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RUBY DIXON

ICE PLANET BARBARIANS


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Lançamento 7.2 8 8.1 9 9.1 10

11 12 13 14 15 16 17

18 s/n 19 20 Honeymoon 1 Honeymoon 2 Honeymoon 3

21 Honeymoon 4 22
Megan está pronta para dar à luz,
mas não para deixar seu
companheiro deixá-la de lado.
Quando Cashol tem que ir caçar para alimentar a
tribo, eles são separados pela primeira vez desde
a ressonância.

Não é um problema, exceto que o bebê


está pronto para nascer e há uma
tempestade se formando...
Este é um conto ambientado no mundo ICE
PLANET BARBARIANS. Não está sozinho e deve
ser lido após BARBARIAN'S MATE.

É um pouco doce para aqueles que


não se cansam dos grandes
alienígenas azuis! Boa Leitura!
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O Povo dos Bárbaros do Planeta de Gelo

Desde o início do Prêmio Barbariano.

(pronúncias sugeridas entre parênteses)

NA CAVERNA TRIBAL PRINCIPAL

Caverna 1

Vektal (Vehk-tall) - O chefe do sa-khui

Georgie - sua companheira

Talie (Tah-lee) - sua filha bebê

Caverna 2

Maylak (May-falt) - Curandeiro da Tribo

Kashrem (Cash-rehm) - Seu companheiro

Esha (Esh-uh) - A filha deles


Caverna 3

Sevvah (Sev-uh) - Ancião da tribo, mãe de Aehako, Rokan e Sessah

Oshen (Aw-shen) - Ancião da tribo, seu companheiro

Sessah - (Ses-uh) - Seu filho mais novo

Rokan - (Row-can) - Seu filho mais velho. Caçador adulto.

Caverna 4

Warrek - caçador tribal.

Eklan - seu pai. Mais velho.

Caverna 5

Ereven (Air-uh-ven) Hunter, acasalado com Claire

Claire - acasalada com Ereven, atualmente grávida

Caverna 6
Liz - companheira e caçadora de Raahosh.

Raahosh (Rah-hosh) - Seu companheiro. Um caçador e irmão de


Rukh.

Raashel (Rah-shel) - a filha deles.

Caverna 7

Stacy - Acasalada com Pashov. Tem um filho não identificado no


livro 5.

Pashov (Pah-showv) - filho de Kemli e Borran, irmão de Farli e


Salukh. Companheira de Stacy e tem um filho sem nome.

Caverna 8

Nora - Companheira de Dagesh, mãe das gêmeas Anna e Elsa.

Dagesh (Dah-zzhesh) (o som g é engolido) - Seu companheiro. Um


caçador.

Anna e Elsa - suas filhas gêmeas bebês.


Caverna 9

Harlow - companheiro para Rukh. 'Mecânica' para a Caverna dos


Anciãos.

Rukh (Rookh) - Ex-exilado e solitário. Nome original Maarukh.


(Mah-rookh). Irmão de Raahosh. Acasalado com Harlow.

Rukhar (Roo-car) - Seu filho pequeno.

Caverna 10

Megan - Companheira de Cashol. Extremamente grávida.

Cashol - (Cash-awl) - Companheiro para Megan. Caçador.

Caverna 11

Marlene (Mar-lenn) - Companheira para Zennek. Tem filho sem


nome.

Zennek - (Zehn-eck) - Acasalado com Marlene. Tem filho sem nome.


Caverna 12

Ariana - Companheiro para Zolaya. Filho sem nome.

Zolaya (Zoh-lay-uh) - Caçadora e companheira de Ariana. Filho


sem nome.

NAS CAVERNAS DO SUL

Caverna Sul 1

Aehako - (Eye-ha-koh) - Líder em exercício da caverna sul.


Companheiro de Kira, pai de Kae. Filho de Sevvah e Oshen, irmão
de Rokan e Sessah.

Kira - Companheira de Aehako, mãe de Kae.

Kae (Ki - rima com 'mosca') - Sua filha recém-nascida.

Caverna Sul 2

Kemli - (Kemm-lee) Mulher idosa, mãe de Salukh, Pashov e Farli


Borran - (Bore-awn) Seu companheiro, ancião

Farli - (Far-lee) A filha adolescente deles. Seus irmãos são Salukh


e Pashov.

Caverna Sul 3

Drayan - Ancião.

Drenol - Ancião.

Caverna Sul 4

Vadren (Vaw-dren) - Ancião.

Vaza (Vaw-zhuh) - Viúvo e ancião.

Caverna Sul 5

Asha (Ah-shuh) - Acasalado com Hemalo. Nenhuma criança viva.

Hemalo (Hee-mah-lo) - Acasalado com Asha.


Caverna Sul 6

Tiffany - atualmente sem par. Mulher humana.

Josie - Atualmente não acasalada. Mulher humana.

Caverna Sul 7

Bek - (BEHK) - Caçador.

Hassen (Hass-en) - Caçador.

Harrec (Hair-ek) - Caçador.

Caverna Sul 8

Haeden (Hi-den) - Caçador.

Taushen (Tow –rima com cow-shen) - Caçador.

Salukh (Sah-luke) - Caçador. Filho de Kemli e Borran, irmão de


Farli, Pashov e Dagesh
CAPÍTULO 1
Megan

O chá sobre a fogueira comum está pronto, então me inclino


com meu copo de osso favorito na mão para mergulhá-lo.

Josie imediatamente pula de pé.

— Você quer que eu pegue isso para você, Meggers?

— Estou bem — falo, e coloco meus pés um pouco mais


afastados para me equilibrar então eu não cairia de barriga para
baixo, na fogueira. Estou grávida de um bilhão de meses – leve
exagero – e desajeitada, mas ainda posso pegar meu próprio chá.

— Você pode pegar o meu, Josie — diz Nora enquanto


mergulho meu copo e gingo de volta ao meu lugar. — Estou um
pouco ocupada no momento.

Josie ri desse eufemismo e pega o copo de Nora da rocha plana


perto de onde está esperando. Nora está muito ocupada; Anna e
Elsa são bebês exigentes, ela está amamentando uma, e a outra
está aninhada nos joelhos. Pobre Nora. Ela está comigo e com Josie
– as madrugadoras da tribo – nas primeiras horas da madrugada
por causa dos bebês. Não que ela pareça infeliz.
Há um sorriso satisfeito, mas sonolento em seu

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Barbarians
rosto, enquanto Elsa mama e Anna balança os braços. Eu não
culpo Nora por ser feliz – suas gêmeas são fofas como botões.

Meu estômago ronca e decido adulterar um pouco meu chá.

Josie coloca o copo de chá de Nora na mesa e enche o seu, em


seguida, senta-se à minha frente e o embala nas mãos, soprando
na superfície para esfriar.

Eu? Pego minha bolsa e tiro um pouco de hraku, as sementes


doces e assadas com sabor de caramelo que são uma delícia. E as
esmago na minha mão, adicionando os granulados ao meu chá,
porque o chá aqui no planeta de gelo é bem amargo.

E então, porque estou grávida para caramba, adiciono um


pouco de kah, ração picante e apimentada de carne, gordura e
sementes na mistura e dou um gole no meu copo.

Nora faz um som de engasgo.

— Você não vai beber isso, vai?

— É um pouco como aveia jalapeño com caramelo, depois que


o chá é absorvido — digo a ela, observando meu copo. — Comi três
copos ontem.

— Isso parece horrível.

Josie apenas me olha, fascinada.

— Quanto tempo você acha que eu tenho antes começar a ter


desejos de grávida?

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— Não tive nenhum — diz Nora, puxando Elsa gentilmente de
seu seio esquerdo e, em seguida, mudando-a para o outro lado. —
Você também pode não ter.

— Oh cara, espero que sim — Josie respira, em seguida, toma


um gole de seu chá. — Eu quero experimentar tudo o que a
gravidez tem a oferecer.

Eu coloco meu copo na mesa, uma vez que meu café, que se
parece lama da manhã, ainda está sendo preparado, e estico
minhas pernas.

Meu banquinho favorito – um travesseiro de couro super


estofado – não fornece muito suporte para as costas e preciso disso
ultimamente. Coloco minhas mãos na parte inferior das minhas
costas e esfrego a dor por lá.

— Dê um tempo, Jo — digo a ela. — Você ficará grávida por


quatorze ou quinze meses, então você terá muito tempo para
experimentar tudo.

Estou tentando não ser uma estraga prazeres sobre as coisas.


Josie está animada. Ela sempre quis bebês e ela finalmente
ressoou para seu próprio companheiro. Ela está com cerca de um
mês e está ansiosa por tudo – enjoos matinais, tornozelos
inchados, você escolhe.

— Eu? Estive grávida por oh, quatorze meses e já estou,


muito, muito pronta para terminar.

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Olho para a frente da caverna, perto da casa de Vektal e
Georgie. Meu companheiro, Cashol, desapareceu por lá para
conversar com seu chefe sobre algo, apesar da hora ultra
adiantada. E ele está lá há cerca de vinte minutos, tempo suficiente
para Josie acender o fogo, o chá ser preparado e para eu notar que
ele ainda está falando com o chefe.

Estou nervosa. Não sei por que, mas estou. Vektal é um cara
ótimo e Georgie é um amor, mas estou a cerca de um mês de dar à
luz e a última coisa que quero é que alguém atribua ao meu
companheiro algum projeto “especial” que o tire das cavernas.

Tenho um pressentimento de que é isso; Haeden – abençoado


seja seu coração mal-humorado – comentou no outro dia sobre
como todos os caçadores fazem longas e extensas caçadas, exceto
meu companheiro. E ele não está errado.

Quer dizer, eu tenho meus defeitos. E o maior? Sou pegajosa


para caralho. Reconheço isso. Não significa que estou mudando,
mas estou ciente disso. Mas eu ainda me pergunto se o comentário
de Haeden voltou ao chefe e é por isso que meu companheiro se foi
por muito tempo.

Como se concordasse, o bebê no meu estômago chuta forte e


meu estômago ronca no segundo seguinte. Tudo bem, tudo
bem. Eu sei quando alguém precisa de um lanche.

Com um último olhar de volta para a caverna do chefe, pego


meu “chá”, assopro, em seguida, despejo a lama oleosa em minha
boca.

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Os diferentes sabores me atingem de uma vez – o gosto de
wasabi do kah, seguido pelo doce caramelo do hraku e depois o
azedo amargo do chá. Paraíso. Tem até notas de carne e gordura
ali. Delícia.

Nora faz outro som de engasgo. Josie apenas ri.

— Espera até você ter desejo por manteiga de amendoim e


picles — eu digo a Josie enquanto tomo outro gole. — E então você
se lembra que no planeta de gelo não tem. A sopa de Kah-hraku
parecerá muito boa então.

— Ainda não — diz Nora secamente. Ela puxa Elsa de seu seio
e começa a dar tapinhas nas costas da bebê, enquanto Anna se
mexe em seu colo.

Josie imediatamente estende as mãos. — Posso segurar uma?

— Claro — Nora hesita, tentando decidir qual bebê entregar,


seus braços cheios. Depois de um momento, ela entrega Elsa.

Josie puxa o bebê contra si, uma expressão de felicidade em


seu rosto. Ela está tão animada por estar grávida e estou feliz por
ela.

Eu sei que ela está sozinha há tempos.

Esfrego minhas mão nas minhas costas doloridas novamente.

Por um tempo, eu quase me senti culpada por ter ressoado


para o meu doce Cashol... quase. Exceto que eu não
desistiria dele por nada. Josie é como uma irmã

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mais nova para mim e eu odiava deixá-la para trás, mas quando se
tratava do meu companheiro? Todas as apostas estariam fora.

Ele é meu e só meu, e eu não desistiria dele por nada.

Josie começa a falar de novo e eu tomo outro gole da minha


sopa-chá e olho para caverna do chefe.

Meu companheiro ainda está lá?

Estou tentada a me levantar e entrar na conversa, mas...


levantar é um esforço ultimamente. Esfrego uma das minhas mãos
na minha barriga distraidamente e bebo mais chá enquanto Josie
fala no ouvido de Nora.

Estou virando meu copo para terminar o restinho quando um


par de ombros familiares e longos cabelos escuros chamam minha
atenção.

Deus, meu companheiro é lindo. Tenho uma sorte danada.

Quando chegamos ao planeta de gelo, não vi como poderia me


apaixonar por um alienígena, mas no momento em que ressoei com
Cashol? Tudo se encaixou no lugar. Foi como se um interruptor
acendesse no meu cérebro, e em vez de enlouquecer com chifres e
caudas, percebi como era gracioso seu grande corpo azul.

Aprendi que não havia nada melhor do que o sorriso torto na


boca do meu companheiro quando ele me fazia rir. Aprendi que seu
cabelo está sempre um pouco bagunçado, porque ele está muito
focado em outras coisas – como eu – para se
preocupar com o fato de que as tranças que

ICE PLANET
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mantêm o cabelo fora de seu rosto não são iguais. Aprendi que ele
pode não ser o alienígena mais atraente fisicamente no papel, mas
para mim? Ele é perfeito. Seu nariz grande, rosto comprido e
sorriso bobo? Eu amo tudo isso, porque é ele.

Eu coloco meu copo na mesa e luto para me levantar para


cumprimentá-lo, mas ele está ao meu lado antes que eu consiga
sair do meu assento. Ele pega minhas mãos nas dele e me ajuda a
erguer meu corpo.

— Você se foi por um tempo.

Ele ignora meu tom irritado e pressiona um beijo na minha


bochecha. — Meu chefe tinha muito a me dizer.

Eu olho para trás na caverna para ver se Georgie ou Vektal


estão vindo nessa direção. Como eles não aparecem, volto para
Cashol.

— Sobre o que eles estavam te importunando?

Ele zomba da minha escolha de palavras e tira uma mecha de


cabelo da minha bochecha.

— Vamos discutir isso mais tarde. Você quer tomar banho? A


água será boa para as suas costas.

Eu estreito meus olhos para ele porque reconheço uma


mudança de assunto. Ou ele está tentando me distrair, ou não
quer discutir isso na frente dos outros. Esfrego minhas costas
novamente.

ICE PLANET
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— Acho que sim.

— Venha — diz ele, gentilmente me conduzindo em direção à


piscina no centro da caverna. — Eu tenho sabonetes frescos e seu
pente favorito.

E porque ter meu companheiro lavando meu cabelo é uma das


minhas coisas favoritas no mundo, eu não protesto, embora eu não
consiga me livrar da sensação de que algo ruim está para
acontecer.

Cashol, atento como sempre, me ajuda a tirar minhas


camadas de roupa, e seus braços são fortes quando me ajuda a
entrar na água. Ele tira a roupa, sobe ao meu lado e então me puxa
contra ele. Ele se senta em uma das pequenas saliências sob a
superfície da água e eu descanso meus braços em suas coxas
enquanto seus dedos desfazem minha tiara de tranças.

Eu relaxo contra ele, meus olhos fechando. O calor da fonte


termal é incrível na parte inferior das minhas costas, e a forte
tração do peso do bebê na minha frente é inexistente na
água. Estou pronta para dar à luz, mas ainda tenho mais algumas
semanas, no mínimo. Meu bebê não desceu, e Maylak – a
curandeira da tribo – acredita que o carregarei até o último
momento. O que é péssimo. Nove meses é muito tempo para estar
grávida, quando se é uma gravidez humana normal.

Porque engravidei de um alienígena? Eu tenho quinze meses


completos de gravidez (mais ou menos algum espaço de manobra)
que parece uma eternidade. Embora eu suponha

ICE PLANET
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que poderia ser pior – Maylak está grávida desde que pousamos
aqui há quase dois anos e ela ainda tem cerca de um ano pela
frente.

Cashol termina de desfazer minhas tranças e dá um tapinha


no meu braço. Esse é meu sinal para mergulhar minha cabeça, e
eu faço isso, segurando sua perna. Quando eu volto a superfície,
eu me acomodo de volta contra ele e o doce aroma do sabão de
amoras enche meu nariz enquanto ele os esmaga até formar uma
pasta e, em seguida, começa a aplicar no meu cabelo. Estou
relaxada e me sentindo bem enquanto me encosto nele.

O som de um bebê chorando me faz abrir os olhos e olhar para


ele. Josie está desajeitadamente entregando Elsa de volta para
Nora, enquanto eu observo, o companheiro de Josie, Haeden se
aproximar e fazer um carinho em Josie. É estranho de ver,
considerando que Haeden é um tipo bastante reservado e ranzinza,
mas Josie se derrete contra ele e estou feliz por ela.

Ver Haeden me lembra de seus comentários, embora, e toco o


joelho de Cashol.

— Então, sobre o que Vektal conversou com você?

Seus longos dedos massageiam meu couro cabeludo.

— Podemos falar sobre isso mais tarde, minha adorável


companheira. Não é importante.

ICE PLANET
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Uh huh. Se não fosse importante, ele já teria me falado sobre
isso. Eu viro na água e estreito meus olhos para ele.

— Você pode muito bem me dizer agora, enquanto a caverna


não está cheia de pessoas, e ficarei zangada na frente do menor
número de pessoas possível.

Ele me dá um daqueles sorrisos tortos de partir o coração e


em seguida, dá uma olhada ao redor da caverna. É apenas Nora e
seus bebês, Josie e seu companheiro, e sempre que você junta
Josie e Haeden recentemente, eles tendem a esquecer todos os
outros.

Eu os vejo saindo, possivelmente para voltar para sua própria


caverna e uh, “reconectar”. As pessoas fazem muito isso na
primeira onda da ressonância. Eu sei por experiência própria.

Cashol passa a ponta dos dedos na minha testa, limpando a


espuma. Seu sorriso desaparece um pouco.

— Vektal está apenas preocupado.

Um nó se forma na boca do meu estômago.— Sobre o quê?

— A temporada brutal.

Seus dedos traçam sobre a minha pele, menos sobre limpeza


e mais sobre apenas me tocar.

— Nossos depósitos estão quase vazios. Todos nós devemos


trabalhar duro para reabastecê-los para que ninguém

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passe fome durante os meses frios, quando é difícil sair das
cavernas.

Ele roça minha bochecha.

— Há muito mais bocas para alimentar agora.

— Vektal quer que você saia para caçar, não é? — Minha voz
está monótona. Só a ideia de Cashol sair do meu lado por dias a
fio – até semanas – me enche de terror.

Os outros caçadores partem por dias a fio regularmente, e é


apenas uma coisa. É um mal necessário, e quando eles retornam,
seus companheiros estão sempre felizes em saudá-los
novamente. Eles se reúnem por alguns dias, caçam perto das
cavernas para ficar com suas famílias um pouco, e então,
inevitavelmente, voltam para fora nas trilhas, porque todos
dependem deles para se alimentar. É um fato da vida no planeta
de gelo.

Exceto... para meu companheiro.

Desde que ressoamos um com o outro, Cashol não saiu. Não


há nada de errado com ele. Ele não está ferido, nem doente, nem
fraco. Ele caça pequenos animais perto das cavernas e me faz
companhia. Eu até saía para caçar com ele, antes que minha
barriga crescesse para um tamanho monstruoso.

Aceito que sou pegajosa e um pouco carente demais para ser


normal. Não me importo também. Com meu companheiro ao meu

ICE PLANET
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lado? Estou feliz. Deixe Haeden dizer o que quiser.

Mas o pequeno aceno de Cashol envia uma adaga de gelo


direto para meu intestino.

Envolvo meus braços em volta da panturrilha dele,


agarrando-me a ele. — Não quero que você vá.

Mais uma vez, ele sorri.

— Não vou embora ainda. Ainda há tempo. Mas terei que sair,
logo. Como eu disse, existem muitos que dependem de nós e há
mais bocas para alimentar.

Essas são as palavras de Vektal, e não me importa quão


prática sejam. Mordo meu lábio.

— Eu não quero que você vá — repito, o pânico crescendo


dentro de mim. — Estou tão perto de ter o bebê.

Os olhos de Cashol se arregalam e ele me puxa para seu colo


na água, sua mão percorrendo minha barriga enorme.

— Meu filho está chegando? Ele desceu? — É uma palavra


que ele aprendeu na linguagem da gravidez entre todas as
gestantes humanas.

A emoção em seu rosto só me deixa mais deprimida.

— Não, ele ainda está no mesmo lugar que sempre esteve.

Descanso minha mão sobre a grande mão de


três dedos de Cashol.

ICE PLANET
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— Ainda faltam algumas semanas, eu temo.

Ele esfrega minha barriga e, em seguida, dá um beijo no meu


nariz.

— Então eu devo sair e fazer a minha parte.

— Eu não quero que você saia!

— Estarei de volta a tempo de ver Megol abrir seu caminho


para o mundo com um sorriso — ele diz com um sorriso malicioso
no rosto.

Eu gemo. Amo esse homem, mas ele é péssimo com nomes.

— Nós não estamos nomeando o bebê de Megol. Eu te


disse. Isso me faz pensar em Gollum1.

— É um bom nome — ele me repreende, mas há diversão em


sua voz. — Muito forte e corajoso.

Eu apenas bufo e dou uma risadinha. — Não acontecerá.

— Então, é Holmeg. Decidimos. É mais agradável para o nome


de um filho.

Mesmo que eu tenha ouvido essa piada uma centena de vezes


nos últimos doze ou quatorze meses, ou mais, nunca deixa de ser
engraçado. Estou rindo e sacudindo minha cabeça.

1 Gollum é um personagem fictício das obras do filólogo e professor britânico J. R. R. Tolkien e do


filme o Senhor do Anéis.

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— Absolutamente não. Nosso bebê vai ter um nome bonito. E
pode ser uma menina.

— É um menino — ele insiste. — Forte e com uma lança


poderosa como seu pai. — E ele mexe sua sobrancelha dura e
enrugada para mim em outro gesto humano que ele pegou, e eu sei
que ele não está falando sobre armas. O que só me faz rir ainda
mais.

No momento em que mergulho minha cabeça para enxaguá-


la, nem estou mais chateada. É por isso que Cashol é tão bom para
mim – ele me faz esquecer todas as terríveis coisas na vida por um
tempo.

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CAPÍTULO 2
Cashol

Minha Meh-gan não está feliz. Isso me dilacera, mesmo


quando eu faço o meu melhor para fazê-la sorrir. Há preocupação
por trás de seus olhos, e eu não quero nada mais do que tirar isso
dela.

Em vez disso, eu a distraio. A provoco sobre nomes para nosso


kit. Seguro os anéis de osso que ela usa para tecer suas tiras de
couro e falo sem parar enquanto ela trabalha. Suborno alguns
bolos de raiz doce da Stay-cee do Pashov e trago para minha Meh-
gan para ver seu sorriso. Ela sorri, mas desaparece rapidamente.

Ela se preocupa. Sei que está.

Ela me contou sobre seu passado antes – que ela tinha um


companheiro de prazer – um namorado, como ela o chama – que a
abandonou. Então ela estava grávida de um kit quando levada
pelas estranhas criaturas que a trouxe aqui. Eles tiraram dela.

Ela teme que, se amar profundamente, isso lhe será tirado


novamente.

Eu entendo isso. Perdi meu pai na doença de


khui há muitos anos. Eu conheço o fardo da

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dor, e embora ouvir falar do companheiro de prazer e o kit que ela
perdeu me encha de um ciúme infeliz, entendo como isso a afeta.

Principalmente, só quero que ela sorria novamente.

Meh-gan se ocupa trabalhando o dia todo nos tapetes de tiras


de couro que faz. As outras mulheres também gostam deles, então
ela está trabalhando em vários ao mesmo tempo.

Comemos ensopado que Leezh fez, porque Meh-gan se cansa


facilmente e então não saio da caverna para caçar no jantar. Hoje
não. Eu estarei saindo em breve. Hoje será um dia para mimar
minha companheira e discutir seus medos.

Quando ela pega outro dos tapetes de couro semiacabados e


começa a trabalhar, arranco-o das mãos dela. — Você está
cansada. Venha se deitar nas peles.

Meh-gan esfrega o rosto dela.

— Eu prometi a Claire que faria um tapete para ela também,


e...

— Amanhã — digo a ela, e puxo-o para fora de seu alcance


quando ela alcança isso de novo. — Sempre há outro dia para
trabalhar.

Ela balança a cabeça lentamente e depois funga. Uma de suas


mãos, desliza em sua bochecha pálida, e seu lábio treme.

Meu coração parece que está desmoronando


dentro do meu peito.

ICE PLANET
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— Minha ressonância — eu murmuro, puxando sua pequena
forma em meus braços e colocando-a contra mim. — É apenas um
tapete.

Suas lágrimas se transformam em uma risada abafada e ela


golpeia meu braço.

— Você sabe por que estou chorando, seu grande pateta.

Eu limpo as lágrimas de seu rosto e faço o meu melhor para


fazê-la sorrir novamente.

— Pateta – esse é um nome excelente para o nosso kit. Muito


majestoso.

— Oh meu Deus — diz ela, e balança a cabeça contra meu


peito. — Não me faça começar, seu alienígena maluco. — Meh-gan
funga. — E eu estou chorando porque você me abandonará.

— Eu tendo de fazer isso — falo suavemente.

— Você e nosso pequeno Pateta precisarão ser alimentados


quando as neves se tornarem brutais.

O tempo está agradável agora, mas Vektal e os caçadores se


preocupam. Eu compartilho de suas preocupações, comendo
menos quando as refeições são distribuídas. Meh-gan fica com a
porção maior e eu como as sobras. Não há como evitar: a tribo deve
ser alimentada, e como um homem forte, tenho de fazer minha
parte.

ICE PLANET
Barbarians
Ela acena com a cabeça, mas o olhar triste em seu rosto não
diminui. Seguro seu queixo e inclino seu pequeno e estranho rosto
humano para cima para que ela possa me olhar nos olhos.

— Minha ressonância, você sabe que eu ficaria ao seu lado e


esfregaria seus pés o dia todo, se você desejasse. Mas eu prefiro
que você tenha algo para comer quando o tempo mudar. E
mudará. Esta temporada já está mais fria que a anterior. A neve
será mais profunda desta vez e por isso devemos estar prontos.

— Eu sei que estou sendo ridícula. Eu só... quando você está


aqui ao meu lado, meu mundo está completo. Se você for embora,
me sentirei sozinha e perdida. Odeio esse sentimento.

Ela toca seu estômago.

— E se o bebê – o kit – vier mais cedo?

Eu fico de joelhos e coloco minhas mãos em sua barriga.

— Pateta, meu filho, você deve ficar parado até eu voltar.

Ela ri e dá outra pequena fungada. — Eu sei que você tem que


ir.

— Eu tenho.

— Quando? Por quanto tempo?

Meh-gan alisa sua barriga novamente e está claro que ela está
preocupada em ter o nosso kit enquanto eu estiver fora. Expressei
a mesma preocupação à Vektal. Meh-gan está
perto de dar à luz. Ainda não, mas muito em

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breve. E quero estar aqui para dar ao meu filho as boas-vindas ao
mundo.

Mas pareço confiante.

— Não muito. Um punhado de dias, talvez dois


punhados. Quanto mais tempo fico fora, mais carne posso trazer
para casa.

Não posso esperar que outros alimentem minha família, não


quando isso pode estar tirando comida do bocas de seus
companheiros.

— É algo que deve ser feito.

Ela pisca rapidamente, tentando ser corajosa.

— Eu só... o que farei enquanto você está fora?

Beijo a curva arredondada de sua barriga. — Você pensará em


mim, é claro.

Ela bufa delicadamente.

Sei que estou certo, por tudo que provoco nela. Minha Meh-
gan fica triste se é deixada com seus próprios pensamentos por
muito tempo. E agora, ela está muito pesada com a criança, infeliz
e sentirá minha falta. Eu não suporto a ideia dela ficar triste por
dias a fio.

Terei que pensar em algo para distraí-la enquanto estiver


fora. Mas por agora…

ICE PLANET
Barbarians
Eu pressiono outro beijo em sua barriga. — Você está linda,
minha ressonância.

Megan suspira, o som suave e feminino. Seus dedos roçam


levemente sobre minha bochecha e nariz, traçando meu rosto. —
Estou inchada e grávida.

— Você está linda e graciosa — a corrijo.

Pressiono outro beijo em sua barriga, e porque ela está


coberta de peles e couro, eu desfaço os laços que vai até a frente
de sua túnica. Quero provar sua pele, respirar seu perfume. Quero
enterrar meu rosto em sua boceta e lambê-la até ela gritar meu
nome.

— O que você está fazendo? — ela pergunta, enquanto suas


mãos escovam suavemente meu cabelo de volta do meu rosto.

— Vou mostrar à minha companheira como ela é linda com a


minha boca e meu pau.

Abro sua túnica, revelando sua barriga, grande com meu


filho.

— Quer dizer que vai me distrair — ela brinca.

O polegar dela desliza sobre meu lábio inferior.

— Sim. — Eu sorrio para ela. — Diga-me que você não quer


se distrair e eu paro.

— Eu não disse isso.

ICE PLANET
Barbarians
O sorriso volta ao seu rosto doce e ela tira a sua túnica.

— Coloque a tela de privacidade.

Eu pulo ficando em pé e sigo para a frente de nossa pequena


caverna, empurrando a tela na frente da entrada. Com isso,
ninguém nos incomodará.

Por um momento, estou tentado a deixar a tela ativada por


alguns dias, apenas para mergulhar em um tempo privado com
minha companheira. Ela não quer que eu vá embora, e eu não
quero deixá-la. Mas devo caçar, não só para sua segurança, mas
também da tribo. É meu dever.

Coloco a tela no lugar e viro para ver minha companheira


saindo de sua saia longa. Seu corpo está nu, exceto por um par de
botas peludas, e ela está linda. Seus seios pálidos estão inchados
em preparação para o nosso kit, a barriga arredondada. O resto
dela também está mais arredondada, e não consigo resistir a tocá-
la. Eu amo as curvas exuberantes de seu corpo e a maneira como
ela se sente quando a seguro contra mim. Isso me lembra que
minha companheira estava magra e desnutrida quando chegou
aqui. Devo fazer tudo que posso para garantir que ela nunca mais
tenha as bochechas fundas.

Eu puxo Meh-gan contra mim e beijo sua pele nua. Seu ombro
é macio, seu pescoço é uma cavidade de perfume quente e
adorável. Ela fica quieta enquanto eu a toco, embora ela se incline
para as minhas mãos. Conheço bem a minha companheira; a

ICE PLANET
Barbarians
mente dela está cheia de ruídos e pensamentos infelizes.

Preciso pensar em uma maneira de distraí-la enquanto estou


fora, para que ela não fique tão triste e perdida. Mas por agora,
posso beijar suas lágrimas. Eu me ajoelho ao lado dela e
novamente beijo sua barriga arredondada, em seguida, passo para
o lado, escovando meus lábios sobre seu quadril. Minha mão
desliza sobre suas nádegas cheias, tão estranhamente nuas sem
cauda. Porém, acho isso erótico, e não consigo resistir a deslizar
meus dedos pela costura do seu traseiro.

Ela geme e apoia as mãos na parede da caverna. Com sua


barriga estando tão pesada, nós acasalamos nas mesmas posições
repetidamente – e seu favorito é apoiar as mãos na parede e
inclinar-se para a frente.

Eu gosto disso também, pois me permite dar prazer a minha


companheira facilmente enquanto estou de joelhos. Minha cauda
sacode e envolve em torno de um de seus tornozelos enquanto eu
afasto suas pernas ainda mais, e então enterro meu rosto em sua
carne, buscando seu calor.

Seu choro suave toca meus ouvidos no momento em que


minha língua desliza sobre a abertura de sua boceta. Empurro em
seu calor, amando o gosto dela. Sentirei falta disso quando eu sair,
falta do seu corpo macio, seu cheiro, seus sorrisos, tudo dela.

Ela se mexe e empurra seus quadris contra minha boca, uma


silenciosa demanda por mais. Eu entrego a ela ansiosamente,

ICE PLANET
Barbarians
trabalhando minha língua nela uma e outra vez, empurrando como
eu quero empurrar com o meu pau.

Ela geme e seus dedos vão para o terceiro mamilo entre suas
dobras, provocando. Eu sou ganancioso – quero tudo dela para
mim. Então eu empurro sua mão para o lado e trabalho seu
mamilo para ela, e sinto seu corpo estremecer em resposta. Sua
respiração se transforma em ofegos curtos e afiados, ela empurra
os quadris contra minha boca, precisando de mais. Sua umidade
inunda minha língua, e eu gemo. Meu pau dói com uma
necessidade feroz por ela.

Eu a lambo por mais um momento, até que ela começa a


tremer. Então, me levanto, empurro minha tanga para baixo,
liberando meu pau e espora.

Coloco as mãos em seus quadris e me guio profundamente,


assentando em seu calor. Ela grita quando empurro para dentro
dela, se contorcendo. Minha espora pressiona sua bunda, aperto
uma de suas nádegas enquanto me forço a ficar parado.

Meh-gan sempre se contorce quando empurro nela pela


primeira vez, e espero o corpo da minha companheira se acalmar
antes de empurrar novamente. Eu tomo seu corpo com golpes
lentos e fáceis, com cuidado observando-a para me certificar de que
seus ruídos são de prazer, não de desconforto. Quando ela demora
muito para gemer de novo, eu empurro profundo, ignorando seu
pequeno grito quando minha espora se assenta novamente, e
alcanço na frente dela para provocar seu terceiro
mamilo.

ICE PLANET
Barbarians
Meh-gan goza com um estremecimento de corpo inteiro,
pressionando as costas contra mim. Sua boceta aperta com força
em torno do meu pau, e mordo seu ombro enquanto empurro nela
com golpes rápidos e superficiais.

Um momento depois, meu saco aperta e então minha


liberação me inunda, o prazer é tão intenso que meu rabo aperta
com força em torno de seu tornozelo, como se eu pudesse prendê-
la comigo para sempre.

Ela se agarra a mim, passando as mãos pelo meu corpo o


melhor que pode, acaricio sua garganta e ombro mordido enquanto
me liberto.

Acasalar com ela tão grávida não é mais carícias intermináveis


e exploração de corpos. Em vez disso, é coçar uma coceira, se
deleitar com a sensação do outro.

Quando nosso kit nascer, darei prazer a ela por horas a fio
mais uma vez. Por enquanto estou satisfeito quando ela goza
rápido e forte. Pego um pano de couro macio de uma cesta, molho
com um pouco de água e volto para o lado da minha companheira
para limpar suas coxas.

— Esqueci de tirar minhas botas — ela murmura sonolenta


enquanto dou banho nela. — Desculpe por isso.

— Você é linda com suas botas ou sem elas. Eu não me


importo de qualquer maneira.

ICE PLANET
Barbarians
Não consigo resistir a dar outro beijo em sua barriga
protuberante. O pequeno sorriso em seu rosto desaparece e um
olhar triste aparece.

— Me desculpe se estou tornando isso difícil para você. Eu sei


que tem que ir caçar. E que precisamos de comida. Eu só estou...
— ela lambe os lábios — ...com medo.

Minha pobre e doce companheira. Ela se apega com tanta


força porque tem medo de ficar perdida e sozinha novamente.

— Você deve confiar em mim, Meh-gan. Eu sempre voltarei


para você.

— Eu sei — ela sussurra. — Mas saber e acreditar são duas


coisas diferentes.

Verdade. Quando eu termino de banhar seu corpo e o meu,


subimos nas peles de nossa cama e ela descansa sua bochecha em
meu peito, sobre meu khui.

Ele vibra com contentamento, eu acaricio suas costas.

Devo pensar em algo para ocupar minha companheira


enquanto eu estiver fora, então ela não se preocupará. Mas... o
quê?

Talvez uma das outras humanas tenha uma ideia.

ICE PLANET
Barbarians
CAPÍTULO 3
Megan

Posso fazer isso. Eu posso.

Pisco repetidamente enquanto Cashol coloca sua mochila nos


ombros, em seguida, pega sua lança. Ele passa o polegar pela
ponta da lança, testando a agudez. Sei que está afiada como uma
navalha – ele trabalhou nisso e em três pontas de lança de
reposição nos últimos dois dias, além de afiar suas facas. Entre
essas, o seu estilingue, e o pacote completo que eu insisti que ele
carregasse, ele está equipado.

E ainda estou enlouquecendo. Ainda estou preocupada


quando ele pega minha mão e me leva até a frente da caverna tribal
para que possamos nos despedir.

Josie e Haeden também estão lá, de mãos dadas.

Haeden e Cashol seguir na mesma direção, se separando um


pouco mais adiante nas trilhas. Não gosto que Cashol ficará
sozinho, embora ele jure que isso é bastante normal. Eu sei que é
normal. Entretanto, isso não significa que não fique em pânico.

Não sou a única pirando, ao que


parece. Josie está totalmente em pânico.

ICE PLANET
Barbarians
Ela está mexendo nas amarras do colete de Haeden,
arrancando sua orelha enquanto ele silenciosamente a devora com
os olhos.

— Está nevando — protesto enquanto nos aproximamos da


entrada. Terror se apodera de meu coração.

— Minha ressonância, você acabou de perceber que neva


aqui? — Ele se inclina e se abaixa para esfregar seu nariz contra o
meu.

— Você ficará muito desapontada ao saber que neva todos os


dias, meu coração.

Eu bato nele de brincadeira. Homem tolo. — Você tem luvas?

— Eu não preciso delas. — Ele pisca para mim. — Se meus


dedos ficarem frios, colocarei eles em volta do meu pau e...

— Shhh! — Estendo a minha mão e a coloco sobre sua boca.


— Cashol! Você é terrível!

Ele lambe minha palma, eu grito e puxo de sua boca.

Ele é terrível, mas não consigo parar de sorrir.

— Não preciso de luvas — ele me diz e dá um beijo na minha


testa.

— O tempo está quente o suficiente para um sa-khui.

ICE PLANET
Barbarians
Eu olho para a neve caindo pesadamente e suspiro. Ele não
está errado, mas ainda não gosto disso.

— E você tem meu acendedor? — Toco meu pescoço agora


nu. Normalmente, todas as humanas usam uma das peças do
computador trazidas da Nave dos Anciões, porque eles são feitos
de algum tipo de grafite ou metal, algo que acende facilmente para
fazer fogo. Não pretendo sair da caverna, no entanto, então eu dei
a minha a ele.

Ele enfia a mão embaixo da capa e me mostra o colar.

— Está aqui.

Aceno lentamente. Não consigo pensar em mais nada para


perguntar a ele.

— Você tem comida? E bebida? E....

Cashol segura meu rosto com a mão livre.

— Eu estarei bem. Agora venha, devore meu rosto como Jo-


see devora o de Haeden.

Eu olho e Josie está com os braços em volta da forma muito


maior de Haeden. Ela ainda tem uma perna enganchada em torno
de seus quadris e ele a ergueu para o ar enquanto sugam o rosto
um do outro.

É... muito impressionante. Estou com inveja porque ela é


ainda pequena e ágil e eu sou... bem, “desajeitada” é

ICE PLANET
Barbarians
provavelmente a palavra mais gentil. Eu dou um tapinha na minha
barriga enorme.

— Você terá que se contentar com um abraço e beijo mais


calmo, eu temo. Tenho um pequeno obstáculo.

Cashol sorri e me dá um beijo estalado, depois se inclina e dá


o mesmo na minha barriga.

— Você deve ser bom, Gancas, meu filho. Não venha antes de
eu voltar para casa.

— É um nome terrível — indico. Jesus, ele é péssimo para dar


nomes, mas me faz sorrir ao ouvir isso. Melhor do que “Pateta”. —
E pode ser uma menina, lembra?

— Não é — diz ele, alisando a mão sobre minha barriga na


esperança de sentir o bebê chutando uma última vez. — Rokan diz
que é um menino e Rokan nunca se engana sobre essas coisas.

Eu faço uma careta. Parece uma menina para mim, mas...


Rokan tem uma capacidade muito estranha de prever pequenas
coisas.

— Falando em Rokan, o que ele disse sobre o tempo?

Cashol se ergue novamente e me dá outro beijo.

— Ele diz que você deve beijar seu companheiro e mandá-lo


embora.

Essa... não é uma boa resposta.

ICE PLANET
Barbarians
— Cashol? O que Rokan diz sobre o clima? — Eu mesma
encontraria Rokan, mas ele deixou a caverna em uma jornada com
uma das novas garotas ontem.

— Ele diz que nevará. — Cashol encolhe os ombros. — Não


importa se é pouca neve ou muita neve, ainda devo caçar.

Engulo em seco. Isso não está ajudando muito minha


ansiedade.

— Quanto tempo você ficará fora?

— Até que os esconderijos em minha trilha estejam


cheios. Pode levar duas mãos de dias, ou pode ser menos.

— Suas mãos ou minhas? — pergunto, balançando meus


quatro dedos para ele. Ele é só tem três e um polegar.

Ele sorri. — Isso importa?

— Importa para mim!

Ele deixa sua lança de lado e coloca as mãos nos meus


ombros.

— Meh-gan — ele diz, a voz tão gentil que faz minhas


entranhas doerem. — Estarei de volta quando tiver feito meu
trabalho como caçador. Isso não significa que não sentirei sua
falta. Não quer dizer que não pensarei em você e no seu doce
sorriso a cada momento em que estiver acordado. Significa que
sustentarei você e ao nosso filho. E estarei de volta a
tempo de vê-lo nascer, eu prometo.

ICE PLANET
Barbarians
As lágrimas quentes que tenho lutado para conter vêm
derramando em uma onda de catarro e soluços.

— Ok — gaguejo para ele. — Eu te amo, Cashol.

— Eu te amo, minha ressonância.

Ele me beija na boca, embora provavelmente eu não esteja


muito bonita no momento.

— Eu voltarei.

Aceno e faço o meu melhor para não me agarrar a ele


enquanto se afasta de mim. Aceno um adeus quando ele pega sua
lança novamente e sai, acompanhado por Haeden.

Preciso de tudo para não correr atrás dele, gritando para me


levar com ele, mas isso não seria digno ou prático.

Ainda assim, faz bem ao meu coração horrível ver Josie


fungando ao meu lado. Pelo menos não estou sofrendo sozinha.

Eu coloco um braço em volta da cintura dela e dou a ela um


abraço estranho.

— Venha, tomaremos chá de kah – hraku e afogar nossa


tristeza.

Seu pequeno soluço é pontuado por uma risada de desgosto.

ICE PLANET
Barbarians
Não é até eu me deitar para um cochilo que eu percebo que
há um caroço na cama, debaixo das cobertas. Ele cava nas minhas
costas e o puxo desajeitadamente.

É um... bem, não tenho certeza do que é. O sa-khui usa ossos


para a maioria de suas necessidades diárias de utilidade, uma vez
que não há uma Pottery Barn2 em qualquer lugar próximo.

Este disco arredondado pode ser uma placa ou o produto de


algo totalmente diferente, se não fosse pelas decorações estranhas
nele. Há um buraco feito no centro com um cordão de couro
amarrado nele, é colorido com um rabisco muito bagunçado. É...
quase como um C? Ou um M. O que me faz pensar.

Eu me sento e a estudo. Nunca tinha visto isso antes, mas


está na minha cama então foi claramente feito para mim. É uma
caligrafia desleixada? Algo mais?

2
Pottery Barn é uma rede de lojas de móveis e decoração, presente nos Estados Unidos e Canadá,
Que ficou popular no mundo todo após ser muito citada no seriado Friends.

ICE PLANET
Barbarians
Confusa, eu puxo meu corpo desajeitado para fora da cama,
envolvo uma pele quente ao meu redor, e entro na caverna
principal novamente.

Georgie está lá com o bebê no colo e Farli está sentado ao lado


dela. Eles estão sussurrando e ambos olham para cima com
expressões de culpa quando eu me aproximo.

Sim, bingo. Elas estão tramando algo. Eu seguro aquele disco


estranho.

— O que diabos é isso e por que estava na minha cama?

— Sua cama? — Georgie balança Talie em seu joelho, suas


sobrancelhas se juntando. — O que você quer dizer?

— Vocês entraram na minha caverna?

Farli balança a cabeça e cobre a boca para esconder a risada.

— Mas você sabe o que é isso?

Elas trocam um olhar e Georgie começa a sorrir.

— Eu posso ter uma ideia.

Estou começando a ficar mal-humorada. Estou cansada e


dolorida, meu companheiro se foi. Não estou com vontade de jogar.

— Então, o que é, já?

ICE PLANET
Barbarians
— Isso, eu honestamente não sei — diz Georgie, pegando o
disco. Entrego, e ela o estuda. — Oh céus. — Seus lábios se
contraem. — Isso é muito ruim.

— O que está acontecendo? — Estou totalmente perplexa.

— Então, depois que Vektal e Cashol conversaram no outro


dia, Cashol veio e falou comigo. Ele estava preocupado em sair do
seu lado.

Farli se levanta e me oferece seu assento, sento com um baque


pesado, fascinada com o que Georgie está me contando.

— Por causa do bebê?

Ela balança a cabeça e devolve o disco de osso para mim.

— Por sua causa — ela responde suavemente. — Ele estava


preocupado que você teria dificuldades quando ele fosse embora.

Lágrimas picam em minhas pálpebras.

— Ele não está errado. Ele se foi há apenas algumas horas e...
está difícil. — Sinto um abismo vazio onde meu companheiro
risonho e engraçado normalmente está, isso dói.

— Eu sei. É sempre difícil, mas é necessário. — Não há


julgamento no rosto dela. — Então ele me perguntou o que ele
poderia fazer para manter sua mente longe dele. Algo para mantê-
la distraída. Eu sugeri uma caça ao tesouro.

— Você sugeriu? — Eu sabia que tinha


tirado uma boa quantidade de cochilos

ICE PLANET
Barbarians
recentemente, mas Cashol e Georgie inventarem uma caça ao
tesouro lá embaixo e não percebi? Isso é meio louco.

— Bem, na verdade eu sugeri muitas coisas diferentes. A


única ideia que ele gostou mesmo foi da caça ao tesouro.

Eu seguro o disco. — Então, isso é parte?

Ela encolhe os ombros. — Honestamente não sei. Eu disse a


ele o conceito – que havia pistas e setas deixadas para apontar para
o tesouro – e não ouvi mais nada sobre isso.

Oh meu Deus! Isso é uma pista? O rabisco pintado e triste


deveria ser uma flecha? Eu estudo o objeto novamente. Em vez de
ver um objeto rudemente feito com letras bêbadas, vejo o que
realmente é – um item feito com amor pelo meu companheiro,
provavelmente enquanto eu dormia. Ele fez isso sem muito tempo
para trabalhar nele, o rabisco que deveria ser uma seta
provavelmente se parece com isso, porque o sa-khui não precisa
de flechas ou símbolos, exceto como decoração.

Eu fungo. Forte. E então começo a chorar.

— Esta é a coisa mais doce de todas.

— Eu sei — diz Georgie. Ela acena um dedo na frente do rosto


de Talie e sorri quando o bebê tenta pegá-lo. — Ele é atencioso,
aquele seu homem.

— Ele é o melhor. — Falo sério também. Já estou pensando


em maneiras de mostrar a ele que eu aprecio sua
consideração. Terei sua refeição favorita pronta

ICE PLANET
Barbarians
para quando ele chegar em casa, e misturar algumas de suas
folhas de chá favoritas. Talvez eu faça uma nova bolsa para suas
pontas de lança. Seu capuz favorito está gasto, posso fazer um
novo para ele e... ah, existem tantas coisas. De repente, parece que
não há tempo suficiente para fazer tudo.

— Bem? — Georgie pergunta quando estou perdida em


pensamentos.

— Bem... o quê? — O bebê chuta forte e eu coloco a mão na


minha barriga, momentaneamente confusa.

Ela ri. — E a caça ao tesouro?

— Oh! — Eu olho para o disco que estou segurando com força


em minha mão. Meio que parece o prêmio por si só. Mas Cashol
pensou muito em me fazer feliz, e eu quero ver o que ele
fez. Provavelmente chorarei como uma pessoa louca por cada coisa
nova, mas tudo bem também.

É engraçado – saber que ele armou isso me faz sentir menos


sozinha. Como se ele estivesse aqui ao meu lado, mesmo quando
não está. Eu sinto um sorriso puxando minha boca, e parece o
primeiro genuíno que tive o dia todo.

Imagino Cashol curvado sobre este disco feio, trabalhando


duro nele e antecipando me lançar nesta pequena mini-aventura
enquanto ele está em uma verdadeira.

— Acho melhor começar a procurar.

Pego a correia do disco.

ICE PLANET
Barbarians
— Alguma ideia sobre onde isso deveria me levar?

— Garota, nenhuma pista.

Olho para Farli, que está sentada em silêncio por perto.

— Eu preciso procurar em seus potes de tintas?

Ela ri. — Ele os pegou emprestado, mas já devolveu todos. —


Ela balança a cabeça. — Sem colares.

— Oh, isso é um colar? — Eu o estudo novamente. Abençoe o


coração do meu companheiro, mas é meio horrível. — Eu pensei
que era tipo um pires para xícara de chá ou algo assim.

Georgie me lança um olhar estranho.

— Com um buraco no centro?

— O que mais poderia ser?

— Essa é a questão do dia. — Estudo-o novamente quando


Josie vem e senta ao nosso lado, um olhar abatido em seu rosto.
— Isso me lembra de donuts, na verdade.

— Isso me lembra um cortador de pizza — Josie interrompe,


com o queixo apoiado nas mãos. — Por que você tem um cortador
de pizza?

Um cortador de pizza? Eu toco a borda e ela está cega, mas


poderia facilmente ser feita afiada. Interessante.

ICE PLANET
Barbarians
— Meu companheiro me deixou uma caça ao tesouro —
respondo a ela.

E porque ela parece muito triste, eu pergunto: — Quer me


ajudar a procurar a próxima pista?

— Certo.

Os SA–KHUI são pessoas que não gostam de desperdiçar


nada. Chifres, cascos, peles, bexigas secas, o que quiser – tudo de
uma caça pode ser usado. E porque até os ossos são usados, há
muito armazenamento.

Na verdade, há uma caverna inteira dedicada ao


armazenamento de itens, e é onde Josie e eu nos encontramos –
vasculhando cesta após cesta de ossos limpos e armazenados,
apenas esperando para ser esculpido em algo útil. É meio macabro,
mas depois dois anos morando com os sa-khui? Superei muito dos
meus escrúpulos.

Estou procurando entre um punhado do que parece ser


costelas dvisti quando Josie suspira.

— O que é? — pergunto.

ICE PLANET
Barbarians
— Sinto falta do Haeden — diz ela, jogando de lado uma
vértebra em outra cesta. — Parece que ele acabou de voltar e agora
se foi de novo.

Ela não está errada. Haeden partiu por semanas em uma


jornada para recuperar as novas mulheres humanas, e sinto uma
pontada de culpa.

Cashol está ao meu lado o tempo todo. Eu... acho que foi
egoísmo da minha parte exigir que ele ficasse aqui quando todo
mundo tem que se sacrificar.

— Você poderia ir com ele — eu sugiro. — Liz vai caçar com


Raahosh.

— Eu sugeri isso.

O tom taciturno de Josie me diz como foi essa conversa.

— Ele quer que eu fique segura com o bebê a caminho.

— Mmm. Bem, não é a pior ideia. Não que eu ache que você
se machucaria.

Corro minha mão sobre uma costela longa e lisa, pensando


em levá-la de volta para a caverna comigo. Eu preciso de uma nova
concha e com um pouco de entalhe, isso poderia funcionar bem.

— Mas espere mais alguns meses , quando você ficará sem


energia e feliz por estar aqui com o resto de nós. Além disso, ele
provavelmente pode fazer mais sem distrações.

ICE PLANET
Barbarians
— Ele se distrai facilmente — ela diz, sonhadora.

Isso está se aproximando do território TMI3, então eu renovo


minha escavação em um novo cesto. Estou usando meu pequeno
disco feio em volta do meu pescoço agora, então eu não o perco e
estou gostando cada vez mais dele. Toco frequentemente, só para
poder lembrar-me que Cashol está pensando em mim. Isso ajuda.

— Então, como é que Cashol finalmente decidiu sair em uma


caçada mais longa? Eu pensei que vocês tinham algum tipo de
acordo com Vektal ou algo assim.

Ela não sabia que Haeden disse algo? Ou talvez fosse apenas
um boato. De qualquer maneira, não importa.

— Já era tempo. Ele precisava sair. A caça será longa e pesada


até ao inverno chegar. Desculpe, inverno não. Temporada
brutal. Seja o que for.

— Isso é o que todo mundo vive dizendo.

Ela puxa sua cesta para mais perto e enfia entre as pernas,
em seguida, cava fundo.

— Mas você odeia que ele tenha saído, não é? Eu posso ver.

— É... difícil.

3 TMI é uma sigla muito usada de modo informal, e significa Too Much Information, ou seja,

informação demais.

ICE PLANET
Barbarians
— Por quê?

A pergunta inocente de Josie não me surpreende. Ela adora


conversar. Na verdade, essa é uma das razões pelas quais gosto
tanto da companhia dela – ela falará sem parar se tiver um
assunto, e é bom ouvir outra pessoa preencher o espaço vazio. Se
eu ficar muito quieta, começarei a sentir ainda mais falta de
Cashol.

— Pela mesma razão que Haeden fez você ficar perto da


caverna em vez de ir caçar com ele, eu suponho.

Minha cesta está se tornando um grande fracasso, então eu


limpo minhas mãos e coloco-a de lado.

— Eu me preocupo.

— Que ele se machucaria? Haeden diz que Cashol é bom na


caça. Um bom rastreador. Não tem o sexto sentido como Rokan,
mas ele pode ler uma trilha muito bem. Mas eu meio que acho que
Haeden é um dos melhores caçadores, então posso ser meio
tendenciosa. É fácil ser tendenciosa quando você está acasalada
com um cara tão legal.

Meus lábios se contraem quando Josie dá outro suspiro


sonhador. Difícil de acreditar que ela estava xingando o nome de
Haeden alguns meses atrás.

A ressonância muda tudo, no entanto. Antes, Cashol estava


meio que... lá. No cenário. Um cara legal em um mar de caras legais
que queriam uma companheira. Ele nunca

ICE PLANET
Barbarians
demonstrou interesse, nunca se atirou em mim, mas se eu
precisasse de uma de suas mãos com algo, ele sempre era um dos
primeiros a se voluntariar. É assim que ele é. Amigável, generoso e
muito inteligente.

Ótimo, agora estou sentindo falta dele. Eu ignoro a pontada


solitária que atira através de mim e ergo outra cesta tão perto de
minha barriga protuberante quanto eu posso.

O bebê está excepcionalmente ativo hoje, constantemente


batendo e se movendo por aí. Dou um tapinha na minha barriga e,
em seguida, alcanço a cesta.

— Eu só me preocupo, sabe? Eu me preocupo que... bem, é


como chegamos aqui. Tudo estava bem e normal, então acordei e
meu mundo mudou. Sequestrada por alienígenas e tudo o que era
familiar arrancado de mim. — Engulo em seco. — Eu... acho que
estou preocupada com isso acontecendo novamente. Sobre ficar
muito confortável, muito feliz, e então tudo vai para o inferno mais
uma vez.

Porque agora? Estou mais feliz do que nunca. Tenho o


companheiro mais maravilhoso e um bebê a caminho, e na maioria
dos dias estou tão feliz que nem me importo que não haja
chocolate, papel higiênico ou shampoo no planeta de gelo. Posso
ficar sem eles, desde que tenha Cashol e meu filho. Se eu os
perder...

Eu balanço minha cabeça para limpar os pensamentos


sombrios.

ICE PLANET
Barbarians
— Alguma sorte em combinar os discos?

— Nada, amiga.

— Continue olhando. Há mais algumas cestas no canto.

— Estou cuidando disso — ela diz, e se levanta. — Quanto à


preocupação? É engraçado, mas eu não me preocupo mais.

Eu pego minha cesta preguiçosamente. — Não?

— Não. Acho que fui sequestrada por alienígenas e caí no meio


do caminho através da galáxia para encontrar a pessoa que é
perfeita para mim, então deve haver um plano mestre em ação.

Ela começa a cantarolar uma pequena melodia e então faz


uma pausa.

— Temos que confiar que o pior já passou, sabe? Todas as


nuvens de tempestade estão atrás de nós e não há nada além de
céu azul à frente.

Eu sorrio ao ouvi-la dizer isso. Talvez esteja certa. Talvez não


haja nada além de coisas boas deste ponto em diante. Exceto... eu
não aponto que os céus aqui raramente são azuis e, na maioria das
vezes, estão cobertos por uma névoa cinza invernal.

Deixo que ela tenha otimismo suficiente para nós duas.

ICE PLANET
Barbarians
CAPÍTULO 4
Cashol

O rebanho dvisti pastando pacificamente no vale não tem


conhecimento da minha presença. Estou a favor do vento e Haeden
está por perto, em uma saliência. Ele tem a tarefa onerosa neste
dia de esfregar sua pele com esterco para disfarçar seu cheiro, eles
ainda não o notaram. Será a minha vez para o próximo rebanho.

Tínhamos planejado originalmente seguir caminhos


separados para caçar, mas Haeden não quer ficar longe de sua
nova companheira. Eu não quero ficar longe de Meh-gan também,
então elaboramos um plano para atacar um rebanho e trazer muita
carne dvisti sem perder vários dias fora.

Portanto, passamos vários dias cavando fossos. Muitos,


muitos fossos. Fossos longos. Fossos profundos com pontas de
lanças presas a estacas. Neva sem parar, e nós passamos metade
do dia cavando novamente nossas trincheiras. O tempo está ruim
e só piorando, se não funcionar, passaremos ainda mais dias longe.

É um risco, mas estamos dispostos a tentar.

O chamado de um bico de foice corta o ar e eu olho para


Haeden. Ele faz o som estranho e cortante de

ICE PLANET
Barbarians
novo, levando a mão à boca. Eu aceno e respondo com o
mesmo. Está na hora.

Os dvisti continuam pastando, sem perceber nossa presença.

Então, Haeden dá um grito de gelar o sangue, pulando de seu


poleiro. Ele acena com a lança, gritando enquanto corre em direção
ao rebanho assustado. Eles entram em pânico e avançam na
direção oposta, em minha direção.

Eu pulo também, gritando, e sigo atrás deles enquanto eles


mudam de direção mais uma vez. Agora o rebanho não tem para
onde ir, a não ser em direção à nossas armadilhas. Eles avançam
em direção aos fossos, invisíveis contra os montes de neve, e um
deles berra enquanto cai no buraco. Outro afunda atrás dele, e há
um estalo de ossos. Mais três dvisti zurram e fogem, mas vários
outros do rebanho acabam nas armadilhas, e Haeden e eu
corremos em direção a eles, satisfeitos.

— Quantos nós pegamos? — pergunto quando nos


encontramos, com as lanças nas mãos. Os dias o trabalho estão
apenas começando – precisaremos matar todo dvisti preso que não
quebrou seu pescoço. Precisaremos tirar a carcaça do buraco,
cortar a garganta para sangrar e, em seguida, embalar. Nossos
trenós esperam contra um penhasco próximo, e de lá, iremos
transportar nossas presas para um esconderijo.

Então, vamos nos limpar e fazer tudo de novo.

Haeden grunhe, olhando para frente.

ICE PLANET
Barbarians
— Seis, talvez sete. Insuficiente.

— Há mais tempo — digo a ele. — E mais rebanhos.

Estou satisfeito, no entanto. Esta é uma boa quantidade de


carne, e a tribo precisa de mais.

— E mais fossos a serem cavados — diz ele, e então estende a


mão e esfrega seu braço coberto de esterco contra o meu. — Você
ficará contra o vento da próxima vez.

Eu corro para longe dele, rindo.

— Está bem. Minha Meh-gan não está aqui para cheirar meu
fedor. Posso ficar tão sujo quanto quiser nos próximos dias.

Haeden está em silêncio. No entanto, isso não é incomum e


nós dois começamos a trabalhar. Após um curto período de tempo,
os dvisti são mortos e arrastados para fora da cova, e nós
começamos a embalar as sete carcaças. Um é insignificante e não
fornecerá muito comida, mas os outros são gordos e
saudáveis. Penso no minha Meh-gan. Ela encontrou os
presentinhos que andei escondendo para ela? Os humanos dão
grande ênfase aos presentes, então tentei pensar no que a
agradaria...

— Como é?

Eh? Eu olho por cima da barriga do dvisti em que estou


atualmente com o braço enfiado, removendo as vísceras. — Como
é o quê?

ICE PLANET
Barbarians
Haeden não olha para mim. Ele está igualmente ocupado,
mas eu me pergunto se é algo mais.

— Sua companheira — ele diz depois de um longo omento. —


O kit. As coisas mudaram agora que sua barriga cresceu?

Ah. Ele está curioso. Recém-acasalado, não tenho dúvidas de


que ele se preocupa como as coisas com Jo-see se ajustarão e ele
não vai gostar dos resultados.

— Nós não acasalamos com muita frequência — digo a ele.

— Não? — Ele olha para cima, as sobrancelhas franzidas.

— Apenas três vezes por dia — eu digo solenemente. — Talvez


duas vezes se meu pau estiver cansado.

Algo bate no meu braço. É intestino. Cheio. Nojento. Eu olho


para cima e Haeden xingando para mim.

Eu começo a rir.

— Você é muito sério, meu amigo.

— E você brinca demais.

Ele me dá outro olhar enojado e volta a massacrar sua caça.

— Eu só... as coisas estão boas agora. Não desejo que isso


mude.

— Muda — declaro com cuidado, porém desta vez sendo


verdadeiro. — Tudo sempre muda. É

ICE PLANET
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inevitável. Parte da intensidade da ressonância fica perdida, mas é
substituída por coisas novas. Coisas melhores.

Eu me sento, limpando o sangue das minhas mãos enquanto


faço uma breve pausa. Pensamentos de Meh-gan preenchem
minha mente e sorrio para mim mesmo.

— Eu amo ouvir a risada da minha companheira. Adoro


cuidar dela. Não me importo quando ela está cansada, porque
então a puxarei contra mim e a segurarei a noite toda. Eu vivo para
agradá-la, e quando você sentir seu filho chutar sua barriga... —
Eu espalhei minhas mãos, incapaz de descrever a alegria disso. —
Tudo no mundo é perfeito.

Sua mandíbula aperta e ele acena com a cabeça bruscamente


depois de um momento.

— Jo-see quer muitos kits. Eu... eu só quero ela. É errado eu


não me importar com os kits?

— Você vai — eu o asseguro. — Quando você sentir o bebê se


movendo em sua barriga, você conhecerá a alegria.

Ele grunhe. — Eu já conheço alegria.

— Mais alegria — eu emendo. — Você não sentirá ciúme do


kit, se essa é a sua preocupação. Haverá espaço no coração da sua
companheira para ambos. Saiba disso.

Pego minha lâmina novamente e olho para o céu. Fica mais


escuro a cada momento, e posso sentir o ar cada
vez mais frio.

ICE PLANET
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— É com o estômago delas que devemos nos preocupar no
momento.

Haeden ergue os olhos e acena com a cabeça.

— Devemos trabalhar mais rápido.

Temos o último embalado, carcaça esfolada, enterrada no


esconderijo momentos antes do tempo mudar para pior. Em um
momento, está nevando forte. No próximo, o vento deixa meu
cabelo gelado, chicotes úmidos que esfolam minha pele e não
consigo mais ver minha mão na frente do meu rosto.

— Para a caverna — Haeden berra.

Eu mal posso ouvi-lo por causa do rugido do vento. Agarro


sua mochila para mantê-la segura – por sua segurança, bem como
a minha própria – e sigo na direção da caverna do caçador. Há uma
não muito longe, mas pode ser impossível encontrar na
tempestade.

O vento fica muito frio e eu envolvo minha capa de pele em


volta dos meus ombros e pescoço. Imagino Meh-gan na caverna,
seu corpo humano frágil, rosa-azulado com
calafrios. Não estou lá para embrulhá-la em

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peles mais grossas, ou para buscar chá quente quando ela está
com frio, muito distraída para cuidar de si mesma.

Sinto uma pontada de preocupação; com certeza alguém


pensará na minha companheira e cuidará dela se o frio ficar muito
forte. Os fogos devem ser mantidos aquecidos e as humanas
protegidas, especialmente a doce humana que carrega meu filho.

Estou perdido em pensamentos e preocupação com minha


companheira, seguindo cegamente Haeden para a frente através da
neve até os joelhos quando o vento para de repente. Olho para
cima, empurrando minhas peles grossas para longe da minha juba
congelada para perceber que estamos na caverna do
caçador. Estive tão distraído que nem percebi.

Haeden encolhe os ombros e se move em direção ao fundo da


caverna escura.

— Comece o fogo. Vou ver quais suprimentos nós temos.

Meus dedos encontram a tira de couro congelada no meu


pescoço. O acionador de fogo de Meh-gan está lá. Posso fazer uma
fogueira sem ele, mas quero usá-lo e me sentir perto dela. Eu puxo
o colar de Meh-gan da minha garganta e encontro meu kit de
acender fogo na minha mochila. Dentro de instantes, acendo um
fogo e começo a alimentá-lo com esterco seco e penugem para
persuadi-lo a subir.

Haeden emerge do fundo da caverna com uma placa de


osso. Ele murmura algo sobre o escuro e pega
uma brasa no prato, soprando suavemente

ICE PLANET
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para torná-la mais quente. Então ele desaparece novamente no
fundo da caverna.

Eu atiço o fogo e, em seguida, preparo meu tripé para derreter


um pouco de neve para beber. O vento está soprando através da
caverna, encontro a tela que pode ser usada para bloquear o pior
da neve. Está soltando de um lado, o couro está gasto, passo
alguns momentos amarrando-a novamente a estrutura óssea
pesada antes de empurrá-la no lugar contra a entrada da
caverna. Ela se instala e, em seguida, bate como um tambor contra
o vento, batendo no lugar. Eu ignoro o barulho e volto para o fogo.

Essa tempestade provavelmente vai durar até de


manhã. Depois disso, seremos capazes de sair e continuar
caçando, desde que as nuvens estejam claras. Eu me lembro do
aviso de Rokan sobre as tempestades e me preocupo novamente
com minha companheira.

Haeden retorna para a frente da caverna um momento depois,


sem carvão. No seu lugar, ele tem um feixe de suprimentos – peles
curadas, um feixe de madeira seca, e uma bolsa do que
provavelmente é kah, a mistura de carne granulada que a maioria
dos caçadores comem quando estão longe da caverna. Ele despeja
tudo perto do fogo e me dá um olhar azedo.

— Parece que passaremos a noite juntos.

Eu não me importo com a companhia. Isso ajuda a manter


minha mente longe da minha companheira.

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— Mantenha seus pés frios do seu lado da cama esta noite.

Ele me lança um olhar mordaz.

— A única pessoa que eu quero enfiar dentro das minhas


peles é Jo-see. Fique do seu lado da caverna.

Eu rio. Ele é muito fácil de provocar.

— Espero que sua Jo-see e minha Meh-gan estejam seguras


e aquecidas nas cavernas.

— Se elas não estiverem, torcerei o pescoço de cada caçador


que estava lá e não cuidou delas.

Ele franze o cenho para o fogo.

— E alguns pescoços femininos, também.

Eu aceno lentamente. Sei que a tribo cuidará de nossas


companheiras. Claro que vão. As fêmeas são estimadas e
protegidas, e a minha está pesada com um kit.

A companheira de Haeden ressoou recentemente. Elas serão


mimadas. Minha cabeça sabe isso, mas meu coração ainda se
preocupa.

Haeden puxa sua faca de osso e a usa para agitar as brasas.

— Eu sou responsável por isso.

— Pelo fogo?

Ele estreita os olhos para mim.

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— Por você estar aqui, em vez de ao lado de Meh-gan. Eu disse
algo a Vektal. Eu deveria ter ficado em silêncio.

Ele se senta de costas, olhando para a chama.

— Eu só me preocupo que não haverá o suficiente para


alimentar a todos quando a temporada brutal estiver sobre nós. Se
já está tão frio...

Ele deixa suas palavras morrerem, e minha imaginação faz o


resto. Eu imagino a neve empilhada, a boca da caverna tribal quase
enterrada sob a neve. O tempo estará extremamente frio, e as
humanas não lidam com o frio tão bem como os sa-khui. Elas
precisarão de roupas quentes e fogo. Minha Meh-gan precisará de
comida extra para produzir leite para nosso filho.

Meu filho. Ele chegará muito em breve.

— Você foi sábio em dizer alguma coisa — digo a Haeden. —


Não guardo rancor. A caça faz parte da nossa vida. Minha Meh-gan
deve entender que não posso ficar ao seu lado durante o resto dos
meus dias... — Minha boca se torce em um sorriso relutante. — E
devo perceber que não posso pairar sobre ela.

Haeden faz um som de acordo. Ele cutuca o fogo novamente,


então se recosta, o rabo balançando um pouco mais facilmente.

— Seu kit nascerá em breve.

— Na próxima lua — eu concordo.

ICE PLANET
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— Rokan diz que essa tempestade pode durar alguns dias.

Eu concordo. Rokan também me avisou antes de partirmos.

— Carne deve ser caçada. Não há escolha.

— Não há — Haeden diz categoricamente. Seu olhar se


concentra em mim. — O que você fará se perder o nascimento do
seu filho?

— Eu não vou — garanto a ele, e minha voz é firme com


determinação.

— Como você tem certeza? — Ele aponta para a tela de couro


batendo e batendo bloqueando a entrada. — Isso não diminuirá tão
cedo.

Ele não está errado. Suspeito que essa tempestade vai durar
por muitos dias, e então nós devemos sair para lutar contra o clima
e caçar ainda mais. Mas isso não me preocupa; em vez disso, estou
cheio de determinação.

Que as montanhas joguem toda a sua neve sobre nós. Deixe


o dvisti correr até às extremidades dos vales. Isso não importa.

Caçarei para alimentar minha companheira. E estarei em


casa para ver meu filho nascer em meus braços. Eu sei que essas
coisas são verdadeiras.

— Tenho certeza — digo a Haeden. — Ele não nascerá antes


de eu voltar para casa.

Ele bufa.

ICE PLANET
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— Um dos pressentimentos de Rokan?

Eu concordei. Certeza simples.

— Há coisas que sei que são verdadeiras. Eu sei que nevará. E


que os dois sóis nascerão no céu e darão lugar às duas luas. Eu
sei que minha Meh-gan me ama e que voltarei casa para trazer meu
filho a este mundo.

Ele revira os olhos e puxa uma pedra para afiar sua lâmina
de osso. — Então é melhor você torcer para que a caça seja
excelente depois da tempestade.

ICE PLANET
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CAPÍTULO 5
Megan

Nevou todos os malditos dias nas últimas três semanas. Não


é uma queda leve de neve. Não é um borrifo alegre. Nem um ligeiro
espanador. Não. Tem sido nevascas terríveis desde que Cashol
deixou a caverna.

Estou preocupada com ele, é claro. Sou só humana. Mas


tenho estado tão ocupada em torno da caverna que não fui
consumida pela minha solidão.

Meu companheiro está em primeiro lugar em meus


pensamentos, mas a dor torturante da sua ausência é
tolerável. Estou animada para que ele volte e para o nascimento do
nosso bebê. Estamos perto agora, posso sentir. Minha barriga
desceu visivelmente nos últimos dias e tenho que fazer xixi a cada
cinco minutos. Isso é irritante, mas também feliz porque isso
significa que o bebê está a caminho.

E significa que Cashol estará em casa em breve.

Por enquanto, estou contente em sentar-me perto do fogo, de


frente para a entrada da grande caverna para que eu possa ver
quando alguém retorna e arma uma tenda. Meus
instintos de alinhamento estão funcionando, o

ICE PLANET
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que significa que quero fazer um milhão de projetos para deixar
nossa caverna mais aconchegante, e estou recrutando outros para
ajudar.

— O que você está fazendo? — Stacy pergunta. Parece que


você tem uma linha de montagem em andamento.

Eu olho para cima da trança macramé em que estou


trabalhando. O anel está no meu dedo do pé – não que eu
realmente possa ver meu dedo do pé – e estou trançando tiras de
couro rapidamente. Também tenho Josie, Claire e Liz ao meu lado,
todas fazendo o mesmo. — Estou fazendo uma rede.

— O quê? Por quê? — Ela me lança um olhar perplexo e se


senta com a gente, ajustando seu canguru onde ela mantém o bebê
Pacy.

— Porque eu acho que Cashol gostaria de uma — digo a ela,


me afastando. Há muito o que fazer e tão pouco tempo para isso.

— Ela está se aninhando — Liz sussurra zombeteiramente. —


O bebê está chegando.

Eu lanço um olhar furioso para ela, meus dedos nunca


parando em suas tranças intermináveis.

— O bebê ainda não está nascendo. Cashol não está em casa.

— Tudo o que você disser — Liz responde docemente, então


tosse. Tosse e tosse.

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Josie ri e eu ouço a risada abafada de Claire. Eu as ignoro,
assim como tenho ignorado a dor nas costas que está me
incomodando o dia todo. O bebê precisa esperar a sua vez, nosso
filho não pode nascer até que seu pai esteja em casa. Então, estou
optando por ignorar o fato de que minhas dores nas costas não vão
embora, ou o fato de que minha barriga esteve dura e apertada o
dia todo.

Cashol precisa estar aqui para seu filho.

E preciso trabalhar mais rápido nesta rede. Faço uma trança


com vigor renovado, lançando a Claire um olhar impaciente
quando ela relaxa. Elas disseram que queriam ajudar, não ficar
sentadas.

Stacy manobra seu canguru, estremecendo.

— Dor no seio, desculpe. — Ela aperta Pacy contra ela


novamente, acomodando-o. — Assim é melhor. Então você não
está na caça ao tesouro hoje? — Ela parece desapontada.

— Hoje não — digo a ela. — Ocupada.

— Qual foi o presente de ontem? — ela pergunta, alheia à


minha necessidade de trabalhar.

— Uma bolsa de sementes cozidas de hraku

Claire entra na conversa. — É tão gentil da parte dele fazer


isso por ela.

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— Mais uma razão para fazer a rede para ele — eu aponto,
tecendo minhas cordas de couro de forma constante. Todos na
caverna têm seguido minha caça ao tesouro.

Depois que encontrei meu disco, Josie e eu encontramos um


par de palitos de cabelo esculpidos no fundo de uma das cestas de
osso armazenadas.

Eles estavam envoltos em uma pele decorada com rabiscos e


salpicado de folhas, demorei um dia ou dois para perceber que as
folhas eram de uma das plantas preciosas da Tiffany que têm
lutado para crescer na neve e que cai com frequência.

Por causa das tempestades, demorou vários dias para o tempo


melhorar por tempo suficiente para que Josie, Tiff e eu fossemos a
sessenta metros fora da caverna e verificar as plantas. Enterrado
perto das raízes de uma delas estava um adorável copo de osso que
tinha um brilho rosado nele. Farli timidamente confessou que ela
tinha feito isso, seu irmão Pashov tinha trocado por ela, e Cashol
tinha trocado com Pashov.

Ela também deixou escapar que havia seis presentes no total,


então eu levei meu tempo descobrindo cada um. Eu tinha os
palitos de cabelo, aquele disco estranho no colar, o copo bonito, e
depois disso foi uma nova faca de osso que tinha sido feita para
minhas mãos pequenas.

Por alguma razão, eu valorizo mais a faca, porque me lembrei


de dizer repetidamente a Cashol que todos as nossas facas foram
feitas para as mãos dele, não para as minhas.

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Depois disso, alguns dias se passaram antes que eu
encontrasse a bolsa de sementes de hraku, escondido pelo cortador
de pedras de Harlow (que agora estava em desuso).

A pele em que estava embrulhada foi decorada com o que


parecia ser desenhos de animais. Isso significava que eu
encontraria meu próximo presente no armazenamento de
alimentos, ou com Chompy, o animal de estimação de Farli, ou
alguma outra coisa que tivesse a ver com animais. Eu procuraria
por isso... amanhã. Talvez. A emoção da caça ao tesouro era
metade do prazer, e eu não tinha pressa em vê-la acabar.

Além disso, quero fazer a rede. Sinto na barriga e eu esfrego


distraidamente. Não tenho muito tempo para fazer isso e é um
grande projeto. Eu tranço mais rápido, meus dedos doendo.

— Isso é uma coisa Rokan? — Stacy provoca. — Você está


sentindo que seu homem estará em casa logo?

Eu balanço minha cabeça.

— Apenas pensamento positivo. Eu não sei quando ele estará


de volta.

Eu com certeza não tenho o sexto sentido que todo mundo


brinca que Rokan tem.

— Mas isso precisa ser feito.

— Onde você colocará uma rede? — Stacy pergunta.

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— Há um recanto no canto da nossa caverna com um
afloramento que funcionará — esclareço. Eu já expliquei isso para
todos os outros na caverna, mas o que é mais um? — Ficará tudo
bem.

— O que você acha que é o próximo presente? — Josie


pergunta. — E você já descobriu o que é aquele disco?

Eu começo a responder, e então minha barriga se contrai, a


ondulação dos músculos fica difícil e surpreendente. Eu suspiro e
solto os fios de couro que estou tecendo juntos, colocando a mão
na minha barriga arredondada.

A caverna fica em silêncio.

— Está na hora? — Claire começa a se levantar. — Devo


chamar a curandeira?

Coloco a mão em seu braço para impedi-la. — Estou


bem. Cashol ainda não chegou em casa.

Ignoro o olhar inquieto que ela lança para Josie e Liz. Elas
pensam que estou louca. Eu não estou. Sou teimosa e confio em
meu companheiro.

Ele disse que voltaria a tempo para o nascimento. E uma vez


que ele ainda não está aqui, não deve ser a hora.

Porém, qualquer momento agora seria bom, penso comigo


enquanto pego minhas tiras de couro novamente.

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CAPÍTULO 06
Cashol

Coloco minha mochila no ombro.

— Estou voltando para a caverna tribal.

Haeden me lança um olhar preocupado enquanto alimenta


outra lasca de esterco no fogo. — Você está louco? As tempestades
não pararam. A neve estará tão alta que cairá sobre seus
chifres. Não é seguro.

Eu aceno lentamente.

— Eu sei. Mas sinto em minhas entranhas que Meh-gan terá


nosso filho logo, e devo estar lá com ela.

É uma sensação que tem me corroído pelo último dia, e não


posso permanecer nesta caverna, ocioso.

Estamos presos aqui há mais tempo do que gostaria, e cada


dia que passa parece areia sob minha pele e irrita. Devido ao clima,
não estamos alimentando a tribo. Estamos apenas sentados e
esperando.

ICE PLANET
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Estou cansado de esperar. Minha Meh-gan está perto de dar
à luz, e eu estarei lá ao seu lado, não importa o quê.

— Você é um tolo — Haeden me diz amargamente. — Você


congelará, como um dvisti em um esconderijo, e então teremos que
trazer seu corpo rígido de volta para sua companheira.

Eu sorrio, porque mesmo enquanto ele diz essas coisas


terríveis, ele pega sua própria bolsa.

— E ainda assim você virá comigo?

Ele bufa.

— A ideia de virar uma pedra de gelo é mais atraente do que


ficar preso aqui mais um punhado de dias com suas botas
fedorentas.

Ele puxa o seu pesado manto fora de seu gancho e o envolve


em torno de seus ombros.

— E sinto falta da minha companheira também.

Eu pego minha capa também; nos últimos dias, estivemos


presos, sem nada para fazer, estivemos nos preparando. Minhas
lâminas estão letalmente afiadas, minha tipoia flexível, para o caso
de eu precisar.

Pegamos as peles armazenadas na caverna e costuramos


capas pesadas para cobrir as mais leves. Já havíamos feito
raquetes de neve porque a neve é profunda, mas não
conseguimos deixar a segurança da pequena

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caverna. Os suprimentos na caverna do caçador estão reduzidos a
nada – o combustível está quase acabando, as rações armazenadas
estão completamente esgotadas e pegamos todas as
peles. Precisaremos reabastecê-la quando o tempo estiver melhor.

Mas para agora? Só consigo pensar no rosto sorridente de


Meh-gan. A necessidade de vê-la queima minhas entranhas. Não
consigo dormir à noite porque me preocupo com ela. Os dias são
intermináveis porque quero estar com ela. Eu sei que Haeden sente
o mesmo.

Portanto, embora seja perigoso, iremos.

Juntamos o último de nossos suprimentos e nos envolvemos


em pesadas peles. Os sapatos de neve passam por cima de nossas
botas. Lá fora está quieto, o vento abafado pela camada de neve
enterrando nossa caverna.

Eu coloco a mão na tela de couro e hesito.

Haeden suspira.

— Eu sei — digo a ele. Fico olhando para a neve sem


fim. Nossa caverna foi enterrada vários dias atrás e mantivemos
um túnel cavado para que pudesse entrar ar, mas a paisagem é
brutal, mesmo para caçadores como nós. O frio é perigoso, a neve
esconde muitos perigos. Estamos colocando nossas vidas em risco
ao sair.

Mas ficar? Com pouca comida e sem fogo? Sem nossas


companheiras?

ICE PLANET
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Parece que não há nenhuma escolha.

Eu olho para Haeden. — Se o vento estiver forte, não seremos


capazes de falar. — Eu envolvo minhas peles mais apertadas em
volta do meu corpo. — Tudo pode acontecer. Se eu não voltar, você
diz a Meh-gan que meus últimos pensamentos foram sobre ela?

Ele me encara. — Você é um tolo. Eu direi isso para ela.

Eu rio, porque meu amigo é o mesmo, não importa o


perigo. Eu puxo as peles sobre minha cabeça para formar um
capuz, empurro a tela para o lado e dou um passo à frente para o
túnel de neve. Está muito escuro. Nós avançamos, nossos passos
lentos enquanto emergimos do túnel cavado para a paisagem
modificada. Tudo em nossa volta está coberto de neve. Neve sem
fim. Ela flutua sobre tudo, mais alto do que eu, apenas as pontas
rosadas e tufadas das árvores aparecem acima. Está frio, desolado
e quieto. O céu continua denso de nuvens, indicando que há mais
neve por vir.

Dou um passo à frente e, mesmo com meu sapato de neve,


afundo. Eu testo a profundidade da neve com minha lança e ela
desce até a ponta. O ar está seco com o frio escaldante e posso
sentir o gelo se formando nas minhas narinas. Eu puxo as peles
mais apertadas em volta do meu rosto e testo minha lança
novamente em outro local. Ela afunda com a mesma profundidade.

— Chega de brincar — retruca Haeden, avançando. — Nós


precisamos ir o mais longe que pudermos antes que o tempo
comece novamente.

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Ele está certo. Penso em Meh-gan e seu rosto pálido
assistindo ansiosamente a frente da caverna pelo meu
retorno. Pensar nela me impulsiona, e sigo após Haeden.

Em breve, para a minha Meh-gan.

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CAPÍTULO 07
Megan

— Oh meu Deus, você é uma péssima mentirosa — exclama


Josie quando eu acidentalmente solto as tiras de couro que estou
segurando. — Há quanto tempo você está em trabalho de parto?

Eu agarro minha barriga, enrugando meu nariz e franzindo


meu rosto em uma tentativa de não gritar em voz alta o quanto
dói. Tudo parece estar se contraindo ao mesmo tempo, e demoro
vários minutos bufando de dor antes de poder falar. Quando eu
posso, calmamente pego as tiras novamente, começando de onde
parei.

— Não está na hora.

— Cara. Você está louca? — A voz de Josie aumenta e suas


mãos vão para os quadris. — Aquilo foi totalmente uma contração!

— O quê? — Tiffany chega com o chá quente que ela trouxe


para mim, um olhar assustado em seu rosto. Ela coloca o copo rosa
ao alcance do meu pequeno ninho de peles e, em seguida, vai para
o fogo para aumentá-lo ainda mais. — O bebê está vindo?

— Sim — diz Josie. — Vou buscar Maylak!

ICE PLANET
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— Não — eu corrijo. Bem, ok, meio que é uma contração. —
Ainda há muito tempo. Minha bolsa ainda nem estourou.

— Bem, eu não verificarei se você está dilatada — retruca


Josie. — Nós somos amigas, mas não tão próximas. Sério,
chamarei a curandeira.

— Josie, por favor. — Estendo o anel que estou usando para


trançar meu couro – rede macramê. — Isso pode esperar, ok? Acho
que saberia se meu bebê estivesse chegando. Você pode me ajudar
a terminar isso? Estou tão perto. Só mais uma ou duas horas de
tecelagem, eu prometo.

Ela e Tiffany compartilham um olhar duvidoso.

Elas são boas amigas por se preocuparem comigo.

— Se minha bolsa estourar, chamaremos a curandeira,


ok? Por enquanto, eu realmente quero terminar isso. — Aceno o
anel para ela, e quando ela não pega, eu o estendo para Tiffany.

Tiffany suspira e dobra seu corpo graciosamente em frente ao


meu inchado.

— Só mais um pouco, então.

Josie faz um barulho indignado, mas ela pega o anel e bate no


chão.

— Bom, excelente.

— Obrigada garotas. Estamos tão perto de


terminar.

ICE PLANET
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— Eu te amo, Megan, mas sinto a necessidade de salientar
que você está me preocupando — diz Josie enquanto segura o anel
e os fios trançados em linha reta para que eu possa movê-los no
lugar.

— Eu sei. — Trabalho rápido, porque estou muito perto de


terminar e quero a rede terminada. É muito cordão para trançar,
mas me manteve ocupada nos últimos dois dias, e sou grata por
isso. Isso me mantém focada no projeto em questão e não no fato
de que o tempo piorou, uivando e implacável, ou que meu
companheiro ainda não está em casa e o bebê está prestes a fazer
sua presença conhecida.

Eu só... não posso deixar o bebê nascer sem o pai para recebê-
lo no mundo. E nem me preocupar com o fato de que o tempo está
tão brutalmente frio que nossa respiração congela mesmo na
caverna, e até mesmo os próprios sa-khui comentaram sobre como
está excepcionalmente frio.

Cashol ficará bem. Ele tem que ficar.

Três horas depois, estou dando os nós finais na rede quando


minha bolsa estoura.

ICE PLANET
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— Isso basta — declara Josie, levantando-se de um salto. —
Estou chamando Maylak.

Minha barriga dá outra contração dura e raivosa, engolindo


meu protesto. O bebê está chegando e meu companheiro não está
aqui. Então começo a chorar porque está tudo errado. Não é assim
que o nascimento do meu bebê deveria ser.

— Agora, cuidado, querida — Tiffany diz suavemente. Ela me


pega pelo braço. — Vamos colocar você de pé e te limpar, ok?

— Cashol disse que estaria aqui — digo entre soluços. — Ele


prometeu.

— Tenho certeza de que ele está voltando agora. — Ela esfrega


minhas costas e ajuda a me levantar e depois me ajuda a tirar
minha túnica. — Pegarei alguns cobertores limpos e um pouco de
água para você beber. Maylak está a caminho e faremos esse bebê
nascer em tempo.

Isso só me faz chorar mais.

Maylak chega com Josie, poucos minutos depois, um sorriso


em rosto azul gentil. Sua mão está em sua própria barriga
arredondada e ela se move para o meu lado, esfregando meu braço.

— Vejo que nosso mais novo membro da tribo decidiu chegar.

— Mas meu companheiro não está aqui — declaro em


lágrimas. — Cashol disse que voltaria para o nascimento do
bebê. Ele prometeu.

ICE PLANET
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Sua mão de três dedos toca minha barriga e em resposta,
outra contração rasga através de mim.

— Acho que seu kit está cansado de esperar. Está muito perto
agora. Seu corpo está pronto.

Meu corpo pode estar, mas meu cérebro ainda está cheio de
protestos. Outra contração surge e a necessidade intensa de
empurrar corre através de mim.

— Muito perto — murmura Maylak novamente. —


Vem. Tiffany, por favor espalhe as peles de parto para ela no canto
para que ela possa agachar?

Eu choro, mas deixo que ela me guie. Minha mente está


focada no pior.

Cashol ficou preso nas trilhas, ferido e incapaz de voltar para


casa.

Cashol morto e congelado na neve.

Ele nunca verá seu filho nascer.

Eu nunca chegarei a segurá-lo novamente, ou ouvir suas


sugestões tolas para nomes do bebê. Eu só choro mais forte,
porque eu sinto falta dele e preciso muito dele agora.

— Eu não quero criar uma família sem ele — lamento,


enquanto Maylak segura minha mão e me leva até às peles frescas
que Tiffany espalhou. — Não posso fazer isso!

ICE PLANET
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— Você pode — Maylak diz em uma voz serena.

— Você está bem — Tiffany acalma. Sua expressão está


preocupada. — Sério, Megan, ficará tudo bem.

— Não está!

Maylak esfrega a mão na minha barriga com cólicas, e eu


percebo que estou nua. Acho que não importa. Não é como se nada
importasse se meu companheiro não estiver voltando para casa.

— As novas mães são sempre muito dramáticas no


nascimento, — diz ela à Tiffany. — Ela está bem.

— Eu estou bem aqui, suas idiotas — eu digo, e então começo


a chorar novamente. — Posso ouvir tudo.

A risadinha de Josie é sufocada por trás da mão, quando dou


a ela um olhar zangado.

— Vou apenas... colocar a tela de privacidade para cima. —


Ela corre para a frente da caverna.

Eu me agacho sobre as peles e descanso de cócoras enquanto


o braço forte de Maylak envolve minhas costas.

— Quando estiver pronta, desça — diz Maylak. Ela toca minha


barriga de novo e sinto meu khui zumbir em resposta. Não como a
ressonância, apenas respondendo ao curador. — Quase aqui. Você
está muito perto.

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— Eu não quero estar perto — eu soluço de novo, mas
ninguém está ouvindo. Eu quero o meu companheiro.

Só então, alguém empurra a tela de privacidade sobre a


entrada da caverna. Outra contração rasga através de mim, e
aponto, porque a última coisa que eu quero é alguém invadindo
quando estou prestes a empurrar um bebê para fora meu corpo.

— Porta — eu ofego. — Porta.

Tiffany se levanta e corre.

— Ei, essa era uma maldita tela de privacidade.

A figura dá um passo à frente, é um sa-khui alto, nitidamente


coberto com peles cobertas de gelo. Seu rosto está escondido atrás
de um capuz, enquanto eu observo, uma grande mão se estende e
agarra o capuz. Está congelado e um som de trituração soa quando
ele o puxa para longe, e então eu vejo o lindo sorriso do meu
companheiro.

— Cashol! — Suspiro e tento me levantar, mas outra


contração está chegando.

— Estou aqui — diz ele, mas há exaustão em sua voz. Ele


cambaleia um passo para frente, puxando suas peles. Gelo e neve
caem de suas roupas enquanto ele desembrulha camadas de seu
corpo grande.

— Haeden estava bem atrás de mim...

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Josie grita e se levanta de um salto, correndo para fora da
caverna.

Eu luto para ficar de pé, mas outra contração está chegando.

Oof.

Tudo está pressionando duramente e a intensa necessidade


de empurrar está retornando. Eu estou dividida entre empurrar e
alcançar meu companheiro.

— Fique aqui — diz Maylak com uma voz suave, apertando


meu braço. Ela gesticula para que Cashol venha até onde estou. —
Você, venha se sentar. Seu kit está quase aqui.

O olhar de puro deleite no rosto de Cashol faz o meu peito


doer com amor. Quero sorrir e rir ao mesmo tempo, mas a
respiração sibila fora de mim e eu ofego, focando no bebê.

Então, dedos frios tocam meu rosto. Eu olho para o sorriso


cansado de Cashol enquanto ele se ajoelha ao meu lado. Seu braço
vai ao redor da minha cintura do lado oposto ao de Maylak, e
ambos estão me apoiando.

— Eu disse que estaria aqui — ele murmura. — Nosso filho


está pronto para se juntar a nós.

— Pode ser... ser... garota — suspiro. Ele pega minha mão e


eu aperto os dedos dele com força quando outra contração
vem. Parece que estão todas correndo juntas agora.

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Eu estou errada, porém. Dois minutos mais tarde, eu dou à
luz ao menino mais perfeito e lindo, que tem exatamente o mesmo
tom de azul do pai que é a primeira pessoa a segurá-lo neste
mundo.

Eu começo a chorar de novo, desta vez de pura felicidade. Eu


quero segurar o bebê, mas há a placenta e a curandeira com as
mãos na minha barriga, falando com meu khui para aliviar um
pouco as dores. Ela está falando, mas não estou ouvindo. Estou
fascinada pela expressão de pura alegria no rosto de Cashol
enquanto ele limpa nosso filho com um pedaço de pele
macio. Tiffany e Maylak ajudam-me a levantar das peles de parto,
que são empacotadas com a placenta para Cashol enterrar mais
tarde – um ritual sa-khui. Estou vestida com uma túnica nova e
macia, embrulhada em cobertores na cama, e então meu
companheiro está ao meu lado com nosso filho.

Eu pego o bebê suavemente em meus braços. Meus seios


estão vazando e ele começa a chiar, mas quero olhar para ele
primeiro.

— Ele é perfeito — Cashol me diz com a voz grossa.

Ele é. Desde as minúsculas protuberâncias de chifre em sua


testa até ao emaranhado de cabelos preto e espesso em cabeça, ele
é filho de seu pai. Seu nariz largo e sobrancelha são sulcados, sua
pequena calda sacudindo contra a minha mão quando vou apoiar
seu traseiro. Ele não parece nem um pouco humano, e por algum
motivo, acho isso absolutamente encantador.

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— Olhe como nosso filho é bonito — sussurro. Desembrulho
seus cobertores porque quero ver seus pezinhos. Ele tem cinco
dedos em vez de quatro como seu pai – o único sinal de que há um
pouco de mim nesta criança. — Ele é maravilhoso.

Cashol balança a cabeça e apenas toca minha bochecha.

Eu olho para cima e vejo que seus olhos estão úmidos de


emoção, e me sinto toda chorosa de novo. Droga, todo esse choro.

Maylak toca o ombro de Cashol.

— Eu voltarei em breve para te curar, então você pode


terminar o ritual de nascimento. Por enquanto, devo verificar
Haeden.

— Curar? — Eu pergunto, lançando um olhar preocupado


sobre a Cashol. Ele parece estar bem para mim. Cansado, mas
bem.

— Você está bem?

— Apenas alguns dedos dos pés congelados — diz ele, tocando


o rosto do bebê com um dedo curioso. — Ela dirá ao meu khui para
trabalhar mais e ficará tudo bem. Foi uma caminhada longa e fria
da volta.

Abro a boca para protestar quando o bebê grita alto. Meus


seios vazam novamente em resposta.

Oh, certo. Eu preciso alimentar meu pobre


bebê. Eu abro os laços na frente da minha túnica

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e empurro o couro para o lado, em seguida, ajusto o bebê contra
meu peito. Eu me sinto estranha –nunca amamentei antes – mas
sua cabecinha aninha-se no meu seio e então ele começa a chupar.

É a coisa mais linda de todas.

Eu toco sua cabeça felpuda, o cabelo preto espesso já flexível


contra os meus dedos enquanto seca.

— Precisamos decidir sobre um nome.

— Mmm. — Ele toca a bochecha do bebê, como se fosse


incapaz de se afastar por um momento. Eu sei como ele se
sente. Já sinto uma quantidade imensa e sufocante de amor pela
vidinha em meus braços.

— O quê, sem sugestões? — provoco Cashol, que está


estranhamente quieto. — Você teve toneladas delas até agora.

Sua boca se curva em um meio sorriso.

— Sou péssimo com nomes, como você disse muitas vezes. Eu


quero que ele tenha o certo. Você deve nomear ele, minha
companheira.

Ah. Eu sorrio e contemplo os nomes que pensamos enquanto


o bebê mama. Nenhum deles parece se encaixar perfeitamente
quando juntamos nossos nomes, no costume que foi criado. Nem
acho que um nome humano parece adequado para o nosso filho
que é tão claramente um sa-khui. — Por que não o batizamos com
o nome do seu pai?

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Um sorriso lento se espalha pelo rosto do meu companheiro.

— Meu pai?

Concordo. Ele me falou muitas vezes sobre seu pai e como ele
sentia falta dele. Ele cresceu apenas com seu pai – sua mãe morreu
no parto – e ficou sem família quando a doença de khui o atingiu.

— Por que não?

— Você... não se importaria com o nome? Holvek não é um


nome muito humano. — Ele toca a mão do bebê e os três dedinhos
e o polegar fecham em torno de seu dedo, segurando-o com força.

Não é o nome mais musical, mas é claro que significa muito


para o meu companheiro. — Eu acho que é perfeito.

Sua expressão de prazer me diz que é a escolha certa.

É o pequeno Holvek.

Maylak retorna pouco tempo depois e trabalha para curar


meu companheiro de suas pequenas dores e sofrimentos. Os dedos
dos pés não estão tão ruins quanto se pensava originalmente, e ele

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é declarado saudável o suficiente para terminar a cerimônia de
nascimento.

Ele pega o pacote de peles e desaparece com ele, embora esteja


claramente relutante em me deixar e ao bebê.

Eu faço o meu melhor para ficar acordada, mas quando


Holvek adormece, coloco-o em sua cesta ao lado da minha cama e,
em seguida, tiro uma soneca também.

Acordo várias horas depois, e me viro para ver Cashol sentado


ao lado da cama, de pernas cruzadas. Ele tem Holvek em seus
braços novamente, olhando para baixo com um olhar de tanto
prazer que fico cheia de intensa alegria ao vê-los.

— Oi — eu sussurro. — Ele está com fome?

— Ele está dormindo — admite Cashol, mas ainda não entrega


o bebê. — Eu não pude resistir a segurá-lo novamente.

Eu rio e luto para me sentar. Tudo está dolorido, mas eu não


me importo. A vida parece muito perfeita no momento.

— Estou tão feliz que você voltou a tempo.

Ele balança a cabeça lentamente e estende uma das mãos – o


bebê encostado em seu peito – para entrelaçar seus dedos com os
meus novamente. — Eu sabia que você precisava de mim.

— Como o sexto sentido de Rokan?

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Ele balança a cabeça. — Apenas um pressentimento. Além
disso, eu estava cansado de compartilhar peles com Haeden.

Eu rio baixinho. — Compartilhando peles?

Ele balança a cabeça e começa a me contar sobre as últimas


semanas que passou na trilha. Aparentemente, ele e Haeden
trabalharam juntos, ambos ansiosos para voltar para casa.

— Infelizmente, a maior parte do tempo foi gasto na caverna


retrucando um para o outro enquanto o vento soprava.

Ele aperta meus dedos e olha para Holvek.

— Eu queria estar aqui com você. Todos os dias era uma luta,
sabendo que vocês dois estavam esperando por mim.

— Foi tudo bem — esclareço, surpreendendo-me com a


constatação de que não foi, na verdade, tão doloroso quanto eu
estava preocupada. — Eu me mantive ocupada. Fiz uma rede para
você.

— Uma ree-de? O que é isso?

— É uma tipoia que te mantém fora do chão para dormir. É


confortável. Vou te mostrar mais tarde.

— Outro costume humano? — Ele parece divertido. — Qual o


próximo? Devo tomar banho em pé?

Na realidade…

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O bebê acorda e eu automaticamente o pego. Cashol o entrega
e se aconchega ao meu lado enquanto começo a cuidar de Holvek
novamente. Eu descanso minha cabeça no ombro de Cashol e uma
onda de puro contentamento me envolve.

— Eu esqueci de te agradecer — murmuro. — Pela caça ao


tesouro. Isso foi tão atencioso da sua parte.

Ele ri e se aninha no meu pescoço.

— Eu queria te dar algo para esperar enquanto eu não


estivesse aqui para alegrar o seu dia.

Eu sorrio. — Você alegrou. Não sou boa com a caça ao


tesouro, no entanto. Nunca encontrei o último.

— Não? Está aqui. — Ele se inclina para o lado da cama.

Intrigada, eu observo enquanto ele pesca algo debaixo do feixe


de forros de couro e peles grossas que compõem o ninho de nossa
cama.

— O que está aqui?

— O último presente. — Ele puxa um pacote embrulhado em


couro, coberto com mais rabiscos terríveis e o estende para mim.

— Você abre — digo baixinho, gesticulando para o bebê.

Ele o faz, e um momento depois, o couro se abre para revelar


mais discos estranhos com um buraco neles. Vários, na verdade.

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— O que são esses? — exclamo. — Estou tentando descobrir
isso há dias.

Cashol parece surpreso. — São mo-eaa. Como você me disse.

— Mo-eaa?

— Din-ero? — Quando continuo parecendo perplexo, ele


balança a cabeça.

— Você me disse que os humanos usam mo-eaa e din-


ero para dar valor às coisas. Que você os usa em vez de trocas.

Oh. — Moedas — entendi. — Dinheiro.

Olho para os discos e eles parecem um pouco estranhos para


mim, mas acho que para um cara que nem sabia o que era uma
seta, essa foi uma boa aproximação.

— Por que você está me dando dinheiro?

— Para mostrar o quanto você significa para mim. — Ele pega


um e coloca no meu colo, então faz o mesmo com o próximo. —
Você disse que as coisas em seu mundo eram valiosas se custasse
muito din-ero. Você é a coisa que eu mais amo neste mundo, então
eu queria te dar din-ero para te mostrar isso.

Está... ele está tentando me dizer que eu não tenho preço para
ele? De repente eu adoro cada moeda feia e cada rabisco
desajeitado nelas.

— Você é o mais doce — declaro a ele, minha


voz cheia de emoção.

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Cashol balança a cabeça.

— Eu sou apenas um homem dedicado à sua companheira.

Sua mão vai para a cabecinha de Holvek.

— E agora ao seu filho também.

Ele é perfeito, meu companheiro. Eu olho para ele com


adoração. Claro ele é bobo às vezes, distraído, e talvez ele tenha
que sair por semanas a fio ocasionalmente para caçar. Mas ele é
doce, me faz sorrir e não me importo quão frio ou desolado é este
planeta ...

Não há nenhum lugar onde eu prefira estar.

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