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MÁS NOTÍCIAS
• Introdução:
– Dar más notícias a doentes e aos seus familiares é das tarefas mais difíceis e
importantes com que se deparam as equipas de saúde e principalmente os médicos.
– Apesar da sua reconhecida importância, muitos destes profissionais ainda
manifestam falta de informação e preparação adequada para lidar com essas
situações.
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• Princípios fundamentais:
– Não existe uma formula mágica que resulte para todas as pessoas (médico e doente) nem
para todos os contextos;
– Existem boas práticas que aumentam a probabilidade de resultados positivos na
comunicação de más notícias, mas que têm que ser adaptadas à pessoa e ao contexto (ex.
medicina geral e familiar, oncologia, urgências, etc);
– A comunicação de más notícias deve ser vista como um processo e não só um momento;
– A Comunicação de más notícias deve ser adaptada a cada pessoa, de acordo com a sua
individualidade respeitando as necessidades do doente e da sua família.
– A Lei de Bases de Saúde (Lei no 48/90 de 24 de Agosto) confere aos utentes o direito a ser
informados sobre a sua situação clínica, as alternativas dos tratamentos e a evolução
provável do seu estado.
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• Exercício:
– No vosso contexto, quais consideram ser as principais dificuldades na preparação,
comunicação e gestão das más notícias?
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• Os fatores mais importantes para os doentes quando recebem más notícias são:
– Ao receber uma má notícia sobre a sua doença, o doente tem tendência para
acentuar o seu estilo habitual de coping (estilo de lidar com);
– O papel médico consiste em reforçar as defesas saudáveis e adaptativas e em
minimizar os danos dos comportamentos nocivos;
– Deve ser evitada a tendência para alterar estes estilos de coping habituais,
substituindo-os pelos que o profissional considera serem os melhores;
– Um estudo na Polónia refere que 33% dos doentes manifestam-se descontentes
com a forma como lhes foram dadas as más notícias e questionam a ética e
integridade do médico (47% estavam satisfeitos).
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• Questões éticas:
– Contar ou não contar?
– Quanto contar?
– A quem contar?
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• Questões éticas:
– Seguindo um princípio ético da medicina, a informação sobre a patologia do
doente apenas é transmitida a terceiros (familiares ou outros) com o
consentimento implícito ou explícito deste.
– No entanto, muitas das vezes são os familiares os primeiros a serem
confrontados com as más notícias, e os médicos, confrontados com o pedido
de nada ser dito ao doente;
– Neste contexto, o médico encontra-se numa situação difícil, principalmente
se sabe que o doente está interessado em saber a gravidade da sua doença.
– É imperioso ter presente que o primeiro dever é para com o doente.
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• Questões éticas:
– É no entanto conveniente evitar a hostilização dos familiares, pois poderão ter
um papel importante no futuro.
– Face a esta situação o médico deve seguir o conceito de não impor a verdade
ao doente se este não a quiser saber, mas não deve mentir ao paciente se este
lhe perguntar.
– Quer dizer, aplicaremos o princípio da honestidade e tranquilizaremos a
família dizendo que nada diremos ao doente que ele não queira saber.
– Poderão existir situações em que se justifica dar mais notícias aos familiares
do que aos doentes, nomeadamente quando o doente é menor ou não pode ser
considerado capaz para as receber e compreender.
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• Protocolo de Buckman (seis etapas):
1. Preparação e escolha de ambiente adequado:
– Será necessário determinar o contexto no qual vai decorrer,
– As más notícias devem ser dadas em locais privados, sem interrupções de
outras pessoas;
– Sempre que for benéfico tenta-se que a pessoa não esteja sozinha;.
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II. Descobrir o que o doente já sabe:
– O profissional de saúde pede à pessoa que lhe descreva o que está
acontecer, para perceber qual o seu nível de conhecimentos. (ex. teve algum
diagnóstico antes?; o seu estado de saúde tem piorado?; já falou com
alguém sobre esta situação?)
– As respostas irão proporcionar uma informação extremamente valiosa sobre
o nível de conhecimentos e compreensão do doente.
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III. Descobrir o que o doente quer saber:
– O profissional de saúde tenta perceber até que ponto a pessoa quer ter
conhecimento da sua situação/ problema;
– Saber se a pessoa habitualmente gosta de discutir os pormenores sobre a sua
saúde (as questões feitas no ponto anterior podem ajudar a avaliar esta
informação).
– O profissional de saúde tenta compreender se o doente quer ser informado ou
não, respeitando se for caso disso, a sua relutância em não querer
(normalmente, se os doentes não querem saber o diagnóstico ou prognóstico
avisam os médicos antes de receber as notícias).
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IV. Dar a notícia:
– Trata-se do momento de dar a notícia;
– A verdade constitui um processo que deverá ser cuidadoso;
– O médico chama a atenção da pessoa com um aviso prévio (Sr. ... as
notícias não são boas...; Sra... os resultados não são animadores...).
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IV. Dar a notícia:
– Posteriormente dá a informação sem eufemismos, (ex. deixe lá! Vai poder
experimentar o equipamento de tratamento novo...) com frases curtas e de
interpretação clara (as análises apresentam um valor que indica...; segundo os
resultados do exame a Sra. ... tem...);
– É importante dar tempo à pessoa para assimilar a notícia.
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IV. Dar a notícia:
– A comunicação deve ser intercaladas com pausas (proporcionais) e silêncios
para permitir a expressão e análise de emoções e pensamentos;
– Compete ao profissional certificar-se de que o doente fez uma interpretação
correta da situação e verificar a sua reação; (Sr... compreende a gravidade da
situação?; Sra... Compreendo que não seja fácil..., compreende o que estou a
dizer?).
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V. Responder às emoções e às perguntas do doente:
– Uma das fases cruciais que pressupõe a identificação e a validação de
emoções (ex. como se sente?; quer perguntar alguma coisa?);
– O medo e a angústia são dois sentimentos presentes quando a pessoa recebe
uma má notícia, que se traduz muitas vezes em raiva contra o profissional
de saúde (ex. compreendo que se esteja a sentir assim...; há alguma coisa
neste momento que o possa ajudar?);
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V. Responder às emoções e às perguntas do doente:
– Dar espaço para “descarregar” o sofrimento ajuda a melhor entendimento
posterior;
– É importante demonstrar apoio e compreensão, respondendo à emoção,
recorrendo também à comunicação não-verbal (toque), respeitando o
silêncio e o choro;
– Respostas simples, dadas com clareza, de forma direta e honesta.
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V. Propor um plano de acompanhamento:
– Consiste na elaboração de um plano em função das necessidades do doente,
prevenindo, dentro do possível o sofrimento;
– O profissional de saúde e o doente estabelecem pequenas metas a atingir.
– Maior participação do doente resulta em maior adesão e compreensão (o
doente deve ser encorajado a questionar).
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• Modelo “SPIKES”
– S – “Setting” - Preparar a entrevista
– P – “Perception” - Avaliar a perceção da pessoa sobre a doença
– I – “Invitation” - Convidar para o diálogo
– K – “Knowledge” - Transmitir conhecimento/informação
– E – “Emotions” - Permitir a expressão de emoções
– S – “Strategy” - Estabelecer estratégias e sumário de informações
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• Modelo “ABCDE”
– A – “Advance Preparation” - Preparação
– B – “Build a therapeutic environment” - Criar um ambiente terapêutico
– C – “Communicate well” - Comunicar adequadamente
– D – “Deal with patients reactions” - Conseguir gerir as emoções do doente
– E – “Encourage and validate emotions” - Permitir a expressão de emoções e
validar as mesmas
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RESUMIDO
Preparação
Comunicação de Momento da
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