Você está na página 1de 12

1

Anamnese, sintomas e sinais


Relação Médico-Paciente
Na Unidade Ser Médico é fundamental que o estudante compreenda o Relacionamento Médico Paciente
(RMP), dentro do Modelo Centrado na Pessoa (MCP), sem descurar o aspecto científico da medicina.

Para atingir esse objetivo é necessário, entre outros pontos, realizar uma boa anamnese e um bom
raciocínio clínico, que são os meios pelos quais a RMP e o MCP atinjam a total satisfação do paciente e
que o rigor científico seja respeitado.

O presente texto foi baseado em várias fontes, sendo as principais:

• EXAME CLÍNICO, 8ª edição, de Porto et all. Disponível na biblioteca virtual do UniFOA.

• BATES PROPEDÊUTICA MÉDICA, de Bikcley er all. Disponível na biblioteca virtual do UniFOA.

• MEDICINA CENTRADA NA PESSOA, de Moira Stewart et all, 3ª edição. Disponível na biblioteca


virtual do UniFOA.

• ENTREVISTA CLÍNICA: Habilidades de comunicação para profissionais de saúde”, F. B. Carrió,


Artmed.

Introdução
Rever o material “Semiologia”, disponível no AVA, que foi o conteúdo da aula do dia 15/03/23,
que tratou do Método Clínico, Diagnóstico e Anamnese.

Lembrando que, segundo Porto:

“Em essência, a anamnese é uma entrevista, e o instrumento de que nos valemos é a


palavra falada. É óbvio que, em situações especiais (pacientes surdos ou pacientes com
dificuldades de sonorização), dados da anamnese podem ser obtidos por meio da
Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS), da palavra escrita ou mediante tradutor
(acompanhante e/ou cuidador que compreenda a comunicação do paciente).

Em termos simples, poder-se-ia pensar que “fazer anamnese” nada mais é que
“conversar com o paciente”; contudo, entre uma coisa e outra há uma distância enorme,
basicamente porque o diálogo entre o médico e o paciente tem objetivo e finalidade
preestabelecidos, ou seja, a reconstituição dos fatos e dos acontecimentos direta ou
indiretamente relacionados com uma situação anormal da vida do paciente.

A anamnese é um instrumento para a avaliação de sintomas, problemas de saúde e


preocupações, e registra as maneiras como a pessoa responde a essas situações, abrindo
espaço para a promoção da saúde.”
2

Vamos, nesse momento, discutir DIMENSÕES DA SAÚDE, RACIOCÍNIO DIAGNÓSTICO e ESQUEMA


PARA ANÁLISE DE UM SINTOMA.

Dimensões da saúde
O médico deve ser preocupar não apenas com a falta de saúde do paciente, mas também com
o significado de saúde para aquela pessoa e a capacidade dela realizar suas aspirações e
propósitos de vida.

O diagrama de Venn, a seguir, retirado de M. Stewart, apresenta a interação do fenômeno da


doença, a experiência da doença pelo paciente e o conceito de saúde. Esse diagrama deve ser
ajustado às condições apresentadas.

Ao analisar uma pessoa com doença crônica, segundo a figura acima, podemos observar como
ela se sente. Ou seja, colhendo as expectativas e os sentimentos da pessoa, e ajustando ao local
que se encontra, podemos:

1. demonstrar que as pessoas que estão no centro da Figura, representada por pontos
na área onde doença, experiência da doença e saúde se sobrepõem, são as que têm
uma experiência de saúde abalada (sensorial, cognitiva e emocional), uma doença
diagnosticada e percepções de sua saúde e do que a saúde significa para elas. Mas,
essas pessoas sintomáticas diagnosticas, com doenças crônicas podem classificar
sua saúde como boa ou muito boa apesar da doença. Essas pessoas no centro do
diagrama têm potencial para atitudes e atividades que melhoram a saúde.
2. As pessoas na área da Figura com as linhas em diagonal na área de sobreposição no
lado esquerdo podem não sentir sua saúde abalada, mas têm uma doença
3

diagnosticada, bem como percepções sobre sua saúde e o que a saúde significa para
elas.
3. As pessoas na parte superior esquerda da Figura têm uma doença que é
assintomática, mas também sentem que sua doença interfere em suas aspirações e
propósitos de vida. Como exemplo, temos aquelas pessoas, por vezes chamadas de
“pacientes parciais”, que têm colesterol alto, hipertensão e glicemia elevada (pré-
diabetes ou diabetes inicial).

Evidentemente que a análise da figura permite pode colocar a pessoa em qualquer das áreas,
dando condições ao profissional compreender o paciente como um todo.

Moira e colaboradores propõem que os médicos tenham em mente que a definição de saúde é
algo único para cada pessoa, que inclua o significado da falta de saúde da pessoa e a capacidade
de realizar suas aspirações e propósitos de vida. Para uma pessoa, a saúde pode significar ser
capaz de correr na próxima maratona; para outra, saúde é ter sua dor nas costas sob controle.

Para tanto, o entendimento integrado do que ocorre com a pessoa vai depender da capacidade
do médico percorrer os três domínios: doença, a experiência da doença pelo paciente e o
conceito de saúde.

Esses domínios compreendem, de forma resumida:

·
1. Doença – domínio biomédico, que envolve tanto o conhecimento do profissional da
doença em todos os seus aspectos, da epidemiologia até a fisiopatologia do
processo mórbido e o tratamento como as noções do paciente. Inclui os sintomas e
sinais que são a base das alterações biológicas.
2. Experiência da doença – domínio dos sentimentos que a pessoa tem sobre a doença,
que inclui tristeza, medo, preocupações e conhecimentos pessoais.
3. Saúde – domínio que transitam tanto o profissional, como o paciente, sua família,
amigos, sociedade próxima e ampla. Engloba significado de ser ativo, envolvimento,
aspirações, desejos etc.

Uma vez compreendidos esses domínios, podemos passar a uma outra figura, também retirada
de Moira Stewart, colocada a seguir, que integra de forma dinâmica. Nessa nova figura a autora
utiliza o exemplo de um paciente com doença cardiovascular.

• A doença principal domínio do médico é, no caso exemplificado, uma doença arterial


coronariana, que inclui os sintomas e sinais que compõe o quadro clínico, os achados
epidemiológicos, os fatores de risco etc.
• A experiência da doença, domínio do paciente, inclui os sentimentos psicológicos,
emocionais, limitações, sociais etc. sobre a doença ou quadro clínico que a pessoa vive.
• O domínio da saúde também engloba as percepções e conhecimentos do profissional e
da pessoa, aos quais se somam suas aspirações, desejos e perspectivas.
4

O atendimento integrado, fruto da ação centrada na pessoa, exige que o médico seja preparado
para obter respostas a algumas perguntas:

• Quais são os sentimentos da pessoa? Ela teme que seus sintomas possam ser
precursores de um problema mais grave, como câncer?

• Que ideias a pessoa tem sobre sua experiência da doença? Por um lado, suas ideias
podem ser diretas – por exemplo, “Será que essas dores de cabeça podem ser
5

enxaqueca?” –, mas, em um nível mais profundo, essas pessoas podem estar lutando
para entender sua experiência da doença. Muitas encaram seus problemas de saúde
como uma perda irreparável; outras podem vê-los como uma oportunidade de obter um
entendimento valioso de sua experiência de vida. Será a experiência com a doença vista
como uma forma de punição ou, quem sabe, como uma oportunidade de tornar-se
dependente? Qualquer que seja sua experiência da doença, saber a explicação a pessoa
lhe dá é importante para entendê-la.

• Quais são os efeitos da doença nas funções da pessoa? Limita suas atividades diárias?
Atrapalha seus relacionamentos familiares? Exige uma mudança em seu estilo de vida?
Compromete sua qualidade de vida ao impedi-la de alcançar alguma meta importante
ou realizar um propósito?

• Quais são as expectativas da pessoa em relação ao médico? Será que a pessoa com dor
de garganta espera ser tratada com antibióticos? Quer que o médico faça algo ou só a
escute?

Assim, o profissional deve ser capaz de:

1º Identificar os sintomas e sinais do paciente.


2º Conhecer os sentimentos da pessoa.
3º Explorar suas ideias sobre seus sintomas e sinais.
4º Determinar como os sintomas e sinais podem estar prejudicando o funcionamento da
pessoa.
5º Identificar as expectativas da pessoa.

Fica claro, então, que para centrar na Pessoa, o profissional deve dominar o modelo bio-médico,
que se inicia com o raciocínio clínico ou raciocínio diagnóstico.

Raciocínio diagnóstico
O raciocínio diagnóstico é um processo complexo que começa no primeiro contato do médico
com o paciente. Conhecer as características dos sintomas relatados é a base do raciocínio,
iniciado com obtenção de informações que nos levam a um diagnóstico ou uma hipótese
diagnóstica. A anamnese é um verdadeiro quebra-cabeça, cujas peças são criadas no decorrer
da própria ação. A montagem desse quebra-cabeça exige que o profissional tenha armazenadas
na mente as regras da ação e conheça as peças-chave para poder decifrar o enigma representado
pelo diagnóstico.

Quando o profissional consegue dispor das informações básicas sobre os sintomas, seus
mecanismos e suas causas, obtidas à medida que progride na entrevista do paciente, ele cria
hipóteses e possibilidades. A partir desse momento suas indagações tornam-se mais objetivas,
ou seja, à medida que o quebra-cabeça é montado, as perguntas que o médico faz ao paciente
tornam-se cada vez mais adequadas para reforçar ou afastar uma determinada possibilidade.

Por isso, quando se têm na memória as principais características dos sintomas e suas principais
causas, a anamnese fica mais objetiva e interessante.
6

As doenças manifestam-se por sinais e sintomas que o paciente relata ou que o médico descobre
ao fazer o exame clínico.

Tradicionalmente, o termo sintoma designa as sensações subjetivas anormais sentidas pelo


paciente e não visualizadas pelo médico (p. ex., dor, má digestão, náuseas), enquanto sinais são
as manifestações objetivas, reconhecíveis por meio de inspeção, palpação, percussão, ausculta
ou meios subsidiários (p. ex., edema, cianose, tosse, presença de sangue na urina). Contudo,
nem sempre é possível uma rígida distinção entre sintoma e sinal, porque algumas
manifestações, como dispneia, tosse, vômitos, entre outras, são sensações subjetivas para o
paciente, mas podem ser constatadas objetivamente pelo médico. Talvez por isso, e pela lei do
menor esforço, que no linguajar médico cada vez mais os termos sinal e sintoma são usados
como sinônimos.

Denomina-se sinal patognomônico ou sintoma típico aquela manifestação que indica, com alta
probabilidade, a existência de uma determinada lesão ou doença. É necessário cautela para usar
essas expressões, pois, de maneira geral, a certeza diagnóstica somente é obtida pela associação
de sintomas e sinais, e não pela presença de um deles isoladamente. Por outro lado, deve-se
estar prevenido para a ocorrência frequente de sintomas atípicos, ou seja, manifestações que
não preenchem as características semiológicas consideradas “próprias ou específicas” de uma
entidade clínica; exemplo, a dor da angina do peito não apresenta as características semiológicas
clássicas em 30% dos pacientes, mas, sabendo-se analisá-la, podem-se encontrar uma ou mais
característica clínica que vai permitir ao médico levantar a possibilidade de isquemia miocárdica.

Observação

O mesmo sintoma pode ser a “linguagem” de vários órgãos. Assim, ao fazer o raciocínio clínico
sugerimos que, ao estudar um caso, busque informações sobre as várias situações em que ele
pode aparecer. Assim, ao estudar dor torácica, por exemplo, devem ser procuradas e estudadas
outras situações que a causam, como cardíacas, pericárdicas, parietais e de outras estruturas e
órgãos do tórax ou extratorácicas que podem constituir um diagnóstico diferencial.

Esquema para análise de um sintoma.


1. Início
• Marcar a época em que o sintoma surgiu é fundamental. Se ele ocorrer episodicamente,
considera-se o início do primeiro episódio como referência principal, definindo a seguir
a duração dos outros

• O modo como o sintoma se apresentou (súbito ou gradativo) e os fatores ou situações


que o desencadearam ou o acompanharam em seu início devem ser bem esclarecidos

2. Principais características semiológicas


• Duração (definir a duração do sintoma é um dado fundamental, o que se fará sem
dificuldade desde que se conheça a época em que ele teve início)

• Localização
7

• Qualidade

• Intensidade (leve, moderado, intenso)

• Relações com as funções do órgão ou sistema, direta ou indiretamente relacionados com


o sintoma

3. Evolução
• Analisar a evolução ao longo do tempo e as modificações ocorridas, incluindo a
influência de tratamentos efetuados
4. Relação de dois ou mais sintomas entre si
• Procurar definir as relações entre os principais sintomas, identificando sempre que
possível o sintoma-guia
5. Identificação dos fatores que agravam ou aliviam
6. Esclarecimento das características do sintoma no momento do exame

Análise dos sintomas e sinais baseados em evidências


A proposta básica é analisar a sensibilidade e a especificidade de dados obtidos no exame físico,
assim como o poder discriminatório dos sinais e sintomas para aventar hipóteses diagnósticas,
mas também para avaliar outros parâmetros, tais como risco de vida e tempo de internação.
Contudo, as técnicas estatísticas disponíveis não são inteiramente adequadas para isso, em
virtude da variabilidade das manifestações clínicas e do grande número de combinações
possíveis. Na maior parte dos pacientes, o raciocínio diagnóstico exige que a interpretação dos
sinais e sintomas seja feita no contexto de cada paciente. Apenas em situações especiais é
possível interpretar isoladamente um determinado sinal ou sintoma: são os chamados sinais ou
sintomas patognomônicos.

Quando se raciocina a partir de dois ou mais sintomas, a sensibilidade e a especificidade de cada


um deles dependem do contexto clínico, no qual sempre existem inúmeras variáveis. Basta, por
exemplo, mudar a idade do paciente para modificar radicalmente o significado diagnóstico de
um sintoma ou sinal. Tomemos como modelo a febre. Considerada de maneira isolada, seu
poder discriminatório é muito baixo, pois um sem-número de doenças infecciosas ou de outras
naturezas podem se acompanhar de febre. Portanto, tanto a sensibilidade como a especificidade
são muito baixas. Se acrescentarmos outro sinal ou sintoma, o poder discriminatório da febre se
modifica completamente. Se o sintoma for tosse, por exemplo, a possibilidade de uma infecção
pulmonar é evidente; se a febre for de longa duração, o raciocínio diagnóstico nos encaminha
para tuberculose pulmonar; se for de curta duração, a possibilidade de pneumonia bacteriana
passa para primeiro lugar; se a febre estiver associada a linfadenopatia muda inteiramente o
raciocínio diagnóstico, e assim por diante.

A sensibilidade, a especificidade e o poder discriminatório de sinais e sintomas não precisam ser


“quantificados” para serem bem utilizados no raciocínio diagnóstico. A “sensibilidade” clínica é
que nos leva à hierarquização das manifestações clínicas no complexo processo mental que é o
raciocínio diagnóstico.
8

Os sintomas como linguagem dos órgãos


Os sintomas podem ser considerados a linguagem dos órgãos. Em certas condições é uma
linguagem direta; em outras, é simbólica. Linguagem direta quando o sintoma expressa uma
modificação localizada naquele órgão (dor cardíaca na isquemia miocárdica; dispneia na
congestão pulmonar; diarreia nas enterocolites), e linguagem simbólica quando é a expressão
somática de transtornos emocionais (disfagia histérica; tosse de origem emocional; dor
precordial na depressão; dispneia suspirosa na ansiedade). Contudo, o organismo não se
comporta tão esquematicamente, visto que o ser humano é constituído por duas partes
indivisíveis – a mente e o corpo –, inteiramente imbricadas. Mente e corpo, físico e psíquico, são
absolutamente solidários; um não existe sem o outro. Apesar de ora um ficar mais em evidência
que o outro, ambos, na saúde e na doença, estão sempre presentes. Por isso, é necessário
reconhecer que esta subdivisão em linguagem direta e linguagem simbólica serve apenas como
um recurso didático que facilita sua compreensão.

Quando um sintoma surge, o paciente, assim como o médico, não tem condições de reconhecer
prontamente se ele expressa uma alteração do órgão (linguagem direta) ou se ele expressa uma
alteração emocional projetada naquele órgão (linguagem simbólica). É necessário analisar todos
os dados clínicos, e não raramente dados obtidos de exames complementares.

SINTOMAS GERAIS
São chamados sintomas gerais, porque podem surgir nas mais diversas afecções de qualquer dos
aparelhos ou órgãos do corpo humano.
↑perda força
da
física

Os principais são dor, febre, astenia ou fraqueza, fadiga, alterações do peso (aumento e perda
de peso ou emagrecimento), sudorese, cãibras, calafrios e o prurido (coceira).

• DOR é a manifestação clínica mais frequente e pode ser tomada como sintoma padrão.
Pela sua importância, a dor será estudada em outro momento a seguir.
• Febre

O aumento da temperatura corporal, acima de 37°C, medida na axila, pode passar despercebido
pelo paciente quando a elevação é gradual e não atinge níveis altos, ou apresentar múltiplas
manifestações, na dependência de muitos fatores, tais como a idade, as condições gerais, o
modo de iniciar, além de outros. Por isso, o médico deve estar atento não só para indagar do
paciente se ele percebeu uma sensação anormal de calor, que é a expressão direta da febre, mas
também para valorizar outros dados que costumam acompanhá-la, destacando-se astenia,
inapetência, náuseas e vômitos, palpitações, calafrios, sudorese e cefaleia. Em crianças, o
aparecimento de convulsões pode ser a principal manifestação da febre.
D
0 Hipertermia não é sinônimo de febre. É uma síndrome provocada por exposição excessiva ao
calor com desidratação, perda de eletrólitos e falência dos mecanismos termorreguladores
corporais, cujas principais causas são: exposição direta e prolongada aos raios solares,
permanência em ambiente muito quente e deficiência dos mecanismos de dissipação do calor
corporal.
9

A febre de início súbito, frequente nas pneumonias, na erisipela, na malária e


nas infecções urinárias, quase sempre vem precedida ou acompanhada de
calafrios que obrigam o paciente a se agasalhar intensamente, mesmo
quando faz calor. Outras vezes o que predomina são os tremores, e o paciente
fica “batendo queixo”.

Quando o término da febre é rápido, chama a atenção a sudorese abundante.


Deve-se valorizar, também, o relato de suores noturnos, mesmo que o
paciente não os relacione com aumento da temperatura, porque muitas vezes
são indicativos de febre de intensidade leve a moderada que aparece no
período noturno. Deve-se lembrar sempre nesses casos da tuberculose e dos
linfomas.

No raciocínio diagnóstico, além das características semiológicas da febre (modo de iniciar,


duração, evolução, intensidade, modo de terminar), é fundamental a análise dos sinais e
sintomas localizadores da causa do aumento da temperatura (p. ex., dor de garganta nas
amigdalites, dor pleurítica e expectoração hemoptoica nas pneumonias, dor e vermelhidão da
pele na erisipela, disúria e polaciúria na cistite e assim por diante).

Febre de origem obscura é uma expressão usada, às vezes com o mesmo


sentido de febre de origem indeterminada, quando o paciente apresenta
temperatura corporal superior a 37,8°C em várias ocasiões, por um período
de, pelo menos, 3 semanas, sem definição diagnóstica após 3 dias de
investigação hospitalar ou ambulatorial. Inúmeras são as causas, incluindo
doenças de origem infecciosa, neoplásica ou hematológica, doenças de
diferentes naturezas, medicamentos e provocada pelo próprio paciente (febre
factícia). A investigação diagnóstica depende de um exame clínico completo
e de um conjunto de exames complementares escolhidos com base em
hipóteses diagnósticas consistentes.

Os pacientes costumam relacionar a febre somente com processos infecciosos, automedicando-


se, muito frequentemente, com antibióticos. Este hábito deve ser combatido porque só acarreta
prejuízos, não só pelos gastos inúteis, mas principalmente pela perda da eficiência destes
medicamentos usados em doses e tempo inadequados, pelo mascaramento do quadro clínico e
pelo aparecimento de manifestações secundárias. Febre não é sempre um indicativo de infecção.

Calafrios – refere-se à sensação passageira de frio com ereção dos pelos e arrepiamento da pele.
Pode se acompanhar de tremores generalizados. Os pacientes costumam referir-se a esse
sintoma como “arrepios de frio”.

Na maior parte dos casos, os calafrios surgem nas febres de início súbito, mas nem sempre os
pacientes relacionam um ao outro.

• Astenia

Significa uma sensação de cansaço ou fraqueza, quase sempre acompanhada de mal-estar


indefinido que só melhora com o repouso. Junto com a sensação de fraqueza ocorre cansaço ao
10

realizar as atividades habituais. Por isso, embora astenia e fadiga não tenham o mesmo
significado, na linguagem leiga frequentemente são reunidas sob a designação de fraqueza,
desânimo ou canseira.

• Cansaço, fadiga

Quando o paciente fala em cansaço ou canseira, pode estar se referindo a três coisas diferentes:
astenia, fadiga e dispneia. Cabe ao examinador, com perguntas claras e objetivas, esclarecer o
que o paciente quer dizer. De maneira simplificada pode-se dizer que astenia é sensação de
fraqueza ou falta de forças; fadiga significa cansaço após mínimos esforços ou mesmo em
repouso, e dispneia corresponde à dificuldade para respirar ou falta de ar.

• Fadiga

É uma sensação de cansaço ou falta de energia ao realizar pequenos esforços ou mesmo em


repouso. É um sintoma importante de insuficiência cardíaca, estando relacionada com a
diminuição do débito cardíaco e aproveitamento inadequado de O2 pela musculatura
esquelética. Ela é relatada pelos pacientes com anemia e doenças crônicas (hipertireoidismo,
hipotireoidismo, insuficiência suprarrenal, doença pulmonar obstrutiva crônica, hepatopatia
crônica).

A fadiga é uma queixa extremamente comum no idoso e, tal como nos pacientes jovens, pode
ser um sintoma de doença orgânica ou psíquica. A depressão é uma das causas mais comuns de
fadiga nessa faixa etária e pode ser sua única manifestação.

• Alterações do peso

A maior parte das pessoas tem oportunidade de se pesar vez por outra e sabem informar as
variações que possam ter ocorrido. Investigar o aumento ou a diminuição do peso faz parte do
exame geral.

Sobrepeso e obesidade significam que o paciente está acima do peso normal máximo e são
consequência de acúmulo de gordura em diferentes partes do corpo.

Se o paciente relata perda de peso, é importante ter uma ideia de quantos quilos perdeu e em
quanto tempo isso ocorreu. Todas as condições diretamente relacionadas com a alimentação
precisam ser esclarecidas, incluindo falta ou privação de alimentos, perda do apetite, dificuldade
de mastigação e deglutição, vômitos, diarreia.

As causas de emagrecimento são inúmeras.

• Sudorese

Sudorese ou diaforese corresponde à eliminação abundante de suor. É fisiológica durante


esforço físico ou em dias muito quentes.

• Cãibras

São contrações involuntárias e dolorosas de um músculo ou grupo muscular. São frequentes


durante exercícios físicos intensos, em pessoas sem condicionamento adequado.
11

• Prurido

É uma sensação desagradável na pele, em certas mucosas e nos olhos, que provoca o desejo de
coçar; daí a denominação leiga de coceira.

• Pele, tecido celular subcutâneo e fâneros

Os principais sinais e sintomas da pele, do tecido celular subcutâneo e dos fâneros são dor,
prurido, febre, palidez, vermelhidão, cianose, albinismo, alterações da umidade, textura,
espessura, temperatura, elasticidade, mobilidade, sensibilidade, com atenção especial para
identificação de lesões elementares e secundárias (manchas, pápulas, tubérculos, nódulos,
nodosidades, vegetações, vesículas, bolhas, pústulas, abscessos, hematomas, queratose,
liquenificação, esclerose, edema, atrofia, erosão, ulceração, fissuras, crostas e escaras).

LISTA COMPLEMENTAR DE SINTOMAS/SINAIS EM ORDEM ALFABÉTICA


É apresentada a seguir uma lista dos sintomas gerais, em ordem alfabética. Alguns deles, por sua
importância, serão apresentados resumidamente. Mas todos eles, deverão ser estudados ao
longo do curso quando serão estudados dentro dos temas pertinentes aos diversos sistemas e
órgãos humanos.

(os livros Exame Clínico e Bates: Propedêutica Médica devem ser consultados)

• Afasia
• Alterações do sono ~
• Câimbras v
• Chieira
• Cianose v

• Desmaio, síncope, lipotimia P


• Diarreia V

• Disfagia
• Dispepsia
• Dispneia /
• Dispneia /
• Disúria, polaciúria, urgência miccional
• Dor r
• Edema /
• Emagrecimento V
• Fadiga, astenia, cansaço v
• Febre v
• Flatulência v
• Halitose ~
• Icterícia M
• Incontinência /
• Náuseas, Vômitos -
• Noctúria, nictúria
12

• Obesidade /
• Obstipação intestinal
• Oligúria e anúria
• Palpitações ~
• Pirose
• Regurgitação r

• Retenção urinária r
• Sangramentos V
• Soluço V

• Sudorese v
• Surdez ↑
• Tosse, expectoração /

Você também pode gostar