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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO

Habilidades Médicas
Comunicação de Más Notícias
Transmissão de diagnóstico de doenças terminais,
Introdução 
diagnóstico que imporá mudanças na vida do paciente,
 Apesar dos avanços tecnológicos, a comunicação continua como diabetes num adolescente ou cardiopatia num atleta,
sendo a ferramenta primária e indispensável com a qual uma resposta inadequada a determinada terapêutica, uma
médico e paciente trocam informações. necessidade de tratamento ou procedimento em momento
 Elementos como a ética, empatia, compreensão, interesse, inoportuno na vida do paciente, etc...
desejo de ajuda e bom humor são indispensáveis para
conseguir um ambiente de conforto emocional.
 É muito importante ter uma boa comunicação com o Quais as dificuldades encontradas ao
paciente, com o familiar. Afinal, não adianta ser um
excelente médico e ter falha na comunicação.
comunicar más notícias?
 COMUNICAÇÃO: é um processo complexo, que envolve a  O código de ética médica, desde 1847 já declarava: A vida
dimensão verbal e não verbal, envolvendo aspectos de uma pessoa doente pode ser diminuída não apenas
conscientes e inconscientes, de todos os personagens pelos atos, mas também pelas palavras ou maneiras do
envolvidos; “não é a família, nem o paciente, nem a equipe, médico.
muitas vezes, que decide... Mas sim, aquilo que às vezes  Isto é, portanto, uma obrigação sagrada a de guardá-lo
não é dito, aquilo que se capta (ou é captado) de cuidadosamente a este respeito e evitar todas as coisas
inconsciente para inconsciente” (Cassorla, 26/06/2002, que tenham a tendência de desencorajar o paciente e
durante arguição da tese de livre docência da Profa. Maria deprimir seu espírito.
Júlia Kovács).  Compreensão dos pacientes sobre ela e o seu ajustamento
 Isso permite que o paciente tenha um conhecimento de à mesma, assim como a sua satisfação com seu médico.
sua doença e diagnóstico, e o médico aja segundo seus  Os fatores mais importantes para pacientes quando
conhecimentos, experiência clínica e suas capacidades recebem más notícias são a competência do médico, sua
humanas. honestidade e atenção, o tempo para permitir as
 Neste sentido, o intercâmbio de informações engloba não perguntas, um diagnóstico direto e compreensível e o uso
apenas aquilo que o paciente necessita saber como de um linguajar claro.
também informá-lo apropriadamente e reassegurar de  Conhecer bem o médico e o uso do toque pelo médico
que ele tenha compreendido a informação. (por exemplo, segurar a mão do paciente) são fatores que
 Assim, é necessário que se trabalhe em dois polos: impactam menos. Já os familiares buscam privacidade,
- Verificar que a informação sehja compreendida corretamente uma atitude positiva do médico, sua competência, clareza
e se necessário corrigi-la (com ênfase na tarefa); Ser claro e e tempo para perguntas.
objetivo; Se precisar, mostrar imagens, explicar novamente...  Estes estariam relacionados ao receio de causar dor ao
- Preocupar-se com a reação afetiva envolvida na passagem de paciente, de sentir incômodo no momento de comunicar
informações. uma má notícia, de ser culpado pelo paciente e familiares
 Esta última implica em considerar os sentimentos e (culpar o mensageiro), de falha terapêutica, de problema
expectativas que o paciente tem em relação ao judicial, do desconhecido, de dizer “não sei”, de expressar
profissional de saúde (transferência), bem como os as emoções e, por fim, da própria morte.
sentimentos e expectativas que o profissional de saúde
tem do paciente (contratransferência). Como comunicar más notícias
 Comunicar más notícias é, provavelmente, uma das
 A função de comunicar más notícias ao paciente e seus
tarefas mais difíceis que os profissionais de sáude têm que
familiares é uma das tarefas mais difíceis relacionadas à
enfrentar, pois implica em um forte impacto psicológico
assistência e, por essa razão, muitos autores procuraram
do paciente e sua rede de apoio.
resumir as principais recomendações para esse momento.
 Deficiente preparação das equipes de saúde em termos de
 O protocolo SPIKES é um exemplo do novo modelo de
habilidades gerais de comunicação.
comunicação com o paciente.
 “Quem recebe uma má notícia dificilmente esquece
 É um mnemônico de 6 passos que pode proporcionar
onde, como e quando ela foi comunicada...” - Marca
mais segurança ao médico e que apresenta 4 objetivos
para o resto da vida da pessoa;
principais:
1. Saber o que o paciente e seus familiares estão entendendo
O que são Más Notícias? da situação como um todo (ajuda o médico a saber por
 Má notícia pode ser compreendida como aquela que altera onde começar);
O que você conhece da doença do seu pai? (Conhecimento da doença); Qual
drástica e negativamente a perspectiva do paciente em doença que seu filho tem? (Até onde entende a situação; Explicar de maneira
relação ao seu futuro; clara e objetiva). O que você entende sobre sua doença? Ou familiar?
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2. Fornecer as informações de acordo com o que o paciente
e sua família suportam ouvir;
E - Emotions: Expressando emoções
Marcar outro momento, outra hora. Ir até onde seu paciente suporta ouvir...  Aguarde a resposta emocional que pode vir, dê tempo ao
3. Acolher qualquer reação que pode vir a acontecer; paciente, ele pode chorar, ficar em silêncio, em choque.
4. E, por último, ter um plano. Aguarde e mostre compreensão.
 Mantenha sempre uma postura empática.
 Pode acontecer: agressividade.

S - Strategy and Summary: Resumindo e


organizando estratégias
 É importante deixar claro para o paciente que ele não será
abandonado, que existe um plano ou tratamento, curativo
ou não.

Estratégias
 Estabelecer uma relação médic0-equipe de sáude-
S - Setting up: Preparando-se para o encontro paciente adequado: A construção de uma interação
 Treinar antes é uma boa estratégia. Apesar de a notícia apropriada, desde o primeiro contato, implica por em
ser triste, é importante manter a calma, estar seguro, pois prática a capacidade de empatia, compreensão e desejo de
as informações dadas podem ajudar o paciente a planejar ajuda.
seu futuro.  Conhecer cuidadosamente a história médica: Isto dará
 Procure por um lugar calmo e que permita que a conversa consistência às decisões clínicas e permitirá uma
seja particular. Nunca se dá dentro da enfermaria, comunicação mais clara e fluida. Neste sentido, quem irá
corredor de hospital, porta de consultório. revelar as más notícias deverá ser preferencialmente o
 Mantenha um acompanhante com seu paciente, isso médico responsável pelo caso.
costuma deixá-lo mais seguro.  Ver o paciente como pessoa: É importante que se vá
 Sente-se e procure não ter objetos entre você e o paciente. além do conhecimento formal e saber quem é a pessoa a
 Escute atentamente o que o paciente diz e mostre atenção quem se oferece os cuidados. Nesses momentos questões
e carinho (empatia). como: de onde vem esse paciente? Quais são suas
motivações? Seus medos? Projetos? - são importantes
P - Perception: Percebendo o paciente para que se possa lidar com outras dificuldades que não
somente aquelas impostas pelo adoecimento.
 Investigue o que o paciente já sabe do que está
 Organizar o tempo: É necessário que se garanta um
acontecendo.
tempo razoável para preparar o paciente, comunicar a
 Procure usar perguntas abertas.
informação, permitir um breve espaço para reflexão e
possibilitar um intercâmbio entre perguntas e respostas
I - Invitation: Convidando para o diálogo programando, apropriadamente, o seguimento e
 Identifique até onde o paciente quer saber do que está abordando os procedimentos terapêuticos por fazer, antes
acontecendo, se quer ser totalmente informado ou se de concluir a entrevista. (É um bom dia? A agenda do
prefere que um familiar tome as decisões por ele. Isso médico está disponível? Não falar de maneira rápida,
acontece! Se o paciente deixar claro que não quer saber organizar o momento mais oportuno, chamar os
detalhes, mantenha-se disponível para conversar no familiares, marcar um horário...)
momento que ele quiser.  Aspectos específicos da comunicação: É muito
importante compreender o paciente, ter uma expressão
neutra (ter cuidado com expressão facial, gestos, postura)
K - Knowledge: transmitindo as informações e, em seguida, informar as más notícias de maneira clara
 Introduções como “infelizmente não trago boas notícias” e direta. Usar um tom de voz suave, claro, objetivo,
podem ser um bom começo. “Como você sabe, a doença pausado e usar uma linguagem sincera.
do senhor....”  Reconhecer o que e quanto o paciente quer saber:
 Use sempre palavras adequadas ao vocabulário do Existe discordância entre o que o paciente quer dizer e o
paciente (evite diminuitivos). que o paciente quer saber. Perguntar ao paciente o que ele
 Use frases curtas e pergunte, com certa frequência, como quer saber dará a oportunidade deste colocar sua vontade.
o paciente está e o que está entendendo (“está Se o paciente mostrar que não quer falar sobre a
entendendo? Tem alguma dúvida?”) informação, devemos deixar a porta aberta para falar em
 Se o prognóstico for muito ruim, evite termos como “não outra hora.
há mais nada que possamos fazer”. Sempre deve existir  Encorajar e validar as emoções: Mesmo que se possa
um plano! identificar algumas expressões emocionais é importante
que o profissional verifique continuamente com o
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paciente como ele se sente, não antecipando a reação
emocional do mesmo. Oferecer períodos de silêncio
permite que os pacientes processem a má notícia e
ventilem as emoções.
 Atenção e cuidado com a família: Face à comunicação
de uma má notícia o profissional deverá ficar atento à
situação familiar do paciente e levar em conta as
necessidades particulares da família em função de seus
antecedentes culturais e religiosos. No caso de más
notícias previstas (antecipadas), pergunte antes quem ele
quer que esteja presente e o quanto ele gostaria que os
outros fossem envolvidos.
 Planejar o futuro e o seguimento: Após ter recebido a
má notícia, um paciente pode experimentar sentimentos
de isolamento e incerteza.

Conclusão
 Comunicar más notícias não é uma tarefa fácil.
 As evidências mostram que a atitude do profissional e a
capacidade de comunicação desempenham um papel
fundamental e decisivo no modo que o paciente enfretará
seu problema.
 O objetivo do protocolo SPIKES é, de alguma maneira,
organizar este momento, ajudando profissionais e
pacientes a manter uma comunicação clara e aberta.
 Verificar se houve a compreensão e formular um
planejamento ou “próximos passos” com o paciente.

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