posso pular muito alto

facilmente. Vou te levantar.


Seu olhar foi para o fogo na abertura da caverna. O fogo já estava queimando mais

baixo. Eles estavam ficando sem tempo e estariam ferrados quando a carga de sua arma

acabasse. — Tudo bem. Só não morra.

Crath agarrou sua cintura, girou-a em seus braços e ajustou suas grandes mãos em

seus quadris. Ela enrijeceu todo o corpo, inclusive os membros. Então ele a levantou do

chão.

Ela odiava estar de costas para a abertura da caverna.

Ele a levantou mais alto, seus braços acima de sua cabeça. Ela colocou as mãos na

rocha, procurando qualquer tipo de apoio para ajudá-la a escalar o escasso pé restante.

Estava tão próximo!

— Coloque seus pés em meus ombros. — Ele rosnou.

Ela dobrou os joelhos, roçando-os contra a parede de pedra, e ele a manobrou o

suficiente para ela colocar um de seus saltos na parte superior do peito. — Prepare-se

para me deixar ir em um segundo e, em seguida, coloque seus ombros sob meus pés. —

Kelsey encontrou um pequeno afloramento de rocha para agarrá-la. Quando tentou

pegar seu próprio peso, machucou as pontas dos dedos, mas não soltou. — Agora!

Ele soltou sua cintura e ela estava sustentando todo o seu peso por um segundo, até

que ele agarrou seus tornozelos, colocando-os em seus ombros. Ela endireitou as

pernas, tirando toda a pressão de sua mão segurando a pedra. Uma vez de pé, encarou

a abertura na parede... e viu a escuridão total.


Qualquer coisa pode estar lá. Aranhas alienígenas. Ratos alienígenas. Uma miríade

de imagens passou por sua mente, mas os monstros rugiram do lado de fora,

lembrando-a de que não havia escolha.

Com uma respiração profunda, Kelsey rapidamente tateou dentro da abertura

áspera, descobrindo que o chão era uma rocha lisa. Ela estendeu o braço mais longe e as

pontas dos dedos apenas tocaram a bolsa que Crath havia jogado. Isso significava que

havia chão pelo menos alguns metros atrás.

— Me dê um impulso. — Ela ordenou, desejando ter a luz de pulso dele.

Crath a levantou pelos tornozelos, empurrando-a mais alto. Ela rastejou para

dentro do buraco. Parecia maior, agora que estava entrando, do que aparentava antes.

Ela empurrou a bolsa para a frente com cuidado, usando-a para julgar se estava segura

à frente, desde que não desaparecesse ou batesse em alguma coisa.

— Suba aqui! — Ela gritou, depois de rastejar sobre as mãos e os joelhos por cerca

de um metro e meio. Paredes de pedra a cercaram, e ela parou, estendendo a mão,

sentindo mais rochas acima da cabeça quando seu braço estava quase totalmente

estendido. O telhado improvisado parecia um pouco irregular e áspero. — E fique

abaixado. — Acrescentou ela. — Caso contrário, você pode se nocautear. Mantenha a

cabeça baixa e fique de quatro. Vai ficar apertado para você. Tome cuidado.

Houve um baque alto atrás dela e a luz de repente mostrou o que estava por vir. O

túnel era maior do que o esperado. Com cerca de um metro e meio de largura, talvez
um metro e meio de altura, e o chão tinha uma leve subida. A rocha abaixo dela e a

metade inferior das paredes laterais eram quase lisas, provando que a água

definitivamente fluiu pelo túnel em um ponto, provavelmente por décadas ou mesmo

séculos.

Ela se virou para olhar para trás, mas o brilho do dispositivo de pulso dele a cegou.

Ela fechou os olhos com força, virou para a frente novamente e os reabriu, deixando-os

se ajustar mais uma vez à escuridão.

— Precisamos nos mover. Estou muito perto da abertura. — Crath a lembrou.

— Certo. — Ela empurrou a bolsa para a frente, engatinhando com cuidado. Seus

joelhos ficariam esfolados, apesar da superfície lisa, se ela não encontrasse uma maneira

de cobri-los. A camisola fina não era longa o suficiente para proteger completamente

sua pele nua. Ela também não queria pensar na visão que Crath devia ter, rastejando

atrás dela. Sua vagina provavelmente estava à mostra, já que os alienígenas não lhe

deram calcinha.

— Não é a merda para se preocupar agora. — Ela murmurou.

— Eu não acho que eles serão capazes de nos seguir até aqui. — Crath respondeu.

— Mas eu quero estar longe do alcance deles para estar seguro. Os menores podem ser

espertos o suficiente para levantar uns aos outros do jeito que eu fiz com você.

— Vamos torcer para que essas bestas sejam burras, mas não era sobre isso que eu

estava murmurando. Você pode apontar sua luz um pouco para cima para que eu possa
ver para onde estamos indo? Felizmente esta inclinação é apenas menor. Estamos

subindo. Definitivamente, foi aqui que a água fluiu por muito tempo.

Ela sentiu o braço dele roçar seu quadril, então a mão dele agarrou seu ombro. —

Ajuste conforme sua necessidade. — Ele riu.

— O que é tão divertido? Isso é perigoso. Pode haver uma obstrução em algum

lugar à nossa frente ou acima de nós. Você me ouviu antes quando mencionei que a

água não flui mais por aqui? Choveu mais cedo, mas aqui está seco. Isso significa que

há uma ruptura ou colapso em algum lugar dentro deste túnel.

— É uma caverna. Não é um túnel.

Ela revirou os olhos. — Era um túnel hidroviário, mas sim, também é uma caverna.

Uma que provavelmente se alargou devido a incontáveis anos de fluxo de água.

Chegaremos a um ponto onde estará totalmente bloqueado, ou talvez até mesmo uma

parte do chão de pedra cedida. O que significa que o chão sob nós pode não ser estável.

Seja como for, podemos estar em sério perigo.

— Eu sou um aplicador da lei. Já sobrevivi a muitas situações perigosas antes.

— Sim, mas você também admitiu não saber nada sobre este planeta. Apenas...

tenha cuidado. — Ela reiterou.

— Pare! — Ele ordenou.

Ela congelou quando a luz não brilhou mais na frente dela, e Kelsey virou a cabeça.

Crath estava de joelhos logo atrás dela, ocupando a maior parte do espaço rastejante.
Mas havia espaço suficiente para que ela visse que ele estava olhando para onde eles

haviam entrado no túnel.

Ela viu um movimento perto do fundo da abertura.

Ele se virou abruptamente, grunhindo quando suas costas bateram na parede, e sua

cabeça e um ombro acabaram pressionados contra a bunda dela e a parte de trás de suas

coxas. Ele dobrou suas longas pernas mais perto de seu corpo e usou seu blaster para

atirar em alguma coisa.

O que quer que fosse gritou, alto, e rugidos de resposta soaram. O que pareciam

pequenas pedras caindo ecoou além do túnel. Alguns dos monstros de lama estavam

agora dentro da caverna abaixo.

E eles foram inteligentes o suficiente para alcançá-los.

— Continue. — Crath ordenou. Ele atirou novamente.

— Se você atingir o topo do túnel, ele pode desmoronar! — Alertou ela. — Essa

pode ser nossa única saída!

— Estou preocupado em sobreviver agora! — Ele gritou de volta. Então atirou

novamente.

Houve um estrondo profundo, todo o túnel estremeceu ao redor deles, e puro

terror tomou conta de Kelsey. Ruídos altos e tiros de blaster eram uma combinação

ruim em uma caverna na montanha. Ela avançou às cegas, sabendo que o chão se

estendia pelo menos mais três metros à frente, desde que o vira à luz de Crath.
De repente, um grande estrondo soou atrás dela.

Ela congelou, envolvendo-se em torno da bolsa e cobrindo a cabeça com as mãos.

Se o teto caísse, se o túnel desmoronasse, ela morreria de qualquer maneira. Ela não

podia mais ver, mas sentiu o gosto de sujeira no ar e empurrou a boca e o nariz contra o

saco. Houve mais um estrondo violento…

Então tudo ficou estranhamente quieto.

Ela ainda estava viva, mas e Crath? Ela estava prestes a morrer em um

desmoronamento? Ela ficaria presa até sufocar?

Fodam-se, oficiais da Terra, ela jurou veementemente dentro de sua cabeça. Isto é

tudo culpa de vocês.


Capítulo Sete

A tosse que soou atrás de Kelsey quase a fez chorar de alívio, já que não tinha

vindo dela. Crath havia sobrevivido. Ela levantou o rosto da bolsa e abriu os olhos.

Havia luz no túnel.

Ela virou a cabeça e viu Crath se movendo atrás dela. A luz vinha de sua pulseira.

Ele tentou se sentar, bateu com a cabeça e rosnou. Crath acenou com a mão segurando o

desintegrador, obviamente tentando limpar a poeira do ar.

Atrás dele, perto de seus pés, o túnel desabou. Não havia mais uma abertura para a

parte inferior da caverna. O túnel estava cheio de terra solta e pedaços de rocha cinza.

Todos os seus tiros derrubaram o teto, mas pelo menos não os esmagaram. Ela virou a

cabeça para espiar adiante, vendo que o túnel permanecia intacto à frente deles.

— Seu idiota de merda. — Ela sussurrou.

— As criaturas não vão nos seguir agora. — Ele tossiu de novo e esbarrou no

traseiro dela, parte dele também prendendo os pés e a parte inferior da perna dela. Ele

se ajustou novamente até que seu peso não estivesse mais sobre ela.

— Essa era a nossa única saída.

— Não sabemos ao certo.


Ela tinha certeza de que era esse o caso. Algo havia fechado o fluxo de água neste

túnel. O fato de ela não ter visto excrementos de animais ou qualquer outro sinal de

vida no túnel significava que nada havia passado recentemente de fora.

E se não houvesse outra saída, não haveria outra fonte de oxigênio.

— Vamos continuar. — Ela murmurou. Não era como se tivessem escolha. — Me

dê um minuto. — Ela se atrapalhou com a bolsa, tirou algumas toalhas e enrolou o

material elástico em volta dos joelhos. Felizmente, eles eram grossos o suficiente para

fornecer algum acolchoamento depois que ela os dobrou, e ela conseguiu enfiar as

pontas entre o material e sua pele. — OK. Estou pronta.

— Você é uma mulher muito engenhosa e inteligente.

Ela revirou os olhos. — Só não quero que meus joelhos pareçam hambúrgueres por

rastejar por aqui. Fique abaixado e vá devagar. — Ela começou a seguir em frente.

Depois de mais alguns metros, o túnel começou a se curvar e se alargar. Foi quando

ela teve que parar.

Parte do chão tinha desaparecido cerca de sete metros de altura.

— Simplesmente ótimo.

— O que é?

Ele não podia ver ao redor dela e a curva. — O piso está severamente danificado à

frente. Pode me emprestar sua luz?


Crath de repente pressionou seu sorriso contra a bunda dela e balançou seu grande

corpo sobre o dela. Kelsey teve que se curvar, já que ele quase subiu em cima dela. Era

uma posição altamente inapropriada para se estar no momento, mas ela não protestou.

Ele levantou o braço com a pulseira para revelar o que enfrentaram no túnel,

obviamente vendo o problema.

— Eu irei na sua frente.

Ela se curvou ainda mais, abaixando a cabeça, enquanto Crath rastejava sobre ela

no espaço confinado. Ele ficou na frente dela, e isso a deixou olhando para a bunda dele

naquelas calças apertadas.

— Não se aproxime muito. — Ela alertou. — O chão pode ceder mais. Eu deveria

verificar isso. Eu peso menos.

— É meu dever enfrentar o perigo primeiro.

Kelsey suspirou, já cansada de seu ato cavalheiresco. — Ok. Só tente não morrer.

Ele se arrastou para longe dela e então parou. A luz diminuiu um pouco quando

ele esticou o braço dentro do buraco onde ficava o piso do túnel. — É profundo, mas a

lacuna não é grande. Eu posso me estender nesta seção.

— O que você vê abaixo?

— É difícil dizer. Acho que há um pouco de água parada lá embaixo, e fica muito

mais estreito quanto mais fundo vai. Não acredito que nos encaixaríamos se

tentássemos sair dessa maneira, em vez disso, ficaríamos presos.


Ela tinha sua resposta para onde a água agora corria.

Crath levantou o braço, parecendo verificar o chão do outro lado da seção

danificada. — Fica um pouco maior e mais largo à frente.

— Por favor, seja cuidadoso. O solo ao redor de onde o tubo desabou pode ser

instável. Não quero que você caia para a morte. — E ela quis dizer isso. A ideia de ficar

sozinha se algo acontecesse com Crath a fazia se sentir mal por dentro.

— Sou grata por você se importar.

Ele parecia presunçoso. Era tentador rebaixá-lo dizendo que ela só se importava

porque a morte dele significaria que ela perderia a única luz e arma que tinham. Kelsey

não podia mentir. A perda do equipamento seria devastadora, mas ela estava

começando a gostar de Crath, apesar de seu talento para irritação e frustração.

Provavelmente era por causa da situação em que se encontravam. Eles precisavam um

do outro para sobreviver.

Ela também estava disposta a admitir “silenciosamente” que ele era bonito de se

olhar.

Ela empurrou mentalmente esse pensamento para longe. Não era hora nem lugar

para reconsiderar sua postura de nunca se envolver com um homem. Especialmente um

alienígena.
Seu foco voltou para Crath assim que ele de repente se lançou, jogando a parte

superior do corpo para frente. Ela engasgou, mas ele não caiu no buraco. Em vez disso,

seu corpo se esticou sobre ela, a cabeça e os braços pousando do outro lado.

Porra, ela murmurou, não querendo distraí-lo.

Crath ajustou uma de suas botas bem na borda do buraco do lado dela, usando-a

como apoio, e então chutou com força a perna. Isso o impulsionou mais adiante. Todo o

seu torso estava agora do outro lado, as pernas balançando. Ele grunhiu com o esforço,

mas conseguiu subir pelo outro lado do abismo.

Kelsey rastejou para a frente e olhou para a escuridão total. Então olhou para Crath

através da abertura. — Acho que não vou conseguir. — Tinha mais de um metro e

meio, provavelmente perto de cinco. Teria sido fácil se ela tivesse espaço para ficar de

pé, recuar e depois pular no chão que faltava.

— Eu tenho um plano. — Ele se sentou de costas, apontando a luz para cima. —

Olhe.

Ela ergueu o queixo. O teto do túnel sobre a abertura mostrava uma rachadura

larga e irregular, faltando parte da rocha. Provavelmente foi por isso que aquela seção

do chão quebrou para começar. Detritos devem ter caído do teto, arrancando o chão

com seu peso.

Kelsey o estudou, sem saber o que Crath estava sugerindo. — Não há como eu usar

qualquer coisa lá em cima como apoio para escalar.


— Esse não é o meu plano.

Ela olhou para Crath, esperando.

— Você é menor do que eu. Fique o mais próximo possível da borda e pule para

frente. A rachadura no teto fornecerá folga extra. Eu vou pegar você. — Ele dobrou os

joelhos e abriu as pernas, apoiando as botas ao longo dos lados das paredes e

deslizando sua bunda para mais perto da abertura. Então abriu os braços.

— Você quer que eu permita que minha cabeça bata em um telhado irregular!? —

Kelsey pensou que era loucura. Era muito alto e ela poderia nocautear-se. Rochas soltas

também poderiam estar escondidas lá em cima, esperando por qualquer movimento

para derrubá-las - possivelmente em sua cabeça.

— Poderíamos estender a mão um para o outro e apertar as mãos, mas seu corpo

cairia no buraco. Você poderia se machucar batendo na parede antes que eu consiga

puxá-la para cima. A melhor opção é pular em cima de mim.

Ela olhou para a posição precária dele, a parte superior do corpo inclinada para o

buraco escuro. Ela provavelmente acabaria caindo apenas parcialmente sobre ele, seu

peso corporal e impulso puxando-o para baixo com ela para o abismo.

Kelsey tentou pensar. — Por que você não me deixa aqui enquanto vai explorar

onde o túnel leva? Talvez encontre uma saída. Pegue alguns galhos compridos, se

quiser, e faremos uma espécie de ponte. Dessa forma, posso rastejar sobre a lacuna.

— Eu não vou deixar você!


Ela se encolheu com a veemência em sua voz.

— Nós ficaremos juntos, Kelsey. Fique de pé o melhor que puder e pule para a

frente com os braços estendidos. Não vou permitir que caia.

Kelsey engoliu em seco. — Você percebe que se eu bater naquela rachadura,

poderia fazer com que mais pedras caíssem? Não apenas cairei no buraco, mas também

serei soterrada pelos escombros. Você também pode ser atingido por isso.

Crath a olhou com expressão séria. — Eu preferiria morrer a deixar você, Kelsey. Se

você se recusar a vir até mim, eu voltarei para aquele lado e iremos esperar pelo Vorge

para nos encontrar. Meus irmãos e primos descobrirão como nos tirar desta montanha.

— Mesmo que eu pule com sucesso essa lacuna para você, com as pernas abertas

assim, provavelmente vou cair no seu lixo.

Ele parecia confuso.

— Seu pau. Pênis. O que quer que os alienígenas chamem de órgão sexual. Está

claro o suficiente?

Crath olhou para a área em questão antes de voltar a olhar para ela. — Ficarei bem

recebendo qualquer dor se isso significar que você está segura. Esta é a melhor maneira

de eu agarrá-la e você não se machucar caindo deste lado. Meu corpo é muito mais

macio que a rocha.

Ela deixou tudo o que ele disse ser absorvido, ponderando sobre suas opções

limitadas. — Você é insano.


— Eu não vou deixar você. — Crath jurou em um tom mais profundo, seu olhar

fixo no dela. Ele parecia sincero.

— OK. — Ela estava assustada como o inferno, mas ficou de joelhos, então tentou

determinar o melhor lugar para ficar em pé. Não havia como fazer isso, mas com a larga

fenda acima, ela tinha um lugar para colocar a cabeça se mantivesse os joelhos

dobrados. O truque seria não esbarrar em nada ao pular para frente. Enquanto fazia

isso, se inclinou para a frente e apertou os panos de prato enrolados em volta dos

joelhos, prendendo a ponta com mais firmeza para que não caíssem quando ela pulasse.

Finalmente, ela se endireitou o melhor que pôde.

— Muito bom. Você consegue fazer isso. Você é uma mulher corajosa e feroz. —

Encorajou Crath.

E alguém que provavelmente vai morrer, ela pensou, mas ficou em silêncio enquanto

ajustava seu corpo. Era desconfortável se curvar enquanto dobrava os joelhos. Seu

cabelo roçou na rocha rachada acima dela enquanto ela se aproximava da seção

danificada do chão. Ela se recusou a olhar para o buraco negro como breu, em vez disso

se concentrou em Crath.

Ela hesitou. — Deixe-me ir se eu começar a te puxar. Não quero arrastá-lo para

baixo também.

Ele rosnou. — Eu nunca vou deixar você ir.


— Alien louco. — Ela murmurou. — Tudo bem. — Suas costas e pernas já estavam

começando a doer. — Aqui vou eu.

— Estenda a mão para mim e mantenha contato visual. — Ele ordenou.

Kelsey olhou para cima, ajustada para se inclinar um pouquinho para o lado, e

esticou os braços na direção de Crath.

Então ela avançou o mais perto que pôde da borda irregular antes de avançar.

Ela acabou fechando os olhos. Não que quisesse. Logo o sentiu agarrá-la acima dos

pulsos, seu corpo sacudindo violentamente, e então ela estava caindo em cima de Crath.

A maior parte dela, pelo menos; a maior parte de suas pernas não conseguiu e suas

coxas bateram em algo sólido. Foi doloroso. Suas pernas balançavam, sem nada

embaixo.

Então Kelsey sentiu que estava escorregando, o peso da parte inferior do corpo

puxando-a para baixo.

Crath rosnou enquanto a esmagava contra seu corpo. Ele ajustou seu aperto,

enganchando-a ao redor da cintura e puxando-a para cima. Ele puxou para trás,

afastando-os da brecha. A pele dela foi arranhada acima dos tornozelos, mas ela acabou

esparramada no peito dele, as pernas não mais no buraco.

Kelsey sentiu as lágrimas encherem seus olhos. Ela raramente chorava, mas tudo o

que passou antes de cair nesse planeta, foi demais; para logo em seguida ser perseguida
em uma caverna por monstros enlameados do Pé Grande, atravessando um túnel

escuro e quase caindo para a morte…

Ela estava apenas cansada. De tudo.

— Eu tenho você, Kelsey. — Crath gentilmente acariciou seu cabelo. — Mas eu

sinto cheiro de sangue. Preciso te examinar.

— Apenas me segure por um minuto. — Ela engasgou.

O braço em torno de sua cintura apertou e ele aninhou sua cabeça com seu rosto. —

Seria uma honra. Eu vou te abraçar sempre que você desejar.

Uma de suas mãos abaixou e ela tocou a rocha sob Crath. Parecia úmido. Ela

instantaneamente juntou suas emoções e levantou a cabeça. — Coloque sua luz perto do

chão.

— Por que?

— Apenas faça isso, por favor. — Ela ordenou.

Ele tirou a mão do cabelo dela e baixou o pulso. Kelsey olhou para o chão. Era bem

liso, mas alguns pedaços foram esculpidos, provavelmente de detritos. Com um rápido

olhar, ela viu que as paredes de pedra também não eram sólidas naquela seção do túnel,

mais como xisto. A água brilhava nas rachaduras onde não teve tempo de secar.

— Merda. Crath, temos que nos mover.


— Podemos ficar aqui para nos recuperar. Permita-me abraçá-la, Kelsey. Você

ainda está tremendo. Também preciso descobrir onde você se machucou. Eu realmente

sinto cheiro de sangue. Não é muito, mas meus sentidos estão aguçados.

Ela virou a cabeça, segurando seu olhar. — A outra parte do túnel estava seca. Este

lado não está. Você deve sentir aquela umidade embaixo de você. Sabe o que isso

significa?

Ele balançou sua cabeça.

— Precisamos dar o fora daqui antes que chova de novo. A água começará a correr

por este túnel. Pode ficar super escorregadio e podemos ser arrastados para o buraco

que acabamos de cruzar.

A gravidade da situação finalmente refletida em seus olhos. Ele rosnou. — Permita-

me verificar seus ferimentos primeiro.

— São apenas alguns arranhões. A verdadeira preocupação é se afogar se este túnel

encher completamente ou se virar um toboágua. — Ela desviou o olhar dele para subir e

descer de Crath. — Nós vamos me consertar depois que estivermos seguros. — Kelsey

apenas esperava que a segurança fosse uma possibilidade. Eles estariam em sérios

apuros se a chuva voltasse e o túnel não tivesse outra saída.

Não importava que Crath tivesse uma visão muito próxima e pessoal de sua boceta

exposta enquanto ela rastejava sobre ele bem acima de seu rosto. Como policial, ela viu

algumas mortes desnecessárias por causa da modéstia. Como as duas vítimas de um


incêndio em casa que ela testemunhou. A fumaça os alcançou enquanto tentavam se

vestir. Eles provavelmente teriam saído se tivessem fugido nus.

Kelsey passou por cima dele e ignorou sua pele queimando onde foi arranhada. O

túnel ficou ainda mais largo e mais íngreme. Os pequenos sulcos no chão cheios de

água também o tornaram escorregadio enquanto ela rastejava para a frente. Crath

seguia mesmo assim.

Eles percorreram cerca de nove metros ou mais quando ela colocou a mão em um

buraco que afundou alguns centímetros - direto na água gelada.

Ela parou. — Preciso da sua luz.

Crath gentilmente cutucou a bunda dela com o ombro enquanto rastejava para

frente, o espaço era grande o suficiente para ele rastejar ao seu lado. Quando ele

avançou, Kelsey deu uma olhada melhor no próximo obstáculo que enfrentariam.

— Eu deveria ter ficado na frente. O que é isso?

O túnel se abria em uma pequena piscina. Ela se esticou para a frente e empurrou a

mão de volta para a água fria mais longe. Foi um pouco mais profundo por mais alguns

centímetros. Sua mão encontrou a rocha, no entanto. Parecia sólido.

Ela soltou a mão, apertou-a e estendeu a mão para Crath, ajustando a luz em seu

pulso para ter uma visão melhor do túnel à frente. — Droga…

— O espaço fica menor lá em cima.


— Não é pequeno. Pelo menos, acho que não. É apenas principalmente debaixo

d'água. Acho que esta seção é uma caverna mais profunda. A água teria se acumulado

aqui para formar esta piscina. Teremos que ver a que profundidade está à frente e até

onde se estende a piscina.

— Eu irei.

Kelsey apertou o braço dele. — Não. Eu vou.

Ele rosnou, virou a cabeça e olhou para ela. — Pode ser perigoso.

— Eu sei nadar se precisar. Seja racional. A agua está fria. Mal estou vestida como

está. Esta camisola fina vai secar mais rápido do que suas roupas. — Ela começou a

desembrulhar as roupas em volta dos joelhos.

Crath não parecia feliz. — Eu sou o macho.

Ela revirou os olhos. — Não comece com essa merda de novo. — Kelsey empurrou

os panos de prato para ele. — Coloque isso de volta na bolsa. Tenho experiência em

explorar cavernas como esta. Você precisa confiar em meu julgamento, Crath. O que

significa ficar aqui e me resgatar se eu me machucar. Não sou forte o suficiente para

puxar sua bunda para cima e para fora da água se alguma coisa acontecer com você.

Sua luz de pulso é à prova d'água?

Ele aceitou severamente as toalhas. — Sim.

— Posso pegar emprestado?


Ele hesitou depois de mexer na bolsa, então se ajustou para sentar em sua bunda.

Ele teve que manter a cabeça enfiada para evitar bater no teto baixo. Ele removeu a

banda, virando-se para ela. — Seu pulso é muito pequeno. — Crath a estudou, torceu

um pouco, então colocou seu relógio alienígena em volta do braço dela. Ele o ajustou

até que se encaixasse confortavelmente.

— Preciso ser capaz de usar a luz.

— Eu sei, mas não podemos correr o risco de perdê-lo. — Ele a olhou severamente.

— O rastreador é a única maneira de meus irmãos e primos nos localizarem. Isso é o

melhor que posso fazer.

Ela assentiu. — OK.

Crath estendeu a mão e segurou seu rosto, fazendo-a virar a cabeça até que seus

olhares se encontraram. — Tome cuidado. Eu nunca me perdoaria se algo acontecesse

com você.

Ela olhou em seus lindos olhos azuis, vendo a preocupação em seu olhar. — Não

tenho a intenção de morrer.

— Bom. — Ele olhou para os lábios dela. — Você quer um beijo para dar sorte? Eu

sei que é uma tradição humana. Eu me sentiria melhor se você me desse esse beijo.

Kelsey estava realmente tentada. Mas foi o pior momento. — Eu vou te beijar

quando estivermos fora daqui e em sua nave.

Seus lindos olhos se estreitaram. — Vou exigir que você cumpra sua promessa.
— Faça isso. — Ela se afastou gentilmente e olhou para a água escura à sua frente.

O medo afundou em seu estômago. A água estava fria e cobras alienígenas ou parasitas

ou algo semelhante poderiam estar à espreita sob a superfície, pelo que ela sabia.

— Eu me sentiria melhor se eu fosse. — Crath ofereceu novamente.

— Não. Isso não faz sentido. Sou menor que você, uso muito menos roupas e sei o

que estou procurando. Fique aqui. — Então ela respirou fundo algumas vezes e

começou a engatinhar para a frente.

A água fria a fez proferir uma maldição. Não estava absolutamente congelante,

mas frio o suficiente para ser perigoso se ela ficasse muito tempo nele. Fazia anos que

ela não explorava cavernas com a mãe, mas as lições haviam permanecido. Ser

cauteloso é obrigatório, mas também evitar a hipotermia ao não perder tempo.

— O que está errado? — A voz de Crath saiu mais como um rosnado.

— Apenas odiando o frio. — Ela avançou com cuidado, usando a mão para sempre

testar se uma superfície sólida permanecia sob a água.

Essa foi a única razão pela qual ela não se lançou de cabeça quando sua mão

finalmente acertou em nada.

Ela se espreguiçou um pouco, tateando, sentindo a queda repentina.

— O que é? Por que você parou? Eu estou indo até você.

— Não! Fique onde está, Crath. Só estou descobrindo uma coisa.


Kelsey odiava fazer isso, mas era mais seguro colocar os pés primeiro para ver a

profundidade do buraco. Ela se recostou, afundando mais o corpo na água gelada e

ajustando-se para sentar de bunda. Então ela empurrou o pé para a frente onde sua mão

não foi capaz de sentir a solidez. Ela estava grata por ter enrolado os pés em pelo menos

uma fina camada de material, sua mente imaginando tocar algo viscoso e possivelmente

vivo. O pano não oferecia muita proteção, mas era melhor do que não ter nenhuma.

Não havia nada sob seu pé.

Ela se aproximou do declive até se sentar no que devia ser a borda. Era profundo

demais para encontrar o fundo. A água também estava muito escura para ver qualquer

coisa.

— Kelsey? O que é? Fale comigo.

— É fundo aqui, eu acho. Vou escorregar e encontrar o fundo ou nadar em direção

à abertura à frente.

— Volte. Eu vou fazer isso.

Ela perdeu a paciência, voltando ao nível dele com um rosnado. — Fique aí, Crath!

Se não conseguirmos passar para a próxima seção, ficaremos presos aqui. Eu vou

precisar que você esteja seco. Esta água está fria o suficiente para me causar hipotermia,

o que significa que pode me matar se eu não tiver como me aquecer. Vou precisar do

calor do seu corpo. Agora acalme-se e deixe-me descobrir isso!


Kelsey respirou fundo várias vezes, então deslizou para fora da borda. Seu corpo

afundou e ela começou a nadar cachorrinho, já que era muito estreito ali para fazer

muito mais, mas o suficiente para manter sua cabeça acima da água. Seus pés não

tocavam o fundo da piscina.

A água fria tornava difícil para ela respirar. Arrepios a atingiram e seus dentes

começaram a bater. Ela abriu a boca abruptamente para evitar que Crath ouvisse. Ele

provavelmente iria surtar.

Ela nadou para a frente com cuidado, usando os pés o mínimo possível para evitar

bater em uma possível rocha escondida sob a superfície. A luz mergulhou sob a água,

deixando-a na escuridão, e parecia que ela nadaria para sempre.

Eventualmente, levantava o braço acima da água para avaliar sua localização. Ela

estava a poucos metros do que pensava ser uma parede sólida - um beco sem saída - e

seu estômago se revirou de pavor. Mas quando ela ajustou o braço, iluminando a

superfície... ela viu uma abertura irregular onde o túnel continuava. Havia apenas

alguns centímetros de folga acima da água.

Kelsey usou os pés para explorar sob ela e não bateu na pedra. Foi desbloqueado

sob a superfície da água. Ela nadou um pouco mais perto, até que teve que afundar,

inclinando a cabeça para trás para evitar arranhar o rosto na rocha. Usou os pés para

tatear novamente, mas a abertura sob a água era larga o suficiente para que ela não

pudesse sentir as paredes em nenhum dos lados dela.


— Kelsey!

— Calma! — Ela conseguiu gritar de volta, esperando que ele a ouvisse. Ela estava

tremendo tanto que falar uma única palavra se tornava difícil. Ela nadou um

pouquinho mais, até que o teto subitamente ficou mais longe de seu rosto, então se

endireitou e ergueu o braço para trazer a luz para a superfície.

O que encontrou quase a fez gritar de alívio.

Ela se viu em uma caverna com teto alto. Nadando mais alguns metros para a

frente, girou para mover a luz e obter uma visão melhor. A caverna era enorme, talvez

dezoito metros de largura, e o teto erguia-se uns bons dois andares. Ela viu o que

parecia ser detritos flutuantes…

E uma possível saída da água à sua extrema esquerda.

— Kelsey!

— Estou bem. Aguente!

Ela nadou para a esquerda e ergueu o braço, observando melhor aquela parte da

caverna. Havia pequenos galhos e vegetação flutuando na superfície, amontoados ao

redor do que parecia ser outra grande entrada de túnel. Havia mais escuridão do que a

luz do dispositivo de Crath poderia penetrar de onde ela nadava.

Kelsey se virou, nadando de volta de onde tinha vindo. Foi um alívio que a nova

caverna fosse muito maior, e os escombros flutuantes lhe deram esperança de que eles

seriam capazes de encontrar uma saída.


No momento em que voltou pela abertura do lado de Crath, sua natação havia

diminuído para um rastejar, seus dentes batendo violentamente e sua mente ficando

confusa.

— Venha. Você pode caber. — Foi tudo o que ela conseguiu dizer, ficando mais

letárgica a cada segundo. A hipotermia estava se instalando. Ela mal se lembrava de

levantar o braço para fora da água alto o suficiente para dar a ele um pouco de luz para

encontrá-la no escuro.

Ele a alcançou mais rápido do que ela acreditava ser possível. A visão de seu

cobertor enrolado em estilo turbante no topo de sua cabeça a surpreendeu um pouco,

mas foi inteligente. — Vá! — Ela tagarelou.

Ela se virou, lutando para se lembrar do que fazer.

— Através do buraco e à esquerda. Calor corporal.

— Kelsey?

— Muito frio. Tenho que sair. — Ela levantou o braço para mostrar a ele a abertura

e afundou na água, mal mantendo o queixo acima da superfície enquanto passava.

Ainda lutou para levantar a luz uma vez que conseguiu alguns metros dentro da

caverna maior.

Crath a seguiu até pisar na água a centímetros dela.

Ela tentou erguer o braço novamente para acender a luz, para mostrar a ele a

caverna. Mas seu braço parecia pesar mil libras.


Crath rosnou, e então ela sentiu o braço dele deslizar ao redor de sua cintura,

puxando-a contra seu corpo. Ele a ergueu alto o suficiente para trazer seu braço acima

da superfície.

Enquanto Kelsey lutava para ficar acordada, duas coisas foram registradas em seu

cérebro nebuloso – a pele dele estava tão quente… e ele não estava usando sua camisa.

Então ela não registrou nada.


Capítulo Oito
Crath conseguiu nadar pela água segurando uma Kelsey flácida contra ele, usando

o outro braço para empurrar a vegetação flutuante para fora do caminho. Ele chegou

onde a piscina terminava, em uma rocha sólida, desesperado para colocar sua fêmea em

segurança.

Ele conseguiu posicionar Kelsey por cima do ombro, tomando cuidado para manter

o rosto dela fora da água e jogou fora a sacola que havia transformado em mochila, sem

se importar onde ela caísse. Ele o ouviu bater contra uma superfície sólida, e isso foi

bom o suficiente. Então ele conseguiu tirar os dois da piscina.

Além da borda da rocha havia um terreno de aparência esponjosa. Ele tinha visto

algo semelhante em outros mundos em cavernas subterrâneas. A maioria eram formas

de fungos comestíveis. Mesmo que fosse venenoso, o cobertor que Kelsey usava os

protegeria do contato. O cobertor de emergência não parecia ter ficado muito molhado

quando ele o arrancou da cabeça, usando as duas mãos para abri-lo e jogá-lo no chão,

tomando cuidado para não se mover muito e deixar Kelsey rolar de seu ombro. Ele

cuidadosamente se abaixou de joelhos e muito gentilmente a colocou sobre o cobertor.

Kelsey permaneceu inconsciente, mas pelo menos ela respirava.

Ele a sacudiu levemente. — Acorde! — Crath removeu a faixa de seu braço e

prendeu-a em seu pulso, passando a luz por toda Kelsey para procurar ferimentos. A
parte inferior de suas pernas na frente mostrava arranhões recentes de seu salto pela

abertura no túnel.

Ele cuidadosamente a rolou. A bandagem que colocou nela depois que a levou para

o ônibus estava uma bagunça encharcada que ele facilmente removeu de suas mãos e

da parte de trás de sua coxa. Esses ferimentos anteriores foram curados, com apenas

leves hematomas remanescentes nessas áreas. Os que estavam nas costas dela ainda

precisariam do androide médico no The Vorge para se curar rapidamente.

— Kelsey, meu coração, por favor, acorde. — Ele a deitou de costas. O vestido fino

que ela usava estava encharcado e transparente. Estava mais frio que seu corpo. Ele

rapidamente usou as unhas para rasgar a roupa.

Ele estudou seu rosto, propositadamente evitando olhar para sua forma nua por

respeito. Ela não parecia mais pálida do que o normal, mas seus lábios tinham uma

tonalidade azul e não estavam assim antes de ela entrar na água. Ele havia aprendido

tudo o que podia sobre humanos, então sabia o que a cor significava. — Você está com

muito frio.

Ele se virou, agarrando a bolsa e abrindo a parte de cima que havia amarrado. O

material rasgou, mas ele não se importou. Suas roupas e botas que enfiou dentro

permaneceram secas. Crath rastejou gentilmente em cima de Kelsey, colocando sua

roupa contra os lados dela para cobrir a pele que seu corpo não podia, antes de se

abaixar sobre ela.


— Não foi assim que fantasiei nós dois curtindo essa posição. Você deveria estar

acordada e me tocando. — Ele se ajustou, certificando-se de não esmagar seu corpo

menor enquanto tentava pressionar o máximo possível de sua pele contra a dela. Ele

tinha bastante calor corporal para compartilhar. A água estava fria, mas os Tryleskianos

armazenavam muito o calor. O suficiente para evitar que ele sofresse com o mergulho

curto e gelado. Kelsey também não. Ele só esperava que sua futura companheira de

vida se recuperasse rapidamente.

Kelsey era dele agora. Nada iria afastá-la dele, nem mesmo a morte. Ele não

permitiria. Ela era mais do que ele esperava. Inteligente, obstinada, corajosa e

inteligente.

Certa vez, ele sentiu um pouco de inveja de Cavas por ter conquistado Jillian.

Agora, ele sentia apenas gratidão. A única mulher que poderia fazê-lo feliz era Kelsey.

Com esse pensamento em mente, ele a prendeu mais forte sob seu corpo.

— Estou aqui. — Ele acariciou a cabeça dela com sua bochecha, sussurrando em

seu ouvido. — Sinta-me. Pegue meu calor. Acorde, minha linda Kelsey. Eu preciso de

você.

O ódio pelos Cristos tomou conta dele. Eles compraram sua fêmea com a intenção

de finalmente matá-la, então o forçaram a quebrar aquela nave roubada. Ela estaria

segura no The Vorge agora, se não fosse por aquelas bestas horríveis. Todas as coisas

que ele poderia e deveria ter feito diferente o atormentavam.


Especialmente permitir que Kelsey passasse primeiro por aquela água. Ela era mais

frágil do que ele. Todos os humanos eram.

Ele também desejava desesperadamente que a ajuda chegasse. O androide médico

do The Vorge curaria Kelsey de tudo que a afligia.

— Eu não estou perdendo você. — Ele murmurou em seu ouvido. — Você não

pode me deixar.

Ela começou a tremer sob ele alguns minutos depois. Ele esperava que fosse um

bom sinal, já que ela estava muito quieta antes, apenas respirando superficialmente.

A perna dela se contraiu, e então uma de suas mãos se ergueu, pressionando contra

o lado dele.

— Estou aqui, Kelsey. Use meu corpo.

Ela respirou fundo e seu corpo enrijeceu. Ela também afastou a cabeça dele. Ele

ergueu o queixo para encará-la, feliz por ver seus olhos abertos. Kelsey olhou para ele.

Ele nunca se sentiu tão feliz em ver uma mulher lhe dar um olhar irritado.

— Você está nu em cima de mim.

— Você precisava do calor do meu corpo. — Ele explicou, sorrindo apesar da raiva

dela. Ela estava acordada e seus lábios não estavam mais azuis.

Ela piscou algumas vezes, e sua outra mão surgiu, segurando o braço dele com

força. — Certo. Água fria. Calor corporal. Foda.


— Podemos fazer isso se você acreditar que a ajudará a se aquecer. Conheço o

termo humano. Só não achei que agora seria o momento apropriado. Você me assustou

quando desmaiou na água.

A boca dela se abriu, os olhos se arregalando - então ela o surpreendeu rindo. Foi

uma explosão curta de som que foi cortada muito rápido. Ela ergueu um pouco a

cabeça, aninhando o rosto no pescoço dele. — Deus, você é tão quente. Cadê o cobertor

e suas roupas?

— O cobertor está sob nós para evitar que você fique no chão nua. Minhas roupas

estão ao seu lado, para tentar manter seus flancos aquecidos. Despi-me assim que

nadou para longe de mim, preparado para ir atrás de você se necessário.

As mãos ao seu lado e o braço deslizaram para cima. Ela acabou envolvendo-os em

volta do pescoço dele. — Você é como uma fornalha! Não se mexa.

— Ficarei feliz em ficar aqui enquanto você precisar de mim.

Longos minutos se passaram antes que ela falasse novamente. — Você olhou ao

redor desta caverna? Há alguma saída? Vi vegetação e alguns galhos flutuando na água.

Eles entraram aqui de alguma forma, o que deve significar que há uma abertura.

— Minha única prioridade é você.

— Procure, por favor. Não consigo ver muito com seu corpo aqui em cima.
Ele levantou a cabeça para estudar a área mais próxima deles. — Não vejo

aberturas. Estamos em outra caverna. Este contém uma grande piscina, com solo seco

coberto por uma estranha espécie de vegetação.

— Você vê alguma coisa que possamos queimar para iniciar uma fogueira? — Ela

fez uma pausa. — Não. Esqueça isso. Nós sufocaríamos sem uma abertura. Minha

mente ainda está um pouco nebulosa.

— Vou continuar a aquecê-la.

Kelsey virou a cabeça e encontrou seu olhar. — Obrigada por me salvar.

— É meu privilégio fazê-lo.

Ela continuou olhando fixamente para ele.

— O que foi, minha linda Kelsey?

Ela quebrou o contato visual. — Nada.

— Por favor, compartilhe seus pensamentos. Não ganhei sua confiança?

Seu olhar voltou para o dele. Sua pequena língua rosa saiu para lamber os lábios.

— Eu estava pensando que esta é a primeira vez que fico nua com um homem. Isso é

tudo.

Ele piscou surpreso. Suas palavras implicavam que ela nunca havia sido acasalada.

Isso o surpreendeu. Ela era uma mulher muito desejável, com idade suficiente para ter

treinado para uma carreira em seu planeta. Isso geralmente levava alguns anos para ser

realizado depois de atingir a idade adulta.


— Quero dizer, houve uma vez em que tive que prender um cara que estava

completamente nu, mas não acho que isso conte. Meu uniforme era bastante

acolchoado, já que eu respondia a um código vermelho. Ele lutou e eu tive que derrubá-

lo, prendê-lo e algemá-lo. Sem falar que ele era muito mais velho e, acredite, eu não

queria tocá-lo. Ele não era, hum... atraente. É provavelmente por isso que ele decidiu se

despir em um shopping e apalpar mulheres indefesas, oferecendo sexo grátis. Ele ficou

violento quando não houve compradoras. Acho que ele estava ficando um pouco senil.

Por fim, recebi ordens de transportá-lo para um hospital em vez da delegacia. Essa foi a

única vez que entrei em contato com um cara totalmente nu.

— Você nunca teve conhecimento íntimo de um homem?

— Não. — Ela desviou o olhar antes de sustentar seu olhar novamente.

— Sinto-me profundamente honrado.

— Realmente? Porque isso é realmente embaraçoso e meio desconfortável.

— Estou muito pesado? Eu poderia nos virar e te colocar em cima de mim.

— Não! — Kelsey o agarrou com mais força. — Estou bem aqui, e você só vai me

ver mais se se mexer. O chão nem é duro. Parece meio acolchoado, ao contrário da

sujeira lá fora ou o que quer que seja neste planeta. Eu quis dizer desconfortável, nós

dois estamos nus. Talvez eu devesse ter usado a palavra estranho em vez disso. Agora

estou tagarelando. Eu vou calar a boca.


— Eu nunca faria mal a você de forma alguma. — Ele jurou. — Isso somos nós

compartilhando o calor do meu corpo. Não minha tentativa de seduzi-la.

— Claro. — Ela deu um aceno rápido. — Certo. Ignore-me.

— Eu nunca poderia fazer isso. Isso seria impossível.

Ela piscou para ele enquanto os segundos se passavam. — Por favor, me distraia.

Conte-me mais sobre você.

Seu corpo nu sob o dele tornava impossível pensar em qualquer coisa que não fosse

sexo. — Os machos Tryleskianos entram no cio a cada três anos.

— Você mencionou isso antes. — Ela sustentou seu olhar, então seus olhos se

arregalaram. — Você está entrando no cio agora porque nós dois estamos nus? — Suas

bochechas ficaram muito rosadas. — Eu... hum... sinto algo entre nós. Não, esqueça isso.

Você… quero dizer, só porque eu não fiz sexo antes não significa que eu não saiba o que

é ficar de pau duro. Você parece ter um atualmente.

— Não. Sim. — Crath rosnou baixinho em frustração. — Quero dizer... sim, estou

atraído por você, Kelsey. E tentando ignorar minha reação física. Não, ter você nua

debaixo de mim não vai desencadear meu calor.

— Acho que você ainda pode fazer sexo mesmo que não esteja no cio. Certo? Quero

dizer, já que você está duro agora.

— Minha semente só é fértil durante meu cio, mas minha haste sempre funciona.
Ela desviou o olhar antes de olhar para ele novamente, com as bochechas ainda

mais vermelhas. — Eu entendo. Você é definitivamente capaz de fazer sexo.

— Sim. — Ele limpou a garganta. — Por que você nunca teve intimidade com um

homem?

Kelsey hesitou. — Por que você está parecendo tão surpreso?

— É inédito na minha cultura. Você disse que trabalhava com a aplicação da lei.

Isso significa que era considerado adulta, com idade suficiente para treinar para uma

carreira e servir para proteger outros humanos. Todas as nossas mulheres maduras se

envolvem em contato íntimo.

— Eu não sou como você.

— Estou ciente. — Ele ajustou um pouco seu corpo, fazendo-se gemer já que seu

eixo havia endurecido ainda mais entre eles. Sua pele era tão macia, e o movimento só

aumentou sua vontade de se esfregar contra ela. — Fêmeas Tryleskianas ficam presas

imediatamente quando atingem a idade da maturidade, se ela e um macho

compartilham fortes sentimentos um pelo outro. Caso contrário, acordos são feitos entre

as famílias para que fêmeas emocionalmente desapegadas compartilhem o cio de um

macho, na esperança de que ela engravide de uma ninhada e fique presa a esse macho.

— Você disse que “preso” era casamento, certo?

— Sim.

— E se uma mulher não quiser se casar?


Ele teve essa discussão antes com outras mulheres que não eram de sua raça. — É o

jeito do meu povo. As fêmeas têm um desejo primordial de dar à luz filhotes e se

relacionar com um macho. É como respirar para elas, instintivo. O desejo é muito

grande. Quando os machos entram no cio, devemos procriar. Caso contrário, podemos

morrer ou ficar gravemente doentes a longo prazo. Esse é o jeito Tryleskiano. A

natureza não será negada. Uma vez que uma fêmea engravida, mesmo que não haja

ligação emocional entre o casal, o macho se unirá a ela por toda a vida para criar seus

filhotes. Isso também faz parte da nossa natureza.

Seu corpo ficou tenso sob ele. — Você é casado? Você tem filhos?

— Não.

Kelsey relaxou sob ele, seu alívio óbvio em suas feições.

Ele sorriu, gostando que ela se importasse tanto.

Então ela ficou tensa novamente, seus braços apertando ao redor de seu pescoço. —

Você é totalmente adulto, certo?

— Sim! — A pergunta dela o chocou.

— Ah... bom. É horrível pensar que você pode ser um adolescente alienígena

quando estamos nus, engessados para nos aquecer.

— Por que você questionaria minha maturidade? — Crath se sentiu insultado.


— Pensei que talvez você não tivesse passado pelo calor antes, o que pode

significar que é muito mais jovem do que parece. E você acabou de sugerir que suas

mulheres tendem a engravidar durante esse período. Vê onde quero chegar com isso?

Ele fez. — Passei meus cios apenas com mulheres viúvas além de seus anos férteis.

Por causa do meu trabalho, eu não estava pronto para viver preso ou criar filhos.

Também tive a sorte de não ser pressionado por meu pai.

Seus olhos se arregalaram novamente. — Pressionado?

Ele inclinou a cabeça. — Sou o terceiro filho da primeira ninhada. Embora isso

torne importante para mim acrescentar outra geração à nossa linhagem familiar, meu

pai acreditava que eu era irresponsável demais para exigir que me unisse a uma mulher

de uma família importante. Que eu envergonharia o nome Vellar. Sua opinião negativa

me permitiu fazer meus próprios arranjos com as fêmeas além de seus anos de

reprodução, aquelas que perderam seus parceiros de vida para a morte. Elas

compartilharam meu calor, mas eu não consegui engravidá-las. Era mutuamente

benéfico para nós dois.

— Estou confusa. Você entra no cio e precisa de sexo. Mas o que a mulher ganha

ajudando você, se ela não tem mais o desejo primordial de ter filhos?

— As fêmeas sentem falta de compartilhar o calor de seus machos. É muito

prazeroso para elas, ainda mais do que para os homens, já que nós…— Ele fez uma

pausa.
— Você o que? Não pare de falar agora. Prossiga.

— Estar no cio é... intenso. Mal consigo manter um pensamento depois que começa,

até que termine.

Sua boca se abriu, depois se fechou. Ela piscou algumas vezes. Sua boca abriu

novamente antes de fechar mais uma vez.

— Nara diz que perdemos a cabeça. Ela compartilhou o calor de Cathian com ele.

Foi assim que eles se conheceram. Ele precisava de uma fêmea compatível rapidamente,

depois de sofrer seu cio antes do esperado. Às vezes, o estresse pode fazer com que o

ciclo de um homem avance meses. Cathian estava sobrecarregado com muitas

responsabilidades por causa de seu trabalho. Ele não teria voltado ao nosso planeta a

tempo de encontrar uma fêmea Tryleskiana. Nara me disse que ele mal conseguia

formar palavras, a menos que fosse entre as alimentações. A mente de um macho não é

razoável durante seu cio. Somos muito movidos por nossas necessidades

— Você come muita comida durante o cio?

Ele sorriu. — Desejamos hormônios de uma fêmea compatível. Alimentar-se

significa praticar sexo oral repetidas vezes para obter os hormônios femininos por meio

de sua liberação. Cathian se alimentava de Nara. Ela disse que ele praticamente viveu

com o rosto entre as coxas dela por dias até que estivesse pronto para purgar. Isso

significa que ele fodeu com ela até perder a consciência, quando seu cio acabou.
Divertiu Crath ao ver como as bochechas de Kelsey tinham corado profundamente.

Ela não disse nada, mas ele sentiu um leve cheiro vindo dela. Um que ele queria

desesperadamente investigar.

Excitação.

— Por que seu pai pensaria que você não é responsável o suficiente para ter uma

esposa e filhos? Você disse que é policial.

Ele riu por ela mudar de assunto. Sua humana parecia determinada a resistir a ele.

Isso só o fez querer Kelsey mais. Crath sempre adorou um desafio. — Meu pai não sabe

o que eu faço. Ninguém da minha família fez até recentemente. Eles simplesmente

acreditavam que eu gostava de viajar e não tinha nenhuma preocupação além de me

divertir. Funcionou como um bom disfarce para minhas investigações com as

autoridades aliadas. Um homem rico e mimado de uma família influente, que só

procurava se divertir, nunca foi suspeito de espionar atividades criminosas.

Kelsey olhou para ele então, franzindo a testa. — Rico?

Ele não sabia por que ela parecia descontente com aquela informação. — Os Vellars

são uma das principais famílias do meu planeta natal. Isso te incomoda?

— Nunca conheci nenhuma pessoa rica que fosse legal ou decente.

— Por favor, não me compare com outros machos humanos. Eu não sou nada como

eles.
Ela permaneceu em silêncio por alguns segundos, parecendo contemplar suas

palavras. — Acredito nisso.

— Estou feliz. Já ouvi muitas histórias sobre machos humanos. — Ele resmungou.

— Você compartilhou algumas também. Eu nunca poderia aceitar dinheiro por minha

semente fértil de fêmeas querendo dar à luz meus filhotes. Isso implica que esses

machos não participam de sua criação. — Ele rosnava só de pensar em ter filhos e filhas

que não podia ver, tocar ou amar. — É o maior orgulho de um macho conceder a sua

prole seu afeto, tempo e sabedoria. Eu mataria qualquer um que tentasse me impedir de

ter filhos, ou de cuidar da fêmea que os deu à luz. Não é apenas uma responsabilidade,

mas um dom.

Kelsey pareceu estudar seu rosto cuidadosamente. — Você definitivamente não é

como a maioria dos homens que conheci na Terra. Meu pai biológico não queria nada

comigo. Nem mesmo depois que minha mãe morreu, e ele sabia que eu estava sendo

enviada para viver em um orfanato. A assistente social ofereceu a ele a custódia de

mim, já que tínhamos uma correspondência de DNA. Ele recusou.

— Ele ainda vive?

— Não sei. Provavelmente.

— Eu irei à Terra para puni-lo por ter abandonado você.

Seus olhos se arregalaram.


— Você merece ser amada e cuidada. Ele deveria ter ficado grato pela

oportunidade quando soube que você era filha dele.

Ela piscou rapidamente, seus olhos brilhando, então deu a ele um sorriso rígido. —

Ele sabia que eu era dele muito antes de a assistente social analisar meu DNA, tentando

encontrar um membro da família para me acolher. Ele tem um monte de outras crianças

com outras guardas florestais e também as ignora. Todos nós tínhamos isso em comum.

Tenho pelo menos uma dúzia de meio-irmãos dele. Provavelmente mais.

— Eu viajarei com você para a Terra para puni-lo e oferecer um santuário a suas

irmãs em meu mundo natal, se estiverem sendo maltratadas por seus homens. Minha

família irá hospedá-los pelo tempo que for necessário. Suas fêmeas não serão vistas

como inferiores pelos Tryleskianos.

Ela lambeu os lábios. — É uma oferta muito boa, mas não conheço nenhum dos

meus meio-irmãos. Warren, esse é meu doador de esperma, era supervisor de guarda

florestal. Ele viaja ao redor de um enorme parque que se estende por três estados.

Depois que ele largou minha mãe quando ela engravidou, pelo menos as mulheres com

quem ela trabalhava recusaram seus avanços. Minha mãe só ouviu os boatos sobre os

filhos dele com guardas florestais em outros estados depois que ela já estava grávida.

Ela sempre foi honesta comigo sobre isso, caso alguma daquelas mulheres fosse

transferida para onde morávamos. Ela não queria que fosse um choque se eu
encontrasse outra garota que se parecesse comigo ou, Deus me livre, um garoto que

poderia ser meu meio-irmão.

— Por que seu Deus proibiria isso?

Ela sorriu. — Só quero dizer que machos são raros. Ela não queria que eu

namorasse alguém que pudesse ser meu meio-irmão, se um garoto me desse em cima

de mim.

— Os rapazes são fisicamente abusivos?

Desta vez, ela riu. — Dar em cima significa demonstrar interesse sexual por

alguém. O que seria uma coisa ruim, se eu acabasse sendo parente dele.

Crath fez uma careta.

— Sim.

— É por isso que você evitou intimidade? O medo de que eles possam ser parentes

de sangue?

Ela hesitou. — Eu simplesmente não via nenhum bom modelo masculino e não

tinha nenhum interesse em ser usada como minha mãe tinha sido. Alguns homens só

querem sexo e, depois que conseguem, vão embora. Eu era uma policial. Não ganhava

bem o suficiente para eu criar um filho sozinha se acabasse grávida. Principalmente

morando em uma cidade grande. Lá tudo é mais caro. A forma mais verdadeira de

controle de natalidade que nunca falha é evitar completamente o sexo.

— Você gosta de crianças?


Ela sorriu ligeiramente. — Eu as amo. — Então ela ficou séria. — Embora, na

maioria das vezes eu estivesse perto de crianças em situações estressantes. Eu respondia

aos códigos vermelhos, lembra? As chamadas mais violentas. Alguns meses antes do

meu sequestro, fui chamada a uma creche. O proprietário havia brigado com uma das

mães por não pagar a conta. Ambos foram presos, mas não podíamos deixar os sete

bebês sozinhos. O mais velho tinha apenas quatro anos. E não era uma situação de

assistente social, já que seus pais estavam apenas trabalhando. Fiquei cinco horas com

as crianças, até que as mães vieram buscá-las. Três deles eram bebês pequenos. Eles

quase me fizeram arrepender de me tornar um policial em vez de uma cuidadora. Eles

eram todos tão doces e fofos. — Ela riu. — O que foi uma mudança drástica em relação

ao que eu normalmente lido.

Crath sentiu alegria ao descobrir que Kelsey gostava de jovens. — Você seria uma

excelente mãe.

— Eu não sei sobre isso.

— Eu faço. Você tem todas as qualidades que fariam de você uma grande pessoa.

— A maior parte do meu treinamento girava em torno de tentar conter as

discussões sendo o indivíduo mais assustador da sala e derrubar fisicamente os

suspeitos para contê-los se isso falhasse.

Ele riu. — Você sabe quantas vezes meus irmãos de ninhada e eu brigamos quando

jovens? E com as outras ninhadas? As mães Tryleskianas precisam ser ferozes às vezes
para manter seus filhotes sob controle. Minha própria mãe precisava nos separar com

frequência. Ela sabia exatamente onde nos agarrar para nos fazer parar de lutar

instantaneamente. À medida que ficávamos mais velhos, ela nos jogava no chão e nos

fazia cócegas até prometermos nos comportar.

Kelsey lambeu os lábios. — Então... quando você entra no cio?

Ele desejou que fosse naquele exato momento. — Não por um tempo.
Capítulo Nove
Kelsey aprendeu muito sobre Crath e seu povo enquanto conversavam. Ela ainda

estava um pouco presa em como ele se alimentava durante o cio fazendo sexo oral. Ela

apertou as coxas com a imagem mental, tentando esquecer essa parte. Isso a fez

formigar e pulsar, imaginando como seria ter a boca dele em sua boceta.

Ela pode nunca ter desejado ter um amante, mas isso não significava que não

tivesse lidado com suas próprias necessidades. Um mundo com mais mulheres do que

homens significava que uma grande variedade de brinquedos sexuais estava

disponível. Ela possuía uma gaveta cheia delas em sua mesa de cabeceira em casa.

Ajudou que alguns de suas amigas que tinham feito sexo jurassem que um homem

não poderia dar tanto prazer quanto um vibrador de formato perfeito. Os brinquedos

também não quebravam nenhum coração ou enganavam ninguém com seu dinheiro ou

posses.

Crath não era humano, no entanto. Ele era um alienígena... e muito mais gostoso do

que qualquer cara na Terra que já conheceu. Ela o estava achando mais do que um

pouco tentador.

— O que você está pensando, linda Kelsey?

— Nada que valha a pena compartilhar. — Ela se esquivou. O pensamento dele

dormindo com alguma fêmea alienígena a deixou com um pouco de ciúmes. Crath
esteve nu e em cima de outras mulheres em seu passado, obviamente. Para ela, era

muito novo... e um grande negócio.

A sensação de seu pau duro pressionando contra suas coxas disse a ela que pelo

menos ele a achava atraente. Parecia grande e impressionante, agora que sua pele não

estava mais entorpecida pelo frio.

Ok, tudo bem - Crath era muito gostoso. Não apenas com sua temperatura corporal

de fornalha, mas de todas as outras formas físicas. Ela podia sentir o quão musculoso

ele era. Isso a fez querer explorar mais sua pele.

— Eu não posso adivinhar suas emoções agora. A expressão em seu rosto é

estranha.

— Há quanto tempo você esteve no cio pela última vez? — A pergunta explodiu

dela.

Ele hesitou. — Mais de um ano atrás por alguns meses.

— Você está vendo alguém?

— Eu estou te vendo.

Ela não achou graça quando ele sorriu de brincadeira para ela, obviamente

tentando ser fofo. — Existe uma mulher em sua vida com quem você dorme? Como em,

fazer sexo regularmente? Só para ficar claro.

Todo o humor desapareceu de suas feições. — Não.


— Então a última vez que você fez sexo foi quando estava no cio? — Ela esperava

que ele dissesse sim. Era mesquinho, ela sabia, mas mais de um ano de intervalo faria

pelo menos os dois ficarem nus juntos como um evento especial para ele. Então ela

silenciosamente se repreendeu por pensar dessa maneira.

Ele olhou para ela com uma leve carranca em vez de responder.

— Deixa para lá. Esqueça que eu perguntei. — Ela virou a cabeça, olhando ao redor

da caverna escura. Nenhuma iluminação penetrava para sugerir que havia aberturas

para o exterior. Isso significava que eles provavelmente estavam a salvo de qualquer

criatura alienígena que os alcançasse. Ela se perguntou quanto tempo duravam as

noites aqui, se já era manhã no planeta. Não que isso importasse... eles ainda estavam

presos dentro da montanha.

— Kelsey?

Ela se forçou a olhar para Crath. A luz de sua pulseira alienígena legal brilhou em

seu rosto, destacando seus incríveis olhos azuis. — Provavelmente deveríamos tentar

explorar esta caverna para ver se há outro túnel para fora daqui. Eu agradeceria se você

pudesse me emprestar sua camisa, se suas roupas estiverem secas.

— Eu preferiria que ficássemos aqui. O Vorge nos avisará quando eles chegarem e

podem perfurar com segurança um buraco nesta caverna para nos alcançar. Não tenho

intenção de permitir que você fique com frio de novo. — Ele ajustou seu corpo grande

sobre o dela, parecendo ficar mais confortável.


Ela mordeu o lábio quando a ereção dele pressionou mais contra a costura onde

suas coxas se tocavam. — Então nós apenas ficaremos aqui juntos até então? É isso que

você quer fazer?

A sugestão de um sorriso curvou seus lábios. — Você tem perguntas sobre o meu

cio. Eu gostaria de respondê-las.

Suas bochechas esquentaram. — Eu estava apenas curiosa para saber há quanto

tempo isso aconteceu, para que eu pudesse calcular quando aconteceria na próxima vez.

Você disse a cada três anos. Agora eu sei que você tem quase mais dois antes de sentir

isso de novo.

— Sim. Durante o meu cio é o único momento em que minha semente é fértil. Não

posso te engravidar se fizermos sexo.

Ela se contorceu um pouco sob ele, sem saber como responder a isso. Não era como

se ela tivesse tido qualquer conversa anterior nua com homens. Ela não tinha certeza se

ele estava insinuando que queria fazer sexo com ela. Era possível que ele estivesse

esperando que ela desse o primeiro passo.

Kelsey ficou tentada. Crath deixou claro que não poderia engravidá-la e ela se

sentiu atraída por ele. Ele era drasticamente diferente dos homens da Terra. Ela nem

precisava temer uma possível dor ou sangramento por fazer sexo pela primeira vez, já

que ela havia resolvido esse problema irritante usando consolos em si mesma.

— Kelsey?
Ela respirou fundo. Isso só a deixou mais consciente de como eles estavam

pressionados juntos, pele contra pele. Seus seios foram esmagados contra seu peito

firme. Ele tinha um ótimo. Largo. Quente. Musculoso. Lambível.

— Merda. — Ela quebrou o contato visual novamente.

Crath respirou profundamente. Um rosnado baixo veio dele, e ela sentiu as

vibrações em seu peito. Ela olhou para ele.

— Eu nunca te machucaria. Você confia em mim?

Ela realmente não tinha que pensar sobre isso depois de tudo que eles passaram.

Ele teve muitas chances de fazê-la mal. — Sim. Por que? Você vai fazer algo ruim

agora?

Ele sorriu. — Ruim? Não. Espero que você ache algo muito bom. Eu gostaria de

ensiná-la sobre alimentação.

Ela apenas olhou para ele, sua mente em branco.

— Eu gostaria de mostrar a você uma alimentação. — Ele lambeu os lábios. — Eu

acredito que você vai gostar.

Calor correu para suas bochechas. — Você quer dizer...— Ela não podia dizer isso

em voz alta. Ele queria transar com ela?

— Não farei mais, a menos que você deseje.

— Eu...— Ela não tinha certeza de como responder.


— Vou parar se você não gostar. Sou muito responsável, apesar do que meu pai

acredita. Não há necessidade de me temer de forma alguma. Diga pare e eu o farei.

Ela queria concordar. Sua vida foi para o inferno quando ela foi vendida por seu

próprio povo e enviada para longe de casa. Ela nunca seria capaz de retornar à Terra.

Ela tentou pensar nas possíveis consequências de dormir com um alienígena enquanto

os segundos passavam, enquanto Crath esperava por sua resposta. E ele esperou.

Pacientemente. Isso provava que ele não era um idiota, pelo menos.

— Ok. — Ela finalmente decidiu.

Ele sorriu largo o suficiente para mostrar seus dentes alienígenas. Eles eram bons e

retos, mas as presas eram um pouco assustadoras. Ela se lembrou do que ele disse sobre

Nara. A mulher realmente teria se casado com um alienígena se ele a machucasse?

Provavelmente não. Pelo menos, ela esperava que sim.

— Você vai gostar disso. — Crath murmurou. — Minha palavra de honra.

Kelsey ficou tensa quando ele de repente levantou dela e separou seus corpos. Ele

recuou e abaixou-se em direção aos pés dela, lentamente. Ela instantaneamente se

sentiu um pouco constrangida enquanto o olhar dele percorria seu corpo, absorvendo

cada centímetro. Ele era o primeiro homem que a via nua. Ela estava em boa forma, mas

seu corpo não era ideal para os padrões da Terra.

— Você é linda, mas de aparência tão delicada.


Isso a fez quase rir. — Sou um pouco musculosa em comparação a maioria das

mulheres. Eu usava a academia no trabalho todas as manhãs e lutava com outros

oficiais para ajudar a manter nossas habilidades de luta afiadas.

— Sua espécie ainda é muito menor do que a maioria dos alienígenas.

Ela correu o olhar pelo corpo dele, onde ele estava agachado de quatro sobre as

pernas dela. A visão de seu pênis a fez ofegar uma respiração afiada. Parecia humano

também... mas maior em tamanho. Mais grosso. A maior parte estava sombreada por

seu corpo, mas ela teve um vislumbre suficiente. — Isso não vai caber dentro de mim.

Eita. Você é enorme!

Ele riu. — Nara é menor do que você. Meu irmão é um pouco maior do que eu em

massa corporal. — Diversão brilhou em seus olhos. — Meus irmãos me chamam de

nanico da nossa ninhada. Vai tudo ficar bem. Por enquanto, eu só quero me alimentar

de você. Ande e abra as coxas. Me dê acesso.

Ela engoliu em seco. Aparentemente, os alienígenas não faziam preliminares. — Eu

tive meu cabelo permanentemente removido lá. Foi meu presente de aniversário para

mim mesmo, três anos atrás. Só para você saber, se você está ciente de como as

mulheres da Terra geralmente se parecem sem roupas. — Ela estava balbuciando.

Grande momento.

— Abra para mim, Kelsey. — Sua voz se aprofundou. — Não há nada a temer.
— Certo. — O frio da caverna começou a se infiltrar, agora que seu corpo

superquente não estava grudado no dela. Ele pareceu notar que seus mamilos estavam

inchados de frio, já que seu olhar estava fixo em seus seios.

— Kelsey, por favor, confie em mim.

— OK. — Ela ia fazer isso. Muitas coisas a assustaram em sua vida... como ficar

totalmente sozinha no mundo depois que sua mãe morreu. Mas desde que se tornou

uma oficial, ela tendia a correr para o perigo em vez de se dar tempo para pensar. Com

esse pensamento em mente, ela moveu cuidadosamente as pernas debaixo dele e as

abriu bem, dobrando os joelhos.

Um rosnado baixo veio de Crath. Ela observou seu rosto enquanto ele olhava para

sua boceta exposta. Ele lambeu os lábios e ajustou seu corpo, movendo-se entre os pés

dela. Então ele abaixou.

Foi quando ela perdeu a coragem e fechou os olhos. Ela só esperava que os corpos

humanos não fossem repulsivos para ele. Ela precisou cerrar os dentes para evitar

perguntar a ele como ela diferia das mulheres Tryleskianas.

As mãos de Crath, grandes e quentes, seguraram firmemente a parte interna de

suas coxas. Ele gentilmente empurrou as pernas dela para cima e mais afastadas. —

Linda. — Ele rosnou.

Essa foi a única coisa que ele disse antes de lamber sua fenda.
A sensação de sua língua molhada e ligeiramente texturizada a fez ofegar. Ele

explorou suas dobras, outro grunhido vindo dele, então ele se moveu para cima e se

concentrou em seu clitóris, adicionando pressão. O que quer que estivesse fazendo com

a língua era maravilhoso. Movia-se rapidamente para cima e para baixo, esfregando seu

clitóris, arrancando sua capacidade de pensar.

Kelsey agarrou os joelhos e gemeu. O prazer era quase dolorosamente intenso. Ele

começou a rosnar, e isso acrescentou vibrações.

Seus olhos se abriram e ela olhou para o teto sombrio da caverna, todos os tipos de

ruídos vindo dela agora. Ela não se importava. Havia apenas Crath e sua língua

fazendo coisas incríveis em seu corpo.

Um forte orgasmo a percorreu, fazendo-a gritar.

Ele fez um som de ronronar estrondoso e soltou seu clitóris. A sensação de sua

língua empurrando dentro de sua boceta a fez gemer novamente, ainda mais alto.

Parecia grande e grossa quando ele começou a fodê-la em golpes longos. Sua língua lhe

dava mais prazer do que qualquer um de seus brinquedos.

Crath retirou-se de sua vagina e se concentrou em seu clitóris novamente. Kelsey

tentou se afastar, porque ela se sentia muito sensível e crua, mas as mãos de Crath

mantiveram suas coxas abertas. Ele a tinha presa sob sua boca. Ele rosnou

continuamente, mantendo as fortes vibrações enquanto sua língua trabalhava contra

seu clitóris.
Kelsey resistiu e gemeu quando o prazer aumentou novamente. Sua mente brilhou

com o pensamento de que ele iria matá-la, mas era um caminho e tanto.

Ele foi impiedoso até arrancar dela outro clímax. Foi brutal em sua intensidade. Ela

quase gritou dessa vez.

Crath arrancou sua boca de seu clitóris e seu aperto em suas coxas diminuiu. De

repente, ele se moveu, rápido, descendo sobre ela e prendendo a parte superior de seu

corpo entre o peito e os braços. Kelsey olhou em seus olhos, ofegante. Ela não conseguia

nem formar palavras enquanto seu corpo relaxava depois disso. Crath, enquanto isso,

parecia um pouco enlouquecido.

— Eu quero entrar em você. Posso reivindicá-la, Kelsey?

Ela mal registrou suas palavras, mas entendeu a essência delas. Ele conseguiu

causar um curto-circuito no cérebro dela em uma névoa de endorfinas de bem-estar. Ela

soltou os joelhos e assentiu. Ela queria senti-lo dentro dela.

Crath levantou um braço, equilibrou-se, e então estendeu a mão entre eles. — Eu

não me alimentei depois da segunda vez, para ter certeza de que você está preparada

para mim. — Sua voz saiu áspera e profunda. — Vou devagar.

Ele ajustou seu pênis, e ela o sentiu pressioná-lo contra sua fenda, esfregando para

cima e para baixo. Ela estava encharcada de gozar duas vezes. Ele encontrou sua

entrada, pressionou a larga ponta contra ela... e começou a empurrar para dentro.
Ela jogou a cabeça para trás, gemendo. As mãos dela agarraram o topo dos ombros

dele. Ela precisava se segurar em algo... qualquer coisa. Seu corpo se esticou para tomá-

lo e ele deve ter liberado seu pênis, porque a mão que não o segurava de repente

segurou o lado de seu rosto.

Então sua boca desceu sobre a dela.

Crath tinha lábios macios e usou a ponta da língua para provocar a costura da boca

dela. Ela se abriu para ele. Ela sabia que as pessoas tocavam línguas, sabia como era

chamado. Esse era o seu único conhecimento sobre beijos, já que até então evitava

intimidade com homens.

Ele rapidamente ensinou a ela que um beijo era muito mais do que simplesmente

tocar línguas. Cada golpe de sua língua contra a dela era erótico e excitante, e fazia seu

corpo responder. A sensação dele afundando lentamente dentro de seu corpo era tão

boa, que ela percebeu que tinha enrolado as pernas em volta da cintura dele, tentando

trazê-lo para mais perto.

Ela cravou as unhas em sua pele, segurando-o com mais força. Sexo era algo que

ela sempre temera pensar, mas a realidade era incrível. Como nada que já sonhou.

Kelsey gemeu contra sua língua e ergueu os quadris, querendo mais.

Ele afundou em seu corpo profundamente, até que ela sentiu como se eles se

tornassem um.

Crath começou a retirar seu pênis e ela quebrou o beijo. — Não!


Ele congelou, seus olhares se encontraram.

— Não pare! É tão bom ter você dentro de mim.

Não havia diversão em seus olhos agora. Eles quase tinham um brilho predatório.

— Não vou parar. Estou ajudando você a se ajustar a mim. Você é muito apertada. Não

quero te machucar.

— Não se preocupe. — Ela tentou recuperar o fôlego. — Apenas faça isso como

faria normalmente. Eu amei tudo até agora.

— Minha Kelsey. — Ele rosnou. Então a beijou novamente, devorando sua boca.

Mais de seu peso desceu, prendendo-a debaixo dele. Ele dirigiu de volta para ela

profundamente com seu pênis e começou a fodê-la com força. Ela gritou de prazer

contra a língua dele e se perdeu em tudo, menos no que Crath estava fazendo com seu

corpo.

Outro orgasmo a percorreu em poucos minutos, e Crath rosnou, separando sua

boca da dela. Então ela sentiu um calor quente jorrando dentro dela enquanto os

quadris dele se moviam violentamente no berço de suas coxas.


Capítulo Dez
Crath cuidadosamente evitou que seu peso esmagasse Kelsey enquanto se

recuperava de derramar sua semente inativa dentro de seu corpo suculento. Ele sempre

soube que os humanos eram especiais, já que seus irmãos de ninhada e primo tinham a

vida ligada a eles. Todas as suas suposições estavam corretas.

Ele prendeu a respiração e estudou seu rosto. Os olhos de Kelsey estavam

fechados, suas feições coradas, mas um pequeno sorriso curvava seus lábios. Ela abriu

os olhos, e ele sentiu alívio quando ela o encarou com admiração.

O orgulho cresceu dentro dele. Ele não machucou Kelsey de forma alguma e

mostrou a ela porque ela deveria ser dele. Crath sabia que sempre daria o que ela

precisava e queria.

— Puta merda, isso foi mil vezes melhor do que qualquer coisa que eu já ouvi falar.

Seu elogio o fez sorrir. — A alimentação é boa, sim?

Ela assentiu com a cabeça e soltou seus ombros, passando levemente as mãos pelos

lados de seus braços. — Da próxima vez, me dê algum tempo de recuperação. Eu estava

muito sensível quando você foi para mim de novo. Não que eu esteja reclamando,

porque oh meu Deus … mas foi como uma tortura e prazer.

Ele contemplou suas palavras. — Eu machuquei você?

— Das melhores maneiras.


Ele não gostou disso.

Ela deve ter lido sua preocupação em sua expressão porque ela estendeu a mão e

passou os dedos ao longo de sua bochecha e até sua mandíbula. — Sério, isso foi

incrível. Eu não tenho queixas. Foi simplesmente esmagador. Você explodiu minha

mente. Isso é ótimo. — Ela fez uma pausa. — Você ainda está duro dentro de mim. Você

gozou, certo? — Suas bochechas ficaram rosadas. — A menos que toda essa umidade

que sinto seja só de mim.

— Eu semeei você bem. — Ele deixou suas preocupações irem embora. Sua fêmea

estava satisfeita. — Eu só queria estar no meu cio e fosse frutífero. Estou ansioso para

quando chegar, para que eu possa viver entre suas coxas por dias. Eu ainda vou me

alimentar de você diariamente até então. Eu amo seu gosto. — Essa foi outra coisa que

ele aprendeu sobre os humanos. Seus hormônios eram viciantes. Ele já queria se

alimentar de Kelsey novamente e lambeu os lábios em antecipação.

Os olhos de Kelsey se arregalaram. Ela abriu a boca como se fosse falar, então a

fechou.

— O que foi, minha Kelsey? Você pode dizer qualquer coisa para mim.

— Isso significa que você gostou de sexo entre nós tanto quanto eu? Desculpe. Eu

sou... nova nisso. — Suas bochechas ficaram rosadas novamente.

Ele achava esse traço humano atraente. Eles chamavam de corar. Alguns dos

humanos faziam isso quando sentiam vergonha ou timidez. — Você não deveria ter que
perguntar. Eu reivindiquei você, minha Kelsey. — Ele sabia que os humanos não

formavam laços tão rapidamente quanto outras raças alienígenas. Crath decidiu ser

franco com sua fêmea. — Vou me casar com você para o resto da vida e enchê-la de

ninhada quando chegar o meu cio. Criaremos nossos filhos juntos.

Ela o encarou em silêncio.

— Faremos isso quando The Vorge nos resgatar. É uma cirurgia pequena e indolor.

O androide médico retirará um... — Ele teve que pensar na palavra humana. —

Glândula do meu peito e implantar no seu. Isso fará com que você carregue meu cheiro.

Todo homem saberá que nunca deve fazer mal a você ou eu os matarei. Você é a única

mulher que eu vou querer para o resto da minha vida. Outros humanos têm vida

bloqueada para Tryleskians. Essas fêmeas não tiveram problemas para receber a

glândula em seus corpos. Nossas raças são muito compatíveis em todos os aspectos.

Kelsey ainda permaneceu em silêncio.

Ele sentiu a respiração dela aumentar, já que ele ainda estava pressionado contra

ela. — Serei um excelente marido para você e sempre a manterei segura. Você não vai

querer nada, minha Kelsey.

Ela abriu a boca novamente. — Bem desse jeito? Fizemos sexo e agora você me

possui? Achei que estava livre.

— Você está.

— Realmente? Você me perguntou se eu queria me casar com você?


Crath rapidamente percebeu seu erro. Nara lhe deu muitos conselhos, mas ele foi

pego no momento. — Peço desculpas. Vou esperar até que sejamos resgatados e fazer

seu ritual humano personalizado de replicar para você um anel brilhante e me ajoelhar

para pedir que se torne minha esposa.

— Bem desse jeito? Você mal me conhece. Todos os alienígenas são loucos ou é só

você? Não podemos nos casar. Acabamos de nos conhecer!

Ele sorriu. — Você não está mais na Terra, e eu fui educado em sua cultura. A

maioria de seus homens não tem mais esposas ou espera anos antes de decidir se

comprometer. E muitas vezes não é para toda a vida. Sua raça tem muitos divórcios.

Tryleskianos não. Sou muito melhor de um de seus machos. Eu sei o que quero, e o que

quero é você. Eu não te possuo, minha Kelsey. Você me possui. Eu sou seu tanto quanto

você é minha. Vou passar todos os dias provando a você que sou o homem certo para te

fazer feliz.

Ela o encarou um pouco mais.

Ele decidiu lembrá-la de quanto prazer poderia lhe dar e planejou se alimentar dela

novamente. Ele se inclinou para beijá-la, mas foi interrompido por um estrondo alto.

— Que diabos? — Kelsey gritou, parecendo em pânico.

Ele não era. — The Vorge chegou. — Ele odiava se vestir, mas sua família viria

logo. Ele se separou de Kelsey com pesar e se levantou. Então se curvou, oferecendo-lhe
a mão para ajudá-la a se levantar do chão. Ele deu mais uma olhada em seu corpo

sensual. Ele mal podia esperar para levá-la para sua cama dentro de sua cabine.

Ela agarrou sua mão, e ele gentilmente a puxou para seus pés. Crath a soltou,

pegou a camisa e passou para ela. — Vista isso. Eu não quero que nenhum outro veja

você nua. Sua beleza é muito atraente.

Ela fez um barulho estranho ao vestir a camisa dele. Ele vestiu as calças e sentou no

chão para calçar as botas. Ele realmente gostaria de ter alguns para Kelsey.

— E se forem os Cristos?

Ele checou sua pulseira. O bloqueador de sinal permaneceu ativo. Ele desligou.

Seus companheiros de ninhada os localizariam facilmente mais cedo dessa maneira. —

Não são. São eles dizendo que chegaram. Eles sabiam que eu esconderia nossos sinais

de vida. O Vorge teria escaneado os destroços do ônibus espacial abatido e chegado

perto desse local. Eles liberaram plasma na atmosfera e o inflamaram. É inofensivo, mas

alto. Esse é o nosso sinal.

— Como você pode ter certeza?

Ele admirou a maneira como sua camisa ficava nela. Era muito grande, mas cobria

os belos seios de Kelsey e descia até as coxas macias, quase até os joelhos. — Cavas,

meu irmão de ninhada mais velho, costumava ser militar. Ele ficou preocupado depois

da última vez que fui capturado e repassou os planos comigo se eu tivesse problemas

novamente. Eles sabem sobre minha pulseira e o que ela pode fazer. Ele explicou que é
isso que eles fariam se eu precisasse me esconder até que eles pudessem me alcançar. —

Ele sorriu. — Sou grato por não ter causado um grande incêndio. Essa era a opção se

minha pulseira fosse danificada ou roubada.

Kelsey se aproximou, mas olhou para as paredes da caverna e o teto. — E se a

rocha aqui for muito grossa para eles receberem um sinal?

— Temos tecnologia avançada. Eles vão nos encontrar, minha Kelsey.

— Seu sofisticado relógio de pulso vem com um telefone celular embutido para que

você possa falar com eles?

— Eu entendo o que você quer dizer. Infelizmente, não tem essa capacidade.

— Como eles vão nos tirar daqui?

Ele abriu a boca para dizer a ela, mas o chão sob eles vibrou um pouco. Foi um

pequeno tremor. Pedaços de pedras caíram ao redor deles, alguns deles espirrando na

água. Kelsey engasgou.

Crath se moveu rapidamente para agarrá-la, puxou-a contra seu corpo e a protegeu

o máximo possível. — Desse jeito. A última vez que The Vorge veio atrás de mim, eu

também estava preso dentro de uma montanha. Atualizamos nosso equipamento desde

então, caso isso aconteça novamente. Por isso eu sempre soube que eles seriam capazes

de nos alcançar mais profundamente lá dentro. Agora temos uma maneira de escanear

o interior de grandes massas e cortar a rocha.


Ela passou os braços firmemente em volta da cintura dele. — Derrubando a

caverna ao nosso redor? Nós vamos morrer!

— Não vamos. Isso foi uma varredura fracking. Fique parada e não se mova.

— Uma o quê?

— Eles localizaram nossos sinais de vida, mas perceberam que não estamos na

superfície. Foram eles fazendo uma varredura do que está no subsolo. Eles vão fazer

mais uma em...—

O chão tremeu novamente, mas não foi tão forte. — Prepare-se. — Ele terminou. —

O primeiro mapeou nossa localização. A segunda era ter certeza de que saberíamos

ficar no lugar e não nos movemos desde a primeira varredura. Agora eles vão abrir uma

brecha para nos alcançar.

Kelsey enterrou o rosto no peito dele. — Vocês são todos loucos! Esta maldita

caverna vai desmoronar. Seremos esmagados até a morte!

Ele riu, divertido. — Nossa tecnologia é muito mais avançada. Prepare-se para

ouvir um som alto e irritante. Não se mexa. — Para ter certeza, ele envolveu Kelsey com

mais força para evitar que ela entrasse em pânico.

O gemido agudo o fez estremecer quando soou. — Feche os olhos! — Ele gritou

acima do barulho, protegendo seus próprios olhos. O laser usado para abrir um buraco

na superfície seria ofuscante. Ele levantou uma mão para proteger o rosto de Kelsey

caso ela não seguisse sua ordem.


Ele podia ver a luz mesmo através de suas pálpebras fechadas. Um leve cheiro de

queimado e poeira encheram seu nariz. O barulho parou segundos depois, e ele abriu os

olhos, vendo o que havia acontecido. Não havia luz brilhante vindo de lugar nenhum.

Isso o confundiu por um momento. Os lasers atualizados do Vorge deveriam ser

capazes de cortar a montanha...

O ar fresco entrou na caverna e então ele viu um lampejo de luz azul. Vinha do

telhado sobre a água empoçada.

Kelsey afastou o rosto do peito dele e virou a cabeça. — O que é aquilo?

— Não tenho certeza.

De repente, algo grande caiu na caverna, pendurado no teto. Ele riu quando

identificou o homem azul vestindo um macacão preto. — York!

O macho abaixou mais alguns pés, acendeu uma luz pálida que rodeava seu corpo

e os localizou com o olhar. — Estou aqui. A água é segura ou existem criaturas

perigosas?

— Parecia ser segura quando estávamos nela! — Crath gritou.

— Então nade até mim. Vou ter que levantar cada um de vocês. Cavas está

pilotando o ônibus espacial ao qual estou ligado. — York estendeu a mão e tocou sua

orelha. — Eu tenho Crath e a humana. Ambos parecem quase ilesos. Vou levar a fêmea

primeiro e informá-lo quando a tiver segura.


Crath não gostou desse plano. — Você não pode abrir outro buraco onde não

precisamos entrar na água?

— Essa era a opção mais segura. — Respondeu York. — Tivemos que perfurar um

grande pedaço de rocha sólida para evitar que ela desmoronasse sobre vocês. A seção

onde você está não é tão estável. Mande a fêmea nadar até mim. — York fez algo com o

arnês que usava e inclinou-se para a frente até ficar pendurado de cabeça para baixo, a

apenas alguns metros da superfície da água. — Faça com que ela venha até mim e eu a

levarei para fora. Se você tiver sorte, eu voltarei para você.

Crath sabia que o Parri estava brincando, mas Kelsey ficou tensa em seus braços.

Ele imediatamente a acalmou. — Esse é York. Ele é um Parri que acredita ser muito

bem-humorado. Ele vai voltar para mim. Nade até ele.

Ela ainda hesitava.

Crath a soltou e assentiu. — York é um homem honrado com uma esposa humana.

Você está segura, minha Kelsey. Nade até ele. Sei que a água está fria, mas vamos

aquecê-la logo.

— Não temos muito tempo! — Gritou York. — Tivemos que tirar uma embarcação

de Cristos e havia vestígios indicando que mais pessoas estiveram nesta área

recentemente. É possível que aqueles que matamos tenham recebido um sinal de

socorro.

— Vá. — Crath ordenou.


Kelsey murmurou algo baixinho, mas então ela entrou na água com um splash.

Crath ficou tentado a se despir, mas não queria abandonar suas roupas na caverna. Ele

observou como sua fêmea chegou a York, pisando na água.

— O que agora? — Ela perguntou, assim como York estendeu a mão para ela.

— Me dê seus braços, fêmea. Você está segura. Eu vou te agarrar e travar. Não se

preocupe. Todos os nossos equipamentos são seguros. Temos uma tecnologia muito

mais avançada do que a sua Terra.

— Então eu continuo ouvindo. — Kelsey parecia zangada, mas estendeu o braço

para York.

O macho a agarrou pelo cotovelo e a ergueu um pouco para fora da água. Ele usou

a outra mão para agarrar o braço dela do outro lado. — Eu a peguei, Cavas. Puxe-nos.

— Você não vai me prender? — Kelsey gritou quando ela e York foram

rapidamente puxados para cima.

Crath rosnou, mergulhando na água. Ele nadou até onde Kelsey estava e olhou

para o grande buraco no teto da caverna. Ele viu estrelas à distância. Isso explicava por

que não tinha visto a luz do dia. Já era noite no planeta.

Ele pisou na água, esperando impacientemente. York de repente baixou desde os

primeiros minutos depois e sorriu para ele. — Ela está segura. Você está pronto para

dar uma volta? Estou feliz por fazer parte deste resgate para ver nossa tecnologia
atualizada em ação. Cavas está com um pouco de inveja porque chegar até você em

uma caverna é muito mais fácil desta vez.

— Leve-me para a minha fêmea. — Crath ergueu a mão em direção ao Parri.

York virou de cabeça para baixo novamente. O macho agarrou seu antebraço e

Crath sentiu o forte vínculo que se formou onde eles se tocaram. O macho obviamente

usava restrições Kippy, tecnologia criada para literalmente prender prisioneiros juntos

com um campo de força invisível através do toque. Crath ergueu o outro braço,

prendendo-o ao de York.

— Onde você conseguiu restrições Kippy?

York riu. — Marrow possuía algumas. Comprei-os dela para mostrar à minha Sara

como funcionam. Ela acredita que eles são excêntricos. Isso significa sexualmente

atraente para ela. Nós travamos nossos corpos superiores uma vez.

— Eu não quero saber. Leve-me até minha fêmea.

— Você ouviu Crath! — York gritou. — Puxe-nos para cima, Cavas.

Houve um leve solavanco, e então Crath e York foram rapidamente puxados para

cima. Ele percebeu que a tripulação tinha que atravessar pelo menos três metros de

rocha sólida. Eles estavam no ar em segundos, dando a Crath uma visão do planeta à

noite e do ônibus espacial acima. Era um de seus transportes para suprimentos. A parte

de trás estava aberta, com um guindaste se estendendo para fora ao qual York estava

preso. Ele os puxou para a porta do ônibus que levava à área de carga.
— Cuidado com os pés. — Alertou York.

Crath ergueu as pernas quando o guindaste as balançou para dentro da nave. Ele

estava grato por ter escutado ou suas pernas teriam se esmagado contra o chão ao

entrar. Eles pararam, balançando um pouco com o movimento. As amarras foram

liberadas. Crath caiu de bunda, mas não importava. Ele se levantou rapidamente

quando York girou seu corpo para cima e então começou a se soltar dos cabos. Tudo o

que importava era sua Kelsey.

Ela se sentou encolhida no canto mais distante com um cobertor enrolado em volta

dela. Ele chegou ao lado dela e se agachou. Ela fazia pequenos ruídos de tagarelice com

a boca e não parecia bem para ele. — Você se machucou?

— Apenas... frio. E... enjoada. Nunca... trabalhei em um... circo. Agora... nunca

quero.

Crath ignorou seu próprio desconforto com as calças molhadas e pegou seu salva-

vidas, pegando-a com cuidado. Suas palavras não faziam sentido para ele. Ele ouviu o

guindaste se retrair e as portas externas de carga seladas. York correu na frente dele e

abriu a porta que separava a seção de carga da estação do piloto.

Crath odiou que eles estivessem em uma nave de carga. Tinha um banheiro, mas

não um que ele desejasse levar Kelsey. Seria muito apertado para os dois e não continha

chuveiro. Ele encontrou o olhar de Cavas. Seu irmão de ninhada estava sentado nos

controles e virou a cabeça para vê-los entrar.


— Onde está The Vorge? — Crath ocupou o único outro assento, envolvendo

Kelsey com mais força em seus braços enquanto a ajustava em seu colo. — Ela precisa

do androide médico e de um banho quente.

— É bom ver você também. — Cavas olhou para frente. — Seus agradecimentos

por vir atrás de você são profundamente apreciados.

Crath rosnou, acariciando a cabeça de Kelsey com o rosto. Ele não estava de bom

humor para apreciar a tentativa de humor de seu irmão de ninhada.

York se agachou entre os dois assentos na estação de pilotagem. — The Vorge

entrou na montanha para alcançá-lo, mas era muito grande para pairar e puxar vocês

dois para fora. Isso exigia a precisão de uma embarcação menor.

— Espere. — Cavas ordenou. — Estamos saindo daqui. Os sensores estão

mostrando os habitantes do planeta subindo a montanha em direção à nossa

localização. Estamos muito alto para eles alcançarem, a menos que possam voar.

Estaremos de volta com The Vorge em minutos. Quase todo mundo está de prontidão

para ajudar a humana.

— Minha Kelsey. — Crath informou aos dois machos.

Seu irmão de ninhada lançou-lhe um sorriso. Crath olhou para Kelsey. Ela

permaneceu imóvel em seus braços. Isso o alarmou muito. — York!


O Parri se apoiou na lateral do assento de Cavas e puxou o cobertor do rosto de

Kelsey para ver como ela estava. — Seus olhos estão fechados, seus lábios estão um

pouco azuis, mas ela está respirando. Acho que ela desmaiou.

— Leve-nos para The Vorge! — Crath exigiu. — Agora!

— Estamos quase lá. — Cavas concentrou-se nos controles, buscando comunicações

abertas. — Estamos chegando rápido. Tenha o androide médico ativado. O ser humano

precisa disso.

Cathian respondeu. — Nara e Dovis estão esperando no compartimento de

transporte.

Crath ficou aliviado quando chegaram a The Vorge. A nave muito maior não havia

deixado o planeta, mas permaneceu em alta altitude. As portas do compartimento de

transporte estavam escancaradas e ele viu Dovis e Nara lá dentro.

Seu irmão de ninhada pousou a lançadeira de carga com apenas um solavanco e

Crath se levantou. York correu na frente dele, abrindo a porta lateral e a rampa

estendida automaticamente. Crath saiu furioso da nave com Kelsey em seus braços.

Nara o alcançou primeiro. — Como ela está? Ela está ferida?

Crath correu para a frente. — Kelsey vai ficar bem. Ela está com frio.

Dovis foi na frente e abriu as portas do corredor interno. — Você precisa que eu a

carregue?
— Ela é minha. — Crath rosnou. Ele sabia que o macho estava apenas tentando ser

útil e imediatamente se arrependeu das palavras. Só que seus instintos protetores

estavam entrando em ação. — Nara? Minha Kelsey vai precisar de roupas em breve. Por

favor, cuide disso agora.

— Eu irei até o replicador. — Nara disse. — Vou tirar as medidas dela do androide

assim que ela for escaneada.

Mari esperou no elevador, as portas já abertas. Crath correu para dentro. —

Androide médico.

Mari ativou o elevador. — Quão ruim ela está? Fiquei tão preocupada quando

recebemos sua mensagem e percebemos que você teria que cair em um planeta.

Chegamos aqui o mais rápido possível.

O elevador parou e quando abriu, Raff estava lá. Seu primo fez sinal para ele seguir

em frente. — Lilly tem o androide ativado. Vá.

Crath correu para frente, evitando sacudir a fêmea em seus braços tanto quanto

possível. As portas já estavam abertas e Lilly ficou lá para impedi-las de fechar. Ele

sabia que todos o seguiam. Ele gentilmente colocou Kelsey na cama médica e recuou. —

Prossiga, androide. — Ele ordenou.

A cama se iluminou, as varreduras foram ativadas e o androide se moveu para o

outro lado da cama para obter melhor acesso a Kelsey. Alguém agarrou seu ombro.

Crath desviou o olhar de sua fêmea para encarar o olhar preocupado de Cavas.
— Você está ferido?

— Eu estou bem. — Ele levou um segundo para olhar para York, Raff, Lilly, Mari e

Dovis.

— Onde estão Cathian, Jill e Sara?

— Na ponte. — Dovis o informou. — Eles estão procurando por qualquer

assinatura da nave Cristos em scanners de longo alcance enquanto pilotam com

Cathian. Não se preocupe em perguntar sobre Midgel ou os Pods. — Ele riu.

O tímido cozinheiro evitava a maior parte da tripulação, a menos que fosse hora de

servir as refeições. Os Pods estariam monitorando mentalmente todos. — E Marrow?

Ela foi capaz de resgatar a fêmea Titã da minha Kelsey?

Cavas rosnou baixinho. — Não temos notícias dela.

Isso alarmou Crath. — Nenhuma?

— Não. Vamos procurar por Marrow a seguir, mas você era uma prioridade, pois

sabíamos que estava em perigo com sua humana depois de receber sua mensagem.

Raff fez uma careta. — Eu vou para a ponte para começar a fazer mais varreduras

para o navio negreiro que Marrow colocou a bordo para resgatar a fêmea Titã. — Ele

saiu rapidamente.

A cama médica zumbiu e uma capa protetora baixou, protegendo Kelsey de sua

visão. Crath queria correr para chegar até ela, mas o androide o deteve quando falou.
— O paciente está sendo tratado por uma temperatura corporal abaixo do normal e

uma leve desidratação. Fazendo exames de sangue agora. Até o momento, nenhuma

anormalidade foi encontrada. Sedei temporariamente a paciente para mantê-la calma

durante os procedimentos. A fêmea está sendo despojada de suas roupas. Por favor,

remova todos os homens da sala. A programação declara que a ação é apropriada. A

notificação será enviada quando o paciente estiver estabilizado.

— Eu não vou embora. — Crath odiava não poder ver Kelsey através da cobertura

protetora, mesmo que isso lhe desse o calor de que ela precisava ao fechar a cama

médica.

Cavas apertou seu ombro. — Você ouviu o androide. Ela está sedada. Lilly e Mari

permanecerão aqui. Nara está fazendo com que suas roupas femininas sejam replicadas.

Vá tomar banho, coloque uma roupa seca e volte depois.

Ainda assim, Crath hesitou.

Mari se aproximou dele. — Nós vamos ficar bem aqui. Você está encharcado,

Crath. Tem uma poça se formando embaixo de você.

Ele rosnou baixo em frustração. — Volto rapidinho. — Ele fugiu e os machos

restantes ficaram com ele até seus aposentos, até mesmo seguindo-o para dentro.

— Ela concordou em ser sua? — York se sentou em seu sofá.

— Sim. — Crath despido. — O nome dela é Kelsey. Ela era uma agente de

aplicação da lei na Terra.


— Que bom que vocês dois são buscadores da justiça. — Dovis pegou as calças e

botas molhadas descartadas de Crath, levando-as para a lavanderia.

— Vou pegar uma bebida nutritiva para você. — York levantou-se novamente,

movendo-se em direção ao seu replicador de comida.

— Estou grato por vocês dois estarem bem. Estávamos todos preocupados. —

Cavas o seguiu diretamente para o chuveiro, parando a poucos metros de distância. —

Ela concordou em ser sua companheira de vida?

A água morna batendo na pele de Crath era boa. — Kelsey é minha. Mas ela é..

humana.

Cavas riu. — Não diga mais. Você vai convencê-la. Eu não tenho dúvidas.

— Eu vou. — Crath estava determinado.


Capítulo Onze
Kelsey acordou dentro de uma sauna. Pelo menos essa foi sua primeira impressão.

O ar estava super quente. Ela abriu os olhos para olhar para o que parecia ser uma

espécie de teto de plástico alguns metros acima de sua cabeça. Lentamente, outros

detalhes foram assimilados. Ela estava deitada em uma superfície emborrachada - e

estava completamente nua.

O pânico atingiu.

— Fêmea, fique calma. — Ordenou uma voz robótica. — Você está no The Vorge e

sendo tratada em nossa cama médica. O ciclo está quase completo.

Memórias inundaram de volta em um flash. A última coisa que Kelsey lembrava

era de estar no colo de Crath, enrolada em um cobertor, tentando se aquecer e sentindo-

se mal do estômago.

Não era um mistério por que ela se sentia assim. O grande alienígena azul a

agarrou da água, uma sensação estranha, quase como se estivesse em choque, sacudiu

ambos os braços, para depois serem rapidamente puxados para cima dezenas de pés. Se

isso não fosse ruim o suficiente, uma vez que pararam, foram jogados para o lado. As

luzes brilhantes a cegaram, e foi aí que a sensação eletrificada se desligou. Ela caiu em

uma superfície dura e implacável, de bunda primeiro.


— Tem um cobertor. — Dissera o alienígena azul. — Embrulhe-se e sente-se no

canto, longe do guindaste. Você está segura. Vou atrás de Crath agora.

Ela se ajustou à iluminação brilhante o suficiente para observar o alienígena sendo

afastado e saindo pela parte de trás da nave aberta, desaparecendo rapidamente. Ela

ficou chocada ao perceber que ele estava preso ao que parecia ser um mini guindaste

por apenas um cabo superfino. A porta do compartimento era enorme e estava

escancarada, e ela com medo de cair, apesar de estar a cerca de dois metros e meio de

distância. O que aconteceria se a nave se movesse repentinamente? Eles percorreram

um longo caminho desde o solo para alcançar a nave alienígena pairando no ar. Uma

queda da nave iria matá-la.

Kelsey avistou um cobertor metálico dobrado no chão junto à parede dos fundos e

tentou se levantar. A tontura a atingiu e ela tremeu com força por causa do frio. Seu

corpo parecia gelo. O vento que soprava da porta da nave alienígena não ajudava em

sua situação. Ela se arrastou até o cobertor, conseguiu abri-lo e se enrolou nele. A

vontade de vomitar era tão forte que ela poderia ter engasgado se seus dentes não

estivessem batendo muito forte.

Então Crath estava lá, pegando-a, movendo-se. Isso fez com que seu enjoo piorasse.

Kelsey percebeu que eles estavam seguros, porém, quando ele se sentou,

segurando-a com força, ela ouviu outras vozes masculinas. Eles pareciam ser sua

família. Foi quando ela deve ter desmaiado.


— Quem é você? — Ela tinha perguntas. — Onde está Crath?

A voz robótica respondeu instantaneamente. — Eu sou o androide médico

designado para The Vorge. Nara me chama de Dobs. Os machos receberam ordem de

sair.

— Olá, Kelsey. Esse é o seu nome, certo? — Era uma voz feminina. — Meu nome é

Lili. Você não está sozinha, ok? Eu sou da Terra. Humana também, só para ficar claro.

Mari está comigo. Ela é outra humana, mas foi criada no espaço. Crath foi tomar banho

e trocar de roupa porque estava encharcado. Ele estará aqui muito em breve. Você está

segura. Não tenha medo.

Kelsey processou tudo isso. — Por que estou em uma cápsula estranha?

— Você precisava de ajuda médica. — Lili fez uma pausa. — Suas roupas foram

removidas lá pelos braços androides embutidos na cama que te limparam antes de

iniciar o ciclo médico. Você foi selada por dentro até que a temperatura do seu corpo

fosse regulada. Também lhe proporcionou privacidade enquanto tudo isso acontecia.

A outra mulher com uma voz mais suave falou. — Eu programei o androide para

fechar a cama para mulheres da Terra, já que parece que a maioria de vocês não se sente

confortável com a nudez. Eu sou a mecânica. Mantenho tudo funcionando

perfeitamente.

Kelsey sentiu algumas de suas preocupações desaparecerem, agora que conhecia

sua situação. — Estou bem agora.


— Você estava inconsciente. — Lilly a lembrou. — Não está bem.

— Tenho estado sob muito estresse e não como há algum tempo. Acrescente o frio e

outras coisas...— Ela não iria expandir isso mais, admitindo ter feito sexo com Crath. —

E esse resgate foi um pouco chocante. Eu senti como se tivesse sido puxada para fora da

água e para cima centenas de metros em dois segundos. Isso me deixou enjoada. Ele

nem mesmo me atrelou a ele.

Uma das mulheres murmurou algo muito baixo para ouvir, mas então Lilly

levantou a voz. — Você tem nossas desculpas por isso. Tivemos que destruir uma nave

alienígena hostil quando entramos na atmosfera do planeta. Mais poderiam chegar a

qualquer momento se recebessem uma mensagem de emergência para suas outras

naves. Estávamos com pressa.

— Os Cristos são seres que praticamente todos os outros alienígenas evitam.

Qualquer fêmea de sangue quente corre o risco de ser sequestrada por eles e ser

eventualmente morta. — Mari informou a ela.

— Estou ciente. — Kelsey admitiu. — Então eles realmente engravidam as

mulheres com seus bebês, e depois que elas dão à luz, as matam?

— Sim. — Mari fez uma pausa. — Mas eles realmente põem ovos dentro de um

útero e eclodem semanas depois. Eu acho que se tornam bebês nesse ponto.
Kelsey tinha muito mais perguntas, mas uma a pressionou mais. — Crath disse que

alguém desta nave foi atrás da minha amigo Nexis. Ela é uma Titã. Ela está aqui? Posso

falar com ela?

Lilly respondeu. — Sinto muito, mas ainda não tivemos notícias de Marrow. Foi ela

quem foi atrás do traficante de escravos que comprou sua amiga no leilão. Esperamos

que ela entre em contato conosco em breve.

Isso preocupava muito Kelsey. — Um Parri a comprou. Nexis disse que eles não

iriam machucá-la. Ela estava errada? Ele é um criminoso conhecido?

— Não sabemos nada sobre o Parri que a comprou. — Admitiu Lilly. — Só porque

ele comprou alguém no leilão de escravos não significa necessariamente que é um cara

mau. Meu Raff também estava lá, tentando comprá-la, mas apenas para colocá-la em

segurança.

— Mas parece preocupante. — Mari hesitou. — Alguns Parri meio que perderam a

cabeça depois que seu mundo foi destruído. Independentemente disso, Marrow vai

recuperar sua amiga dele. Ela é uma Sarrin.

— Não sei o que é isso. — Kelsey sentiu frustração.

— Uma fêmea maior do que nós, musculosa, com pelo marrom fino cobrindo seu

corpo, e ela é uma grande moleca. Marrow adora lutar e ela é boa nisso. Ela briga com

York, que também é um Parri, o tempo todo e chuta o traseiro dele. Tenho certeza que

fará o mesmo com o cara que comprou sua amiga se ele for um cara mau.
— Você não deveria ter ouvido falar dela agora? Ao menos se está bem e tem

Nexis? — Kelsey tentou calcular quanto tempo deve ter passado desde que ela viu sua

amiga sendo levada pelo alienígena azul. — Faz pelo menos vinte e quatro horas, certo?

— Marrow entrou sorrateiramente em sua nave antes de partir daquela estação. —

Lilly compartilhou. — Se eu fosse ela, verificaria tudo primeiro para ver quantos estão a

bordo antes de fazer minha jogada. Tenho certeza de que Marrow está apenas sendo

cuidadosa. Ela é muito inteligente. Assim que tiver a situação sob controle, ela nos

enviará uma mensagem. Nós estaremos ouvindo algo sobre ela em breve. Eu tenho fé.

— Tratamento completo. — Declarou a voz robótica. — Não se assuste. Estou lhe

oferecendo roupas para garantir sua modéstia, mulher.

Um compartimento ao lado da cama se abriu de repente e um braço metálico se

ergueu, segurando roupas dobradas. Kelsey sentou-se lentamente e as aceitou. O braço

baixou, desaparecendo. Ela verificou as duas peças. Pareciam uniformes de hospital em

casa, só que pretos. O material era macio e elástico.

— Desculpe pelo que você tem que vestir agora. — Mari a informou. — Nara foi

replicar umas roupas mais legais para você, mas ela ainda não voltou. Pode levar algum

tempo para imprimi-las.

— Você imprime roupas? — Isso chocou Kelsey.


— Bem-vindo à sua nova vida com tecnologia alienígena avançada. — Isso veio de

Lilly. — É de arrasar. Embora, aviso justo, os estilos sejam limitados. Precisamos

carregar alguns padrões no replicador para ter mais opções disponíveis.

— Está na minha lista de coisas para atualizar. — Afirmou Mari.

Foi difícil se vestir na cama já que não havia muito espaço, mas Kelsey conseguiu.

Uma vez que estava de a camisa e calças de cintura elástica, a capa da cápsula se soltou

da cama e lentamente começou a subir. Kelsey estremeceu um pouco quando o que

parecia ser um ar muito mais frio invadiu o espaço quente. Então a capa se foi... e ela

olhou para duas mulheres humanas.

Uma delas tinha longos cabelos negros com mechas e olhos azuis. A outra mulher

era menor, com uma trança grossa de cabelos castanhos escuros extremamente longos e

olhos igualmente escuros.

Era bom ver outros humanos... e saber que Crath não mentiu para ela.

A de cabelo preto falou. — Eu sou Lilly. — Ela acenou para a outra. — Mari.

Estamos muito felizes por você estar aqui segura. Ficamos todos preocupados quando

você e Crath não se juntaram a Raff na nave depois do leilão.

— Então ficou pior quando sua mensagem chegou sobre ter que bater. — Mari deu

a ela um sorriso hesitante. — Devo avisá-la que meu companheiro parece assustador,

mas ele é muito legal. Dovis apenas rosna muito.

— Ele parece um lobisomem ereto dos filmes de terror da Terra.


O choque de Kelsey deve ter sido óbvio quando ela olhou para Lilly.

Ela assentiu. — Verdadeiramente. Dovis rosna muito, mas nunca machucaria você.

Conte com isso. Mas é um pouco perturbador na primeira vez que você o vê. — Ela fez

uma pausa como se estivesse pensando. — E nossa cozinheira parece uma mulher rato.

Midgel é super legal, mas extremamente tímida. Não leve para o lado pessoal se ela a

evitar. Ela não é uma pessoa sociável.

— OK. — Kelsey não tinha certeza de como responder.

— E você já conheceu York quando ele te puxou para fora da superfície. Ele é o

grande alienígena azul com aparência de vampiro. — Lilly apontou para sua boca. —

Presas. Daí o vampiro. Mas ele não bebe sangue. Suas veias estão seguras. — Ela sorriu.

Mari assentiu. — York é o oposto do meu companheiro.

— Opostos polares. York está sempre brincando e rindo. Dovis…— Lilly lançou a

Mari um olhar de desculpas. — Não está. Mas ele é um cara legal.

A porta do quarto se abriu então, e o alívio atingiu Kelsey com força quando ela

encontrou o olhar de Crath.

Ele correu para ela. — Fora! Todos vocês. — Ele passou os braços ao redor dela,

puxando-a para seu peito. Kelsey o abraçou de volta, feliz em ver que ele estava seguro

e bem. Eles sobreviveram a muita coisa juntos no último dia.

— A condição dela, androide? — Crath aliviou seu aperto sobre ela.

— Curada, mas precisando de nutrição e descanso. — Afirmou.


— Entendido. — Crath olhou para ela.

Kelsey ergueu o rosto. Seu cabelo estava molhado, sua roupa estava seca e ele

cheirava bem. Seu olhar azul fixou-se no dela.

— Eu mantive minha palavra. Eu sempre vou. Minha família e a equipe vieram nos

buscar.

— E realmente existem humanos aqui. — Acrescentou ela.

— Sim. Você conhecerá o resto em breve.

Kelsey se sentiu um pouco sobrecarregada com tudo que Mari e Lilly já haviam

contado a ela. — Podemos adiar isso um pouco? Estou cansada e com fome.

A preocupação suavizou suas feições. — Claro. — Ele limpou a garganta. — Abra

as comunicações em toda a nave, androide.

— Feito. — Afirmou.

— Limpem o caminho para minha cabine. Minha Kelsey precisa comer e dormir

antes de ser submetida a todos. Midgel, eu agradeceria muito se você pudesse preparar

uma boa refeição para nós e deixá-la em minha cabine. — Ele olhou por cima da cabeça

dela e assentiu.

— Comunicações desligadas. — Afirmou o androide.

— Eu sinto que seja rude se eu não falar com quem quer me conhecer. — Kelsey

confessou.
— Todos os humanos que resgatamos enfrentaram dificuldades e entenderão sua

necessidade de recuperação antes de exigirem toda a sua atenção.

Houve um toque suave. — Bem-vindo de volta, companheiro de ninhada. — Disse

uma voz masculina profunda aparentemente do nada. — Estou feliz que vocês dois

estão seguros. O caminho foi aberto e Midgel está preparando um banquete que deve

ser entregue em sua porta em cerca de vinte minutos. Avise os Pods se precisar de

alguma coisa. Aproveite o seu tempo sozinhos juntos.

Crath sorriu.

— Quem é esse? — Kelsey ainda olhou ao redor, percebendo que devia haver alto-

falantes escondidos em algum lugar da sala.

— Cathian, minha ninhada mais velha, e o embaixador de nosso mundo natal de

quem falei.

— Os Pods são algum tipo de dispositivo de comunicação?

— São três alienígenas que fazem parte da tripulação. — Ele riu. — Vamos discuti-

los mais tarde. Você precisa de comida e descanso, nessa ordem. Permita-me

acompanhá-la até nossa cabine.

Ela arqueou as sobrancelhas, pegando o que ele disse. — Nossa?

— Vou convencê-la a se casar comigo, minha Kelsey. Agora, vamos. A tripulação e

minha família já terão deixado esta área e evitarão nos encontrar.

— Eu ainda sinto que estamos sendo super rudes. Eles vieram atrás de nós.
— Todos eles entendem. — Crath assegurou.

-*-*-*-*-*-*-*-*-

Crath concentrou seus pensamentos nos Pods, pedindo-lhes que lembrassem a

Nara que sua Kelsey também precisaria de calçados. Ele a pegou nos braços e a

carregou para o corredor.

— Eu posso andar.

Ele balançou sua cabeça. — Você está descalça e o chão pode estar frio.

Ele gostava quando ela não discutia, mas em vez disso colocava os braços em volta

do pescoço dele. — Eu não sou pesada?

Ele riu. — Você é pequenininho e leve.

Ela bufou. — Talvez comparado a você.

Ele foi até o elevador e a levou para sua cabine. Cavas, York e Dovis o ajudaram a

limpá-la antes de partirem. Ele parou lá dentro, permitindo que ela desse uma boa

olhada na grande sala. O nervosismo atingiu, uma emoção desconhecida. Ele queria que

ela gostasse de sua casa atual para que ficasse com ele. — Esta é a nossa cabine.

Kelsey olhou ao redor da sala, absorvendo tudo. — É maior do que eu imaginava,

mas, novamente, eu realmente não conheço nada de alienígena.


Ele achou sua observação divertida. — Vou te mostrar como tudo funciona, mas

não agora. — Ele a carregou para sua grande cama e gentilmente a colocou nela. Então

ele se agachou, estudando seu rosto. — O androide médico curou tudo?

Ela inspecionou as mãos, depois esticou as costas com cuidado. — Sem mais

hematomas. Eu me sinto ótima. — Então ela pegou um pouco de seu cabelo e cheirou.

— Acho que até lavou meu cabelo.

— Nossa tecnologia é muito mais avançada do que você está acostumada.

— Então você continua mencionando. Até o médico robô foi incrível. Quase parece

uma pessoa. Temos alguns robôs na Terra, mas nada disso. Algumas lojas sofisticadas

têm manequins de robôs para suas roupas. Eles fazem poses.

— Não sei o que isso significa.

Kelsey cuidadosamente desviou um pouco para a direita e se levantou. Crath ficou

fascinado quando ela deu alguns passos para longe, virou-se e então sorriu para ele.

— Assim.— Ela abriu os pés descalços, inclinou dramaticamente o quadril para o

lado e plantou as mãos na cintura. — Os robôs de exibição têm uma programação muito

limitada. Eles se movem um pouco e podem dizer os tamanhos e preços disponíveis de

qualquer roupa ou acessório que estejam modelando. Mas é isso aí. — Ela mudou para

outra posição. — Posando. — Ela se moveu novamente, dobrando um pouco os joelhos

e jogando os braços para cima.

— Isso é estranho.
Kelsey se endireitou e abaixou os braços. — Não era como se eu pudesse comprar

nesses lugares, mas peguei muitos ladrões de lojas que o segurança da loja pegou em

flagrante.

— Eles tentaram levar a loja embora? Elas são muito pequenos?

Ela riu. — Um ladrão de lojas é como chamamos alguém que rouba coisas dentro

das lojas, como roupas, joias ou outros itens pequenos. Nem todas as ligações que recebi

eram códigos vermelhos. Tínhamos a tendência de fazer o serviço de transporte quando

as coisas ficavam lentas. Isso significa que pegávamos criminosos presos por outros e os

levávamos para a delegacia ou os transferiríamos para outro distrito.

— Eu entendo. Sua Terra tem uma maneira estranha de expressar as coisas. Às

vezes não faz sentido. O ladrão de lojas é um bom exemplo.

— Isso é verdade. Eu não posso nem tentar defender isso. — Kelsey voltou a se

sentar na cama e olhou ao redor.

— Não há motivo para se preocupar. Você está segura.

Ela encontrou seu olhar. — Estou um pouco nervosa.

Crath pegou a mão dela. — Não há necessidade de estar. Você está em casa.

Pela forma como os olhos dela se arregalaram ligeiramente, ele percebeu que ele a

surpreendera.

— The Vorge é a nossa casa por enquanto. Estou construindo uma grande nave

para que possamos nos mudar muito mais tarde, mas sei que é importante para você se
ajustar à sua nova vida longe de seu planeta anterior primeiro. Ter humanos a bordo

para interagir ajudará em uma transição mais suave. Eles são uma família e irão

confortá-lo.

Seus olhos ficaram ainda maiores.

— A menos que, — Ele corrigiu rapidamente. — você deseje permanecer no The

Vorge. Eu quero que você seja feliz. Essa é a minha prioridade. Se você achar que não

gosta de viver no espaço, podemos viajar para o meu planeta natal para ver se você

gosta mais de lá. Tryleskian é lindo. A escolha sempre será sua.

— Mas você acabou de me conhecer.

— Nós já tivemos essa discussão, minha Kelsey. Eu não sou um homem da Terra.

Não preciso de meses ou anos para decidir se quero passar o resto da minha vida com

você. — Ele tocou seu peito. — Eu sei disso aqui.

Ela suspirou. — Você é louco.

— Por você. — Ele sorriu.

Kelsey olhou para ele por um longo momento, mas então balançou a cabeça, um

pequeno sorriso curvando seus lábios. — Não sei o que fazer com você.

Ele sorriu. — Tudo. Eu vou te conquistar.


Capítulo Doze
Kelsey não poderia comer outra mordida. Eles fizeram uma refeição estilo

piquenique com comidas alienígenas variadas na enorme cama de Crath. — Eu comi

demais.

Crath se inclinou mais perto dela, segurando seu olhar. — Estou muito feliz que

você tenha gostado da comida. Midgel, a cozinheira, é talentosa. Você nunca mais

sentirá fome, minha Kelsey. Eu não vou permitir isso. Vou ser um excelente marido.

A sinceridade em seus olhos a fez engolir em seco. — Você está falando maluquices

de novo.

— Eu sei o que quero. É você. Para sempre.

Ela o encarou, contemplando silenciosamente. Os alienígenas certamente não eram

como os humanos quando se tratava de relacionamentos. Ele honestamente parecia

querer se comprometer com ela como se fossem um casal. Era difícil para ela envolver

sua mente nisso. O casamento nunca havia passado por sua cabeça como uma

possibilidade para seu futuro. Ela tinha que admitir, porém, que nunca imaginou

alguém como Crath entrando em sua vida.

— Percebo que você tende a demorar mais com essas decisões. Estou disposto a

realizar cerimônias de namoro com você.


Isso a fez sorrir. Ela tinha certeza do que ele queria dizer, mas queria confirmação.

— O que são cerimônias de encontro pela sua definição?

— Passar tempo juntos, fazer refeições e encontrar atividades que gostemos de

fazer juntos para provar que somos compatíveis.

— Ir a um encontro realmente não é considerado uma cerimônia. — Seu olhar

vagou ao redor da grande cabine. — Além disso, as pessoas que namoram não moram

juntas imediatamente. — Ela olhou em seus olhos.

— Não estamos no seu planeta. Não quero me separar de você. A melhor maneira

de nos conhecermos é passarmos o tempo todo juntos.

— Isso é verdade. — Ela não podia negar sua teoria. A ideia de ficar sozinha em

um quarto só dela não era atraente. As duas humanas que ela conheceu até agora a

perturbaram com sua conversa sobre um alienígena com aparência de lobisomem e seu

salvador sendo comparado a um vampiro azul. Ela se sentia melhor sabendo que Crath

a manteria segura não deixando ninguém machucá-la. Ele havia se tornado sua rocha

no espaço de um dia. Era bom ter alguém em quem confiar pelo menos uma vez. Ela

estava sozinha desde a morte de sua mãe.

— Deixe-me mostrar como tudo funciona em nossa cabine. — Crath deslizou para

fora da cama, removendo as duas bandejas que eles usaram como mesas e empilhando-

as no que parecia ser uma larga mesinha de cabeceira.


Kelsey balançou a cabeça, fazendo sinal para que ele se sentasse novamente. —

Mais tarde. Estou perfeitamente contente em apenas relaxar por um tempo.

Crath voltou a se sentar. — Você está cansada?

— Eu poderia dormir. Passamos por muita coisa desde ontem.

Seu olhar deslizou por seu corpo. — Você pode tirar tudo para ficar confortável.

Costumo dormir nu. Nara teria entregado roupas para você, mas não queríamos ser

interrompidos. Posso dar-te uma das minhas camisas até estarmos prontos para receber

visitas. A escolha é sua.

Foi a vez dela de olhar para o corpo dele enquanto imaginava Crath nu. Aquela

caverna não tinha muita luz, ao contrário de sua cabana. Ela sabia que conseguiria ver

cada centímetro dele em detalhes vívidos se ele se despisse para ela. — Hum…

— O que você quiser, minha Kelsey. — Ele lambeu os lábios. — Eu vivo para isso

agora. Te fazer feliz é tudo que eu quero.

— Agora você está propositalmente sendo sexy. — Ela deixou escapar.

Ele riu. — Estou conseguindo, não estou? Eu gostaria de nada melhor do que

desnudá-la para mostrar-lhe uma alimentação novamente. Pode convencê-la a se

relacionar comigo para o resto da vida.

Era tentador. Ela não podia negar isso.

Crath olhou para o colo dela antes de olhar profundamente em seus olhos. — Eu

prometo que você vai gostar. Deixe-me.


Ela se levantou, se despindo. Kelsey estava cansada de pensar demais em tudo. Ela

queria conforto e se sentir conectada a Crath. Ele estava oferecendo isso.

Foi um trabalho rápido remover a roupa médica, pois eram apenas duas peças.

Crath deslizou para fora da cama para ficar de pé, seu olhar em cada movimento dela.

— Por que você está envergonhada? — Ele se aproximou e segurou seu rosto,

olhando em seus olhos. — Seu rosto está muito rosado.

— Isso ainda é novidade para mim.

— Não há razão para sentir timidez ou constrangimento. Acho você linda e

perfeita, minha Kelsey. Beije-me. — Ele se inclinou para frente para roçar os lábios nos

dela. — Eu sou seu.

Kelsey não resistiu em colocar as mãos no peito dele e explorá-lo enquanto ele

aprofundava o beijo. Ele era tão talentoso nisso, fazendo seu sexo doer, e até mesmo

seus seios. Ela se inclinou para ele, esfregando-se contra seu corpo, querendo mais.

Crath quebrou o beijo, deixando-a sem fôlego. Ele praticamente rasgou suas

próprias roupas até que ambos estivessem nus. Seu olhar baixou para seu peito

musculoso... e baixou.

Ele tinha o melhor corpo que ela já tinha visto. E ele foi circuncidado. Ele a deixou

sem fôlego. As mãos de Kelsey se contraíram, querendo tocá-lo novamente. Ela só

hesitou por um segundo. Sua pele era firme e quente quando ela roçou os dedos

levemente sobre um de seus mamilos. Ele frisou apertado, e ele rosnou baixo.
Isso a excitou mais. Tudo sobre ele fez.

Ele agarrou sua cintura e a ajudou a se deitar na cama.

— Eu vou me alimentar de você. Seu cheiro de necessidade está me deixando

louco. Quero provar agora.

A voz dele se aprofundou e ela abriu as pernas, dando-lhe acesso. Crath não

hesitou em agarrar a parte interna de suas coxas, afastar ainda mais suas pernas, e então

sua boca quente e úmida estava sobre ela. Ela gemeu seu nome enquanto ele lambia seu

clitóris e rosnava. As vibrações que isso causava eram incríveis.

Kelsey deslizou os dedos em seu cabelo grosso, precisando tocá-lo. Não demorou

muito para ela chegar ao clímax. Ele era muito bom em saber exatamente como fazê-la

gozar. Ele levantou a cabeça e ela olhou em seus olhos enquanto ele se levantava e

descia sobre ela. Ela envolveu as pernas ao redor de sua cintura e ele lentamente entrou

em sua vagina.

Ela agarrou seus ombros, tentando se lembrar de não cravar as unhas em sua pele

com muita força enquanto seu pênis deslizava dentro dela. — Sim!

— Minha! — Crath rosnou.

Ele a tomou forte e rápido, dirigindo seus quadris para o berço de suas coxas. Tudo

o que Kelsey podia fazer era se agarrar a ele e sentir o êxtase crescer até outro clímax,

fazendo-a gritar seu nome. Ela o sentiu gozar enquanto ele se dirigia para dentro dela e

ficou lá. Seu corpo resistiu algumas vezes quando o calor líquido a encheu.
Kelsey sorriu enquanto eles recuperavam o fôlego. — Missão cumprida.

Crath a observou, seu rosto a centímetros do dela. — Que missão?

— Você disse que queria me agradar. — Ela brincou.

— Sempre. Quantas vezes quiser.

— Cuidado com o que você oferece. Não estou mais empregado, então tenho muito

tempo livre em minhas mãos. Isso pode se tornar meu passatempo favorito. Posso

manter você na cama permanentemente.

— Eu ficaria honrada.

Ela adorava que ele pudesse fazê-la rir depois do sexo. Sua risada se transformou

em um bocejo. — Desculpe.

— Nunca peça desculpas. Devemos dormir. Computador, luzes para vinte por

cento. — Crath comandou. A sala escureceu consideravelmente ao seu comando.

Ela achava que esse tipo de tecnologia era muito útil. As pessoas ricas na Terra

tinham tecnologia de comando de voz para ajudar a administrar suas casas luxuosas,

mas isso estava muito fora de seu orçamento. Agora que ela estava no espaço... nenhum

deles precisava se levantar para desligar as luzes.

Crath a ajudou a se sentar e puxou as cobertas. Ambos se cobriram e ele a puxou

para mais perto. Kelsey acabou se aconchegando ao seu lado, usando seu peito como

travesseiro. Foi ótimo.

Ela bocejou de novo, exausta. Isso não a impediu de girar com perguntas.
— Será que sua família vai nos avisar se ouvir alguma coisa sobre a mulher

desaparecida que foi atrás da minha amiga Nexis? Eu me sinto um pouco culpada por

estar segura e protegida enquanto eles não estão.

— Posso ter certeza de que sim.

Ela começou a sair de cima dele para que ele pudesse se levantar. Ele apertou seu

domínio sobre ela. — Eu estou fazendo isso agora. Não há necessidade de se mover.

Ela ergueu a cabeça para olhar para o rosto dele, vendo que ele havia fechado os

olhos... mas foi tudo o que ele fez. — Você está? Como?

— Estou pensando nos Pods.

— O que são exatamente?

Ele sorriu. — Alienígenas. Pequenos que se assemelham a ovos com braços e

pernas. Eles podem ler mentes se você concentrar seus pensamentos diretamente neles.

Estou perguntando a eles se Marrow já entrou em contato.

Não havia som além de sua respiração. Kelsey esperou uns bons dez segundos

antes de falar. — Vou levar isso como um não. Droga. Espero que estejam bem. Na

verdade, implorei àquele cara azul para comprar Nexis porque ela pensou que estaria

segura com ele. — A culpa a consumia.

Crath abriu os olhos. — Os machos Parri são principalmente honrados. Marrow

pode e vai lidar com ele se ele não for. Ela é uma lutadora feroz quando provocada,

alguém que escapou de um planeta ruim onde as mulheres não eram tratadas com
justiça. Eu a vi treinar com York algumas vezes. Ela cuidará daquele Parri e trará a Titã

até nós. Ficaremos preocupados se não tivermos notícias dela dentro de doze horas. A

tripulação e minha família já estão procurando a embarcação do comprador. Tenho

plena fé de que eles a encontrarão.

Ele fez uma pausa, fechando os olhos novamente. — Estou dizendo aos pods para

nos acordar assim que tiverem alguma informação atualizada.

— Esses Pods se comunicam com pensamentos? Eles vão gritar dentro da sua

cabeça?

— Não exatamente. Eles só podem ler mentes.

— Isso é... perturbador. Mas legal também. Eles trabalham com você? Isso deve

tornar seu trabalho muito mais fácil de pegar os bandidos. Eles podem apenas escanear

as mentes de qualquer suspeito para dizer se você pegou o criminoso certo ou não.

— Os Pods raramente saem de The Vorge. O risco de serem sequestrados é sempre

alto. A maioria de sua espécie nunca se aventura fora de seu mundo natal. Há muitos

criminosos cruéis que pagariam uma fortuna no mercado negro para comprar um

escravo que lê mentes.

— Você os salvou também?

— Cathian e sua tripulação os libertaram da escravidão. É a história deles para

compartilhar, mas os Pods quiseram permanecer aqui. The Vorge é a casa deles. — Ele

riu. — E sim. Eu adoraria ter tido a ajuda deles em algumas missões em que estive.
Kelsey bocejou novamente. — Desculpe. Estou realmente esgotada. Meu cérebro

está indo a cem milhas por hora, mas meu corpo está pisando no freio.

Ele a abraçou e deu um beijo em sua testa. — Conversaremos mais tarde. Durma.

Sonhe com um futuro comigo.

— Você não desiste. — Ela sorriu embora. — Estou começando a gostar disso em

você, em vez de achar irritante.

— Eu nunca vou parar de querer que você sempre esteja na minha vida. — Ele

começou a acariciar suavemente suas costas. — Descanse, meu coração.

-*-*-*-*-*-*-

Crath soube no segundo que Kelsey caiu em um sono profundo. Sua respiração

desacelerou e seu corpo macio ficou totalmente relaxado. Ele pressionou outro beijo em

sua testa, gostando de tê-la em volta dele. Era onde ela pertencia. Ele só precisava

convencê-la disso.

Ela era a aplicação da lei em seu planeta. Ele precisava fazer algo impressionante

para mostrar a ela que ele era um homem digno de se relacionar. A Terra a havia

vendido. Essa traição deixaria uma ferida profunda em sua alma. Ela iria querer justiça

pelo crime cometido contra ela. Isso seria importante para ela, e para ele também.
Ele a aconchegou mais perto, pensando em como poderia tê-la perdido por causa

dos Cristos. Ele realmente odiava aquela raça. A maioria sim, pelo menos se fossem

sãos e decentes. Ele olhou para o teto de sua cabine, contemplando o leilão — e o que a

Terra estava fazendo com suas mulheres. Um plano se formou, e quanto mais ele

pensava nisso, mais largo seu sorriso crescia.

Os humanos tinham um ditado que surgiu em sua cabeça. Dois pássaros, mas

apenas uma pedra para derrubá-los. Ele tinha certeza de que estava certo. Pelo menos, o

significado por trás disso se aplicava.

Sua Kelsey precisava de um propósito na vida, e ele sabia exatamente qual. Ele a

abordaria sobre isso depois que eles acordassem. Seus irmãos, primo e o resto da

tripulação o apoiariam. Todos eles tinham o objetivo comum de manter as fêmeas

humanas seguras.

Agora que tinha um plano, fechou os olhos para dormir. Seus sonhos

definitivamente seriam sobre Kelsey e seu futuro. Ele queria ter ninhadas com ela.

Apenas o pensamento de sua barriga inchada com sua prole fez seu eixo ficar duro. Ele

ignorou, já que ela precisava mais de descanso do que sexo naquele momento.

Kelsey começou a fazer ruídos baixos durante o sono. Ele achava que até o ronco

dela era adorável. Ela não poderia ser uma mulher mais perfeita, praticamente

adaptada às suas necessidades e desejos. Mesmo que isso significasse que ela iria deixá-
lo louco até que ela concordasse em se tornar sua companheira de vida. Ele tinha fé que

ela permitiria que ele se tornasse seu parceiro em tudo.


Capítulo Treze
Kelsey acordou com um alienígena grande e sexy enrolado em seu traseiro, seus

braços fortes envolvendo-a. Ela apenas ficou lá por um tempo, apreciando o quão certo

parecia. A necessidade de usar o banheiro finalmente a levou a se livrar de seu aperto.

Crath acordou imediatamente. — Minha Kelsey?

— Volto logo. Banheiro. — Crath havia mostrado a ela como usar aquele quarto

logo antes da refeição chegar. Ela terminou de atender suas necessidades rapidamente,

mas aproveitou o tempo para pentear o cabelo com os dedos e escovar os dentes antes

de voltar para a parte principal da cabine.

Crath esperou do lado de fora da porta, segurando uma camisa branca em uma das

mãos. Ele sorriu, seu olhar percorrendo seu corpo. — Um dos meus itens de vestuário, a

menos que você queira me deixar extremamente feliz permanecendo nua.

Ela pegou o material macio dele e puxou-o sobre a cabeça. Foi a vez dela estudar o

corpo dele, já que ele estava ali nu. Ele quase se exibiu, ajustando sua postura para dar a

ela uma visão melhor.

Ela riu. — Você está assumindo totalmente o quão sexy é, mas é uma distração. Por

mais que eu ame a vista, coloque algo.

Todo o humor provocador desapareceu de seu rosto. — Você ama olhar para mim?
— Você é lindo, Crath. Você teria todas as mulheres ricas da Terra lhe oferecendo

qualquer coisa para ver o que estou vendo de graça neste momento. — Ela piscou.

Sua expressão endureceu. — Eu não quero que elas me deem nada. Você é tudo

que eu quero.

— Mais sexy a cada segundo. E eu gosto de como você pensa. Mas disfarce. Você

Torna difícil minha concentração quando está sem roupas. Você pode entrar em contato

com esses pods novamente para ver se dormimos com eles tentando nos dar alguma

atualização?

Crath estendeu a mão, acariciando sua bochecha. — Claro, mas tenho sono leve. Eu

teria acordado se eles tivessem feito um ping em nossos aposentos. O som não pode ser

perdido. É o mesmo que soa quando alguém bate à nossa porta.

— Oh. — A confirmação de nenhuma notícia a preocupava.

— Você está pronta para conhecer o resto da equipe e minha família? — Ele tocou

sua pulseira. — Eles vão jantar em breve. Poderíamos nos juntar a eles.

Kelsey se sentiu dividida. Além disso, confuso. — Refeição noturna? Quanto tempo

dormimos?

— Eles nos resgataram durante nosso ciclo normal de sono em The Vorge. Foi no

final desse turno que dormimos. Embarcações com tripulação menor mantêm três

ciclos. Dormir, trabalhar e tempo de inatividade.


— Certo. Então você está dizendo que fomos para a cama quando eles estavam

começando o dia e agora é quase hora do jantar.

— Sim. A escolha é sua. Você quer mais tempo antes de conhecer todos? Eles vão

entender.

Ela estava dividida entre querer acabar logo com isso e adiar sua nova realidade

um pouco mais. Mas... esta era sua vida agora. Kelsey respirou fundo. — Vamos tomar

banho e jantar. É melhor rasgar o curativo rápido. Só espero que você tenha mais do

que uma camisa para me emprestar ou vou me sentir muito mal vestida.

Crath deu a ela um olhar confuso. — Curativo?

Isso a faz rir. — É melhor ver como um lobisomem alienígena realmente se parece

do que deixar minha mente transformá-lo em algo muito mais assustador do que pode

ser.

— Vou entrar em contato com a Nara para trazer sua roupa e deixar do lado de

fora da porta. Você deseja que nos limpemos juntos ou separadamente? Eu tenho uma

preferência. — Ele sorriu amplamente.

— Pegue minhas roupas. Eu vou tomar banho primeiro, se estiver tudo bem para

você. Tenho a sensação de que nunca sairíamos deste apartamento se você me ajudasse

a lavar.

— Apartamento?

— Desculpe. Sua cabine.


— Nossa cabine. É a nossa casa.

Kelsey assentiu.

— Vou entrar em contato com eles agora. — Ele se virou, caminhando em direção a

outra parte da grande sala. Ela não pôde deixar de admirar sua bunda enquanto ele o

fazia. Ele ativou algo e uma voz de mulher soou na sala.

— Já estava na hora! Você está sendo um idiota, Crath. Você se lembra dessa

expressão da Terra, certo? Pare de escondê-la e compartilhe. Estou dizendo isso como

sua cunhada favorita.

Crath riu. — Estamos indo jantar, Nara. Você pode trazer a roupa nova para minha

Kelsey, mas deixá-la no corredor?

— Já está esperando lá. Eu sabia que você teria que deixá-la sair em algum

momento. Diga a ela que estamos todos ansiosos para conhecê-la.

Crath virou a cabeça e sorriu para Kelsey. — Eu direi a ela. Até breve, irmã.

Kelsey voltou para o banheiro, tirou a camisa emprestada e entrou no box.

Tecnologia alienígena significava água quente instantânea, grande pressão, e ela

terminou com pressa. Ainda tinha a opção de soprar ar para secar a pele, que ela usava

agora.

Crath mais uma vez esperou do lado de fora da porta do banheiro. — A roupa está

bem dobrada na cama. Espero que a maior parte seja agradável para você. Não se
preocupe se houver itens que não goste. Eles serão reciclados para fazer outra coisa.

Não vou demorar.

Eles trocaram de lugar para que ele pudesse tomar banho. Kelsey percebeu que

Crath havia arrumado a cama, e a quantidade de roupas esperando por sua inspeção na

superfície imaculada era chocante. Havia oito pilhas, cada uma com mais de trinta

centímetros de altura. Ela percebeu rapidamente que foram classificadas. Uma pilha

continha camisas de manga curta dobradas, a próxima de manga comprida. Havia

quatro pares de calças, quatro saias e até três estilos diferentes de vestidos. Uma pilha

organizada continha roupas íntimas e sutiãs elásticos estilo exercício.

Depois de vestir roupas íntimas, Kelsey escolheu um par de calças pretas e uma

camisa de manga comprida combinando. Ela quase tropeçou em um par de sapatos ao

lado da cama que não havia notado. Eram sapatilhas brancas. Uma coisa ficou aparente.

Ela devia a Nara alguma gratidão por escolher materiais macios e confortáveis em tudo

o que ela entregou.

Crath saiu do banheiro e rapidamente vestiu uma calça preta e uma camisa de

manga curta com botas. — Ainda podemos ficar aqui.

— Não. Minha mente está definida. Eu quero conhecer todos. Esta é minha nova

vida e essas pessoas ajudaram a me salvar. O mínimo que posso fazer é agradecê-los e

deixá-los saber quem eles deixaram entrar em sua nave. Vamos ser como uma família,
certo? Quero dizer…— Ela mordeu o lábio, odiando que ela pudesse ter exagerado em

seu nervosismo.

Crath estava na frente dela em um piscar de olhos, segurando seu rosto. — Eles são

sua família. Fico feliz que você perceba isso. E sim, esta é a sua nova vida. — Ele parecia

muito feliz. — Eu sou o seu futuro.

Ela olhou profundamente em seus olhos. — Você realmente quer se casar comigo?

— Sim. — Ele se aproximou. — Mais do que qualquer coisa que eu já desejei na

minha vida.

Ela estendeu a mão e agarrou seus pulsos em suas mãos. — Eu estou quase lá. Dê-

me apenas um pouco mais de tempo.

— Qualquer coisa que você precise.

— Comida por enquanto. Estou com fome. — Mas era tentador beijá-lo.

Ele rosnou e soltou seu rosto. — Eu estava esperando que você precisasse de mim.

Ela apertou seu aperto em seus pulsos. — Eu faço. Só é difícil para mim admitir.

Estou sozinha há tanto tempo, sem ninguém de quem depender além de mim mesma.

Ele torceu os pulsos, quebrando seu aperto, então apertou as mãos dela nas suas

maiores. Crath levou um deles aos lábios, roçando um beijo em seus dedos. — Você não

pode se livrar de mim. Eu vou te dar tudo e nunca te machucar.

— Eu quero acreditar nisso.


— Você vai aprender. — Ele sorriu e baixou a mão dela. — Acho que ver os outros

casais interagindo ajudará a convencê-la.

— Ah. — Ele realmente era doce. — Então você está planejando maneiras de não

me dar outra opção a não ser dizer sim.

— Sempre. Eu me recuso a perder você. Eu também tenho um plano para lhe dar

um propósito.

— Um plano?

— Temos a aplicação da lei em comum. Você será feliz buscando justiça.

— Você vai me arrumar um emprego com você? — Ela não tinha certeza de como

se sentir sobre isso. — Eu pensei que você precisava tirar uma folga? Disse que o teu

último emprego correu mal. Não volte a trabalhar por minha conta até que esteja

pronto. Vou precisar de um tempo de inatividade também, antes mesmo de pensar em

uma carreira. Tenho muito a aprender primeiro.

— Não vamos trabalhar para mais ninguém. Você quer justiça pelo que foi feito

com você. Eu pensei em uma maneira de forçar a Terra a parar de vender mulheres.

— Como?

— Os Cristos.

Qualquer coisa a ver com aqueles alienígenas horríveis fazia Kelsey se sentir

desconfortável. — Eu preciso sentar. — Ela recuou, puxando-o com ela, já que ele

segurava sua mão. Eles acabaram na ponta da cama. — O que você está falando?
— Infelizmente, as mulheres da Terra parecem ter se tornado populares no

comércio de escravos. Isso motiva os criminosos a roubá-las diretamente, em vez de

comprá-las.

O medo inundou Kelsey. — Você acha que aqueles bastardos assustadores podem

invadir a Terra? Por que comprar o que eles podem facilmente sequestrar e roubar?

— Isso é o que pretendo relatar às autoridades aliadas. Ninguém quer outra guerra.

Os Cristos poderiam usar mulheres humanas para expandir seus números em grandes

quantidades e se tornar uma ameaça mais uma vez.

Ela ficou tensa.

— Calma, minha Kelsey. O medo de outro levante de Cristo motivará todos a

garantir que isso não aconteça. Nara diria que é um... blefe. Essa é a palavra correta?

— Eu penso que sim. Suas autoridades realmente se importariam tanto assim?

— Os Cristos já estiveram fora de controle. Eles atacaram planetas e naves para

roubar fêmeas para aumentar seus números. Sua população cresceu de forma alarmante

até que muitas raças se uniram para impedir a propagação da destruição. Ficou

conhecida como a Grande Guerra das Estrelas. Vencemos, e os Cristos que

sobreviveram se renderam para evitar a dizimação de toda a sua raça. Leis foram postas

em prática para evitar que eles se tornassem uma ameaça novamente. — Ele fez uma

pausa. — É proibido vender escravos para eles, e qualquer fêmea deve concordar

voluntariamente em procriar com seus machos – o que é claro que nunca fariam, já que
estão cientes das consequências. Isso proíbe muito que sua raça se expanda para

números perigosos novamente.

— Mas a Terra não é obrigada a seguir leis alienígenas. Certo?

— Atualmente não, mas isso vai mudar depois que eu deixá-los saber que os

Cristos estavam comprando escravos e queriam uma humana – você – ruim o suficiente

para comprá-la por um preço escandalosamente alto. Eles também nos perseguiram.

Isso causará medo nas autoridades aliadas quando perceberem que os Cristos estão

cientes de sua raça e como seu próprio planeta está vendendo tantas mulheres. As

memórias da guerra são longas e muitas vidas foram perdidas.

— Não deveria haver nenhum escravo vendido.

— Concordo, mas nem todos os planetas e raças são regidos pelas mesmas regras,

apesar de fazerem parte da aliança. Vender criadores para os Cristos é considerado um

ato de traição contra todos os planetas existentes. Não importa se eles são aliados ou

não. Quem dirige aquela estação espacial onde o leilão foi realizado vai perdê-la por

seus crimes.

Seus olhos se arregalaram. — Eles vão perder a estação inteira?

— Isso não é nada. Ganhei a evidência que permitiu a captura de um planeta

inteiro em minha última missão.

— Por que?
— Estava sendo administrado por um criminoso que escravizava os visitantes e os

fazia lutar até a morte para ganhar dinheiro.

— Essa é a sua missão que deu errado, certo?

Ele assentiu. — Fui capturado.

Kelsey engasgou. — Você foi colocado para lutar até a morte?

— Fui resgatado antes disso acontecer. Felizmente. O dono do planeta queria me

manter vivo. — Ele hesitou. — Depois descobri que fui traído. Alguém colocou um

rastreador em minha nave pessoal e pagou para que eu fosse levado e mantido

enquanto visitava aquele planeta.

— Espero que você dê uma surra em quem te traiu.

Tristeza brilhou em seus olhos. — Foi por ordem do meu pai. Ele não fazia ideia de

que eu trabalhava para as autoridades aliadas.

Kelsey ficou surpresa ao perceber que ele também tinha um péssimo pai biológico.

— Desculpe. Por que ele fez isso com você?

— Ele não tem honra. Ele tentou forçar meu irmão de ninhada a fazer algo

imperdoável. Se Cavas recusasse, meu pai ameaçou me matar. Em vez disso, Cavas

voou para The Vorge em busca de ajuda e eles me resgataram.

Kelsey não tinha palavras, então ela apenas apertou a mão dele.

— Meu pai foi afastado do poder e agora está preso onde não é mais uma ameaça.

A maioria de suas ninhadas não desejava que ele fosse morto por sua traição, mas
nenhuma tolerava seu comportamento. Todos nós ficamos envergonhados por suas

ações.

— Não é sua culpa ou de qualquer um de seus outros filhos se ele era um idiota.

A diversão brilhou nos belos olhos azuis de Crath. — Vou me lembrar disso, minha

Kelsey. Você é muito inteligente.

— Eu tenho meus momentos. — Ela piscou. A vontade de beijá-lo me atingiu. Ela

só hesitou por um segundo antes de se inclinar para ele e fazer exatamente isso. Ela

roçou os lábios nos dele levemente, afastando-se antes que se distraísse demais. —

Então você acha que a ameaça dos Cristos comprando ou roubando mulheres da Terra

vai... o quê? Fazer seus amigos aliados do planeta intimidarem meu planeta para não

vendê-los?

— Sim. É possível que seu planeta já tenha sido ameaçado por um ataque, mas eles

receberão proteção contra uma invasão se concordarem em seguir as leis da aliança.

— Mas pode não ser o caso. — Kelsey admitiu. — Humanos podem ser uma

merda. Eles podem continuar vendendo cidadãos para obter tecnologia alienígena.

— É por isso que você é importante para que este plano funcione.

Ela não entendeu.

— Você conhece bem os humanos e fazia parte da aplicação da lei. Desejo oferecer

nossos serviços para lidar com aqueles que controlam seu planeta. Podemos fazer isso

no The Vorge. As autoridades aliadas pedirão nossa contribuição. Você obterá sua
justiça forçando aqueles que o venderam a parar de fazer o mesmo com outras

mulheres de sua raça. Você estará salvando inúmeras mulheres da escravidão e possível

morte.

Lágrimas encheram seus olhos. Kelsey nem se incomodou em piscá-las de volta.

Ela estava impressionada. A Terra a havia ferrado, mas Crath estava dando a ela uma

maneira de não apenas garantir que seu governo pagasse por seus crimes, mas também

salvar inúmeras mulheres de sofrerem seu destino. Ou pior. Pelo menos ela foi

resgatada dos Cristos.

— Sim. Vamos fazer isso. Por favor.

Ele sorriu. — Vamos começar amanhã entrando em contato com meus supervisores

diretos e exigir uma reunião de todos os líderes do planeta na aliança. Você pode contar

a eles o que suportou e eu os convencerei da ameaça de guerra. Todos eles odeiam e

temem os Cristos. Faremos isso, minha Kelsey.

Naquele momento, Kelsey sabia que já havia se apaixonado por ele. Como ela não

poderia?

— Eu te amo. — Ela sussurrou.

Crath de repente se lançou e a levou para a cama, sua boca na dela. Ela abriu os

lábios para aprofundar o beijo dele, ansiosa e faminta por ele. Kelsey rasgou a camisa

dele, querendo pele. Ele rosnou, rasgando a roupa dela também.


Sinos altos soaram. Kelsey mal os ouviu. Tudo o que ela queria era ter Crath dentro

dela.

Um súbito ruído estridente fez com que eles se separassem e tapassem os ouvidos.

Foi alto o suficiente para machucar. Ofegando e confusa, Kelsey não sabia o que estava

acontecendo.

O barulho parou e outro carrilhão soou.

— Eu vou machucar quem está fazendo isso. — Crath rosnou, rolando para longe

dela e para fora da cama.

— O que está acontecendo? Estamos sob ataque? Os Cristos nos encontraram?

— Não. Alarme errado. Essa é a minha família. — Crath foi até o dispositivo de

comunicação que havia usado antes para falar com Nara e o ligou. — O que é tão

importante? Eu estava me relacionando com minha Kelsey. Ela acabou de admitir que

me ama. Nós não nos juntaremos a vocês para a refeição. Deixe-nos em paz. — Ele

rosnou.

Kelsey ficou aliviada por eles não estarem sob ataque. Ela desceu da cama.

— Abra uma tela de vídeo agora. Acabamos de receber uma mensagem gravada de

Marrow, mas não conseguimos entendê-la. — Uma profunda voz masculina rosnou de

volta. — A transmissão não foi rastreável. Cavas acha que está codificada, que pode ser

algo que você ensinou a ela.


Kelsey correu para Crath. Marrow foi quem foi atrás de Nexis. Ela observou

quando ele estendeu a mão e bateu na parede. Pequenas portas se abriram para mostrar

uma tela que exibia instantaneamente o rosto de um macho de aparência felina.

— Mostre para mim, Cathian. — Crath ordenou.

O rosto de Cathian piscou e uma mulher alienígena com pelo marrom fino

cobrindo sua pele apareceu em seu lugar. Parte inferior de seu rosto não aparecia

porque ela estava muito perto da câmera. Quando ela falou, foi um sussurro. —

Lembra-se de Karwo? É semelhante. Percebi antes que fosse tarde demais. Estou nisso

até o fim.

O rosto da mulher piscou para o preto absoluto.

Um segundo depois, o rosto de Cathian reapareceu. — Diga-me que você entende

isso, Crath. Tarde demais para quê?

— Eu faço. É uma missão sobre a qual compartilhei detalhes com Marrow. Fui

enviado a Delplutis para procurar um sequestrador. O criminoso havia sequestrado os

quatro jovens na fila para o trono de Paxell. Eu encontrei Karwo, e quando vi uma

chance de roubar os filhotes dele, eu o fiz - mas os machos começaram a uivar em

desespero quando prometi devolvê-los ao seu planeta natal.

Crath limpou a garganta. — O rei Paxell não queria se afastar depois que eles

amadureceram. Sabendo que o mais forte tomaria seu lugar, ele tentou matá-los. Karwo
era na verdade o protetor deles e os levou embora para sobreviver o tempo suficiente

para retornar ao planeta deles como adultos.

— Isso é terrível. — Kelsey murmurou. — Quantos anos tinham essas crianças?

Crath olhou para ela. — Oito. O rei teria sido pressionado a criar mais machos

depois de um tempo, se os primeiros herdeiros nunca fossem encontrados. Paxell

amadurecem aos vinte anos. Ele planejava dar a si mesmo mais tempo para governar

sua raça. Devolvi os machos ao seu protetor e ajudei Karwo a encontrar um lugar

seguro para criá-los.

— Marrow não está lidando com jovens sequestrados. Ela foi atrás de uma fêmea

Titã que havia sido vendida para um traficante de escravos Parri. — Cathian parecia

zangado. — Por que ela enviaria essa mensagem? O que isso significa? Ela deveria

entrar naquele navio, subjugar o traficante de escravos e voltar para nós com aquela

fêmea.

Crath parecia perdido em seus pensamentos.

— Melhor palpite. — Kelsey sussurrou. — O que você acha que a mensagem dela

significa?

Crath sustentou seu olhar. — Fui para aquela missão com fatos que não se

revelaram verdadeiros. A situação era algo completamente diferente. Eu disse a ela que

fiquei com Karwo e os rapazes até ter certeza de que eles estavam seguros. — Ele olhou

para Cathian. — Ao final está o código que dei ao meu supervisor quando fui forçado a
desistir do contato. Quando eu estava em perigo e não podia correr o risco de ser

rastreado. Marrow não entrará em contato conosco novamente até que quem quer que

ela esteja protegendo esteja seguro.

Cathian se afastou da câmera e olhou para alguém fora de vista. — Continue

tentando rastrear de onde veio esse sinal. Precisamos encontrá-la. Ela precisa da nossa

ajuda. — A tela ficou em branco.

Crath puxou Kelsey em seus braços. — Isso é preocupante, mas Marrow manterá

sua amiga segura, não importa o que esteja acontecendo.

Ela assentiu. — Isso é o que você vive dizendo.

— É verdade. — Ele estudou seus olhos. — Você disse palavras de amor para mim.

— Eu fiz.

— Você tem meu coração, minha Kelsey. É seu. Vou convencê-la a se tornar minha

companheira de vida. — Ele fez uma pausa. — Minha esposa.

— Sim.

— Você aprendeu que eu sou um homem que não aceita o fracasso. Você vai

concordar um dia.

— Quero dizer... sim. Concordo. Eu vou me casar com você. Companheiros de

vida. Como quer que chamemos.

A surpresa arregalou seus lindos olhos azuis quase comicamente.


Ela riu. — Eu me apaixonei por você. Você é sexy, engraçado, inteligente, em parte

irritante... mas compensa isso de outras maneiras. Não consigo mais imaginar a vida

sem você nela. Então sim.

Foi a vez dele de surpreendê-la quando a pegou nos braços e caminhou

rapidamente em direção à porta, saindo da cabine. Kelsey passou os braços em volta do

pescoço dele. — Onde estamos indo? Jantar?

— Médico. Não vou arriscar que você mude de ideia. Será um procedimento

indolor que nos unirá. Você carregará meu cheiro para que todos os machos saibam que

pertencemos um ao outro.

— Lembro-me de você mencionar isso. Eu estou bem com isso.

— Depois, vou nos proteger dentro de nossa cabine, despi-la e me alimentar de

você. Eu sei o que é uma lua de mel. O prazer será seu por dias. Isso dará a todos no

The Vorge tempo para planejar nossa cerimônia de casamento para apaziguar seus

costumes da Terra.

Ela riu, apoiando a cabeça no ombro dele enquanto ele a carregava pelo corredor

até o elevador. — Eu não quero um casamento. Você é tudo o que eu preciso. Você pode

me derrubar, no entanto. Eu não vou fugir.

— Eu gosto de ter você em meus braços. — Ele teve que parar para esperar o

elevador. Seu olhar fixo no dela. — Eu te farei feliz.

— Você já faz.
As portas do elevador se abriram e ele entrou, sorrindo. Kelsey também. Ela

poderia não ter escolhido ter sua vida virada de cabeça para baixo, mas de repente ficou

feliz com essa opção. Ela nunca teria conhecido Crath de outra forma... ou saberia que

felicidade a esperava lá longe no espaço.

Um sorriso apareceu em seu rosto quando Crath apressou o passo depois que eles

saíram do elevador. Ele estava quase correndo com ela em seus braços para o médico.

Divertia-se que ele quisesse reivindicar seu estilo rápido e estranho, antes que ela

pudesse mudar de ideia. Não que ela fosse.

Ela também tinha certeza de que se daria muito bem com a família e os amigos de

Crath. Conhecê-los não era mais uma preocupação. Mas passar o tempo conhecendo

todo mundo no The Vorge poderia esperar.

Primeiro... ela pretendia aproveitar aquela lua de mel.

Depois... Marrow.

Fim
Sobre a Autora
Autora best-seller do NY Times e USA Today.

Sou esposa, mãe e autora em tempo integral. Tive a sorte de ter passado mais de

duas décadas com o amor da minha vida e espero muitos, muitos anos mais com o Sr.

Laurann. Sou viciada em café gelado, uma barra de chocolate ocasional (ou duas) e

tento dormir pelo menos cinco horas à noite.

Eu amo escrever todos os tipos de histórias. Acho que a melhor parte de escrever é

o fato de que a vida real é sempre incerta, sempre nos jogando coisas sobre as quais não

temos controle, mas ao escrever você pode ter certeza de que sempre haverá um final

feliz. Eu amo isso em ser um autor. Minha parte favorita é quando me sento na mesa do

computador, coloco meus fones de ouvido para ouvir música alta para bloquear tudo ao

meu redor, criando mundos à minha frente.


Para quem chegou até aqui, o nosso muiiiito obrigado.

Esperamos que tenha gostado pois foi feito especialmente para você!

Continue com a gente!

Comente sobre o livro no nosso grupo!

Você também pode gostar