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HISTOLOGIA E

EMBRIOLOGIA

Adriana Dalpicolli Rodrigues


Sistema cardiovascular:
veias e artérias
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Caracterizar as funções do sistema circulatório.


„„ Definir as estruturas que compõem as artérias em seus diferentes
tamanhos.
„„ Diferenciar artérias, veias e capilares quanto às suas camadas e
estruturas.

Introdução
O sistema circulatório é muito importante para a manutenção da ho-
meostasia dos outros sistemas corporais e é composto pelos sistemas
cardiovascular e linfático. O sistema cardiovascular é responsável por
transportar e distribuir o sangue por todo o organismo, levando as mais
variadas substâncias, como oxigênio (principalmente), nutrientes, hor-
mônios, entre outras, além de remover resíduos. Esse transporte é feito
pelos vasos sanguíneos — artérias, capilares e veias. Os vasos formam
rotas circulatórias fechadas para que o sangue arterial flua do coração
para os órgãos do corpo e para que o sangue venoso volte ao coração.
As artérias apresentam tamanhos variados e se diferenciam dos capilares e
das veias de acordo com as camadas teciduais e as demais estruturas que
as compõem. Por outro lado, o sistema linfático é composto por vasos e
órgãos linfáticos e basicamente tem a função de remover o excesso de
líquidos e proteger o organismo contra os mais variados patógenos ou
sustâncias nocivas presentes no meio ambiente.
Neste capítulo, você vai compreender as funções do sistema circula-
tório e as estruturas que compõem as diferentes artérias e irá aprender
a diferenciar os vasos sanguíneos quanto às suas camadas e estruturas.
2 Sistema cardiovascular: veias e artérias

Funções do sistema circulatório


O sistema circulatório é constituído pelo sistema cardiovascular sanguíneo e
pelo sistema vascular linfático. O primeiro é composto pelo coração e pelos
vasos sanguíneos, os quais são basicamente diferenciados em artérias, vasos
capilares e veias. O coração é um órgão que tem como função principal bombear
o sangue para que ele circule pelos vasos sanguíneos. As artérias são vasos
que vão se tornando menores à medida que se ramificam e se distanciam
do coração. Elas apresentam como função levar o sangue arterial com alta
concentração de oxigênio, nutrientes, hormônios e outras substâncias do
coração para os tecidos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI,
2016; TORTORA; DERRICKSON, 2016).

As artérias pulmonares são as únicas artérias que transportam sangue venoso (pobre
em oxigênio), e as veias pulmonares são a exceção das veias, haja vista que transportam
sangue arterial (rico em oxigênio).

Os vasos capilares são vasos muito delgados que compõem uma rede com-
plexa de tubos muito finos. É através das paredes dos capilares que ocorre a
troca de sustâncias entre o sangue e os tecidos adjacentes. Já as veias resultam
da convergência dos vasos capilares em um sistema de vasos, os quais vão se
tornando cada vez mais calibrosos (de capilares a vênulas e de vênulas a veias)
à medida que se aproximam do coração, sendo que é para ele que transportam
o sangue venoso com baixas concentrações de oxigênio proveniente dos
tecidos do organismo. Esse sistema é, portanto, um sistema fechado de tubos
no interior do qual o sangue circula de forma contínua (Figura 1).
Sistema cardiovascular: veias e artérias 3

Figura 1. Sistema cardiovascular: circulação sanguínea por artérias, veias e capilares.


Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 399).

O sistema vascular linfático pode ser visto na Figura 2. Ele é composto


pela linfa (líquido com características similares ao plasma sanguíneo, mas
com baixa concentração de proteínas e um grande número de linfócitos), vasos
linfáticos (pelos quais a linfa circula) e órgãos linfáticos (linfonodos, baço,
timo e tonsilas). Os vasos linfáticos são compostos pelos túbulos de fundo
cego que se juntam para formar tubos de diâmetro crescente. Tais vasos que
apresentam maior calibre terminam no sistema cardiovascular, desembocando
4 Sistema cardiovascular: veias e artérias

em grandes veias que estão próximas ao coração. Esse sistema tem como
função retornar ao sangue o fluido contido nos espaços intersticiais (líquido
que preenche os espaços presentes entre as células e os capilares sanguíneos).
Depois de passar para os vasos linfáticos, o líquido intersticial contribui para
a formação da parte líquida da linfa. Além da drenagem do líquido que se
encontra em excesso nos tecidos, esse sistema é importante para a produção
de células de defesa, a circulação de linfócitos, a absorção dos ácidos graxos
e o transporte subsequente da gordura para o sistema cardiovascular (JUN-
QUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA; DERRICKSON, 2016).

Figura 2. Composição do sistema linfático.


Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 423).
Sistema cardiovascular: veias e artérias 5

Estruturas que compõem os diferentes


tipos de artérias
As paredes das artérias são formadas por três túnicas de tecidos que envol-
vem uma área oca (o lúmen) pela qual o sangue circula. A túnica íntima é
composta pelo endotélio (epitélio escamoso simples), pela membrana basal
(camada subendotelial de tecido conjuntivo frouxo com células musculares
lisas ocasionais) e pelo tecido elástico (lâmina elástica interna). A túnica média
contém o músculo liso e/ou o tecido elástico. Por outro lado, a túnica adventícia
é composta, principalmente, por fibras elásticas e colágenas (TORTORA;
DERRICKSON, 2016). Os vasos sanguíneos arteriais (artérias) podem ser
classificados de acordo com o seu diâmetro.

Grandes artérias elásticas


As grandes artérias elásticas contribuem para estabilizar o fluxo sanguíneo.
Nesse grupo, incluem-se a aorta (principal e maior artéria do corpo humano)
e seus grandes ramos (artérias carótidas e subclávias), bem como as artérias
pulmonares. Esses vasos têm cor amarelada devido ao acúmulo de elastina
(proteína estrutural) na túnica média. A túnica íntima é rica em fibras elásticas
e é mais espessa que a túnica íntima de uma artéria muscular. Embora uma
lâmina elástica interna se faça presente, ela não pode ser facilmente distinguida
das demais lâminas elásticas que estão entre as camadas musculares que se
seguem na artéria.
A túnica média é formada por uma série de lâminas elásticas perfuradas
e concentricamente organizadas que aumentam em número com a idade do
indivíduo. Entre as lâminas elásticas, encontram-se as células musculares lisas,
as fibras de colágeno, os proteoglicanos e as glicoproteínas. A túnica média
contém várias lâminas elásticas que contribuem para tornar o fluxo de sangue
mais uniforme. Durante a contração ventricular, chamada de sístole, as lâminas
elásticas dessas grandes artérias estão distendidas, o que reduz a variação da
pressão. Do mesmo modo, quando ocorre o relaxamento ventricular, chamado
de diástole, a pressão no ventrículo cai, mas a propriedade elástica das grandes
artérias auxilia a manter a pressão arterial, como consequência, a pressão
arterial e a velocidade do sangue diminuem e se tornam menos variáveis à
medida que se distanciam do coração. A túnica adventícia é relativamente
pouco desenvolvida nas grandes artérias (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
As estruturas citadas podem ser observadas na Figura 3.
6 Sistema cardiovascular: veias e artérias

Endotélio
Túnica íntima

Lâmina
elástica
Túnica média

Pequenos vasos sanguíneos


Túnica
adventícia

Figura 3. Imagem histológica das estruturas que compõem as grandes artérias elásticas.
Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2013).

Algumas das grandes artérias apresentam corpo e seio carotídeos. Os corpos


carotídeos são quimiorreceptores pequenos e sensíveis à alta concentração
de dióxido de carbono, à baixa concentração de oxigênio e ao baixo pH do
sangue arterial, além de serem encontrados perto da bifurcação da artéria
carótida comum. Eles são muito irrigados por vasos capilares fenestrados,
os quais envolvem as células do tipo I (células que contêm várias vesículas
armazenadoras de dopamina, serotonina e adrenalina) e do tipo II (células de
suporte). A maioria dos nervos dessa estrutura é composta por fibras aferentes,
ou seja, esses nervos têm a função de levar impulsos ao sistema nervoso central
(SNC). Os seios carotídeos são pequenas dilatações das artérias carótidas
internas com barorreceptores que percebem variações na pressão sanguínea
Sistema cardiovascular: veias e artérias 7

e reportam essa informação ao SNC. A camada média da parede arterial é


mais delgada nos seios carotídeos, enquanto nas camadas íntima e adventícia
há muitas terminações nervosas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

Artérias (musculares) médias


Esse tipo de artéria contém a túnica média, que é formada basicamente
por células musculares lisas, podendo conter até 40 camadas de células.
Sua túnica íntima tem uma camada subendotelial um pouco mais espessa do
que a das arteríolas. Na lâmina elástica interna, o elemento mais externo da
túnica íntima é proeminente. Essas células são entremeadas por um variável
número de lamelas elásticas (conforme o tamanho do vaso) e por fibras reti-
culares e proteoglicanos — ambos sintetizados pela própria célula muscular
lisa. A lâmina elástica externa é encontrada apenas nas artérias musculares
maiores. A túnica adventícia é formada por tecido conjuntivo frouxo e tem
vasos capilares linfáticos, vasa vasorum (pequenos vasos sanguíneos) e ner-
vos da adventícia, sendo que essas estruturas podem penetrar até a porção
mais externa da túnica média. As artérias musculares médias são capazes
de controlar o fluxo sanguíneo para os órgãos, contraindo ou relaxando as
células musculares lisas da túnica média. Nos ramos mais delgados, as túnicas
são mais delgadas. A Figura 4 ilustra as estruturas que compõem as artérias
musculares médias (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

Arteríolas
As arteríolas são artérias muito pequenas, quase microscópicas, que, na maioria
das vezes, apresentam um diâmetro menor que 0,5 mm e lúmen relativamente
estreito. A camada subendotelial também é muito delgada. Arteríolas muito
pequenas não têm lâmina elástica interna nem lâmina elástica externa, além
disso, a camada média normalmente é composta por uma ou duas camadas
de células musculares lisas que são circularmente organizadas. As arteríolas
fornecem sangue para os vasos capilares. Durante a vasoconstrição, o fluxo
sanguíneo delas para os capilares é restrito, por outro lado, durante a vasodi-
latação, o fluxo aumenta de modo significativo. Alterações no diâmetro das
arteríolas podem alterar significativamente a pressão sanguínea (a vasodilatação
diminui a pressão sanguínea e a vasoconstrição aumenta) (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013; TORTORA; DERRICKSON, 2016).
8 Sistema cardiovascular: veias e artérias

Endotélio

Lâmina elástica Túnica íntima


interna

Túnica média

Pequenos vasos sanguíneos Túnica


adventícia

Figura 4. Imagem histológica das estruturas que compõem as artérias musculares médias.
Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2013).

Diferenças entre artérias, veias e capilares


quanto às suas camadas e estruturas
O sistema circulatório frequentemente é dividido em vasos da macrocir-
culação (responsáveis por transportar sangue aos tecidos e levar sangue de
volta ao coração), incluindo as artérias e as veias mais calibrosas, e os vasos
da microcirculação, o que inclui as arteríolas, os capilares e as vênulas pós-
-capilares que são visíveis somente no microscópio. Os tecidos que compõem
os vasos sanguíneos são: endotélio, tecido muscular e tecido conjuntivo —
são esses tecidos que formam as camadas ou túnicas dos vasos sanguíneos.
A quantidade e a organização de cada um dos tecidos nos diferentes vasos são
influenciadas por fatores mecânicos, como a pressão sanguínea, e por fatores
metabólicos devido à necessidade local dos tecidos. Os capilares e as vênulas
Sistema cardiovascular: veias e artérias 9

pós-capilares apresentam apenas endotélio (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013;


TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O endotélio (camada de epitélio pavimentoso) originado do mesênquima
reveste a superfície interna de todos os vasos sanguíneos e também dos vasos
linfáticos. Esse tecido forma uma barreira semipermeável interposta entre o
plasma sanguíneo e o fluido intersticial. O endotélio permite trocas bidire-
cionais de pequenas moléculas e também apresenta a capacidade de restringir
o transporte de macromoléculas. O tecido muscular liso faz parte da túnica
média dos vasos, sendo organizado em camadas de células helicoidalmente
dispostas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016).
Em relação ao tecido conjuntivo dos vasos, nele são observadas fibras
colágenas em quantidade abundante, as quais são encontradas entre as células
musculares, na camada adventícia e também na camada subepitelial de alguns
vasos, ao passo que os colágenos são vistos em membranas basais (colágeno
tipo IV) e nas túnicas média (colágeno tipo III) e adventícia (colágeno tipo I).
A resistência ao estiramento promovido pela expansão da parede dos vasos
é fornecida pelas fibras elásticas. Essas fibras são encontradas em grande
quantidade nas artérias de maior calibre e organizadas em lamelas paralelas
regularmente distribuídas entre as células musculares em toda a espessura
da camada média. Outro composto das paredes dos vasos são os glicosami-
noglicanos (mucopolissacarídeos), os quais são encontrados em concentração
mais alta nas paredes das artérias em comparação às das veias (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013).
De modo geral, os vasos sanguíneos são compostos pelas seguintes ca-
madas ou túnicas: túnica íntima, túnica média e túnica adventícia (Figura 5).
Em artérias, a túnica íntima está separada da túnica média por uma lâmina
elástica interna (componente mais externo da íntima). Essa lâmina (formada
principalmente por elastina) contém aberturas que possibilitam a difusão de
substâncias para nutrir células situadas mais profundamente na parede do
vaso. A túnica média é composta especialmente por camadas concêntricas
de células musculares lisas intercaladas por matriz extracelular, a qual é for-
mada por fibras e lamelas elásticas, fibras reticulares (colágeno do tipo III),
proteoglicanos e glicoproteínas. Nas artérias do tipo elástico, a maior parte
da túnica média é composta por lâminas de material elástico. Em artérias
musculares menos calibrosas, a túnica média contém uma lâmina elástica
externa no limite com a túnica adventícia. A túnica adventícia tem maior
quantidade de colágeno do tipo 1 e fibras elásticas e se torna gradativamente
contínua com o tecido conjuntivo do órgão pelo qual o vaso sanguíneo está
incidindo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
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Adventícia Média Íntima

Lâmina Lâmina Endotélio


elástica basal
interna

Figura 5. Camadas ou túnicas de uma artéria de calibre médio.


Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2013).

Os vasos capilares apresentam pequeno calibre e paredes muito finas de


tecido endotelial (1 a 3 células geralmente poligonais) e são envolvidos por
uma lâmina basal em forma de tubo. As células endoteliais, por outro lado,
são envoltas por células de origem mesenquimatosa, as quais são chamadas
de pericitos. Essas estruturas têm núcleo alongado, prolongamentos citoplas-
máticos e junções comunicantes com as células endoteliais, além disso, os
filamentos de actina e de miosina geram a sua contração, regulando, assim,
o fluxo sanguíneo. Devido à composição dos capilares, muitas substâncias
atravessam facilmente para alcançar as células teciduais a partir do sangue
ou para entrar no sangue por intermédio do líquido intersticial. Dependendo
da proximidade das junções entre as células endoteliais, tipos diferentes de
vasos capilares apresentam graus variados de permeabilidade, por esse motivo,
eles podem ser classificados em: capilar contínuo (ou somático), fenestrado
e sinusoide.
Nos contínuos, o espaço intercelular é vedado pelas junções de oclusão, e
a entrada de substâncias ocorre principalmente por pinocitose. Eles são en-
contrados nos tecidos conjuntivo, muscular e nervoso (estabelecem a barreira
hematoencefálica, de forma a evitar a passagem de macromoléculas). Nos
capilares fenestrados, as células endoteliais estão unidas por poros (os quais
comumente são recobertos por um diafragma mais delgado que a membrana
Sistema cardiovascular: veias e artérias 11

plasmática). Estes, por usa vez, são encontrados nas glândulas endócrinas, nos
rins, nos intestinos e em determinadas regiões do sistema nervoso (glândula
pineal, hipófise posterior, partes do hipotálamo e plexo coroide). Os capilares
sinusoides têm trajeto sinuoso e calibre. Esse tipo de capilar apresenta poros
sem diafragma, amplos espaços entre as células endoteliais e lâmina basal
descontínua, além disso, eles contêm, macrófagos em torno da parede. Devido
ao trajeto sinuoso e à velocidade da circulação sanguínea, bem como às de-
mais características desse capilar, há um intenso intercâmbio de substâncias
entre o sangue e os tecidos, além da entrada ou saída de células sanguíneas.
Os capilares sinusoides podem ser encontrados no fígado e em órgãos hema-
topoéticos (medula óssea e baço).
Os vasos capilares são considerados vasos de troca, pois é neles que ocorre
a transferência de oxigênio, gás carbônico, água, solutos, macromoléculas,
substratos e metabólitos do sangue para os tecidos e dos tecidos para o sangue.
Além disso, eles apresentam outras funções, como conversão de angiotensina
I para angiotensina II (etapa importante no processo de coagulação sanguí-
nea), conversão de hormônios como bradicinina, serotonina, prostaglandinas,
noradrenalina, entre outros, em compostos biologicamente inativos, lipólise
de lipoproteínas — por intermédio das enzimas localizadas na superfície das
células endoteliais — para transformá-las em triglicerídeos e colesterol e pro-
dução de fatores vasoativos (p. ex., endotelinas que afetam o tônus muscular),
agentes vasoconstritivos e fatores de relaxamento (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2013; MONTANARI, 2016; TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Quando o sangue deixa os capilares em direção às vênulas e veias, ele perde
uma grande quantidade de pressão. As vênulas são estruturalmente semelhantes
às arteríolas. As paredes desses vasos são mais finas quando estão próximas
das extremidades dos capilares e vão engrossando conforme se aproximam do
coração. A parede das vênulas é formada apenas por uma camada de células
endoteliais, sendo que, ao redor delas, existem células pericíticas contráteis
que apresentam características morfológicas e funcionais semelhantes às
dos capilares. Tais células participam de processos inflamatórios e de trocas
de moléculas entre o sangue e os tecidos. As junções entre essas células são
muito frouxas, diferenciando-se do restante do sistema vascular. Além disso,
grande parte das vênulas é do tipo muscular, havendo pelo menos algumas
células musculares lisas em sua parede (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013;
TORTORA; DERRICKSON, 2016).
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Veias são vasos que coletam o sangue vindo das vênulas e podem ser
pequenas, médias ou grandes, sendo que a maioria é de pequeno ou médio
calibre. De modo geral, elas são estruturalmente semelhantes às artérias, e
as túnicas média e íntima são mais delgadas. A túnica adventícia das veias é
a camada mais espessa, enquanto o lúmen é mais amplo do que nas artérias,
sendo que as suas paredes são compostas por algumas células musculares.
A túnica íntima apresenta geralmente camada subendotelial fina que é com-
posta por tecido conjuntivo, mas esse tecido pode estar ausente. A túnica
média é composta por grupamentos de pequenas células musculares lisas
entremeadas por fibras reticulares e uma rede delicada de fibras reticulares.
A túnica íntima das grandes veias é muito desenvolvida, a média é bem fina
(poucas camadas de células musculares lisas e abundante tecido conjuntivo) e,
na maioria, a adventícia contém feixes longitudinais de músculo liso e fibras
colágenas. Além disso, elas normalmente apresentam válvulas no seu interior
que impedem o refluxo de sangue. Essas válvulas (numerosas nas veias dos
membros inferiores), compostas por tecido conjuntivo repleto de fibras elásticas,
são revestidas em ambos os lados pelo endotélio e apresentam dobras da túnica
íntima em forma de meia-lua que se projetam para o interior do lúmen do
vaso (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Normalmente, vasos grandes contêm vasa vasorum, que são arteríolas,
capilares e vênulas que se ramificam profusamente na adventícia e na porção
externa da média, embora estejam em menor quantidade. Os vasa vasorum
provêm as túnicas adventícia e média de metabólitos, ou seja, eles têm a
função de nutrir os grandes vasos, visto que, em vasos maiores, as camadas
são muito espessas para serem nutridas unicamente pela difusão do sangue
que circula no lúmen do vaso. Dessa forma, é possível dizer que eles são mais
prevalentes em veias do que nas artérias (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013;
MONTANARI, 2016).
A maioria dos vasos sanguíneos que contêm músculo liso é inervada por
uma rede profusa de fibras não mielínicas da inervação simpática (nervos
vasomotores). O neurotransmissor envolvido é a noradrenalina, que, quando
liberada, resulta em vasoconstrição. Nas artérias, as terminações nervosas
eferentes normalmente não penetram a túnica média, sendo assim, os neuro-
transmissores devem se difundir para atingir as células musculares lisas dessa
túnica. Nas veias, as terminações nervosas alcançam as túnicas adventícia e
média, no entanto, a densidade total das terminações nervosas é menor em
comparação à das artérias (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Sistema cardiovascular: veias e artérias 13

Na Figura 6 é possível ver uma comparação das camadas e estruturas


de uma pequena artéria, de uma veia e dos capilares em corte histológico.
No Quadro 1, podem ser observadas, de forma resumida, as diferenças de
cada vaso sanguíneo.

Figura 6. Corte histológico de uma pequena artéria, uma veia e capilares.


Fonte: Junqueira e Carneiro (2013, p. 207).
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Quadro 1. Resumo dos constituintes dos vasos sanguíneos

Túnica íntima Túnica média Túnica adventícia

Endo- Camada Lâmina Lâmina


télio subendotelial elástica elástica
interna externa
Sistema cardiovascular: veias e artérias

Arteríola Pre- Ausente Ausente 1 a 3 camadas de células musculares Ausente Insignificante


(30 a 400 μm) sente ou
presente

Artéria de médio Pre- Presente Presente 3 a 40 camadas de células mus- Pre- Presente com
calibre (ou muscular) sente culares, fibras reticulares e sente vasa vasorum
(500 μm a 1 cm) elásticas e proteoglicanos
Exemplo: artéria femoral

Artéria de grande Pre- Presente e Presente Tecido elástico (40 a 70 lâminas Pre- Presente com
calibre (ou elástica) sente rica em fibras elásticas), células musculares, sente vasa vasorum
(> 1 cm) elásticas fibras reticulares e colágenas, pro-
Exemplo: aorta e seus teoglicanos e glicoproteínas
grandes ramos

Vênula Pre- Ausente Ausente Com periquitos ou com 1 ou 2 Ausente Presente


(10 a 100 μm) sente camadas de células musculares

(Continua)
(Continução)

Quadro 1. Resumo dos constituintes dos vasos sanguíneos

Túnica íntima Túnica média Túnica adventícia

Endo- Camada Lâmina Lâmina


télio subendotelial elástica elástica
interna externa

Veia de médio calibre Pre- Presente Ausente Células musculares e fibras Ausente Espessa com
(1 a 10 mm) sente colágenas e elásticas vasa vasorum
Exemplo: veia safena

Veia de grande calibre Pre- Presente Presente Pouco desenvolvida, com células mus- Ausente Espessa com feixes
(1 a 4 cm) sente culares e fibras colágenas e elásticas musculares longitu-
Exemplo: veias cavas dinais, fibras coláge-
superiores e inferiores nas, fibras elásticas
e vasa vasorum

Fonte: Adaptado de Montanari (2016).


Sistema cardiovascular: veias e artérias
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16 Sistema cardiovascular: veias e artérias

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2013.
MONTANARI, T. Histologia: texto, atlas e roteiro de aulas práticas. 3. ed. Porto Alegre:
Ed. do autor, 2016. Disponível em: http://professor.ufrgs.br/tatianamontanari/publica-
tions/histologia-texto-atlas-e-roteiro-de-aulas-pr%C3%A1ticas. Acesso em: 7 set. 2019.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia.
10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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