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Atenção!

Os artigos indicados sobre técnicas de entrevista e anamnese para leitura extra


são obras escritas de médicos para médicos. Portanto, é altamente
recomendável que tomem como referência para a aplicação e desenvolvimento
da anamnese farmacêutica.

4 DICAS IMPERDÍVEIS PARA UMA BOA


ANAMNESE
Por Leandro Diehl

Dá para fazer omelete sem ovos? Claro que não!

Da mesma maneira, é impossível desenvolver um bom raciocínio diagnóstico


sem uma história clínica e um exame físico adequados. Colher informações
acuradas e completas do paciente é o primeiro passo em direção ao diagnóstico
e tratamento corretos.

Uma boa coleta de dados do paciente, como já vimos, é um dos três pilares do
diagnóstico correto, junto com o conhecimento das doenças e o raciocínio
clínico apropriado.

Por isso, mesmo se você estiver no primeiro ano da faculdade de Medicina e


ainda estiver morrendo de medo de conversar com pacientes, é fundamental que
você comece, desde já, a praticar as habilidades necessárias para construir uma
boa anamnese.

Neste texto, trazemos 4 dicas imperdíveis para você conseguir coletar uma boa
história clínica.

Dica 1: CAIA no começo

Comece com o pé direito. Muitos pacientes estão passando por uma fase repleta
de sofrimento, medo e insegurança. Se você quiser que o paciente se abra e
conte sua história para você, trate-o com respeito e demonstre empatia.

Portanto, evite simplesmente materializar-se na frente do paciente, sem explicar


o que está acontecendo. Nossa dica para um bom início de anamnese é: CAIA!

Cumprimente o paciente antes de qualquer outra coisa. “Bom dia” e “boa tarde”
não fazem mal a ninguém! Chame-o sempre pelo nome. Nunca é demais
ressaltar a importância desse primeiro contato com o paciente. É criar o
relacionamento (“rapport”): entrar no mundo do paciente. A primeira impressão
que você passa ao paciente é que vai definir se a relação entre vocês será
repleta de reservas e incertezas, ou será marcada pela confiança e pela
honestidade.
Apresente-se, dizendo seu nome e quem você é. O paciente precisa entender
com clareza quem é você e o que você está fazendo ali. Talvez você tenha medo
de dizer com todas as letras que você é um simples estudante do primeiro ou
segundo ano do curso de Medicina. Talvez você sinta a necessidade de fingir
ser outra pessoa, até para acalmar sua própria insegurança. Mas não tente se
passar por quem você não é! A melhor política aqui é sempre dizer a verdade.
Não tenha dúvida que o paciente vai adivinhar que você é um estudante. Quem
você quer enganar, com essa carinha de bebê?

Informe ao paciente o que exatamente você


está fazendo ali e qual o objetivo da sua
visita. Se você está com ele só para treinar
anamnese e exame físico, diga claramente
seu propósito assegurando que você não
tomará parte no tratamento dele.
Peça Autorização: pergunte se ele aceita conversar com você para contar sua
história e responder a várias perguntas. Este é outro requisito essencial: o
paciente precisa autorizar a sua entrada na vida dele por alguns minutos. Pode
ser que o paciente não esteja num bom momento para conversar. Pode ser que
ele já tenha contado a história dele tantas e tantas vezes que já está de saco
cheio de pessoas fazendo perguntas. Respeite a privacidade do paciente, se é
isso que ele quer. Se este paciente não quiser conversar, agradeça – e procure
outro.

Dica 2: Preste atenção ao paciente

Ninguém gosta de contar uma história se os ouvintes não estão prestando


atenção.

Enquanto o paciente está contando sua história, demonstre que você está
ouvindo! Mexa a cabeça e faça “hum-hum” para sinalizar que você entendeu.

Não fique o tempo todo escrevendo: olhe para o paciente, faça contato visual,
mostre interesse! Mantenha suas anotações ao mínimo neste momento: escreva
só aquilo que você tem certeza que vai esquecer se não anotar.

E não interrompa o paciente enquanto ele estiver falando! Primeiro deixe o


paciente falar à vontade, e só depois comece a fazer perguntas. Vale a pena
lembrar que o paciente tem a história na cabeça e pode dar muitos dados úteis
espontaneamente.
Dica 3: Seja curioso e detalhista

Não tenha vergonha ou preguiça de perguntar. Se o paciente disse algo que


você não entendeu muito bem, peça a ele para explicar melhor.

No começo da vida médica, não tem jeito: você precisa mesmo perguntar tudo
aquilo que está no roteiro. Quando não temos muita experiência clínica ainda,
não é fácil distinguir qual informação é relevante. Por isso, toda informação deve
ser considerada importante, até prova em contrário. É por esse motivo que os
professores de Semiologia pedem que você faça aquela anamnese completona,
imensa, com uma revisão de sistemas enorme.

Em média, uma anamnese completa, como manda o figurino, demora de 30


minutos a uma hora. Não tenha pressa. Capriche!

Quando você estiver mais maduro e experiente, você vai conseguir identificar
quais dados são mais relevantes, e então vai poder colher uma história mais
curta, mais eficiente e mais focada no que realmente interessa.

Dica 4: Retribua!

Ao final da conversa, lembre-se que aquela pessoa doente concordou


em compartilhar sua história para ajudar você a praticar e aprender. Não seja o
estudante que apenas “tira” uma história. Tente retribuir de alguma forma!

Muitas vezes, a atenção dada por um aluno


é de imenso valor para o paciente. O
ambiente corrido e muitas vezes
despersonalizado dos serviços de saúde
pode fazer com que as pessoas doentes
recebam pouca atenção. Experimente, você
vai se surpreender!
Agradeça ao paciente pelo tempo e pela gentileza dele. Afinal, ele podia ter
recusado quando você perguntou se podia conversar com ele.

Deseje melhoras. Geralmente, o paciente não está ali na enfermaria ou no


ambulatório porque quer. Isto é demonstrar empatia, e pode ter efeito
terapêutico.

Despeça-se, encerrando o encontro com cordialidade.


Conclusões

Como foi falado antes, a coleta e a redação da história clínica (e do exame físico)
são habilidades clínicas preciosas que devem ser aprimoradas se você quer ser
um bom médico. A prática deliberada é que leva à perfeição!

E boas anamneses!

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