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Para atingir esse objetivo é necessário, entre outros pontos, realizar uma boa anamnese e um bom
raciocínio clínico, que são os meios pelos quais a RMP e o MCP atinjam a total satisfação do paciente e
que o rigor científico seja respeitado.
Introdução
Rever o material “Semiologia”, disponível no AVA, que foi o conteúdo da aula do dia 15/03/23,
que tratou do Método Clínico, Diagnóstico e Anamnese.
Em termos simples, poder-se-ia pensar que “fazer anamnese” nada mais é que
“conversar com o paciente”; contudo, entre uma coisa e outra há uma distância enorme,
basicamente porque o diálogo entre o médico e o paciente tem objetivo e finalidade
preestabelecidos, ou seja, a reconstituição dos fatos e dos acontecimentos direta ou
indiretamente relacionados com uma situação anormal da vida do paciente.
Dimensões da saúde
O médico deve ser preocupar não apenas com a falta de saúde do paciente, mas também com
o significado de saúde para aquela pessoa e a capacidade dela realizar suas aspirações e
propósitos de vida.
Ao analisar uma pessoa com doença crônica, segundo a figura acima, podemos observar como
ela se sente. Ou seja, colhendo as expectativas e os sentimentos da pessoa, e ajustando ao local
que se encontra, podemos:
1. demonstrar que as pessoas que estão no centro da Figura, representada por pontos
na área onde doença, experiência da doença e saúde se sobrepõem, são as que têm
uma experiência de saúde abalada (sensorial, cognitiva e emocional), uma doença
diagnosticada e percepções de sua saúde e do que a saúde significa para elas. Mas,
essas pessoas sintomáticas diagnosticas, com doenças crônicas podem classificar
sua saúde como boa ou muito boa apesar da doença. Essas pessoas no centro do
diagrama têm potencial para atitudes e atividades que melhoram a saúde.
2. As pessoas na área da Figura com as linhas em diagonal na área de sobreposição no
lado esquerdo podem não sentir sua saúde abalada, mas têm uma doença
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diagnosticada, bem como percepções sobre sua saúde e o que a saúde significa para
elas.
3. As pessoas na parte superior esquerda da Figura têm uma doença que é
assintomática, mas também sentem que sua doença interfere em suas aspirações e
propósitos de vida. Como exemplo, temos aquelas pessoas, por vezes chamadas de
“pacientes parciais”, que têm colesterol alto, hipertensão e glicemia elevada (pré-
diabetes ou diabetes inicial).
Evidentemente que a análise da figura permite pode colocar a pessoa em qualquer das áreas,
dando condições ao profissional compreender o paciente como um todo.
Moira e colaboradores propõem que os médicos tenham em mente que a definição de saúde é
algo único para cada pessoa, que inclua o significado da falta de saúde da pessoa e a capacidade
de realizar suas aspirações e propósitos de vida. Para uma pessoa, a saúde pode significar ser
capaz de correr na próxima maratona; para outra, saúde é ter sua dor nas costas sob controle.
Para tanto, o entendimento integrado do que ocorre com a pessoa vai depender da capacidade
do médico percorrer os três domínios: doença, a experiência da doença pelo paciente e o
conceito de saúde.
·
1. Doença – domínio biomédico, que envolve tanto o conhecimento do profissional da
doença em todos os seus aspectos, da epidemiologia até a fisiopatologia do
processo mórbido e o tratamento como as noções do paciente. Inclui os sintomas e
sinais que são a base das alterações biológicas.
2. Experiência da doença – domínio dos sentimentos que a pessoa tem sobre a doença,
que inclui tristeza, medo, preocupações e conhecimentos pessoais.
3. Saúde – domínio que transitam tanto o profissional, como o paciente, sua família,
amigos, sociedade próxima e ampla. Engloba significado de ser ativo, envolvimento,
aspirações, desejos etc.
Uma vez compreendidos esses domínios, podemos passar a uma outra figura, também retirada
de Moira Stewart, colocada a seguir, que integra de forma dinâmica. Nessa nova figura a autora
utiliza o exemplo de um paciente com doença cardiovascular.
O atendimento integrado, fruto da ação centrada na pessoa, exige que o médico seja preparado
para obter respostas a algumas perguntas:
• Quais são os sentimentos da pessoa? Ela teme que seus sintomas possam ser
precursores de um problema mais grave, como câncer?
• Que ideias a pessoa tem sobre sua experiência da doença? Por um lado, suas ideias
podem ser diretas – por exemplo, “Será que essas dores de cabeça podem ser
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enxaqueca?” –, mas, em um nível mais profundo, essas pessoas podem estar lutando
para entender sua experiência da doença. Muitas encaram seus problemas de saúde
como uma perda irreparável; outras podem vê-los como uma oportunidade de obter um
entendimento valioso de sua experiência de vida. Será a experiência com a doença vista
como uma forma de punição ou, quem sabe, como uma oportunidade de tornar-se
dependente? Qualquer que seja sua experiência da doença, saber a explicação a pessoa
lhe dá é importante para entendê-la.
• Quais são os efeitos da doença nas funções da pessoa? Limita suas atividades diárias?
Atrapalha seus relacionamentos familiares? Exige uma mudança em seu estilo de vida?
Compromete sua qualidade de vida ao impedi-la de alcançar alguma meta importante
ou realizar um propósito?
• Quais são as expectativas da pessoa em relação ao médico? Será que a pessoa com dor
de garganta espera ser tratada com antibióticos? Quer que o médico faça algo ou só a
escute?
Fica claro, então, que para centrar na Pessoa, o profissional deve dominar o modelo bio-médico,
que se inicia com o raciocínio clínico ou raciocínio diagnóstico.
Raciocínio diagnóstico
O raciocínio diagnóstico é um processo complexo que começa no primeiro contato do médico
com o paciente. Conhecer as características dos sintomas relatados é a base do raciocínio,
iniciado com obtenção de informações que nos levam a um diagnóstico ou uma hipótese
diagnóstica. A anamnese é um verdadeiro quebra-cabeça, cujas peças são criadas no decorrer
da própria ação. A montagem desse quebra-cabeça exige que o profissional tenha armazenadas
na mente as regras da ação e conheça as peças-chave para poder decifrar o enigma representado
pelo diagnóstico.
Quando o profissional consegue dispor das informações básicas sobre os sintomas, seus
mecanismos e suas causas, obtidas à medida que progride na entrevista do paciente, ele cria
hipóteses e possibilidades. A partir desse momento suas indagações tornam-se mais objetivas,
ou seja, à medida que o quebra-cabeça é montado, as perguntas que o médico faz ao paciente
tornam-se cada vez mais adequadas para reforçar ou afastar uma determinada possibilidade.
Por isso, quando se têm na memória as principais características dos sintomas e suas principais
causas, a anamnese fica mais objetiva e interessante.
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As doenças manifestam-se por sinais e sintomas que o paciente relata ou que o médico descobre
ao fazer o exame clínico.
Denomina-se sinal patognomônico ou sintoma típico aquela manifestação que indica, com alta
probabilidade, a existência de uma determinada lesão ou doença. É necessário cautela para usar
essas expressões, pois, de maneira geral, a certeza diagnóstica somente é obtida pela associação
de sintomas e sinais, e não pela presença de um deles isoladamente. Por outro lado, deve-se
estar prevenido para a ocorrência frequente de sintomas atípicos, ou seja, manifestações que
não preenchem as características semiológicas consideradas “próprias ou específicas” de uma
entidade clínica; exemplo, a dor da angina do peito não apresenta as características semiológicas
clássicas em 30% dos pacientes, mas, sabendo-se analisá-la, podem-se encontrar uma ou mais
característica clínica que vai permitir ao médico levantar a possibilidade de isquemia miocárdica.
Observação
O mesmo sintoma pode ser a “linguagem” de vários órgãos. Assim, ao fazer o raciocínio clínico
sugerimos que, ao estudar um caso, busque informações sobre as várias situações em que ele
pode aparecer. Assim, ao estudar dor torácica, por exemplo, devem ser procuradas e estudadas
outras situações que a causam, como cardíacas, pericárdicas, parietais e de outras estruturas e
órgãos do tórax ou extratorácicas que podem constituir um diagnóstico diferencial.
• Localização
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• Qualidade
3. Evolução
• Analisar a evolução ao longo do tempo e as modificações ocorridas, incluindo a
influência de tratamentos efetuados
4. Relação de dois ou mais sintomas entre si
• Procurar definir as relações entre os principais sintomas, identificando sempre que
possível o sintoma-guia
5. Identificação dos fatores que agravam ou aliviam
6. Esclarecimento das características do sintoma no momento do exame
Quando um sintoma surge, o paciente, assim como o médico, não tem condições de reconhecer
prontamente se ele expressa uma alteração do órgão (linguagem direta) ou se ele expressa uma
alteração emocional projetada naquele órgão (linguagem simbólica). É necessário analisar todos
os dados clínicos, e não raramente dados obtidos de exames complementares.
SINTOMAS GERAIS
São chamados sintomas gerais, porque podem surgir nas mais diversas afecções de qualquer dos
aparelhos ou órgãos do corpo humano.
↑perda força
da
física
Os principais são dor, febre, astenia ou fraqueza, fadiga, alterações do peso (aumento e perda
de peso ou emagrecimento), sudorese, cãibras, calafrios e o prurido (coceira).
• DOR é a manifestação clínica mais frequente e pode ser tomada como sintoma padrão.
Pela sua importância, a dor será estudada em outro momento a seguir.
• Febre
O aumento da temperatura corporal, acima de 37°C, medida na axila, pode passar despercebido
pelo paciente quando a elevação é gradual e não atinge níveis altos, ou apresentar múltiplas
manifestações, na dependência de muitos fatores, tais como a idade, as condições gerais, o
modo de iniciar, além de outros. Por isso, o médico deve estar atento não só para indagar do
paciente se ele percebeu uma sensação anormal de calor, que é a expressão direta da febre, mas
também para valorizar outros dados que costumam acompanhá-la, destacando-se astenia,
inapetência, náuseas e vômitos, palpitações, calafrios, sudorese e cefaleia. Em crianças, o
aparecimento de convulsões pode ser a principal manifestação da febre.
D
0 Hipertermia não é sinônimo de febre. É uma síndrome provocada por exposição excessiva ao
calor com desidratação, perda de eletrólitos e falência dos mecanismos termorreguladores
corporais, cujas principais causas são: exposição direta e prolongada aos raios solares,
permanência em ambiente muito quente e deficiência dos mecanismos de dissipação do calor
corporal.
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Calafrios – refere-se à sensação passageira de frio com ereção dos pelos e arrepiamento da pele.
Pode se acompanhar de tremores generalizados. Os pacientes costumam referir-se a esse
sintoma como “arrepios de frio”.
Na maior parte dos casos, os calafrios surgem nas febres de início súbito, mas nem sempre os
pacientes relacionam um ao outro.
• Astenia
realizar as atividades habituais. Por isso, embora astenia e fadiga não tenham o mesmo
significado, na linguagem leiga frequentemente são reunidas sob a designação de fraqueza,
desânimo ou canseira.
• Cansaço, fadiga
Quando o paciente fala em cansaço ou canseira, pode estar se referindo a três coisas diferentes:
astenia, fadiga e dispneia. Cabe ao examinador, com perguntas claras e objetivas, esclarecer o
que o paciente quer dizer. De maneira simplificada pode-se dizer que astenia é sensação de
fraqueza ou falta de forças; fadiga significa cansaço após mínimos esforços ou mesmo em
repouso, e dispneia corresponde à dificuldade para respirar ou falta de ar.
• Fadiga
A fadiga é uma queixa extremamente comum no idoso e, tal como nos pacientes jovens, pode
ser um sintoma de doença orgânica ou psíquica. A depressão é uma das causas mais comuns de
fadiga nessa faixa etária e pode ser sua única manifestação.
• Alterações do peso
A maior parte das pessoas tem oportunidade de se pesar vez por outra e sabem informar as
variações que possam ter ocorrido. Investigar o aumento ou a diminuição do peso faz parte do
exame geral.
Sobrepeso e obesidade significam que o paciente está acima do peso normal máximo e são
consequência de acúmulo de gordura em diferentes partes do corpo.
Se o paciente relata perda de peso, é importante ter uma ideia de quantos quilos perdeu e em
quanto tempo isso ocorreu. Todas as condições diretamente relacionadas com a alimentação
precisam ser esclarecidas, incluindo falta ou privação de alimentos, perda do apetite, dificuldade
de mastigação e deglutição, vômitos, diarreia.
• Sudorese
• Cãibras
• Prurido
É uma sensação desagradável na pele, em certas mucosas e nos olhos, que provoca o desejo de
coçar; daí a denominação leiga de coceira.
Os principais sinais e sintomas da pele, do tecido celular subcutâneo e dos fâneros são dor,
prurido, febre, palidez, vermelhidão, cianose, albinismo, alterações da umidade, textura,
espessura, temperatura, elasticidade, mobilidade, sensibilidade, com atenção especial para
identificação de lesões elementares e secundárias (manchas, pápulas, tubérculos, nódulos,
nodosidades, vegetações, vesículas, bolhas, pústulas, abscessos, hematomas, queratose,
liquenificação, esclerose, edema, atrofia, erosão, ulceração, fissuras, crostas e escaras).
(os livros Exame Clínico e Bates: Propedêutica Médica devem ser consultados)
• Afasia
• Alterações do sono ~
• Câimbras v
• Chieira
• Cianose v
• Disfagia
• Dispepsia
• Dispneia /
• Dispneia /
• Disúria, polaciúria, urgência miccional
• Dor r
• Edema /
• Emagrecimento V
• Fadiga, astenia, cansaço v
• Febre v
• Flatulência v
• Halitose ~
• Icterícia M
• Incontinência /
• Náuseas, Vômitos -
• Noctúria, nictúria
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• Obesidade /
• Obstipação intestinal
• Oligúria e anúria
• Palpitações ~
• Pirose
• Regurgitação r
• Retenção urinária r
• Sangramentos V
• Soluço V
• Sudorese v
• Surdez ↑
• Tosse, expectoração /