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RUBY DIXON
ICE PLANET BARBARIANS
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18 s/n 19 20 Honeymoon 1 Honeymoon 2 Honeymoon 3

21 Honeymoon 4 22
“Ressonância” deveria ser um sonho; é quando a sua
alma gêmea é escolhida para você.
Todo mundo, aqui no planeta de gelo encontrou uma
grande e gostosa alma gêmea... exceto EU!

Então, quero um companheiro?


SIM! Poxa! Mais do que tudo.

Tudo o que sempre quis foi ser amada por alguém.


Exceto que a alma gêmea escolhida para mim!?

É a pessoa que menos estimo neste maldito planeta


de gelo.
Haeden é o alienígena mais mal-humorado, irritado, desaprovador,
desagradável e autoritário que existe... então, por que meu corpo canta
quando ele chega perto?

Por que ele trabalha tão duro para provar que não
é tão horrível quanto eu acho que é?
EU O ODEIO... NÃO É!?

Este livro é uma obra de ficção, contém cenas de


sexo, violência e linguagem adulta, recomendado
para maiores de 18 anos.
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O Povo dos Bárbaros do Planeta de Gelo

Desde o início do Prêmio Barbariano.

(pronúncias sugeridas entre parênteses)

NA CAVERNA TRIBAL PRINCIPAL

Caverna 1

Vektal (Vehk-tall) - O chefe do sa-khui

Georgie - sua companheira

Talie (Tah-lee) - sua filha bebê

Caverna 2

Maylak (May-falt) - Curandeiro da Tribo

Kashrem (Cash-rehm) - Seu companheiro

Esha (Esh-uh) - A filha deles


Caverna 3

Sevvah (Sev-uh) - Ancião da tribo, mãe de Aehako, Rokan e Sessah

Oshen (Aw-shen) - Ancião da tribo, seu companheiro

Sessah - (Ses-uh) - Seu filho mais novo

Rokan - (Row-can) - Seu filho mais velho. Caçador adulto.

Caverna 4

Warrek - caçador tribal.

Eklan - seu pai. Mais velho.

Caverna 5

Ereven (Air-uh-ven) Hunter, acasalado com Claire

Claire - acasalada com Ereven, atualmente grávida

Caverna 6
Liz - companheira e caçadora de Raahosh.

Raahosh (Rah-hosh) - Seu companheiro. Um caçador e irmão de


Rukh.

Raashel (Rah-shel) - a filha deles.

Caverna 7

Stacy - Acasalada com Pashov. Tem um filho não identificado no


livro 5.

Pashov (Pah-showv) - filho de Kemli e Borran, irmão de Farli e


Salukh. Companheira de Stacy e tem um filho sem nome.

Caverna 8

Nora - Companheira de Dagesh, mãe das gêmeas Anna e Elsa.

Dagesh (Dah-zzhesh) (o som g é engolido) - Seu companheiro. Um


caçador.

Anna e Elsa - suas filhas gêmeas bebês.


Caverna 9

Harlow - companheiro para Rukh. 'Mecânica' para a Caverna dos


Anciãos.

Rukh (Rookh) - Ex-exilado e solitário. Nome original Maarukh.


(Mah-rookh). Irmão de Raahosh. Acasalado com Harlow.

Rukhar (Roo-car) - Seu filho pequeno.

Caverna 10

Megan - Companheira de Cashol. Extremamente grávida.

Cashol - (Cash-awl) - Companheiro para Megan. Caçador.

Caverna 11

Marlene (Mar-lenn) - Companheira para Zennek. Tem filho sem


nome.

Zennek - (Zehn-eck) - Acasalado com Marlene. Tem filho sem nome.


Caverna 12

Ariana - Companheiro para Zolaya. Filho sem nome.

Zolaya (Zoh-lay-uh) - Caçadora e companheira de Ariana. Filho


sem nome.

NAS CAVERNAS DO SUL

Caverna Sul 1

Aehako - (Eye-ha-koh) - Líder em exercício da caverna sul.


Companheiro de Kira, pai de Kae. Filho de Sevvah e Oshen, irmão
de Rokan e Sessah.

Kira - Companheira de Aehako, mãe de Kae.

Kae (Ki - rima com 'mosca') - Sua filha recém-nascida.

Caverna Sul 2

Kemli - (Kemm-lee) Mulher idosa, mãe de Salukh, Pashov e Farli


Borran - (Bore-awn) Seu companheiro, ancião

Farli - (Far-lee) A filha adolescente deles. Seus irmãos são Salukh


e Pashov.

Caverna Sul 3

Drayan - Ancião.

Drenol - Ancião.

Caverna Sul 4

Vadren (Vaw-dren) - Ancião.

Vaza (Vaw-zhuh) - Viúvo e ancião.

Caverna Sul 5

Asha (Ah-shuh) - Acasalado com Hemalo. Nenhuma criança viva.

Hemalo (Hee-mah-lo) - Acasalado com Asha.


Caverna Sul 6

Tiffany - atualmente sem par. Mulher humana.

Josie - Atualmente não acasalada. Mulher humana.

Caverna Sul 7

Bek - (BEHK) - Caçador.

Hassen (Hass-en) - Caçador.

Harrec (Hair-ek) - Caçador.

Caverna Sul 8

Haeden (Hi-den) - Caçador.

Taushen (Tow –rima com cow-shen) - Caçador.

Salukh (Sah-luke) - Caçador. Filho de Kemli e Borran, irmão de


Farli, Pashov e Dagesh
O que aconteceu antes ...

Os alienígenas são reais e estão cientes da Terra. Várias


mulheres humanas foram abduzidas por alienígenas conhecidos
como 'Pequenos Homens Verdes'. Alguns são mantidos em
cápsulas de estase e outros em uma cela dentro de uma nave
espacial, esperando para serem vendidos em um mercado negro
extraterrestre. Enquanto os humanos cativos planejavam uma
fuga, os alienígenas tiveram problemas com a nave e despejaram
sua carga viva no planeta habitável mais próximo. É um lugar
desolado e invernal, apelidado de Not-Hoth(não-quente) pelos
sobreviventes.

Em Not-Hoth, as mulheres humanas descobrem que não são


a única espécie abandonada. O sa-khui, uma tribo de enormes
alienígenas azuis com chifres, vive nas cavernas geladas. Eles
caçam, se alimentam e vivem como bárbaros, descendentes de um
povo antigo que se adaptou ao mundo hostil. A mais crucial das
adaptações? A do khui, forma de vida simbiótica que vive dentro
do hospedeiro e garante seu bem-estar. Cada criatura do planeta
de gelo tem um khui, e aqueles sem ele morrerão dentro de uma
semana, nauseados pelo próprio ar. Resgatadas pelo sa-khui, as
mulheres humanas assumem um simbionte khui abdicando de
qualquer esperança para retornar à Terra.

O khui tem um efeito colateral incomum no seu hospedeiro:


se um par compatível for encontrado, o khui vibrará uma canção
no peito de cada hospedeiro. Isso é chamado de ressonância e
muito valorizado pelo sa-khui. Somente com ressonância o sa-khui
propagará sua espécie. Os sa-khui, cujo número está diminuindo
devido à falta de mulheres na tribo, ficam muito felizes quando
vários machos começam a ressoar para as mulheres humanas,
garantindo assim a união dos povos e a vida da tribo recém-
integrada. Um sa-khui macho é ferozmente devotado à sua
companheira e, atualmente, várias humanas reivindicadas pelos
machos estão grávidas.

As humanas chegaram no planeta de gelo há mais de um ano


e meio e a maior parte se adaptou à vida tribal. Quase todas
casaram; novos bebês estão nascendo de pares humanos e sa-khui
e a tribo se agita com a vida mais uma vez. Duas mulheres
humanas permanecem solteiras... e então Tiffany ressoa.

É aqui que a nossa história começa.


Capítulo 1
Josie

Sou a última mulher solteira em todo o planeta de gelo.


Assisto Tiffany e seu novo companheiro Salukh irem para a
caverna enquanto todos comemoram, porém, meu humor
realmente não é festivo. Estou preocupada, não sou fã de insistir
nas coisas que não consigo mudar e isso é algo preocupante.

Serei a solteirona mais solteira que já existiu? É perturbador.

Desfrutarei de uma caverna só pra mim?

Ficarei presa na caverna de outra pessoa como uma rejeitada?

Escutarei todos os outros se beijarem, sabendo que nunca


possuirei um companheiro porque Harlow não pode consertar o
estúpido aparelho de cirurgia?

Observo tristemente o fogo, refletindo sobre o DIU imbecil e


estúpido que não sairá do meu corpo, mesmo decorrido mais de
um ano e meio do pouso e do piolho que consertaria esse tipo de
coisa. Ao meu redor, todos estão felizes, comemorando e não sinto
vontade de compartilhar dessa alegria. Nem era tão ruim quando
não era a única humana sem companheiro e
sozinha. Não afligia ser totalmente rejeitada.

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Agora? Julieta fica sem Romeu. O queijo fica sem a outra
metade. Sinto-me totalmente abandonada.

É um sentimento com o qual já acostumei enquanto crescia e


era despejada de vários lares adotivos. Nunca possui uma família
para chamar de minha e as pessoas que passaram pela minha vida
saíram tão rápido quanto entraram, felizmente, não moro no
passado. Merda acontece com todo mundo.

Aqui no planeta de gelo, reconheço que ganhei uma família,


pelo menos por um tempo. Havia doze mulheres humanas e os sa-
khui só tinham quatro fêmeas para seus trinta e poucos homens.
Para eles, éramos especiais, um presente das estrelas a serem
cobiçadas e cuidadas. Pertenci a um grupo pela primeira vez, uma
família. Então, uma a uma, as garotas encontraram seus
companheiros. Primeiro Georgie, depois Liz, Stacy, Nora, Ariana,
Harlow e todas as outras. Uniram-se a caras azuis grandes,
bonitinhos e totalmente devotados que creem que suas
companheiras predestinadas não podem errar e as amam a todo
momento. Agora todas estão parindo ou engravidando, vivenciando
o melhor de todos os momentos no planeta gelado.

É difícil não ter ciúmes. Também não era tão ruim quando
éramos Claire, Tiffany e eu, as únicas humanas solteiras após a
corrida inicial dos acasalamentos. Tudo bem, não era a única
rejeitada pelo meu “piolho”: o simbionte que me mantém viva e
brinca de casamenteiro, no entanto Claire conseguiu um
companheiro e, em seguida, Tiffany.

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Sou a especial cujo “piolho” saiu para almoçar. O idiota do
“piolho” deveria cuidar de mim, me manter saudável a todo custo,
consertar meu corpo para suportar o ambiente hostil do novo
planeta e encontrar o companheiro perfeito. No momento em que
isso acontecer, ressoarei, meu “piolho” vibrará no momento em que
o macho perfeito se aproximar para que possa identificar o
escolhido e, então, transar intensamente e repetidamente até criar
um bebê azul fofo e felpudo, todavia não ressoo e reconheço que é
o estúpido DIU preso no meu... você sabe o que.

Você não engravida caso esteja no controle da natalidade e


não ressoa se não pode engravidar.

É chato conhecer o exato motivo pelo qual está tomando chá


de cadeira, no banco de reserva e não ser capaz de alterar tudo.

Olho para a fogueira central. Tanto esforço para não ser uma
estraga prazer. É difícil ficar feliz quando todo mundo recebe o que
eu sempre quis: um companheiro, família, bebês e continuo sendo
ignorada.

Um pequeno movimento chama a atenção e vejo por cima do


fogo resplandecente um rosto familiar fazendo careta na minha
direção. Haeden. ECA. Para mim, é a pessoas mais antipática das
cavernas de sa-khui. O macho aparenta estar mais irritado que o
normal, o que é uma façanha. Se não fosse tão idiota, seria bonito.
Talvez! E é claro, é grande e musculoso como todos os homens sa-
khui. Tem os grandes chifres arqueados e ondulados que se
projetam da testa como um carneiro montanhês,
a pele é de um azul pálido, a testa coberta de

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espessas e salientes placas que o faz parecer um mutante, mas
apenas enfatizam a força dos seus traços, o cabelo é longo, preto,
barbeado nas laterais e o restante é preso em uma trança longa
que passa por cima da cabeça e cai nas costas. Certamente o tipo
de alguém, não o meu. Seu rabo sacode com raiva ao me ver como
se o irritasse.

Nossos olhos travam, Haeden cruza os braços sobre o peito


como um desafio para levantar e confrontá-lo.

Não ligo, faço uma careta para ele. Não sei por que tem ódio
por mim e estou cansada disso. No momento em que afasta fico
estranhamente insatisfeita e decepcionada. Até aceitaria uma
briga, exceto que Haeden não luta. Assim que o irritei
suficientemente, deteve-se, vociferou algumas palavras bem
escolhidas e afastou.

Cutuco Farli, que está sentada ao meu lado com seus potes
de tinta, desenhando uma linha vermelha festiva no meu braço e
pergunto:

— O que há com Haeden ultimamente?

— Hmm? — ela mergulha o pincel em uma tinta vermelha e


pinta um ponto no meu braço.

— Ele parece mais zangado do que o habitual — esclareço e


obedientemente viro o braço para que pinte um ponto azul ao lado
do vermelho.

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— Oh. Mostrou-se muito... azedo... quando descobriu que foi
à caverna principal sozinha. Gritou com Taushen por horas.

— Por quê? O homem não gosta de mim — minhas


sobrancelhas erguem. Haeden deveria ficar feliz por ter feito
sozinha a jornada assustadora e perigosa recentemente.
Provavelmente, esperava que eu caísse em um monte de neve e
desaparecesse.

— Ele é protetor com as fêmeas, acha tolice arriscá-las — Farli


encolhe os ombros e pinta um círculo delicado no meu braço.

— Oh! É um chauvinista. Cheguei perfeitamente bem — foi


um pouco assustador, mas lidei com isso. Não tivemos opção. Tiff,
Taushen, Salukh e eu visitávamos a caverna dos anciãos, uma
nave espacial sa-khui quebrada de várias centenas de anos atrás,
quando Tiff notou uma grande tempestade aproximando. Saímos
para avisar a caverna do Sul (minha casa) e a caverna principal.
Tiff machucou o tornozelo e Salukh permaneceu com ela. Taushen
fez a caminhada mais longa de volta para a caverna do Sul e eu fui
para a caverna principal, apesar da nevasca que aproximava e de
nunca ter viajado desacompanhada.

Estava muito orgulhosa por conseguir e ainda salvar o dia,


maldito seja. Sim, poderia morrer em uma corrente de neve,
todavia não morri. Sozinha encontrei a caverna e mostrei que não
sou inútil. Estou radiante e faria tudo novamente.

Farli desenha um círculo azul maior no braço. Os sa-khui


gostam de pintar seus corpos com redemoinhos

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brilhantes em comemorações e adoro isso. Fico feliz em olhar para
as pinturas e ela sabe que tem uma tela disposta comigo. Rabisca
o braço um pouco mais e depois segura meu pulso mantendo
imóvel.

— Sim, contudo as humanas são fracas. Haeden diz que


arriscar sua vida significa comprometer mais de uma vida,
roubando outro macho do seu companheiro e kits.

Percebo que Farli imita as palavras de Haeden.

— Ainda bem que para ele só a vagina tem valor — piada, a


minha parte de menina tem um sinal permanente de “não há
vaga”, infelizmente.

— O que é va-shy-nah? Não conheço essa palavra.

— Deixa pra lá. O homem é um idiota. Sempre foi e sempre


será — provavelmente, não deveria ensinar palavras humanas
inapropriadas, Farli não tem mais que quatorze anos.

— O que é idi-ota? É divertido pintá-la, Jo-see. Você é branca


como a barriga de Cham-phee. As cores destacam — desenha outro
círculo no meu braço, desta vez de uma cor verde doentio.

EXCELENTE! Sou comparada ao dvisti de estimação dela.

— Um idiota é um homem que pensa com as partes


masculinas — cabe totalmente ao carrancudo Haeden, não importo
com o que os outros dizem.

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Ela ri das minhas palavras. Pelo menos alguém me acha
divertida.

Não. Não posso continuar pensando assim. Preciso imaginar


coisas mais felizes. Coisas como o bebê que Tiffany e seu
companheiro estão fazendo bem como os barulhos que enchem a
nossa caverna. Amo bebês e Tiffany é minha melhor amiga aqui,
então ajudarei os papais dessa pobre criança. Olho o fogo,
contemplando as circunstâncias da minha vida. Se Salukh e
Tiffany continuarem se agarrando vinte e quatro horas por dia, sete
dias da semana, necessitarão de uma caverna só pra eles.

Farli termina de decorar meus braços, pega os potes de tinta


e avança em direção a outra pessoa. Permaneço onde estou, a tinta
secando. Ninguém fala comigo. Não é como se houvesse muitos de
nós nas cavernas do Sul, metade dos ocupantes dessa caverna já
retornaram para a caverna principal. Os que sobraram
provavelmente não estão tão comemorativos se o humor triste de
Taushen é algum indicador. Não o culpo. Perdeu a garota e sou a
única que sobrou.

Ou Farli, ainda assim é uma criança. Ou se vira comigo ou


aguarda Farli crescer. Não é à toa que o homem está deprimido.
Estou chateada comigo mesma. Não quero voltar para a caverna,
porque tenho medo de ver Salukh com Tiffany... o que seria
estranho. Quem sabe empreste um cobertor de Kira e use uma das
cavernas vazias.

Fico de pé e algo brilha contra minha bota de


couro.

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Pego, franzindo a testa. Caiu das minhas perneiras. Que
diabos é isso? Parece um pequeno Y plástico, o que é estranho. Não
existe plástico aqui nas cavernas sa-khui. Será que prendeu na
bota no momento em que estávamos na nave espacial dos anciãos?
Se sim, como...

Suspiro, compreendendo o que estou contemplando. Não é da


caverna dos anciãos.

É O MEU DIU!

De alguma forma, meu corpo o forçou a sair. Meu khui


trabalhou silenciosamente para expulsá-lo. Aperto-o na minha
mão, meu coração acelerado de emoção.

Isso muda tudo!

Posso engravidar, ressoar e ter um companheiro!

Terei tudo o que sempre sonhei, uma família e um feliz para


sempre. Não preciso esperar Harlow consertar a máquina de
cirurgia da nave dos anciãos, porque “meu amigo” decidiu ser
incrível, afinal. Obrigada, khui! Obrigada! Você é o melhor! Retiro
todas as coisas horríveis que disse sobre você.

Ansiosamente reparo nas pessoas da caverna principal. Quem


será meu companheiro? Existem vários homens atraentes e todos
são legais... exceto Haeden.

Não sou exigente. Aguardarei o “piolho” escolher alguém. Ele


sabe o que é melhor, afinal. Escolherá o homem
perfeito, faremos bebês pequenos e gozarei uma

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vida de alegria e felicidade. Meu humor mudou totalmente e estou
tão radiante que gritaria de alegria.

Perto, Vaza chama minha atenção e olha curioso.

Felizmente, meu khui permanece em silêncio. Bom. Não estou


tão desesperada assim. Vaza é mais velho e dá em cima de tudo
que possua mamas. Ele está sentado ao lado de Bek e agradeço
que meu khui também não faça nenhum som para ele. Piolho, você
é um amigo inteligente.

No momento, Hassen é a escolha número um, porque é


gostoso e todo “macho alfa”, ficaria realmente satisfeita com isso.
Não o vejo em lugar algum. Taushen também. Provavelmente ainda
estão deprimidos por perder Tiffany. Olá, estou perfeitamente
inclinada a ser “um prêmio de consolação”. Hora de encontrar meu
cara e melhorar seu dia.

Há dois idosos conversando de um lado, tenho certeza que um


tem companheira e o outro poderia ser meu avô. Porém, só para
confirmar passo perto e nada acontece. Ufa. Não tem problema,
piolho. Temos muita carne de homem nesta caverna para checar.

— Alguém viu Hassen? — questiono.

— Está fazendo as malas na sua caverna — diz Vaza.

— Legal — apresso e vou nessa direção antes que Vaza decida


se quer ou não dar em cima de mim. Vamos lá, Hassen. Seja meu
companheiro! Claro, mesmo que não ressoe com Hassen, sempre

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há os caras da outra caverna. Imediatamente lembro de Rokan, é
gostoso e legal. Ficaria satisfeita com ele.

Chego na caverna em que muitos dos caçadores solitários


vivem e a tela de privacidade não fecha a entrada.

— Yoohoo — chamo com a voz mais doce. Encontro-me


animada e afasto os pensamentos de Rokan. A outra caverna
parece distante agora. Acontecerá nesta noite, eu sinto. Rokan
perderá, porque não está aqui. Percebo que meu companheiro está
aqui. Essa é a minha chance!

Desfrutarei do meu “feliz para sempre”. Hoje à noite minha


vida começa, receberei minha família e deixarei de ser mais uma
rejeitada.

Hassen sai da caverna com um olhar confuso no rosto.

— Sim? O que quer?

Sorrio e ... nada acontece. SACO! Hassen era o número um


na minha lista.

— Só... vim dizer oi? Viu Taushen?

Ele estreita os olhos como se tentasse entender.

— Está aqui.

— Posso cumprimentá-lo também?

Conseguiria matar dois coelhos com uma


cajadada só.

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— É algum costume humano?

Continuo sorrindo, mesmo o seu olhar confuso não me


desanimará. Não nessa noite.

— Sim! Sim é isso.

Hassem resmunga e volta para a caverna. Admiro sua bunda


por um momento, caramba, é uma bunda bastante agradável, no
entanto não é minha bunda. Ah bem. Tenho certeza que o meu
será incrível. Taushen tem um corpinho apertado e...

Ele sai da caverna um momento depois, olhando


ansiosamente.

— Ho, Jo-see. Do que precisa?

Meu peito está quieto, tão quieto quanto antes. Sem


ressonância, sem nada. Droga.

Ofereço minhas desculpas, citando uma súbita necessidade


de encontrar um penico e afasto correndo. Quem sobrou? Há
Vadren conversando com Harrec e, embora ambos sejam de meia-
idade, aprenderia a amar um cara mais velho, posso gostar do
relacionamento com um coroa. Aproximo, fingindo ouvir a
conversa. Nada.

O piolho está de férias? Cansado pelo esforço em se livrar do


DIU? Coloquei a mão no coração, preocupada. Alcancei todos os
caras solteiros da caverna. Talvez meu companheiro esteja na
outra caverna? É decepcionante, entretanto

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espero mais um dia. Afinal, Rokan seria o único para mim e começo
a imaginar como seriam nossos filhos.

Enquanto caminho em direção ao fogo, meu peito está


engraçado.

Observo e meus pequenos seios vibram. Na verdade, meu


peito inteiro vibra.

Puta merda. Ressonância.

Sim. Sabia que seria hoje à noite! Suspiro, segurando minha


túnica de couro mais apertada para que ninguém veja os seios
balançando, exceto meu companheiro. Meu peito continua a vibrar
e o barulho aumenta. Estou ressoando.

Estou ressoando, porra!

Quero gritar de alegria. Olho em volta, empolgada, tentando


descobrir quem desencadeou meu piolho. Esqueci de quem? Qual
homem passei que fez meu amigo prestar atenção? Uma segunda
chance com alguém? Ou...

Giro e Haeden está parado atrás de mim, congelado no lugar.

Meus olhos se arregalam e aperto meus peitos vibrantes.

Não.

Merda, não.

— Não! Não pode ser — sussurro.

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Ele olha para o peito e para mim.

Então ouço. Um tambor correspondente, um ronronar baixo.

Haeden ressoa. Estou ressoando.

Por um momento, desejo que de alguma forma ele decidiu


ressoar com outra pessoa, que há outra mulher em algum lugar,
apareça das sombras e grite 'surpresa'! Que tudo isso é uma piada
de mau gosto.

O homem dá um passo na minha direção.

Meu piolho fica ainda mais eufórico, meu peito vibra com
tanta força que os mamilos doem. Seguro os seios e observo a
reação de Haeden.

O homem encara, há raiva e agonia no seu rosto. Ele não quer


isso.

Eu também não, estou devastada. É meu pior pesadelo. Tudo


o que sempre pretendi era uma família, alguém que me amasse e
um feliz para sempre.

Ressoando com Haeden?

Meu sonho está completamente destruído.

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Capítulo 2
Josie

Está acontecendo.

Oh Deus.

Não cogitei que seria assim, tão intenso. Isso é imediato.

E também nunca ponderei que seria para ele.

Não sei o que fazer. Eu o encaro fixamente, segurando os seios


como se pudesse pará-los e de alguma forma interromper o ressoar
para ele.

Desejei a ressonância, companheiro e bebês. Faltou ser mais


específica. Qualquer um menos Haeden, piolho. Vamos voltar. Aceito
qualquer um, menos ele. Por favor.

Infelizmente, o piolho estúpido ronrona mais alto.

Haeden estreita os olhos e dá outro passo à frente. O punho


pressiona seu peito como se tentasse a mesma tática de barganha
com o khui.

— Isso não está acontecendo. Não somos... nós não.

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O homem faz uma careta e pega minha mão.

— Precisamos conversar — ordena ao mesmo tempo que me


arrasta para a caverna que compartilha com Salukh e Taushen.

Luto para tirar a mão do aperto, principalmente porque o


toque é.… ok, faz meus hormônios ficarem selvagens. Estou
enlouquecendo. Tocar a mão de Haeden, não importa quão sexy ou
forte ou calejada, não tem que deixar minha calcinha de couro
(inexistente) encharcada e é exatamente o que acontece.

— Não vou a lugar nenhum com você! — rosno.

Ele vira e olha como se fosse louca.

— Quer fazer aqui fora?

— Não farei nada com você!

— Não tem escolha. Sobre isso, ele fez as escolhas por nós —
explica Haeden, batendo com força no peito.

O homem não está errado.

— A menos que queira ressoar em público e tudo o que


implica, venha comigo para conversarmos.

Está tão perto que sinto o calor do seu corpo grande. Como
nunca reparei que Haeden é enorme? Que é muito mais alto que
eu, é todo musculoso, forte, azul e pele perfumada? Droga, piolho,
seu tempo é uma merda e seu critério também é.

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— Tudo bem. Estou indo — retruco fracamente.

Se não o acompanhar temo que farei algo inapropriado no


momento em que aproximar. Ruborizo com tal ideia.

Para meu alívio, ele não pega minha mão, as coloca nas
minhas costas me guiando para a sua caverna. Se alguém
percebeu que partimos juntos, ninguém disse nada ou nos
impediu. Acho que todo mundo está bêbado ou não estão
prestando atenção. É uma pequena caverna e às vezes não há nada
a fazer além de fofocar. Se alguém nos avistar juntos? Estará
espalhado por todas as cavernas pela manhã.

Por outro lado, nossa ressonância também.

Merda. Merda, merda. Não sei o que fazer. Estou em uma


névoa de preocupação, hormônios e dúvida. Salukh não está,
permanece “ocupado pegando” Tiffany na minha caverna, Taushen
está, encontra-se sentado nas suas peles, afiando sua lâmina.

Ele nos observa entrando juntos. Meu cachorro nojento


ronrona um quilômetro por minuto com a proximidade de Haeden
e tenho certeza que um olhar arregalado está estampado no meu
rosto.

— O que está acontecendo? — Taushen indaga, ficando em


pé.

— Saia, Jo-see e eu precisamos conversar — diz Haeden sem


rodeios.

— Mas...

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— Fora! — Haeden rosna, avançando e pairando sobre o
homem menor.

Aperto o pescoço da minha túnica, normalmente estaria


chocada com quão feroz Haeden está sendo, não obstante estou
meio que... excitada justamente por isso. Ele é tão categórico. Oh,
seu idiota de piolho. Como pode fazer isto comigo? Imaginei que
éramos amigos!

Até aqui!? Não amo mais essa coisa de ressonância. Dou a


Taushen um olhar mudo de desculpas quando franze a testa para
nós e corre da caverna. Então somos só eu e Haeden.

O homem vira lentamente, esfregando com uma das mãos


grande o rosto e olha para mim.

— Isso... não é o que eu queria.

Estou um pouco chateada com essas palavras. Ouvir que é a


última escolha de alguém, seja na Terra ou aqui em Not-Hoth,
machuca e não importa quem declare isso.

— Como se eu também desejasse? Odeio você.

— Não importa mais, nossos khuis escolheram. Somos


companheiros — fala abruptamente, começando a andar. É como
se estivesse tão nervoso que não poderia ficar parado. Sei como é,
estou pronta para sair da minha própria pele.

Balanço a cabeça. É como se meu mundo desabasse ao redor,


um pesadelo do qual não consigo acordar.

ICE PLANET
Barbarians
— Não quero ser sua companheira.

Haeden vira e o rosto é uma máscara de raiva.

— Não escolhemos, Jo-see. O khui escolhe!

— Sim? Bem, nossos piolhos são idiotas! Não quero isso e não
o quero!

O homem passa a mão pelo rosto novamente.

— Nem entendo como é possível, achei que tivesse uma


companheira — asseguro.

Seus olhos estreitam. O homem afasta alguns metros e coloca


as mãos no quadril. A cauda açoita selvagemente e assisto com
uma espécie de fascinação horrorizada. É claro que Haeden não
tem uma companheira, senão não ficaria presa a ele. Você só pode
ressoar para uma pessoa, sempre. Depois que o piolho decide não
tem volta.

Caio de joelhos me sentindo totalmente desamparada e


sozinha. Não sei o que fazer. Tudo o que sei é que meu simbionte
conseguiu um casamento com a pessoa que mais odeio neste
mundo e estou completamente à sua mercê. Lágrimas caem pelas
bochechas e as golpeio.

Chorarei por uma noite e depois precisarei de um plano.

Haeden

ICE PLANET
Barbarians
Achei que tivesse uma companheira.

As palavras simples e brutais de Jo-see cortam meu coração,


trazendo lembranças terríveis. Não tive uma companheira, só
ressoei com outra mulher. Ainda assim, morreu junto com meu
khui e com qualquer esperança que possuísse. Desde que ganhei
um novo khui nunca imaginei, nos longos e solitários anos que
seguiram, que também seria agraciado com uma nova
companheira. Nunca esperei ter uma companheira, uma família ou
um corpo voluptuoso enrolado de encontro ao meu nas peles.

E, no entanto, observo o rosto humano redondo de Jo-see e


noto que ainda não terei nada disso. É um khui cruel, muito cruel
que nos escolheu como companheiros. Ela afunda no chão da
caverna e lágrimas caem pelas suas bochechas.

A pequena fêmea humana lamenta a ideia de ser acasalada


comigo. Odeia tanto que chora. O pensamento me enche de
frustração e auto aversão. Observo, incapaz de oferecer palavras
reconfortantes. Não tenho nada a dizer que alivie sua dor e miséria.
Meu corpo reage à sua proximidade, enrijecendo de emoção ao
pensar em uma companheira. Meu pau dói sob minha tanga. Essa
necessidade dolorosa de reivindicar uma fêmea a ponto de perder
a cabeça? Já senti com Zalah e detestei cada momento.

Observo a sua miséria. Já vi isso também. Zalah ficou


arrasada com o pensamento de ressoar para mim. Jo-see não é
mais feliz.

E eu?

ICE PLANET
Barbarians
Estou horrorizado. Os seres humanos são criaturas frágeis,
inadequadas para viver em meio às neves. Necessitam ser vigiados
cuidadosamente o tempo todo e mantidos aquecidos pelo fogo,
tremem com uma brisa forte e sua comida tem que ser queimada
no fogo. Alguns são mais resistentes, como a Leezh de Raahosh,
mas Jo-see? É menor do que as outras, possui minúsculos pulsos,
mãos pequenas e ombros delicados.

Eu... não sei o que farei se ressoar com outra fêmea apenas
para que morra, me destruirá.

Viro para a parede da caverna e aperto a mão contra um


afloramento rochoso. Utilizo toda a minha força de vontade para
não agarrar Jo-see, puxá-la para minhas peles onde posso protegê-
la de tudo e reivindicá-la. Estendo a mão para tocar uma mecha do
seu cabelo amarelo-acastanhado e a fêmea encolhe.

Sou o único macho que teve duas companheiras e nunca


possuiu nenhuma.

— Isso é horrível, nos odiamos — Jo-see soluça, lutando para


ficar de pé.

Ela me abomina. As palavras causam tamanha dor no meu


peito que supera a dor da virilha. Jo-see presumiu que a odeio e
mereço isso. Em todas as oportunidades a afastei.

A verdade é que não a odeio e nem posso. Essa mulher é luz


do sol e sorrisos afetuosos, é risada e felicidade, coisas perdidas
para mim. Sou infeliz desde que Zalah morreu
amaldiçoando meu nome.

ICE PLANET
Barbarians
Sempre que observava o rosto de Jo-see... sabia que esse dia
chegaria. Houve uma conexão desde o dia em que peguei a pequena
fêmea humana quebrada na estranha caverna em que chegaram e
a levei de volta às cavernas tribais. Havia algo entre nós e lutei
contra isso desde então.

Ela é digna, todavia os seres humanos são frágeis e o


pensamento de perder uma companheira novamente me aterroriza.
Franzo a testa com a ideia e, exatamente neste momento, Jo-see
levanta o olhar. Seu queixo endurece ao ver minha frustração.

— Não olhe assim. Eu escolheria alguém além de você. Não


acredito que desejei isso por tanto tempo e agora... — seu lábio
balança e as lágrimas voltam a cair.

Cada lágrima é uma facada no meu peito.

— Pare de chorar — peço e sai mais severamente do que


gostaria.

Jo-see passa a mão pelas bochechas e encontra forças para


me encarar novamente. Aceitarei tudo, menos suas lágrimas.

— Precisamos ser sensatos— a aconselho e aproximo. Todo o


meu ser reage à sua proximidade. O khui no meu peito canta tão
alto que a caverna inteira pode ouvi-lo.

A pequena humana funga e dá outro olhar irritado.

— Claro que seremos sensatos.

ICE PLANET
Barbarians
Bom. Então, raciocinamos do mesmo modo. Meu pau surge
contra meus couros, desesperado para cumprir o vínculo que a
ressonância trouxe. Todo o meu ser dói com a necessidade de
possuí-la e a ressonância está rapidamente tomando conta dos
meus pensamentos. Não consigo ver nada além de Jo-see, cheirar
nada além do perfume delicado, imaginar nada além de acariciar a
juba macia e pressioná-la nos meus lábios. Não consigo conter,
estendo a mão e toco os cabelos macios.

— Serei gentil, Jo-see.

Ela afasta como se estivesse queimada, os olhos arregalados.

— O.… o quê?

A fêmea não entende como um kit é criado?

— Iremos devagar se for a sua primeira vez — não confesso


que também é a minha.

Seu rosto aparenta descrença, a boca abre e aperta os punhos


ao lado do corpo.

— Você é lerdo? Não dormirei com você! — ela assobia as


palavras para mim e olha em volta como quisesse ter certeza de
que ninguém mais ouviu.

Dormir? A pequena humana realmente não sabe como é feito


um kit.

— Nós não dormiremos. Assim que um macho leva uma


fêmea...

ICE PLANET
Barbarians
Jo-see pressiona os punhos pequenos na testa.

— Oh! Meu Deus. Sei como os bebês são feitos, seu idiota!

Franzo a testa com sua raiva. Não faz sentido ficar frustrada.

— Também não é minha escolha, Jo-see, entretanto a


ressonância não pode ser negada.

— Eu. Não. Ligo! Não somos companheiros e não dormirei com


você.

Sou uma combinação forte de emoções, a dor do desejo e o


início da ressonância, que está quase acabando com a minha
paciência. Cruzo os braços sobre o peito.

— Então o que faremos?

— Nada!

Observo incrédulo. Tenho visto muitas ressonâncias para


desconfiar de que esse plano funcionará. Alguns casais combatem
o inevitável e acabam desistindo. Depois há a ressonância não
realizada com Zalah, que assombra até hoje. Se acha que podemos
simplesmente ignorar o chamado dos nossos khuis, está
enganada.

— Não funcionará.

Jo-see pressiona a mão na testa novamente e, estranhamente,


quero puxá-la e confortá-la. Sua frustração e infelicidade são
angustiantes para mim, ainda mais por ser a
causa.

ICE PLANET
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— Preciso de tempo, não consigo lidar com tudo hoje à noite.
Não posso — esclarece depois de um momento.

Suas palavras arrepiam. Lembro de Zalah e sua recusa em


responder ao chamado da ressonância. Contudo isso foi há muitas,
muitas voltas das estações e Zalah está morta. Jo-see está aqui e
é minha companheira atual. Será diferente.

Não posso.

Não sobreviverei.

A dor de Jo-see me consome. Mesmo que meus instintos


reivindiquem que a leve para minhas peles e a toque até que seu
'não' torne 'sim', ela odiaria.

Não aguentaria ter o ódio da minha companheira. Já o desejo


de agradá-la inunda meu corpo e mente, a necessidade de cuidar
e fazê-la feliz acima de tudo preenche meus pensamentos.

— Será como diz. Não tocarei em você até pedir— concordo


lentamente.

Jo-see mostra os dentes, furiosa.

— Acha que pedirei? Está enganado, amigo.

Inclino a cabeça. Por que tudo o que falo a enfurece?

— Já que quer esperar, deixarei em suas mãos.

ICE PLANET
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— Não jogue tudo em mim! Quer dizer que se eu concordar,
me jogará em suas peles imediatamente? Eu?

— Claro. O khui decidiu. Não importa o que desejo — justifico,


intrigado com a pergunta. Por que acha que há uma escolha?
Também não importa que a ideia do seu toque faça meu pau doer
ou mesmo a sua visão faz meu sangue ferver. Não consigo separar
a necessidade dela e da ressonância. Jo-see é minha companheira,
portanto é minha.

Nada mais importa.

— Acabei por aqui — anuncia, jogando as mãos para o ar e


saindo.

— Onde vai? — a juba macia roça sobre os ombros e meus


dedos coçam para agarrar um punhado, puxá-la de encontro ao
corpo e enterrar o rosto na sua pele macia. Discordo dela sair sem
cumprir a ressonância. Agarro a parede novamente para apoio.

— Quero distância. Não diga nada, combinado? Tenho certeza


de que eventualmente acontecerá... só preciso de tempo — a
pequena fêmea ordena com desespero em sua voz, abraçando o
próprio corpo sem olhar para mim.

— Muito bem — concordo, pois já é minha companheira e não


consigo recusar nada.

Jo-see sai da minha toca e parece que um incêndio apagou no


momento em que se retirou. Um senso de perda tão grande toma
conta do meu ser que surpreende. A dor no corpo

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Barbarians
não diminuiu e a música do khui tem um som solitário antes de
parar, como se também sentisse falta da companheira. Cambaleio
para as peles e caio de joelhos, rasgando os laços da minha tanga
e perneiras.

Se não posso tocá-la, minha mão o fará mesmo sabendo que


não será suficiente. Nunca é.

ICE PLANET
Barbarians
Capítulo 3
Josie

Naquela noite, durmo na caverna de Chompy. Não que não


seja bem-vinda na minha própria caverna, no entanto Tiff e Salukh
provavelmente estão em um lance para encerrar todos os lances e
não quero ouvi-los. Não hoje, não quando meu corpo dói e está
cheio de necessidade da própria ressonância. Poderia ficar na
caverna de outra pessoa, ainda assim envolveria perguntas que
não quero responder. Abraço o dvisti peludo e o deixo lamber as
lágrimas salgadas.

Hoje à noite, me permitirei chorar. Amanhã é um novo dia.

Acordo desorientada na manhã seguinte. O cheiro de cocô de


dvisti fresco recorda o local onde passei a noite, assim saio da
coberta emprestada e espreguiço. Meu corpo está febril e, no
momento em que pressiono as coxas, minha boceta fica molhada.
Recomponho-me, cansei de chorar por meu destino. De alguma
forma encontrarei uma solução.

O resto da caverna está ocupado e ouço os sons das pessoas


ao redor. Dobro o cobertor e abro o couro para sair. Chompy abre
caminho pelas minhas pernas e afasta, provavelmente atrás da sua
pessoa favorita, Farli. A coisa é mais leal e

ICE PLANET
Barbarians
fedorenta do que um cachorro. Meu humor melhora ao ver seu
bumbum distorcido desaparecer, é bonitinho.

— Onde está Josie? Está fazendo as malas? — ouço Tiffany


questionar.

Emergi na caverna principal e há uma multidão amontoando


coisas em cestas, fazendo trenós e ajustando mochilas. Acho que
dormi até tarde. Hoje, voltamos para a caverna principal para nos
reunir com o resto da tribo. Mal posso esperar para embalar todos
os bebês e conversar com os meus amigos novamente, deveria estar
feliz, entretanto minha mente está ocupada com outras coisas.

Contra o meu melhor julgamento, observo ao redor da


caverna, procurando um par de chifres familiares, pele azul escura
e uma atitude ranzinza. Não vejo em lugar algum e sinto uma
pontada de decepção, embora deva ser apenas o piolho lembrando
o que quer.

— Aí está você. Vamos. Como não levaremos os trenós,


precisamos nos apressar e seguir em frente com os caçadores.
Esperam por nós — chama Tiffany, usando suas peles de viagem e
correndo para mim com uma mochila cheia. A dela já está presa
nas costas.

— Você não é de olhos brilhantes e cauda espessa. Pensei que


estaria sonolenta nesta manhã — provoco enquanto pega os pelos
e me ajuda a vesti-los.

ICE PLANET
Barbarians
Tiffany ri. Risos. Oh meu Deus. Prática, Tiffany é capaz de rir
como uma colegial da minha provocação.

— Onde dormiu? — Tiff queria saber.

— Oh, encontrei um lugar tranquilo na parte de trás e me


enrolei. Não pretendia incomodar ninguém.

— Boba. Poderia ter voltado para nossa caverna.

E ouvir barulhos sexuais a noite toda enquanto se esforçariam


(e falhariam miseravelmente) em ficar quietos? Não, obrigado.
Especialmente com meu próprio piolho sendo todo hormonal.

— Não aparentava ser uma boa ideia.

Ela ajuda a amarrar a alça da mochila e faz uma pausa.

— Está... bem com isso, não está, Jô? Como amigas, gostaria
que nada ficasse entre nós.

— Deixa de bobeira, Tiff. Te amo e estou feliz por vocês. Terá


uma família e um companheiro amoroso. Como não estar exultante
com tanta alegria?

— Porque somos nós há um tempo e sinto que agora a deixo


para trás. Você compreende que pode morar conosco na nova
caverna, certo? Salukh não se importará.

— Não se preocupe comigo. Relaxe — asseguro, e novamente


resisto ao desejo de procurar por Haeden. Viver com ele seria um
pesadelo, digo a mim mesma, enquanto aperto as

ICE PLANET
Barbarians
coxas estúpidas com força. É o mal humor em pessoa.

Tiffany ainda parece preocupada, por isso a abraço. Não


precisa se preocupar comigo, já tem o bastante com o que se
importar.

— Vamos encontrar nossas raquetes de neve e seguir em


frente. Mal posso esperar para ver todos da outra caverna
novamente — aperto sua mão e a puxo para a frente da caverna.

— Acabou de vê-los há alguns dias, boba — constata rindo.

— Sim, não obstante eles têm bebês e bebês crescem da noite


para o dia.

Além disso, sou louca por bebês. Adoro o doce aroma, como
se apegam de modo que você fosse a coisa mais importante do
mundo e a confiança nos olhinhos. Desejo tanto ter um bebê para
criá-lo corretamente. Gostaria que crescesse em um mundo de
amor, onde os pais nunca desapareçam, as pessoas o toquem com
bondade e viva em uma casa alegre e amorosa. Quero agraciar meu
filho com tudo o que não tive.

Duvido que consiga isso se Haeden for o pai, não sei se posso
acasalar com ele sem perder meu sonho. O macho é tudo o que
nunca quis. Imaginei que o piolho escolheria um companheiro
gentil e carinhoso, em vez disso, recebo a versão sa-khui do
personagem Oscar the Grouch, sem a lata de lixo.

Como se o convocasse, seguimos para a frente da caverna e


Haeden espera ao lado de Salukh. Seu olhar

ICE PLANET
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imediatamente encontra o meu e solta os sapatos de neve que
segura, afastando.

Por alguma razão, experimento uma pontada de


arrependimento. Quero dizer, reconheço uma pontada de luxúria
profunda entre as coxas (obrigada, piolho), meu peito vibra
baixinho com ressonância e também uma sensação ... triste.

O rosto de Tiffany ilumina ao ver Salukh e praticamente pula


para ele, apesar da mochila pesada nas costas. Eu a sigo, pegando
os sapatos de neve que Haeden abandonou, são os meus.

O homem me esperava, não sei o que sinto.

Aproximo de Tiffany e sento em uma pedra ao seu lado para


colocarmos nossos sapatos de neve. Há outros esperando na frente
da caverna, atrás de nós ouço Kira conversando com Aehako e o
bebê chorando. Farli também está lá, tagarelando como uma
maritaca, à frente estão Taushen, Hassen, e se eu observar melhor
o dia cinzento, mal consigo distinguir Haeden.

— Haeden está saindo? — indago.

— Sim. Não está com disposição para companhia e seguirá


adiante — concorda Salukh, ajoelhando para amarrar os sapatos
de neve de Tiffany na sua bota, como bom namorado que é.

— Oh — meu piolho não gosta e ronrona desapontado, assim


que Salukh quebra uma das tiras de sapatos de couro de Tiffany.
Ele fica de pé para pegar um novo e, felizmente, meu amigo supera
o fato de que Haeden não está aqui e cala a boca.

ICE PLANET
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— O que foi aquele barulho? — Tiff interroga.

— O que foi o quê? — disfarço e esfrego o estômago. Fingirei


indigestão para não ser descoberta. Não estou pronta para a
expressão simpática de Tiffany no momento em que deduzir que
ressoei com Haeden.

— Pensei ter ouvido... ressonância. Foi você? — suas


sobrancelhas se unem, observando a entrada da caverna e depois
para mim.

— Garota, por favor. Será que não era o seu homem por perto?
O piolho dele pode estar insatisfeito depois da noite passada — faço
um gesto para Salukh, que está de costas. Sua cauda sacode e noto
seu olhar na bunda dele. Não a culpo, a bunda é maravilhosa.

Tiffany abaixa a cabeça, ri e escuto sua própria ressonância


começar. O ciúme me atormenta. Estou realmente contente por
ela, só estou triste por estar tão infeliz. Esfrego o peito, pensativa.

Salukh retorna e imediatamente Tiffany começa a cantarolar


como um gato no cio. Ela ri de novo e o peito de Salukh pega a
música.

E eu? Quero vomitar. Estão tão alegres e felizes que fico louca.
Odeio isso. Realmente quero ficar feliz por ela, apesar disso estou
perdida em meus próprios pensamentos e nenhum deles está
animado com a perspectiva de acordar pelo resto da vida ao lado
de Haeden.

Só... não sei o que fazer.

ICE PLANET
Barbarians
Nossa ressonância secreta? O segredo sujo que não conto a
ninguém? Dura até o meio dia.

A caminhada até às principais cavernas tribais é de meio dia,


segundo os padrões da maioria dos caçadores. Porém as humanas
usam sapatos de neve, nos tornando lentas. Adicione mochilas e
trenós cheios de mercadorias que são arrastados pelos homens
enquanto mulheres e idosos caminham ao lado?

Somos um grande grupo vagaroso. Tiff e eu permanecemos


em algum lugar na frente, caminhando ao lado de Salukh e
Taushen. Taushen, abençoe seu coração, está falando pelos
cotovelos à medida que caminhamos e nem liga para o fato de
Tiffany estar de mãos dadas com Salukh. Ele aparenta estar de
bom humor e espero que continue porque é naturalmente uma
pessoa alegre e não está depositando suas esperanças em mim...
seria estranho.

Haeden continua muito à frente, um borrão azul e de couro


no horizonte. Fico feliz que esteja longe, assim meu piolho
permanece quieto.

Após algumas horas de caminhada, os sóis gêmeos estão alto


no céu lançando sua luz fraca sobre o chão

ICE PLANET
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nevado e o ar frio se torna um pouco quente demais. Paramos na
sombra de um penhasco gelado e Kira senta ao meu lado e de
Tiffany. Pego o bebê gordo dos seus braços para que possa
descansar e passo um tempo abraçando e beijando o rosto doce e
redondo. Kira aparenta estar mais cansada do que nós e tenho
certeza que é por causa do bebê. Kae é uma coisinha gordinha e
saudável aos dois meses de idade que se contorce constantemente.
Ela não tem mochila e ainda assim parece abatida.

— Quer que carregue este pequeno verme pelo próximo


trecho? — ofereço à Kira, beijando a bochecha de Kae. O bebê é
azul pálido com características quase humanas, exceto pela
cobertura macia e felpuda da pele que os sa-khui tem. Ela agarra
meu nariz e dá uma risadinha de bebê encantada, como se fosse a
coisa mais fascinante de todos os tempos.

— Você se importaria? Ela fica pesada e os sapatos de neve


não ajudam.

— Claro que não. Se cansar, devolvo para você — prometo,


sabendo que não farei tal coisa. Esta bebê é toda alegria e sorrisos,
quero abraçá-la para sempre. Beijo seu pequeno nariz sem
importar que agarre meu rosto e crave pequenas unhas nos meus
lábios. Tudo o que faz é fofo.

— Não olhe agora, entretanto lá vem o rabugento. Estou certa


de que está voltando para gritar conosco — sussurra Tiff.

ICE PLANET
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Seguro Kae um pouco mais e evito olhar para cima mesmo
quando ouço a neve triturando com os pés aproximando.

— Por que paramos? Quanto mais cedo chegarmos à caverna,


mais cedo as fêmeas descansarão. Não é seguro ao ar livre —
Haeden afirma em seu tom ranzinza.

— Estão cansadas. Descansarão por alguns minutos, visto


que ainda falta um dia de caminhada — expõe Salukh, sua voz
razoável, sem sair do lado de Tiffany.

Haeden bufa com ironia.

Meu piolho estúpido escolhe esse momento para ronronar.


Alto. Tipo, super barulhento. Como se a rabugice de Haeden o
excitasse.

Ah, merda.

Aperto o bebê por um momento, desejando que ninguém


perceba.

— Josie? — Tiffany sussurra.

Tarde demais para fingir indigestão novamente. Sento e


observo Haeden. O macho não parece cansado, todo grande, braços
musculosos e irritado. Faço uma careta para ele.

— Realmente? Não podia esperar dez minutos para


continuarmos? Retornou para me expulsar?

— Eu? Você me culpa por isso? — indaga


irritado e incrédulo.

ICE PLANET
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— Josie? Não... espere. Vocês ressoaram? — Kira questiona.

— Não por escolha e não faremos nada a respeito. Não somos


companheiros— assumo com raiva. Haeden voltou de propósito
para pressionar.

— Oh meu Deus, o que fará? — Tiffany suspira.

Rezar por um milagre? Esperar que uma pedra caia sobre ele?
Alguma coisa? Seu olhar está fixado em mim. Meus mamilos
picam, as coxas tremem e engulo um gemido. Não farei
nada...todavia meu piolho não permitirá isso.

— Não sei — admito e seguro o bebê mais perto.

Haeden

O grupo está estranhamente quieto durante a caminhada pela


neve. Parece que ninguém sabe o que dizer para mim e Jo-see finge
que não existo. O clima muda quando subimos uma das últimas
colinas entre a caverna tribal e nossa localização.

— Ho! — Rokan corre para a frente.

— Meu amigo. Bom te ver — cumprimento e dou-lhe um


abraço de saudação.

Rokan assente e examina a fila de pessoas distantes atrás de


mim.

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— Estou feliz que retornaram, especialmente as fêmeas. É
solitário em uma caverna cheia de acasalados e bebês, e você na
caverna do Sul mantendo as jovens para si — conversa com um
sorriso perverso no rosto.

Necessito de todo autocontrole para não o jogar na neve.


Estou chocado com a onda de ciúme que me invade. Rokan não faz
ideia do que fala.

—Estão todas acasaladas — rosno para o macho e sigo em


frente. Ignoro o rosto confuso e vou para as cavernas. Os outros o
atualizarão, não estou de bom humor.

Finalmente, chego nas cavernas e não há membros da minha


família para cumprimentar. Existem muitos amigos, porém minha
mãe, pai e irmãos morreram na doença de khui anos atrás. Estou
sozinho.

Vektal aproxima, sorrindo largamente.

— Estou feliz por ter toda a minha tribo em casa. Os outros


estão logo atrás? — indaga.

— Perto. Qual caverna é a minha?

— Os caçadores...

— Não ficarei alojado com os caçadores, meu khui escolheu


uma companheira e precisarei de uma caverna para a minha
família — comunico e sinto uma onda de orgulho por dizer essas
palavras.

ICE PLANET
Barbarians
A surpresa em seu rosto é gratificante.

— Quem?

— Jo-see.

Seus olhos estreitam e essa é sua única reação. É meu chefe,


é sábio e sabe em que ocasião ficar em silêncio.

— Acompanhe-me que mostrarei. Possuímos novas cavernas


abertas graças a Har-loh.

Escolho uma das maiores para minha nova casa, localizada


na parte de trás do sistema de cavernas e escondido na nova seção
cortada das paredes lisas. A rocha é mais áspera e pequenos
pingentes de gelo se formam no teto, todavia é espaçosa, privada,
capaz de abrigar uma grande cama de peles além de equipamentos
e suprimentos de caça. É uma boa caverna e Jo-see ficará
satisfeita.

Vektal sai logo que percebe a minha pouca vontade para


conversar e coloco a mochila no chão desenrolando as peles da
cama. Meu pau se agita com a possibilidade de Jo-see deitar nelas
e resisto ao desejo de usar as mãos novamente. Três vezes na noite
passada não foram suficientes para aliviar minha dor, que só
desaparecerá no momento em que reivindicar minha companheira
e plantar meu kit em seu ventre ou com a morte do meu khui.

Esfrego uma das mãos sobre o peito, a mente cheia de más


lembranças de muitas e muitas temporadas atrás, quando me
tornei um caçador. De Zalah e seu companheiro

ICE PLANET
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de prazer Derlen rindo junto ao fogo, alimentando um ao outro. Do
pavor em seu rosto logo que percebeu nossa ressonância e não com
o companheiro de prazer. Era muitos anos mais velha e apaixonada
por Derlen e meu khui não se importou e a selecionou. Fui
atingido, forte e rápido, era jovem e tolo o suficiente para supor que
Zalah atenderia à demanda do khui.

Zalah sempre foi complicada, alegou que precisava de tempo


para refletir e concedi. Assistia de longe enquanto ia para as peles
do seu companheiro de prazer todas as noites. Aguardei com desejo
enquanto me ignorava, evitando as demandas do khui. Recordo de
aproximar determinado a acasalar e diminuir a necessidade
ardente do corpo, apenas para encontrá-la nos braços do amante.
E porque era jovem, afastei esperando que viesse até mim.

Logo a doença do khui surgiu.

Aqui, minha memória está confusa. Não lembro de nada,


exceto retornar de uma caçada, dolorido e miserável com a
ressonância não resolvida, o peito zumbindo com uma música
zangada e Zalah não estava lá para cumprimentar. Ela adoeceu
nas peles e presumi que era a doença do khui, fui ao seu encontro
e nunca consegui, desmaiei na caverna principal queimando de
febre.

Vektal contou que fui um dos primeiros doentes e um dos


últimos a apagar a luz do khui e que lutei bravamente. Outros
morreram dentro de um ou dois dias da doença, como Zalah,
Derlen, minha mãe e meu pai.

ICE PLANET
Barbarians
Não havia nada pior do que acordar e ouvir apenas silêncio no
peito.

Afasto a memória com um calafrio. Vivi, sobrevivi, recebi um


novo khui e permaneci com ele. Estou inteiro, saudável e o khui
atual me presenteou com uma companheira, Jo-see.

Desta vez, não há doença do khui para mantê-la afastada.

Desempacotei minhas coisas e fui para a caverna de


armazenamento pegar mais peles para dormir. As humanas são
criaturas pequenas que necessitam de muito calor e não são muito
fortes. Jo-see é pequena e franzo a testa analisando como carregou
o kit de Kira e Aehako até a caverna, junto com um pacote
amarrado nas costas. Chegará exausta e precisará de comida, chá
quente e uma cama aquecida para dormir, mesmo que não me
queira. É minha companheira e o desejo de zelar por ela é
esmagador. Pego coisas adicionais no armazenamento, couro,
bolsas de chá seco e carne salgada. Vou substituí-los mais tarde,
por hora, minha companheira precisa de alimento.

Assim que volto à minha nova caverna com os suprimentos, a


caverna principal zumbe com vozes felizes. Os outros chegaram e
o som das conversas alegres preenchem o ar. Acho que Rukh e sua
companheira Har-loh, que vivem na caverna dos anciãos com mais
frequência, tem esse direito. Com todo mundo reunido, haverá
rostos em todos os lugares e nenhuma privacidade. Esse problema
entre mim e Jo-see terminará antes de tudo.

ICE PLANET
Barbarians
Com o pensamento, outra onda feroz de possessividade surge
em mim. O que quer que a pequena fêmea pretenda, é minha.

Ao retornar, encontro Jo-see na caverna, com a mochila nos


pés. O khui imediatamente começa uma batida forte ao vê-la e meu
sangue ferve com a necessidade de reivindicá-la. Seu rosto está
cansado e os pequenos ombros encurvados de fadiga. Seu khui
canta para o meu, ela observa confusa o seu peito e assusta
quando coloco meu pacote no chão.

— O que faz aqui? Informaram que esta é a minha caverna —


reclama, com suas pequenas sobrancelhas humanas juntando.

— A caverna que compartilhará comigo. Estamos acasalados


— mantenho meu tom uniforme, embora seja uma luta.

— Não faça isso, Haeden. Por favor. Estou muito cansada —


a boca pequena e rosada aperta em uma linha raivosa. Ela esfrega
a testa e há exaustão no rosto.

— Não subirei nas suas peles, percebo que está esgotada.

Sua recusa me irrita e apesar disso espero. Preciso aprender


a ter paciência. Meu khui canta, inconsciente da tensão entre nós.
Não posso esquecer que Jo-see não é Zalah, para desfilar com o
companheiro de prazer na minha frente. Ela é pequena, humana e
exausta.

— Sente e tire as botas. Acenderei uma fogueira e farei um


chá quente.

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Há surpresa no seu rosto pequeno como se não esperasse que
fosse cortês. Realmente fui tão terrível para estar por perto? Se
grito, é porque me atrai e isso assusta. Atualmente, parece que
meus medos não eram infundados.

Jo-see hesita por um segundo e graciosamente desaba nas


peles com um pequeno som de prazer. Meu pau aperta em resposta
e ignoro, cavando a fogueira no centro da caverna. Alguém já o
alinhou com pedras redondas e lisas, então montei uma pirâmide
de estrume e palha e, em seguida, busquei um carvão em chamas
do fogo de outra pessoa. Logo que retorno, a encontro sem as botas,
enrolada nos cobertores, o rosto pequeno e pálido é a única parte
descoberta, os olhos estão fechados e não se mexe. Vou para a
fogueira e assopro o carvão, alimentando com o estrume até que
torne uma chama cintilante. Montei um tripé e uma bexiga para
fazer o chá, porém suspeito que Jo-see dormirá antes que esteja
pronto.

Observo a fêmea e a vontade de acariciar a bochecha macia é


esmagadora. Como se sentirá nos meus braços? Zalah era alta e
magra, tão musculosa quanto os machos sa-khui. Jo-see é
pequena, suave e cheia de sorrisos que transmitem genuína
alegria.

Gostaria que aquelas risadas fossem direcionadas para mim.

— Não tentará nada, né? Só porque durmo? — as palavras


são um suave murmúrio rouco.

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Jo-see me ofendeu com suas palavras. Ela deduz que
enquanto dorme, rastejaria e enfiaria meu pau entre suas pernas?
Meu khui zumbe mais forte com a ideia e faço uma careta para
mim mesmo.

— Nunca faria uma coisa dessas.

— Apenas verificando — revela suavemente. Um momento


depois, escuto o som suave do seu ronco. Ajusto meu pau dolorido
e jogo folhas de chá na bexiga da água.

Estou perturbado com a sua percepção sobre o que faria para


reivindicá-la. A fêmea realmente acredita que a forçaria? É por isso
que está tão infeliz em acasalar comigo? Homens humanos são
assim? Nesse caso, deveria estar feliz por ressoar com um caçador
sa-khui. Não montamos fêmeas sem o seu consentimento.

Esfrego o peito, refletindo. O ronronar é ao mesmo tempo


reconfortante e torturante, entretanto estou feliz que esteja lá.

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Capítulo 4
Josie

Acordo sonolenta, exausta, cansada... e com tesão. Deus,


estou tão excitada. Minha mão está entre as pernas e
distraidamente seguro minha boceta. O calor do corpo é maior ali
e estou chocada ao perceber que as perneiras de couro estão
úmidas por conta da sua lubrificação. Empurro contra as dobras
do tecido que esfrega na minha carne dolorida e um pequeno
gemido escapa.

Escuto uma respiração por perto e congelo. Merda. Tenho


companhia. Que porra estou pensando?

Abro os olhos e observo a escuridão da caverna onde um


pequeno incêndio pisca na fogueira. Existem estalactites no alto, a
caverna é maior do que a que compartilhei com Tiffany e o teto
mais alto.

Porcaria. Esta é a nova casa que compartilho com Haeden e a


julgar pela respiração, o macho está próximo e ouviu o gemido.
Merda, merda, merda.

Deslizo a mão entre as pernas e esfrego nos cobertores


limpando o cheiro de vagina.

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— Obrigada por permitir que dormisse — sento bocejando e
finjo que nada aconteceu.

Olhos azuis brilhantes observam do outro lado da caverna.


Haeden está lá com seu grande corpo musculoso agachado perto
do fogo. Assisto a ponta da cauda balançar e espero que não cheire
quão excitada estou... seria estranho.

— Como está? — ele questiona.

Haeden derrama um pouco de chá quente em uma das xícaras


rasas de osso e entrega para mim. Aceito e, para meu alívio, o
homem retorna para o outro lado da caverna e observa com um
olhar franco e possessivo.

Cruzo as pernas com cuidado para manter os cobertores sobre


o colo e tomo o chá de sabor picante.

— Estou melhor, obrigada.

Ele grunhe e permanece imóvel. Tudo bem, acho que depende


de mim quebrar o silêncio.

— Creio que deveríamos conversar.

— Por quê? — sua voz é cautelosa.

— Bem, todos acreditam que acasalamos.

— Sim, o khui escolheu — ele expressa bufando de frustração.

Oh legal, terei que discutir sobre isso. Bebo o


chá, refletindo qual a melhor maneira de explicar

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a um cara que não estou casada só porque meu peito toca uma
bateria toda vez que está perto... como agora. Meu peito treme com
a força da música do khui, é absolutamente desconfortável
especialmente com Haeden tão próximo.

— Não discutirei sobre isso hoje, ok? Só desejo esclarecer


nossa situação.

— Não quer conversar? É novo para mim — mais uma vez


bufa.

— Quer comprar uma briga?

Mais uma vez, se cala.

Bom. Pelo menos estamos dialogando.

— Acho que precisamos nos entender, estamos juntos nisso


— enfatizo a última palavra, deliberadamente referindo ao nosso
acasalamento-não-acasalamento em termos vagos.

— O que há para entender? Não há barganha quando o khui


decide — sua voz é defensiva.

— Simplesmente não entendo. Digo... o khui é bem específico.


As pessoas acreditam que somos automaticamente acoplados por
conta da ressonância. Entendo isso também, acho que entendo
mesmo que não concorde que é o certo — bebo outro gole do chá,
esperando que discuta.

Como permanece em silêncio, passo para a parte que


incomoda.

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— Você... não era viúvo?

O homem fica em silêncio por tanto tempo que me pergunto


se escutou.

— É complicado — Haeden murmura.

— E quanto a isso, não é?

— Mmm.

Aguardo pacientemente. Tão logo parece que nada mais está


por vir, solicito novamente.

— Bem?

— Não é algo que gosto de falar.

— Como sua...parceira de ressonância, não mereço conhecer


toda a história?

— Beba seu chá — ordena com uma voz azeda. Haeden


levanta e mexe as brasas com um osso longo e liso.

Brinco com a ideia de jogar o chá na sua cara, todavia acabo


bebendo porque é gostoso e seria desperdício de um chá
perfeitamente bom. Idiota. Por que imaginei que seria diferente se
estivéssemos acasalados? Esse homem é tão espinhoso e
antipático.

Enquanto penso coisas vingativas, ele suspira pesadamente e


seus ombros parecem cair.

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— É.… difícil falar sobre isso.

— Sinto muito — uma pontada de culpa me atinge.

— Tem o direito de saber e não será fácil, não importando o


tamanho da minha relutância. O nome dela era Zalah — Haeden
começa com a voz rouca.

Oh! Então... é verdade? Experimento uma sensação de ciúme.


Por que importa que fora acasalado com outra pessoa antes de
mim?

— Deduzi que não poderia ter mais de uma companheira? É


mentira? — meu tom é rouco e sinto vergonha, entretanto quero
saber a verdade.

— Não é mentira. Como disse, é complicado. Sou o único


macho em uma situação tão infeliz.

— Uau, obrigada por esse tapa.

— Não foi um tapa. Teria... preferia não ter ressonância com


ela. Infelizmente, tive. Zalah era apenas algumas temporadas mais
nova que minha mãe e estava há muito tempo com seu
companheiro de prazer. Eu era mais jovem que Taushen, mal saíra
das minhas temporadas de kit e acabara de ser considerado um
caçador. Ressoei e Zalah riu na minha cara.

Encolho. Tento imaginar Haeden, orgulhoso e carrancudo,


como um garoto adolescente pouco mais velho que Farli. Eu o
imagino empolgado com a perspectiva de
ressonância, porque todo macho sa-khui não

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quer nada além de uma companheira para adorar e valorizar, então
ela com idade suficiente para ser sua mãe e zombando dele. Não é
um cenário bonito.

— O que fez? — agarro a xícara de chá com mais força.

— O que poderia fazer? Era jovem, inexperiente e inseguro.


Tudo o que sabia era que o khui a escolheu para ser minha e não
aceitou. Fui paciente e esperei.

Estou surpresa. Paciência não é uma das suas virtudes e algo


diz que não deu certo.

— O que aconteceu?

— Nunca a reivindiquei. Recusou-se a ceder às demandas do


khui e os dias se transformaram em luas. Adoeci de necessidade e
ela também, no entanto Zalah não ligava. Creio que aguentou
apenas como punição por atrapalhar a sua vida.

— Talvez gostasse do jeito que as coisas eram.

— Não importa. O khui escolhe, sempre. Nessa época, surgiu


a doença do khui, que atingiu minha mãe, meu pai assim como a
mim, Zalah e seu companheiro. Poucos não foram afetados e
Maylak ainda não havia desenvolvido os poderes de curadora.

— Oh! — o chá apimentado revirou no meu estômago.

— Quando voltei à consciência, meu corpo estava fraco e


moribundo. O khui morreu por conta dos esforços para salvar
minha vida. Sou o único atingido pela doença que

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sobreviveu. Os que permaneceram saudáveis, na esperança de me
salvar, caçaram um sa-kohtsk, colocaram um novo khui no meu
peito e melhorei.

Estou calada. O que posso dizer? É uma história horrível, do


começo ao fim. Meu khui continua a cantarolar, sempre
demonstrando sua escolha.

— Então sua pergunta é como posso ter uma companheira e


mesmo assim ressoar novamente? É assim que é e por isso me
considero azarado — há um tom áspero na sua voz e não o culpo
por estar zangado com a revelação, são lembranças horríveis.

— Entendo — basicamente, ninguém pode contornar a


ressonância a menos que uma tragédia horrível aconteça e o khui
morra ou seja removido...

Minhas mãos tremem e o chá cai. A máquina cirúrgica da


nave dos anciãos funcionária. Removeria o DIU da mesma forma
que Kira teve o seu tradutor removido, embora a máquina estava
quebrada... só que... Harlow conserta muitas coisas.

Sinto uma onda de esperança pela primeira vez em dias.

— Haeden, e se nossos khuis fossem removidos para sair da


ressonância? — respiro, observando.

— O quê? — rosna furiosamente. Seu khui cantarola alto


como se protestasse.

— Há uma máquina na caverna dos anciãos


que pode consertar doenças físicas, reparar

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feridas, coisas assim. Removeríamos os khuis e nos livraríamos da
ressonância!

— Loucura... — Haeden fica de pé.

— Não! Dará certo! Faremos outra caçada ao sa-kohtsk e


obteríamos khuis frescos! Khuis que não ressoam entre si. Quero
dizer, certamente um khui não ressoaria para a mesma pessoa
uma segunda vez, não é?

— Você pede para desistir da minha chance de uma


companheira? — a voz de Haeden é raivosa e incrédula. Ele
caminha até a minha cama, atravessando a caverna.

Recuo. Ok, é um pouco egoísta, estou pensando em mim e no


fato de que não quero estar ligada a ele, na criança que teríamos e
inevitavelmente cresceria em uma casa onde os pais se odiariam.

— Então serei o único a fazê-lo — declaro, enfrentando-o.

— Não importa. Vektal ardia em ressonância por Georgie


antes que possuísse um khui! Acredita que a dor por você
desapareceria se o seu khui sumisse? Acha que importa?

O homem rugia de raiva tão alto que as pessoas poderiam


ouvi-lo. Estremeço.

— Não tão alto...

— Por quê? Crê que alguém nesta caverna não sabe que
ressoamos, Jo-see? Acha que ninguém sabe da sua antipatia por
mim? Você deixou isso bem claro. Não deveria

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surpreender que fosse tão egoísta — ele grita mais alto, seus olhos
em chamas.

— Egoísta? Sou egoísta porque quero a felicidade e não ser


amarrada a um desgraçado miserável? É a minha felicidade ou a
sua, é isso? Estou errada em escolher a minha?

— Sim! O khui pode escolher, você não! Acha que pode


escolher ressonância? — o homem aproxima, inclinando sobre
mim. Haeden é enorme com mais de um metro e oitenta e todos
esses músculos. Estranhamente não estou com medo, sei que não
faria nada contra mim. Estou chateada por achá-lo gostoso e
atraente no momento em que está com raiva e por perceber quão
bom é o seu cheiro.

— Estou disposta a tentar.

— Acredite no que quiser, contudo está errada. Julga que não


há nada pior do que ressoar comigo? Sei o que é pior, o silêncio no
peito no momento em que sua companheira falece — as palavras
são ásperas de raiva.

— E faria isso comigo uma segunda vez? — rebato e o encaro


silenciosamente.

— Acredita que não sinto o cheiro da sua excitação, Jo-see?


Que não ouço os gemidos enquanto dorme? Seu corpo chama o
meu, aceitou que sou seu companheiro. Não pode desistir —
Haeden inclina ainda mais e seu rosto está tão perto que juro que
me beijará.

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Estou escandalizada, excitada e totalmente chocada.

— Saia de perto — ordeno, batendo com uma das mãos no


seu peito.

O homem dá um passo para trás e sinto presunção nos olhos


estreitos e brilhantes.

— Não tocarei em você, a menos que solicite, Jo-see. Nisso,


não mudei. Precisará de alívio em breve e aguardarei.

Ponto para ele. A menos que descubra uma maneira de


remover o khui e nos deixar felizes, rastejarei em algum momento.
Minha boceta já lateja só com o pensamento. É como uma coceira
ou queimadura solar que aumenta com o desconforto e não
suportarei por muito tempo...e então ficarei presa.

— Sabe o quê? Acabei por aqui, vá se danar. Ficarei com


Tiffany — passo por ele e vou para a boca da caverna.

— Você voltará — Haeden resmunga sombriamente.

Odeio admitir que tem razão. Corro, nervosa e excitada,


procurando Tiff.

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Tenho um sono péssimo naquela noite.

Não que Tiffany e Salukh sejam super barulhentos em suas


brincadeiras, eles são e estou acostumada. É como se a caverna
estivesse repleta de casais cheios de tesão e seus bebês. A caverna
é espaçosa e não esfrego os cotovelos em ninguém enquanto
repouso, além do que, tenho cobertores confortáveis e um
travesseiro fofo, cortesia da Megan. Ainda assim, não durmo.

Lembro de Haeden e sua terrível história. Quer que eu seja


sua companheira, a sua segunda chance de ter uma família. Se
fosse outra pessoa, sentiria pena da tragédia que
sofreram...todavia é Haeden. Posso fazê-lo feliz e ser infeliz, ou
posso cuidar de mim mesma.

Caso remova meu khui, o homem reviverá o pesadelo de


perder outra companheira.

Viro, incapaz de encontrar uma solução. Meu corpo também


não é útil. Toda vez que ouço um gemido no ar ou o tapa suave de
corpos se unindo, minha mão esconde entre as pernas e pressiono
com força. Não está ajudando. Estou dolorida e latejante com
ressonância, é uma merda. Nunca desejei sexo, as minhas
experiências não foram nem um pouco divertidas. Hoje daria tudo
para um cara me jogar no chão e fazer amor comigo por horas.
Quero dizer, qualquer cara excluindo Haeden.

Acordo cedo e saio na ponta dos pés por onde Tiff e Salukh
estão adormecidos e entrelaçados nas peles. Ouço as pessoas na
caverna principal e sigo para lá, procurando

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comida, companhia e, acima de tudo, uma distração. Quem sabe
um bebê para minha diversão.

Desço a passagem sinuosa da adição da caverna. A parte


antiga da caverna tribal era lisa e construída como uma rosquinha
completa, com o buraco no teto para ventilação e uma piscina de
águas termais no centro. As cavernas estavam espaçadas ao longo
das paredes e Harlow deduziu que os anciãos usavam algum tipo
de cortadores de pedras para montar sua casa. A nova passagem
aberta era muito mais áspera, com um caminho estreito que leva
à parte principal da caverna. Todos estão contentes por estarmos
reunidos novamente, logo ninguém liga se a nova caverna tiver
uma ou duas estalactites e uma parede áspera em vez de lisa,
porque a adição de mais cavernas significa que cada família possui
seu próprio lugar ao invés de se apertar entre várias.

Na caverna principal observo um homem agachado na grande


fogueira central, alimentando as chamas. Farli está na entrada da
caverna conversando com um dos caçadores e acompanhada de
Chompy para levá-lo ao passeio matinal. Stacy está debruçada
perto do fogo, com o bebê nas costas ao estilo canguru. Na piscina
de água no centro da caverna, um dos caçadores toma banho de
costas para mim. Perto, Megan relaxa na água com sua grande
barriga. Atrás dela, seu companheiro escova os seus cabelos,
parece pronta para dar à luz e sigo para cumprimentá-la.

Neste momento, o caçador vira e sai com seu grande corpo


para fora da água, é Haeden.

Merda.

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Assisto paralisada enquanto apoia os braços fortes na beira
da piscina para sair da água. Não há nada além de muitos
músculos azuis tensos e um rabo de chicote diante dos meus olhos,
estou preocupada e desejando que vire para que possa ter a visão
frontal completa. Os sa-khui vivem em locais próximos e não têm
vergonha dos corpos. A piscina fica no centro da parte principal da
caverna e todo mundo usa sem se importar com o que mostra. No
início, as humanas eram mais modestas até nos ajustarmos,
atualmente, digamos que já vi mais linguiça aqui do que em
açougue.

Hoje? Hoje é um problema... no momento em que Haeden vira


e seca o cabelo com uma pele macia, encaro como se nunca tivesse
visto um pau.

É a primeira vez que o vejo nu e, bem, está carregando um


pacote impressionante. Todos os sa-khui estão equipados de uma
maneira bem impressionante, no entanto o pau de Haeden é o mais
grosso que já vi. É magnificamente amplo, as bolas pesadas sob
seu comprimento e repousando na coxa. A visão do pênis
substancial faz doer profundamente na minha barriga e meu khui
começa a zumbir necessitado. O dele também deve estar
começando a vibrar, porque Haeden olha para cima e nossos
olhares cruzam.

Sinto-me estranhamente vulnerável, parada ali, observando o


corpo nu. Minha mente luta com a carência do meu corpo. Minhas
mãos coçam necessitando o roçar da sua pele e a textura de veludo
contra as pontas dos dedos. Imagens formam na

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minha mente e luto contra o desejo de correr e derrubá-lo no chão
da caverna.

Não quero isso.

Desejo um companheiro amoroso, não alguém que mal tolere.


Não trarei um bebê para este mundo dessa maneira, por mais que
queira ser mãe.

Minhas pernas estão rígidas, então forço a caminhada até a


piscina e sento. Sorrio, mesmo estando furiosa com os desejos
sobre Haeden.

— Oi Megan, Cashol.

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Capítulo 5
Haeden

A teimosia de Jo-see é irritante. Observo enquanto se instala


ao lado de Cashol e sua companheira, ignorando a minha
presença. Percebi o olhar faminto sobre o meu corpo, a pequena
humana é tão afetada pela ressonância quanto a mim.

Fêmea teimosa. Por que insiste em consertar o que é


imutável? Não escolheria Jo-see para companheira embora está
claro que não há ninguém para mim além dela. O khui elegeu, não
há o que fazer.

Meu peito canta uma canção furiosa de carência e esfrego


uma das mãos desejando que acalme. Meu pau dói com a
proximidade e ainda assim devo ser paciente não importando
quanto tempo demore. Futuramente, o chamado se tornará tão
forte que não resistirá. Até lá espero, por intermináveis noites e
dias, a fêmea vir até mim e afirmar que está pronta.

Não posso mais permanecer na nossa casa.

Volto à caverna vazia e sozinho, sem sua presença irritante,


visto-me rapidamente, amarro o cabelo para mantê-lo fora do
rosto, pego as lanças e a funda. Se não puder
matar a sede do meu corpo, descarregarei

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minha energia na caça e alimentação da tribo. A estação brutal
chegará em algumas voltas da lua e a barriga da minha
companheira carregará nosso filho precisando de cuidados.

A imagem do corpo esbelto de Jo-see cheio do meu filho enche


meu corpo de prazer, desejo... e terror absoluto. Ela é frágil e se
não puder transportar meu kit? E se a razão de não ter ressoado
até agora foi o seu khui não ser forte o suficiente? Aperto a lança
com força e resisto ao desejo de voltar para Jo-see e empurrar
comida na sua mão pequena. A fêmea não gosta da minha atenção.

Não obstante, imagino minha companheira enrolada nas


peles com a barriga redonda. Meu pênis por pouco não derrama na
minha tanga e inclino pesadamente na lança. Nunca quis alguém
assim.

Preciso ser paciente e aguardar que me reconheça como seu


companheiro. Até lá, permanecerei ocupado.

Caço com uma ferocidade que surpreende a tribo.

Aflito com a necessidade de esgotar meu corpo, saio todas as


madrugadas com um trenó e retorno todas as noites com ele cheio
de carne fresca. Caço filhotes jovens e macios de dvisti, as mães
mais duras com as peles grossas que são tão úteis, bicos de foice
com as penas que as humanas utilizam nos seus travesseiros,
bestas de pena, duas presas e gatos de neve, peixes de todos os
tipos, funis e até colho as plantas doces e macias de hraku das
quais as mulheres gostam tanto. Todas as criaturas ou pousam

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nas armadilhas ou são presas das minhas lanças. Os outros
caçadores ficam maravilhados com a minha dedicação.

Não digo nada. A única razão pela qual trabalho tão


brutalmente é por causa da pequena fêmea humana que segura
meu futuro nas mãos.

Toda noite, retorno exausto e encontro as peles e minha


caverna vazia. Dói constatar que minha companheira prefere
dormir na caverna de outra pessoa do que na minha presença.

Jo-see não é como Zalah, repito para mim mesmo. Seja


paciente. Dê tempo ao tempo.

Então faço. Acaricio meu pau até derramar as sementes e,


todas as vezes, continuo insatisfeito. A música do khui é um
protesto irritado com meu prazer pessoal, não obstante meu corpo
anseia por se libertar e Jo-see não está aqui. Na maioria das noites
sonho com ela e nosso kit, sonhos felizes, já nos pesadelos morrem
ou se perdem.

Com o passar do tempo há mais pesadelos do que sonhos


bons, por isso caço ainda mais. Fico fora das cavernas todos os
dias até às luas gêmeas estarem altas no céu noturno.
Desapareceria por vários dias se resolvesse, apesar disso preciso
estar por perto, meu khui não aceita menos. É imprescindível vê-
la, mesmo que seja para se afastar de mim.

Não como ou durmo, espero que algo mude com o passar dos
dias.

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Semanas depois

— Parece que está só o pó — Aehako provoca numa manhã


enquanto afio a lança.

— Encontre sua companheira e tagarele no ouvido dela, não


no meu.

Ele apenas sorri, afiando a própria ponta de lança como se


não tivesse rosnado para ele. Aehako é tranquilo e às vezes o invejo.
Ultimamente, tudo incomoda.

— Deveria se alimentar melhor. Seu rabo e pernas estão finos


e essa não é a melhor maneira de agradar sua companheira —
Aehako continua.

Bufo e concentro na lança. Poucas coisas agradam minha


companheira. É só lembrar de Jo-see que uma necessidade
atormentadora surge e luto contra o desejo de pressionar a cabeça
entre as mãos.

Estou esgotado, cansado, doente e cheio de vontades não


satisfeitas. Faz uma volta completa da lua grande desde que ressoei
e ela ainda nega nosso vínculo. Meu corpo está doente e dolorido,
há momentos em que deito simplesmente para recuperar o fôlego.
O khui me adoece porque nego seus desejos.

Não tenho escolha, Jo-see não cedeu. Quando estou na


caverna, ela ignora ou sai da sala. Minhas
tentativas de conversar são encerradas com

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palavras amargas. Na maioria das vezes a ignoro, pois, estar
próximo e não a tocar piora a situação.

Se estou lutando, como Jo-see está? Em breve, alguma coisa


mudará.

Paciência, repito mentalmente. Logo a fêmea virá. Os sonhos


assustadores da noite passada, de Jo-see morrendo da doença do
khui, a barriga achatada e os olhos sem brilho, assustam. Um
arrepio percorre meu corpo.

A mão de Aehako pousa no meu ombro. Surpreso, afasto e ele


parece igualmente surpreso com a reação.

— Haeden, meu amigo... me preocupo com você. Não pode


continuar caçando assim. Algo acontecerá e poderá cair ou
tropeçar na lança, machucando. Converse com a fêmea teimosa e
a faça perceber que não pode vencer um khui.

— A decisão está nas mãos dela — começo a afiar a lança


novamente, embora minhas mãos tremam.

— Não há decisão. O khui fez a escolha — Aehako se zanga.

Ah, é tão simples para ele. Sua companheira o adora e têm


um kit gordo e saudável. Minha companheira? Detesta. Ficaria feliz
se nunca mais me avistasse. E essa percepção traz uma tristeza
tão constante que a cabeça lateja enquanto seguro minha lâmina.

Qual a possibilidade de um macho ser descartado por duas


companheiras? Sou o mais azarado de todos.

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Suspiro, recordando os sorrisos de Jo-see... os que nunca foram
para mim. Uma dor melancólica floresce.

— Eu a quero. Gostaria que me desejasse. É tão irracional


assim?

Aehako aperta meu ombro novamente e aconselha:

— Converse com ela novamente. Faça ver a razão.

Aceno e deposito a lança no chão. Minhas mãos ainda tremem


como se fosse velho e fraco. Sem caçadas por hoje, Aehako está
certo. Cairia na minha própria armadilha ou tropeçaria na própria
lança.

— Jo-see não fala comigo.

— Argumente, faça ver a razão. Ambos estão doentes com


ressonância e não acabará até que desista. Jo-see tem bom senso
suficiente para perceber isso.

Quero rosnar para ele. Minha pequena humana é inteligente,


só... não gosta de mim. Sou a parte que não aceita. Suas palavras
ajudaram, adoecemos com a ressonância.

Terei prazer em sofrer por conta própria, ainda assim não


suporto a ideia da minha companheira com dor. Sofrendo como
eu? Estou miserável e não desejo o mesmo para ela. Levanto e vou
encontrá-la.

A tela de privacidade está na caverna de Salukh, então não


entro lá. Ouço os barulhos suaves do

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acasalamento e não consigo imaginar que seriam tão altos com Jo-
see dormindo a alguns passos de distância. Parece que dorme em
outro lugar e fico inquieto. Verifico várias cavernas ocupadas com
as telas abaixadas, ganhando olhares confusos e sonolentos dos
companheiros da tribo.

Há uma caverna de armazenamento perto da caverna dos


caçadores, pequena, cheia de alimentos e mercadorias. Certamente
Jo-see não se espremeu na caverna de armazenamento ao invés de
dormir na nossa caverna? Entretanto, meu peito aperta quando
noto um pequeno embrulho de peles envolto em uma pequena
forma humana no canto, não aparenta conforto. Isso é o que pode
reivindicar como lar? Tudo porque foi alojada comigo?

Não está certo.

— Jo-see — chamo e meu Khui começa a cantarolar com a


sua presença.

As peles mexem e não acorda. Fico irritado e vou para o seu


lado, não pode me ignorar para sempre. Ajoelho ao lado das peles
e as removo.

— Acorde, precisamos conversar.

Os cílios dela tremem e um braço fraco alcança os cobertores.

— Pare com isso.

Meu coração aperta de medo ao vê-la, não é a Jo-see de olhos


brilhantes e língua azeda que conheço. Essa

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fêmea tem olhos fundos, é mais magra e parece cansada.

Sou o culpado. Meu coração afunda.

— Jo-see?

— Vá embora, não quero vê-lo — ela respira, desviando o


rosto.

Acaricio a bochecha antes que se afaste. Estou cheio de


saudade, uma necessidade dolorosa que nunca será atendida,
nunca será minha companheira, nem deixará reivindicá-la e
encher sua barriga com nosso filho. Não terei nada disso.

Agora que compreendi, estou com uma sensação de perda


maior do que quando acordei e meu primeiro khui estava em
silêncio. Meu peito zumbe com ressonância, uma música
desesperada e triste e a música de Jo-see não me faz sentir melhor.

A fêmea prefere viver na miséria do que reconhecer que sou


seu companheiro. Não podemos continuar assim, suportarei tudo
o que devo, pois, fico agoniado com o seu sofrimento.

Como minha companheira, meu trabalho é cuidar e mantê-la


segura, mesmo que longe de mim. Acaricio sua bochecha
novamente e ignoro como empurra a minha mão. A pele é macia e
meu corpo inteiro dói. A pequena não deseja ser minha, portanto
não a reivindicarei.

— Está adoecendo, Jo-see. Se não me aceita como


companheiro... a levarei para a caverna dos
anciãos.

ICE PLANET
Barbarians
— Irá? Para remover nossos khuis? — murmura, surpresa e
cansada.

Não removerei o meu, parece errado. Se retirando o seu, não


sofrer mais, aceitarei.

— Faremos o que pede. Não suporto o seu sofrimento.

— Obrigada, Haeden. Muito obrigada.

O que mais faria? Não consigo recusar nada para ela.

Meu khui canta uma música triste em resposta.

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Capítulo 6
Haeden

Dois Dias mais tarde

— Ho — grito assim que aproximamos da caverna dos


anciãos. Experimento uma mistura de emoções na cúpula oval e
coberta de neve. Alegra-me que em breve

Jo-see se livrará da dor, infelizmente a minha apenas


começou. Perderei outra companheira novamente.

— Será que estão aqui? — Jo-see indaga, a mão repousando


no meu braço. Está cansada, no entanto os olhos brilham mais
uma vez e não está tão magra como há dois dias. Jo-see não come
muito com a ressonância que ataca o seu corpo e como parte do
nosso acordo forço refeições regulares a ela. Sua aparência
melhorou e ainda assim seu bem-estar preocupa. Na verdade,
sempre cuidarei dela, Jo-see é minha.

— Eles estão aqui. Rukh não gosta de viver com a tribo pois
são muito barulhentos — Vektal disse que, durante a temporada
brutal, viverão com a tribo até o tempo melhorar.

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Barbarians
Entendo a relutância de Rukh em estar perto dos outros, às vezes
gostaria que todos fossem embora também.

— Espero que a máquina esteja pronta. Não suporto mais


ficar presa.

— Haverá uma resposta para nós lá dentro, de um jeito ou de


outro — dou um tapinha na sua mão. A esperança dela faz meu
coração doer ainda mais.

Entramos na caverna e Jo-see segura meu braço enquanto


subimos a rampa inclinada. Meu khui retumba uma resposta
satisfeita e esfrego o peito com mais força. Ela abaixa para tirar os
sapatos de neve e assumo a tarefa.

— Descanse, faço isso.

— Obrigada. Eu aprecio— murmura e para enquanto tiro suas


botas.

Resmungo. A única razão pela qual o faço é porque não


suporto vê-la ficar mais doente, não há outra razão. Se dependesse
de mim, a teria no chão com as pernas abertas... meu pau dói
insuportavelmente com a ideia e o ignoro da melhor maneira
possível.

Rukh aparece em um dos corredores da caverna dos anciãos,


coloca um dedo nos lábios pedindo silêncio e nos braços há um
embrulho adormecido.

Os olhos de Jo-see iluminam com a visão e


aperta as mãos.

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— Rukhar dormiu? Posso segurá-lo?

Rukh assente e oferece o kit, nos observando com


curiosidade. É um macho grande, corpulento, com feições afiadas
e muito semelhante com Raahosh sem as cicatrizes. Ele nos
estuda.

— Por que estão aqui, amigos? Más notícias?

— Sem más notícias. É... — contemplo Jo-see. Ela avalia com


adoração o kit e recordo que nunca segurará o nosso kit assim.
Meu khui ronca alto e o dela responde.

— É... — Rukh fica tenso imediatamente, alerta.

— Ressonância, Jo-see quer que a masheen-na dee cir-urjeer-


aa conserte — pronuncio abruptamente.

— Nada muda a ressonância. É final — Rukh faz uma careta.

— Removeremos os khuis e substituiremos por novos para


não ressoarmos um com o outro — Jo-see comunica alegremente.

Rukh encara como se expressasse: por que concorda com essa


loucura?

Devolvo uma careta para ele. Jo-see não é estúpida. Não


concordo com seu desejo e não obstante permitirei que a pare. Sou
atingido por um desejo avassalador de protegê-la da desaprovação
de Rukh.

— Apenas nos mostre a masheen-na dee cir-


urjeer-aa.

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O kit nos braços de Jo-see soluça, faz um barulho estridente
e a pequena fêmea o nina.

— Falem baixo.

Rukh levanta as mãos, desistindo.

— Andem, mostrarei a vocês.

Coloco a mão nas costas de Jo-see de forma protetora e


porque tremo com a necessidade de tocá-la. Ela permite e meu
khui canta alto com o toque querendo mais. Quero mais...

Rukh nos leva mais fundo na caverna dos anciãos e toda vez
que venho aqui parece menos uma caverna e mais o estranho
quadrado de rocha em que as humanas chegaram. Chamaram de
nave. Sinto desconforto com as luzes piscando e estranhas formas
brilhantes pontilhando as paredes. Não entendo como Rukh
escolheu viver aqui quando sua companheira o seguiria para
qualquer lugar.

O kit faz outro barulho infeliz e chora. Um segundo depois a


fêmea humana aparece, estendendo os braços.

— Hora da alimentação. Oi Jô, oi Haeden. O que fazem por


aqui? — Har-loh sorri. É uma humana de aparência estranha,
cabelos cor de fogo e manchas por toda a pele pálida da barriga.

— Eles ressoaram — Rukh informa.

Ela pousa os olhos arregalados em Jo-see.

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— Ah não, Jô! — exclama com a voz cheia de simpatia.

Faço uma careta sombria. Todos acham que a trato mal?

— Conte seu plano, Jo-see — oriento, esfregando o peito na


tentativa de silenciar o zumbido do khui.

Jo-see segue Har-loh na sala ao lado, conversando


animadamente sobre seu plano. Har-loh amamenta o kit enquanto
conversam e inclino em uma das longas mesas da sala para
observar minha companheira. Não gosto do plano por isso não
presto atenção ao que dizem.

Não consigo parar de admirá-la, é prazeroso vê-la sorrir, os


olhos eufóricos brilhando, seus gestos fluidos e graciosos enquanto
dialoga com Har-loh. Seria uma companheira maravilhosa.

Esfrego o peito novamente, franzindo a testa na direção das


fêmeas. Jo-see vê minha carranca e vacila. Sua reação só
aprofunda a carranca.

— É por isso que estamos aqui, se removermos os khuis nos


livraremos da ressonância. Haeden ressoou comigo porque o khui
antigo que escolheu uma companheira se foi.

— Está errado — Rukh afirma, olhando para mim como se


desafiasse a discordar.

— Farei o que Jo-see quer — declaro sem rodeios e sou


recompensado com o sorriso brilhante da minha companheira.
Meu khui zumbe mais alto com prazer, ignorando
a discussão.

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— Não é nossa decisão, Rukh. Adoraria ajudar, contudo a
máquina está quebrada — informa Har-loh pesarosa.

— O quê? — indaga Jo-see decepcionada.

Cambaleei de alívio. A tristeza de Jo-see é terrível, entretanto


alegria domina o meu corpo e continuará sendo minha.

Josie

— Posso consertar muitas coisas, estou trabalhando por um


longo tempo nessa fera em particular e não chego a lugar algum.
Estes deveriam ser idênticos — explica Harlow, puxando um painel
na área médica, retirando um quadrado e comparando com um
segundo.

Contrapondo ambos, um está carbonizado em alguns pontos


e o meio parece um glacê derretido, os componentes minúsculos e
brilhantes fundiram e se transformaram em uma bagunça
prateada. A decepção explode dentro de mim.

— Não é uma solução fácil, né?

— Não. Nem sei como foram feitas e se for possível substituí-


las será uma verdadeira merda. É um processo demorado —
Harlow desliza seu quadrado para a parede e, cuidadosamente,
pega o outro.

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Tempo é algo que não possuo. Luto contra lágrimas de
frustração.

— Quão mais? Semanas? Meses? — adoeço com a ideia de


aguentar mais alguns meses.

— Talvez mais, garota. Não sei, faço o que posso e isso é


tecnologia alienígena. Se não conectar a parte A no slot B,
provavelmente nunca funcione. O que faço é bem básico e meu
tempo é dividido entre Rukh, Rukhar e as tarefas do dia a dia. Não
sobra muito para mexer nas máquinas, independente de quanto
gostaria — Harlow elucida compreensivamente.

Está correta, é lógico que está. Tantas tarefas adicionais na


vida diária tomam muito do seu dia. Não é como comprar uma
camisa nova, aqui tem que caçar o animal, curar o couro, cortá-lo
e costurar para usá-lo. Tudo em Not-Hoth é mais difícil e leva
tempo. Entendo que Harlow se esforça, ainda assim o pensamento
de esperar meses ou mais? Não, não tenho esse tempo.

Coloco a mão na testa, forçando o raciocínio. Ouço os homens


conversarem baixinho na sala ao lado, sei que Haeden está ali
porque meu piolho ronrona loucamente e não para.

Se não consigo tirar o piolho, sobra uma única alternativa que


é fazer sexo com Haeden.

Transar com alguém que me odeia, ECA, que nojo.

Tive sexo ruim no passado, fui abusada por pais adotivos,


estuprada por alienígenas e participei de

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encontros terríveis onde as coisas saíram do controle. Já escolhi
mal e outras pessoas escolheram mal por mim, sobrevivi. Sou
capaz de viver com relações sexuais horríveis, desagradáveis e
indesejadas novamente, todavia trazer uma criança para isso? É
tão errado. Estou presa e não sei o que fazer.

— Sinto muito. Realmente gostaria de ajudar — lamenta


Harlow segurando minha mão.

— Tudo bem, descobrirei algo — não sei o que e apesar disso


tem que haver outra solução.

Afasto para um dos antigos aposentos da nave, a fim de ficar


sozinha e ter um tempo para refletir. Harlow está ocupada com o
bebê e um quebra-cabeça de componentes, Rukh e Haeden
preparam a comida e pela primeira vez, não tenho vontade de
conversar ou segurar um bebê.

A parte de trás da nave está desocupada. Harlow e Rukh ficam


na frente, pois os sa-khui não confiam na nave desde que as portas
abriram e revelaram novas passagens. Desço uma delas, subo uma
escada de metal que resistiu ao tempo e ando por um corredor
estreito. O chão está cheio de buracos em alguns
pontos, fios e cabos pendem do teto. Uma brisa

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fria penetra no ar significando que o casco foi rompido em algum
lugar próximo, contudo é silencioso e privado.

Também é misterioso. Existem vestígios de pessoas que


viveram aqui, um pedaço de roupa apodrecido, um velho recipiente
circular cujo significado não posso decifrar e algo que já foi um
brinquedo de criança. Não toco em nada, sentindo a necessidade
de ficar aqui sem perturbar as coisas. Não quero desenterrar o
passado, só entender o caos na minha cabeça.

Sento na beira de uma maca dura que se projeta de uma das


paredes de metal, há detritos e sujeira nos cantos da praça de
grandes dimensões, então passo a mão enluvada sobre ela antes
de deitar e mirar o teto. Há rachaduras que permitem a luz entrar,
um grande pedaço de metal preto que está prestes a cair e
permaneço imóvel. Se o destino quer passar a perna, não será pior
do que já é.

Haeden é meu companheiro. Sinto o gosto das palavras na


língua e ainda não consigo aceitá-las. Há quase um mês venho
brigando com meu piolho e estou muito cansada, fisicamente e
psicologicamente. O piolho não dá descanso, constantemente
tremo e mesmo durante o sono não relaxo. Minha boceta dói e não
é a dor do abuso, e sim uma dor profunda, vazia, atormentadora
como se precisasse ser preenchida. De acordo com o piolho, sim,
primeiro por Haeden e depois pelo bebê que crescerá dentro de
mim.

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Já tive minhas noites de lágrimas, não permito mais.
Necessito de uma solução, então deito e avalio as opções... que
realmente não existem.

Neguei a vontade do piolho por um mês e não cheguei a lugar


algum. Tem dias que não disponho de força o suficiente para sair
da cama, não sou capaz de aguentar para sempre. Esse é um
grande X.

Remover o piolho sem a máquina está fora de questão.


Poderia... matar Haeden. Sorrio maliciosamente com a ideia e ...
ok, não mataria Haeden. É mais forte e não viveria em paz se
machucasse outra pessoa, não sou assim. E não o odeio, odeio
estar apegada ao homem.

Que opção sobra? Só a que tenho medo.

Engulo em seco, imaginando o acasalamento com Haeden.


Uma noite de sexo desagradável com um homem que me despreza
e faz sentir inútil? Viveria com isso, não por escolha, já tive pior e
sobrevivi. Amedronta o que vem depois.

Há uma grande vantagem em ceder, um bebê para abraçar e


amar. Meu coração dói de desejo, adoraria tanto uma criança.
Passei toda a vida na Terra sem ser amada verdadeiramente,
sempre de um lar adotivo para outro e nunca possui um animal de
estimação. Uma criança tão doce quanto o gordinho Raashel de Liz
seria incrível, até levaria um pouco da montanha-russa como o
Rukhar de Harlow, porque quando abre aquele sorriso caído, o
mundo inteiro se ilumina.

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Um bebê... meu piolho deseja um bebê. Lágrimas ameaçam
cair, sinto uma onda de desejo e amor tão forte que o Khui
imediatamente ronrona, sem dúvida lembrando de Haeden na sala.
E volto para a vida real.

Haeden.

Cedendo à ressonância e tudo no meu corpo indica que sim,


serei considerada sua companheira, esposa. Estarei amarrada
para todo o sempre, aguentando os olhares de desprezo, o bufar
irritado de escárnio toda vez que falo, serei despedaçada e reduzida
a nada. E nessa vida trarei um bebê ao mundo.

O desejo preenche meu peito, nunca fui amada por meus pais
tanto que me abondaram aos dois anos de idade. Sonhei, fantasiei
uma família real, um feliz para sempre e que toda a merda que
passei seria esquecida no passado. É difícil aceitar o fato de que é
somente um sonho e que abrirei mão de tudo o que desejei.

Minhas costas doem da cama dura e procuro uma posição


confortável, poeira cai no meu rosto e tusso, sentando. Começo a
sentir culpa, pois há um assento embutido em uma das paredes,
do tamanho de um sa-khui e não do tamanho de um humano, tem
uma porta que embora totalmente destruída imagino que leve a um
banheiro privativo, novamente com o tamanho de um sa-khui.
Como o computador chama seu pessoal? Sakh. Certo.

Not-Hoth não era o destino final, pelas histórias que Georgie


contou, seguiam para outro planeta em um retiro natural quando
caíram aqui e não foram capazes de sair. Não

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escolheram como seriam as suas vidas a partir daí, logo
levantaram a poeira e seguiram, tiveram filhos e viveram da melhor
forma possível com o que tinham disponível.

Talvez também precise absorver isso, aceitar que como os


ancestrais alienígenas nem sempre temos escolhas sobre o futuro.

Isso significa levar Haeden para a cama e atrelar minha


carroça à dele pelo resto da minha vida. Haverá um bebê, quero
meu bebê, meu filho para amar e abraçar.

Olá, lado positivo da vida.

Levanto e quase desmorono novamente, as pernas estão


fracas e trêmulas, outro efeito colateral da ressonância estúpida.
Só gostaria de não sentir fraqueza e não desejar Haeden. Toda a
luxúria que sinto? É artificial, sem sentido e odeio o controle que
exerce sobre mim.

Se ele for um bom beijador, não pareceria tão ruim e eu


adoraria um beijo realmente maravilhoso. Não sei se conseguirei
isso com Haeden, embora tenha esperança.

Acho que é hora de começar o show. Respiro fundo, seguro a


parede e escolho o meu caminho.

ICE PLANET
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Capítulo 7
Haeden

Estou atormentado, Jo-see passou boa parte da tarde sozinha


e não suporto sua ausência. Sei que está segura nas entranhas da
caverna dos anciãos, porém preciso vê-la. Felizmente, Rukh não
fala e desfrutamos de um silêncio sociável entre nós, enquanto
afiamos armas e cuidamos do fogo. Tenho a sensação de que
deveria fazer algo como caçar, vigiar e cuidar de Jo-see e de suas
necessidades, porém permaneço perto do fogo cuidando das
minhas coisas, esperando. A vida de um caçador é tal que sempre
está consertando seu equipamento, afiando uma lança cega,
fabricando anzóis de osso, reparando redes e tiras que ficaram
fracas com o uso, recuperar sapatos, tarefas intermináveis que
trazem conforto e especialmente hoje, me deixa impaciente.

— Ridículo — praguejo lançando os cacos de um delicado


anzol nas brasas do fogo.

Rukh estreita o olhar para mim e observo. Não diz nada,


todavia imagino o que pensa. É o terceiro anzol que esculpi e
quebrei, meu foco está distante das tarefas diárias. Estou
preocupado com Jo-see que se foi há muito tempo. Está
machucada e sangrando? Caiu? Está com
problemas? Fico de pé.

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— Preciso ir.

— Onde? — Rukh cutuca o fogo e vira o espeto, assando uma


fera de pena. Sua companheira gosta de carne queimada e a
maioria dos suprimentos aqui são cozidos e não comestíveis para
uma língua sa-khui e Rukh não liga, Har-loh é feliz e é o que
interessa.

— Qualquer lugar. Eu...

Jogo a faca de lado e paro. Jo-see está na porta com os braços


cruzados, encarando. Nossos olhos se encontram e dá um sorriso
hesitante.

Meu khui zumbe forte no peito, a música é desesperada, meu


sangue bate nos ouvidos e o corpo enfraquecido é incapaz de lidar
com a excitação do khui, meu pau endurece e o rabo balança.

— Podemos... podemos conversar? — Jo-see dá um passo à


frente, os cabelos caindo por cima do ombro. Parece vulnerável e
ao mesmo tempo bonita, meu corpo tem fome com a necessidade
de tocá-la. A pequena fêmea olha diretamente para mim e parece
que, pela primeira vez em quase uma lua, me nota.

Uma onda de triunfo invade furiosamente meus ossos,


aceitará nossa ressonância.

— Vou checar minha companheira — Rukh resmunga e


levanta, embora mal note a sua presença. Ele joga de lado o bastão
de fogo, nos observa e sai da sala batendo em um painel na parede
que parece fechar.

ICE PLANET
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Estamos sozinhos e inspiro profundamente, enchendo as
narinas com seu doce aroma.

Minha companheira veio até mim. Minha companheira.

Meu khui zumbe ainda mais alto no momento em que avança


na minha direção. Ela aparenta fragilidade e caminha com
hesitação. Isso é bom. Permaneço no lugar ao passo que se
aproxima, caso a agarre, perderei. Aperto os punhos ao meu lado,
determinado a permanecer imóvel, mesmo que o khui esteja
frenético no meu peito.

A pequena caminha e, em seguida, para, colocando uma


mecha de cabelo atrás da orelha.

— Eu...— Jo-see faz uma pausa e lambe os lábios.

Observo o flash rosa da língua, o pau doendo


insuportavelmente com a visão. As humanas têm línguas suaves,
disseram. A princípio, senti repulsa pela ideia e agora ao imaginar
a pequena língua de Jo-see na minha pele quase estouro a tanga.

— Sim? — rosno a palavra.

Jo-see pisca, um pouco assustada, esfregando os braços.

— Então... lembra quando conversamos? E afirmei que nunca


desistiria? Não aguento mais. Esta sou eu... cedendo. Você venceu
— seu olhar cai e suspira.

Franzo a testa com as palavras, acho que não entendi.

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— Ganhar? Como ganho? — a imagem que vem à mente é de
conquista não acasalamento.

— Estou rastejando para você. Desisto, não posso mais lutar


contra isso — ela suspira. Os olhos estão curiosamente brilhantes
e um sorriso tenso estampa o rosto.

Não foi assim que a imaginei vindo até mim. Nos meus
sonhos, e tem havido muitos, seus olhos estão cheios de luxúria e
passa as mãos no meu peito como se não conseguisse parar de
tocar, Jo-see está ansiosa para ceder à música do khui. A fêmea
diante de mim parece... derrotada.

O khui canta uma música poderosa e meu corpo está


excitado, estendo a mão hesitante a princípio e ela não se opõe.

— Deseja ser minha companheira, Jo-see? — a voz está rouca


de necessidade e meu pau estendido contra a tanga.

— Honestamente? Não, não quero isso e não o quero. Só que...


não aguento mais. Estamos presos, pisando em ovos e nos
tornando cada vez mais fracos. A máquina de cirurgia não é mais
uma opção... isso terá que servir — as mãos vão sobre o peito, onde
seu próprio khui cantarola freneticamente.

Ela profere muitas palavras humanas, ouço vagamente pois


estou focado em cariciar o cabelo macio. Finalmente, permitirá que
a toque.

— Hum, devemos encontrar um lugar privado? — sua voz soa


embargada.

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Eu a levaria para o chão, bem aqui, não obstante entendo que
as humanas valorizam lugares calmos onde possam ficar sozinhas
para acasalar. Tento recordar o que os outros machos acasalados
contaram ao redor do fogo, como gostam de ser abraçadas, o que
as agrada e não consigo. Só consigo concentrar no zumbido
constante e pulsante do khui no peito, na proximidade de Jo-see e
na dor do meu corpo que está prestes a ser curada.

Ela afasta e sigo, poderia ser para a beira de um penhasco


que iria alegremente. Jo-see dirige-se para as profundezas da
caverna, virando por uma passagem em que nunca estive e para
em frente à parede. Aperta um botão e a parede desliza, revelando
uma câmara. Tremo, inquieto ao ver a parede em movimento, no
entanto, no momento em que entra, vou atrás. Se não é seguro,
melhor que permaneça com ela.

A câmara é pequena e quadrada, há uma prateleira ao longo


da parede. Ela senta na beirada e olha para mim nervosamente.

— Quer acasalar aqui?

— Parece um lugar tão bom quanto qualquer outro lugar —


Jo-see assente e suas bochechas ruborizam.

Concordo, aproximo e seu perfume me atinge, ouço o zumbido


sem fim do seu khui. A fêmea chama e não resisto à chance de
tocar sua juba novamente. Meus dedos se arrastam e ela
estremece, fechando os olhos.

A pequena não me toca e luto contra uma


pontada de decepção. Talvez seja costume

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humano que o macho se encarregue do acasalamento. Sento ao
seu lado no banco duro e acaricio a bochecha lisa e arredondada.
Meu pau dói, o saco aperta contra o eixo como se estivesse pronto
para liberar minha semente. Ainda não posso, mal a toquei e quero
mais.

Seu perfume é atraente e inclino para cheirá-la. Eu... nunca


toquei em Zalah. Ela zombou e me afastou. Quando recuperei da
doença do khui, ela se foi e tocar qualquer outra pessoa, mesmo
que oferecido, parecia errado. Agora, tenho uma companheira e
não faço ideia de como agradá-la. O instinto será meu guia.

Inclino e acaricio seu pescoço, lambendo a pele macia e suave,


Jo-see estremece e solta um ruído suave e choroso que faz meu
pau tremer. Ela não afasta do meu toque e seu khui canta alto.
Seu cheiro é tão... avassalador. Quero mais, coloco a mão no outro
lado do pescoço e enterro o rosto no seu ombro. Minha
companheira é frágil, pequena e preocupo em machucá-la de
alguma forma.

— Eu…

— Está tudo bem. Não conversaremos, certo? Apenas...


faremos isso — ela respira e coloca uma pequena mão no meu
braço.

Não quer falar? Não sei se é outro costume humano. É


estranho para mim, mesmo assim aceito seu desejo. Puxo a gola
da sua túnica afrouxando os cadarços e Jo-see permanece
totalmente imóvel, o rosto tenso. Gostaria que

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agisse como se estivesse mais... excitada pelo meu toque. Meu pau
empurra sem saber da sua tensão, tudo o que interessa para o meu
corpo é que finalmente apalpo minha companheira.

O khui zumbe no meu peito e a puxo para mais perto, quero


tocá-la em todos os lugares, é importante para mim que goste do
meu toque... reconheça que sou capaz de ser um bom
companheiro, que preciso dela, que é linda com seus cabelos
sedosos, rosto rosado e sorrisos encantadores.

Ah, seus sorrisos. Sinto o pré-sêmen saindo da cabeça do meu


pau só com a lembrança. Estou perto de gozar e mal a toquei, a
solto, apertando a mão em um punho, tentando me controlar.

Então a pequena inclina contra mim e esqueço tudo sobre


controle. Minha mão desliza pela sua frente e estou ansioso para
tocá-la em todos os lugares. O peito é pequeno para minha mão,
no momento que o toco ela geme. Acaricio pelo couro da sua túnica
e sinto o pequeno nó duro do mamilo, ela respira fundo e sinto o
cheiro da sua excitação através das roupas. Minha boca enche de
água e imagino o quanto vai provar na minha língua, mal posso
esperar para enterrar o rosto entre as pernas provando seus sucos
doces. Aperto seu seio e Jo-see inclina no meu peito, a mão
acariciando meu rosto. Entro em erupção nas calças.

Endureço no momento em que a força do orgasmo me


ultrapassa, estrelas dançam diante dos meus olhos.

— Haeden? O que aconteceu? — Jo-see pergunta confusa.

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Mentalmente xingo. Tudo o que fez foi me tocar e perdi o
controle. Estou... humilhado. Qualquer outro macho saberia
agradar sua fêmea, eu não. Nunca toquei em uma. Sou um tolo, o
riso zombador de Zalah vem a minha mente, parece que voltei a ser
o mesmo kit indesejado e não testado.

— Haeden?

Fico de pé e afasto para que não veja a bagunça que fiz de


mim mesmo.

— O que é isso? — Jo-see indaga.

— Nada. Pare de me pressionar com suas perguntas — minha


voz é áspera. Nunca admitirei o que aconteceu.

— Deus, ainda é um idiota. Mesmo depois que rastejei até


você?

— Não rastejou. O khui escolheu, você aceitou — e eu perdi o


controle. Minha vergonha é imensa. O khui zumbe alheio a tudo,
ansioso para levar minha companheira.

— Besteira, que aceitei. Sabe o quê? Não posso fazer isso.


Pensei que superaria tudo isso, entretanto não consigo. Não sou
capaz de pular para os braços de outra pessoa que só me usará. E
não trarei um bebê para esse tipo de relacionamento. Droga, dane-
se seu piolho.

— Não vá — rosno quando ouço a porta abrir. Pressiono a mão


no meu pau e a frente das minhas calças ainda
está molhada. Se virar, verá minha vergonha e

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não suportarei o desprezo nos seus olhos como o que Zalah sempre
teve por mim.

A porta fecha novamente e a sala está silenciosa. Ela saiu e


fiquei com os calções molhados e o orgulho queimado.

Josie

Não consigo, achei que poderia.

Nem um beijo, isso não deveria fazer diferença mas fez.


Haeden queria um corpo para masturbar, já fui esse corpo antes e
é uma merda. Queria ser beijada e querida uma única vez na vida.

Suspiro e limpo as lágrimas frustradas, não chorarei


novamente por toda essa situação. Não mais.

Amarro os laços da túnica no pescoço, caminho para a sala


principal e por alguma razão desejo que Haeden venha mostrar que
errei, me banhando com beijos e convencendo de que não faria
nada que machucasse, querendo que continuássemos... ele não
aparece.

E estou decepcionada, sou uma idiota. Além de uma


ressonância inacabada, enfrentei Haeden novamente. Piorei tudo,
justo quando só queria liberdade.

Sento em uma das cadeiras desconfortáveis


e escorregadias que duraram centenas de anos,

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são enormes e perfeitas para o tamanho de Haeden não para o
meu. Os pés balançam e os chuto, inclinando e pegando um objeto
errante no balcão.

— Ei, computador? Onde está Harlow?

— Minhas leituras mostram que Harlow está no aposento


privado com seu companheiro e filho. Deseja localizá-los? Consigo
fornecer instruções.

— Não, obrigada. E Haeden? — jogo o chip de lado e pego


outro item da bancada, estou miserável.

— O macho sakh modificado com o qual chegou está no


quarto 3-A.

Ainda lá? Provavelmente esperando meu retorno, continuará


aguardando. Um círculo arredondado de vidro chama minha
atenção e o seguro. É suave ao toque e aproximadamente do
tamanho da minha palma.

— Computador, para que serve isso?

O computador apresenta uma explicação que não


compreendo, faço barulhos de reconhecimento apenas para ser
educada e sento na cadeira, balançando as pernas como uma
criança e brincando com meu novo brinquedo. O copo é mais
grosso no centro e espio, lembra um caleidoscópio. Quando olho
tudo corre para a frente. Ooo, uma espécie de lupa. Aposto que
poderia fazer um telescópio chique de Not-Hoth com o objeto, claro,

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seria inútil para mim porque nunca chego a lugar algum. Todos
pensam que sou muito frágil.

De repente, tenho uma ideia. E se for embora? Simplesmente


sair e não voltar? Meu khui desistirá se permanecer separada de
Haeden por cem milhas?

Continuo brincando com o círculo de vidro. Estou achando


uma ideia muito boa, apesar de deixar todos para trás... já me sinto
excluída mesmo. Todos acasalaram alegremente e esperam que
aceite Haeden e faça um bebê. No último mês, recebi toneladas de
olhares alternando entre simpatia e pena, não suporto ambos.

Lembro de Tiffany, há algumas semanas, expressando o


desejo de sair. Basta começar a andar e nunca mais retornar. Hoje
entendi que não suporto a expectativa para que pule nas peles de
Haeden ou ainda todos observarem meus movimentos ansiando
pela minha desistência, os olhares presunçosos de pena no
momento em que descobrirem que 'Josie boba ainda está
aguentando'.

Afinal, o que me amarra aqui? Amigos? Todos acasalados e


construindo famílias, felizes e apaixonados. Mesmo Tiff, que queria
sair pouco tempo atrás e achei que era louca... naquela época não
tinha saído sozinha da caverna dos anciãos, portando apenas uma
bússola, para a caverna tribal. Posso fazer isso.

Recordo da pequena caverna em que Harlow morava com


Rukh, a beira do oceano. Sempre quis conhecer o oceano.

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Barbarians
Capítulo 8
Haeden

Não descubro como Jo-see abriu a parede e bato


repetidamente procurando a saída. Quero ir atrás da minha
companheira, arrastá-la para o quarto, calça molhada ou não, e
descobrir o porquê mudou de ideia.

Suas palavras ecoam na minha cabeça, quero descobrir o que


significa outra pessoa que só me usará. Quem a usou? Arrancarei
a cabeça dos corpos e esmagarei suas entranhas.

Mais do que tudo, careço dos toques suaves e dos pequenos


sons de prazer. Relembro repetidas vezes até meu pau ficar duro
mais uma vez, não há como aliviar a dor e também como sair da
sala. Bato contra a parede repetidamente e, infelizmente, com o
passar do tempo fica cada vez mais óbvio que não voltará.

Irritado, espero. Deito na estante dura como pedra, estico as


pernas e aguardo Jo-see voltar. Sonho com seu retorno implorando
perdão, afinal decidiu pelo meu toque. A fêmea rasteja sobre mim,
os cabelos castanhos sedosos e a boca ansiosa. E quando a toco?
Geme e choraminga enviando um pulso de necessidade através de
mim.

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Desperto com o khui cantarolando, meu pau ainda duro e a
tanga molhada novamente. E nada de Jo-see.

Amaldiçoando, arranco um dos painéis decorativos dos meus


couros e esfrego a barriga e virilha molhadas. Rosno enquanto jogo
o couro molhado para o lado e empurro a parede novamente,
tentando mover. Bato com o ombro repetidamente, este quarto não
me impedirá de encontrar minha companheira. Nada impedirá.

—Haeden? É você? — Har-loh indaga confusa do outro lado


da parede.

— Quero sair, a parede não abre — berro.

Como se estivesse determinada a provar que eu estava errado,


a parede abre um momento depois, a vários passos do local onde
soquei o corpo. Har-loh tem o rosto confuso, o kit no ombro e Rukh
atrás dela.

— O que está acontecendo? Não sabia que ainda estava aqui.

— Claro que estou aqui. Onde está Jo-see? — bato com a mão
na parede frustrado.

— Pensei que estava com você. Veja isso — Har-loh chama.

Suas palavras não fazem sentido. Na área principal da


caverna dos anciãos, a fogueira não passa de carvão, a mochila
originalmente ao lado da minha na entrada da caverna sumiu, os
sapatos de neve e as peles externas não estão em lugar algum.

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Meu khui está calado. Esfrego o peito determinado a não
entrar em pânico. Provavelmente, a fêmea mudou para outro
quarto com a finalidade de ficar longe de mim. Jo-see não iria
embora. Não com a ressonância ainda cantando uma música não
realizada entre nós. Volto para as cavernas sinuosas, em direção a
Har-loh.

— Onde está Jo-see?

— Acho que foi embora. Vocês discutiram?

Rosno e corro para a frente da caverna. Dou alguns passos


para fora e, na neve caindo, está a trilha arrastada e lamacenta
que os sapatos de neve deixam para trás. Inclino e toco uma faixa,
se afasta da caverna dos anciãos em uma direção completamente
diferente das Cavernas do Sul e da Tribal. Para onde Jo-see vai?
Sozinha?

Por minha causa? Esfrego o peito odiando a culpa que me


atormenta. Eu era tão cruel? Não sou o macho mais paciente,
porém ... nunca a machucaria.

No entanto, partiu sem dizer uma palavra para mim ou para


Har-loh. Imagino o rosto triste, as lágrimas e o frio mordendo sua
pequena forma humana.

Cerro os dentes e volto à caverna dos anciãos, determinado.

— É verdade? Ela se foi? — Har-loh indaga, preocupada.

— Vou procurá-la, estará segura sob minha


guarda.

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— Pegue comida, para você e Jo-see — Rukh instrui em seu
idioma quebrado.

Resmungo em reconhecimento às suas sábias palavras. Posso


caçar sozinho, nunca morrerei de fome, entretanto é aconselhável
ter comida seca à mão nos dias em que o tempo está ruim demais
para abandonar o abrigo. Levanto minha mochila... e é mais leve
que o normal. Franzindo a testa, abro e descubro que minhas
coisas, arrumadas e ordenadas, estão fora de lugar. As rações se
foram junto com o odre extra.

Um sorriso de admiração curva minha boca. Minha


companheira invadiu a mochila e pegou suprimentos. Ao invés de
enfurecer, me sinto bem. Minha Jo-see é esperta e inteligente, não
fugiria para a natureza despreparada.

— Precisarei de uma lança, faca extras e algumas rações para


mim — peço para Rukh.

— Você a trará de volta? — Har-loh suplica.

— Se for o desejo dela — preciso descobrir a direção que


seguiu, em primeiro lugar.

Har-loh assente e observa Rukh, ainda preocupada. Ele


pressiona a boca na sua testa, um beijo como as humanas
chamam.

Um beijo. Não beijei Jo-see. Não a segurei da maneira tenra e


fácil como Rukh faz com sua companheira. Que desonra, hoje fiz

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muitas coisas erradas. Corrigirei ou morrerei tentando.

Parti pouco tempo depois encontrando facilmente a trilha de


Jo-see. Há uma neve leve e fina no ar, insuficiente para cobrir
rastros. Ela não fez nenhuma tentativa de esconder a trilha e, por
um tempo, considero que deseja ser encontrada. A pequena fêmea
verá que a rastreei, correrá para meus braços e regará meu rosto
com as pequenas pressões de sua boca, os tais beijos. Compreendo
que é uma fantasia à medida que a trilha aumenta e o tempo piora.
Minha companheira não tem intenção de voltar.

Meu peito dói ao admitir que fui abandonado. Não a agradei,


não a acariciei direito e, no momento em que me tocou, expeli
minha semente na tanga como um kit não experimentado. Escondi
minha vergonha e a feri com minhas ações. Quando encontrá-la,
explicarei tudo e implorarei seu perdão. Desta vez, perguntarei
como desejará o seu prazer e farei certo.

Estou muitas horas atrás dela, os sóis gêmeos se põe atrás


das montanhas distantes e o ar esfria. Coloco um casaco de pele
para bloquear o pior do vento e lembro do corpo humano frágil de
Jo-see. Preciso encontrá-la e aquecê-la, a protegerei com meu
corpo para que não congele.

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De repente, enxergo uma pequena luz amarela no horizonte,
pisca e brilha. Pego o leve cheiro de fumaça. Fogo!

Orgulho explode no meu peito. Minha Jo-see não é tão


desamparada, afinal. Aproximo, acalmando os passos. Avisto o
contorno da pequena caverna, uma das cavernas caçadoras
espalhadas como sementes sopradas pelo vento na paisagem, e a
humana está na boca de uma delas alimentando o fogo com
pedaços de combustível. Devoro a visão da pequena forma,
aparenta estar saudável envolvida nas peles e cansada, sem
calafrios.

Jo-see puxa a tela de privacidade sobre a entrada da caverna,


apagando parte da luz emitida pelo fogo.

Fico do lado de fora, pensando que com uma fogueira está


segura. Mesmo o mais agressivo dos metlaks não se aproxima de
uma chama e essa região em particular possui pouquíssimos
predadores. Estou impressionado que a pequena fêmea foi capaz
de encontrar uma das cavernas dos caçadores, acender uma
fogueira e cuidar de si mesma.

Minha frágil Jo-see é mais forte do que imaginava. E, em vez


de invadir a caverna e exigir que volte, corro e aprumo na noite,
vigiando e garantindo que nada a perturbe. E se minha
companheira ir a algum lugar? Seguirei até que não esteja mais
segura e depois entrarei.

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Josie

Tão longe? E não é que levo jeito para essa coisa de


sobrevivência por conta própria. Ontem, caminhei até achar uma
caverna, acendi um fogo (graças aos colares de bombeiros que uma
das meninas insistiu que usássemos) e passei uma noite
agradavelmente aquecida.

E tudo bem, foi um pouco assustador estar sozinha. Muito,


na verdade.

Apesar do cansaço de um dia de caminhada, adormeci por um


bom tempo. O conhecimento de que era a única por quilômetros e
ninguém sabia o meu paradeiro? Foi uma espécie de viagem
interna, agarrei as peles aterrorizada, estremecia com barulhos,
fora o incômodo e a inquietação da ressonância. Não foi uma noite
divertida.

Em algum momento, dormi e quando acordei o fogo estava


apagado, havia geada nas peles e minha respiração soprava no ar
como uma nuvem. Eu também doía com a ressonância, tinha os
mamilos duros e a boceta molhada. Gah. Hora de levantar.
Espreguicei e sacudi as peles, fazendo uma pequena corrida para
meu corpo se concentrar no dia ao invés de sexo. As peles estavam
úmidas da viagem de ontem, então reconstruí o fogo e as espalhei
para secar antes de seguir em frente. Se começasse a caminhada
na hora do almoço, não seria tão ruim.

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Alimento o fogo com mais esterco seco, lavo as mãos com a
neve e pego um pacote de rações. Como um punhado de coisas
semelhantes à granola, enrugando o nariz. O piolho nublou os
meus sentidos, nem o sabor e os cheiros são tão intensos, apesar
disso esse prato sa-khui em particular ainda é mais picante do que
gosto. Bebo o resto da água e percebo que acabou, hora de derreter
um pouco de neve.

É um pouco intimidador perceber que não dependo de mais


ninguém para me ajudar. Se preciso de água, tenho que obtê-la.
Fogo? Preciso pegar suprimentos na caminhada. Coloquei as
últimas mordidas das rações na bolsa. Quem sabe quanto tempo
durará? Nunca cacei e a enormidade da tarefa paira diante de mim.

Bem, descobrirei de alguma forma, porque não retornarei.

Assim que as peles secam e a neve derrete na pele de carregar


água, apago o fogo, visto as peles pesadas e calço os sapatos de
neve. Saio da caverna e sigo em direção ao oeste. Harlow e Rukh
vieram do oeste, era lá que o oceano estava e é para lá que vou.
Harlow comentou que lá as temperaturas eram mais amenas.

A neve está mais espessa nesta manhã, o que significa que


caiu mais durante a noite. Depois de uma hora, já estou exausta,
suada e não paro. Aprecio a paisagem visto que é a minha chance
de realmente ver mais do que cavernas em Not-Hoth.

E Not-Hoth? Tanto quanto é frio e tempestuoso, também é


realmente bonito. Intermináveis colinas de neve branca ondulam
diante de mim, a paisagem é pontilhada por

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árvores cor-de-rosa e arbustos mais curtos e grossos com folhas de
pinheiro. Ao longe, há um rebanho de dvisti com seus peludos
pelos acinzentados lembrando muito ovelhas cobertas de vegetação
com pernas finas. Suponho que deveria analisá-los como comida,
felizmente, agora estou apenas admirando a paisagem. Ao longo do
horizonte, picos arroxeados e pontiagudos de gelo dançam e
imagino se os cortarei para chegar ao oceano. Puxa, espero que
não, não sou alpinista.

Sigo em direção a um vale, prosseguindo pelo caminho mais


fácil para caminhar e subo a próxima colina, o chão sacode e
congelo, olhando ao redor. Há um sa-kohtsk e seu bebê,
arrastando sobre a neve com movimentos lentos e quase
preguiçosos de suas pernas longas e magras, sinto atração por ela
apesar do perigo que apresenta. É horrível. A pele é desgrenhada
como o dvisti e as pernas são uma pele dura e forte com cascos
planos e largos. A cabeça em si é do tamanho de um carro e
pontilhada com brilhantes olhos azuis como uma aranha. Bruto.
Enquanto assisto, move a cabeça grande para frente e para trás,
como se provasse o ar. O que algo tão grande come? Espero que
não ‘pessoas’.

Acompanho por um tempo, fascinada. Nunca fui ao zoológico


e aqui é muito parecido com um zoológico grande, gelado e aberto.
Gostaria de saber se poderia aproximar e tocar um animal. O bebê
sa-kohtsk é maior do que eu e ainda assim parece mais acessível.
Estou tentada a persegui-lo...

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Até a mamãe sa-kohtsk soltar um fluxo épico de mijo.
Gritando, afasto da sua trilha o mais rápido possível. Bruto! Bruto!
Bruto!

Depois disso, seguir animais provavelmente não é muito


inteligente. Não tenho uma lança, apenas uma faca pequena que
guardo e não é exatamente construída para caçar, realmente, não
quero matar nada com uma lâmina do tamanho de um canivete.
Como diabos esqueci de trazer uma lança? Estou me chutando por
isso e, além de procurar no chão por esterco para o fogo procuro
algo que se assemelhe a uma lança.

Não há nada, é claro. As árvores são chicoteadas e frágeis e


os arbustos pequenos demais para fornecer muita madeira.
Recordo que é por isso que as armas na caverna são fabricadas de
osso. Obviamente, você deve ser capaz de derrubar uma caça,
grande e com chifres, para achar um osso comprido o suficiente
para fazer uma lança.

Talvez Harlow e Rukh esqueceram lanças na antiga caverna,


só preciso que as rações durem tempo suficiente. Incentivada, pego
o ritmo e caminho para a próxima subida.

Tudo dará certo. E pela primeira vez no que parece uma


eternidade o piolho silenciou. Posso estar exausta de viajar ou
carente e doente de desejo sexual frustrado, não obstante meu
peito está quieto.

Pequenas vitórias.

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Capítulo 9
Haeden

Jo-see é muito mais forte do que acreditei. Está cansada e


mesmo assim percorre uma boa distância todos os dias. Teve sorte
em encontrar abrigo, nas duas primeiras noites encontrou as
cavernas de caçadores e na terceira fez um ninho no abrigo rochoso
na base de um penhasco. É inteligente e engenhosa. Observo à
distância, ela recolhe estrume durante a caminhada e coloca a neve
dentro da bolsa para derreter debaixo das peles que veste.

Fico surpreso que a pequena fêmea não olha para trás. Jo-see
é o tipo que mergulha na vida e eu, o amargo preso no passado.
Bom, sorte minha, caso olhasse me encontraria no horizonte
cuidando para que não tropeçasse em um ninho de metlaks ou que
não fosse capturada por um gato da neve faminto.

Minha companheira é inteligente e cautelosa, tenho orgulho


do seu desempenho ainda que aparente não sentir saudades da
tribo.

Continua indo em direção às montanhas todos os dias, na


mesma direção, é intrigante para mim. Onde está indo? O que quer
encontrar? Caminha por trilhas de caça, ultrapassa colinas e
afloramentos rochosos que alertam minha

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necessidade de resgatá-la. É prudente, faz uma pausa a cada fluxo,
borrifa bagas esmagadas rio acima para atrair nelukh, o peixe que
as humanas chamam de comedores de rostos, e consiga atravessar
o rio e muda a rota se avista rastros de outros animais.

Esfrego o peito enquanto a observo checar outra caverna de


caçador. Noite passada, dormiu ao ar livre e, enquanto mantinha
o fogo aceso, precisei me segurar para não intervir e levá-la ao
abrigo. Conheço essas terras como conheço o meu próprio rabo e
não desejo vê-la sofrer.

Essa aventura é importante para Jo-see, então a seguirei pelo


tempo necessário... ou até que meu khui permita. Meu pau sobe
apenas com a breve memória da minha companheira. Ao anoitecer,
após me certificar da sua segurança, esfrego o pau até gozar, só
aumentando a vontade de tocar seu corpo.

Apenas uma vez, gostaria que olhasse para trás e me visse


esperando, para cuidar e confortá-la, ser seu macho, companheiro
e o que mais necessitar. Jo-see segue em frente.

Espero que chegue logo ao seu destino.

Josie

O oceano é lindo.

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Depois de dias, os suprimentos diminuindo, os pés surrados
e completamente exausta, observo as ondas ondulantes e verdes
da água? É outra coisa. O afloramento em que estou termina
abruptamente e bem abaixo avisto areia grossa com um tom de
verde mais escuro que a própria água e grandes blocos verdes e
gelados flutuando na água distante. É tão legal.

Tiro a neve e sento na borda para descansar e admirar o


oceano. As ondas são tranquilas e a água parece tão relaxante.
Pego a bolsa de trilha e como algumas migalhas apreciando a
paisagem. Mais ou menos estou no meu destino, não encontro
nada parecido com as cavernas que Harlow descreveu, talvez esteja
no lugar errado. Lambo as últimas migalhas dos dedos e ignoro o
ronco do estômago, terá que durar.

Por um capricho, retiro o disco de vidro da bolsa,


envergonhada confesso que roubei de Harlow, todavia se o
aparelho cirúrgico está quebrado, o que importa? Nada mais é
metade da utilidade e usarei essa porcaria. Envolvo meus dedos
nas bordas e o seguro nos olhos como se fosse um telescópio. No
início, o olhar embaça, foco com um olho fechado e tudo encaixa.

Agora enxergo muito mais longe. Animada, observo melhor o


oceano, a água não parece tão verde ou tão suave, a onda tem uma
aparência desagradável e bolhas escuras correm na praia.

Uma sombra voa e abro meu 'telescópio’, há um pássaro


gigantesco no alto, voando muito rápido. Levanto minha luneta
novamente e ele desloca tão rápido que não o vejo.
Droga.

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Volto para o oceano e espio os icebergs. Há formas escuras
neles que não identifico, será a versão do planeta de gelo das focas?
Lontras do gelo? Alguma coisa? Um momento depois, as ondas
ondulam e uma coisa assemelhada a uma cobra fina e amarelada
surge das ondas e arrebata uma das formas escuras do iceberg,
desaparecendo sob a água. Estremeço.

Nota mental: não nadar.

Movo o telescópio sobre a água, examinando. Na maioria das


vezes não há nada para ver além de ondas, apesar disso enquanto
pesquiso o horizonte distante, uma leve mancha verde mais clara
contra a água chama minha atenção. Concentro, foco e não
distingo o que é. No começo, acho que é outra serpente marinha e
quando permanece estático noto que não é. Terra, talvez? É ...
verde. Quem sabe devesse olhar.

Viro o telescópio de volta aos icebergs e surge outra forma


escura tremulando sob a água.

Provavelmente não verei o verde se isso significa atravessar


Jurassic Park: Aqua Edition. Haeden conheceria essas coisas. Por
um momento, sou atingida por uma pontada infeliz de saudade,
que não tem nada a ver com meu namorado.

É estranho, tenho saudade de Haeden. Com toda essa viagem,


o piolho ficou em silêncio apesar de sonhar com o homem e,
quando acordo, o peito vibra com ressonância. Não é por isso que
sinto sua falta, é a presença, é ter a certeza de que está lá para
mim, ninguém nunca fez isso na minha vida. No

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momento em que a merda atingiu o ventilador, todos fugiram
menos Haeden. Ele pode encarar e fazer barulho, contudo sempre
está lá. Engraçado como só percebi após me afastar.

O macho ainda é insuportável e idiota, mesmo assim ... está


crescendo em mim. Ou foi. Imagino o que diria se soubesse que fui
até o oceano sozinha. Faria uma careta, o rabo sacudindo e os
grandes braços cruzados. Você é fraca, Jo-see. As fêmeas devem
ser protegidas. As humanas não viajam como o sa-khui.

Estou feliz, imaginando o olhar presunçoso do seu rosto


mudando para uma maravilha no momento em que percebesse
exatamente o que fiz, que sou um biscoito duro. Meu prazer
desaparece logo que constato que o homem nunca compreenderá
o que fiz, porque nunca mais o avistarei.

Odeio a dor melancólica no meu peito, fiz uma escolha e não


chorarei por isso. Outro pássaro voa e o encaro. Águias gigantes?
Esta área lembra o noroeste do Pacífico (muito, muito mais frio) e
há águias nessa área. Provavelmente não é muito seguro estar no
cume, partirei assim que descobrir onde fica a caverna da Harlow.

Levanto o copo novamente e, desta vez, examino as rochas. O


penhasco abaixo não mostra nada de interessante, e subo, subo,
mais longe até descobrir que observo a base das montanhas roxas,
parecido como vidro ou balas de rocha. Continuo as estudando,
porque nunca vi nada assim.

É quando percebo destroços. Minha luneta varre uma


montanha e na neve na base há uma forma

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escura meio coberta de neve. Há arestas duras e uma luz vermelha
piscando, a boca do meu estômago encolhe doente.

É uma nave espacial!

Não pode ser... pode?

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Capítulo 10
Josie

No momento em que parti para me tornar a “Exploradora


Josie”, previ uma de duas coisas: miseravelmente retornar para a
tribo ou encontrar a caverna de Harlow e esconder até que o piolho
desistisse. Não imaginava esbarrar em outra nave espacial.

Estudo melhor e deduzo que não é a nossa nave. Não é a que


viemos, essa está perto do pico de uma montanha semelhante de
granito e cercada por picos roxos pontiagudos que parecem balas
de rocha, a nossa teve uma brecha no topo do casco e o resto do
compartimento em que pousamos era relativamente seguro. Foi a
única maneira de sobrevivermos ao tempo por uma semana,
mesmo sem suprimento ou proteção para o frio. A neve funcionou
com um isolante térmico e o calor do nosso corpo nos manteve
aquecidas.

Esses destroços são diferentes. Embora seja um quadrado,


uma das extremidades está mutilada como uma caixa de cereal
aberta no fundo. Há neve e uma luz vermelha piscando.
Possivelmente algum tipo de sinal de perigo.

Oh droga. E se alguém precisa de um resgate e tudo o que têm


sou eu?

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Larguei a luneta, raciocinando. Ok, em pânico. Um pouco de
pânico é totalmente justificado. Não sei o que farei, não vimos
nenhuma nave sobrevoando o céu nesse um ano e meio em que
chegamos em Not-Hoth e ninguém tentou nos sequestrar
novamente. É uma armadilha, a voz do almirante Ackbar soa nos
meus ouvidos.

Sim, aparenta ser uma armadilha. Claro, quanto mais reflito


logicamente sobre isso mais questiono.

Uma nave voltou alguns meses depois que chegamos.


Roubaram Kira novamente, atiraram em Aehako e Haeden, oh
droga, Haeden!, e os deixou morrendo. Kira salvou o dia,
envenenando todos os alienígenas, bateu a nave escapando numa
cápsula de fuga e retornou para o lado de Aehako. É uma história
contada várias vezes ao redor da fogueira, já ouvi outra dúzia de
vezes, principalmente porque gostei da parte em que Haeden teve
coragem.

Cara, agi como uma idiota com o sujeito. Sinto uma pontada
de culpa e empurro para longe. Foco, Jô.

OK. OK. Fecho os olhos, imaginando Kira contando a história


em sua voz solene. Ela colocou a nave espacial no piloto automático
e apontou para as montanhas distantes, onde caiu. Tanto Aehako
quanto Kira viram o acidente.

Montanhas distantes.

Essas montanhas.

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Solto um suspiro de alívio. Tem que ser isso. Essa é a nave
que levou Kira, a nave caiu e não há sobreviventes. Foi um pouco...
bem, sedento de sangue, ainda assim é difícil sentir pena de quem
sequestrou você da Terra e repetiria. Não sinto muito, estão
mortos. Ainda não sei o que fazer.

Verifico os destroços e procuro algo útil?

Ou caço a caverna de Harlow com seus suprimentos?

Ou, de alguma forma, faço um barco e checo a mancha verde


nas ondas distantes que pode ser uma ilha?

Parece uma versão da “Era do gelo” de House Hunters. Josie


quer aventura e uma cabana na ilha, apesar da localização
perigosa? Ou escolherá uma propriedade à beira-mar... desde que
encontre a caverna de Harlow? Ou decidirá pela casa nas
montanhas, mesmo que já ocupada?

Analiso ao redor. O penhasco tem uma vegetação que é


esfarrapada e torcida, projetada para agarrar-se à rocha através da
neve e do vento forte. Não há nada para fazer uma canoa, ainda
que soubesse fazer uma, ou uma jangada. E entrar na água
infestada de monstros marinhos assusta.

— Ilha, terá que esperar outro dia — decido. Primeira casa


eliminada. Agora, na verdadeira moda de Hunters, preciso reduzir
as opções.

Pondero isso no momento que outra forma escura paira no


céu, a sombra ondulando sobre mim. O que quer

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que decida não é inteligente ficar aqui. Dou outra olhada rápida
através da luneta nos penhascos abaixo e não vejo caverna alguma.
Merda. Viro o copo de volta para os destroços na direção oposta, a
luz vermelha pisca para mim.

Se são os destroços que imagino, não há sobreviventes.

Se estiver errada? E ... se possuírem comida? E armas? E


coisas que posso usar para sobreviver? No momento, tenho um
canivete e migalhas sobrando.

Mordo o lábio, avalio e brinco com a luneta, passando-a entre


os dedos. Quem sabe que tipo de guloseimas a outra nave
alienígena terá? Coloquei a luneta na mochila, puxei a alça sobre
o meu ombro, coloquei as raquetes nos pés e desço em direção aos
destroços.

Se estou aqui, é melhor ver o que posso salvar.

Os destroços estão um pouco mais longe do que avistei na


estúpida luneta. Ok, muito mais longe. Caminho pelo resto do dia
e não chego antes que o sol comece a se pôr. Não há muito abrigo
por aí, encontro alguns arbustos esfarrapados para agir como um
quebra-vento e passo a última hora antes do pôr

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do sol empurrando a neve para dentro dos arbustos formando um
muro. Tenho um pouco de esconderijo e acendo uma fogueira,
passo a noite inteira tremendo e alimentando o fogo para não
congelar.

Pela manhã estou exausta. Deixei o fogo morrer e tirei uma


soneca rápida à luz do sol até acordar com o barulho de um
rebanho de dvisti. Recomeço a caminhada em direção à nave
acidentada e chego quando os dois sóis estão altos no céu.

Haeden

É preciso tudo o que tenho para não ficar ao lado de Jo-see


durante à noite e oferecer ajuda, porque não apreciaria. Ainda
assim, permaneço mais perto do que o normal, minha lança pronta
e vigio. Ela está desprotegida e se alguma coisa aproximar
estriparei pela ousadia de se aproximar da minha companheira.

Depois da soneca da manhã, sai novamente e a sigo longe o


suficiente para que não note. Ao fazer isso, constato que o seu
caminho cruza com outras trilhas na neve. Diminuo, deixando-a
avançar para que as estude. Agacho e toco em uma, a neve não
tem crosta o que significa que é fresca.

E os dedos dos pés com garras? Metlak. Muitos deles. Jo-see


está em perigo.

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Josie

A luz piscante vem a ser mais brilhante quanto mais


aproximo. É uma luz externa de algum tipo e ofuscantemente
intensa, vejo manchas toda vez que apaga. Tiro um xale de pele e
jogo sobre a luz, ouço a pele chiar e sobe o cheiro de couro
queimado, rapidamente a puxo de volta. A luz está tão quente que
a neve derrete no momento em que toca. Bem, não é um bom sinal.

Circulo os destroços para dar uma olhada, há neve empilhada


ao redor então não consigo distinguir a forma, a extremidade
quadrada está rasgada e sobressaindo na neve? Sim, parece
familiar. As montanhas que aparentavam vidro roxo à distância
são claramente gelo e estou impressionada com a solidez. Esse gelo
levou centenas ou milhares de anos para formar montanhas e, na
base, observo um tom de verde. Ok, então, como o oceano ficou
verde se as montanhas são roxas? Gostaria de saber. Talvez algas
ou algo assim. Não sou cientista, então só posso adivinhar. A neve
que cai é branca assim como as que cobrem a embarcação,
significando que essa é definitivamente uma adição recente à
paisagem. Contorno mais uma vez, determinando o tamanho. Não
é como a nave dos anciãos, oval, longa e arredondada do tamanho
de um shopping, é mais uma cunha do tamanho de um quarteirão.
A maior parte está enterrada na neve, exceto no final da carga. Se
houvesse detritos ou corpos, a neve os cobriu há muito tempo.

Estou feliz por isso, tremo só de imaginar cadáveres saindo da


neve.

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Aproximo da extremidade quebrada da nave espacial que
destaca dos montes, está inclinada para o lado, uma das
extremidades excede a neve e a outra extremidade é escalável com
um pouco de esforço.

— Olá? Alguém em casa? — chamo.

Sem resposta. Não é surpreendente dada a distância do local


ou o fato da nave ter colidido. Se esta era a nave de Kira, todo
mundo morreu antes do pouso. Engulo em seco com o
pensamento, sensível. Vi programas de TV com acidentes de
carro... espero não ver respingos de cadáveres por todo o interior
da nave. Ou pior, picolés de salpicos de cadáveres. Pressiono uma
luva na boca e vômito um pouco. Cheguei tão longe, preciso
continuar.

Após a luz intermitente superaquecida, preocupa o fato de que


partes da nave estejam muito quentes para o toque. Jogo um
envoltório de pele sobre a parte que designei como ponto de
entrada, quando não chia, subo para o buraco escuro e oco.

— Olá?

Sem resposta. Nenhuma luz também. Porcaria. Recuo e ataco


um dos arbustos por perto, pegando galhos, arrancando e os
torcendo em um pacote. Seguro minha trouxa contra a luz de
emergência piscando até fumegar e acenda. É uma tocha de baixa
qualidade e pinga brasas em todos os lugares, no entanto é útil.
Não planejo ficar lá por muito tempo, dá arrepios.

ICE PLANET
Barbarians
Rastejo de volta para o casco quebrado com cuidado, tocha na
mão e começo a explorar. Imaginei que essa era a área de carga e
aparentemente é uma parte diferente da nave, a coisa toda virada
de lado. Estou em um corredor estreito e de pé sobre o que
provavelmente era uma janela do espaço ou algo assim. Há móveis
e outros objetos pequenos salpicados no chão e misturados com
detritos, chuto procurando armas. Os alienígenas que nos
sequestraram originalmente possuíam armas parecidas com tacos
do tamanho de um rifle e poderia usar uma delas.

Há uma porta entreaberta à minha frente, seguro a tocha no


alto e olho para dentro. Corpos. Muitos corpos, congelados nos
assentos. Cambaleio e vômito, depois fico com raiva de mim mesma
por fazê-lo. Claro que existem corpos, pare de ser tão feminina,
Josie. Imagino Haeden me castigando e ao invés de irritada, estou
triste e melancólica, gostaria que estivesse aqui. Ele seguraria a
tocha e me abraçaria, não importava que estivesse feminina e
assustada, porque estaria ao meu lado. O homem só alfineta
porque tem medo de quão frágil sou. A percepção me atinge como
um tijolo.

Por isso que é tão protetor e idiota quando tento ser


independente e constantemente rosna sobre como as fêmeas
precisam de proteção. Tem medo que alguém morra e que o
respectivo companheiro sofra como ele.

Provavelmente tenho sido muito má com Haeden.

Pego uma passagem diferente e atravesso,


determinada a ser forte. É um beco sem saída,

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bloqueado por detritos e cabos pendurados, consequentemente
tenho que voltar e procurar outra passagem.

Pouco tempo depois, minha tocha diminuiu e não encontrei


nada útil. Na verdade, encontrei um quarto e as únicas coisas que
não apodreceram eram um pequeno cobertor feito de um material
estranho que parecia plástico e um travesseiro semelhante. Enfiei
os dois na bolsa, embora não saiba o que farei com eles. Decido
verificar um último corredor antes de sair, porque estou
determinada a encontrar algo que possa utilizar.

No momento em que passo pela porta ao lado, sou atingida


por velhas lembranças. Este é o compartimento de carga. Ou foi.
Há um buraco no teto que deixa a luz entrar e um leve pó de neve
no meio do chão. O interior do compartimento de carga está
espalhado por toda parte, caixas quebradas e seu conteúdo
destruído. Engulo em seco ao ver o lugar. Se fechar os olhos, ouço
o choro, sinto o fedor dos corpos sujos, enxergo os rostos dos
guardas enquanto olhavam para nós... e muito mais.

Mordo o interior da minha bochecha até passar a vontade de


gritar ou chorar. Afasto as más lembranças e concentro nas coisas
boas. Se é o compartimento de carga, talvez possua comida e
suprimentos.

Viro à esquerda e vejo os tubos. Oh, Deus!

Avanço em direção à parede, tremendo. Há uma fina camada


de gelo sobre ela e metade está desmoronada. Mal consigo
distinguir três tubos, limpo com as mãos e

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imediatamente altero a contagem. Dois tubos, além de restos do
terceiro e a parede amassada. Espero que não tenham ocupantes.

No momento que limpo, uma luz verde pisca. Lembro daquela


luz, significa que está ocupado.

— Merda. Porra. Droga. Caralho! Droga, droga! — praguejar


em voz alta não melhora nada. Na próxima cápsula, luzes amarelas
piscando para verde. Não sei o significado, não obstante aposto que
também tem um ocupante.

Este? Chorarei e explodirei em lágrimas e soluços.

Agora tenho que voltar.

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Capítulo 11
Josie

Ao sair da nave não espero encontrar ninguém, no entanto em


uma colina distante, avisto pele e chifres azuis e os movimentos
graciosos de um sa-khui masculino em combate. Obviamente, é
Haeden. Reconheço os movimentos mesmo quando o khui zumbe
baixo no peito. A raiva e frustração de ser seguida desaparecem na
ocasião em que percebo o porquê gira uma perna e joga uma lança,
está lutando contra algo que aparenta... bem, um yeti cinza magro.
Um metlak, meu cérebro distingue embora não conheça um. Ouvi
as histórias. São criaturas altas, lembrando macacos e são quase
tão inteligentes quanto cruéis. Liz narrou histórias arrepiantes de
correr por eles na natureza e estou alarmada ao avistar um. Outro
surge nas costas de Haeden, noto que não há um ou dois e sim
meia dúzia das criaturas.

Ah merda. Seguiam-me? Isso é culpa minha? A culpa e o


pavor me atravessam, corro para oferecer assistência enquanto
outro o ataca, contudo não tenho nada além de uma faca
minúscula. Porra! O que faço?

Observo a luz intermitente de emergência e estou quase cega


quando pisca novamente. Necessito de algo para

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queimar. Eles têm medo do fogo. A única coisa que possuo é uma
bolsa.

Hesito um momento, então despejo minha comida e a bolsa


de água no chão, recolho alguns punhados de detritos na beira da
nave e enfio uma das peles na bolsa, meu novo travesseiro e o
pequeno cobertor do estranho material brilhante. Seguro a bolsa
contra a luz, protegendo meus olhos do brilho da luz vermelha e o
couro chia com raiva. Não há tempo para reunir mais lenha para
uma tocha e rezo para que o couro pegue fogo. A fumaça começa a
sair.

— Vamos lá. Vamos lá. Tenho pressa — sussurro, olhando


para Haeden. Ainda está lá, jogando outro metlak de lado e meu
coração martela com uma mistura de alívio e preocupação.

A coisa maldita não pega fogo, grito de frustração e jogo no


chão. O cobertor brilhante chama minha atenção, agarro e seguro
contra a luz, esperando que não seja corta chamas ou estou
realmente ferrada. Se não funcionar, ajudarei Haeden com minhas
próprias mãos. Deixá-lo não é opção.

O cobertor começa a assobiar, as pontas dos dedos


esquentam e continuo segurando. Grito, afasto as mãos e o
cobertor está fumaceando. Está funcionando. Empurro o cobertor
contra a luz novamente e o seguro, ignorando a dor nas mãos.
Lágrimas escorrem dos meus olhos e gemo enquanto os dedos
queimam. No momento em que não suporto mais, pega fogo.
Chamas amarelas lambem as bordas e então a
coisa toda começa a ser consumida pelo fogo.

ICE PLANET
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Eu o afasto e corro em direção a Haeden com meu pacote
flamejante, gritando a plenos pulmões.

Não sei quem fica mais surpreso ao me ver correndo para eles
com um cobertor flamejante, Haeden ou os metlaks. O grande
macho azul faz uma pausa por um breve segundo e então atinge a
criatura com que luta. Os outros recuam assim que Haeden ruge,
um som primitivo. Balanço o cobertor em chamas, eles encolhem
e fogem para as colinas.

Bem a tempo também, a chama aumentou pela corrida e pelo


vento, lambendo minhas mãos. Com um grito, jogo o cobertor no
chão e sopro as mãos ardentes.

— Jo-see? — viro com a voz de Haeden. Seus grandes ombros


devem doer e seu colete está rasgado. Há muitos arranhões nos
braços e outro no rosto, ainda assim aparenta estar bem. Espero a
palestra e o encaro, ignorando as mãos latejantes. Conhecendo-o,
começará com as fêmeas fracas e terminará com algo sobre brincar
com fogo. Alheio à emoção entre nós, meu khui cantarola uma
música feliz junto ao dele.

Haeden está mudo, esperando que eu admita que sinto


muito? Não acontecerá.

— Vá em frente — afirmo, balançando as mãos para ele.

O homem coloca o braço em volta dos meus ombros e, no


momento seguinte, sou puxada para seu peito, a bochecha
pressionada contra um peitoral amplo, ao mesmo
tempo em que abraça.

ICE PLANET
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Congelo, porque é a última coisa que espero. Sou envolvida
por braços grandes e fortes, é como se fosse a melhor coisa da sua
vida. Acho que ainda não receberei uma palestra, porque está
aliviado.

Está tão feliz que me abraça, e tudo bem, é ótimo ser


abraçada. Sua mão acaricia meu cabelo, fecho os olhos
aproveitando a sensação e como é maravilhoso ter alguém me
tocando somente por estar feliz. Nunca fui muito abraçada e agora
descobri o motivo de algumas pessoas serem viciadas em carinho.
Nos seus braços dele sinto segurança, proteção e as preocupações
do mundo desaparecem.

A minha mão roça contra sua roupa e uma dose de dor rasga
através de mim. Assobio e recuo, meus dedos e palmas estão roxos
e com bolhas.

— Jo-see, o que fez? — Haeden pega uma das mãos, tomando


cuidado com os pontos machucados.

— Chama salvar sua bunda — ah, sim, esse é o Haeden que


conheço.

— Você salvou mais do que a bunda, os metlaks estarão de


volta e necessitamos de abrigo e fogueira — ele avisa e engulo um
comentário espertinho borbulhando na minha cabeça. O homem
olha ao redor e pega a lança. Com o outro braço, me puxa para
perto novamente.

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— Abrigo não é problema. Conheço o lugar perfeito — aponto
para a nave naufragada com a luz piscando.

— Seguirei sua liderança.

Uau, isso é uma mudança.

Haeden

A pequena fêmea está segura, um alívio esmagador me atinge


como se estimulado pelo khui. Ele canta sua música alta desde que
a avistei agitando um cobertor flamejante. Jo-see arriscou a
segurança para me proteger dos metlaks? É humilhante. Embora
os metlaks normalmente não sejam um perigo para os caçadores,
eram mais jovens e mais agressivos. Fui surpreendido pelo ataque
assim como pelo resgate de Jo-see. Esfrego o peito absurdamente
satisfeito.

Minha companheira caminha para a luz estranha e


intermitente no horizonte, tagarelando. É uma nave, ela explica ao
passo que aperta as mãos feridas com as palmas para cima. É uma
nave, encontrou pessoas dentro e, é por isso que retornava pela
trilha, compreendeu que não podia ficar e não ajudar, além do que
tem que fazer a coisa certa, pois é isso que as outras garotas
fariam. Ouço com meia orelha, perdido na música do meu khui.
Sou dominado pela proximidade, quero pressioná-la perto do meu
corpo novamente. É a primeira vez que estou

ICE PLANET
Barbarians
perto em dias e não consigo parar de encarar o balanço dos quadris
enquanto caminha com movimentos graciosos. A fêmea conta
alguma coisa e resmungo uma resposta caso espere uma. Um
momento depois, para e vira, franzindo a testa.

— Eles voltarão?

— Os metlaks? Sim. Se fizermos mais um incêndio, partirão


para sempre. Não são criaturas inteligentes.

— A propósito, não toque nessa coisa. Aprendi da pior


maneira que está quente — balança as mãos danificadas no ar
apontando para a luz da nave.

— Não precisava fazer isso — lembro.

— Queria ajudar, eles o atacavam. Você estava em perigo?

Se estivesse inteiro? Provavelmente não, porém estou


enfraquecido por dias de viagem e uma ressonância não cumprida.
Concordo.

— Então ajudei — Jo-see sorri brilhantemente como se


gostasse da minha fraqueza.

O desejo de corrigi-la surge na garganta e mordo as palavras,


não tirarei a felicidade em ser útil estampada no pequeno rosto.
Também estou satisfeito com a ideia de que fui protegido por minha
companheira. Nunca houve quem lutasse por mim, ademais se
machucou no processo. Estou angustiado e humilhado por isso.

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— Fique aqui que procurarei animais — pego seu cotovelo e
observo o interior escuro da estranha caverna.

— Já estive lá, não escutou? — Jo-see questiona, franzindo a


testa humana plana e móvel para mim, muito estranha.

Admito que ignorei parte da conversa admirando seu corpo?


Olho para longe e depois analiso.

— Minha concentração... o khui... é difícil — encaro,


esfregando o peito para enfatizar a desculpa esfarrapada.

— Sei o que quer dizer. De qualquer forma, é seguro lá. Não


há coisas vivas, apenas os mortos — suas bochechas coram de
uma cor rosa brilhante e fica tímida.

— Muito bem — desejo repreendê-la por vagar cegamente em


uma caverna que pode ser habitada por qualquer tipo de criatura,
especialmente em território metlak. Nós... não gritamos um com o
outro e estou relutante em deixá-la com raiva. Não quando o alívio
em vê-la ainda flui através de mim.

A caverna estranha é muito parecida com a dos anciãos, com


paredes esquisitas e pisos lisos. Fico desconfortável, ainda assim
Jo-see precisa de abrigo e um lugar para descansar. Ela me segue
e estendo a mão para ajudar visto que está machucada.

— Sente-se, acenderei a fogueira e cuidarei das suas mãos —


aconselho após caminharmos para longe da entrada.

— Estou bem, posso ajudar...

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— Jo-see, está ferida e eu não. Reconheço que é esperta e
corajosa, apenas permita que cuide das suas feridas. Quanto mais
cedo tratar, mais rápido curará.

E, muito ousado, acaricio sua bochecha. Não deveria, todavia


não consigo mais resistir a necessidade de tocá-la.

Aguardo ela afastar a mão ou fazer uma careta,


surpreendentemente, só observa com os olhos arregalados e
concorda estremecendo.

— Elas doem.

— Então aceite minha assistência — permita-me cuidar de


você, minha companheira.

No momento em que minha pequena humana não protesta,


jogo a mochila no chão e tiro algumas coisas. Primeiro nos
protegerei fazendo uma fogueira, pego pavio, penugens e alguns
bolos de estrume seco que recolhi pela trilha. Fecho novamente a
mochila e gesticulo para que sente. Não há tapetes confortáveis
aqui e minha companheira não será forçada a ajoelhar no chão frio.

Ela senta pesadamente e noto o quanto está cansada. Afago


os cabelos macios novamente, levanto e crio uma fogueira nas
proximidades. Minha Jo-see precisa de calor, uma refeição na
barriga, chá quente e um cataplasma para queimadura. Sem vento
para atrapalhar, o fogo começa facilmente e logo nasce uma chama
viva.

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— Podemos... podemos aproximar meu assento? Eu o faria se
minhas mãos não doessem tanto — Jo-see indaga, ficando
desajeitadamente em pé.

— Claro — aproximo o assento para que aproveite o fogo.


Montei um tripé para ferver a neve, polvilho algumas ervas para o
chá e observo a entrada. As coisas de Jo-see estão espalhadas
aparentando que o fez na pressa de ajudar e uma onda de afeto e
desejo me invade. A inteligente e corajosa Jo-see.

— Espere aqui que recolherei suas coisas.

— Não irei a lugar algum — assegura fracamente, mostrando


as mãos.

Estão doendo mais do que possa admitir e odeio isso. Junto


suas peles e suprimentos nos braços, a bolsa de rações quase vazia
e sinto uma pontada de desconforto. E se acabasse? Imagino
minha companheira morrendo de fome enquanto caminha sem
parar na trilha e a frustração brota no meu peito, no momento não
é hora de castigá-la. Encho a bolsa com braçadas de neve e retorno
para o seu lado.

— Aqui. Está cheia de neve. Coloque as mãos, o frio ajudará


na dor. Preciso ir buscar mais combustível para o fogo e alguns
liidi para suas mãos — chamo sua atenção, abrindo a boca da
bolsa.

— Lee-dee?

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— É uma planta que cresce como uma videira entre as rochas,
boa para queimaduras, acelera a cura.

— Então consiga um galho inteiro — Jo-see assente e enfia as


mãos na bolsa, choramingando quando a neve toca a pele.

— Não deixe o fogo. Se os metlaks voltarem, não chegarão


perto.

— Você ficará bem?

A música do meu khui aumenta e esfrego o peito, lutando


contra a onda de luxúria que invade. Jo-see se preocupa comigo?

— Estarei bem. Não tenha medo.

— Volte depressa.

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Capítulo 12
Haeden

Um momento longe da minha companheira se assemelha à


água salgada derramada em uma ferida. Mesmo sabendo que está
segura com o fogo, imagino as mãos doloridas pressionadas na
neve, os metlaks retornando e a pequena fêmea incapaz de pegar
uma arma. Preciso reunir mais combustível para nossa segurança
durante a noite e, mais do que tudo, os talos de liidi. Dou passos
largos, praticamente correndo pela neve seguindo a trilha do dvisti
e recolhendo seus restos. Depois de encher a bolsa de esterco,
dirijo até o penhasco mais próximo procurando as raízes finas e
retorcidas que crescem entre as rachaduras e, assim que colho o
suficiente, retorno para a caverna. Um hopper pula dos arbustos a
uma curta distância, protejo meus suprimentos e caço uma
refeição fresca para minha pequena fêmea.

Na caverna, Jo-see está sentada perto da fogueira e as mãos


descansando na bolsa de neve derretida. O fogo está crepitando e
a observo cutucar os carvões com a ponta da bota de vez em
quando. Seus olhos brilham ao me ver carregado de uma nova
matança e bolsas cheias.

— Estou feliz que já voltou.

ICE PLANET
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Meu rosto se abre em um sorriso, está feliz com a minha
presença. Jo-see se assusta com o meu riso e o dela alarga.

— Espero que tenha bastante dessa raiz, porque as mãos


estão matando.

— Matando? Está morrendo? Deixe-me vê-las! — corro para


seu lado, largando meus fardos.

— Espera, espera! É uma figura de linguagem, significa que


estão bem ruins — explica e as palavras não significam nada para
mim. Ela puxa as mãos da bolsa e mostra a pele com bolhas.

— Consertaremos isso agora — pego alguns bagos, vou para


a neve na beira da caverna e lavo tanto minhas mãos quanto as
raízes de liidi. Paro ao seu lado e os deposito na minha boca,
fazendo uma careta pelo gosto terrível.

— Pensei que eram para mim.

Mastigo e os dentes rangem com a rigidez das raízes.

— São, o cataplasma é mastigado antes do uso.

— Oh. Você cuspirá essa porcaria nas minhas mãos?

— Lançarei esse cataplasma em suas mãos, sim.

— Soa horrível, infelizmente, estão tão machucadas que estou


disposta a aceitar.

As raízes são fibrosas com um sabor


acentuado e amargo. Também deixam os lábios e

ICE PLANET
Barbarians
a língua dormentes, e ao cuspir o primeiro bocado na palma da
mão, meu estômago revira com o sabor. A fêmea grita horrorizada
com o caroço esverdeado e mole na mão, logo que o espalho
suavemente sobre as queimaduras, seus sons de consternação se
transformam em suspiros de prazer.

— Oh uau, está melhor.

Como a agrada, encho a boca com mais da raiz para que alivie
sua dor. No momento em que suas mãos estão cobertas, meus
lábios e língua estão dormentes e o gosto de liidi toma conta da
minha boca, todavia não produz mais sons de angústia, por Jo-see
tudo valeu a pena. Retiro o colete esfarrapado e rasgo em tiras.

— O que está fazendo?

— Cobriremos suas mãos para que o liidi permaneça até


amanhã — digo, envolvendo as mãos lentamente com uma tira
grossa. Os ossos são tão delicados que preocupa a facilidade com
que possa se machucar. Jo-see não tem as placas ósseas
protetoras sobre os membros e cobrindo o peito que nós sa-khui
possuímos. É toda suave, uma suavidade facilmente rasgável por
uma garra de metlak.

— E se você...?

— O que quer dizer? — inclino a cabeça, afastando os


pensamentos angustiantes.

— Você... você rasgou suas roupas para mim. Não sentirá frio?

ICE PLANET
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— Ah. Não sou afetado pelo vento como você. Ficarei bem.

— Estou com frio, você colocaria a capa de pele sobre meus


ombros? — ela admite, estremecendo.

Termino de envolver as mãos nas ataduras improvisadas e


gentilmente acomodo a capa, envolvendo-a calorosamente. É
prazeroso fazer coisas simples por ela.

— Devo assar seu jantar?

— Comerei cru, poderia me alimentar? — Jo-see pede


corajosamente.

Ignoro a reação imediata do meu pau. Claro que alimentarei,


suas mãos são inúteis. Uma estranha sensação de prazer me
atinge com o simples fato dela precisar de mim. Minha
companheira se esforçou para combater o nosso acasalamento, por
isso não deve estar contente com essa mudança de eventos.

— Claro — concordo rispidamente e puxo a caça para mais


perto do fogo. Demoro um tempo cortando os pedaços melhores
para ela. Os órgãos e alguns dos ossos entram na bolsa sobre o
fogo para fazer um saboroso ensopado, precisamos aproveitar cada
pedaço de comida caso mais metlaks retornem. Viro com um
pequeno pedaço de carne na mão e ofereço.

Jo-see abre a boca e inclina. Mordo um gemido de necessidade


ao avistar a pequena língua rosa. É tão suave quanto os outros
disseram e minha mente imediatamente começa a imaginá-la
traçando linhas sobre minha pele. Balanço a

ICE PLANET
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cabeça limpando a imagem e a alimento com um pouco de carne.
Seus lábios fecham sobre a ponta do dedo e sinto a língua roçar na
minha pele.

É...torturante.

A pequena mastiga franzindo o nariz com o sabor, lembro que


prefere a carne assada.

— Gostaria que cozinhasse para você?

— Preciso aprender a gostar.

Não enquanto estou por perto para cuidar. Eu a alimento com


outro pedaço e não consigo resistir, roço um polegar sobre seu
lábio inferior. Minha pequena fêmea estremece e seu khui canta
mais alto.

Vê-la tremer lembra o fogo, não posso aumentá-lo sem


queimar mais combustível e preciso mantê-lo a noite toda por
causa dos metlaks. É claro que pensar nos metlaks também traz à
lembrança de como correu na minha direção mais cedo, gritando,
disparando os braços. Poderia ter se machucado.

— Foi perigoso atacar os metlaks — repreendo e corto outro


quadrado de carne para alimentá-la.

— Não sou uma covarde e não deixaria você morrer lá.

— Ignorarei a ferida do meu orgulho ao conceber que alguns


metlaks adolescentes podem me matar. Que tipo de caçador acha

ICE PLANET
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que sou? — enfio a carne na sua boca e a observo mastigar
freneticamente.

— Não estava indo tão bem quando o avistei. Desculpe por


ajudar.

— Correu o risco de morrer. Você deveria ter voltado e


permanecido em segurança — repreendo, diminuindo minha
próxima mordida. O meu estômago ronca e o ignoro. Alimentarei
minha companheira primeiro.

— Não tive escolha.

Ofereço outro pedaço de carne e observo tirar dos meus dedos


com a boca, espero que mastigue um pouco antes de conversar.

— Porque fui atacado? — resisto ao desejo de esfregar o peito


por prazer.

— Não sabia que era atacado quando saí. Simplesmente deixei


a nave e o vi, não poderia simplesmente passar por você enquanto
era agredido.

Franzo a testa com as palavras e dou outro petisco. Jo-see ia


embora?

— Onde estava indo?

Para minha surpresa, seu lábio treme. Faz uma pausa na


mastigação, fecha os olhos, os abre novamente e engole. Ofereço
outra mordida, ela levanta uma mão enfaixada e balança a cabeça.

ICE PLANET
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— Saia porquê... tenho que salvar os outros. Nem sabia que
estava lá.

Então não me salvaria? Estou surpreso e irritado com a dor


que sinto no peito. Jo-see não liga para mim, afinal.

— Quais outros? — indago rispidamente, enfiando o pedaço


de carne na minha boca e engolindo rapidamente.

— Os que estão nas cápsulas. Quando nos salvaram, seis


garotas dormiam nas cápsulas. Encontrei mais duas nesta nave —
seus olhos brilham e gesticula com a cabeça, indicando algo por
cima do ombro.

— Mais vagens?

— E não estão vazias — Jo-see assente, o olhar em seu rosto


com o coração partido.

— Mais... fêmeas? Por que está tão infeliz? Podemos salvá-las


— os homens não acasalados da tribo ficarão extasiados.

— Porque não deveriam estar aqui — ela grunhi com raiva,


recuando e ignorando meu olhar.

— Mentira. Não é disso que está com raiva, está brava comigo.
Como não pode libertá-los sozinha precisa voltar para a tribo.

— Oh, posso libertá-las para uma sentença de morte.


Morreriam em uma semana, lembra? Não consigo matar um sa-
kohtsk sozinha.

ICE PLANET
Barbarians
Eu a observo inexpressivamente, percebendo que ainda não
liga para mim e que se dependesse dela, ficaria sozinho na
natureza para sempre. Meus desejos e necessidades não contam,
a única razão pela qual deve retornar é a segurança das novas
fêmeas humanas.

Seu companheiro é um aborrecimento completo.

Josie

É estranho perceber que machuquei os sentimentos de


Haeden. Ele fica mudo e anda pelo compartimento de carga que
usamos como caverna, cuidando do fogo, assando o resto da
matança e limpando a pele com uma faca de osso. Derrete mais
água, faz chá e entrega uma xícara sem dizer nada. O rosto é tenso,
desprovido de expressão e a cauda balança para frente e para trás
como se estivesse chateado.

Não é um sentimento bom. Meu piolho ronrona uma música


feliz e me sinto uma merda infeliz. Fiz essa jornada por nada,
Haeden quase foi morto por metlaks e ainda ressoo por ele. Ah, e
queimei as mãos. Um suspiro de miséria escapa.

O corpo inteiro de Haeden fica tenso, alerta e me observa.

— As mãos doem?

ICE PLANET
Barbarians
— Não, estão bem — dormentes e cobertas de gosma, por
enquanto, estão bem. Amanhã imagino que será uma droga ser eu
e tento não refletir sobre isso.

O homem resmunga e cutuca o fogo com uma costela.

Um pedido de desculpas surge nos meus lábios e o mordo de


volta. Não sou a errada, digo a mim mesma. Deveria saber que não
gostaria de vê-lo.

Não obstante, recordo o abraço depois que os metlaks


acabaram e o modo que acariciou meu cabelo como se eu fosse a
melhor coisa desde o pão fatiado, o desespero urgente durante o
tempo em que me olhava como se tudo no mundo estivesse certo
enquanto estivesse segura e, por fim, como me alimentou,
aparentando que a sua vida dependia do meu bem-estar.

Contorço desconfortavelmente no lugar, me fez o centro do


seu mundo... e não é isso que sempre desejei? Um companheiro
que me coloca antes de tudo? Exceto que é Haeden e torna as
coisas complicadas.

— Sinto muito — peço depois de um período desconfortável


de silêncio. Acho que não aguentarei se ficar mudo a noite toda.
Não vejo mais ninguém há dias e é por isso que sinto uma
necessidade desesperada de que não fique bravo comigo, repito
para mim mesma. Se fosse mais alguém, seria tão infeliz. E aí
lembro, novamente, da maneira como o homem parecia antes do
abraço.

ICE PLANET
Barbarians
Haeden resmunga o reconhecimento e não vira. Claramente
terei que conversar mais.

— É difícil para mim... às vezes só quero dizer algo, sabe? Toda


vez que tomo as rédeas da vida, o universo decide meu destino
novamente. Se pudesse voltar e mudar as coisas, preferiria não
ressoar comigo? Caso tivesse escolha?

— Não.

— Não? Realmente? — estou pasma com a resposta. Pasma...


e estranhamente satisfeita.

— Não mudaria nada — Haeden acena com a cabeça


lentamente para o fogo e sei que o aceno é para mim.

Oh. O calor passa pelo meu peito, é a primeira vez que sou
escolhida. Realmente escolheu, não tolerou porque ou precisava ou
o cheque para o orfanato não chegaria de outra maneira.

— Obrigada. Significa muito para mim — sussurro


emocionada.

— Claramente não, não retornaria por mim. É fácil falar, Jo-


see.

— Eu sei. Admito que dificulto para nós. Só... preciso de


tempo, ok? Sou meio reticente por não ser desejada depois da
minha infância.

— É? Como reticente? — Haeden vira e observa, interessado.

ICE PLANET
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— É uma expressão. Arisca. Medrosa. Receosa.

O homem resmunga novamente e o silêncio permanece.


Então, joga de lado o osso que cutuca o fogo, fica de pé, pega uma
xícara de chá que não posso segurar e traz para mim. Bebo um
pouco com a sua ajuda e agacha perto de mim.

— Por que é reticente?

Dou de ombros e olho para as mãos enfaixadas que parecem


as luvas mais tristes de todos os tempos.

— Tive uma infância ruim. Acontece com muita gente.

O homem observa com expectativa e quando permaneço em


silêncio, gesticula para que continue.

— Por favor, não quero falar sobre isso

— Como posso entender se não compartilha?

Engulo em seco, a garganta subitamente seca.

— Porque é péssimo. Foi há muito tempo e estou determinada


a não deixar isso controlar minha vida para sempre. Não é uma
história fácil de contar — Haeden não está errado... não consegue
entender o quanto significa para mim ter uma família real a menos
que explique.

Grunhe em reconhecimento e, para minha surpresa, estica a


mão tirando uma mecha de cabelo do meu ombro.

— Nem a minha e mesmo assim contei.

ICE PLANET
Barbarians
— Bom... meus pais me abandonaram quando tinha dois
anos...

— Não entendo — Haeden interrompe, atento, como se


capturasse cada palavra.

Oh garoto. Creio não fará sentido, em sua pequena tribo cada


criança é recebida com alegria.

— Bem... a Terra é um planeta muito populoso, há tantas


pessoas que não compreenderia. Algumas delas não são...
responsáveis, como as que me conceberam. Lá tem um lugar
chamado orfanato onde os humanos deixam os filhos indesejados
para outros cuidarem. E foi o que aconteceu comigo, meus pais me
largaram em um orfanato.

— Isso acontece... frequentemente? — indaga Haeden


carrancudo.

— Não com frequência, mas o suficiente para ter muitas


crianças. Eu era uma criança muito infeliz, tinha infecções
recorrentes de ouvido e estava sempre gritando e chorando,
ninguém cuidava de mim por muito tempo. Fui adotada com mais
idade e meus pais adotivos só queriam receber os cheques. Na
Terra, os humanos que gostariam de cuidar dessas crianças
recebiam... mercadorias em troca. As pessoas que me adotaram
queriam apenas as mercadorias, então possuíam muitas crianças
abandonadas em casa. Não gostavam de mim, só queriam obter
muitas, muitas mercadorias. Fiquei lá por quatro anos. Depois fui
transferida várias vezes, não era querida.

ICE PLANET
Barbarians
Algumas pessoas alegavam que não era a hora certa ou que era
muito velha ou estavam com as mãos cheias ou seriam transferidos
do emprego e assim devolviam. Em alguns lugares... hum...
aceitavam pelos motivos errados.

— Que razões são piores do que cuidar de uma criança em


troca de mercadorias? — seus lábios curvam e sua expressão está
insondável.

Que coração abençoado, realmente não tem ideia.

— Alguns homens gostam de... desfrutar de crianças


pequenas e minha aparência era bem jovial — tento explicar
delicadamente.

— Alguém deixou seu zelador tocar em você? Enquanto era


um kit? Isso é feito no seu mundo? — a boca abre e as presas
assoviam, suas palavras são uma explosão raivosa.

Mais frequente do que gostaria de imaginar, contudo não digo


em voz alta, apenas aceno com a cabeça, minha pele cheia de
velhas e ruins lembranças. Memórias que não permito chorar,
estive lá, fiz isso.

— Normalmente não permanecia nessas casas por muito


tempo. Apenas... o suficiente para alguém entender.

Haeden fica de pé, passando a mão pelos cabelos. Eu achava


que seu rabo chicoteava antes? Enquanto caminha sua cauda
açoita ferozmente o chão.

— Casas? Aconteceu mais de uma vez?

ICE PLANET
Barbarians
— Algumas vezes. Existem pessoas ruins no sistema e com o
tempo aprendemos a identificá-las. Na maior parte das vezes são
os únicos que aceitam adolescentes.

A palma da mão bate contra a parede da nave, rosna


murmurando palavras furiosas em voz baixa. Eu o observo,
surpresa com a reação violenta, parece prestes a perder a cabeça.
Haeden se joga contra uma parede, bate a mão, a cauda mexe
furiosamente e a baía treme quando surra a parede novamente.
Parece que desta maneira consegue se acalmar.

Provavelmente enlouqueci, pois me sinto muito bem com o


seu ataque. Alguém que se importa o suficiente para ficar com
raiva em meu nome, nunca aconteceu antes. As assistentes sociais
apenas olhavam com pena ou as esposas que me chamavam de
'Jezabel' como se tivesse feito algo para atrair seus maridos. Nunca
alguém esteve totalmente irritado com os abusos que sofria.
Estranhamente ardente de prazer, levanto para ficar ao seu lado.

— Haeden, não se machuque, ok? — quase digo que não valho


a pena, entretanto seria errado. Para ele, valho a pena e isso excita.

— Nós não podemos machucar as mãos, ok? — tento fazer


uma piada. O homem respira fundo, fechando os olhos.

— Por isso não queria contar, não gosto de relembrar. É como


a sua história com Zalah. Aconteceu. Foi ruim. Não é algo que
queira reviver repetidamente. Entende agora o meu medo? Não
posso... não conseguirei viver em uma família cheia de ódio

ICE PLANET
Barbarians
novamente, com alguém que não me suporta. Não é saudável criar
um filho assim.

— Não a odeio, Jo-see. Como pode pensar assim? — Haeden


afirma, incrédulo.

— Como não poderia? Você me trata mal! Sempre repete


coisas como “As humanas são fracas” ou “Josie deve ficar em casa
após a caçada, porque nos atrasará”.

— As humanas são fracas, meus dedos fecham em torno dos


seus ossos pequenos e você estremece na brisa mais quente. Um
passo errado em uma caçada e será morta. Como não me
preocupar com você? — ele toca meu braço e depois passa a mão.

Ok, não está totalmente errado.

— Não significa que sou péssima.

— Não disse que é péssima. Tenho medo de você e desde que


apareceu com a perna quebrada, senti...alguma coisa. Uma
conexão que me preocupou e encheu de medo por dias — suas
sobrancelhas juntam, fecha o punho e o pressiona na altura do
coração.

Ressonância? Possivelmente sentiu muito antes e nunca o fiz


por causa do estúpido DIU? Bem, não é totalmente verdade.
Identifiquei uma atração mesmo quando não queria. Fomos
atraídos como ímãs desde o primeiro dia, às vezes atraindo e às
vezes repelindo. Quem poderia dizer que não foi uma ressonância

ICE PLANET
Barbarians
frustrada? Provavelmente, esteja acontecendo há mais tempo do
que imaginava. Espere. Medo?

— Está com medo? De mim?

— De te perder, como Zalah. É menor e mais frágil que ela —


Haeden grita.

Oh! Derreto como manteiga com as palavras. Meu bom


sentimento diminui um pouco com o eco do terror em seus olhos.
O homem realmente acredita que sou tão covarde a ponto deste
planeta me comer viva? Não admiro que surte cada vez que saio da
caverna, que tenha perdido o controle quando fui sozinha avisar a
caverna tribal da enorme tempestade. Provavelmente surtou no
momento em que desapareci para seguir nesta jornada.

Conheço o seu passado e percebo o quanto fui injusta. Todo


esse tempo vacilei por não ter escolha e acabei o torturando.

— Sinto muito, não percebi. Podemos... podemos tentar nos


dar bem? — digo baixinho.

O homem assente, não há sorriso no rosto, demorará para


acostumarmos com a situação. Não obstante, chegou o momento
de enfrentar minha realidade.

ICE PLANET
Barbarians
Capítulo 13
Josie

Na manhã seguinte, acordo com a ponta do chifre curvo


próxima ao globo ocular e meu piolho ronronando alegremente.
Faço uma careta, tentando descobrir de onde vem quando percebo
onde estou e quem está enrolado ao lado. Ou melhor, quem está
enrolado em mim.

Lembro vagamente de adormecer sentada perto do fogo antes


de Haeden me pegar e colocar na cama. Apesar das peles, tremia e
ele pressionou o grande corpo para compartilhar calor. Não recordo
de muita coisa depois disso, acho que dormi profundamente.

Meus braços rodeiam sua cabeça, o rosto pressiona meu peito


onde o piolho ronca tão alto quanto o seu. Os braços me apertam
e tenho uma perna jogada sobre seu quadril. Estamos
completamente emaranhados e continuo parada, decidindo se devo
acordá-lo.

Não deveria gostar da sensação dos corpos juntos, repito a


mim mesma. Não escolhi isso. O homem me segura como se fosse
a melhor coisa que já aconteceu, estou aquecida, abraçada e
sinto... amor. Desejo mais. Meus dedos contraem e os mamilos

ICE PLANET
Barbarians
endurecem, não resisto e acaricio seus cabelos, é diferente do meu,
os fios são grossos, saudáveis e macios.

Haeden grunhe e cutuca meu peito. Minha respiração para,


os lábios estão a centímetros de distância dos meus mamilos
doloridos. Ou estariam caso não usasse uma túnica de couro. O
feitiço está quebrado, ele acorda e afasta, nossos olhares se
encontram.

— Bom dia.

— Creio que a agarrei enquanto dormia. Como está? — ele não


se desculpa. Em vez disso, vai para a frente da caverna, pegando a
lança e espiando a paisagem nevada verificando nossa segurança.

— Estou legal — decepcionada?

— Está com frio? — ele chega ao meu lado e imediatamente


começa a empilhar peles nos meus ombros.

— Estou bem. Estou bem. Estou legal é apenas uma


expressão.

— Oh. Irei explorar a área, não saia — Haeden acaricia minha


bochecha e afasta a mão.

Concordo, é para nossa proteção, embora no momento em que


sai, desejo que não precisasse. O homem poderia rastejar para a
cama comigo, colocar a cabeça no meu peito e ser capaz de
somente... abraçar por mais uma hora ou três. Nunca fui abraçada
por muito tempo e esse pequeno prazer me deixa
com vontade de mais.

ICE PLANET
Barbarians
Enquanto não retorna, vou para a parte de trás do
compartimento de carga onde está o acesso para o interior da nave.
Por causa das mãos é uma tarefa árdua usar o banheiro então não
uso calças, minha túnica de couro termina na altura da coxa e
utilizo como um vestido. Haeden ajudou a tirar minhas perneiras
noite passada (no momento mais humilhante e desagradável da
noite) após recusar a ajuda para fazer xixi.

Termino minhas necessidades utilizando o corredor como


penico, sentindo um prazer sombrio em fazê-lo no chão alienígena.
É como dissesse dane-se para os alienígenas mortos que nos
sequestraram. Gostaria de um banho, todavia é impossível com as
mãos enfaixadas. Consigo fechar a porta do corredor, vou para o
fogo quase apagado, agarro o osso entre as luvas de bandagem e
empurro os carvões para ganharem vida novamente. É estranho,
as mãos não estão dormentes e também não doem, estou
preocupada com tal fato.

Depois do que parece muito tempo, provavelmente apenas


alguns minutos, meu piolho volta a ronronar. Olho para cima do
fogo e enxergo a silhueta do grande corpo de Haeden aparecer,
iluminado pela luz do sol. Sinto uma pontada engraçada de atração
ao vê-lo.

— Já voltou — constato, sorrindo de orelha a orelha.

O homem grunhe e aproxima, tirando cuidadosamente o osso


das minhas mãos e alimentando o fogo com esterco.

ICE PLANET
Barbarians
— Algumas trilhas, nenhuma muito perto daqui. Eles são
cautelosos.

— Isso é bom, não é?

Ele assente, cutucando o fogo e sem olhar para mim. Haeden


está desconfortável depois de 'dormirmos' juntos? Por que acho tipo
muito fofo?

— Estou sem dores nas mãos, é um mau sinal? — indago e


mostro as mãos.

— O liidi trabalha rápido, o khui cuidará do resto. No entanto,


nos certificaremos — os dedos roçam minha pele assim que agarra
meu pulso e desembrulha as mãos.

— Ok.

Fico parada enquanto remove meticulosamente as ataduras


de couro. Dou uma olhada no peito descoberto, visto que seu colete
foi transformado em ataduras para minhas mãos. A lembrança
excita. O macho nem se preocupou se teria roupas extras ou
sugeriu um cobertor. Simplesmente rasgou o colete e cuidou de
mim como se fosse muito mais importante do que o inconveniente
do peito nu. Tudo bem agora, todos esses pensamentos estão
causando dependência.

Com toques cuidadosos, Haeden tira o couro da bagunça


pegajosa das mãos e as limpa com um pouco de pelo fresco e água
morna. A pele não está mais um roxo brilhante e raivoso, aparenta

ICE PLANET
Barbarians
estar melhor. Também parece massivamente empolado. Ainda
assim, Haeden está satisfeito.

— Mais um dia com as mãos cobertas de liidi e estarão boas


— resmunga.

— Realmente? — torço o nariz nas minhas mãos. Fico feliz


que não doem, ainda que para mim pareçam ruins com toda essa
coisa de 'uma bolha enorme' e tudo.

— Sim, sente junto ao fogo. Daremos um tempo para suas


mãos e aplicaremos mais liidi. Amanhã o removeremos —
conversa, tirando os curativos da outra mão e limpando.

— Será seguro viajar com as mãos cheias de gosma?

— Não importa, só vamos embora depois que curarem.

— Mas... os metlaks... as meninas... deveríamos trabalhar


para resgatá-las! — exclamo, gesticulando para a parede atrás de
mim, sentindo obrigação pelas duas estranhas dormindo nas
cápsulas.

— Se o que diz é verdade, já estão lá há muitas luas. Um dia


ou dois não prejudicará.

— Tudo bem. Posso usá-las? — balanço os dedos e estão


estranhos. A pele parece um pouco borbulhada por tudo o que não
dói. Eeek. Não tenho certeza se gosto disso e não quero que toquem
em nada, ainda assim minha pele está imunda e coçando, mataria
por um banho.

ICE PLANET
Barbarians
— Usá-las?

— Gostaria de ter algum tempo para mim.

— Não.

— Como assim, não? — justo quando começava a fraquejar


pelo grandalhão.

— Tudo o que precisar, farei por você.

— O que, me dará um banho de esponja? — o provoco.

Os olhos brilham e ouço seu piolho ficar mais alto.

— Você... você quer tomar banho? — sua voz fica rouca e o


olhar preso ao meu.

Oh, senhor. Provoquei o diabo e ele está aceitando. Deveria


dizer não, mas... meu próprio piolho está a mil por hora e estou
excitada só com a ideia de Haeden me banhando. Seja forte, digo a
mim mesma. Não é isso que queria.

O que queria foi jogado fora há muito tempo, não foi? E parte
de mim quer acompanhar o fluxo e ver onde para. Deveria me
preocupar com as duas garotas aninhadas nas vagens, dormindo,
sem saber do futuro e também com o fato de voltar para casa e a
tribo proibir minha saída novamente. Não obstante, tudo o que
consigo imaginar são as mãos do grandalhão acariciando minha
pele.

— Quer tomar banho? — o homem insiste na


pergunta.

ICE PLANET
Barbarians
— Não sei — admito, as bochechas esquentando. Recordo
nossa manhã, Haeden acordando com a cabeça pressionada nos
seios, minha perna nua subindo em torno da sua cintura. Pela
primeira vez, sinto uma pontada de arrependimento por lutar tanto
contra a ressonância. Por que não apenas ver aonde isso leva, uma
pequena voz com tesão dentro da minha cabeça pergunta. Não
pode ser pior do que onde estávamos.

O olhar de Haeden é intenso, como se me banhar de repente


é a única coisa que sempre quis.

— Estou com medo — confesso depois de um momento e me


sinto idiota. Não tenho medo de um banho de esponja, estou
amedrontada como tudo terminará.

Espero Haeden zombar das palavras. Zombar de mim por


deixar escapar algo tão aleatório e o homem só toca minha
bochecha.

— Nós temos medo do que isso signifique, contudo não quer


dizer que não poderíamos explorá-lo — murmura com a voz rouca
e os dedos quentes e calejados traçam meu rosto.

Quero me apoiar em seu toque, para mim a ideia é tão


chocante quanto a percepção de que direi sim.

Haeden

ICE PLANET
Barbarians
— Se...se pedir para parar, vamos parar, certo? — Jo-see
questiona com olhos grandes e cautelosos.

— Sempre — concordo com a cabeça, pois não confio na


minha voz. O simples fato de banhá-la parece ser o maior presente
que já ganhei.

— Gostaria de estar limpa — a pequena humana assente com


uma voz fraca, embora a cor brilhante nas bochechas revela que
não é a única coisa que gosta. Sinto o cheiro da sua excitação e o
khui cantarola com o meu.

Experimento uma onda de triunfo, Jo-see está se rendendo.


Pouco a pouco, compreende que posso ser um bom companheiro.
Quero gritar meu prazer com a ideia, porém dou um breve aceno
de cabeça. Tudo será como pede, não exigirei mais do que oferece.

— Tem sabonetes extras? — a pequena fêmea quer saber, me


puxando dos devaneios.

Aceno, toco sua bochecha mais uma vez e vou para o fogo, o
deixando bem alto. Quero que a água fique quente e agradável para
minha companheira. Encho rapidamente a bolsa de ensopado com
neve fresca e adiciono alguns sabonetes.

— Levará algum tempo para a água esquentar — quem sabe


minha luxúria esfrie o suficiente para meu pau não doer no
momento em que a tocar. No entanto, a ideia é... improvável.

— Tudo bem — concorda em uma voz suave e anda para o


lado oposto do fogo.

ICE PLANET
Barbarians
Ficamos em silêncio enquanto a água esquenta. Ela cantarola
baixinho uma pequena canção como costuma fazer e estou quieto.
Meus pensamentos focados inteiramente no conceito de banhá-la.
Banhei outros na tribo, lavei as costas de muitos, esfreguei um
amigo ferido, então não deveria significar nada. Em vez disso, não
paro de refletir sobre isso. É apenas um banho, contudo esta é Jo-
see. Minha Jo-see.

E estou preocupado se voltarei a usar tanga novamente.

Uma brisa corta o abrigo, trazendo neve fresca e ar frio. O fogo


pisca e Jo-see levanta as mãos como que para esfregar os braços e
o olhar encontra o meu, ela cora novamente, as bochechas
maravilhosamente rosadas. E por alguma razão, sinto vontade de
sorrir.

Fico de pé ignorando minha ereção, não posso esconder assim


como a música que o khui cantarola. Mergulho os dedos na água,
está quente.

— Venha, vamos tirar sua roupa — a chamo.

Minha virilha aperta em antecipação, Jo-see solta um gritinho


nervoso e fica de pé, seus olhos estão arregalados ao mesmo tempo
em que caminha na minha direção.

Levanto e no momento em que para na minha frente é


necessária toda a minha força de vontade para não esmagá-la
contra o meu peito. Desejo protegê-la do mundo, abraçar e sentir
a pele quente junto a minha. Mas para agora? Me
contentarei em tocá-la.

ICE PLANET
Barbarians
Noto a tensão entre nós, estalando como um raio. Pego os
laços no pescoço da túnica e a pequena estremece.

— Frio?

— Só... nervosa. Bobo, certo? — Jo-see dá uma leve risada.

— Também estou nervoso — a confissão a assusta.

— Está?

— Eu me preocupo, pois se fizer algo errado você correrá... de


novo — puxo os laços, desatando o nó solto em seu pescoço. Estou
admitindo demais, entretanto está sendo honesta e aberta comigo,
como não fazer o mesmo?

— Quer dizer quando eu saí da nave dos anciãos? Quando


estava sendo um idiota? — questionou curiosamente.

Indico que levante os braços para que eu puxe a túnica sobre


sua cabeça. Ela obedece e enquanto o rosto está escondido admito
minha vergonha.

— Fui cruel com você porque tinha vergonha de não conseguir


me controlar.

A túnica está nas minhas mãos, tomo cuidado para não


observar seu corpo nu enquanto fica descalça, embora queira
somente a admirar. No momento em que nossos olhares cruzam,
sua expressão está confusa.

— Controlar?

ICE PLANET
Barbarians
Gemo interiormente. As humanas não têm uma palavra para
isso?

— Eu... deveria ter feito melhor. Meu desejo era tão grande
que... perdi o controle — enfatizo as duas últimas palavras, sem
saber como deixar mais claro. A vergonha toma conta de mim.

— Oh. Oh. Você ... bem. Agora entendi. Por isso foi um idiota?
Imaginei que era cruel comigo, porque não estava entusiasmada o
suficiente — um pequeno sorriso curva sua boca.

— Nunca. Você é perfeita, sempre — vou para a bolsa de água


morna e procuro na bolsa próxima um couro macio e sem pelos
macio o suficiente para suavizar a pele facilmente e absorver a
água. Mergulho e depois viro, esfregando os pequenos ombros com
o pano molhado. Jo-see estremece e instintivamente fico entre ela
e a entrada para bloquear a brisa.

— Haeden? Não gostaria que ficasse envergonhado, ok? É


uma coisa normal e estamos pressionando nossos piolhos com
toda essa ressonância. Não quero que se sinta estranho com isso.
Acontece — ela estende a mão como se quisesse tocar meu braço,
hesita antes de pousar a palma da mão, depois vira a mão e esfrega
as costas ao longo da minha pele.

— Não deveria acontecer comigo — digo irritado.

Seus lábios se contraem e a pequena humana dá um tapinha


no meu braço com as costas da mão.

ICE PLANET
Barbarians
— Não importa. Só me faz gostar mais de você, sei a razão pela
qual foi mal comigo e não é ruim. Imaginei que simplesmente era
idiota.

Não sei o que é um idiota, todavia acho que não é agradável.


Aliso o pano molhado sobre seus ombros, franzindo a testa ao
perceber quão magra está e quão pálida é sua pele. Concentrarei
nisso e não no quanto a pele é sedosa e macia ou na delicadeza dos
ossos. Focarei em como é frágil e não em como é linda.

— Foi minha primeira vez, queria acertar.

— Primeira vez? — Jo-see suspira e para.

Meu olhar se volta para o dela e, novamente, sinto a faísca


entre nós. Meu khui canta alto, desesperado para que a
reivindique, meu pau pressiona a tanga e ignoro todas essas
coisas. Concentro no rosto pequeno e redondo, os grandes olhos
azuis me observando com curiosidade.

— Claro. Já disse que não reclamei Zalah.

— E morreu quando era jovem... Ah, Haeden. Tivemos


experiências ruins com sexo, não é? — simpatia preenche sua
expressão.

— Não tive experiência com sexo — resmungo e molho o pano


novamente.

— Justo — afirma Jo-see.

ICE PLANET
Barbarians
No momento que viro, ela se estica e coloca os braços sobre a
cabeça. O pano cai da minha mão.

Minha companheira é bonita. Seu corpo é magro, curvado em


lugares diferentes das fêmeas da tribo, a pele é rosada e macia, as
mãos coçam para tocá-la. Eu a admiro, faminto, concentro nos
seios empinados e nos mamilos pequenos e duros. O estômago é
arredondado e os quadris incham em uma curva suave que leva à
coxas esbeltas. Entre elas, há um pedaço de cabelo escuro que
combina com a sua crina.

Gemo, fechando os olhos. Um dos meus punhos pressiona


contra o lado do meu pau e luto para permanecer no controle.

— Jo-see, o que faz?

— Estou apenas... alongando. Continue lavando? — ela pede


com um pequeno riso malicioso no rosto, meu coração dispara.

Concordo, tentando recuperar o controle. Dou-lhe um olhar


acalorado que diz exatamente o que penso.

A pequena humana mexe um pouco, saltando sobre os pés.

— Estou com frio. Podemos nos apressar?

Os seios saltam tentadoramente e minhas unhas cravam na


minha palma. Concordo e volto a banhá-la, limpo os braços e
ombros... e os braços novamente e depois os ombros. Temo pelo
meu controle se a lavar mais para baixo.

Jo-see faz um zumbido de prazer e vira.

ICE PLANET
Barbarians
— Minhas costas?

Resmungo em reconhecimento e esfrego os ombros


novamente. Ela tem as omoplatas mais limpas do que qualquer
fêmea já nascida. Em resposta aos meus movimentos, Jo-see se
contorce e arqueia contra o pano.

— Mais baixo?

Gotas de água escorrem por suas costas, ao longo da espinha


até as nádegas. Assisto uma gota desaparecer entre a fenda da
bunda e fecho os olhos. Isto é difícil, meu pau dói ferozmente e
posso sentir o pré-sêmen saindo. Sonho acordado, jogando-a no
chão e montando, as pernas bem abertas e aquele sorrisinho
malicioso no seu rosto enquanto a reivindico.

Então... imagino as mãos feridas batendo no chão e isso acaba


com minha excitação, nunca causaria danos. Durante o tempo em
que estiver ferida, não a tocarei com nada além de cuidado.
Renovado, cerro os dentes com determinação, ajoelho atrás dela e
esfrego as costas como se fosse qualquer outro sa-khui e não
estivéssemos acasalados.

Jo-see dá um pequeno suspiro.

— Obrigada. Assim é muito melhor. Minha pele estava com


coceira depois de toda a viagem — e vira.

O pano cai dos meus dedos mais uma vez, meus olhos nivelam
com os pequenos seios de ponta rosa.

ICE PLANET
Barbarians
Estou perto o suficiente para ver a suavidade orvalhada da
pele e posso senti-la. Respiro o cheiro do suor fraco e nem um
pouco desagradável, o toque de fumaça que persiste e a sua
excitação. A fêmea mata o meu autocontrole.

— A parte da frente agora? — ela pede e dá outro daqueles


movimentos geradores de dor.

— Por que me tortura? — gemo, minha cabeça caindo.

— Porque é divertido? Sei que é terrível da minha parte,


contudo gosto de ver o efeito que exerço sobre você — Jo-see admite
com uma risadinha rouca.

Então deseja jogar, não é? Deveria estar com raiva, apesar


disso estou mais interessado em tocar o corpo fascinante... e inalar
mais do seu perfume. Pego o pano mais uma vez, afundo na água
e lavo sua frente. Deslizo o pano sobre os seios, para minha
surpresa ela estremece e a pele arrepia em resposta. O cheiro da
sua excitação aumenta.

Satisfeito, acaricio o pano sobre os seios novamente, os


mamilos raspam contra a minha mão e me surpreendo com quão
macios são, diferente das fêmeas da tribo. Estou fascinado e quero
tocar em um, como ainda não tenho permissão, lavo. Um barulho
suave escapa da sua garganta.

Levanto o olhar e seus olhos estão pesados enquanto observa,


a expressão atordoada. O cheiro da excitação cresce a tal ponto
que aparenta encher toda a caverna.

ICE PLANET
Barbarians
— Gosta quando a toco— afirmo, ferozmente satisfeito. Se
deseja que sejamos ousados um com o outro, participarei do jogo

— Mmmhmm — seus lábios separam e o olhar foca


completamente em mim.

— Devo ir mais baixo? — pergunto, movendo lentamente o


pano pelo seu estômago.

A fêmea morde o lábio e concorda, o rosto repleto de desejo.

Outra onda feroz de possessividade me atinge, minha


companheira autorizou tocá-la e banhá-la. Não há nada melhor,
viciei no cheiro almiscarado da sua necessidade nas minhas
narinas, meu pau está duro e insistente, mas meu foco é
inteiramente em Jo-see.

Chego no pequeno tufo de cabelo que cobre seu sexo e


lentamente o arrasto com meu pano. Espero pedir para parar,
afastar e gritar que me odeia, ao invés disso, treme e fica em
silêncio, o tempo todo seu cheiro perfuma o ar.

Enquanto observa, a toco. O pano roça as dobras e o aroma


doce e sensual da sua excitação fica mais forte. Meu khui martela
no peito, insistente e selvagem.

Jo-see geme baixinho.

Meu controle está muito perto de quebrar, seu quadril estão


muito perto, o objeto do meu desejo ao alcance.

ICE PLANET
Barbarians
— Diga que não devo tocá-la, minha companheira —
murmuro, com uma mão acariciando seu quadril.

— O quê? — indaga, confusa.

— Diga que não devo tocá-la, pressionar minha boca na pele


e provar a sua boceta.

Ela lambe os lábios, abre a boca para falar e fecha novamente.

Jo-see autoriza.

Gemo e a puxo, enterrando o rosto entre as pernas. Mal ouço


o pequeno suspiro enquanto seguro seu quadril, a língua
procurando as dobras escondidas pela minúscula palha de cabelo
entre as pernas. A umidade floresce na minha língua e provo seu
sabor, azedo, almiscarado e doce.

Eu precisava disto.

Deslizo a língua sobre sua boceta e ela grita, inclinando


pesadamente contra mim. Não quero que machuque as mãos,
então puxo suas pernas indicando que deve se juntar a mim no
chão, sem desgrudar a boca da sua boceta. Minha vontade é ficar
aqui para sempre.

Através de movimentos desajeitados e emaranhados de


membros, consigo colocá-la no chão, de costas para prová-la
conforme o desejo do meu coração. Arrasto a língua sobre a boceta
macia e molhada, explorando. Ela é macia aqui, tão macia. O poço
da sua boceta está escaldante e mergulho minha
língua lá, incapaz de resistir. Jo-see contorce,

ICE PLANET
Barbarians
fazendo barulhos chorosos e ofegantes. Amo os sons quase tanto
quanto seu gosto. Reconheço seu khui cantando por todo o corpo.

Afago minha língua sobre sua boceta novamente e descubro o


terceiro mamilo que os outros homens mencionaram ao discutir
sobre as companheiras humanas. Jo-see tem um pequeno nó,
escondido nas pétalas escorregadias da boceta. Quando a língua
roça, a pequena grita. Não sei se é um choro bom ou ruim, então
lambo para baixo.

— Volte, estou tão perto! — ela implora com uma necessidade


frenética na voz.

Portanto, é um choro bom. Volto e começo a trabalhar o nó


mais uma vez, rolando contra a ponta da língua e lambendo,
tentando determinar o jeito que mais gosta. Seus gritinhos ficam
mais frenéticos no momento em que o circulo com a língua, perdido
em lhe dar prazer. A tanga gruda no meu corpo e tenho certeza de
que gozei, não ligo, nada mais é importante do que o prazer da
minha companheira.

Seu corpo arqueia, Jo-see grita e mais umidade inunda minha


boca. Ela está gozando, gemo e dou voltas, meu khui canta
ferozmente. Terá que esperar por outra hora. Por enquanto, estou
contente em satisfazer minha Jo-see.

Continuo a prová-la e a acariciar a boceta enquanto rebola no


meu rosto, os movimentos diminuindo. Finalmente, suspira e toda
a tensão parece sair do seu corpo.

ICE PLANET
Barbarians
— Pode parar agora, Haeden. Gozei — fala no momento em
que a lambo novamente.

Parar? Não gostaria de parar, por mim viveria com o rosto


enterrado entre suas doces coxas. Levanto a cabeça, porque
agradá-la é mais importante do que meu desejo. Sento ao seu lado
e lambo os lábios. E os lambo novamente, porque posso prová-la
na minha pele e desejo mais.

— Acho que esquecemos de tomar banho — constata,


pressionando as costas da mão na testa e uma pequena risada
borbulha dentro dela.

— Não esquecemos, você estava distraída.

Jo-see me chuta de brincadeira. Não posso evitar o sorriso


que curva minha boca, minha companheira está sorrindo, parte da
tensão que carregava desapareceu. O corpo nu é uma visão
gloriosa e a bebo, ainda com fome.

— Obrigada.

Por que agradece? Dei o que toda companheira merece. Não


quero discutir, então simplesmente aceno.

— O que... e você?

— Terminei também — se estamos sendo honestos, não faz


sentido esconder. Curiosamente, não sinto vergonha desta vez. É
porque a pequena claramente gostou da minha degustação?
Quando assente e descarta como se não fosse

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nada, percebo que não há vergonha, apenas prazer entre nós.

Pego o pano e mergulho na água, determinado a terminar de


banhá-la.

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Capítulo 14
Josie

Enrolada nos cobertores, próxima ao fogo, assisto Haeden


trabalhar. Estou com sono, satisfeita e limpa, as mãos estão
firmemente amarradas com o creme entorpecedor. Atrás de mim,
no fundo da nave, há alguns cadáveres antigos e na parede duas
estranhas aguardam a chance de serem libertadas. Essas coisas
são importantes, tenho certeza, embora esteja mais interessada em
observar os movimentos de Haeden e contemplar nossa situação.

Estou um pouco obcecada pelo sexo oral que recebi. E quem


pode culpar? Foi fantástico. O que lhe faltava em experiência,
compensava em entusiasmo. Cheguei ao clímax com tanta força
que meus dedos curvaram. Talvez enviei sinais contraditórios para
todo lado, contudo não pude evitar. O jeito que olhava me fez
querer ultrapassar os limites.

Então forcei e fui recompensada com o orgasmo mais intenso


de todos os tempos.

Coloco os cobertores mais perto do corpo e o observo inclinar


sobre o fogo. Haeden faz uma infinidade de coisas, defuma um
pouco de carne para viajar, afia suas lâminas e cuida para que o
fogo permaneça agradável e quente. O homem

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tem um chá aquecendo na bolsa e, de um lado, enrola a pele
raspada inacabada. Direi uma coisa, o homem não é preguiçoso.
Também não espera que eu faça nada. Se dependesse dele, seria
mimada o dia todo enquanto trabalha.

É bem legal e também mexe com a minha cabeça.

Não o odeio mais. Não posso. Não depois de ouvir a razão pela
qual tem sido tão imparcial, o medo. Não posso o culpar por viver
amedrontado, preocupado que aconteceria comigo o mesmo que
sucedeu com sua última companheira. E não tenho feito a mesma
coisa? Fiquei preocupada em trazer uma criança ao mundo para
crescer mal-amada e infeliz como eu.

Acho que percebemos o erro. Talvez, apenas talvez, essa coisa


entre nós possa dar certo. Estou cautelosamente otimista.

Sou completamente safada também, penso nele virgem,


certificando de que eu tenha um orgasmo e não tomando nada para
si. Quero virar a mesa e ver sua reação ao meu toque, chupá-lo do
mesmo modo que fez comigo. Estremeço com a ideia e meu piolho
começa novamente. Não estou segura para selar o acordo sobre
essa questão de ressonância, todavia nada nos impede de explorar
a situação, improvisando um pouco visto que ainda não posso usar
as mãos.

— O quê? — Haeden pergunta após notar que o encaro.

— Nada. Só pensando.

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O homem resmunga uma resposta e quando não digo nada,
olha novamente.

— Bem?

— Bem o quê?

— Dirá o que pensa?

Oh. Não confessarei que cogito presenteá-lo com um boquete,


mudarei o tópico.

— Gosta de crianças?

Haeden olha como se fosse a pergunta mais estúpida do


mundo e, tudo bem, não posso culpá-lo. Simplesmente perguntei
a um homem que pertence a uma tribo que está morrendo
lentamente e quase não possuía crianças antes da chegada das
humanas. Óbvio que as crianças são valorizadas.

— Só... quero muitas crianças, uma família grande. Nunca


tive uma, sabia? Portanto sempre sonhei em ter muitos bebês e
encher minha casa. Como cinco, seis ou até oito filhos. Ficaria
satisfeita com isso. E você?

— São muitas bocas para alimentar.

— Acho que é — estou estranhamente arrasada com a


resposta.

— Então, para a sua sorte, sou um excelente caçador —


Haeden complementa enquanto raspa a faca e
evita meu olhar.

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— Que sorte a minha — suspiro, calor floresce no meu peito.

Pela primeira vez, imagino Haeden como meu companheiro,


voltando para casa após um longo dia de caçada e eu com um bebê
ou dois aos meus pés. Ele pousa a lança, entra e me beija, pegando
a criança nos braços. Conversaríamos sobre o seu dia, eu
alimentaria a família e aproveitaríamos o tempo juntos na nossa
aconchegante caverna. Após os bebês serem colocados na cama,
passaríamos a noite aconchegados fazendo mais bebês.

Derreto com a simples imagem de Haeden com um bebê nos


braços. O homem seria um bom pai, firme, justo e decido. E
apaixonado, acrescento no mesmo momento em que pega uma
xícara de chá e leva aos meus lábios para que saboreie sem ferir as
mãos. Termino de beber e volto para os devaneios. Um beijo, ainda
não nos beijamos. Antes, achei que não se importava, agora
suspeito que é porque não sabe como.

Adiciono à minha lista de coisas a praticar e, pela primeira


vez no que parece uma eternidade, sinto que tenho algo pelo que
ansiar.

Passamos o resto do dia em uma agradável ociosidade na


caverna. Haeden permanece ocupado com as tarefas, no entanto
também me apresenta um jogo chamado 'inventando uma estória',
que brincavam com os kits em casa, quando a neve ficava muito
alta. O jogo funciona com alguém que recebe um tópico e o
narrador da estória deve criar um enredo para acompanhar as
palavras que lhe forem oferecidas. Uma espécie
meio louca de jogo de palavras e passamos

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muito tempo tentando nos enganar. Para minha surpresa, Haeden
tem uma inteligência afiada e até minhas estórias mais bobas o
fazem sorrir. Ensino outro jogo e brincamos até o pôr do sol e o frio
sugarem toda a diversão da noite e o fogo não mais nos aquecer.

Então, Haeden rasteja nas peles e me puxa contra seu peito,


passo o resto da noite abraçando-o. Meu piolho cantarola com
urgência, querendo mais e faço o possível para ignorá-lo. Também
não pensarei no banho. Amanhã será o dia, repito para mim. Seja
paciente até amanhã.

Adormeço com a cabeça no peito de Haeden enquanto faz


cafuné e, realmente, acostumaria fácil com tudo isso. Pode ser o
extremo tesão causado pelo piolho, só que quando abraça? Sinto-
me amada, adorada, estimada. Como se fosse a melhor coisa que
já aconteceu a ele.

Talvez seja. E… meio que gosto dessa ideia.

Na manhã seguinte o tempo está mais frio. Tremo apesar das


peles que Haeden empilha em mim e até ele veste uma túnica
quente sobre o peito.

— É porque fomos para o norte, o ar não é tão agradável aqui


como nas cavernas tribais.

— Norte? Eu tentava ir para o oeste. Em direção à caverna de


Harlow e Rukh.

— Está a vários dias de distância — Haeden bufa.

— Bem, isso é péssimo.

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— Você provavelmente se perdeu. A grande água salgada fica
perto daqui e a caverna não. Estamos com pouco combustível para
o fogo, fique aqui que explorarei a área — pede, cutucando o fogo
para atiçá-lo e o rabo sacudindo de frustração.

— OK. Volte logo — puxo os cobertores para mais perto.

O homem pega a lança e acena. Não sorri, mas aí não seria


Haeden. O macho me devora com um olhar sensual e possessivo e
sai da entrada da 'caverna', decido que darei um olhar fumegante
sobre um sorriso amigável qualquer dia.

Flexiono as mãos e não estão muito mal, cuidadosamente faço


algumas tarefas ao redor da caverna durante o tempo em que está
fora. Mantenho o fogo aceso, fervo um pouco de água para o chá e
faço o possível para arrumar sem usar muito as mãos. A carne que
permaneceu defumando durante a noite parece pronta, então a
coloquei em uma das muitas bolsas e puxei o cordão com os
dentes. Não há muito o que fazer a não ser esperar.

Haeden retorna pouco tempo depois com um hopper


congelado, capturado em uma de suas armadilhas. Ele chuta a
neve das botas e desembrulha suas peles, vindo imediatamente ao
meu lado. Deduzo que entregará a caça morta, possivelmente
esqueceu que minhas mãos estão machucadas, só que ao invés
disso, pressiona um beijo feroz no topo da minha cabeça.

E novamente, derreto. Por que imaginei que era um idiota?


Difícil de conviver às vezes, sim, amoroso? Absolutamente.

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— Tudo certo? Algum sinal de metlaks? — interpelo,
preocupada.

— Por toda parte. Chá? — oferece e agacha junto ao fogo. Fica


surpreso ao ver que a fogueira está forte e já há uma bolsa de chá.

— Cogitei que retornaria com frio.

O homem resmunga daquela maneira que vim a interpretar


como seu grunhido de 'aprovação' e mergulha o copo. Haeden bebe
rapidamente e depois mergulha o copo oferecendo para mim.

— Estou bem. Então... mais metlaks?

Ele concorda. Em vez de massacrar sua presa, a envolve em


uma das peles e começa a empacotar as coisas.

— Rastros por todos os lugares, jovens e velhos. Sabem que


estamos aqui, no entanto têm medo de vir por conta do fogo.
Provavelmente estamos bem no seu território.

— O que faremos?

— Sairemos no momento em que suas mãos estiverem


melhores, não a colocarei em perigo.

Ignoro a onda vertiginosa de calor que suas palavras trazem e


concentro no problema em questão. Preciso ser racional, não ficar
rindo porque diz todas as coisas que eu gostaria de ouvir.

— Estaremos seguros se formos?

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— Os metlaks geralmente não vêm atrás dos sa-khui. Se
deixarmos o território deles, não seguirão.

— Mas atacaram você.

— Vamos nos esfregar com cinzas do fogo, se cheirarmos à


fumaça ficarão longe. Não são inteligentes o suficiente para
perceber que não estamos pegando fogo, só reconhecem o cheiro
— explica, pensativo.

— Ok. Podemos verificar isso? — mostro as mãos.

Haeden volta para o meu lado e faço o melhor para ficar quieta
no momento em que desembrulha atenciosamente as mãos. É
sempre tão cuidadoso, mesmo que saiba que o piolho o deixa tão
louco quanto o meu. No momento, o meu canta uma tempestade e
o dele está combinando com um efeito estrondoso. Estou meio
surpresa que não mantivemos os metlaks afastados apenas com o
barulho dos nossos peitos.

As mãos desembrulhadas, sem o liidi, estão macias e sem


sinais de bolhas. Flexiono uma cautelosamente e, quando não dói,
sorrio para Haeden.

— Não acredito que já curou. Você é um gênio.

Ele resmunga e aparenta estar satisfeito. Desembrulha a


outra mão e não olha nos meus olhos.

— O liidi cuida da dor. O khui cuida do resto.

— Bem, ainda aprecio sua ajuda.

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— Claro que faria isso por você, é minha companheira.

O homem olha desafiadoramente, como se esperasse que eu


protestasse que é meu homem, e não digo nada. Deixe-o mastigar
isso por um tempo.

Enquanto limpa as mãos, viro para olhar a parede onde as


luzes verdes dançam e sei que há pelo menos duas mulheres
dormindo.

— Acha que ficarão bem?

— Estão aqui há muitas luas. Como já disse, o que é mais um


dia ou dois?

— Sim... e se os metlaks entrarem e danificarem as paredes?


Ou soltá-las de alguma forma?

— Isso não acontecerá e também não podemos levá-las


conosco. Não temos como transportar duas humanas fracas, e
estarão fracas, sobre as montanhas em direção à tribo. Somos
incapazes de derrubar um sa-kohtsk sozinhos. Aguardaremos e
traremos uma equipe de caça com o equipamento adequado.

Concordo, suas palavras fazem sentido. Sei que está certo,


apenas sinto culpa em deixá-las para trás. O resto da nave ficou
praticamente imperturbável ao longo do último ano e meio, então
sei que faz sentido o que diz, não há razão para abri-los agora,
quando mal temos peles o suficiente para nos manter aquecidos.
Suponho que poderíamos nos aconchegar juntos à noite.

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Imagino duas mulheres humanas estranhas encolhidas
contra a forma grande e musculosa de Haeden e fico chocada com
a facada violenta de ciúme que me atinge. Não quero que ninguém
o toque, é meu. Ainda estou aceitando esse conceito, apesar de
ficar martelando na minha cabeça... meu... meu... meu.

— As mãos doem? — pergunta, interrompendo meus


pensamentos. Seus dedos roçam minha palma.

— Estão bons, vamos embora... hoje? — questiono e flexiono-


os para provar.

— Assim que embalarmos as coisas. Teremos alguns dias


difíceis de viagem até chegar nas cavernas tribais — sua mão
acaricia a minha novamente e a esfrega.

De volta e provavelmente ter a cabeça arrancada por sair


sozinha. Terei que suportar os olhares de piedade e as risadas
quando descobrirem que ainda não completamos a ressonância.
Estou relutante em retornar, amo a tribo e ainda assim é um
momento delicado para mim.

— Se as meninas estiverem seguras na cápsula por mais


algum tempo... podemos ir para o sul ao invés de voltar
diretamente para a tribo? Tirar alguns dias para nós? Para
acostumar com essa coisa entre nós? — peço, apertando a mão de
Haeden.

Espero que proteste, não obstante me estuda e concorda. Fica


de pé e pressiona um beijo rápido na minha
cabeça novamente.

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— Será como pede.

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Capítulo 15
Haeden

Pressiono Jo-see no primeiro dia da viagem, não estou


confortável com a quantidade de trilhas dos metlak pela redondeza.
Este lugar está cheio de criaturas selvagens e imprevisíveis, quanto
antes sairmos será melhor. Minha companheira, com os sapatos
de neve, anda mais devagar, carrego sua mochila e assim as horas
na trilha se arrastam da manhã até o final da tarde e ela começa a
desacelerar. Não protesta pelo ritmo contundente que estabeleci,
entretanto observo que está cansada e, no final do dia, a carrego
também.

Ignorando os protestos e tapas, inclino para que suba nas


minhas costas. Ela o faz, levanto mais alto, os braços em volta do
meu pescoço e continuamos.

Eventualmente, as trilhas metlak desaparecem e nos


mudamos para o território sa-khui. Essas são as margens das
terras dos caçadores e conheço esses lugares, onde estão as
cavernas e os esconderijos das mortes extras resultantes das
épocas em que as presas são abundantes. As luas gêmeas surgem
no céu, paramos e levo minha companheira para a caverna
caçadora mais próxima. É pequena, bem
abastecida com combustível para o fogo e peles

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quentes para a roupa de cama. Coloquei-a no chão gentilmente e
joguei os pacotes na minha frente.

— Devo explorar a área para ter certeza de que estamos


seguros. Primeiro farei uma fogueira para aquecer o ambiente.

— Posso fazer isso, você faz o que precisa fazer e ajudo como
posso — afirma Jo-see, tirando um colar pesado que mantém
pendurado no pescoço.

Concordo e esfrego o peito onde o khui vibra em resposta.


Significa muito que ajude a preparar nosso acampamento, apesar
do seu cansaço. Sinto como se estivéssemos juntos nisso pela
primeira vez, que reconhece que somos um. Eu a agarro em um
abraço feroz, beijo o topo de sua cabeça novamente e saio antes
que diga qualquer coisa.

Sigo nossa trilha procurando sinais de metlaks e não há nada.


Se em algum momento fomos seguidos, desistiram horas atrás.
Satisfeito, retorno à caverna e para minha companheira, onde ela
tem o fogo ardendo. Claramente cansada, não reclama e me
orgulho. Em vez disso, se ocupa e levanta os olhos do fogo no
momento que chego, seu olhar brilha.

Passei muitas noites torturantes para chegar ao ponto em que


seus olhos brilham de prazer ao me ver e não mudaria nada, este
momento fez todos os outros valerem a pena.

— Tudo certo? — ela pergunta, colocando algumas ervas


secas na bolsa de ensopado para fazer chá.

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— Sem trilhas, os metlaks nos abandonaram em busca de
presas mais fáceis — concordo. Não vi muita presa, o que
preocupa. Normalmente essas colinas estão cheias de caça.

— Que ótimo, chegaremos na caverna de Harlow e Rukh


amanhã?

— Se viajarmos o dia todo, talvez — não indico que seja


improvável.

— Então não. Desculpe por nos atrasar. É difícil acompanhá-


lo — admite com um olhar frustrado no rosto.

— Não desculpe, não estamos com toda a nossa força. Iremos


simplesmente o mais rápido possível e não nos preocuparemos com
mais nada — discordo e a acalmo, não a estou castigando. Esfrego
o peito, pensando no khui que, recentemente, tem sido a desgraça
e a esperança da minha existência.

— Sinto culpa por me carregar hoje.

— Só o fiz porque estávamos no território metlak, agora


estamos seguros. E ficaria muito feliz em carregá-la por dias —
inclino para frente e toco seu queixo, empurrando a cabeça para
cima para que olhe nos meus olhos.

Jo-see cora e abaixa a cabeça.

— Vamos torcer para que não chegue a isso ou terei


machucados no interior das coxas por tentar segurar em você.

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Imagino as coxas segurando meus quadris e a luxúria ruge
através de mim. Não me importaria com as doces coxas me
apertando sem parar, só preocuparia as suas contusões.

— Terei mais cuidado.

Jo-see apenas balança a cabeça, divertida.

Passamos as horas escuras amigavelmente, conversando


sobre o clima e tomando chá. Alimento Jo-see com petiscos da
carne que asso, ainda que suas mãos estejam melhores, gosto de
alimentá-la. A pequena não protesta contra o tratamento e começa
a bocejar quando a carne acaba.

— Durma, haverá muitas viagens para fazer amanhã e


precisará da sua força.

Ela assente e olha para os cobertores, depois estremece.

— Se juntará a mim? Você é meu forno.

— For-no?

— Você fornece calor — brinca, sorridente.

Concordo, feliz por ser seu forno. Acomodo-me nas peles e ela
move seu corpo junto ao meu, colocando sua forma menor debaixo
do meu ombro. Jo-see dá um pequeno suspiro e a bochecha
descansa contra o meu peito, o punho sobre o meu coração. Meu
khui canta agradavelmente e fecho os olhos contente em ignorar o
zumbido que percorre meu corpo, exigindo que reivindique minha
companheira. Por enquanto, é suficiente.

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— Seu khui está alto — Jo-see murmura baixinho e os dedos
acariciam os sulcos duros sobre meu coração.

Não está errada, embora a música seja agradável, cantarola


alto.

— Ignore — resmungo.

A fêmea não diz nada, a mão continua acariciando os sulcos


do meu peito e meu pau, já pronto, cresce dolorosamente.
Mantenho os olhos fechados e o corpo imóvel, determinado a não
reagir. Se quiser me acariciar de forma inofensiva enquanto dorme,
receberei sem protestar. Cada toque é um presente.

Momentos passam e os dedos continuam a acariciar meu


peito. Então, a mão desliza para baixo, longe do coração e descendo
a barriga.

Minha boca seca, meu pau empurra contra a tanga


apunhalando o ar. Talvez... não perceba o que está fazendo?
Espero em um silêncio rígido, minha mão em punho ao meu lado
e os dedos continuam deslocando sobre minha barriga, provocando
as bordas da tanga. Escuto a respiração para ver se dormiu e a
mão está simplesmente vagando.

Cheiro sua excitação no ar, ficando cada vez mais forte. Um


gemido escapa.

— Jo-see?

— Tudo bem em explorar um pouco? — sua


voz é baixa e suave.

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Dou um aceno brusco. Como recusar? Nenhum macho
poderia.

A mão desce.

— Nunca pensei que seria virgem, admito que muda minha


perspectiva sobre as coisas — confessa baixinho e as mãos descem
mais ainda.

— Como... como? — minha voz falha e limpo a garganta.

— É estranho, sinto que agora entendo, o porquê você tem


tanto medo por ser 'fraca'. E faz parecer que, bem, você é todo meu.
Engraçado como isso é tão atraente, não é?

Não é estranho para mim. O pensamento de outro macho


tocando-a, enche-me de raiva impotente.

— Não pertenço a ninguém além de você — falo entre os


dentes.

— Eu sei e meio que gosto disso.

E então a mão rasteja sobre as perneiras e segura meu eixo.

Engasgo com minha própria respiração, meus punhos


apertados. Parte de mim quer afastar sua mão para que não me
atormente mais... e outra parte quer agarrar o pequeno pulso e
fazê-la bombear meu pau até que jorre por todos os seus dedos.

— Está realmente duro e grande. Estou impressionada! —


exclama fascinada.

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— Você... já... despido... antes — é difícil expressar as
palavras no momento em que me toca. Minha mente não concentra
em nada além da sua mão, acariciando suavemente.

— Sim, porém ver e sentir são coisas diferentes, sabia? E


definitivamente, sinto algo impressionante — Jo-see está sem
fôlego e admirada.

A mão abandona meu pau e poderia gritar de frustração,


felizmente, sinto os dedos nas minhas perneiras, o nó nos cordões
da cintura se desfaz e o material solta. Ela a empurra, liberando
meu pau.

— Posso continuar?

Perco o fôlego. Como se pudesse impedi-la? Pré-sêmen jorra


da cabeça do meu pau e dribla as cristas do comprimento. Meu
saco está apertado. Estou pronto para explodir a qualquer
momento e mesmo assim quero me controlar para que a pequena
fêmea termine.

Ela entende meu silêncio como permissão, a mão retorna ao


pau e seus dedos dançam levemente ao longo do comprimento,
traçando as veias e sulcos. É melhor do que qualquer coisa que já
imaginei, fecho os olhos e penso em caçar e rastrear metlaks e
neve, qualquer coisa para não perder o controle.

— Sua pele é tão quente, você é tão grosso — a voz de Jo-see


é suave. Ela inclina para mais perto e percebo a respiração no meu
pau.

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Um gemido escapa. Como posso pensar em metlaks quando
seus lábios estão a menos de um dedo do meu comprimento? Como
posso raciocinar?

— E esses cumes... acho que você tem o pau perfeito, Haeden.


Não acredito que sou a primeira mulher a tocá-lo — afirma com
um pequeno suspiro.

— Só. É a única mulher que me tocará — grito roucamente.


Sou dela e só dela.

Em vez de temer minhas palavras, a pequena fêmea dá uma


risadinha rouca que faz meu saco apertar ainda mais.

— Só eu. Só eu — Jo-see repete e a provocação está de volta


em sua voz. As pontas dos dedos acariciam levemente o meu
comprimento.

Então, ela inclina e pressiona a boca na minha barriga.

A respiração assobia da minha garganta. Estou em agonia.


Agonia pura e perfeita criada pela boca macia da minha
companheira.

A língua toca levemente minha pele.

— Haeden?

— O quê?

— Preciso pedir um favor — proferiu e depois lambeu minha


barriga mais uma vez.

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Sua boca tão perto do meu pau que imagens obscenas e
fascinantes percorrem minha mente cada vez mais rápido. Não me
atrevo a esperar que seus lábios fiquem mais baixos, não parece
algo que gostaria. E ainda…

— Qualquer coisa — rosno. Poderia pedir o braço que o


removeria de bom grado do meu corpo.

— Preciso... — beijo. — Que você… — beijo. — Se segure... —


beijo. — E não goze até terminar de tocar, ok? — beijo.

Então a boca, macia e perversa, avança para a cabeça do pau


e pressiona um pequeno beijo ali.

Fogo inflama o meu corpo. Aperto os cobertores, suor


brotando da minha testa. O que pede é impossível, mas anseio por
agradá-la.

— Eu ... tentarei.

Sua risada sensual com a resposta faz minha pele formigar.


Sua respiração está no meu pau e a mão segurando o eixo. Minha
barriga está molhada pelos toques da sua língua e lábios. O khui
pulsa numa batida intensa que parece ter se estabelecido no meu
pau.

Não gozar? Com a boca cruelmente, maravilhosamente


provocadora? Certamente um caçador teria mais chances de ser
atingido por um raio.

Apesar disso, minha Jo-see quer tocar e farei


qualquer coisa por ela.

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Fico mudo, minhas unhas cravadas nas palmas enquanto
abaixa a cabeça. Meu rabo bate descontroladamente no momento
em que aproxima e pressiona outro beijo na cabeça do pau. A outra
mão procura minha espora, o comprimento duro acima do meu
membro e esfrega arrastando os dedos para frente e para trás.
Prazer explode através de mim e prendo a respiração.

Metlaks.

Metlaks caçando do lado de fora da caverna. Jo-see em perigo.

Metlaks com suas garras dilacerantes...

A boca fecha sobre a cabeça do falo e a língua gira contra a


ponta.

A respiração que segurava, explode. A mão vai para seus


cabelos como se não estivesse mais no controle do meu corpo.
Quando levanta a cabeça para rir novamente, a empurro de volta
precisando de mais. Estou tão perto de gozar que o fogo queima na
barriga e sinto minha semente subindo e o latejar do khui
tornando-se insuportável. Preciso da boca fogosa, sua língua e
lábios no meu pau novamente.

Jo-see faz um pequeno zumbido de prazer e sua excitação


atinge o ar ao redor, mesmo quando a boca fecha sobre o pau
novamente. Minha companheira puxa, chupando com a boca,
levando mais fundo e os dedos brincam com a espora.

Empurrei o quadril mais profundamente na sua boca, incapaz


de parar. Minha pequena faz um barulho de

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encorajamento, suga com mais força e, apesar do meu voto,
derramo minha semente violentamente. Sinto jorrando na boca
quente e apertada, não se parece com nada que já experimentei
antes. Meu corpo inteiro treme com a força da libertação, ao mesmo
tempo que faz pequenos barulhos e espera que termine.

A vergonha aparece assim que libera meu falo e dá uma


lambida final. Solto os cabelos e fecho os olhos enquanto senta.

— Sinto muito. Falhei.

— Haeden, estava brincando. Não seja tão sério.


Deliberadamente, fiz você gozar — Jo-see explica rindo e se
aconchega do meu lado.

— Você disse... e até agarrei seu cabelo.

— O que foi excitante, inesperado e ainda assim gostoso —


seu braço envolve minha cintura.

— Então não a decepcionei? — interrogo confuso e


estranhamente satisfeito.

— Com esse pau? Teria que ser louca para me decepcionar.


Trabalharemos em sua resistência. Amanhã — Jo-see dá um
tapinha no meu peito e os dedos roçam minha pele. Sua perfumada
excitação ainda permanece no ar e percebo que não gozou. Isso foi
tudo para mim.

Estou... honrado por tal presente.

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— Sabe o que mais gostaria de praticar? Beijos. Beijo na boca.
Colocaremos na programação para amanhã também.

Quero agradá-la, ouvi-la gemer, gozar e provar seu gozo.


Abraço, acariciando o ombro e a pele macia.

— Podemos praticar hoje à noite.

— Minha boca está cansada — ela brinca e percebo as coxas


apertarem, como se as pressionasse juntas.

Uma ideia me ocorre e ajoelho, abrindo suas coxas. Se fez por


mim, não farei por ela?

— Sorte sua que seu macho tem uma boca forte e uma língua
ainda mais forte.

Minha companheira respira fundo e cai de novo nas peles, um


gemido escapando da garganta.

— Sou sortuda.

As coxas abrem ansiosamente e enterro o rosto entre as


pernas, satisfeito.

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Capítulo 16
Josie

Acordo na manhã seguinte com a cabeça de Haeden entre


minhas pernas lambendo para outro orgasmo, mais um tremendo
orgasmo. Deus, o homem tem uma língua forte e incrível. E,
aparentemente, adora dar e receber.

Claramente, estou dando uma dura nessa coisa de


ressonância.

— Bom dia, minha companheira — Haeden murmura entre


lambidas, indo direto para o clitóris.

Gemo algo que seria uma resposta e as mãos agarram os


chifres como guidão de bicicleta enquanto vai para a cidade na
minha boceta, festejando como se morresse de fome e lambendo
como se fosse o recheio do seu doce favorito ou algo assim. Que
garota resiste a esse entusiasmo? Ninguém, atinjo o clímax em
minutos.

Assim que meu corpo é reduzido a nada, a não ser uma


bagunça trêmula, o homem lambe uma última vez e depois esfrega
a parte interna da minha coxa.

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— Devemos começar nossa jornada em breve.

— Certo. Viagem. Entendi — concordo sem fôlego. Estou


desossada no momento e o piolho ronrona agradavelmente. Parece
que consome todas as endorfinas que tenho enviado, porque a
necessidade tem diminuído nos últimos dias ou percebe que estou
a centímetros de ceder a toda essa ressonância.

Caramba, depois de uma saudação matinal como essa, tenho


muita dificuldade em lembrar por que lutei contra isso. Haeden é
carinhoso, doce e dedicado. Às vezes irritadiço, sim. Grosseiro e
arrogante também. Embora no que diz respeito a mim, sou seu
mundo e ele deixa bem claro.

O que... não odeio. Não tenho certeza se estou pronta para


curvar ou para dizer não, preciso de um empurrãozinho na direção
do 'sim' e gostaria de ver aonde as coisas nos levam. Estou me
divertindo e, embora a ressonância pareça inevitável, também
quero aproveitar o momento.

O homem dá uma última lambida e levanta em direção às


brasas mortas do fogo.

— Precisa de chá fresco esta manhã, minha companheira, ou


devemos beber água fria e sair mais cedo?

Companheira? Eeee. Gostaria de responder que não sou nada,


tenho pavor de brincar com isso. Contudo parece... tão feliz esta
manhã, tão satisfeito consigo mesmo e sempre me olha feroz e
possessivo de orgulho, não sou capaz de admitir.

ICE PLANET
Barbarians
Deslizo a túnica para baixo sobre as pernas abertas e nuas e
espreguiço um pouco.

— Água fria está bom. Quero chegar à caverna de Harlow.


Quanto antes melhor, acho.

Porque lá, acredito que fecharemos nosso acordo.

Estamos a uma hora da caverna e Haeden para


abruptamente, colido com suas costas e quase caio nas minhas
raquetes de neve.

— Que porra é essa...

— Psst — murmura, acenando com a mão no ar indicando


silêncio.

Agarro suas costas e tento espiar, para minha surpresa o


homem agarra meu braço e me arrasta até o penhasco mais
próximo.

— Haeden, o que está acontecendo — protesto, tentando


andar o mais rápido possível.

ICE PLANET
Barbarians
— Fique em silêncio! Espere aqui e não mexa — o imbecil
voltou ao jogo. Sou empurrada contra a parede do penhasco, ele
puxa minha pequena faca de osso e a enfia na minha mão. Seus
olhos estão estreitos e o rosto apertado com cautela.

— Espere aqui e não mexa.

— O que é isso?

— Com sorte, nada — o homem retruca, lançando um


daqueles olhares devoradores e depois vira, segurando a lança em
punho.

Aperto a faca na mão enluvada de pele, piscando. Haeden está


agachado na neve com movimentos furtivos. É como se caçasse
alguma coisa, porém não observo nenhuma atividade. Não caçou
ontem quando viajávamos alegando preocupação com a minha
segurança e que até mesmo um dvisti ferido seria perigoso. Então,
por que caça agora? Olho para sua frente e vejo algo escuro
salpicado na neve. A uma curta distância, há um caroço que está
fora de sincronia com o resto do ambiente, como uma espinha em
uma das colinas nevadas.

Haeden agacha, toca um dos respingos escuros, levanta os


dedos e os fareja. Percebo o que estou olhando.

— Isso é sangue?

Ele vira e balança a cabeça furiosamente, indicando que devo


permanecer em silêncio.

ICE PLANET
Barbarians
Oh droga. Estou irritada com seu humor, entretanto não sou
estúpida. Se está pirando, isso é ruim. Aperto a pequena faca com
mais força e espero que volte.

Sua cauda bate contra a neve, estuda o que quer que seja e
fica de pé. Em vez de voltar, segue em direção ao amontoado à
frente. Haeden pega algo longo, rígido e vira a coisa que parece um
corpo. É cinza e peludo e... acho que é um metlak.

Ah merda. O que matou? Quem mais está aqui fora? Quebro


a cabeça, pensando em qualquer tipo de predador grande o
suficiente para comer um dos animais altos e magros. Os gatos da
neve são ferozes, não muito maiores que os linces. Os dvisti são
comedores de grama e o sa-kohtsk? Bem, não sei o que comem, só
que são muito lentos para predadores. Continuo raciocinando
durante todo o tempo em que Haeden estuda a carcaça e volta para
o meu lado com uma expressão sombria no rosto.

— O que é isso? O que matou? — interpelo preocupada. O


olhar no seu rosto congelaria pingentes de gelo.

— Não sei. Não há trilhas, somente sangue.

— Talvez... talvez nevou? — embora esteja aqui tempo


suficiente para reconhecer pó fresco e a neve em que caminhamos
está um pouco dura. Isso significa que está no chão tempo
suficiente para derreter levemente à luz do sol e depois congelar
novamente. Mais do que isso, o tempo está limpo com apenas uma
brisa.

ICE PLANET
Barbarians
Ele grunhe em reconhecimento, embora saibamos que estou
errada.

— Devemos ser cuidadosos. Fique alerta enquanto


caminhamos e mantenha-se em segurança atrás de mim. Se
cansar, avise que a carregarei — Haeden pega minha mochila e a
joga na sua frente.

— Ficarei bem — se as coisas estão tão ruins quanto parecem,


não quero sobrecarregá-lo com minha triste bunda humana.

Haeden assente e começa a andar novamente, os passos


largos e devoradores de terra.

— Fique perto.

Ah com certeza. A minúscula mulher humana com raquetes


de neve conseguirá, de alguma forma, 'ficar perto' do alienígena de
dois metros de altura que anda como se fosse um dia de primavera.
Certo. Sem problemas. Não protesto porque é óbvio que Haeden
quer sair desta área. O que aconteceu com esse metlak, o chocou.

Dou uma olhada no momento que passamos. O spray de


sangue está em toda parte e a coisa... bem, estou surpresa que
defino o ser como um metlak. Representa que foi mastigado e
cuspido novamente.

Estremeço e acelero atrás de Haeden.

ICE PLANET
Barbarians
Mantemos um ritmo assassino ao longo do dia e faço o melhor
para acompanhá-lo. Está claro que a viagem fácil e rápida de ontem
se foi e, em seu lugar, marchamos em um ritmo vertiginoso. É
péssimo e ainda mais chato que prefira uma trilha sinuosa em vez
de uma óbvia, mantendo-nos perto das árvores ou andando na
sombra de um penhasco rochoso. Isso significa que os desvios são
maiores, o vento mais frio e toda a viagem é apenas lixo e meio.
Embora levando tudo o que tenho, consigo acompanhá-lo (bem,
relativamente) e Haeden não me carrega.

No momento em que as luas gêmeas estão sobre nossas


cabeças e a neve é iluminada com a noite, o homem me conduz em
direção a um afloramento rochoso.

— Caverna de caçador lá.

Graças a Deus. Minhas pernas estão prontas para cair e os


dedos ficaram dormentes horas atrás com o frio. O piolho está
cansado demais para cantar e tudo o que consegue é um ronronar
meia boca quando o homem se aproxima.

Então, sem pontuar hoje à noite.

A caverna está livre de qualquer ocupante e


na hora que Haeden acende uma fogueira, mal

ICE PLANET
Barbarians
consegui arrancar minhas peles molhadas do corpo. Exausta,
deixo que me ajude a despir e não tenho energia para mais do que
rastejar nas peles de cama recém desenroladas e desmoronar.

Ao acordar na manhã seguinte, Haeden me segura ao seu


encontro, acariciando minha bochecha e seu piolho ronronando
alegremente. Bocejo e levanto a cabeça para observar a entrada da
caverna. Há luz do sol entrando, o que significa que dormi por um
bom tempo.

Não parece, ainda estou exausta.

— Desculpe, acho que desmaiei — murmuro para ele, e coloco


a cabeça de volta no ombro quente.

— Está cansada, é compreensível — o homem afaga levemente


meu rosto.

Haeden aparenta estar mais relaxado hoje e estou cansada


demais para pensar em momentos sensuais, portanto abordo o
assunto do “problema” de ontem.

— O que matou aquele metlak?

— Pare de perguntar, Jo-see.

Ignoro sua acidez. É um estratagema para me calar e estou


mais atenta agora. Haeden se irrita sempre que não quer
responder.

— Isso não é um “eu não sei” ou é um “eu sei e não quero lhe
contar”. Você sabe, não é? — pressiono.

ICE PLANET
Barbarians
O homem bufa. A mão desliza para o meu braço e desenha
pequenos círculos na pele nua. Estou nua. Oh. Haeden também.
Não notei até agora e estranhamente, não figura nada sexual.
Suspeito que só queria abraçar.

— Existem... histórias.

— Estou ouvindo — para mim não aparenta ser um bom


começo.

— Meu pai costumava dizer que quando ficava muito frio, era
uma coisa ruim. Que as garras do céu apareceriam e caçariam no
território sa-khui.

— Céu... garra? Nunca ouvi falar — as palavras soam


estranhas na língua sa-khui.

— Há muitas razões pelas quais os sa-khui não vivem perto


das grandes águas salgadas. As criaturas nessas águas são muito
grandes e agressivas, com muitas presas.

— Então eu ouvi. As coisas com garras do céu vivem na água?


— Harlow compartilhou algumas histórias arrepiantes do que viu
e lembrei de todos os documentários que assisti sobre dinossauros
quando criança, o oceano daqui experimenta uma sopa primordial
ou algo assim.

— Não, vêm de cima, pegam suas presas do chão e as engolem


inteiras. São grandes o suficiente para comer um kit do tamanho
de Farli.

ICE PLANET
Barbarians
Estou enjoada, sou do mesmo tamanho que Farli. Na verdade,
tenho certeza que tenho uma das suas antigas túnicas.

— Não diga.

— Não sei ao certo se são as garras do céu. Se sim, melhor


ficarmos de olho nos céus — Haeden explica, esfregando meu braço
como conforto.

Por incrível que pareça, recordo da grande sombra


sobrevoando que avistei pela luneta no dia em que observava a
ilha. Não fui capaz de desvendar o que era. A ideia de que seria
algum tipo de predador voador gigantesco que come pessoas no
café da manhã amedronta.

— As garras do céu ficam na costa? Como é que Rukh e


Harlow nunca comentaram?

— Descem quando faz frio.

— Está sempre frio!

— Ah, esta estação amarga é muito mais fria que a última.

— Você desconfia que estão vindo da ilha?

— I-la?

— Há algo na água. Se olhar longe o suficiente, verá uma


mancha de verde. Acho que é uma ilha, com árvores.

— As árvores são cor de rosa como você — a


mão alisa meu braço e seu olhar é faminto.

ICE PLANET
Barbarians
Os mamilos endurecem me lembrando que estou nua e dando
a ele alguma ação frontal completa. Bato no seu peito com a mão,
porque está começando a parecer distraído.

— Preste atenção, Haeden. Árvores são verdes no meu


planeta, é a clorofila ou alguma merda. De qualquer forma, peguei
essa coisa de vidro da nave dos anciãos e ela permite observar
longas distâncias. Juro que vi um monte de verde e tenho certeza
que é uma ilha. Você acha que as garras do céu vêm de lá?

— Isso importa? Esta área não é segura. Precisamos evitar a


costa e seguir para o interior, em direção às cavernas tribais — o
homem encolhe os ombros.

— Tudo certo.

— O que significa que sairemos em breve.

Gemo e caio sobre os cobertores, de bruços. Meu sono é


pesado e sinto que preciso descansar mais.

— Quão cedo?

— Muito em breve — Haeden ri.

E então o bastardo arranca os cobertores, me largando nua


no frio.

ICE PLANET
Barbarians
Estou arrastando.

Não consigo evitar, estou exausta. Haeden tenta ser


compreensivo, ainda assim quer ir mais rápido. Hoje, estabeleceu
outro ritmo contundente e estou fazendo o meu melhor para
acompanhar. Toda vez que quer que caminhe mais perto das
árvores, me pego afastando um pouco mais. Não consigo marchar
como um soldado, atravessar as grossas correntes de vento e
acompanhá-lo. Alguém tem que ceder. Com o passar do dia, o
humor de Haeden piora.

— Depressa! Preciso carregá-la? — o homem retruca.

— Estou correndo! — grito de volta, arrastando minha bunda


infeliz pela neve. Os sóis estão altos no céu turvo, o que significa
que não pararemos tão cedo. A aconchegante caverna à beira-mar
de Harlow e Rukh não é mais uma opção, Haeden me leva para as
montanhas... o que significa mais neve e mais dificuldade para
acompanhá-lo. E reclamo? Não. Fecho a boca e ando mais rápido,
ou tento. Estou coberta de suor e as peles congelaram contra o
meu corpo. O pobre piolho vibra e tenho quase certeza de que está
gastando a maior parte da energia impedindo que vire um picolé
humano em vez de engravidar. Prioridades e tudo.

ICE PLANET
Barbarians
Enquanto isso, Haeden atravessa a neve à minha frente cada vez
mais rápido, como se não fosse nada.

Encaro suas costas e o rabo tremendo, está carregando minha


mochila e a dele, deveria agradecer mas estou cansada. Só gostaria
de descansar por um dia ou três. Não há pressa, digo a mim
mesma. Não há horário marcado, as meninas nos tubos ficarão
seguras por mais uma semana, três ou até um ano. Podemos
acampar na próxima caverna por um tempo e relaxar. A ideia soa
como o paraíso e meus pés congelados diminuem o ritmo. Estou
exausta. Provavelmente o homem precise me carregar um pouco
esta tarde, porque sei lá.

Uma sombra se move sobre o chão e passa por mim.

— Haeden? Acho que acabei de ver alguma coisa — congelo e


minha voz é um mero sussurro. Aperto a faca estúpida, a que ele
frisa que preciso manter o tempo todo.

O homem não vira, está muito à minha frente para escutar


alguma coisa.

— Haeden, acho que vi... — chamo mais alto. Desta vez, vira.

Um grito. A sombra cai sobre mim novamente e então sou


arrancada do chão, algo quente e úmido me envolve como um
torno. Há um fedor horrível e algo duro e pontudo arrasta contra a
pele nua. Dentes. O torno flexiona e fica completamente escuro.

Oh meu Deus. Estou em pânico, acabei de ser comida viva.

— Jo-see!

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Barbarians
Capítulo 17
Haeden

— JO-SEE!

O nome da minha companheira é arrancado da garganta ao


observar o momento em que a garra do céu desce sobre ela e com
sua boca pontuda a puxa como se fosse um mero petisco de carne.

Meu coração para, cambaleio de joelhos.

Minha companheira.

Meu tudo. Se foi.

Não... não... não!

— NÃO!

A vida sai do meu peito enquanto assisto a garra do céu bater


as asas e erguer no ar novamente. Começa a voar, todo asas,
tendões e mandíbulas maciças.

Minha companheira.

Solto outro grito angustiado a chamando, cambaleando atrás


da criatura mesmo sabendo que não é possível

ICE PLANET
Barbarians
pegá-la. Não posso voar e se pudesse, minha Jo-see se foi. Acabou.

Estou agoniado, assisto a criatura voar para longe e coloco


uma faca no peito, não viverei sem minha pequena humana. Não
consigo. Não existe mundo se não houver seu sorriso e olhos
brilhantes.

— Falhei, minha companheira.

Coloco a faca sobre o peito, as placas que protegem o coração


não deixam esfaquear diretamente, enfio a faca contra uma e o
sangue jorra pela pele. Basta um impulso sólido e me juntarei a
Jo-see. Meu olhar procura a garra do céu repugnante ao longe. A
criatura é uma mancha preta cada vez menor no horizonte.

Então, oscila no ar.

Mergulhos.

Fraqueja.

As asas batem irregularmente, luta para subir mais alto e


despenca ainda mais.

A fúria corre através de mim. Eu o persigo, movendo


rapidamente sobre a neve revolvida. Ele desaparece na próxima
cordilheira e corro atrás. Cortarei seu coração e o oferecerei aos
catadores, arrancarei os olhos e a pele do seu corpo imundo por
ousar comer minha companheira.

Outro grito angustiado rasga minha garganta quando o


encontro no chão, as asas batendo contra a terra,

ICE PLANET
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contorcendo, incapaz de voar. A criatura é diferente de qualquer
outro pássaro que conheci, o rosto é um triângulo escamoso,
pontudo, com pelo grosso e marrom na garganta e corpo. As asas
estão nuas e esticadas entre as articulações dos dedos, como couro
fino esticado em uma tela de privacidade sobre uma caverna. A
coisa toda é mais longa do que algumas cavernas que já vi. É
horrível.

Não obstante, está no chão. É a minha chance.

Grito raivosamente e apunhalo a garganta da coisa. A faca


afunda e sangue quente espirra sobre mim. Com um uivo vingativo,
arrasto a lâmina pela garganta até que a cabeça que se debate fique
flácida e estou coberto com seu sangue vital.

Isso foi para Jo-see.

Enfio a faca na lateral logo abaixo da asa, insatisfeito. Não sei


por que pousou, aproveitarei a oportunidade para vingar minha
companheira. Cortarei em pedaços e desfrutarei de cada facada.
Outro uivo angustiado escapa, meu rosto está banhado em sangue
e lágrimas. Em um momento, perdi tudo.

Tudo.

— Tinha uma companheira, a amava e você a roubou de mim


— rosno, esfaqueando sua lateral novamente. Repetidamente a
faca afunda, então, descanso a mão, meu coração batendo contra
a grande barriga da criatura.

A barriga mexe.

ICE PLANET
Barbarians
Recuo. Está grávida? Há mais jovens prestes a sair da
criatura? A barriga move novamente e, em seguida, algo sai do
centro da barriga... algo pequeno, duro, pontudo e molhado de
sangue vermelho. Um dente...

Ou uma faca.

Meu khui, silencioso até agora, explode em música.

Outro uivo escapa da minha garganta e meus movimentos


ficam frenéticos.

— Jo-see! Jo-see!

Bato a faca ao lado da outra e começo a cortar o estômago


grosso da criatura, abrindo um buraco. A pele grossa e gordurosa
sobre o estômago luta contra mim e rosno ao mesmo tempo que
coloco as duas mãos no cabo da lâmina e uso toda a força para
cortar mais fundo e largo.

Uma mão manchada de sangue emerge, dedos humanos


estendem freneticamente.

A alegria explode e continuo cortando. Minha companheira!

Minha companheira! Ela vive!

Quando o abdômen da criatura é aberto, pego a mão


estendida, apoio o pé contra a barriga da criatura e empurro com
todas as forças. A ferida faz um som horrível de sucção e puxo com
mais força. Um grunhido de fúria escapa e puxo novamente,
determinado. Não vai mantê-la. Não vai.

ICE PLANET
Barbarians
Enfim o estômago da criatura cede e uma Jo-see molhada,
coberta de sangue, ofegante, desliza e cai em meus braços.

Minha companheira.

Meu tudo.

Grito seu nome e a abraço, não importa que esteja encharcada


e suja. Minha mão vai para os cabelos molhados e seguro a cabeça,
a doce cabeça humana de encontro ao meu peito.

Minha companheira.

— Na... não... não podia respirar... não conseguia ver, nem


mexer. Oh, meu Deus — ela engasga, estremecendo. As mãos
pegajosas trabalham contra o meu peito e então as fecha. Sua
respiração está acelerada, Jo-see começa a chorar e soluçar com
força, agarrada a mim.

— Eu sei. Shhh. Tenho você, minha companheira. Imaginei


que a perdi — pressiono a boca na testa lisa, sem importar que
esteja imunda, não estou muito melhor. Ela é minha, para sempre.
A agonia dos últimos minutos surge e cambaleio. A única coisa que
me mantém em pé é Jo-see junto a mim. Pressiono a boca
freneticamente na sua pele.

Ela apenas soluça, pressionando a bochecha no meu peito.

Minha pobre companheira. Quero segurá-la junto ao peito


para sempre e nunca mais deixá-la, ela treme. Jogo minha mochila
no chão e a rasgo, puxando os sacos de dormir.

ICE PLANET
Barbarians
Envolvo-a nas peles, sem importar que esteja suja, precisa se
aquecer.

— Não chore, minha companheira. Cuidarei de você.

— Di... diz o grandalhão que não era mais que um grande


maldito!

— Eu sei — murmuro, beijando e tocando-a em todos os


lugares. Não consigo parar de apalpá-la. Nunca esquecerei a visão
horrível da garra do céu atacando minha companheira como se
fosse uma presa.

Vou protegê-la com a minha vida.

Uma vez que está enrolada nas peles, a pego e corro. Não
importa quanto tempo demorará para chegar na próxima caverna
dos caçadores, só sei que não sairá da minha vista novamente.

Os sóis estão quase se pondo atrás do horizonte no momento


em que cambaleio para dentro da caverna. Uma besta de penas
gane e sai correndo, xingo mentalmente por não verificar primeiro
se a caverna estava ocupada. Minha mente é um turbilhão de
pensamentos dispersos, todos focados em manter minha
companheira segura.

Jo-see está quieta há algum tempo e a coloco gentilmente lá


dentro.

— Espere aqui.

ICE PLANET
Barbarians
A fêmea estremece e assente. Quando as sombras se movem
sobre o rosto, observo um olhar vazio lá. Isso preocupa.

Trabalho rapidamente, recolho as vísceras deixadas pela


besta-de-pena e varro a caverna com uma vassoura de rabo-de-
dvisti deixada pelo último ocupante. Deixei muitos dos
suprimentos na trilha, na pressa de vestir Jo-see em nossas peles,
agora não importam, posso fazer novos ganchos, novas facas e
coletar novos suprimentos para fogo. Jo-see é o mais importante.

Acendo uma fogueira e logo tenho água derretendo na bolsa.


O chá ficou perdido na trilha, usarei a água para banhá-la
primeiro, depois me preocuparei.

A pequena está quieta à luz do fogo e o corpo ainda treme.

— Venha, tomaremos banho e comeremos algo — peço e


estremeço com minha voz estranhamente rouca no silêncio.

— Não acho que consigo comer — sussurra.

— Pode e vai — ignoro o fato de que não temos nada para


comer e as rações ficaram na trilha. Um problema por vez.

— Não diga o que devo fazer — ela retruca, virando para


encarar.

Aguentarei sua raiva, pelo menos não está com o olhar


perdido. Estreito os olhos e dou um bufo irritado na esperança de
enfurecer seu temperamento. Sou seu companheiro, a conheço
bem.

ICE PLANET
Barbarians
— Não estamos acasalados, quase morri e você quase perdeu
uma companheira novamente, porque sou uma idiota egoísta —
ela grita e explode em novas lágrimas, os soluços enchem a
caverna.

Sento, congelado em choque. Jo-see se preocupou comigo?


Todo esse tempo? Aqui fiquei louco de preocupação, quão chocada
estaria, quão pequena é e ela pensando em mim?

Meu peito dói. Esfrego, ignorando o pequeno corte onde cravei


a faca na pele. Quase morri enquanto ainda estava viva,
trabalhando para sair. Só a ideia me deixa doente.

Agacho na sua frente, no momento em que evita olhar para


mim, seguro o rosto com as duas mãos, ignorando sua sujeira.

— Jo-see, você era minha no dia em que desembarcou neste


mundo. Senti nossa conexão no momento em que a vi e fiquei
assustado. Ao ressoar, percebi que foi destinada a ser minha, a
manterei segura.

Os olhos brilham com lágrimas e abre a boca para protestar.

— Eu a manterei segura, é minha. É tudo o que necessita


saber. Se for levada irei atrás, se estiver doente nunca sairei do seu
lado e se morrer a seguirei. Nunca ficará sem mim, sempre irei
atrás de você. Saiba disso, sinta isso e saiba que é verdade —
repito. Acaricio suas bochechas e pouso os dedos onde seu khui
lateja.

— Não estamos...

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— E no momento em que estiver bem, nos deitaremos nas
peles e a tomarei como minha. Acasalaremos até você carregar meu
kit e a ressonância ser saciada. Não venha dizer que ainda não é
minha, sempre foi — digo com a mesma voz firme, interrompendo
seu protesto antes que comece.

— Sua — ela sussurra, piscando os olhos feridos.

— Eternamente — rosno de volta.

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Capítulo 18
Josie

Desmaiei em algum momento, porque acordo tempo depois,


estou nua em cima das peles imundas e encontro o fogo crepitando
mais alto do que o normal. Algo quente e úmido esfrega meu braço
e descubro que Haeden me banha cuidadosamente com
movimentos longos e suaves. Seu rosto está intensamente
concentrado e pela primeira vez em muito tempo, constato que
estou totalmente, completamente segura. Ele não me persegue ou
faz isso para impressionar, o faz pelo simples prazer em cuidar de
mim, porque sou importante para ele.

Eu o beijaria por isso e até falaria para Haeden, no entanto


ainda estou em choque e adormeço, permitindo-o cuidar das
coisas. Pela primeira vez baixo a guarda, pois tenho alguém nas
minhas costas.

Ao acordar novamente naquela noite, Haeden se foi. O fogo


crepita, a caverna é aconchegante e quente, novas peles que
cheiram a mofo e que vieram de algum lugar daqui estão
empilhadas em cima de mim. Haeden saiu para caçar ou algo
assim. Estranhamente, não estou preocupada, sei que não me
abandonaria se houvesse a chance de algo ruim
acontecer. Adormeço.

ICE PLANET
Barbarians
Na manhã seguinte, desperto com os braços de Haeden
apertados ao meu redor e o corpo nu sob as peles. Estamos de
conchinha, seu pau está duro contra a minha bunda e ouço quão
profundamente dorme. Rolo lentamente, meu corpo se movendo
polegada por polegada, fazendo o melhor para não o acordar. Todo
músculo do corpo dói, não sei se é da caminhada interminável ou
de ser engolida inteira, eca nojento. Entro em pânico somente com
a mera lembrança e passo os próximos minutos fazendo o possível
para não surtar.

Haeden, é quente, forte e maravilhoso, então aconchego mais


perto e seus braços me apertam por reflexo. Nossos piolhos
ronronam alto e a dor entre as pernas voltou. Precisamos cumprir
a ressonância e em breve. Levanto uma das mãos para acariciar
seu peito e percebo que existem arranhões profundos no meu braço
nu. Franzo o cenho para eles, tentando descobrir de onde vieram.
Os dentes da criatura devem ter arranhado ao descer pela
garganta.

Estremeço violentamente, demorará muito tempo para


superar. Se fechar os olhos, ainda sinto o terrível aperto enquanto
engolia.

— Calma, estou aqui. Nada a prejudicará — Haeden


murmura, roçando meu ombro e braço.

Gostaria de provocá-lo por suas palavras confiantes, mas me


sinto melhor. Relaxo ao seu lado.

— Onde foi noite passada?

ICE PLANET
Barbarians
— Caçando. Retornei para pegar nossas mochilas também.
Sentiu medo?

— Não, sabia que não deixaria nada me machucar. No


entanto, estou chateada — traço meus dedos sobre os peitorais, só
pelo prazer de tocá-lo.

— Huummm. Melhorará em breve. Está machucada? Devo


preparar mais liidi para entorpecer suas dores? — os olhos
permanecem fechados e as mãos percorrem meu corpo
possessivamente.

Torço o nariz com o pensamento daquela gosma.

— Não, obrigada. Estou apenas dolorida e um pouco


arranhada. A coisa o pegou também? — roço os dedos sobre um
corte profundo diretamente no centro do peitoral e franzo a testa.

— Não. Eu fiz isso.

— Você se cortou? Por quê? — sento, preocupada.

— Fiz porque coloquei minha lâmina lá. Se tivesse morrido,


iria segui-la — Haeden explica sem abrir os olhos e me puxando
para as peles. Cara, ele está cansado.

— Isso é tão maluco, quero dizer, não interprete mal, é a coisa


mais doce que já escutei, ainda assim seriamente confuso —
sussurro, chocada.

ICE PLANET
Barbarians
— É minha companheira, não há nada para mim caso morra.
Descanse — e me puxa de volta, colocando minha cabeça no seu
ombro.

Relaxo porque sei que precisa dormir. Contudo, não consigo


descansar, o imagino triste e chateado com a ideia de me perder.
Raciocino tanto e também por estar insegura, cutuco-o no peito
para acordá-lo.

— Também tentou isso depois que Zalah se foi?

Ele luta para acordar, piscando para mim.

— Fazer o quê?

— Você tentou se matar logo após Zalah morrer?

— Não. Vá dormir — bufa, como se o pensamento o divertisse.

Por alguma razão, a resposta agrada. Sou mais importante


para ele do que Zalah. Não precisaria ligar para algo tão
mesquinho..., dane-se, me importo totalmente. E estou muitíssimo
feliz.

Se não estivéssemos tão cansados, o pegaria neste exato


momento.

ICE PLANET
Barbarians
Haeden dorme por horas e também adormeço novamente.
Quando acordo de novo, infelizmente não é por causa do homem
aconchegando entre minhas coxas, mas o cheiro de carne
cozinhando. Ok, aceito isso.

Sento, esfrego os olhos e bocejo, encontro Haeden agachado


perto do fogo, girando lentamente um espeto e a cauda balançando
para frente e para trás. O homem também está pelado e vejo, por
trás, o saco de bolas pendurado entre as coxas fortes. A maioria
das pessoas seria incapaz de fazer isso funcionar, porém não
consigo parar de encará-lo. É tão malditamente gostoso.

Lembre-me novamente por que lutamos contra isso? Pergunto


ao meu cérebro. A dor entre as pernas aumenta e me impeço
fisicamente de pressionar uma das mãos e masturbar com a visão.
Acho que melhorei.

O zumbido alto do meu piolho o alerta e ele olha por cima do


ombro, a trança preta caindo pelas costas.

— Acordada?

Concordo e sento, permitindo que as cobertas deslizem e meu


homem possa dar uma boa olhada na minha nudez.

— Muito acordada. Dormimos por quanto tempo?

Ele grunhe em reconhecimento e vira para o fogo, o que é


decepcionante.

ICE PLANET
Barbarians
— Faz um dia desde...um dia — tosse como se não pudesse
dizer as palavras, depois conclui rispidamente.

— Só isso? Parece mais tempo.

Haeden concorda e evita meu olhar.

— O que é isso? Por que não olha para mim? — por alguma
razão, isso dói.

O homem continua encarando o fogo e esfrega o peito


distraidamente, o khui ronronando tão alto que apenas o som
excita.

— Porque quase a perdi e estou me contendo para não levá-la


para as peles e enfiar meu pau na sua boceta para reivindicá-la.

Oh! Isso não deveria excitar tanto quanto o faz. Aperto as


coxas com força.

— Porque... seu corpo dói? Ainda está exausto?

— Eu não, você é quem não está bem. É frágil e precisa


descansar — o homem bufa em escárnio.

Oh caramba, essa merda de “frágil Josie” novamente?

Agora quebro em um milhão de pedaços caso me toque?

Porque algum pássaro do tamanho de um ônibus tentou me


comer como lanche? Porque, sério? Sim, estou traumatizada e a
melhor solução seria me abraçar e não ignorar.

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Claramente precisarei resolver o assunto com as próprias
mãos.

Desejo avançar, não retroceder. Quero me tornar sua


companheira.

Estendo a mão e agarro o rabo balançando. Ele


imediatamente enrola no meu pulso, macio e suave como uma
pena e observa.

— Oi, lembra de mim? Sua companheira? — digo sorrindo.

Haeden aparenta estar confuso, não entendendo minha


piada.

— Prometeu que praticaria o beijo comigo. Podemos fazer isso,


certo? — pisquei os olhos para ele, fazendo o meu melhor para
parecer inocente. Meu plano é maligno, se começarmos a nos
beijar, será incapaz de parar.

E realmente? Já passou da hora de consumarmos essa coisa.

Haeden faz uma careta como se acabasse de sugerir uma


corrida matinal nua.

— Quer praticar beijos? Neste momento?

— O que há de errado?

— Está cansada e doente...

— Não estou!

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— Passou por uma situação complicada — ele tenta
novamente.

— E você me salvou — pisco novamente.

— Há algo em seu olho? — o homem avança e segura meu


rosto.

Deus, ele realmente é péssimo em paquerar, não é?

— Nada, embora tenho algo que dói — alego acidamente,


mudando de tática. Haeden quer brincar de babá? Tudo certo.

— O que aconteceu? Onde dói? — questiona alarmado, as


mãos acariciam minha pele, verificando.

UAU, cara... ele está tão preocupado comigo que acabou com
a minha ideia divertida de segurar a boceta e responder: Aqui
grandalhão. Machuquei aqui. Haeden é tão gentil e está tão
determinado a me proteger de tudo, como fui capaz de imaginar
que era um idiota?

— É brincadeira, Haeden. Quero praticar o beijo — peço,


dando um tapinha no seu peito.

— Tem certeza? Não quero que canse — as estrias grossas e


sulcadas na testa sa-khui estão enrugadas.

— Terei muito cuidado — sento nos cobertores e bato neles, o


convidando a fazer o mesmo.

Haeden olha cauteloso e assente, juntando-


se a mim nas peles. Ele se move com graça,

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apesar do grande corpo e não posso deixar de notar que já está
com uma ereção furiosa. Haeden se nega por mim? Que doce, quão
equivocado. Adoraria ajudá-lo com esse pequeno problema.

Ou não tão pequeno. O pênis é impressionante e minhas


partes femininas dão um pequeno aperto antecipatório. Faremos
esta noite, faça chuva ou sol. Engraçado como as coisas
funcionam, relutei tanto em ser sua companheira e não imagino
ninguém além de Haden para mim. Até a rudeza é apenas um
show, é mal-humorado porque se importa muito e isso realmente
o assusta. E se isso não faz uma mulher derreter como sorvete em
um dia de verão, não sei o que faria.

Haeden bate nas peles ao meu lado, o rosto próximo ao meu.


Dou um pequeno sorriso para que saiba que tudo está bem, que
não estou cansada e será ótimo. Começarei devagar.

— Então sei que é virgem.

— E continua trazendo isso à tona — faz uma careta.

—Porque é sexy, grandão. O que quis dizer era... quanto sabe


sobre beijo? — aproximo e coloco as mãos no seu peito, deixando
meu corpo encostar no dele.

Como se mostrasse, inclina e dá um selinho na minha boca.


É rápido, educado e algo que um estranho faria.

Sim, não serve. Haeden sabe que beijos são cheios de emoção,
pressiona a boca no meu rosto em quase beijos o tempo todo e
tenho a impressão de que compreende que

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envolve lábios, porém não as profundezas por trás disso. Oh, será
divertido.

— É assim que começa, sim, todavia há muito mais.

Seus olhos estreitam como se eu tivesse dito que fez algo


errado.

— Meu beijo não a agrada?

— Agrada, não obstante, há coisas mais agráveis que podemos


fazer com bocas e beijos — falo rapidamente, acariciando seu peito.

— Como quando coloca a boca no meu pau ou lambo sua


boceta? — o homem pergunta com um olhar ardente.

Oh, misericórdia, acabou de aquecer aqui? Sou minha própria


fã.

— Sim. Exceto que fazemos isso na boca um do outro.

— Por quê?

— Porque... porque é bom, molhado, escorregadio e as línguas


são incríveis — minha voz fica rouca e estou excitada só de
explicar.

Nunca imaginei o porquê das pessoas beijarem, apenas


fazemos. Deslizo uma das mãos pelo seu peito e depois para a parte
de trás do pescoço, aproximando.

— Sua língua estava... incrível... no meu pau.


É muito suave — o olhar cai para minha boca.

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— Sim, pensei que gostaria se eu tentasse.

— Gostou de fazer isso comigo? Senti o cheiro da sua


excitação quando me lambeu... e sinto neste momento. Pulamos o
beijo, Jo-see? Lamberei sua boceta até você gritar, gosto disso.
Muito.

Oh, querido senhor, essa oferta. Estou tentada, apesar disso


gostaria de selar o acordo com meu homem e o incidente de ontem
me faz querer tornar um com ele. Quero isso, tudo isso.

— Conversaremos mais tarde sobre lamber, neste momento


nos concentremos nas bocas. Existe um tipo de beijo que
chamamos de beijo francês, beijo de língua — bato no lábio inferior
e esfrego levemente com a ponta do dedo.

— Franchs-bei-sho-linguua?

— Perto o suficiente. É onde coloco a boca na sua ou você


coloca a sua na minha e as línguas se acasalam — provoco um
dedo contra os seus lábios.

— Já vi isso. — reconhecimento aparece no seu rosto.

— Já?

— Sim, nunca pensei em experimentar. Nós sempre


parecemos muito... longe disso. Gostaria de tentar, Jo-see — seu
rosto expressa fome de necessidade e o olhar mira a minha boca
novamente.

— Quero também.

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As mãos percorrem minha cintura e me puxa para frente, os
seios são pressionados junto ao seu peito e monto em uma das
coxas grossas. Nossas bocas estão a centímetros de distância... e
então empurra os lábios nos meus. Não uma pressão suave, mas
um empurrão desajeitado do seu rosto de encontro ao meu.

Permaneço quieta, esperando que encontre o seu caminho. É


um pouco estranho, no entanto não quero que entenda que está
fazendo errado. Para encorajá-lo, separo os lábios e, quando não
entra, tomo a iniciativa e bato a língua na dele.

Um gemido escapa e Haeden me abraça, a língua esfrega


contra a minha e está cheia de sulcos e vincos estranhos... assim
como seu pau. Gemo enquanto arrastam pela minha língua e
incendeiam minhas terminações nervosas.

— Gosto disso — murmura entre as lambidas de nossas


línguas.

Oh cara, eu também. Não sou capaz de fazer muito mais do


que choramingar a cada impulso enquanto experimenta o beijo. O
homem tenta mover a língua de maneiras diferentes, deslizando
pela minha e arrastando pelos meus dentes. Quando está
satisfeito, os beijos profundos e lambidos se tornam mordidelas
leves e divertidas que me fazem doer tanto quanto os outros.

Ele é muito bom para um iniciante e tudo o que posso fazer é


me agarrar e aproveitar o passeio. Repetidamente beija, bocas se
fundindo, línguas provocando até que sou um pedaço trêmulo de
mulher no seu colo. A boca na minha está fazendo

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coisas malucas comigo e é como sentisse meu piolho vibrando
através de cada centímetro do corpo até o baço.

Haeden belisca meu lábio inferior e é cuidadoso, apesar dos


grandes dentes afiados. Eles roçam no meu lábio suavemente e
percebo sua língua sacudir um momento antes de levantar a
cabeça e dar um daqueles olhares intensos e focados como laser.

— Jo-see.

— Huumm? — flutuo em um mar de excitação e o homem


quer conversar?

— Quero Franchs-bei-sho-linguua outras partes — junta as


duas palavras em uma e belisca meu lábio novamente.

— OH! Oh? Não disse que eu era frágil? — nunca recebi uma
proposta de uma forma tão doce e tão suja.

O homem começa a descer, beliscando o queixo e depois


traçando minha mandíbula com a língua.

— Farei o trabalho. Você descansa e a beijo.

Dou risada, essa é a versão sa-khui de: relaxa e goza? Não


importa, fico feliz por convencê-lo de que é hora de brincar, ao invés
do enfadonho Jo-see, é frágil e precisa descansar.

— Farei o meu melhor para não interferir — brinco, coloco as


mãos nos seus ombros com toda a intenção de deixá-las lá e não
fazer nada para interceder.

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Haeden dá um olhar tão ardente que minhas coxas tremem,
coloca a mão na parte de trás do meu pescoço e gentilmente nos
manobra até estarmos deitados nas peles. Estou de costas debaixo
dele de modo que domina sobre mim, todo pele e músculos de
camurça azul, seus chifres lançando sombras à luz do fogo. Deste
ângulo, lembra um demônio, o rosto duro moldado na sombra,
exceto pelos brilhantes olhos azuis e tremo novamente porque não
deveria ser tão excitante quanto é.

— Está tremendo, preciso alimentar o fogo? — pergunta, com


um olhar de preocupação no rosto.

— Tremendo de tesão.

— Não existe isso — bufa, sem acreditar nas palavras.

— Claro que existe. Estou tremendo porque é muito quente.

No estilo típico de Haeden, entende errado.

— Estou muito quente? — o corpo imediatamente sai de cima


do meu, os punhos pressionam as peles ao meu lado. Parece
frustrado e decepcionado.

— Não, não — afirmo, agarrando a longa trança que paira


sobre seu ombro e o puxo para frente. Amo o cabelo de Haeden, os
lados da cabeça são raspados e o resto deixa preso em uma trança
longa que desce pelas costas. Todos os sa-khui têm cabelos grossos
que trançam de maneiras diferentes (alguns apenas para mantê-
los fora do caminho), prefiro o de Haeden. Envolvo a trança na mão
e o puxo em minha direção.

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— É uma expressão humana. Dizemos que algo é “quente”
quando achamos sensual ou estimulante. Excitante. Para mim,
você é gostoso, perfeito, sexy e maravilhoso.

Seus olhos brilham e percebo que faz uma eternidade desde


que teve aquele olhar morto no rosto. Se foi desde o momento em
que ressoamos e por algum motivo tenho vontade de chorar de
felicidade. É como se a ressonância entre os piolhos nos salvasse.
Fico um pouco chorosa e fungo.

O olhar de excitação no seu rosto morre, seguido por


preocupação.

— Agora, por que chora, minha Jo-see? — o homem


questiona, segurando minhas bochechas.

— Estou emocionada por tanta felicidade — constato,


chorando mais um pouco. Enxugo os olhos com sua trança e tento
dar-lhe um olhar alegre.

— Quase foi comida por uma garra do céu ontem. Como isso
a faz feliz? — a carranca retorna.

— Grande bobalhão, é você que me faz feliz. Aqui, neste


momento, você e eu. Observei o seu sorriso e percebi que esteve
triste por muito tempo. Eu também. E não estou mais triste. Estou
feliz por isto. Eu e você juntos — dou um tapinha no seu peito,
colocando a mão sobre as placas que cobrem o coração onde seu
khui toca uma música no mesmo ritmo que o meu. Nós ressoamos
tanto um com o outro que parece normal agora,

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como se a vibração constante e grave fosse apenas mais uma coisa,
como respirar.

Haeden assente lentamente. As narinas abrem e o olhar tenso


cruza o rosto novamente antes que deslize um braço e me puxe
junto ao seu corpo. Tento descobrir o que está fazendo e, fica claro
um momento depois, quando abaixa o corpo sobre as peles e me
segura bem apertada ao seu encontro.

— Cheguei perto de perdê-la.

— No entanto, não perdeu e está tudo bem — repito,


acariciando a trança para acalmá-lo.

O rosnado que escapa da sua garganta quando enterra o rosto


no meu pescoço diz que não acredita em mim. Está tudo bem. Se
quer abraçar por alguns minutos, podemos totalmente. Não tenho
pressa e adoro abraçá-lo. Então ele abraça e minhas mãos tocam
seus braços, roçando sobre os músculos duros e desfrutando da
sensação aveludada e suave da pele junto a minha. Um dos seus
chifres pressiona e esfrega minha bochecha, é estranho e
dolorosamente doce ao mesmo tempo.

— Você me pegou. Serei sempre sua. Com você estou segura,


sei que não permitirá que nada ruim aconteça comigo — converso
enquanto permanece em silêncio.

— Nunca — rosna na minha garganta.

— Nunca.

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Uau, só de escutar estas palavras possessivas fiquei mais
excitada. Interessante, no passado nunca fui atingida, agora deixa
os mamilos duros.

Engraçado como é a possessividade de Haeden que me deixa


tão cheia de tesão. Nunca imaginei que apaixonaria pelo cara em
um milhão de anos e ainda assim... meu piolho sabia exatamente
o que acontecia.

Bom garoto. A partir de hoje o escutarei totalmente.

Enquanto estou perdida em pensamentos, Haeden acaricia


minha garganta, sinto a língua roçar no meu pescoço em um ponto
sensível entre a clavícula e a garganta. Oooh. Gemo.

E lambe novamente, pressionando beijos rápidos e pequenas


mordidas ao longo da linha do ombro, como se não cansasse de
tocar e acaricio minhas mãos sobre seus braços e seu peito,
fazendo o meu melhor para não o interromper. Porque realmente?
Desejo mais da sua boca na minha pele e seu corpo amando o meu.

Quero mais de tudo.

Haeden lambe a curva do ombro novamente, belisca a pele


com os dentes pontudos, arde só um pouco e suspiro. Ele zomba
baixinho e lambe a ferida, outro gemido escapa. Tudo bem, pode
morder se significa que ficarei menos cansada.

— Adoro este Franchs-bei-sho-linguua, é suave em todos os


lugares. É prazeroso tocá-la — ele respira contra a minha pele.

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— O prazer é todo meu, faça o que quiser — sussurro, e é
verdade. Não faço mais do que tocar seu braço e agarrar a trança,
o homem faz isso tudo sobre mim.

— Quero Franchs-bei-sho-linguua em todo você, minha


língua passeando por todo o corpo, Jo-see — volta para a garganta,
beliscando, beijando e arrastando a língua sobre a pele.

Oh garoto, também quero. Meu piolho está latejando no meu


peito, tão animado.

— Sou toda sua.

— Suas tetas estão tão cheias — murmura enquanto explora


o vale entre os seios com os lábios.

São? Sempre fui uma garota bonita e suponho que comparada


às mulheres sa-khui, sou absolutamente peituda. Elas têm
peitorais planos a menos que estejam amamentando. Pensando
bem, Maylak, a curandeira, é a única que reparei que enche uma
camisa, está amamentando e grávida. Oh! Nunca cogitei que seria
a peituda.

— Você gosta?

— Amor, tão suave aqui — rosna e lambe ao longo da


inclinação de um pequeno seio, passando os lábios sobre os
mamilos.

— Suave? — contorço, gemendo de tesão. Meus mamilos


aparentam ser duros.

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Haeden levanta a cabeça e os olhos brilham em um azul
intenso, seu piolho zumbindo como um trem de carga.

— Suave, não como o meu — repete, pegando uma das


minhas mãos e guia até seu peito, sobre o mamilo.

Toco o mamilo e é duro como pedra. Parece muito com as


placas ásperas e estriadas que cobrem seu peito, na verdade.

— É bom quando toco? — acaricio e observo seu rosto.

— Como um toque e seus toques são bons.

Grande e doce homem.

— Acho que não é como se tocasse seu pau? — deslizo minha


mão para baixo e roço contra seu comprimento.

O olhar escurece e a respiração acelera. Considerarei como


um 'não, não é o mesmo'.

— É assim quando toco seus mamilos? Para você?

— É quase tão bom quanto o toque na minha vagina.

— Va-shy-nah?

Não explicarei essa palavra, somente aponto. Haeden sorri,


presunçosamente satisfeito.

— Sua boceta, molhada e quente — e a alcança, porque é um


filho da puta ousado.

— Sim, isso mesmo — concordo, gemendo.

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— Gozarei logo, Jo-see. Primeiro quero terminar de Franchs-
bei-sho-linguua nas tetas.

— Vá em frente — até ignorarei o uso repetido e pouco gentil


de “tetas” se significar que provocará meus seios um pouco mais.
Arqueio encorajadoramente, empurrando os seios em um convite.

Haeden percebe, inclina e com muito cuidado lambe muito


lentamente a ponta de um e observa fascinado minha reação.

Por pouco não atingi o clímax. Um pequeno gemido escapa da


garganta e contorço embaixo dele.

— Oh, faça de novo, Haeden.

— Repita meu nome enquanto a lambo, Jo-see. Quero ouvir


na sua língua.

Gemo, é tão imundo... e tão excitante.

— Haeden. Deus, sim. Assim mesmo, Haeden, meu grande e


gostoso companheiro — falo sem fôlego e choramingo no momento
em que dá outra lambida provocadora.

Meu grande e delicioso companheiro rosna e leva o mamilo


entre os dentes, beliscando levemente e lambendo a dor. Minha
boceta aperta com força e suspiro. Juro que não aguentarei se
continuar e é a primeira vez para mim. Normalmente, é preciso
muito para me excitar considerando meus problemas anteriores e
as lembranças muito desagradáveis. Com Haeden? Nada disso
existe. É como se me tocasse e instantaneamente
estou na zona, amo.

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Ele muda para outro seio e começa a explorar com os lábios e
a língua como se fosse uma nova parte do meu corpo a ser
descoberta em vez de um gêmeo do outro seio amado. Seu
entusiasmo me deixa trêmula e grito seu nome à medida que a
intensidade aumenta.

— Haeden! Por favor... por favor, preciso de mais — ofego e


meu piolho canta desesperadamente. A boceta aperta em torno do
vazio, ficaria feliz caso desistisse das preliminares e fosse direto
para a transa.

Haeden mexe, segura minha bochecha e observo preocupação


se misturando com o calor dos seus olhos.

— Do que precisa, Jo-see? Fale e darei.

— Preciso gozar, estou tão vazia e necessito que me preencha


— retruco, agarrando sua trança e puxando.

— Encha você... aqui? — a mão segura minha boceta.

— Sim! Coloque o dedo dentro de mim — gemo alto e abro as


pernas ansiosa pelo contato.

O homem captura minha boca e gemo novamente. A língua


enrugada desliza na minha e posso prová-lo, todo macho delicioso
e almiscarado. Nossos khuis pulsam juntos mesmo quando o dedo
roça em minhas dobras e não saio dos cobertores quando sinto a
ponta grossa na entrada do meu núcleo.

— Por favor — ofego novamente,


completamente sem vergonha.

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— Quer montar minha mão? Deseja que te coma com a mão?
— rosna, beliscando minha boca e beijando uma linha invisível ao
longo da garganta, fazendo o seu caminho para o meu ouvido.

Tremo, quero tudo e qualquer coisa que ofereça. Eu me


preocupo de ter o ofendido de alguma forma, é virgem, será errado
usar a mão ao invés do pau? Não é como se não quisesse seu pau,
sou gananciosa, quero tudo.

Apesar disso, Haeden empurra para dentro de mim e grito,


meus braços apertando seu pescoço. Estou gozando, minha boceta
aperta o dedo grosso enquanto morde gentilmente o lóbulo da
orelha. É o clímax mais surpreendente que já tive, sou atingida
onda após onda de intenso orgasmo. Minhas pernas tremem e
sacodem quando o homem lentamente empurra o dedo para dentro
e para fora e então outro gemido escapa, ele lambe o lóbulo da
minha orelha novamente e volta a empurrar com o dedo.

Avisei que era gananciosa? Porque quero que pare e, ao


mesmo tempo, gostaria de muito mais. Tremores secundários
vibram e flutuam através de mim com cada movimento do dedo, os
quadris erguem do chão para encontrar seus impulsos. É como se
o trem do orgasmo não tivesse parada, meu piolho está indo uma
milha por minuto e os tremores que envia para o meu corpo só
amplificam o prazer, é como se possuísse um vibrador no peito e
na boceta, envolvo uma perna ao seu redor, cravando o calcanhar
na sua bunda no momento em que gozo novamente. O rabo bate
contra a minha perna ao mesmo tempo que grito, outro orgasmo
rasga com força bruta.

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— Jo-see — ele geme no meu ouvido e percebo seu corpo
esfregando junto ao meu lado. Um segundo depois, noto que está
molhado. Haeden gozou contra o meu quadril, incapaz de se
conter.

E por alguma razão, amei isso. Envolvo os braços ao seu redor


e o beijo ferozmente, mesmo enquanto continua a acariciar o dedo
em mim com fortes movimentos de balanço.

— Você teve um orgasmo enquanto me fazia gozar? Isso é tão


excitante — o beijo levemente e chupo o lábio inferior.

— Minha necessidade... grande demais. No entanto, meu pau


ainda dói por você — o homem parece tão sem fôlego quanto eu. O
dedo acaricia profundamente em mim novamente, enviando um
novo tremor pelo corpo. Haeden me beija, uma pressão rápida da
sua boca contra a minha.

Não duvido. Gozei duas vezes no espaço de um minuto e meu


piolho ainda está acelerado, pronto para mais. É como se
estivéssemos perto da linha de chegada e não nos deixasse recuar.
Puxo a trança de Haeden novamente e esfrego o pé contra a
nádega. É tão musculoso que parece que esfrego uma bola de
boliche coberta de veludo e até essa ideia excita. Meu companheiro,
é duro como uma rocha.

— Quer parar de brincar? — questiono.

Seu olhar é de escárnio.

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— Não terminei o Franchs-bei-sho-linguua em todo o corpo
da minha companheira.

— Oh? — um novo tremor me atinge.

O homem empurra o dedo para dentro e fora, um pouco mais


devagar. Não tenho vergonha de admitir que estou tão molhada dos
dois orgasmos que cada movimento da sua mão emite sons
molhados. Nunca estive tão excitada em minha vida e estou
adorando.

Haeden assente e senta nas peles, a mão deixando minha


boceta. Fiquei triste, contudo o brilho travesso no seu olhar me faz
ansiar o que vem a seguir. Admiro seu corpo enquanto está
ajoelhado, não há um grama de gordura sob toda a pele azul
aveludada. Não passa de músculos duros e abdominais que se
estendem por quilômetros e um pau grande, não posso esquecer
essa parte.

O homem agarra uma das minhas pernas pelo tornozelo e


cuidadosamente a levanta no ar.

— O que está fazendo? — questiono rindo.

— Eu disse. Estou Franchs-bei-sho-linguua em todo o corpo


da minha companheira — retruca sério, franzindo o semblante
para o meu sorriso.

— Oh, desculpe, não interromperei novamente — replico


provocando.

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— Bom, preciso de toda minha atenção — afirma, sua voz
aguda. Por um momento, acho que está de mau humor por algum
motivo, depois percebo que a boca contorce e luta com uma risada.

Outra gargalhada escapa, especialmente quando segura meu


pé e lambe. Grito, me contorcendo com as cócegas.

— Não lamba meu pé!

— Silêncio, mulher. Seu companheiro está lhe dando prazer


— lambe meu pé novamente e belisca os dedos.

Não consigo parar de rir. É delicado e bobo ao mesmo tempo.

No momento em que beija a lateral do pé, todas as risadas


morrem na minha garganta, porque essa pequena ação me fez
derreter. E então não estou mais rindo, o homem beija o tornozelo
e arrasta a sua língua. Na hora em que chega na panturrilha
mordiscando a pele, a situação de divertida se torna terrivelmente
excitante. Meu piolho concorda, cantarolando alto.

Continua, ignorando a parte externa da perna em favor da


parte interna do joelho e chegando na parte interna da coxa. De
vez em quando observa como se quisesse ter certeza de que assisto.
Como poderia fazer o contrário? Estou totalmente fascinada por
sua boca na minha pele. Ao sentir as lambidas na parte interna da
coxa, começo a ficar molhada e instantaneamente minhas mãos
vão para o clitóris.

— É meu — Haeden empurra as mãos.

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— Hããã... posso me tocar se quiser — e volto a mão lá, os
dedos procurando o ponto sensível.

— Preciso mostrar que é meu, fêmea? — o homem puxa a mão


novamente.

— Pode ser? — estou fogosa e incomodada especialmente com


a malícia evidente no seu rosto.

Ele resmunga em reconhecimento a minha resposta e


pressiona um último beijo na coxa antes de colocar a mão na coxa
oposta e empurrar para fora. Inclina sobre a junção dos quadris e
a trança cai na minha perna.

— É meu — rosna baixo na garganta e é o único aviso que


recebo antes que enfie o rosto entre as coxas e comece a beijar
minha boceta.

E oh Deus, quase gozei nesse momento.

Como prometeu, beija e lambe. Isso não é exploração tanto


quanto é pura determinação em torturar e está conseguindo. Gemo
no momento em que a língua acaricia o clitóris sensibilizado.

— Tão molhado, seu gosto não é como nada que já provei. Só


faz querer mais.

Agarro a trança na minha coxa, sentindo-me desesperada


para ancorar em algo e isso não satisfaz meu desejo, então pego os
chifres. Ele mantém as coxas afastadas, lambe com golpes longos,
lentos e vagarosos e cada um faz meus quadris
balançarem e subirem. Quero que continue

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para sempre, assim como espero que pare e me encha com seu
pau. É tortura sim, da melhor qualidade.

— Haeden, preciso de você.

— Necessito que goze para mim, quero ter a língua dentro de


você no momento que acontecer — o homem pede com uma voz
rouca e lambendo o clitóris com aquela deliciosa língua sulcada.

Outro gemido rasga de mim com a ideia e empurro sua cabeça


para que continue lambendo.

— Minha companheira, esperei tanto por você, para provar e


dar prazer.

— Você fez? Espero... espero não ser uma decepção. — as


palavras me derretem mais do que sua língua. Lutei tanto que sinto
culpa por mantê-lo afastado por tanto tempo.

— Nunca é uma decepção. É tudo o que queria e muito mais.

Por alguma razão, fico chorosa. Provavelmente é toda a


emoção que flui entre nós, cortesia dos piolhos ou porque, pela
primeira vez, sou amada e querida. Seja o que for, um soluço
escapa da minha garganta.

Haeden fica tenso e, um segundo depois, está na minha cara


beijando freneticamente.

— Minha companheira, meu coração. O que é isso? Por que


chora?

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— Estou apenas feliz. Emotiva e feliz. Você proporciona tudo
o que sempre sonhei.

— Ainda não acasalamos completamente — o homem recorda


com outro beijo. Provo meu gosto em seus lábios e é um sabor
estranhamente erótico.

— Então, o que esperamos? Um convite por escrito? — o


envolvo em minhas pernas, tentando manobrá-lo para o lugar
perfeito.

— Um ... o quê?

— Significado humano para “enfiar já”.

— É? — Haeden olha desconfiado.

— Perto o suficiente.

— Não gostaria de machucá-la, minha Jo-see. As fêmeas


humanas não são tão fortes ou grandes quanto as sa-khui. E se
for demais? — hesita em cima de mim e depois beija.

— Isso é doce, Haeden, querido, mas há onze outras mulheres


muito felizes emparelhadas com seus companheiros de tribo e
nenhuma queixou de que seu homem a quebrou na cama.
Ficaremos bem.

— Há onze outras mulheres e não ligo para nenhuma. Só


importa uma, pequena e frágil, que é minha companheira.

— Ela aguenta, garanto. Vamos devagar e se


for demais, o deixarei saber. Combinado? —

ICE PLANET
Barbarians
estou dividida entre a frustração pela demora e o atordoamento
com suas doces palavras.

Capaz que vou se o homem acha que soarei o alarme, pelo


menos faremos as coisas acontecerem, estou desesperada para que
as coisas andem. A dor profunda dentro de mim precisa
urgentemente de preenchimento.

Haeden olha com preocupação e beija, porque sabe que os


beijos são incríveis e não machucam. Devolvo o beijo com urgência,
arrastando a língua contra a dele no que espero ser um incentivo
para a sedução. O homem puxa a boca da minha, geme fechando
os olhos e percebo quão difícil é para ele. Meu companheiro já
gozou uma vez e se estou sensibilizada, tenho certeza que está em
agonia.

E, no entanto, para porque não quer machucar. Deus, isso é


doce. Acaricio sua bochecha.

— Eu te amo, Haeden.

Grunhe em reconhecimento e empurra o pau contra a boceta,


arrastando minha carne quente e sensível. Gemo de
encorajamento. Haeden empurra novamente e seu pau mal
apunhala a entrada. Não tenho certeza se são preliminares,
enrolação ou ele simplesmente não tem certeza do que fazer, ao
que parece, é hora de resolver o problema.

Agarro seu pau, a respiração assobia entre seus dentes e o


corpo endurece sobre mim. Espero, apenas no

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caso dele vir, quando não o faz, compreendo que só está
aguentando.

— Está indo muito bem, amor. Reclame sua companheira —


sussurro e o guio até a entrada do meu núcleo e coloco a cabeça
do pau contra mim. Então, coloco a mão na sua bunda e o encorajo
a avançar.

Um rugido começa na sua garganta, suave e ficando mais alto.


Seu corpo estremece e o homem finalmente empurra com força.

Suspiro, é um ataque de sensações ao mesmo tempo. Haeden


é grande, realmente grande e grosso e quando empurra sinto cada
crista do pênis, cada contração dos seus músculos. O esporão
empurra as dobras da minha boceta e esfrega contra o clitóris,
como um grande bônus extra que recusei até hoje. A cauda balança
como o de um gato bravo e envia pequenos movimentos através dos
corpos unidos. Nossos khuis zumbem sincronizados e todo o meu
corpo parece vibrar, o que só melhora as sensações que rasgam
através de mim.

E seu pau dentro de mim? Deus. É um estranho cruzamento


entre prazer e dor com seu impulso inicial, no momento em que
enrijece e seu corpo congela, lentamente se transforma em um
prazer doloroso.

— Eu... te machuquei? Você fez um som.

Estendo a mão e cara, isso parece um esforço, porque pareço


uma borboleta presa a uma placa de cortiça, bem,

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uma versão excitante. É como se eu fosse uma massa de nervos
concentrados ao redor da sua penetração.

É incrível.

— Jo-see?

Ah merda. Haeden quer uma resposta e aqui estou, toda


dopada com endorfinas.

—Estou maravilhosa — respiro, um sorriso eufórico curvando


minha boca.

— Preciso... me mexer — o homem avisa com uma voz


estrangulada. Seu quadril moe contra o meu, só um pouco, como
se tentasse desesperadamente conter para não ir à cidade comigo.

— Faça, confio em você — encorajo. Coloco as mãos nos


grandes ombros e aperto as pernas com mais força no seu quadril.
Assim, o tamanho e a maior parte dele contra mim são enfatizados
e se fosse qualquer outra pessoa, teria uma preocupação real com
minha segurança em seus braços. Entretanto, é Haeden, o homem
que prefere morrer antes de me machucar, sei que estou segura.

É como se minhas palavras fizessem a represa estourar e seu


controle voasse pela janela. O homem geme alto e o quadril pula
contra o meu. É um impulso forte e duro do seu pênis dentro de
mim e logo estou gemendo tão alto quanto ele, porque no momento
que penetra? Não apenas sinto cada crista arrastando para frente
e para trás dentro de mim, esfregando contra minhas paredes,
como também seu esporão roça contra o clitóris.

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E Haeden se move novamente e de novo. Cada impulso
tornando-se mais rápido até que bate em mim. E é incrível. Meus
gemidos se transformaram em pequenos gritos e estou perdida no
turbilhão de sensações. O mundo inteiro se resumiu a esse
momento, exatamente a esse lugar onde nossos corpos se unem e
todo o prazer explode de uma só vez. Enquanto me come, é como
se todo ponto sensível do corpo fosse provocado ao mesmo tempo
e é demais. Outro orgasmo empolgante dispara através de mim e
grito seu nome, as unhas cravando nos seus ombros. Sinto minha
boceta apertando seu pau como um torno e em algum lugar no
borrão do prazer, ele grita meu nome com uma voz rouca e meu
piolho cantando com o dele tão alto que é como se um trem de
carga corresse pela caverna. E continuo passando por toda essa
cacofonia de som e felicidade, repetidas vezes, orgasmo após
orgasmo.

Tenho certeza de que desmaiei neste ponto.

Em algum momento, recupero os sentidos e noto que estou


deitada de costas, ainda ofegante. O corpo molhado de suor e o
veludo quente que é a pele de Haeden está grudado no meu. O
grande corpo está esmagando o meu nas peles e é estranhamente
delicioso. Meu companheiro? Beijando meu pescoço e os piolhos
ronronando suavemente em nossos peitos.

— Uau, possivelmente você retirou minha consciência.

— Eeee?

— Nada. Foi bom para você, amor?

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Haeden exala profundamente e apoia em seus ombros para
me observar. Constato que ainda posso ter a longa trança enrolada
em uma das mãos ou o que resta dela. Acho que há mais cabelos
soltos do que na sua trança neste momento e este é o Haeden mais
bagunçado que já vi, suado, corado e o cabelo comprido está por
toda parte e isso me faz sorrir.

— Foi... agradável.

Uau. Elogios comedidos? Franzo o cenho e percebo que falei


sobre amar o cara no meio de tudo e só grunhiu para mim. Talvez
não tenha ouvido.

— Eu te amo, sabia.

Haeden estreita os olhos como se dissesse algo intrigante.

— Claro que ama. Somos companheiros.

— Está falando sério? Simplesmente confessei meu amor e


você está todo nem aí sobre isso?

— Eu o quê?

Começo a contorcer debaixo dele, não é uma tarefa fácil já que


seu pau épico ainda está duro e enterrado dentro de mim e é
incrível.

— Saia de cima de mim. Estou de saco cheio aqui — grito,


tentando fugir.

— O quê? Por que está brava? — o homem


me agarra e segura embaixo dele, toda a minha

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contorção faz com que todas as partes sensíveis de menina liguem
novamente.

— Por quê? Porque falei que o amo e age como não fosse nada!
“Os companheiros se amam” e tudo o que tenho a dizer é besteira!
Observei Asha e o modo que trata Hemalo! Ela não o suporta. Não
ficaria surpresa se transasse com alguém só porque quer irritar
seu companheiro! Ou que tal Zalah, hein? Ela te amava? Você a
amou? Porque ressoou da mesma forma que ressoou comigo! —
bato com a mão no ombro dele.

O rosto denota surpresa e endurece, um lampejo de raiva


surge e aquele olhar horrível e morto retorna. Ele sai de cima de
mim e vai para o fogo, sinto uma dor de vazio no momento que seu
falo abandona o meu corpo. O homem cutuca o fogo com um osso
comprido e me ignora.

Ao invés de estar brava, compreendo que estraguei tudo. Eu


me sinto culpada e horrível como se esmagasse tudo o que
tínhamos com o pé. Joguei Zalah na cara e foi um puta golpe baixo.
Odiaria se Haeden fizesse o mesmo comigo, esfregasse os pais
adotivos que esgueiraram na minha cama, os caras com quem
dormi no ensino médio quando estava desesperada para alguém
me amar ou o alienígena que me estuprou na nave. Minha história
com sexo é muito longa e péssima. E, no entanto, ataco a única
pessoa que me desejou e amou, tudo porque não disse as palavras
certas no momento em que queria ouvi-las.

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Analiso Haeden, as costas rígidas, o rabo imóvel, exceto pelo
pequeno movimento do final perto das peles. Puxo os cobertores
em volta do peito.

— Sinto muito. Não precisaria ter dito isso. Eu só... realmente


necessito que expresse o quanto sou desejada e amada. É dolorido
para mim, durante a infância fui negligenciada, ainda assim nada
justifica o meu ataque.

O homem lentamente abaixa o osso, vira com os olhos


desconfiados e uma carranca irritada. Estremeço, esperando uma
bronca de quão chateado está, não obstante apenas caminha em
direção às peles e senta ao meu lado. Permanecemos em silêncio
por um longo momento e então ele conversa.

— Na ocasião em que a garra do céu a puxou e voou para


longe, imaginei que o meu mundo acabou. Coloquei a lâmina no
peito e estava pronto para segui-la para o próximo mundo.

Engulo e concordo.

— Não tive a mesma atitude por Zalah e não o faria por mais
ninguém. Só por você, Jo-see — sua voz é dolorosamente suave.

Começo a chorar e lágrimas escorrem pelas bochechas.


Concordo novamente, porque o que mais posso declarar? Está
certo, procurava palavras quando sempre foi um homem de ações.
Palavras são fáceis de dizer, todavia ações são tudo.

Haeden estende a mão e gentilmente enxuga as lágrimas.

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— Nunca possui uma companheira antes, Jo-see. Nem
sempre farei a coisa certa ou darei as palavras que necessita.
Apesar disso, se sair deste mundo não viverei muito, porque não
existirei sem você — meu companheiro garante, segurando meu
queixo e forçando a olhar nos seus olhos.

Comecei a chorar e o abracei. Quem precisa de palavras


quando tem um cara como Haeden?

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Capítulo 19
Haeden

Uma semana depois

A ressonância canta por muitos, muitos dias através do nosso


corpo. Possivelmente passamos por tanto tempo em negação que
agora insiste em acasalamentos regulares para alimentar a
necessidade de Jo-see carregar meu kit. Fico feliz em cumprir.
Acasalar com minha fêmea é uma alegria e enchê-la com minha
semente também preenche meu coração. Exploramos um ao outro
ao longo dos dias, aprendendo o que faz o outro despertar. Aprendo
que os tornozelos de Jo-see são muito sensíveis assim como suas
abundantes tetas, que insiste serem bem pequenas. Aprendi que
quando começa a repetir meu nome, sua boceta ordenha o pau
duro, o prazer dobra e também que minha companheira adora me
acordar com a boca no meu pau. Descaradamente, gosto também.

Depois de duas mãos nos dias em que não realizamos nada


além de dormir, comer e acasalar, estou pronto para sair da
caverna e voltar para casa. Essa caverna caçadora é suficiente,
contudo é apertada e os ventos sopram direto, o que faz minha
pequena companheira tremer junto a mim. As

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peles precisam de um bom arejamento após repetidos
acasalamentos e o estoque de ração está acabando. Sempre posso
caçar, só que me preocupa abandonar Jo-see sozinha por longos
períodos de tempo. Toda vez que cogito deixá-la, recordo da garra
do céu que a arrebatou e por isso retorno para a caverna e abraço
Jo-see com toda a minha força. E... acasalamos freneticamente
mais uma vez.

Temos que retornar às cavernas tribais. Se Har-loh e Rukh


ainda não enviaram caçadores em busca da nossa trilha, a tribo se
preocupará por não retornarmos da caverna dos anciãos e devo
adverti-los sobre as garras do céu que apareceram. Raahosh leva
sua companheira Leezh para caçarem juntos e devem ter cuidado.

Acima de tudo, precisamos resgatar as fêmeas das vagens.


Minha pequena fêmea me lembra disso diariamente, mas nunca
esqueci. Só não a colocarei em perigo para salvá-las.

Enquanto minha companheira dorme, a bochecha


pressionada no meu peito, acaricio a crina macia e penso em
maneiras seguras de retornar para a tribo. Ainda tenho pesadelos
com Jo-see sendo arrebatada novamente. Considero um trenó,
ainda assim pode facilmente ser arrancada durante a caminhada
e não a deixarei sozinha na caverna enquanto retorno, ainda
estamos à dois ou três dias de viagem lenta das cavernas tribais.

Então pondero.

A pequena fêmea faz um barulho suave de acordar e cutuca


meu peito. Meu pau endurece e o khui desperta.

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A dolorosa urgência se foi e espero que isso signifique que o kit
esteja crescendo dentro do corpo de Jo-see. A ideia me enche de
prazer e terror, devo levá-la com segurança à caverna. Minha
própria segurança não é nada comparada à dela.

— Amanheceu? — Jo-see murmura. Ela não levanta, só joga


um pequeno braço sobre o meu peito e esconde o rosto na dobra
do meu ombro como um kit. Divertido, imagino ficando de pé e
observando se rasteja sobre mim e segura com os braços em volta
do meu pescoço para que a carregue.

Meus olhos arregalam.

Essa é a solução.

— Nós estamos indo para o quê? — a boca de Jo-see abre em


choque no momento que coloco suas coisas na minha mochila e a
levanto por cima do ombro.

— Vou carregá-la como um kit. Fiz até um embrulho —


explico. Ela encolhe uma das peles ao redor, preparando para
viajar. Uma ponta fica no chão porque a pele foi feita para caber no
meu corpo maior, então aproximo e arrumo.

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— Vai me carregar como um bebê? Por quê?

— Porque é pequena e fácil de transportar. Durante o tempo


em que estiver amarrada ao meu peito, não me preocuparei com a
garra do céu puxando-a do chão e a devorando — trago o pelo para
frente, fazendo um capuz para sua crina.

— Mas...carregando?

Concordo e enrosco as peles cheias de água no meu pescoço,


colocando no meu cinto. Então pego o longo pedaço de pelo que
costurei em outro e ofereço uma ponta.

— Colocarei isso ao redor e enfiarei no meu cinto.

— Oh! Deus, fez até um transportador de bebê! Você não está


brincando.

— Não estou.

Pouco tempo depois, os braços de Jo-see estão em volta do


meu pescoço, as pernas no quadril e o pelo enrolado firmemente
ao nosso redor, prendendo-a ao meu peito. As bochechas estão
vermelhas e contorce contra mim de uma maneira que imagino até
onde conseguiremos viajar. Sinto a boceta descansando contra o
meu pau através das peles e meu khui começa a cantarolar.

Jo-see está segura assim e seu peso não é nada, caminharei


com o pau doendo na tanga, já não fiz por mais do que uma volta
da lua?

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Dou alguns passos, ela respira um pouco e se apega mais
apertado, as tetas pressionando no meu peito.

— Isso é... muito pessoal, não sei ao certo se a sua ideia é boa
ou ruim — diz ela com um tremor na voz.

Também não tenho certeza, só que isso a manterá segura.

Partimos da caverna, meu andar desajeitado, porém seguro.


Uma neve fresca caiu e os passos rangem a cada aterrisagem das
botas. Tudo isso apenas confirma que minha decisão é boa. O ar
está fresco e refrescante e mesmo assim Jo-see estremece. Está
mais frio que o normal, o que significa que as garras do céu estarão
famintas procurando presas. Não minha companheira. Hoje não.

Aumento a velocidade, um braço apoiado no seu traseiro para


segurá-la no lugar. O rosto está pressionado perto do meu e está
calada, não parece feliz sendo carregada. Estou satisfeito com
minha decisão, posso andar mais rápido e Jo-see está segura. Isto
é o melhor. Corro um pouco, ansioso para chegar na tribo e levar
minha companheira para nossa caverna.

As mãos da minha pequena companheira seguram meu colete


de couro com força e ela geme, enterrando o rosto no meu pescoço.

— Jo-see? — a chamo e paro.

— Estou bem, continue.

As palavras são confusas, o corpo está tenso contra o meu, eu


sinto, e finge o contrário? Isso preocupa,
entretanto devemos deixar a segurança da

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caverna e começar a jornada para casa. Jo-see não pode se
esconder para sempre e não a deixarei. Então pressiono uma das
minhas mãos na parte inferior das suas costas, a outra apoiando
seu traseiro sem cauda e continuo o trajeto.

A neve plana e aberta muda para árvores finas e um penhasco


distante alinha-se às margens de um vale. No horizonte, há um
rebanho de dvisti e a neve remexida indica que vieram dessa
direção. Passo a seguir o rebanho, pois será mais fácil para uma
garra do céu pegar um kit de dvisti do que um humano e,
independentemente, não permitirei que minha companheira
caminhe.

Os braços apertam forte o meu pescoço e geme novamente, as


coxas tremem ao redor do meu quadril e uma onda de luxúria
aperta. Um segundo depois, experimento seu cheiro no ar.

Minha companheira está excitada?

— Jo-see?

— Eu sei, desculpe. Eu só... essa posição é realmente


selvagem. Cada passo que dá me empurra de encontro ao seu pau.
Tentei suportar em silêncio, todavia por que tem que ser tão
gostoso? — murmura contra meu pescoço e lambe a pele.

Quase tropeço. Meu pau endurece ao mesmo tempo e meu


khui, quieto até agora, começa uma música alta e insistente. A
necessidade de reivindicar minha companheira domina mais uma
vez. Não conseguiremos viajar se persistir e é um
problema que estou muito ansioso para

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resolver. Procuro algo para apoiar minha companheira e, não
encontrando nada adequado, começo a desfazer a cintura da calça.

— O que está fazendo? — ela engasga e mexe.

— Darei prazer a minha companheira. Mantenha seus braços


apertados em volta do meu pescoço.

— Oooh, estamos parando?

— Não.

Pelo menos é a minha esperança, liberto o pau dolorido e as


perneiras caem para as coxas. Uma risadinha sem fôlego escapa
dela.

— Não chegaremos longe com suas calças nos joelhos.

— Silêncio — peço, beliscando o lóbulo da sua orelha.

Gosto de tê-la junto a mim assim, não a supero desta


maneira. Os rostos estão juntos, como em nossas peles à noite. Eu
me atrapalho com sua túnica para encontrar as cordas das
perneiras e sua mão empurra a minha para que se liberte. Jo-see
empurra o material para baixo, não muito longe, as pernas abertas
me segurando não permitem que o couro ceda muito.

Não importa, sinto a boceta quente e cheiro seu perfume no


ar. Lambo o pescoço macio, pegando meu pau na mão e guiando
em seu calor. Penetro facilmente, minha companheira está
molhada e ansiosa. Jo-see geme quando entro, suas coxas apertam
e grita meu nome. É um ajuste emocionante. O

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menor movimento de balanço do meu quadril a faz bater no meu
pau, o esporão desliza através da boceta, atingindo o terceiro
mamilo que a faz gritar de tanto tesão.

— Droga — Jo-see respira no meu ouvido e tenta levantar o


quadril em um salto desajeitado. Ela quer mais.

Agarro o corpo, ancorando em mim e empurro com


movimentos pequenos e rápidos, minhas mãos a puxando para
baixo no meu pau com cada impulso para frente do meu quadril.

Ela grita de novo e gruda no meu pescoço enquanto nos


movemos juntos. Jo-see não dura muito e eu também não. O khui
nos deixa desesperados com a necessidade, uma vez que começa a
gozar e a boceta aperta ao meu redor, empurro mais forte,
liberando dentro dela com uma ferocidade que surpreende.

Cada vez com a minha Jo-see, é melhor. Não importa quão


rápido ou devagar, ardemos um para o outro e é sempre, sempre
bom. Abraço Jo-see, segurando-a enquanto recupero o fôlego.

— Ufa, foi intenso e incrível. Quem diria que existe algo


positivo em ser carregada — ela afirma, com um olhar atordoado e
beijando minha boca.

— Não, é que minha fêmea é insaciável por seu macho.

A pequena engasga, ri e dá um tapa debochado no meu


ombro.

— Não coloque a culpa em mim, seu


chauvinista!

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Não conheço a palavra choo-vih-nistaa, contudo o significado
é claro, assim como o sorriso no seu rosto.

Dou-lhe um carinho afetuoso e a tiro do meu pau. Estamos


pegajosos com a nossa libertação, então pego um punhado de neve
do chão e nos limpo, apesar dos gritos de protesto. Com uma das
mãos, amarro meus cadarços novamente. O nó não é tão firme
quanto poderia ser e não ligo, suspeito que, devido ao zumbido
agradável dos khuis, isso ocorrerá mais vezes. Deixo as perneiras
de Jo-see desamarradas.

Uma vez que os couros estão presos ao nosso redor, coloco


minha leve companheira de volta nos braços e continuamos.

No momento em que chegamos ao vale seguinte, Jo-see mexe


junto a mim e ouço seu khui cantar novamente.

— Minha companheira? Precisa do seu macho de novo?

— O quê? Não! Estou bem! Ignore.

Muito bem. Continuamos.

— Oooh — Jo-see geme pouco tempo depois.

— Precisa do seu macho? — repito a pergunta. Meu pau já


pronto.

— Ainda não! — continuo caminhando e ela acrescenta: —


Talvez.

Quando chegamos ao cume seguinte, o


'talvez' se transforma em um sim.

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Não viajamos muito longe naquele dia, apesar disso é a viagem
mais agradável que já desfrutei e minha companheira está muito
satisfeita no momento em que paramos para passar a noite.

Josie

— Avisto a caverna no horizonte. Minha companheira deseja


caminhar ou continuo a carregando — Haeden murmura no meu
ouvido.

— Preciso andar — comunico, sufocando um bocejo.

Estou exausta. Entre a maratona de cinco longos dias de


viagem, paramos regularmente para fazer sexo graças à posição
embaraçosa, e deliciosa, em que Haeden me carrega.

Tenho certeza de que transamos mais na última semana do


que em toda a minha vida. Não tenho do que reclamar, embora
acho que estou pronta para uma pausa na viagem.

Será bom retornar à caverna onde os outros ajudam quando


você está cansada demais para fazer tudo sozinha, onde há outras
mulheres para conversar no momento em que os caras vão caçar e
também há um batalhão de bebês para abraçar e beijar.

Em breve o meu será um deles. Calor me inunda com o


pensamento e aperto o pescoço de Haeden com força, pressionando
um beijo na bochecha.

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— Eeeh? Mais uma vez antes de chegarmos às cavernas,
pequena fêmea insaciável? — o homem fala e desfaz o nó das suas
perneiras.

— Espere, não quis dizer isso — protesto. No momento em


que belisca minha orelha daquela maneira gostosa, decido que
mais uma brincadeira não fará mal. — Só uma rapidinha —
emendo, tirando as roupas.

Haeden afunda em mim e trabalhamos rapidamente. Descobri


que agarrar a frente do colete para ancorar e deixá-lo fazer todo o
trabalho pesado funciona melhor. A gravidade faz o resto e, em um
ou dois minutos, estou mordendo o lábio e gozando com tanta força
que vejo estrelas.

— Minha companheira, minha Jo-see... — ele sussurra


possessivamente.

— Ho! Haeden? Jo-see — grita uma voz distante.

Grito e afasto de Haeden. Oh meu Deus, alguém nos verá


transando e a fofoca estará por toda a caverna.

— Querido, vão nos ver — murmuro em seu ouvido.

— Preciso de um momento — ele grita.

Meus ouvidos queimam, porém estou feliz que tenha dito


alguma coisa. Enterro o rosto contra o pescoço enquanto seu corpo
inteiro estremece com a força do orgasmo. Ele resiste uma última
vez e depois acaricia minha bochecha.

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— Deveria colocá-la no chão.

É doce que soe estranhamente relutante em fazê-lo. Pressiono


um beijo no seu rosto e, em seguida, lentamente afasto.

— Te amo, meu querido.

Haeden ainda não entende minha necessidade humana de


dizer o que acha óbvio e quando agarra um punhado do meu cabelo
e dá outro beijo feroz, de tirar o fôlego, entendo que quer dizer o
mesmo.

Ajeitamos nossas roupas e Haeden me esconde sob seu braço


protetor, embora tenho certeza de que nenhuma garra do céu
chegará tão longe nas montanhas, e nos dirigimos ao encontro do
caçador que espera por nós. Para meu alívio, a grande forma azul
no horizonte nos deu algum espaço e voltou pelos caminhos
cobertos de trilhas que levam à caverna tribal. Há uma nuvem de
fumaça no horizonte e sinto uma estranha pontada de felicidade
ao vê-la. Cogitei ir embora e nunca mais retornar, muita coisa
mudou em algumas semanas.

Acaricio minha barriga imaginando se mudou ainda mais do


que imaginava, realmente espero que sim. Penso no bebê de
Haeden no meu ventre, em nós como família e estremeço de
felicidade.

Meu companheiro me puxa para mais perto e estica as peles


sobre o meu peito.

— Frio? Chegaremos logo em casa.

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— Estou bem. Prometo — envolvo o braço ao redor da sua
cintura, pegando seu rabo.

— Está ansiosa?

Considero isso. Volto para casa fracassada em minha missão


de derrotar o piolho e também estou muito contente por não ter
funcionado. Todos nos assistirão como falcões para ver como
reagimos um ao outro. Idealmente, gostaria de mais um mês a sós
com o meu homem, tirar um pouco mais do frenesi dos nossos
corpos e me dedicar a vida de casal, contudo continuo recordando
daquelas duas garotas nos territórios dos metlak e das garras do
céu. Necessitam de um resgate. E de verdade, lidarei com algumas
pessoas sorrindo, porque finalmente transei.

— Nervosa não, e você?

Ele bufa como se a pergunta fosse ridícula e dou risada.

— Ho! — o outro chama novamente ao aproximarmos,


levantando a mão. Percebo pelo cabelo longo, liso e no tom azul
que é Salukh, companheiro de Tiffany. De repente, estou ansiosa
para ver minha melhor amiga. Até Tiff acasalar com Salukh, era
minha colega de quarto desde o primeiro dia no planeta gelo e senti
mais sua falta do que qualquer outra pessoa.

Cumprimento de volta.

Ele corre em nossa direção e vejo a surpresa em seu rosto ao


observar o braço de Haeden nos meus ombros. Acho que é um
pouco surpreendente nos ver tão aconchegados e,

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estranhamente, nem ligo. Estou feliz e ninguém estourará minha
bolha.

— É bom vê-los. Estávamos preocupados, creio que se não


retornassem em outra lua, o chefe enviaria uma busca — comenta
Salukh ao aproximar. Inclina para dar um tapinha no ombro de
Haeden e sorri para mim.

— Jo-see está segura comigo. Vektal não mandaria ninguém


porque sou um bom caçador e não há necessidade de resgate —
Haeden soa irritado.

Salukh apenas sorri calmamente e pega a mochila


sobrecarregada de Haeden, jogando sobre o ombro.

— É claro — assim que Salukh é, tranquilo. Nada o incomoda.

— Como está Tiff? Tem muito enjoo matinal? — indago ao nos


dirigirmos para a caverna.

— Está muito bem, nenhuma doença matinal.

— Aquela vadia, era de imaginar. Provavelmente será a


grávida mais perfeita de todos os tempos — sorrio. Tiffany é a
perfeição em pessoa, linda, inteligente, talentosa e simpática. Caso
não a amasse como a irmã que nunca tive, a odiaria.

— Não aos meus olhos — retruca Haeden, um pouco mal-


humorado, como se o próprio pensamento o irritasse.

E isso me deixa ainda mais feliz. Dou um pequeno aperto na


sua cauda, o que, ok, provavelmente o excita.

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Chegamos à caverna, os aromas de fumaça e carne assada,
as conversas das pessoas e o choro de um bebê me enchem de
alegria.

— Oh meu Deus, Josie e Haeden! — alguém grita.

Um momento depois, estamos cercados por pessoas


determinadas a nos abraçar e cumprimentar. Estou presa em uma
onda de pessoas, ao mesmo tempo em que Nora, Stacy, Ariana,
Megan e Georgie revezam me abraçando. Liz surge em seguida e
coloca seu bebê nos meus braços.

— Porque vai querer ver Raashel antes da mãe, certo?


Consegui essa prática — sorri.

— Pode ser — coro.

— Oooh, alguém selou o acordo! Não escuto mais seu piolho


cantarolando como um trem de carga— Liz inclina e coloca a mão
na orelha.

— Caramba, Liz, por que você não é óbvia sobre isso? —


afirmo sorrindo. Raashel parece maior do que a última vez que a
vi, uma mecha grossa de cabelo preto espetado e preso em um
pequeno laço de couro no topo da cabeça. É tão fofinha.

— Você não sabia? Óbvio é o meu nome do meio! Estou


contente que voltou e correu tudo bem — Liz me abraça.

— Como tem certeza de que tudo deu certo? — questiono,


curiosa. Nem tive a chance de contar muita coisa.

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— Porque vocês são dois patetas sorridentes? E Haeden olha
como se quisesse agarrá-la pelos cabelos e arrastá-la para a sua
caverna, estilo neandertal?

Procuro o homem e o vejo lançando um olhar ardente, mesmo


no momento em que os outros caçadores o cumprimentam e
tagarelam em sua orelha, coro novamente.

Tiffany, Kira e Harlow aparecem, a última veio para a caverna


principal na esperança de que eu voltasse. Recebo bebês para
abraçar, admiro a barriga de Megan que está perto de dar à luz e a
de Claire que começa a aparecer, todas as garotas não param de
falar e abraçar. É maravilhoso.

Tenho conhecimento de que somos uma família, afinal, nós


doze. Nunca tive uma no passado e é como se o destino
providenciasse uma, cheia de pessoas diferentes.

Estou tão feliz que choraria, como isso aborreceria Haeden,


apenas sorrio para todos e abraço os bebês.

— Então, o que fez você fugir? E trouxe meu disco de vidro?


Preciso para o próximo cortador de pedras — Harlow pergunta,
entregando o pequeno Rukhar para chamar minha atenção.

— Está na bolsa, quanto à fuga é uma longa história. Olhe


para você, Rukhar! Está crescendo! — a aviso e beijo a pequena
bochecha azul de Rukhar. De todos os bebês, é o menor e também
o que mais aparenta ser sa-khui.

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Como se para provar que não cairá na minha tentativa
desajeitada de mudar de assunto, Rukhar agarra um punhado do
meu cabelo e puxa, borbulhando. Estremeço e me separo do seu
pequeno punho.

— Estou feliz que voltou, embora começasse a perguntar se


retornaria. Você pode ser um pouco... teimosa.

Sorrio, mesmo que o punho de Rukhar tenha arrancado


vários fios de cabelo pela raiz.

— Não era o planejado inicialmente.

— O que a fez mudar de ideia? — quer saber Kira.

Ah merda. Ninguém mais tem conhecimento sobre as outras


garotas ainda ou que encontrei a nave acidentada. E Kira... se
descobrir que havia outras cápsulas, inclusive quebradas, ficará
arrasada. Ela derrubou a nave matando a tripulação e, embora não
derramei uma lágrima pelos bastardos assassinos, estupradores e
sequestradores, tudo muda no momento em que descobrimos que
havia humanas a bordo.

— Huumm, é uma história longa e provavelmente deveria


contar primeiro ao chefe.

Georgie dá um passo à frente e entrega seu bebê a Liz.

— Buscarei Vektal. Nos encontramos na minha caverna?

Concordo e dou outro beijo em Rukhar antes de devolvê-lo


com relutância. Meu estômago está embrulhado,

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a descoberta de mais duas garotas é uma faca de dois gumes. Por
um lado, ainda existem muitos homens solteiros na tribo que
adorariam a chance de constituir uma família, e por outro, me
questiono como afetará a pobre Kira. Lembro também das recentes
brigas pela atenção de Tiffany, essas pobres meninas serão
assediadas. Nada disso justifica que não devemos resgatá-las, é
claro.

Observo Haeden, parado a uma curta distância com outros


três caçadores, conversando em voz baixa. Nossos olhares cruzam
e olha possessivamente, como se já tivesse terminado com toda
essa coisa de 'reunião' e mal pudesse esperar para me arrastar de
volta à nossa caverna. Rapaz, Liz não estava errada.

Afasto dos outros, caminhando em direção à caverna que


Georgie e Vektal compartilham. Haeden imediatamente vem ao
meu lado e me sinto ardente de prazer quando se junta a mim.

— Falei para Georgie que precisamos conversar com ela e


Vektal em particular sobre a nave e as meninas. Temo que isso
perturbará Kira.

— E os homens não acasalados desejarão partir na esperança


de reivindicar uma das mulheres. Alguns deles perderam a
esperança agora que é minha. Terão que aguardar longas
temporadas até Farli atingir a maioridade ou mais para Esha, Talie
e os outros — Haeden conversa e acaricia minha bochecha.

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Considerando que Talie é uma recém-nascida e Farli
provavelmente tem treze anos? Sim, é muito tempo.

— Então, o que faremos?

— Levamos ao nosso chefe e deixamos que cuide disso, a


responsabilidade será dele e não nossa.

Provavelmente seja egoísta, mas estou feliz. Estou cansada de


todo esse drama e os encargos. Só desejo aconchegar com o meu
companheiro perto do fogo e relaxar.

Chegamos na caverna e ninguém está dentro, o que significa


que Georgie ainda procura o companheiro. A mão grande de
Haeden alisa meu cabelo, como se precisasse desesperadamente
me tocar. Compreendo, é estranho estar novamente cercado por
todas essas pessoas depois de semanas sozinhos e ainda haverá
uma festa hoje à noite para comemorar o nosso acasalamento. As
pessoas nos assistirão e farão perguntas pelo próximo tempo,
porque são curiosas. Voltaremos para resgatar as meninas, porque
somos nós que sabemos a localização. Tudo isso só me cansa.

Os dedos de Haeden enroscam nos meus e, mesmo que seja


um pouco estranho já que tenho mais dedos, ainda é muito bom.
E contanto que esteja ao meu lado? Estou pronta para qualquer
coisa.

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Capítulo 20
Haeden

Jo-see contou sobre a nave estranha e as vagens que


encontrou, ela descobriu e por isso compartilha. Mesmo que não
fosse, estou contente em ficar ao seu lado e simplesmente observá-
la conversar com Georgie. Minha companheira está entusiasmada,
colocando uma mecha da juba macia atrás da orelha enquanto
gesticula com as mãos. A voz fica alta ao falar, como se mais alta
as palavras mais rapidamente fluíssem, tal fato no passado
incomodava, atualmente, acho divertido. Toco em sua perna para
que perceba que conversa alto, sorri para mim e diminui o tom,
estou orgulhoso por minha companheira. É perfeita.

— Mais duas fêmeas como você e Georgie? Estou contente. Os


machos sem companheiras ficarão satisfeitos. Por que seria um
problema? — Vektal observa curiosamente Jo-see.

— Porque todos daquela nave foram mortos e não sei qual será
a reação de Kira — explica Jo-see, olhando para mim novamente.

— Ela não ficará feliz por salvarmos duas mulheres? — Vektal


encolhe os ombros e esfrega o queixo, observando.

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Meus pensamentos são os mesmos que os dele, todavia
Georgie olha para seu companheiro.

— Acho que é mais complicado, posso explicar para Kira.


Provavelmente, também queira ir com os caçadores na jornada
fazer penitência pelos seus crimes, embora não sinto muito por
morrerem, considerando o que fizeram conosco. Apesar disso, ela
pode entender diferente de nós.

— Essa é uma boa ideia, também irei — Jo-see expressa.

— Não! — rosno.

Os três viram para mim.

— Não? Como assim, não? — Jo-see franze a testa.

— Eu disse não. Ficará aqui na segurança da caverna e eu irei


— retruco, ignorando sua demonstração de raiva.

— Você não é o meu chefe. — Jo-see tira a língua para fora e


mostra para mim fazendo um ruído thbbt.

— Sou seu companheiro, o companheiro que a tirou da


barriga de uma garra do céu — afirmo uniformemente, fazendo o
possível para ser severo e falhando. Um sorriso curva minha boca
no momento em que Jo-see coloca a língua para fora novamente.

— Espera o quê? — Georgie interrompe assustada.

— Garras do céu? — a expressão de Vektal escurece.

— O frio os levou pelas montanhas.

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— Nenhuma mulher vai, somente os maiores e mais fortes
caçadores — determina Vektal firmemente.

— O que diabos é uma garra do céu? E como Josie acabou na


barriga de um? — Georgie diz.

Jo-see olha frustrada e dá uma breve explicação sobre a garra


do céu e como cortou a barriga e caiu nos meus braços. Ela
estremece enquanto conta e acaricio, confortando-a. Compreendo
suas más lembranças, ainda acordo à noite com pesadelos da
minha companheira sendo arrancada dos meus braços.

— Entendo que é perigoso, apesar disso... — Georgie protesta.

— Não — Vektal interrompe, cruzando os braços sobre o peito.


Olha para mim e aceno com a cabeça lentamente. Sobre isso,
estamos de acordo. É muito perigoso enviar uma mulher,
especialmente um dos pequenos seres humanos.

— Nem ouviu o que tenho a dizer — Georgie retruca.

— Já sei o que dirá, minha ressonância. Que uma fêmea


humana precisa ir e continuarei discordando. Acredita que estou
errado e não estou, é perigoso. Se o que narraram é verdade, quase
perdemos Jo-see. Não perderei outra humana e nem uma mãe com
kit.

— Tudo bem, se já entendeu tudo, quem enviará? — indaga


Georgie, com raiva.

— Haeden irá — Vektal informa.

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Aceno para o meu chefe. Claro, será frustrante abandonar
minha companheira, entretanto também deseja que as fêmeas
sejam resgatadas, não há escolha.

— Enviaremos machos não acasalados, pois não nos darão


descanso a menos que o façamos. Então Hassen, Bek, Rokan,
Taushen, Harrec e Vaza se aceitar ir.

As sobrancelhas de Georgie erguem e assente como se


estivesse impressionada.

— E qual desses homens abrirá as cápsulas para libertar as


mulheres?

Vektal abre a boca para responder e faz uma careta para a


sua companheira.

— Exatamente, necessita de uma humana. Será menos


assustador se outra humana estiver presente e conseguir
conversar com elas.

— Nós falamos a língua humana...

— Você fala inglês. E se forem espanholas? Francesas?


Marlene é francesa, lembra? Temos sorte de também saber inglês.
De qualquer forma, não importa. O importante é que, ao chegar lá,
precisará de alguém capaz de abrir a cápsula. Precisa de uma
humana. É perigoso? Sim. Isso precisa ser feito? Absolutamente.
Ah, e também não pode enviar todos os caras solteiros, porque
assustarão eternamente essas pobres meninas — Georgie cruza os
braços sobre o peito, imitando seu olhar furioso.

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A expressão de Vektal endurece enquanto observa sua
companheira. Depois de um momento, vira para nós.

— Precisamos conversar em particular.

— Diga quando sairei, chefe. Estou pronto — concordo,


ficando em pé.

— Não sem mim — Jo-see protesta. Ela levanta e a levo para


fora da caverna.

Caminho para a nossa caverna nos fundos do novo túnel e


minha companheira marcha expressando sua infelicidade por
nossa repentina separação, estou satisfeito, mesmo que não anule
a necessidade de mantê-la segura. Permanecerá na caverna tribal,
essa é a solução.

As pessoas observam com curiosidade durante o trajeto até


nossa caverna, Jo-see briga comigo e seguro sua mão. Estou
sorrindo e deduzo que vários membros da tribo estão tão surpresos
com isso quanto por continuar ouvindo o fluxo interminável de
palavras raivosas. No passado, fizemos o possível para ignorar um
ao outro.

Bem, no passado, Jo-see não era minha companheira. Não


tentei conhecê-la como faço agora.

— Você não me ouve — Jo-see declara assim que entramos


na nossa caverna. Transformei em uma casa aconchegante para
nós, mesmo que não ficasse comigo. A cama é cheia de peles, o
suficiente para que um sa-khui e uma pequena

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companheira humana se aconcheguem. A fogueira está alinhada
com rochas perfeitamente espaçadas e meus suprimentos estão
cuidadosamente guardados em cestas de tecido. Alguém,
provavelmente Salukh, depositou a mochila de viagem no canto.

— Estou ouvindo — comunico enquanto fecho a entrada da


caverna com a tela de privacidade, assim ninguém perturbará.

— Preciso ir...

— Não, não precisa. O chefe enviará outra fêmea e não será


você — passo para o lado da minha companheira e tiro as peles
gastas dos seus ombros. Ela usa várias camadas, retiro a primeira
e jogo de lado.

— Sou adulta, não pode controlar, Haeden. Isso é besteira —


Jo-see retruca com as mãos no quadril.

— Sou o companheiro que quase a perdeu. O companheiro


que chorará a sua morte, então não permitirei que isso aconteça —
termino de desenrolar as peles grossas ao redor do seu corpo e
retiro sua segunda capa de pele dvisti desgrenhada.

— Deveria ter algo a dizer sobre isso, você sabe — seu rosto é
infeliz.

— Não importa o que diz, tem meu kit na barriga. Não consigo
imaginar como seria perdê-la, imagina os dois — coloco a mão na
barriga lisa e encontro seu olhar.

Ela faz biquinho e sinto a vitória.

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— Levará dias para chegar e mais dias para voltar, fora o
tempo com as novas mulheres. Não quero separar de você por tanto
tempo.

Puxo-a para perto e belisco seu lábio inferior.

— Saber que estará aqui, esperando, me trará de volta o mais


rápido possível. Farei os caçadores correrem pela neve e insistirei
que as fêmeas humanas sejam carregadas como carne fresca.

Uma pequena risada relutante escapa.

Beijo sua bochecha e depois a mandíbula. Minha suave e doce


Jo-see gosta de ser beijada em todos os lugares e estou muito feliz
em agradá-la.

— E não levaremos Vaza, porque é velho. Só teremos machos


jovens, fortes e qualquer mulher humana que tenha as pernas
mais longas. E todas as noites após um longo dia de corrida,
reclamarão que os dirijo demais e não importará, porque a única
coisa que importa é retornar para a minha companheira.

— Tudo bem, embora não permito explorar a ilha sem mim,


ok? — Jo-see suspira e envolve meu pescoço com os braços.

— Não irei a lugar algum que não precise. Por agora, desejo
ficar aqui e dormir com a minha companheira — puxo os laços da
sua túnica.

— É o meio do dia, Haeden!

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— Um excelente momento para desfrutar de ressonância, não
é?

Sua mão segura meu pau através da tanga e aparentemente


concordamos.

Josie

O grupo prepara para sair na manhã seguinte e foi decidido


que irão Hassen, Taushen, Bek, Rokan e meu Haeden. Raahosh irá
acompanhá-los porque é o melhor rastreador. Inicialmente, a
humana selecionada é Claire, porém Kira deu uma dor de cabeça
em Georgie e quando o grupo se prepara para sair, são Kira e
Aehako que se juntam à equipe. Claire e seu companheiro ficarão
para trás.

Kira traz Kae para mim.

— Poderia vigiá-la enquanto não estiver aqui? Stacy a


alimentará, Kae está experimentando sólidos com um purê de não
batatas e não gostaria que Stacy faça malabarismos com dois
bebês — Kira beija a cabeça do bebê, parece chateada, porém
determinada.

— Claro. Volte depressa.

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— Oh, farei se apressarem. Não suporto deixar Kae para trás
por mais tempo do que o necessário — seu sorriso é sombrio.

— Não precisa ir — protesto.

— Necessito ver e entender — afirma Kira calmamente.

Aceno e abraço Kae. A pobre Kira ficou silenciosamente


perturbada e entendi. Quer saber quantas garotas pode
acidentalmente ter assassinado. Eu compreendo. Então, me
voluntario para ir novamente.

— Estou perfeitamente bem em ir e relatar de volta.

— Absolutamente não, está grávida — assevera Claire ao meu


lado. Ela coloca a mochila no chão, pronta para ficar.

— Você também!

— Eu também sou meio metro mais alta do que você e mais


forte — Claire aponta.

Mostro a língua, porque tudo o que fala é verdade. Claire


sempre foi quieta, ainda assim desde que acasalou com Ereven
sorri mais e representa estar muito mais alegre. Parece satisfeita,
embora não esteja viajando. Hormônios da gravidez, acho.

E tudo bem, estou empolgada com a coisa toda da gravidez.


Claire está certa, cessou minha menstruação. Pode ser o DIU
perdido recentemente ou todo o estresse da viagem. Seja o que for,
não menstruei e espero desesperadamente estar grávida.

E...ainda quero ir com Haeden e os outros.

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— E quanto às garras do céu? Aposto que podem arrebatar
Kira tão facilmente quanto a mim. Provavelmente pesamos o
mesmo.

Kira olha por cima do ombro para seu companheiro. Aehako


vai para a frente e amarra um cordão grosso na sua cintura como
um cinto e amarra a outra extremidade ao redor do próprio quadril.
Amarrado junto. Claro. Se um for arrebatado o outro será
arrastado. É uma solução inteligente e penso se Haeden
deliberadamente não fez assim porque queria me carregar.

Carregue-me, isto é, e depois faça uma pausa para foder a


cada meia hora. Pressiono uma das mãos na minha bochecha
corada.

— Ainda não é justo — protesto.

— Ficará tudo bem. Sei que é decepcionante, apesar disso irão


o mais rápido possível — afirma Claire, sorrindo
encorajadoramente para mim.

Resmungo uma resposta no momento em que Haeden surge


e meu olhar voa para meu companheiro. O homem dá água na boca
enquanto caminha pela área central, com a lança na mão. Os
movimentos são graciosos e fortes, a capa de pele sobre os ombros
é leve, pois a neve não o incomoda tanto quanto a mim. Mal
esconde seu peito forte e lembro das próximas duas semanas e
como não dormirei com a cabeça apoiada no peito duro como uma
rocha ou acordarei segurando sua cauda. Nas próximas duas
semanas, não farei sexo com meu homem ou

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ouvirei aquele pequeno bufo perverso que emite quando se diverte
com algo e também não terei o seu toque.

Vai demorar muito para passar essas duas semanas.

Dou-lhe um olhar triste quando aproxima e, para meu


desgosto, começo a chorar. Fungo, enxugando os olhos e fazendo
malabarismo com Kae.

Haeden me puxa e põe a cabecinha do bebê de lado para que


enxugue minhas lágrimas.

— Minha Jo-see. É uma viagem longa que vale a pena. Não


chore.

— É claro que chorarei, já sinto sua falta e você nem saiu! —


murmuro irritadamente.

— E retornarei para começar nossa vida juntos — sussurra


roucamente.

— Suponho que tenho um sexo de reencontro para esperar —


brinco, tentando fazê-lo sorrir. Haeden parece tão sombrio, tão
chateado por sair quanto a mim por não ir.

— E muitos fransh-bei-joo-lingua por toda parte. Até seus


tornozelos — inclina e mordisca minha orelha.

Bato no seu peito e meu piolho, o piolho mais óbvio do


planeta, ronrona alto e feliz para todos ouvirem. Alguém ri por
perto. Que se danem. É o meu companheiro e está me

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abandonando por duas semanas. Enrolo os dedos na frente do
colete e pressiono um beijo na sua boca.

— Corra rápido para casa ou jogarei você de lado.

— Traga alguém para as peles e enfiarei minha lança nas suas


entranhas — ele bufa.

Isso não deveria divertir tanto quanto diverte. Seu ciúme


mantém o sorriso no meu rosto, mesmo no momento em que nos
despedimos e os membros da tribo permanecem na entrada para
vê-los partir. O grupo começa a subir as colinas nevadas e
finalmente segue em frente no horizonte. Um corpo grande e
familiar permanece na cordilheira por um longo momento depois
que os outros desaparecem. Ele levanta a mão e levanto a minha.

Então, Haeden se foi e fui deixada na caverna com o resto.

Como se fosse uma deixa, Kae começa a chorar nos meus


braços. Sim, sei como é, Kae.

Viro e Liz está ali, segurando seu bebê. Ela olha para mim e
começa a chorar.

Meus olhos arregalam.

— Liz? Tudo bem? — estiquei meus braços para segurar


Raashel, não obstante já tenho uma Kae chorando nos braços.

Liz enxuga o rosto com um canto do cobertor de Raashel.

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— Deus, estou feliz por conter todos os soluços, gritos e ranho
até que fossem embora ou nunca sobreviveria.

Observo cautelosamente, empoleirando Kae no meu quadril


enquanto o balanço.

— Está tudo bem? Você e Raahosh...sabe, tá tudo bem? — Liz


é normalmente a gozadora, a espertinha, a brincalhona, a
inabalável. Seu companheiro saiu com os outros e admito que
estou surpresa por Liz não se voluntariar para acompanhá-los.
Claro, tem o bebê, contudo já deixou Raashel com Nora ou Stacy
antes por um ou dois dias.

O rosto dela contorce e esfrega o nariz novamente, depois beija


a testa pequena e irregular do bebê.

— Sim, somos incríveis. Apenas... se contar para


alguém...espeto você como uma besta de pena e asso sua bunda
no fogo — ela suspira e inclina.

— Minha boca é um túmulo.

Liz enxuga o rosto novamente e força um sorriso nos lábios.

— São apenas hormônios, ressoei com Raahosh novamente.


O bolo número dois está oficialmente no forno.

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Capítulo 21
Haeden

Como prometido para minha companheira, estabeleci um


ritmo contundente sobre as montanhas. Os outros não reclamam,
Raahosh está tão impaciente para voltar quanto a mim e os
caçadores não acasalados estão ansiosos para conhecer as novas
fêmeas humanas. O único descontente é Aehako, que observa sua
companheira humana com cuidado e rosna para mim quando Kira
precisa descansar, no entanto ela nunca reclama e está
determinada a continuar o mais rápido que puder.

Sinto saudades de Jo-see. Conforme os dias passam fico


obcecado com as lembranças do seu sorriso e a sensação suave da
pele contra a minha. Os pequenos sons que emite no momento em
que sua boceta aperta o meu pau. Meu khui fica mudo pela
primeira vez em uma eternidade e odeio isso. Atualmente, não há
como voltar ao estado semimorto em que me encontrava antes de
ressoar. Mesmo separados, sei que Jo-see aguarda em casa e isso
estimula meus passos.

Há sinais de metlaks e garras do céu quanto mais perto nos


aproximamos da nave abandonada. Mais dvisti meio comidos
espelham-se pela paisagem bem como algumas
carcaças de metlak. Não vemos nada nos céus

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e ainda assim Kira se achega ao seu companheiro pelo resto do dia.
Estamos sombrios naquela noite, enquanto aglomeramos perto da
caverna dos caçadores. Não é grande o suficiente para a maioria
dormir, então Kira e Aehako dormem dentro com uma pequena
fogueira e o resto vigia a entrada.

Sentamos ao redor da fogueira e a conversa é constantemente


sobre as mulheres. Que cor de juba acham que elas têm? A pele
será atraentemente escura como a companheira de Salukh ou
estranhamente manchada como a companheira de Rukh? Alguém
ressoará imediatamente? Repetidamente, os homens fazem as
mesmas perguntas. Eles me irritam, porque aumenta ainda mais
a saudade da minha doce Jo-see. Compreendo quão sortudo sou
por meu khui escolhê-la. Divago de volta à nossa caverna,
cuidando do kit de Kira, meu peito dói de prazer e o esfrego
distraidamente.

Há uma longa pausa ao redor do fogo e a conversa acaba.


Então, alguém fala.

— Acha que existem mais de duas humanas? Desejo que uma


ressoe por mim — Taushen tagarela, ansioso.

— Sou o mais velho. Se alguém deve ressoar para a fêmea


humana, sou eu — Harrec protesta mais uma vez. Eles têm o
mesmo argumento há dias.

— Sou um bom provedor. O que acha, Haeden? — retruca


Taushen.

— Não me importo.

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— Mas...

Com um rosnado, levanto da fogueira e saio. São as mesmas


perguntas, repetidas vezes e sempre me procuram por respostas.
Não tenho nenhuma, embora isso não os impeça de perguntar. Não
percebem que não ligo para as novas mulheres? Que os
abandonaria de bom grado temporada após temporada, se isso
significasse mais tempo com a minha companheira? A única coisa
que me mantém nessa jornada é o conhecimento de que minha Jo-
see as quer resgatadas.

— O que mordeu a cauda dele? — Harrec resmunga quando


pego a lança e decido patrulhar a área.

— Ressonância — afirma Taushen.

— Saudade da sua companheira e não é o único. Quanto mais


essa viagem demorar, mais tempo estamos todos fora de casa.
Espero que caminhem mais rápido amanhã — corta Raahosh. Olho
para trás a tempo de vê-lo olhar zangado para os homens.

Bufo com diversão e saio patrulhar a área.

No dia seguinte, o tempo está tempestuoso e


mais frio que o normal. Kira estremece apesar

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das inúmeras peles empilhadas e posso ver o descontentamento no
rosto normalmente sorridente de Aehako. Sua companheira
arriscou a própria segurança para ver isso feito. Flocos de neve
voam com o vento, a neve sob nossos pés fica mais profunda a cada
hora e o céu mais cinza. Raahosh, sempre à frente do grupo
observando a trilha, retorna para nos encontrar no meio da manhã
e vem direto a mim.

— Há algo que gostaria de ver.

Os outros permanecem com Kira e corro pela neve até a


próxima cordilheira. Ali, meio enterrada na neve fresca, está a
estranha caverna. A luz vermelha piscando queimou uma caverna
na neve ao redor.

Corpos dispersos de garras do céu espalham-se pelo chão


diante dele. Franzo a testa com a visão, uma sensação
desconfortável embrulhando o estômago.

— Mortos?

— Acabou de morrer. A neve está caindo grossa e apesar disso


há muitas pequenas colinas no chão. O que acha? — questiona,
gesticulando para a área perto da caverna.

Esfrego o queixo, observando como as garras do céu sujam o


chão como lascas de esterco atrás de um rebanho de dvisti.

— Acho que estou feliz por não trazer minha companheira


nesta jornada.

Raahosh concorda.

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— E eu, o mesmo. Não gosto disso. São atraídos pelo cheiro
das humanas?

— Não senti cheiro algum quando fiquei lá por muitos dias


com Jo-see.

— Metlaks?

Espio os cadáveres mortos, as asas abertas na neve e o pouco


sangue esparramado. A maioria dos corpos parece empilhada perto
da luz vermelha piscando.

— Provavelmente não? Não seriam inteligentes o suficiente


para matar tantas garras do céu. Como os puxaram para a terra?

— Não é normal e não gosto disso — Raahosh encolhe os


ombros.

Também não gosto e estamos perdendo tempo.

— Quanto mais cedo libertarmos as fêmeas humanas, mais


rápido sairemos daqui e voltaremos para nossas companheiras.

Raahosh grunhe de acordo e retornamos para contar aos


outros sobre a estranha descoberta. Aehako puxa a companheira
para debaixo do braço, claramente preocupado. Não obstante,
estamos perto e não permitirei que paremos, não quando significa
menos tempo longe de casa. Pego a lança e alerto os caçadores.

— Sigam. Todo mundo olhando para o céu e atentos.

É uma curta caminhada até a caverna


estranha e mesmo assim parece muito mais

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tempo. Nosso grupo, normalmente cheio de conversas e reflexões
dos caçadores solteiros entusiasmados, fica em silêncio. Raahosh
cutuca algumas garras do céu para certificar de que estão
congeladas de frio, os corpos imóveis. Há pouco sangue, o que é
muito estranho. Se os metlaks realmente caçassem algo tão grande
quanto as garras do céu, haveria sangue por toda parte.
Simplesmente não são caçadores limpos. Tudo isso aumenta a
preocupação que vejo em todos os rostos.

Todavia ao entrar, a caverna está exatamente como deixei, os


restos do fogo está intacto e os couros que pretendia raspar estão
em pacotes congelados na boca da caverna. Há uma fina camada
de neve que caiu e nenhuma trilha.

— Sem metlaks, porém, a neve vai piorar mais antes de


melhorar — avisa Rokan, cheirando o ar.

— Onde estão as fêmeas? Pode encontrá-las? — Hassen exige,


virando para Kira e observando ao redor da sala tipo caverna.

— Minha companheira precisa de uma fogueira e descanso,


assim que estiver aquecida novamente procuraremos as fêmeas —
diz Aehako, protetor. Mantém o braço preso nos ombros de Kira.

— Apesar disso... — Taushen avança para protestar.

— Estão aqui há temporadas, o que é mais um dia? Mais uma


hora? Acalme-se — Raahosh interrompe.

— Está tá tu Ele tudo bem, po... posso olhar, é realmente fri...


fri... frio e... e... acho que pre... precisarão de um

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fo... fogo para aquecer, também — Kira murmura com a boca
tremendo.

Imediatamente, os caçadores lutam para acender o fogo.

Raahosh dá um olhar azedo e só balanço a cabeça.

Pouco tempo depois, Kira aqueceu perto do fogo, a neve do


chão derreteu e observamos enquanto corre as luvas pelo fundo da
caverna. É a estranha pedra negra achatada como as outras
paredes e com pequenas luzes que piscam em padrões. Duas delas
são verdes, o resto é vermelho. Kira os estuda e pressiona a testa
contra uma, os ombros caídos.

— O que é isso? — Hassen exige, franzindo a testa ferozmente.

Aehako paira por sua companheira, acariciando seus cabelos


e murmurando. Depois de algumas palavras, ele olha para os
caçadores nervosos.

— Duas vagens, apenas duas. Os marcados em vermelho


estão vazios — explica.

— Como ela sabe? Talvez estejam marcados errados —


Taushen pergunta.

— Aprendi o idioma na outra nave... “a caverna dos anciãos”.


Todos dizem que estão vazios, exceto esses dois — a voz suave de
Kira enche a caverna tensa. Ela aponta para uma das bolhas, com
rabiscos vermelhos no topo.

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Lembro da preocupação da minha Jo-see de que Kira ficaria
chateada por mais meninas estarem na nave e mortas. É bom que
tenha apenas as duas. Contarei a ela, que sorrirá aliviada
exatamente como Kira está.

— Estão bem? Será um problema libertá-las? — Rokan


indaga.

— Posso fazer isso, só tenho que encontrar o botão de abrir —


explana Kira depois de um momento, passando as mãos sobre uma
das bolhas escuras e duras.

— O que... — alguém diz e um ruído estridente enche a


caverna.

Pegamos as lanças. Dois correm para frente enquanto observo


a entrada. O assobio acontece novamente e percebo que está atrás
de mim. Ao virar, a parede da caverna está movendo, vapor
preenche o ar e, em seguida, um corpo cai para a frente. Kira
estende os braços para pegar a fêmea e Aehako corre para ajudá-
la.

A fêmea aparenta nada além de um borrão de crina escura e


pele pálida, muito pálida. Ela contorce e estremece, as roupas finas
grudadas na pele, moldando sua forma. Suponho que esteja
bastante saudável. Não me atrai, não comparada a minha Jo-see.
Um dos caçadores não acasalados geme ao vê-la.

Pego uma das peles da lareira e cubro a fêmea, Kira dá um


tapinha na bochecha para acordá-la. Empurro a
pele sobre o corpo e observo os outros

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caçadores que a contemplam como, imagino, a garra do céu
assistindo minha Jo-see antes de arrebatá-la. Os olhares
desesperados não agradam, principalmente o de Hassen.
Reconheço esse sentimento de desespero, quantas vezes dormi
sentindo o mesmo? As fêmeas humanas precisarão de muita
assistência.

— Ela está bem? — questiono Kira.

— Creio que sim. Acorde, está entre amigos — ela conversa,


dando um tapinha na bochecha da humana novamente.

Os olhos da fêmea abrem e tremo com a visão, são círculos


verdes flutuando em um mar branco, não possui o khui e é uma
coisa repulsiva de se enxergar. A fêmea choraminga, o olhar
refletindo confusão e horror ao nos avistar.

— Segure-a, Aehako. Libertarei a outra garota também — Kira


pede.

Enquanto trocam de posição e a fêmea continua gemendo


assustada, policio para que os machos solteiros não tentem forçar
a ressonância. Raahosh entrega uma segunda pele e vigiamos no
momento em que Kira abre a segunda vagem e outra fêmea cai.
Esta tem cabelos claros, como Leezh, mais grossos e fortes do que
a outra, embora possua os mesmos olhos mortos e os movimentos
igualmente fracos.

Ao vê-las, concluo que voltar para minha companheira será


uma jornada mais longa do que o esperado. As
fêmeas não viverão por muito tempo sem um

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khui, o que significa rastrear e caçar um sa-kohtsk. As enormes
criaturas são raras tão longe dos vales, por isso será necessário
arrastar as humanas doentes conosco, o que tornará as coisas
lentas. Mesmo assim, não sei se viajarão rápido, estão na parede
da caverna há muito tempo e parecem fracas.

Observo Raahosh e aparentemente pensamos a mesma coisa,


a julgar pelo rosto sombrio. Duas fêmeas humanas amedrontadas
e assustadas que precisam de um khui, garras-do-céu e metlaks
na área, a equipe de caçadores parecendo que roubariam uma das
fêmeas a qualquer momento? A jornada será longa.

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Capítulo 22
Josie

Três semanas mais tarde

Levanto um joelho e o punho ao mesmo tempo, depois os


alterno e danço “Single Ladies” enquanto cantarolo baixinho a
música. Não ligo que Kae seja jovem demais para conhecer a letra,
é uma criança muito exigente e nada a acalma a não ser um pouco
de música. E já que observa fascinada minha dança enquanto
chupa o punho? Bem, ela deseja um pouco de Beyonce hoje. Às
vezes gostaria que a maldita garota apreciasse Adele ou algo assim.

Quando começo o segundo verso, o rosto enruga e começa a


chorar mais alto.

Bem, merda. Sem música hoje.

— Eu sei, também sinto saudade da sua mamãe e do meu


coelhinho. Chorar não a traz de volta mais rápido, confie em mim,
tentei isso — falo, abandonando a música e pegando-a nos braços.

Chorei muito nas últimas semanas, eu e Liz. Kae não foi uma
distração suficiente, sinto muita falta do meu
companheiro, do meu Haeden.

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Quero contar que estou grávida, desejo observar a alegria em
seu rosto, que acaricie meu cabelo, me segure e façamos sexo
loucamente.

Suspiro e arrumo Kae no quadril, abandonando minha


caverna em busca de Stacy. Quem sabe, uma refeição tranquilize
o bebê chorão.

Stacy não está na sua caverna, muito menos Nora na dela.


Somos as três na parte de trás do novo túnel e normalmente estão
em 'casa' devido ao fato de que seus filhos são pequenos e sempre
há mais tarefas para realizar. Estranho.

— Olá? — Grito curiosa e avanço em direção à caverna


principal com Kae chorando no meu ouvido. Chegando lá, ninguém
está cuidando do fogo e a caverna está quase vazia, exceto Farli
que corre por ela.

— Onde estão todos?

Farli para com os olhos arregalados. Saltando atrás dos


tornozelos está seu animal de estimação, Chompy, que agarra sua
túnica de couro e puxa.

— Você não ouviu?

— Ouvir o quê? Não ouço nada com o bebê chor... — explico,


irritada. Avanço com Kae, esfregando as costas do bebê
pacientemente, ele não é culpado por sentir saudades da mãe.

Um zumbido familiar começa no meu peito.


Estou ressoando, significa...

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— Os caçadores estão em casa?

Ela assente ansiosamente e chama para a frente.

— Venha! Estão descendo a cordilheira!

Corro tentando não empurrar Kae, com uma bebê zangada


nos braços não vou muito rápido, está mais para uma caminhada
vigorosa atrás de Farli. Está brutalmente frio e puxo os cobertores
com mais força sobre a cabeça de Kae, mesmo duvidando que o
frio a incomode tanto quanto a mim.

Com certeza, há uma tonelada de pessoas lá fora e várias


formas no horizonte. Empurro a multidão, procurando por um par
de chifres familiares, pele de veludo azul pálida e uma trança longa.
Uma forma menor destaca do grupo e corre, é pequena demais para
ser meu companheiro. Alguns segundos depois consigo distinguir
que é Kira, com os braços abertos e seguro Kae para ela.

Ela me alcança, pega o bebê e freneticamente distribui beijos


na testa minúscula e chifruda de Kae.

— Obrigada — Kira agradece entre beijos e não me surpreendo


ao notar que Kae parou de chorar.

— Claro. Como foi? — procuro não parecer impaciente e


espreito atrás dela. Aparentemente algumas pessoas na cordilheira
discutem. Gestos de raiva são feitos e seguramente reconheço a
grande forma de Haeden lá em cima. Sinto tanta saudade, gostaria
que descesse para me cumprimentar. Pressiono uma das mãos

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sobre o coração, onde o piolho ronrona de emoção.

— Permitirei que Haeden conte. Foi uma longa viagem e estou


feliz por chegar em casa.

Concordo, mantendo o sorriso no rosto ao mesmo tempo que


Aehako chega, me cumprimenta e se dirigem para a caverna. Kira
parece exausta, compreendo que não é uma viagem fácil. Neste
instante estou livre dos deveres de babá e posso procurar meu
companheiro. Subo a cordilheira.

O piolho fica mais forte no momento em que aproximo ... e a


discussão também. Um braço agita e um capuz de pele é
empurrado para trás, vejo uma nova mulher humana.

Uma?

Eu a estudo, tem cabelo loiro, emaranhado e é um pouco


volumosa. E está muito, muito chateada. As narinas abrem de
raiva quando um dos homens tenta acalmá-la.

— Isso é besteira! Não dou a mínima que são amigáveis.


Minha irmã se foi! Não quero descansar na caverna! Gostaria de
encontrá-la e o bastardo que a roubou e... — berra, agitando o
braço.

— Vamos nos acalmar — Rokan pede e Taushen paira perto


da mulher com um olhar preocupado no rosto. Os braços de
Haeden estão cruzados sobre o peito, como se não suportasse mais
toda essa besteira.

Aproximo e Haeden vira.

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— Ei, amigo, estou falando com você, não afaste! Minha
irmã... — a mulher grita.

Haeden levanta a mão, indicando silêncio e, para minha


surpresa, todos se calam. Ele afasta e caminha em minha direção.
Uma música de filme romântico toca na minha cabeça neste
momento, ele é tão bonito, maravilhoso e todo meu e, oh Deus,
senti tanta saudade.

Debulho em lágrimas de felicidade.

O homem não para, me agarra em seus braços e puxa, do


mesmo modo que me trouxe para a caverna principal quando
viajávamos. Envolvo as pernas no seu quadril, os braços no seu
pescoço e começo a beijá-lo alucinadamente. Seu odor é de fumaça,
suor, viajem e seu gosto é melhor do que qualquer coisa. Minha
língua desliza contra a dele freneticamente, nossos piolhos
ronronando como se fossem um.

— Aonde ele vai? E a minha irmã? — a mulher chora,


desesperada.

— Ele está ocupado, tem uma companheira de ressonância


para cuidar — esclarece Rokan com diversão.

Continuamos nos beijando ao mesmo tempo em que me


carrega para nossa caverna. Ao nosso redor, pessoas comemoram,
conversando ao mesmo tempo e felizes. Meu Haeden não para,
apenas me leva pela caverna em direção ao nosso esconderijo
particular. Nesta noite, haverá uma festa para a
nova mulher e sua irmã, embora não tenha

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certeza do porquê está desaparecida e provavelmente não
participaremos. Não digo que estou decepcionada com isso.

Quando chegamos a nossos cobertores, estou tão excitada


que remexo contra ele em antecipação. Deus, essa foi a espera mais
longa e se Haeden não 'acasalar' no próximo minuto, perderei
minha mente sempre amorosa.

Meu homem, “abençoado seja”, levanta a cabeça quando


entramos na caverna e fareja surpreso.

— Cheira a kit aqui. Cocô de kit e leite azedo.

Pressiono beijos frenéticos no rosto, pescoço e em todos os


lugares que alcanço.

— Kae é um pouco barulhenta quando a mãe não está — e


cagona e vomitadora. Foram três longas semanas.

— Fede! — o homem resmunga.

— Bem, é melhor acostumar. Porque vivenciará tudo isso, em


breve. Bem, tudo bem, não em breve. Quatorze meses seria o
correto — conto, agarrando um dos chifres e puxando para a frente
de brincadeira.

Os olhos de Haeden arregalam e seu abraço aperta no meu


quadril.

— Você está com kit? Certeza?

— Essa coisa mentiria para você? — acaricio


meu peito onde o piolho vibra.

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Quando continua com um olhar chocado, acrescento:

— E não tive minha mens..., EERR, a hora da... huumm lua...


fluxo, chico.... tanto faz! — nunca tive a curiosidade de saber como
diabos os sa-khui chamam a menstruação de uma mulher.

Haeden faz uma pausa e, um momento depois, me coloca no


chão e abraça, um abraço esmagadoramente apertado e seu rosto
no meu peito.

— Minha Jo-see — sussurra e sua voz é embargada. Sinto o


rosto no meu peito ronronar e suspeito que seus olhos estão
molhados.

E ei, o homem não é o único. Fungo com força e afago sua


longa trança.

— É o que queríamos, certo?

Haeden levanta a cabeça e observa com olhos brilhantes.

— Você é tudo o que desejei.

Oh merda, agora realmente choro. Enxugo meus olhos.

— Porém, você quer um bebê, certo?

— Quase mais do que tudo — ele beija minha barriga plana.

É incrivelmente doce, quase, porque me quer mais que tudo.

— Só para avisar, se não fizermos sexo nos próximos cinco


minutos, enlouquecerei.

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Haeden puxa minha túnica e começa a me desembrulhar
como um presente. Cada centímetro de pele que expõe, beija e
passa a língua, mais fransh-bei-joo-linguaa como gosta de falar.

— Haverá uma celebração para a nova fêmea. Seu nome é


Mad-ee.

Maddie?

— Não se preocupe. Podem comemorar sem nós — acaricio os


chifres amorosamente.

— E uma caçada pela mulher desaparecida. Li-lah — revela


os seios e roça os lábios sobre um mamilo.

— Legal. Não quero ir e você também não. Deixe outra possa


encontrá-la — converso sonhadora, empurrando-o em direção às
nossas peles.

— Estou surpreso que ainda me queira, Jo-see. Imaginei que


ficaria feliz em se despedir depois de tantos dias sendo minha
companheira — Haeden olha brincalhão e caloroso.

— Está brincando? Senti sua falta como uma louca — deito


novamente nas peles e o homem rasteja sobre mim, puxando o
cordão das perneiras.

— Mesmo sendo desagradável e mal-humorado?

— É só o seu jeito e gosto de você. Contanto que seja bom para


mim, pode ser grosseiro o quanto quiser com todo o resto — afirmo,

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passando a mão sobre um grande braço. O pau está livre das
perneiras e empurra as minhas para baixo.

— Sempre serei bom para você. É a minha vida, meu coração


e o meu tudo — confessa solenemente, todos os traços de diversão
desaparecendo do rosto duro.

Envolvo os braços ao seu redor e ele empurra para dentro de


mim. Se sou o seu coração, Haeden é a minha alma. Nós somos
um e estamos juntos.

Nada mais importa. Nem bebês, nem estranhos e muito


menos neve sem fim. Desde que possua Haeden em meus braços,
a vida aqui no planeta gelado é absolutamente perfeita. Não
poderia pedir mais. Sempre desejei ser amada, ser o centro do
universo de alguém. Foi necessária viajar pela metade do universo
para ter sucesso e cheguei exatamente onde deveria estar.

— Eu te amo — sussurro no momento em que Haeden começa


a me agraciar com golpes duros e possessivos.

E faz meu piolho ronronar um pouco mais alto ao ouvi-lo dizer


o mesmo pela primeira vez.

Fim!

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