A) Etapa 1 – S (Setting up the interview): planejar e ensaiar a conversa.
Após planejar a conversa, deve-se preparar o ambiente de forma mais privativo
e adequado para conversar com paciente. Convidar poucas pessoas escolhida pelo paciente para estar ao lado dele. Dessa forma, podemos nos sentar e manter sempre o contato visual com o paciente. Etapa 2 – P (Perception): avaliar a percepção do paciente. Antes de discutir os resultados médicos devemos fazer perguntas ao paciente a fim de sabermos o grau de entendimento dele sobre sua condição médica. Por exemplo, “o que lhe foi dito sobre sua situação médica até agora?” ou “Qual é o seu entendimento sobre os motivos pelos quais fizemos determinados exames?”. Assim, você consegue entender o que se passa na cabeça do seu paciente, corrigir desinformações e adaptar a má notícia a compreensão do mesmo. Além disso, avaliar se o paciente está envolvido a alguma variação de negação da doença: : ilusão, omissão de detalhes médicos essenciais, mas desfavoráveis, da doença ou expectativas irrealistas de tratamento. Etapa 3 – I (Invitation): Obtendo o convite do paciente. Quando o paciente explicita a vontade de saber sobre tudo, a ansiedade médica diminuiu para falar sobre a verdadeira condição do paciente. Entretanto, quando o paciente não deixa clara a sua vontade de saber toda a informação ou não quer saber, é válido que o médico questione ao paciente o que ele quer saber sobre a sua doença e sobre o resultado dos seus exames. A exemplos, “Como você gostaria que eu desse as informações sobre os resultados do teste? Gostaria que eu lhe desse todas as informações ou esboçasse os resultados e passasse mais tempo discutindo o plano de tratamento?”. Caso o paciente não queira saber dos detalhes, se ofereça para responder a qualquer pergunta no futuro ou para falar com um parente ou amigo. Etapa 4 – K (Knowledge): dando conhecimento e informação ao paciente. Avisar ao paciente que você tem más notícias pode diminuir o choque da transmissão dessas notícias e pode facilitar o processamento da informação. A exemplos, “Infelizmente, tenho más notícias para lhe contar” ou “Lamento dizer isso…” . Informar ao paciente sua condição usando um vocabulário que facilite sua compressão e demonstrar compaixão. Passar as informações aos poucos e ir avaliando o grau de entendimento do paciente. E evitar usar frases como “Não há mais nada que possamos fazer por você”. Etapa 5 – E (Emotions): abordar as emoções do paciente. Demonstrar compaixão e responder as emoções do paciente. Quando os pacientes ouvem más notícias a reação emocional mais frequente é uma expressão de choque, isolamento e dor. Nesta situação o médico pode oferecer apoio e solidariedade com uma resposta afetiva. Etapa 6 – S ( Strategy and Summary): estratégia e resumo. Antes de discutir um plano de tratamento, é importante perguntar ao paciente se ele está pronto para tal discussão naquele momento. Apresentar opções de tratamento aos pacientes quando disponíveis estabelecerá a percepção de que o médico considera os seus desejos importantes. Compartilhar a responsabilidade pela tomada de decisões com o paciente. Verificar a incompreensão da discussão pelo paciente pode evitar a tendência documentada dos pacientes de superestimar a eficácia ou entender mal o propósito do tratamento. Demonstrar compaixão e não dar falsas esperanças ao paciente! Caso ele queira, ser claro ao falar do prognóstico e ter em mente que sempre temos algo para fazer por ele, mesmo que não seja a cura.
B) Pontos positivos: escolheu um local mais calmo e adequado para
conversar com o marido, manteve contato visual com o paciente, informou ao paciente com uma comunicação compreensível e com compaixão, abordou as emoções do paciente oferecendo apoio de profissionais e se oferecendo a ligar para entes queridos para estar ao seu lado. E ratificou a notícia com compaixão. Pontos negativos: não convidou o paciente para sentar no intuito que ficasse menos ansioso e mais confortável, não avaliou a percepção do paciente em relação a gravidade da doença antes de dar a notícia, falou em autópsia para descobrir o que poderia ser a doença, fazendo dessa forma o marido ficar mais furioso. Pontos que eu faria diferente: escolheria um local adequado para que pudéssemos sentar e conversar, avaliaria primeiro o seu entendimento da doença e da gravidade da mulher, avisaria primeiro que infelizmente tinha uma notícia ruim para dar e então contaria de maneira empática a morte da esposa. Demonstraria mais apoio e compaixão com os sentimentos do marido que ficou furioso com a morte de sua esposa e ratificaria no final a gravidade do caso e que ele não estaria sozinho, buscar apoio para cuidar do filho também.
C) Não ter um local apropriado e tranquilo para que pudéssemos sentar e
falar a má notícia, pois muitas vezes estamos em um cenário de superlotação de hospitais que é difícil ter um local apropriado para isso. O grau de instrução da população sobre saúde, de maneira geral, é muito baixo, por isso seu entendimento perante a gravidade da situação acaba tornando a passagem de má notícias mais dificultosa e ter reações mais violentas com a equipe médica, por pensar que a paciente não tinha um quadro grave. Dentre os desafios que precisamos transpor para melhorar a comunicação com o paciente: primeiro, difundir desde a faculdade que protocolos como o SPIKES são importantes na comunicação de más notícias. Criar ambientes adequados nos serviços de saúde com uma equipe multidisciplinar para que se possa sentar, conversar e dar apoio ao familiar depois da má notícia. Além disso, fazer com que a população tenha um conhecimento básico melhor da gravidade de pelo menos as principais doenças, com aulas básicas desde as escolas até campanhas governamentais sobre as principais afecções que acometem a população.