Você está na página 1de 19

o sistema circulatório equivale ao sistema de resfriamento de um carro, com seus componentes incluindo o líquido

circulante (o sangue), uma bomba induzindo a circulação do líquido (o coração) e diversos tubos condutores (os vasos
sanguíneos).

// Funções do sistema cardiovascular


As funções do sistema cardiovascular estão relacionadas ao sangue, uma massa líquida de tecido conjuntivo
especializado, e podem ser agrupadas em três grandes áreas: transporte, regulação e proteção.

O sangue realiza o transporte de oxigênio (O2), dos pulmões para as células do corpo, e dióxido de carbono (CO2), das
células do corpo para os pulmões. O sangue também conduz: nutrientes absorvidos no trato gastrintestinal para as
células do corpo; hormônios produzidos nas glândulas endócrinas para outros locais no corpo onde devem atuar; e
produtos residuais para eliminação do corpo em locais como pulmões, rins e pele. Por fim, o sangue também transporta
calor;
As funções do sistema cardiovascular são essenciais, de forma que qualquer célula ou órgão que tiver privação completa
da circulação pode morrer em questão de minutos.

// Divisão do sistema cardiovascular

O sistema circulatório é dividido em sistema cardiovascular, formado pelo coração, vasos sanguíneos e sangue, e sistema
linfático, composto pelos vasos linfáticos e órgãos linfáticos. O coração atua como uma bomba hidráulica com quatro
câmaras, que proporciona a pressão necessária para conduzir o sangue por meio dos vasos para os pulmões e para os
demais tecidos do corpo. O coração de um adulto em repouso bombeia cerca de cinco litros de sangue por minuto. É
necessário, aproximadamente, um minuto para que o sangue circule da extremidade mais distante e retorne ao coração.

Os vasos sanguíneos estabelecem uma rede de canais que permite ao sangue fluir do coração para todas os tecidos do
corpo e, em seguida, de volta ao coração. Artérias conduzem o sangue para fora do coração, enquanto as veias conduzem
o sangue de volta ao mesmo. Ambas se ramificam para formar uma rede de vasos progressivamente menores. O sangue é
transportado dos vasos arteriais aos vasos venosos pelos capilares, vasos sanguíneos finos e muito numerosos. Todas as
trocas de nutrientes, líquidos e resíduos entre o sangue e as células dos tecidos são viabilizadas pelas paredes permeáveis
dos capilares.

CORAÇÃO, CIRCULAÇÃO E TIPO DE CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA

// Coração
O coração é uma estrutura muscular oca, com quatro câmaras e do tamanho, aproximado, de um punho fechado. O
coração está localizado dentro da cavidade torácica no mediastino, um espaço existente entre os pulmões. Se encontra
majoritariamente à esquerda do plano mediano, com seu ápice (ponta em forma de cone) para baixo, logo acima do
diafragma, e com sua base na extremidade superior, uma região larga que se conecta com os grandes vasos.

Externo ao coração, temos um saco seroso de tecido conjuntivo denso fibroso denominado pericárdio parietal, que
recobre o coração e delimita o coração dos demais órgãos torácicos. O pericárdio parietal é composto por uma
membrana externa fibrosa e uma membrana interna serosa, também conhecida como lâmina parietal do pericárdio
seroso. A lâmina visceral do pericárdio seroso (também chamada de epicárdio) se encontra na superfície do coração, sua
camada mais externa. A lacuna entre as lâminas parietal e visceral do pericárdio seroso é denominada cavidade do
pericárdio. O pericárdio seroso produz o líquido pericárdico, um líquido aquoso e lubrificante que envolve o coração e o
protege contra o atrito durante seus batimentos.

As paredes do coração são constituídas por três camadas (ou túnicas) distintas, como descrito no Quadro 1.
Quadro 1. Camadas da parede do coração. Fonte: VAN DE GRAAF, 2003, p. 547. (Adaptado).
Internamente, o coração é organizado em quatro câmaras: duas superiores, átrios direito e esquerdo e duas inferiores,
ventrículos direito e esquerdo. Os átrios atuam simultaneamente, se contraindo e impulsionando o sangue para o interior
dos ventrículos, que também se contraem em conjunto. Os átrios estão separados entre si pelo fino septo interatrial,
enquanto os ventrículos estão separados entre si pelo espesso septo interventricular. As valvas do coração são estruturas
presentes nas entradas e saídas dos ventrículos e atuam mantendo o fluxo de sangue em somente uma direção.

Quadro 2. Valvas do coração. Fonte: VAN DE GRAAFF, 2003, p. 548. (Adaptado).


A contração dos ventrículos chama-se sístole. Ela, juntamente com a tensão das fibras elásticas e a contração dos
músculos lisos nas paredes das artérias sistêmicas, colabora para a pressão sistólica nas artérias. O relaxamento
ventricular chama-se diástole cuja pressão diastólica, no interior das artérias pode ser registrada durante o movimento.
Vale destacar que o controle da atividade cardíaca é feito pelo sistema autônomo, tanto parassimpático (atua inibindo) e
quanto simpático (atua estimulando). Estes nervos agem sobre uma formação de células musculares na parede do átrio
direito chamada nó sinoatrial, uma espécie de “marca-passo” do coração. Assim, ritmicamente, o impulso se distribui no
miocárdio, resultando em contração. Este impulso alcança o nó atrioventricular, encontrado na parte inferior do septo
interatrial, e é propagado para os ventrículos por meio do fascículo atrioventricular, permitindo ao estímulo alcançar o
miocárdio. O conjunto destas estruturas especializadas é denominado complexo estimulante do coração.

// Circulação sanguínea

A circulação é como denominamos o trajeto do sangue por meio do coração e dos vasos, que ocorre na forma de duas
correntes sanguíneas, com ambas partindo ao mesmo tempo do coração. O átrio e ventrículo direito recebem sangue
com baixo teor de oxigênio (O2) e o impulsionam para os pulmões. O átrio e o ventrículo esquerdo recebem sangue rico
em O2 (sangue oxigenado) dos pulmões e o impulsionam para o resto do corpo.

A circulação sanguínea pode ser diferenciada em circulação pulmonar e circulação sistêmica. A circulação pulmonar
abrange os vasos sanguíneos que conduzem o sangue para os pulmões para ocorrer a hematose (processo de eliminação
do dióxido de carbono e aumento da concentração de oxigênio) e, em seguida, retornam o sangue ao coração. Compõem
essa circulação: o ventrículo direito, que ejeta o sangue; o tronco pulmonar; as artérias pulmonares, que levam o sangue
desoxigenado para os pulmões; os capilares pulmonares no interior dos pulmões; as veias pulmonares, que levam o
sangue oxigenado para o coração; e o átrio esquerdo, que acolhe o sangue das veias pulmonares.

A circulação sistêmica agrupa todos os vasos sanguíneos que não participam da circulação pulmonar. Compõem essa
circulação: o átrio esquerdo; o ventrículo esquerdo; a aorta e todos os seus ramos; todos os capilares que não estejam
envolvidos com a hematose nos pulmões; e todas as veias, com exceção das veias pulmonares. Vale destacar que o átrio
direito recebe o sangue desoxigenado vindo da circulação sistêmica. Além dessas duas principais circulações sanguíneas,
podemos ressaltar mais três circulações de menor importância:

É possível observar anastomoses (comunicações) entre ramos adjacentes de artérias ou de veias entre si. Na presença de
uma obstrução (parcial ou total), o sangue pode circular ativamente por essa rede, estabelecendo uma efetiva circulação
colateral;

ARTÉRIAS E VEIAS, CAPILARES SANGUÍNEOS, SISTEMA LINFÁTICO, BAÇO E TIMO

// Vasos sanguíneos

Os vasos sanguíneos compreendem uma rede fechada de canais por onde transita o sangue devido à contração rítmica do
coração. Ao sair do coração, o sangue é transportado por vasos de diâmetros progressivamente menores denominados
artérias, arteríolas e capilares. Os capilares são microscópicos vasos que interpõem o fluxo arterial e o fluxo venoso. A
partir dos vasos capilares, o sangue é conduzido de volta ao coração por vasos de diâmetros progressivamente maiores
chamados vênulas e veias. Essa disposição dos vasos assegura um suprimento contínuo de sangue para essas estruturas.

Quadro 3. Vasos sanguíneos do corpo humano e suas funções. Fonte: TORTORA; NIELSEN, 2013, p. 531. (Adaptado).
É digno de nota que os vasos sanguíneos não são tubos rígidos que simplesmente direcionam o fluxo do sangue, mas
são estruturas dinâmicas que pulsam, constringem e relaxam, e até mesmo proliferam, segundo as necessidades
variáveis do corpo. Essas características originam nas paredes dos vasos sanguíneos, que são constituídas de três túnicas
(ou camadas):

Túnica externa (ou adventícia): localizada mais externamente, é composta de tecido conjuntivo frouxo;

Túnica média: essa camada intermediária é composta de músculo liso. As artérias possuem quantidades variáveis de
fibras elásticas em sua túnica média;

Túnica interna: é a mais interna das três camadas, sendo composta de epitélio simples pavimentoso (o endotélio) e fibras
elásticas. Os capilares são compostos apenas do endotélio, sobre uma lâmina basal.
Muitas veias possuem uma estrutura chamada válvula, que estão ausentes nas artérias, nas veias do cérebro e em
algumas veias do pescoço e do tronco. As válvulas são pregas membranosas da túnica interna da veia que orientam a
direção da corrente sanguínea, mantendo sua circulação rumo ao coração e impedindo seu refluxo.
EXPLICANDO

A retenção de sangue nas veias das pernas por períodos longos pode causar a deformação das veias nos trechos onde as
válvulas se tornam ineficientes. O resultado são as veias varicosas, conhecidas popularmente como varizes. As
varicosidades resultantes nas veias anais são conhecidas como hemorroidas. As veias varicosas podem ser hereditárias,
mas também podem ocorrer com pessoas em ocupações que requerem longos períodos de imobilidade. A obesidade e a
gravidez podem provocar ou agravar o problema.
Chamamos de pressão sanguínea a força gerada pelo sangue contra as paredes internas dos vasos que percorrem. É
principalmente observada nas artérias e arteríolas nas quais a pressão é mais alta. Nos capilares e vênulas, a pressão
sanguínea é consideravelmente baixa, com isso, o movimento do sangue é mais lento. Nas veias, a pressão sanguínea
atua secundariamente, porque a ação das válvulas e a contração dos músculos esqueléticos exercem a maioria da força
necessária para mover o sangue para o coração. A pressão sanguínea comumente é considerada um sinal vital, bem
como outros fatores como a frequência respiratória, a medida da frequência de pulsação e a temperatura corpórea.

// Sistema linfático

O sistema linfático se relaciona intimamente com o sistema cardiovascular, uma vez que sua função principal é devolver o
excesso de líquido para os vasos sanguíneos por meio dos vasos linfáticos. Além disso, esse sistema atua na defesa do
corpo contra microrganismos e substâncias estranhas, bem como na absorção de gordura.

Todos os capilares sanguíneos são envolvidos por tecido conjuntivo frouxo que contém líquido tecidual (ou intersticial),
originado do sangue filtrado pelas paredes dos capilares, e cuja composição consiste em água, vários íons, moléculas de
nutrientes e gases respiratórios. Os vasos linfáticos atuam na coleta desse excesso de líquido em volta dos capilares e na
sua devolução para a corrente sanguínea. Uma vez dentro dos vasos linfáticos, esse líquido chama-se linfa. Quando
ocorre um bloqueio dos vasos linfáticos, a região do corpo afetada incha devido ao excesso de líquido tecidual, uma
condição conhecida como edema.

Como a linfa é conduzida somente na direção do coração, os vasos linfáticos mantêm um sistema de mão única e variam
de acordo com seus tamanhos (calibre). Os vasos menores, que recebem a linfa primeiro, são os capilares linfáticos, que
conduzem a linfa para os vasos (coletores) linfáticos. Os vasos linfáticos drenam para os troncos linfáticos, que se unem
para formar os ductos linfáticos e desembocarem nas veias da raiz do pescoço.

Ao longo do seu trajeto pelos vasos linfáticos, a linfa é filtrada por centenas de linfonodos, pequenos órgãos em forma de
feijão. Em seu interior, os linfonodos contêm células fagocíticas que ajudam a remover patógenos da linfa antes que ela
atinja o sistema venoso. A linfa é transportada para um linfonodo pelos vasos linfáticos aferentes e saem pelos vasos
linfáticos eferentes. Nódulos linfáticos no interior de linfonodos são locais de produção de linfócitos e, portanto, são
importantes no desenvolvimento de uma resposta imune. Frequentemente, os linfonodos são encontrados ao longo do
percurso dos vasos sanguíneos. Em inflamações, o linfonodo pode inchar e tornar-se doloroso, uma ocorrência
popularmente conhecida como íngua.

Além dos linfonodos, constituem órgãos linfáticos as tonsilas, o baço e o timo. Os órgãos linfáticos desempenham funções
importantes no sistema imunológico (Quadro 4). Os grandes nódulos nas paredes da faringe são denominados tonsilas.

Quadro 4. Órgãos linfáticos. Fonte: VAN DE GRAAFF, 2003, p. 587. (Adaptado).

Sistema respiratório: conceito e divisão


Os seres humanos são capazes de sobreviver sem água por dias e sem alimento por semanas, mas não conseguem
sobreviver sem oxigênio por nem mesmo alguns minutos.

As inúmeras células no corpo exigem um suprimento contínuo de oxigênio (O 2) para produzir a energia da qual precisam
para desempenhar suas funções vitais. Além disso, as células produzem dióxido de carbono (CO 2), um subproduto gerado
durante um processo químico de conversão da glicose em energia celular (ATP) chamado respiração celular e que o corpo
deve eliminar.
Para realizar a função primordial de abastecer o corpo com O2 e descartar CO2, precisam ocorrer os seguintes processos,
chamados coletivamente de respiração:
Ainda vale destacar que o tecido muscular liso e o tecido muscular cardíaco são conhecidos como músculos viscerais, uma
vez que ambos ocorrerem em órgãos e possuem contração involuntária. Além disso, embora todos os tipos musculares
tenham estrias longitudinais, apenas os chamados músculos estriados possuem de estrias transversais. Sendo assim, os
músculos lisos são classificados como lisos justamente por não possuírem estriações transversais.

Os processos respiratórios asseguram que a respiração celular possa ocorrer em todas as células do corpo. Podemos
observar que os sistemas respiratório e cardiovascular estão intimamente associados: se algum deles falhar, as células do
corpo começam a morrer devido à privação de oxigênio. Como o sistema respiratório movimenta o ar para dentro e para
fora do corpo, ele também está relacionado com a fala e com o olfato.

O ramo da medicina que atua com o diagnóstico e tratamento das doenças das orelhas, nariz e garganta é chamado de
otorrinolaringologia, enquanto pneumologia é a especialidade de diagnóstico e tratamento das doenças dos pulmões.
No que se refere à divisão do sistema respiratório, ele inclui os seguintes órgãos: o nariz, a cavidade nasal e os seios
paranasais; a faringe; a laringe; a traqueia; os brônquios e suas ramificações; e os pulmões, que contêm os sacos de ar
terminais, ou alvéolos. Em termos funcionais, essas estruturas respiratórias são divididas em estruturas de condução e de
respiração. A parte de condução inclui as vias de passagem respiratórias, que transportam o ar para os locais de troca
gasosa. Suas estruturas também filtram, umidificam e aquecem o ar que passa por elas. Desse modo, o ar que chega aos
pulmões contém muito menos poeira do que continha quando entrou pelo nariz, sendo aquecido e eliminado. A parte de
respiração, em que realmente ocorre a troca gasosa nos pulmões, é constituída pelas vias de passagem respiratórias
terminais dos pulmões, isto é, bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos.

Sistema respiratório: conceito e divisão

Os seres humanos são capazes de sobreviver sem água por dias e sem alimento por semanas, mas não conseguem
sobreviver sem oxigênio por nem mesmo alguns minutos.

As inúmeras células no corpo exigem um suprimento contínuo de oxigênio (O 2) para produzir a energia da qual precisam
para desempenhar suas funções vitais. Além disso, as células produzem dióxido de carbono (CO 2), um subproduto gerado
durante um processo químico de conversão da glicose em energia celular (ATP) chamado respiração celular e que o corpo
deve eliminar.
Para realizar a função primordial de abastecer o corpo com O2 e descartar CO2, precisam ocorrer os seguintes processos,
chamados coletivamente de respiração:
Ainda vale destacar que o tecido muscular liso e o tecido muscular cardíaco são conhecidos como músculos viscerais, uma
vez que ambos ocorrerem em órgãos e possuem contração involuntária. Além disso, embora todos os tipos musculares
tenham estrias longitudinais, apenas os chamados músculos estriados possuem de estrias transversais. Sendo assim, os
músculos lisos são classificados como lisos justamente por não possuírem estriações transversais.

Os processos respiratórios asseguram que a respiração celular possa ocorrer em todas as células do corpo. Podemos
observar que os sistemas respiratório e cardiovascular estão intimamente associados: se algum deles falhar, as células do
corpo começam a morrer devido à privação de oxigênio. Como o sistema respiratório movimenta o ar para dentro e para
fora do corpo, ele também está relacionado com a fala e com o olfato.

O ramo da medicina que atua com o diagnóstico e tratamento das doenças das orelhas, nariz e garganta é chamado de
otorrinolaringologia, enquanto pneumologia é a especialidade de diagnóstico e tratamento das doenças dos pulmões.
No que se refere à divisão do sistema respiratório, ele inclui os seguintes órgãos: o nariz, a cavidade nasal e os seios
paranasais; a faringe; a laringe; a traqueia; os brônquios e suas ramificações; e os pulmões, que contêm os sacos de ar
terminais, ou alvéolos. Em termos funcionais, essas estruturas respiratórias são divididas em estruturas de condução e de
respiração. A parte de condução inclui as vias de passagem respiratórias, que transportam o ar para os locais de troca
gasosa. Suas estruturas também filtram, umidificam e aquecem o ar que passa por elas. Desse modo, o ar que chega aos
pulmões contém muito menos poeira do que continha quando entrou pelo nariz, sendo aquecido e eliminado. A parte de
respiração, em que realmente ocorre a troca gasosa nos pulmões, é constituída pelas vias de passagem respiratórias
terminais dos pulmões, isto é, bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos.

NARIZ, CAVIDADE NASAL E SEIOS PARANASAIS, FARINGE, LARINGE, TRAQUEIA, BRÔNQUIOS, PLEURA E PULMÕES

// Parte condutora do sistema respiratório

Nariz, cavidade nasal e seios paranasais

A primeira via do sistema respiratório por onde o ar adentra é o nariz, que possui duas aberturas chamadas narinas. Elas
permitem a entrada do ar para a cavidade nasal, a parte interna do nariz. A região da cavidade nasal compreendida pelas
estruturas cartilaginosas do nariz é chamada de vestíbulo e possui pelos em seu epitélio, que capturam grandes partículas
no ar e os impedem de prosseguir para o restante do sistema respiratório.

A cavidade nasal é separada pelo septo nasal, que possui uma porção cartilaginosa (formada pela cartilagem septal) e
uma porção óssea (constituída pela lâmina perpendicular do osso etmoide e pelo vômer). As maxilas, os ossos nasais e
frontal, o etmoide e o esfenoide formam as paredes laterais e superior da cavidade nasal. A partir da parede lateral, se
projetam três estruturas ósseas chamadas conchas nasais superior, média e inferior que geram espaços conhecidos como
meatos nasais superior, médio e inferior caracterizados por serem canais aéreos estreitos que promovem filtração,
aquecimento e o umedecimento do ar inspirado.

O palato duro, formado pelos ossos maxila e palatino, forma o assoalho da cavidade nasal e separa as cavidades oral e
nasal. O palato mole muscular se estende ao palato duro posteriormente, definindo o limite entre a parte nasal da faringe
e as partes restantes da faringe. A cavidade nasal se encerra em duas aberturas para a região nasal da faringe, chamadas
cóanos.

A cavidade nasal se comunica com espaços aéreos encontrados em alguns ossos do crânio chamados seios paranasais.
Existem quatro pares de seios paranasais, que são nomeados de acordo com os ossos que se encontram com o seio
maxilar, frontal, esfenoidal e células etmoidais. Os seios paranasais são parcialmente responsáveis pela ressonância do
som e atuam na diminuição do peso do crânio. Além disso, produzem uma secreção mucosa que colabora para a
superfície da cavidade nasal se manter úmida e limpa. Quando a mucosa que produz essa secreção inflama, estamos
diante de um quadro clínico chamado sinusite.

Faringe
Comumente conhecida como garganta ou goela, a faringe é um órgão muscular em forma de funil que interliga as
cavidades nasais e oral com a laringe (sistema respiratório) e o esôfago (sistema digestório), possuindo funções
respiratória e digestória. Além disso, atua como câmara de ressonância para alguns sons da fala. A faringe é dividida com
base na localização e função em três regiões.

A parte nasal da faringe atua somente como passagem para o ar, pois se localiza acima da entrada de alimentos do corpo
(a boca). Sua posição é logo atrás da cavidade nasal e acima do palato mole, sendo a parte superior da faringe.
Uma úvula palatina pende da porção inferior mediana do palato mole;

A parte oral é a porção seguinte da faringe, localizada entre o palato mole e o osso hioide. Passam por essa região o ar
inalado da respiração, assim como os alimentos e líquidos deglutidos. A base da língua compõe a parede anterior da parte
oral da faringe;

A parte laríngea é a porção inferior da faringe, que se estende inferiormente do osso hioide até a laringe. Na parte
inferior da parte laríngea da faringe ocorre a separação dos sistemas respiratório e digestório, com o ar inalado é
conduzido anteriormente na laringe, enquanto os alimentos e líquidos deglutidos são encaminhados ao esôfago.

CURIOSIDADE

Durante a deglutição, o palato mole e a úvula palatina são elevados, no intuito de bloquear a cavidade nasal e impedir
que alimentos entrem por ela. Ocasionalmente, uma pessoa pode, subitamente, exalar ar (quando ri, por exemplo)
enquanto deglute líquido. Se isso efetivamente ocorrer antes que a úvula bloqueie a parte nasal da faringe, o líquido deve
entrar na cavidade nasal.
Na parede lateral da parte nasal da faringe há uma abertura que se liga à tuba auditiva, que permite a comunicação da
parte nasal da faringe com a cavidade timpânica da orelha média, atuando para igualar as pressões do ar na cavidade
timpânica com a pressão externa, permitindo a livre movimentação da membrana timpânica. Entretanto, esta
comunicação permite que infecções da faringe se propaguem para a orelha média.

Laringe
A laringe, ou “caixa” de voz, é um órgão que conecta a parte laríngea da faringe com a traqueia e está localizada na linha
mediana anterior do pescoço, entre a quarta e sexta vértebra cervical. A laringe tem como principal função permitir a
passagem do ar durante a respiração, além de bloquear a entrada de alimentos ou líquidos na traqueia durante a
deglutição. Uma função secundária é a produção de sons.
A laringe possui o formato de uma caixa triangular, sendo constituída por nove cartilagens: três grandes ímpares e seis
menores pares. A maior das cartilagens ímpares é cartilagem tireoidea, conhecida por sua proeminência anterior
popularmente chamada de “pomo de Adão”. Ela é comumente maior e mais proeminente nos homens devido ao efeito
dos hormônios sexuais masculinos durante a puberdade.
Fixada ao osso hioide e à cartilagem tireoidea, se encontra a epiglote, que tem forma de colher e possui um arcabouço
chamado cartilagem epiglótica. A epiglote está posicionada atrás da raiz da língua e controla a abertura da laringe
durante a deglutição. Inferiormente, a laringe é composta pela cartilagem cricoidea, uma cartilagem em forma de anel
que se liga à cartilagem tireoidea e à traqueia. O par de cartilagens aritenoideas, situadas acima da cricoidea e abaixo da
tireoidea, atuam como pontos de fixação posterior para as pregas vocais. As outras cartilagens pares, as cartilagens
cuneiforme e corniculada, são pequenas e acessórias, estando próximas e associadas às cartilagens aritenoideas.

Traqueia
A traqueia é um órgão tubular que se localiza anteriormente ao esôfago e inferiormente a laringe. É formada por
aproximadamente 16 a 20 cartilagens hialinas em forma de C, garantindo que a via aérea permaneça sempre aberta. A
mucosa, superfície que reveste a traqueia, contém numerosas células secretoras de muco, proporcionando uma proteção
contra partículas similar à encontrada no revestimento da cavidade nasal e da laringe. Sendo uma estrutura presente na
linha mediana, a traqueia se ramifica para dar origem aos brônquios principais direito e esquerdo. Essa bifurcação é
reforçada por uma crista cartilaginosa em forma de quilha, a carina.
Árvore bronquial
A árvore bronquial é como denominamos uma série de tubos respiratórios que se bifurcam em tubos menores que se
estendem profundamente para os pulmões. A traqueia se ramifica nos brônquios direito e esquerdo, que seguem para o
seu respectivo pulmão. O brônquio principal direito é menor, mais vertical e calibroso que o esquerdo. Vale destacar que
os brônquios principais possuem características em comum com a traqueia, como a presença de anéis incompletos de
cartilagem.
Após entrar nos pulmões, o brônquio principal divide-se mais para formar os brônquios lobares (secundário) e brônquios
segmentares (terciários). A árvore bronquial continua sucessivamente se dividindo em túbulos menores denominados
bronquíolos, que possuem sua parede composta de músculo liso espesso, diferindo dos brônquios com paredes
cartilaginosas. Essa estrutura dos bronquíolos confere mais resistência para o fluxo do ar. A ramificação seguinte são os
bronquíolos terminais, que encerram a porção condutora do sistema respiratório.

// Parte respiratória do sistema respiratório

Bronquíolos e alvéolos
As primeiras estruturas da porção respiratória são os bronquíolos respiratórios, que se bifurcam a partir dos bronquíolos
terminais. Eles podem ser reconhecidos pelos alvéolos dispersos que se projetam de suas paredes. Os bronquíolos
respiratórios originam os ductos alveolares, cujas paredes são formadas quase inteiramente por alvéolos. Os ductos
alveolares se encerram nos sacos alveolares. Alvéolos e sacos alveolares são estruturas diferentes: o saco alveolar é
semelhante a um cacho de uvas, em que cada uva é um alvéolo.
Cada pulmão contém aproximadamente 400 milhões de alvéolos, o que confere ao órgão um aspecto esponjoso. Uma
vasta rede de vasos capilares está associada a cada alvéolo, formando a membrana respiratória, na qual é efetuada a
hematose (troca gasosa entre os alvéolos e o sangue). O ar está presente no lado alveolar da membrana e o sangue flui
no lado capilar. Os gases passam facilmente através dessa fina membrana: o oxigênio se difunde para o sangue, enquanto
o dióxido de carbono parte para os alvéolos cheios de ar.

Importante ressaltar que os vasos capilares são circundados por várias fibras elásticas. Esse tecido elástico ajuda na
manutenção das posições relativas dos bronquíolos respiratórios e dos alvéolos. O retorno à posição original dessas fibras
durante a expiração reduz o tamanho dos alvéolos e auxilia no processo de expiração.
Pulmões
Os pulmões direito e esquerdo estão localizados na cavidade torácica, envolvidos pelas cavidades pleurais direita e
esquerda, respectivamente. Cada pulmão apresenta uma extremidade superior arredondada, chamada de ápice do
pulmão, que se estende superiormente à primeira costela. A extremidade inferior côncava, ou base do pulmão, apoia-se
na face superior do diafragma. Entre os pulmões, há um compartimento central chamado mediastino, onde permanecem
o coração e seus grandes vasos, o esôfago, parte da traqueia e os brônquios principais.
Os pulmões apresentam lobos distintos, separados por fissuras profundas. O pulmão direito se divide em três lobos:
superior, médio e inferior. A fissura horizontal delimita os lobos superior e médio, enquanto a fissura oblíqua separa os
lobos superior e inferior. O pulmão esquerdo apresenta somente dois lobos, superior e inferior, separados pela fissura
oblíqua. O pulmão direito é maior que o esquerdo, pois a maior parte do coração projeta-se em direção ao pulmão
esquerdo; contudo, o pulmão esquerdo é mais extenso que o direito porque o diafragma eleva-se mais do lado direito.
Em volta de cada pulmão há um saco achatado cujas paredes são formadas por uma membrana serosa chamada pleura. A
camada externa dessa membrana é a pleura parietal, que envolve a superfície interna da parede torácica, a superfície
superior do diafragma e as superfícies laterais do mediastino. A camada interna, diretamente sobre o pulmão, é a pleura
visceral. Na área onde esses vasos entram no pulmão, a pleura parietal é contínua à pleura visceral, que cobre a superfície
externa do pulmão.

Entre as pleuras parietal e visceral, encontramos um espaço virtual chamado cavidade pleural, preenchida com uma
película fina de fluido pleural. Produzido pelas pleuras, esse fluido lubrificante permite que os pulmões deslizem sem
atrito durante os movimentos respiratórios. As pleuras também dividem a cavidade torácica em três compartimentos
separados: o mediastino e os dois compartimentos pleurais, direito e esquerdo. Essa compartimentalização ajuda a evitar
que os pulmões em movimento ou o coração interfiram um no outro, além de limitar a disseminação de infecções
localizadas e o grau de lesão traumática.

Quadro 5. Sequência de eventos durante a inspiração e a expiração. Fonte: MARIEB; HOEHN, 2013, p. 692. (Adaptado).

Sistema digestório: conceito e divisão

A afirmação “você é o que você come” é bastante verdadeira. Para que o organismo possa ser mantido vivo e funcional, é
necessário que recebamos um suprimento constante de alimentos. Os alimentos contêm, em suas composições, vários
nutrientes, moléculas necessárias para as reações químicas que se relacionam com processos como divisão e crescimento
celular, reparos, a síntese de enzimas e a produção de energia térmica.
A nutrição influencia o estado de saúde, o estado mental e emocional, bem como nossa própria sensação de bem-estar.
As proteínas, os carboidratos complexos, as gorduras insaturadas, as vitaminas, os minerais e a água são componentes
essenciais de uma alimentação saudável. O processo de conversão dos alimentos ingeridos em unidades que nosso corpo
é capaz de absorver é chamada de digestão e o sistema corporal responsável pela digestão é o sistema digestório.

O sistema digestório forma uma extensa área de contato com o meio externo e está intimamente associado ao sistema
cardiovascular, sendo essencial para o processamento do alimento que comemos. Podemos destacar como
especialidades médicas que atuam no sistema digestório a gastroenterologia (estuda as características e distúrbios do
estômago e do intestino) e a proctologia (estuda as características e doenças do reto e do ânus).

De acordo com a anatomia e a função das estruturas, o sistema digestório é dividido em um trato gastrointestinal,
chamado também de trato digestório, e órgãos digestórios anexos. O trato gastrointestinal é um tubo muscular contínuo
que se estende da boca ao ânus, atravessando a cavidade torácica e entrando na cavidade abdominal por meio do
músculo diafragma. Os órgãos presentes no trato gastrointestinal são a cavidade oral, a faringe, o esôfago, o estômago e
os intestino delgado e grosso. Os órgãos anexos do sistema digestório são a língua, os dentes, as glândulas salivares, o
pâncreas, o fígado e a vesícula biliar. É importante esclarecer que o termo víscera é frequentemente usado para se referir
aos órgãos abdominais da digestão, mas, na verdade, vísceras podem ser quaisquer órgãos das cavidades torácica e
abdominal, como os pulmões, o estômago, o baço etc.

Sistema digestório: conceito e divisão

A afirmação “você é o que você come” é bastante verdadeira. Para que o organismo possa ser mantido vivo e funcional, é
necessário que recebamos um suprimento constante de alimentos. Os alimentos contêm, em suas composições, vários
nutrientes, moléculas necessárias para as reações químicas que se relacionam com processos como divisão e crescimento
celular, reparos, a síntese de enzimas e a produção de energia térmica.
A nutrição influencia o estado de saúde, o estado mental e emocional, bem como nossa própria sensação de bem-estar.
As proteínas, os carboidratos complexos, as gorduras insaturadas, as vitaminas, os minerais e a água são componentes
essenciais de uma alimentação saudável. O processo de conversão dos alimentos ingeridos em unidades que nosso corpo
é capaz de absorver é chamada de digestão e o sistema corporal responsável pela digestão é o sistema digestório.

O sistema digestório forma uma extensa área de contato com o meio externo e está intimamente associado ao sistema
cardiovascular, sendo essencial para o processamento do alimento que comemos. Podemos destacar como
especialidades médicas que atuam no sistema digestório a gastroenterologia (estuda as características e distúrbios do
estômago e do intestino) e a proctologia (estuda as características e doenças do reto e do ânus).

De acordo com a anatomia e a função das estruturas, o sistema digestório é dividido em um trato gastrointestinal,
chamado também de trato digestório, e órgãos digestórios anexos. O trato gastrointestinal é um tubo muscular contínuo
que se estende da boca ao ânus, atravessando a cavidade torácica e entrando na cavidade abdominal por meio do
músculo diafragma. Os órgãos presentes no trato gastrointestinal são a cavidade oral, a faringe, o esôfago, o estômago e
os intestino delgado e grosso. Os órgãos anexos do sistema digestório são a língua, os dentes, as glândulas salivares, o
pâncreas, o fígado e a vesícula biliar. É importante esclarecer que o termo víscera é frequentemente usado para se referir
aos órgãos abdominais da digestão, mas, na verdade, vísceras podem ser quaisquer órgãos das cavidades torácica e
abdominal, como os pulmões, o estômago, o baço etc.

FUNÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO

O trato digestório e os órgãos acessórios trabalham em conjunto para desempenhar as seguintes funções:

Em resumo, os órgãos do sistema digestório atuam no processamento dos alimentos introduzidos na boca e conduzidos
ao longo do trato digestório. A finalidade destas atividades é a de reduzir estruturas químicas complexas e sólidas de
alimento em moléculas menores que podem ser absorvidas pelo revestimento do trato gastrointestinal e transportadas
para a circulação sanguínea.
Ademais, o revestimento do trato digestório também desempenha uma função específica, atuando na defesa dos tecidos
circunvizinhos contra: (I) os efeitos corrosivos dos ácidos e das enzimas digestivas; (II) agressões mecânicas, como a
abrasão; e (III) patógenos ingeridos com os alimentos ou presentes no trato digestório.

// Trato gastrointestinal

Geralmente, o alimento leva aproximadamente 24 a 48 horas para ser transportado ao longo de todo trato
gastrointestinal. O alimento ingerido pela boca passa por regiões do trato digestório com funções específicas, onde
moléculas complexas são progressivamente quebradas e preparadas para utilização.

Boca
O tubo digestório é iniciado pela boca (ou cavidade oral), onde o alimento começa a ser processados pelas estruturas
anexas presentes (dentes, língua e glândulas salivares). A cavidade oral é dividida em um vestíbulo e a cavidade própria
da boca. Chamamos de vestíbulo da boca a fenda entre os dentes e as estruturas musculares que o circundam (bochechas
ou lábios). Quando você escova a superfície externa dos seus dentes, a escova está no vestíbulo da boca. A cavidade
própria da boca é a região situada posteriormente em relação aos dentes. A cavidade oral comunica-se com o exterior por
uma abertura chamada rima da boca e com a faringe com uma abertura chamada fauces.
As bochechas formam os limites laterais da cavidade oral. Elas consistem, externamente, nas camadas da pele, na tela
subcutânea, nos músculos faciais que colaboram para direcionar o alimento na cavidade oral e, internamente, nos
revestimentos de epitélio estratificado pavimentoso umedecido. A porção anterior das bochechas termina nos lábios
superior e inferior, que contornam a rima da boca.
O limite anterior da cavidade oral são os lábios, órgãos carnosos, altamente móveis cuja função principal nos humanos
está associada com a fala. Os lábios também servem para amamentação, direcionar o alimento e conter o alimento entre
os dentes superiores e inferiores. Eles são formados pelo músculo orbicular da boca e tecido conjuntivo associado, e são
cobertos com pele mole e flexível. Os lábios são vermelhos, tendendo ao marrom avermelhado devido aos vasos
sanguíneos próximos da superfície. Os numerosos receptores sensitivos dos lábios permitem determinar a temperatura e
composição do alimento.
O palato atua como o limite superior da cavidade oral e é composto pelo palato duro ósseo, anteriormente, e pelo palato
mole, posteriormente. O palato duro é constituído estruturalmente pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos e pelos
processos palatinos da maxila. As pregas palatinas transversas, também chamadas rugas palatais, estão situadas ao longo
da membrana mucosa presente no palato duro e servem como cristas de fricção contra as quais a língua é colocada na
deglutição. Contínuo com o palato duro, o palato mole é um arco muscular coberto com membrana mucosa. Suspenso no
palato mole, encontra-se medialmente em sua margem inferior uma saliência cônica chamada úvula palatina. O palato
mole e a úvula palatina são levantados durante a deglutição, fechando a parte nasal da faringe e impedindo que
alimentos e líquidos entrem na cavidade nasal.

Faringe
No período onde está na cavidade oral, o alimento é misturado com saliva, triturado pelos dentes e manipulado pela
língua. Desse modo, é reduzido a uma massa flexível e macia, denominada bolo alimentar, que pode ser deslocada com
facilidade para o restante do canal alimentar, um mecanismo chamado deglutição. Ao ser deglutido, o alimento passa da
boca para a faringe, um tubo muscular afunilado que se conecta com a terminação das cavidades oral e nasal e se
estende até a laringe, anteriormente, e o esôfago, posteriormente. A parte nasal da faringe se relaciona somente com a
respiração, enquanto as partes oral e laríngea da faringe servem à digestão e à respiração. Antes de entrar no esôfago, o
alimento deglutido passa da boca para as partes oral e laríngea da faringe, e as contrações musculares dessas partes da
faringe ajudam a impulsionar o alimento para o esôfago.
Esôfago
O esôfago é um canal muscular depressível (pode ser colabado) que conduz alimentos sólidos e líquidos ao estômago.
Situado posteriormente à traqueia, o esôfago inicia na região terminal da parte laríngea da faringe e percorre a face
inferior do pescoço, onde adentra o mediastino. A partir do mediastino, o esôfago desce anteriormente à coluna
vertebral, atravessa uma abertura do diafragma chamada hiato esofágico e se encerra na porção superior do estômago.
Estômago
O estômago é uma expansão do trato gastrointestinal em forma de J e se localiza no abdome, ocupando a posição
diretamente inferior ao diafragma. O estômago interliga o esôfago à porção inicial do intestino delgado, o duodeno.
Como a ingestão de uma refeição pode ser muito mais rápida que o tempo necessário para digestão e absorção, o
estômago serve como área de mistura e reservatório, sendo capaz de acomodar grande volume de alimento (até 6,4
litros). A posição e o tamanho do estômago variam continuamente devido à movimentação do diafragma a cada
inspiração e expiração.
Estruturalmente, o estômago possui quatro regiões características: cárdia, fundo, corpo e parte pilórica. A cárdia envolve
a abertura superior do estômago. O fundo é a extremidade superior arredondada que se encontra à esquerda da cárdia.
Inferiormente a cárdia e o fundo, se situa o corpo, a grande porção central do estômago. A parte pilórica se subdivide em
três regiões: o antro pilórico, que se conecta ao corpo gástrico; o canal pilórico; e o piloro, que se conecta ao duodeno
por um esfíncter de músculo liso chamado esfíncter do piloro. A curva medial côncava do estômago é chamada curvatura
menor, enquanto a curva lateral convexa é a curvatura maior.
A mucosa interna do estômago possui alto número de pregas gástricas, elevações que ampliam o contato do bolo
alimentar. Esse contato viabiliza a eficiência do suco gástrico, um fluído digestivo formado por três secreções produzidas
por essa mucosa: ácido clorídrico, muco e enzimas, em especial a pepsina, que transforma as proteínas em aminoácidos.
Além disso, continua a digestão de amido e dos triglicerídeos iniciada pela saliva na boca, e ocorre a conversão do bolo
alimentar semissólido em uma massa viscosa chamada quimo. Em intervalos apropriados, o estômago transfere um
pequeno volume de material para o duodeno.
Intestino delgado
O intestino delgado é a estrutura mais longa do tubo digestório, sendo o principal local de atividade enzimática e de
absorção de nutrientes. A maioria das enzimas que atuam no intestino delgado é secretada pelo pâncreas. Durante a
digestão, o intestino delgado realiza movimentos de segmentação, que misturam o quimo e ampliam seu contato com a
mucosa para absorver nutrientes. O peristaltismo impele o quimo através do intestino delgado em aproximadamente três
a seis horas.
O intestino delgado se subdivide em três regiões: o duodeno, o jejuno e o íleo, que medem aproximadamente 5%, 40% e
60% do seu comprimento, respectivamente. A maior parte do duodeno tem a forma da letra C, enquanto o jejuno e o íleo
formam espirais suspensas na parte posterior do abdome, que são emolduradas pelo intestino grosso. O jejuno
corresponde à parte superior dessa massa intestinal espiralada, enquanto o íleo se refere à parte inferior.
Embora o duodeno seja a divisão mais curta do intestino delgado, ele tem como característica receber enzimas
digestórias do pâncreas via ducto pancreático, e bile do fígado e da vesícula biliar via ducto colédoco. Esses ductos entram
na parede do duodeno, onde formam um bulbo chamado ampola hepatopancreática, que se abre em uma pequena
saliência chamada papila maior do duodeno. A entrada de bile e o suco pancreático no duodeno é controlada por
esfíncteres de músculo liso que circundam a ampola hepatopancreática e pelas terminações dos ductos pancreático e
colédoco.

Intestino grosso
Encerando o tubo gastrointestinal, o intestino grosso possui formato de ferradura e se estende da porção terminal do íleo
até o ânus, circundando quase completamente o intestino delgado. Chegam no intestino grosso resíduos altamente
digeridos que contém poucos nutrientes e, durante o período que permanece no intestino grosso, ocorre pouca
decomposição adicional do alimento, exceto quanto à pequena quantidade de digestão realizada pelas muitas bactérias
que nele vivem, a chamada flora intestinal. Podemos destacar como principais funções do intestino grosso: a
compactação do conteúdo intestinal em fezes, pela absorção de água e eletrólitos; a absorção de importantes vitaminas
produzidas por ação bacteriana; e o armazenamento e eliminação do material fecal.
Sendo mais calibroso e curto, se comparado com o intestino delgado, podemos subdividir o intestino grosso em três
regiões: o ceco, semelhante a uma bolsa de fundo cego; o colo, porção de maior comprimento do intestino grosso; e o
reto, os últimos 15 cm do intestino grosso. O ceco é uma dilatação em fundo cego que se posiciona abaixo da papila ileal,
uma prega de túnica mucosa na junção dos intestinos que impede o refluxo do quimo. Destaca-se no ceco o apêndice
vermiforme, um prolongamento linfático que ajuda na defesa do organismo. Processos infecciosos que atingem o
apêndice vermiforme podem causar apendicite, que exige tratamento cirúrgico.
O colo se subdivide em colo ascendente, colo transverso, colo descendente e colo sigmoide. O colo ascendente se
estende superiormente ao longo do lado direito da parede abdominal até a superfície inferior do fígado, onde dobra para
a esquerda e continua pela cavidade abdominal superior como colo transverso. No lado esquerdo da parede abdominal,
curva-se novamente em ângulo reto dando início ao colo descendente. O colo descendente se estende inferiormente, ao
longo do lado esquerdo da parede abdominal, em direção à região pélvica. A seguir, o colo forma uma curva em forma de
S conhecida como colo sigmoide. Por fim, o reto ocupa posição anterior ao sacro e ao cóccix, onde seu trecho final de dois
a três centímetros é denominado canal anal. O ânus, abertura externa do canal anal, é protegido por um esfíncter interno
de músculo liso (involuntário) e um esfíncter externo de músculo esquelético (voluntário). Normalmente, o ânus está
fechado, exceto durante a eliminação de fezes.

// Peritônio

A maioria dos órgãos do sistema digestório está localizada na cavidade abdominopélvica, sendo sustentados e envolvidos
por membranas serosas que revestem essa cavidade e recobrem seus órgãos. As membranas serosas secretam um líquido
lubrificante que umedece os órgãos associados a elas. A porção parietal da membrana serosa reveste a parede do corpo,
e a porção visceral recobre os órgãos internos. As membranas serosas presentes na cavidade abdominal são chamadas de
peritônio e os órgãos abdominais podem apresentar as seguintes relações com ele:

Órgãos intraperitoneais localizam-se dentro da cavidade peritoneal na qual são recobertos em todos os lados por
peritônio visceral;

Órgãos retroperitoneais são recobertos por peritônio visceral apenas na sua superfície anterior, e o órgão localiza-se fora
da cavidade peritoneal.

Quadro 6. Órgãos digestórios intraperitoneais e retroperitoneais. Fonte: MARIEB, 2013; HOEHN, p. 710. (Adaptado).
As vísceras retroperitoneais são fixas, entretanto, muitos órgãos destacam-se da parede da cavidade abdominal e o
revestimento peritonial as acompanha, formando uma dupla camada de peritônio, denominadas mesentérios, que se
estende da parede do corpo até os órgãos digestórios. Os mesentérios mantêm os órgãos em suas posições, armazenam
gordura e, mais importante, proporcionam uma rota para os vasos circulatórios e nervos chegarem aos órgãos na
cavidade peritoneal. Em outros casos, estas pregas peritoniais formadas por duas camadas de peritônio se estendem
entre dois ou mais órgãos e são nomeadas de omentos. Existem dois deles: o omento menor, que conecta a pequena
curvatura do estômago e o duodeno ao fígado; e o omento maior, que conecta o estômago ao diafragma, baço e cólon
transverso.

Sistema digestório: conceito e divisão

A afirmação “você é o que você come” é bastante verdadeira. Para que o organismo possa ser mantido vivo e funcional, é
necessário que recebamos um suprimento constante de alimentos. Os alimentos contêm, em suas composições, vários
nutrientes, moléculas necessárias para as reações químicas que se relacionam com processos como divisão e crescimento
celular, reparos, a síntese de enzimas e a produção de energia térmica.
A nutrição influencia o estado de saúde, o estado mental e emocional, bem como nossa própria sensação de bem-estar.
As proteínas, os carboidratos complexos, as gorduras insaturadas, as vitaminas, os minerais e a água são componentes
essenciais de uma alimentação saudável. O processo de conversão dos alimentos ingeridos em unidades que nosso corpo
é capaz de absorver é chamada de digestão e o sistema corporal responsável pela digestão é o sistema digestório.

O sistema digestório forma uma extensa área de contato com o meio externo e está intimamente associado ao sistema
cardiovascular, sendo essencial para o processamento do alimento que comemos. Podemos destacar como
especialidades médicas que atuam no sistema digestório a gastroenterologia (estuda as características e distúrbios do
estômago e do intestino) e a proctologia (estuda as características e doenças do reto e do ânus).

De acordo com a anatomia e a função das estruturas, o sistema digestório é dividido em um trato gastrointestinal,
chamado também de trato digestório, e órgãos digestórios anexos. O trato gastrointestinal é um tubo muscular contínuo
que se estende da boca ao ânus, atravessando a cavidade torácica e entrando na cavidade abdominal por meio do
músculo diafragma. Os órgãos presentes no trato gastrointestinal são a cavidade oral, a faringe, o esôfago, o estômago e
os intestino delgado e grosso. Os órgãos anexos do sistema digestório são a língua, os dentes, as glândulas salivares, o
pâncreas, o fígado e a vesícula biliar. É importante esclarecer que o termo víscera é frequentemente usado para se referir
aos órgãos abdominais da digestão, mas, na verdade, vísceras podem ser quaisquer órgãos das cavidades torácica e
abdominal, como os pulmões, o estômago, o baço etc.

FUNÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO

O trato digestório e os órgãos acessórios trabalham em conjunto para desempenhar as seguintes funções:
Em resumo, os órgãos do sistema digestório atuam no processamento dos alimentos introduzidos na boca e conduzidos
ao longo do trato digestório. A finalidade destas atividades é a de reduzir estruturas químicas complexas e sólidas de
alimento em moléculas menores que podem ser absorvidas pelo revestimento do trato gastrointestinal e transportadas
para a circulação sanguínea.
Ademais, o revestimento do trato digestório também desempenha uma função específica, atuando na defesa dos tecidos
circunvizinhos contra: (I) os efeitos corrosivos dos ácidos e das enzimas digestivas; (II) agressões mecânicas, como a
abrasão; e (III) patógenos ingeridos com os alimentos ou presentes no trato digestório.

// Trato gastrointestinal

Geralmente, o alimento leva aproximadamente 24 a 48 horas para ser transportado ao longo de todo trato
gastrointestinal. O alimento ingerido pela boca passa por regiões do trato digestório com funções específicas, onde
moléculas complexas são progressivamente quebradas e preparadas para utilização.

Boca
O tubo digestório é iniciado pela boca (ou cavidade oral), onde o alimento começa a ser processados pelas estruturas
anexas presentes (dentes, língua e glândulas salivares). A cavidade oral é dividida em um vestíbulo e a cavidade própria
da boca. Chamamos de vestíbulo da boca a fenda entre os dentes e as estruturas musculares que o circundam (bochechas
ou lábios). Quando você escova a superfície externa dos seus dentes, a escova está no vestíbulo da boca. A cavidade
própria da boca é a região situada posteriormente em relação aos dentes. A cavidade oral comunica-se com o exterior por
uma abertura chamada rima da boca e com a faringe com uma abertura chamada fauces.
As bochechas formam os limites laterais da cavidade oral. Elas consistem, externamente, nas camadas da pele, na tela
subcutânea, nos músculos faciais que colaboram para direcionar o alimento na cavidade oral e, internamente, nos
revestimentos de epitélio estratificado pavimentoso umedecido. A porção anterior das bochechas termina nos lábios
superior e inferior, que contornam a rima da boca.
O limite anterior da cavidade oral são os lábios, órgãos carnosos, altamente móveis cuja função principal nos humanos
está associada com a fala. Os lábios também servem para amamentação, direcionar o alimento e conter o alimento entre
os dentes superiores e inferiores. Eles são formados pelo músculo orbicular da boca e tecido conjuntivo associado, e são
cobertos com pele mole e flexível. Os lábios são vermelhos, tendendo ao marrom avermelhado devido aos vasos
sanguíneos próximos da superfície. Os numerosos receptores sensitivos dos lábios permitem determinar a temperatura e
composição do alimento.
O palato atua como o limite superior da cavidade oral e é composto pelo palato duro ósseo, anteriormente, e pelo palato
mole, posteriormente. O palato duro é constituído estruturalmente pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos e pelos
processos palatinos da maxila. As pregas palatinas transversas, também chamadas rugas palatais, estão situadas ao longo
da membrana mucosa presente no palato duro e servem como cristas de fricção contra as quais a língua é colocada na
deglutição. Contínuo com o palato duro, o palato mole é um arco muscular coberto com membrana mucosa. Suspenso no
palato mole, encontra-se medialmente em sua margem inferior uma saliência cônica chamada úvula palatina. O palato
mole e a úvula palatina são levantados durante a deglutição, fechando a parte nasal da faringe e impedindo que
alimentos e líquidos entrem na cavidade nasal.

Faringe
No período onde está na cavidade oral, o alimento é misturado com saliva, triturado pelos dentes e manipulado pela
língua. Desse modo, é reduzido a uma massa flexível e macia, denominada bolo alimentar, que pode ser deslocada com
facilidade para o restante do canal alimentar, um mecanismo chamado deglutição. Ao ser deglutido, o alimento passa da
boca para a faringe, um tubo muscular afunilado que se conecta com a terminação das cavidades oral e nasal e se
estende até a laringe, anteriormente, e o esôfago, posteriormente. A parte nasal da faringe se relaciona somente com a
respiração, enquanto as partes oral e laríngea da faringe servem à digestão e à respiração. Antes de entrar no esôfago, o
alimento deglutido passa da boca para as partes oral e laríngea da faringe, e as contrações musculares dessas partes da
faringe ajudam a impulsionar o alimento para o esôfago.

Esôfago
O esôfago é um canal muscular depressível (pode ser colabado) que conduz alimentos sólidos e líquidos ao estômago.
Situado posteriormente à traqueia, o esôfago inicia na região terminal da parte laríngea da faringe e percorre a face
inferior do pescoço, onde adentra o mediastino. A partir do mediastino, o esôfago desce anteriormente à coluna
vertebral, atravessa uma abertura do diafragma chamada hiato esofágico e se encerra na porção superior do estômago.
Estômago
O estômago é uma expansão do trato gastrointestinal em forma de J e se localiza no abdome, ocupando a posição
diretamente inferior ao diafragma. O estômago interliga o esôfago à porção inicial do intestino delgado, o duodeno.
Como a ingestão de uma refeição pode ser muito mais rápida que o tempo necessário para digestão e absorção, o
estômago serve como área de mistura e reservatório, sendo capaz de acomodar grande volume de alimento (até 6,4
litros). A posição e o tamanho do estômago variam continuamente devido à movimentação do diafragma a cada
inspiração e expiração.
Estruturalmente, o estômago possui quatro regiões características: cárdia, fundo, corpo e parte pilórica. A cárdia envolve
a abertura superior do estômago. O fundo é a extremidade superior arredondada que se encontra à esquerda da cárdia.
Inferiormente a cárdia e o fundo, se situa o corpo, a grande porção central do estômago. A parte pilórica se subdivide em
três regiões: o antro pilórico, que se conecta ao corpo gástrico; o canal pilórico; e o piloro, que se conecta ao duodeno
por um esfíncter de músculo liso chamado esfíncter do piloro. A curva medial côncava do estômago é chamada curvatura
menor, enquanto a curva lateral convexa é a curvatura maior.
A mucosa interna do estômago possui alto número de pregas gástricas, elevações que ampliam o contato do bolo
alimentar. Esse contato viabiliza a eficiência do suco gástrico, um fluído digestivo formado por três secreções produzidas
por essa mucosa: ácido clorídrico, muco e enzimas, em especial a pepsina, que transforma as proteínas em aminoácidos.
Além disso, continua a digestão de amido e dos triglicerídeos iniciada pela saliva na boca, e ocorre a conversão do bolo
alimentar semissólido em uma massa viscosa chamada quimo. Em intervalos apropriados, o estômago transfere um
pequeno volume de material para o duodeno.
Intestino delgado
O intestino delgado é a estrutura mais longa do tubo digestório, sendo o principal local de atividade enzimática e de
absorção de nutrientes. A maioria das enzimas que atuam no intestino delgado é secretada pelo pâncreas. Durante a
digestão, o intestino delgado realiza movimentos de segmentação, que misturam o quimo e ampliam seu contato com a
mucosa para absorver nutrientes. O peristaltismo impele o quimo através do intestino delgado em aproximadamente três
a seis horas.
O intestino delgado se subdivide em três regiões: o duodeno, o jejuno e o íleo, que medem aproximadamente 5%, 40% e
60% do seu comprimento, respectivamente. A maior parte do duodeno tem a forma da letra C, enquanto o jejuno e o íleo
formam espirais suspensas na parte posterior do abdome, que são emolduradas pelo intestino grosso. O jejuno
corresponde à parte superior dessa massa intestinal espiralada, enquanto o íleo se refere à parte inferior.
Embora o duodeno seja a divisão mais curta do intestino delgado, ele tem como característica receber enzimas
digestórias do pâncreas via ducto pancreático, e bile do fígado e da vesícula biliar via ducto colédoco. Esses ductos entram
na parede do duodeno, onde formam um bulbo chamado ampola hepatopancreática, que se abre em uma pequena
saliência chamada papila maior do duodeno. A entrada de bile e o suco pancreático no duodeno é controlada por
esfíncteres de músculo liso que circundam a ampola hepatopancreática e pelas terminações dos ductos pancreático e
colédoco.

Intestino grosso
Encerando o tubo gastrointestinal, o intestino grosso possui formato de ferradura e se estende da porção terminal do íleo
até o ânus, circundando quase completamente o intestino delgado. Chegam no intestino grosso resíduos altamente
digeridos que contém poucos nutrientes e, durante o período que permanece no intestino grosso, ocorre pouca
decomposição adicional do alimento, exceto quanto à pequena quantidade de digestão realizada pelas muitas bactérias
que nele vivem, a chamada flora intestinal. Podemos destacar como principais funções do intestino grosso: a
compactação do conteúdo intestinal em fezes, pela absorção de água e eletrólitos; a absorção de importantes vitaminas
produzidas por ação bacteriana; e o armazenamento e eliminação do material fecal.
Sendo mais calibroso e curto, se comparado com o intestino delgado, podemos subdividir o intestino grosso em três
regiões: o ceco, semelhante a uma bolsa de fundo cego; o colo, porção de maior comprimento do intestino grosso; e o
reto, os últimos 15 cm do intestino grosso. O ceco é uma dilatação em fundo cego que se posiciona abaixo da papila ileal,
uma prega de túnica mucosa na junção dos intestinos que impede o refluxo do quimo. Destaca-se no ceco o apêndice
vermiforme, um prolongamento linfático que ajuda na defesa do organismo. Processos infecciosos que atingem o
apêndice vermiforme podem causar apendicite, que exige tratamento cirúrgico.
O colo se subdivide em colo ascendente, colo transverso, colo descendente e colo sigmoide. O colo ascendente se
estende superiormente ao longo do lado direito da parede abdominal até a superfície inferior do fígado, onde dobra para
a esquerda e continua pela cavidade abdominal superior como colo transverso. No lado esquerdo da parede abdominal,
curva-se novamente em ângulo reto dando início ao colo descendente. O colo descendente se estende inferiormente, ao
longo do lado esquerdo da parede abdominal, em direção à região pélvica. A seguir, o colo forma uma curva em forma de
S conhecida como colo sigmoide. Por fim, o reto ocupa posição anterior ao sacro e ao cóccix, onde seu trecho final de dois
a três centímetros é denominado canal anal. O ânus, abertura externa do canal anal, é protegido por um esfíncter interno
de músculo liso (involuntário) e um esfíncter externo de músculo esquelético (voluntário). Normalmente, o ânus está
fechado, exceto durante a eliminação de fezes.

// Peritônio
A maioria dos órgãos do sistema digestório está localizada na cavidade abdominopélvica, sendo sustentados e envolvidos
por membranas serosas que revestem essa cavidade e recobrem seus órgãos. As membranas serosas secretam um líquido
lubrificante que umedece os órgãos associados a elas. A porção parietal da membrana serosa reveste a parede do corpo,
e a porção visceral recobre os órgãos internos. As membranas serosas presentes na cavidade abdominal são chamadas de
peritônio e os órgãos abdominais podem apresentar as seguintes relações com ele:

Órgãos intraperitoneais localizam-se dentro da cavidade peritoneal na qual são recobertos em todos os lados por
peritônio visceral;

Órgãos retroperitoneais são recobertos por peritônio visceral apenas na sua superfície anterior, e o órgão localiza-se fora
da cavidade peritoneal.

Quadro 6. Órgãos digestórios intraperitoneais e retroperitoneais. Fonte: MARIEB, 2013; HOEHN, p. 710. (Adaptado).
As vísceras retroperitoneais são fixas, entretanto, muitos órgãos destacam-se da parede da cavidade abdominal e o
revestimento peritonial as acompanha, formando uma dupla camada de peritônio, denominadas mesentérios, que se
estende da parede do corpo até os órgãos digestórios. Os mesentérios mantêm os órgãos em suas posições, armazenam
gordura e, mais importante, proporcionam uma rota para os vasos circulatórios e nervos chegarem aos órgãos na
cavidade peritoneal. Em outros casos, estas pregas peritoniais formadas por duas camadas de peritônio se estendem
entre dois ou mais órgãos e são nomeadas de omentos. Existem dois deles: o omento menor, que conecta a pequena
curvatura do estômago e o duodeno ao fígado; e o omento maior, que conecta o estômago ao diafragma, baço e cólon
transverso.

ÓRGÃOS ANEXOS AO SISTEMA DIGESTÓRIO

Os órgãos digestórios anexos compreendem a língua e os dentes, além da vesícula biliar e das glândulas que se conectam
ao tubo digestório através de ductos (as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas). As glândulas anexas do sistema
digestório produzem e armazenam enzimas e soluções-tampão, necessárias para a digestão. Além das suas funções
digestivas, o fígado e o pâncreas apresentam outras funções vitais além daquelas envolvidas no processo da digestão.

// Anexos da cavidade oral

Como órgão do sistema digestório, a língua funciona na movimentação do alimento no interior da boca durante a
mastigação e ajuda na deglutição do alimento. Também se relaciona para a produção da fala, ajudando a formar algumas
consoantes (K, D, T e L, por exemplo). A língua é formada de músculo esquelético e revestida com membrana mucosa. Na
superfície da língua encontram-se numerosas e pequenas elevações chamadas papilas. Elas dão à superfície da língua
uma rugosidade nítida, que ajuda a controlar o alimento. Algumas delas também contêm calículos gustatórios, que
respondem aos estímulos químicos, isto é, identificam doce, salgado, azedo e amargo.

Os movimentos da língua são importantes na condução do alimento para a região da superfície dos dentes, que efetuam
a mastigação do alimento. Essa ação quebra tecidos conectivos resistentes e fibras vegetais, contribuindo para saturar o
alimento com secreções salivares e enzimas. Os dentes situam-se em encaixes (alvéolos) nas margens da mandíbula e
maxilas cobertas por gengiva. De acordo com a sua forma e função, os dentes são classificados como:
Por fim, as glândulas salivares produzem uma secreção líquida chamada saliva. Ela funciona como solvente, limpando os
dentes e dissolvendo moléculas de alimento de forma que possam ser degustadas. A saliva também contém enzimas que
digerem o amido e muco lubrificante que ajuda a deglutição. As glândulas salivares menores (intrínsecas) estão
espalhadas na mucosa da língua, palato, lábios e bochechas. A saliva das glândulas salivares menores mantém a boca
sempre úmida. Por outro lado, as glândulas salivares maiores (extrínsecas), situadas fora da boca e conectadas a ela por
seus ductos, secretam saliva apenas durante as refeições, tornando a boca molhada. As glândulas salivares maiores são as
parótida, submandibular e sublingual.

// Fígado e vesícula biliar

O fígado é o maior órgão interno, sendo localizado inferiormente ao diafragma. Este órgão possui coloração marrom-
avermelhada e apresenta uma face diafragmática (anterossuperior) e uma face visceral (posteroinferior). Além disso, o
fígado se subdivide em quatro lobos: lobo direito, lobo esquerdo, lobo quadrado e lobo caudado. Anteriormente, o
ligamento falciforme marca a separação entre o lobo direito e o lobo esquerdo. Inferiormente, o lobo caudado está
situado adjacente à veia cava inferior e o lobo quadrado está próximo a vesícula biliar.
Todo sangue que deixa as superfícies de absorção do trato digestório entra no sistema porta-hepático e flui para o fígado.
Esta disposição faz com que as células do fígado extraiam nutrientes absorvidos ou toxinas do sangue antes que eles
atinjam a circulação sistêmica através das veias hepáticas. O fígado desempenha funções essenciais que são executadas,
em sua maioria, pelas células hepáticas (ou hepatócitos). Podemos classificar as funções importantes do fígado em três
categorias: regulação metabólica, regulação hematológica e produção de bile.

A vesícula biliar é uma estrutura piriforme que se subdivide em fundo, corpo, infundíbulo, colo e ducto cístico. Quando a
vesícula está cheia, o fundo gera uma proeminência entre o lobo direito e o lobo quadrado. Ele se estende com o corpo,
que se estreita para compor o infundíbulo, e logo se afunila no colo. A continuação do colo é o ducto cístico, que se liga
ao ducto hepático comum para constituir o ducto colédoco, que termina no duodeno. A ejeção da bile ocorre sob
estimulação do hormônio colecistoquinina com a chegada do quimo. A vesícula biliar apresenta duas funções principais:
armazenamento da bile, quando a bile não pode fluir ao longo do ducto colédoco; e modificação da bile, em que a água é
absorvida e os sais biliares e outros componentes tornam-se mais concentrados.

ASSISTA
Se a concentração da bile aumenta exageradamente, podem aparecer cristais de sais e minerais insolúveis (cálculos
biliares), bem como processos inflamatórios na vesícula (colecistites). Para saber mais sobre os cálculos biliares, assista ao
vídeo Pedra na vesícula – Sintomas e Tratamento.

// Pâncreas

O pâncreas é a maior segunda glândula anexa do sistema digestório e situa-se transversalmente e posterior à curvatura
maior do estômago. O pâncreas é formado por cabeça, corpo e cauda. A cabeça é a porção expandida do órgão perto da
curvatura do duodeno. Da porção inferior da cabeça projeta-se o processo uncinado, que forma um arco atrás da artéria e
da veia mesentéricas superiores, circundando-as.

O pâncreas é um órgão misto (ou anfícrino), pois trata-se de uma glândula com função exócrina e endócrina. As secreções
endócrinas são os hormônios insulina e o glucagon, envolvidos no metabolismo dos glicídios. A secreção exócrina é o suco
pancreático, que é composto por enzimas que digerem proteínas, lipídios e glicídios. Embora se presuma que a inervação
autônoma influencie a produção de enzimas, a secreção pancreática é controlada principalmente pelos hormônios
secretina e colecistoquinina liberados pelo intestino delgado na presença do quimo.
O suco pancreático é produzido pelas células secretoras acinares e segue para fora do pâncreas por dois canais: o ducto
pancreático (ducto de Wirsung) e o ducto pancreático acessório (ducto de Santorini). O ducto pancreático une-se ao
ducto colédoco e entra no duodeno como um ducto comum dilatado, denominado ampola hepatopancreática (ampola de
Vater). O ducto pancreático acessório esvazia-se diretamente no duodeno, poucos centímetros acima da ampola
hepatopancreática.

Sistema digestório: conceito e divisão

A afirmação “você é o que você come” é bastante verdadeira. Para que o organismo possa ser mantido vivo e funcional, é
necessário que recebamos um suprimento constante de alimentos. Os alimentos contêm, em suas composições, vários
nutrientes, moléculas necessárias para as reações químicas que se relacionam com processos como divisão e crescimento
celular, reparos, a síntese de enzimas e a produção de energia térmica.
A nutrição influencia o estado de saúde, o estado mental e emocional, bem como nossa própria sensação de bem-estar.
As proteínas, os carboidratos complexos, as gorduras insaturadas, as vitaminas, os minerais e a água são componentes
essenciais de uma alimentação saudável. O processo de conversão dos alimentos ingeridos em unidades que nosso corpo
é capaz de absorver é chamada de digestão e o sistema corporal responsável pela digestão é o sistema digestório.

O sistema digestório forma uma extensa área de contato com o meio externo e está intimamente associado ao sistema
cardiovascular, sendo essencial para o processamento do alimento que comemos. Podemos destacar como
especialidades médicas que atuam no sistema digestório a gastroenterologia (estuda as características e distúrbios do
estômago e do intestino) e a proctologia (estuda as características e doenças do reto e do ânus).

De acordo com a anatomia e a função das estruturas, o sistema digestório é dividido em um trato gastrointestinal,
chamado também de trato digestório, e órgãos digestórios anexos. O trato gastrointestinal é um tubo muscular contínuo
que se estende da boca ao ânus, atravessando a cavidade torácica e entrando na cavidade abdominal por meio do
músculo diafragma. Os órgãos presentes no trato gastrointestinal são a cavidade oral, a faringe, o esôfago, o estômago e
os intestino delgado e grosso. Os órgãos anexos do sistema digestório são a língua, os dentes, as glândulas salivares, o
pâncreas, o fígado e a vesícula biliar. É importante esclarecer que o termo víscera é frequentemente usado para se referir
aos órgãos abdominais da digestão, mas, na verdade, vísceras podem ser quaisquer órgãos das cavidades torácica e
abdominal, como os pulmões, o estômago, o baço etc.

FUNÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO

O trato digestório e os órgãos acessórios trabalham em conjunto para desempenhar as seguintes funções:

Em resumo, os órgãos do sistema digestório atuam no processamento dos alimentos introduzidos na boca e conduzidos
ao longo do trato digestório. A finalidade destas atividades é a de reduzir estruturas químicas complexas e sólidas de
alimento em moléculas menores que podem ser absorvidas pelo revestimento do trato gastrointestinal e transportadas
para a circulação sanguínea.
Ademais, o revestimento do trato digestório também desempenha uma função específica, atuando na defesa dos tecidos
circunvizinhos contra: (I) os efeitos corrosivos dos ácidos e das enzimas digestivas; (II) agressões mecânicas, como a
abrasão; e (III) patógenos ingeridos com os alimentos ou presentes no trato digestório.

// Trato gastrointestinal

Geralmente, o alimento leva aproximadamente 24 a 48 horas para ser transportado ao longo de todo trato
gastrointestinal. O alimento ingerido pela boca passa por regiões do trato digestório com funções específicas, onde
moléculas complexas são progressivamente quebradas e preparadas para utilização.

Boca
O tubo digestório é iniciado pela boca (ou cavidade oral), onde o alimento começa a ser processados pelas estruturas
anexas presentes (dentes, língua e glândulas salivares). A cavidade oral é dividida em um vestíbulo e a cavidade própria
da boca. Chamamos de vestíbulo da boca a fenda entre os dentes e as estruturas musculares que o circundam (bochechas
ou lábios). Quando você escova a superfície externa dos seus dentes, a escova está no vestíbulo da boca. A cavidade
própria da boca é a região situada posteriormente em relação aos dentes. A cavidade oral comunica-se com o exterior por
uma abertura chamada rima da boca e com a faringe com uma abertura chamada fauces.
As bochechas formam os limites laterais da cavidade oral. Elas consistem, externamente, nas camadas da pele, na tela
subcutânea, nos músculos faciais que colaboram para direcionar o alimento na cavidade oral e, internamente, nos
revestimentos de epitélio estratificado pavimentoso umedecido. A porção anterior das bochechas termina nos lábios
superior e inferior, que contornam a rima da boca.
O limite anterior da cavidade oral são os lábios, órgãos carnosos, altamente móveis cuja função principal nos humanos
está associada com a fala. Os lábios também servem para amamentação, direcionar o alimento e conter o alimento entre
os dentes superiores e inferiores. Eles são formados pelo músculo orbicular da boca e tecido conjuntivo associado, e são
cobertos com pele mole e flexível. Os lábios são vermelhos, tendendo ao marrom avermelhado devido aos vasos
sanguíneos próximos da superfície. Os numerosos receptores sensitivos dos lábios permitem determinar a temperatura e
composição do alimento.
O palato atua como o limite superior da cavidade oral e é composto pelo palato duro ósseo, anteriormente, e pelo palato
mole, posteriormente. O palato duro é constituído estruturalmente pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos e pelos
processos palatinos da maxila. As pregas palatinas transversas, também chamadas rugas palatais, estão situadas ao longo
da membrana mucosa presente no palato duro e servem como cristas de fricção contra as quais a língua é colocada na
deglutição. Contínuo com o palato duro, o palato mole é um arco muscular coberto com membrana mucosa. Suspenso no
palato mole, encontra-se medialmente em sua margem inferior uma saliência cônica chamada úvula palatina. O palato
mole e a úvula palatina são levantados durante a deglutição, fechando a parte nasal da faringe e impedindo que
alimentos e líquidos entrem na cavidade nasal.

Faringe
No período onde está na cavidade oral, o alimento é misturado com saliva, triturado pelos dentes e manipulado pela
língua. Desse modo, é reduzido a uma massa flexível e macia, denominada bolo alimentar, que pode ser deslocada com
facilidade para o restante do canal alimentar, um mecanismo chamado deglutição. Ao ser deglutido, o alimento passa da
boca para a faringe, um tubo muscular afunilado que se conecta com a terminação das cavidades oral e nasal e se
estende até a laringe, anteriormente, e o esôfago, posteriormente. A parte nasal da faringe se relaciona somente com a
respiração, enquanto as partes oral e laríngea da faringe servem à digestão e à respiração. Antes de entrar no esôfago, o
alimento deglutido passa da boca para as partes oral e laríngea da faringe, e as contrações musculares dessas partes da
faringe ajudam a impulsionar o alimento para o esôfago.
Esôfago
O esôfago é um canal muscular depressível (pode ser colabado) que conduz alimentos sólidos e líquidos ao estômago.
Situado posteriormente à traqueia, o esôfago inicia na região terminal da parte laríngea da faringe e percorre a face
inferior do pescoço, onde adentra o mediastino. A partir do mediastino, o esôfago desce anteriormente à coluna
vertebral, atravessa uma abertura do diafragma chamada hiato esofágico e se encerra na porção superior do estômago.
Estômago
O estômago é uma expansão do trato gastrointestinal em forma de J e se localiza no abdome, ocupando a posição
diretamente inferior ao diafragma. O estômago interliga o esôfago à porção inicial do intestino delgado, o duodeno.
Como a ingestão de uma refeição pode ser muito mais rápida que o tempo necessário para digestão e absorção, o
estômago serve como área de mistura e reservatório, sendo capaz de acomodar grande volume de alimento (até 6,4
litros). A posição e o tamanho do estômago variam continuamente devido à movimentação do diafragma a cada
inspiração e expiração.
Estruturalmente, o estômago possui quatro regiões características: cárdia, fundo, corpo e parte pilórica. A cárdia envolve
a abertura superior do estômago. O fundo é a extremidade superior arredondada que se encontra à esquerda da cárdia.
Inferiormente a cárdia e o fundo, se situa o corpo, a grande porção central do estômago. A parte pilórica se subdivide em
três regiões: o antro pilórico, que se conecta ao corpo gástrico; o canal pilórico; e o piloro, que se conecta ao duodeno
por um esfíncter de músculo liso chamado esfíncter do piloro. A curva medial côncava do estômago é chamada curvatura
menor, enquanto a curva lateral convexa é a curvatura maior.
A mucosa interna do estômago possui alto número de pregas gástricas, elevações que ampliam o contato do bolo
alimentar. Esse contato viabiliza a eficiência do suco gástrico, um fluído digestivo formado por três secreções produzidas
por essa mucosa: ácido clorídrico, muco e enzimas, em especial a pepsina, que transforma as proteínas em aminoácidos.
Além disso, continua a digestão de amido e dos triglicerídeos iniciada pela saliva na boca, e ocorre a conversão do bolo
alimentar semissólido em uma massa viscosa chamada quimo. Em intervalos apropriados, o estômago transfere um
pequeno volume de material para o duodeno.
Intestino delgado
O intestino delgado é a estrutura mais longa do tubo digestório, sendo o principal local de atividade enzimática e de
absorção de nutrientes. A maioria das enzimas que atuam no intestino delgado é secretada pelo pâncreas. Durante a
digestão, o intestino delgado realiza movimentos de segmentação, que misturam o quimo e ampliam seu contato com a
mucosa para absorver nutrientes. O peristaltismo impele o quimo através do intestino delgado em aproximadamente três
a seis horas.
O intestino delgado se subdivide em três regiões: o duodeno, o jejuno e o íleo, que medem aproximadamente 5%, 40% e
60% do seu comprimento, respectivamente. A maior parte do duodeno tem a forma da letra C, enquanto o jejuno e o íleo
formam espirais suspensas na parte posterior do abdome, que são emolduradas pelo intestino grosso. O jejuno
corresponde à parte superior dessa massa intestinal espiralada, enquanto o íleo se refere à parte inferior.
Embora o duodeno seja a divisão mais curta do intestino delgado, ele tem como característica receber enzimas
digestórias do pâncreas via ducto pancreático, e bile do fígado e da vesícula biliar via ducto colédoco. Esses ductos entram
na parede do duodeno, onde formam um bulbo chamado ampola hepatopancreática, que se abre em uma pequena
saliência chamada papila maior do duodeno. A entrada de bile e o suco pancreático no duodeno é controlada por
esfíncteres de músculo liso que circundam a ampola hepatopancreática e pelas terminações dos ductos pancreático e
colédoco.

Intestino grosso
Encerando o tubo gastrointestinal, o intestino grosso possui formato de ferradura e se estende da porção terminal do íleo
até o ânus, circundando quase completamente o intestino delgado. Chegam no intestino grosso resíduos altamente
digeridos que contém poucos nutrientes e, durante o período que permanece no intestino grosso, ocorre pouca
decomposição adicional do alimento, exceto quanto à pequena quantidade de digestão realizada pelas muitas bactérias
que nele vivem, a chamada flora intestinal. Podemos destacar como principais funções do intestino grosso: a
compactação do conteúdo intestinal em fezes, pela absorção de água e eletrólitos; a absorção de importantes vitaminas
produzidas por ação bacteriana; e o armazenamento e eliminação do material fecal.
Sendo mais calibroso e curto, se comparado com o intestino delgado, podemos subdividir o intestino grosso em três
regiões: o ceco, semelhante a uma bolsa de fundo cego; o colo, porção de maior comprimento do intestino grosso; e o
reto, os últimos 15 cm do intestino grosso. O ceco é uma dilatação em fundo cego que se posiciona abaixo da papila ileal,
uma prega de túnica mucosa na junção dos intestinos que impede o refluxo do quimo. Destaca-se no ceco o apêndice
vermiforme, um prolongamento linfático que ajuda na defesa do organismo. Processos infecciosos que atingem o
apêndice vermiforme podem causar apendicite, que exige tratamento cirúrgico.
O colo se subdivide em colo ascendente, colo transverso, colo descendente e colo sigmoide. O colo ascendente se
estende superiormente ao longo do lado direito da parede abdominal até a superfície inferior do fígado, onde dobra para
a esquerda e continua pela cavidade abdominal superior como colo transverso. No lado esquerdo da parede abdominal,
curva-se novamente em ângulo reto dando início ao colo descendente. O colo descendente se estende inferiormente, ao
longo do lado esquerdo da parede abdominal, em direção à região pélvica. A seguir, o colo forma uma curva em forma de
S conhecida como colo sigmoide. Por fim, o reto ocupa posição anterior ao sacro e ao cóccix, onde seu trecho final de dois
a três centímetros é denominado canal anal. O ânus, abertura externa do canal anal, é protegido por um esfíncter interno
de músculo liso (involuntário) e um esfíncter externo de músculo esquelético (voluntário). Normalmente, o ânus está
fechado, exceto durante a eliminação de fezes.

// Peritônio

A maioria dos órgãos do sistema digestório está localizada na cavidade abdominopélvica, sendo sustentados e envolvidos
por membranas serosas que revestem essa cavidade e recobrem seus órgãos. As membranas serosas secretam um líquido
lubrificante que umedece os órgãos associados a elas. A porção parietal da membrana serosa reveste a parede do corpo,
e a porção visceral recobre os órgãos internos. As membranas serosas presentes na cavidade abdominal são chamadas de
peritônio e os órgãos abdominais podem apresentar as seguintes relações com ele:

Órgãos intraperitoneais localizam-se dentro da cavidade peritoneal na qual são recobertos em todos os lados por
peritônio visceral;

Órgãos retroperitoneais são recobertos por peritônio visceral apenas na sua superfície anterior, e o órgão localiza-se fora
da cavidade peritoneal.

Quadro 6. Órgãos digestórios intraperitoneais e retroperitoneais. Fonte: MARIEB, 2013; HOEHN, p. 710. (Adaptado).
As vísceras retroperitoneais são fixas, entretanto, muitos órgãos destacam-se da parede da cavidade abdominal e o
revestimento peritonial as acompanha, formando uma dupla camada de peritônio, denominadas mesentérios, que se
estende da parede do corpo até os órgãos digestórios. Os mesentérios mantêm os órgãos em suas posições, armazenam
gordura e, mais importante, proporcionam uma rota para os vasos circulatórios e nervos chegarem aos órgãos na
cavidade peritoneal. Em outros casos, estas pregas peritoniais formadas por duas camadas de peritônio se estendem
entre dois ou mais órgãos e são nomeadas de omentos. Existem dois deles: o omento menor, que conecta a pequena
curvatura do estômago e o duodeno ao fígado; e o omento maior, que conecta o estômago ao diafragma, baço e cólon
transverso.

ÓRGÃOS ANEXOS AO SISTEMA DIGESTÓRIO

Os órgãos digestórios anexos compreendem a língua e os dentes, além da vesícula biliar e das glândulas que se conectam
ao tubo digestório através de ductos (as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas). As glândulas anexas do sistema
digestório produzem e armazenam enzimas e soluções-tampão, necessárias para a digestão. Além das suas funções
digestivas, o fígado e o pâncreas apresentam outras funções vitais além daquelas envolvidas no processo da digestão.

// Anexos da cavidade oral

Como órgão do sistema digestório, a língua funciona na movimentação do alimento no interior da boca durante a
mastigação e ajuda na deglutição do alimento. Também se relaciona para a produção da fala, ajudando a formar algumas
consoantes (K, D, T e L, por exemplo). A língua é formada de músculo esquelético e revestida com membrana mucosa. Na
superfície da língua encontram-se numerosas e pequenas elevações chamadas papilas. Elas dão à superfície da língua
uma rugosidade nítida, que ajuda a controlar o alimento. Algumas delas também contêm calículos gustatórios, que
respondem aos estímulos químicos, isto é, identificam doce, salgado, azedo e amargo.

Os movimentos da língua são importantes na condução do alimento para a região da superfície dos dentes, que efetuam
a mastigação do alimento. Essa ação quebra tecidos conectivos resistentes e fibras vegetais, contribuindo para saturar o
alimento com secreções salivares e enzimas. Os dentes situam-se em encaixes (alvéolos) nas margens da mandíbula e
maxilas cobertas por gengiva. De acordo com a sua forma e função, os dentes são classificados como:
Por fim, as glândulas salivares produzem uma secreção líquida chamada saliva. Ela funciona como solvente, limpando os
dentes e dissolvendo moléculas de alimento de forma que possam ser degustadas. A saliva também contém enzimas que
digerem o amido e muco lubrificante que ajuda a deglutição. As glândulas salivares menores (intrínsecas) estão
espalhadas na mucosa da língua, palato, lábios e bochechas. A saliva das glândulas salivares menores mantém a boca
sempre úmida. Por outro lado, as glândulas salivares maiores (extrínsecas), situadas fora da boca e conectadas a ela por
seus ductos, secretam saliva apenas durante as refeições, tornando a boca molhada. As glândulas salivares maiores são as
parótida, submandibular e sublingual.

Quadro 7. Glândulas salivares maiores e suas características. Fonte: VAN DE GRAAFF, 2013, p. 647. (Adaptado).
// Fígado e vesícula biliar

O fígado é o maior órgão interno, sendo localizado inferiormente ao diafragma. Este órgão possui coloração marrom-
avermelhada e apresenta uma face diafragmática (anterossuperior) e uma face visceral (posteroinferior). Além disso, o
fígado se subdivide em quatro lobos: lobo direito, lobo esquerdo, lobo quadrado e lobo caudado. Anteriormente, o
ligamento falciforme marca a separação entre o lobo direito e o lobo esquerdo. Inferiormente, o lobo caudado está
situado adjacente à veia cava inferior e o lobo quadrado está próximo a vesícula biliar.

Todo sangue que deixa as superfícies de absorção do trato digestório entra no sistema porta-hepático e flui para o fígado.
Esta disposição faz com que as células do fígado extraiam nutrientes absorvidos ou toxinas do sangue antes que eles
atinjam a circulação sistêmica através das veias hepáticas. O fígado desempenha funções essenciais que são executadas,
em sua maioria, pelas células hepáticas (ou hepatócitos). Podemos classificar as funções importantes do fígado em três
categorias: regulação metabólica, regulação hematológica e produção de bile.

A vesícula biliar é uma estrutura piriforme que se subdivide em fundo, corpo, infundíbulo, colo e ducto cístico. Quando a
vesícula está cheia, o fundo gera uma proeminência entre o lobo direito e o lobo quadrado. Ele se estende com o corpo,
que se estreita para compor o infundíbulo, e logo se afunila no colo. A continuação do colo é o ducto cístico, que se liga
ao ducto hepático comum para constituir o ducto colédoco, que termina no duodeno. A ejeção da bile ocorre sob
estimulação do hormônio colecistoquinina com a chegada do quimo. A vesícula biliar apresenta duas funções principais:
armazenamento da bile, quando a bile não pode fluir ao longo do ducto colédoco; e modificação da bile, em que a água é
absorvida e os sais biliares e outros componentes tornam-se mais concentrados.

ASSISTA

Se a concentração da bile aumenta exageradamente, podem aparecer cristais de sais e minerais insolúveis (cálculos
biliares), bem como processos inflamatórios na vesícula (colecistites). Para saber mais sobre os cálculos biliares, assista ao
vídeo Pedra na vesícula – Sintomas e Tratamento.

// Pâncreas

O pâncreas é a maior segunda glândula anexa do sistema digestório e situa-se transversalmente e posterior à curvatura
maior do estômago. O pâncreas é formado por cabeça, corpo e cauda. A cabeça é a porção expandida do órgão perto da
curvatura do duodeno. Da porção inferior da cabeça projeta-se o processo uncinado, que forma um arco atrás da artéria e
da veia mesentéricas superiores, circundando-as.
O pâncreas é um órgão misto (ou anfícrino), pois trata-se de uma glândula com função exócrina e endócrina. As secreções
endócrinas são os hormônios insulina e o glucagon, envolvidos no metabolismo dos glicídios. A secreção exócrina é o suco
pancreático, que é composto por enzimas que digerem proteínas, lipídios e glicídios. Embora se presuma que a inervação
autônoma influencie a produção de enzimas, a secreção pancreática é controlada principalmente pelos hormônios
secretina e colecistoquinina liberados pelo intestino delgado na presença do quimo.
O suco pancreático é produzido pelas células secretoras acinares e segue para fora do pâncreas por dois canais: o ducto
pancreático (ducto de Wirsung) e o ducto pancreático acessório (ducto de Santorini). O ducto pancreático une-se ao
ducto colédoco e entra no duodeno como um ducto comum dilatado, denominado ampola hepatopancreática (ampola de
Vater). O ducto pancreático acessório esvazia-se diretamente no duodeno, poucos centímetros acima da ampola
hepatopancreática.

Ao longo do material, abordamos alguns dos sistemas do corpo como o cardiovascular, o respiratório e o digestório, assim
como seus componentes, organizações, funções e processos.

Vimos que o sistema circulatório liga o meio interno do corpo e o meio externo, transportando nutrientes, produtos
residuais e mesmo células, entre estes dois meios e entre os diferentes tecidos do corpo. Estando subdividido em sistema
cardiovascular (composto de sangue, coração e vasos sanguíneos) e sistema linfático (composto de linfa, órgãos linfáticos
e vasos linfáticos).

O sistema cardiovascular se organiza em dois circuitos fechados: a circulação pulmonar, que faz o transporte de sangue
entre o coração e os pulmões, e a circulação sistêmica, que realiza o transporte de sangue entre o coração e o restante do
corpo. O coração atua como uma bomba dupla, bombeando sangue para os pulmões e também por todo o corpo,
visando a nutrição dos tecidos do corpo. Já as artérias transportam sangue para fora do coração enquanto as veias
carregam o sangue de volta ao coração.

O sistema linfático e suas estruturas exercem um papel central nas defesas do corpo contra vírus, bactérias e outros
microrganismos, sendo constituído por uma rede de vasos linfáticos que transportam a linfa (um líquido similar ao plasma
sanguíneo, porém com uma menor concentração de proteínas) e por órgãos linfáticos interconectados por vasos
linfáticos, sendo os mais importantes: os linfonodos, as tonsilas, o baço e o timo.

O sistema respiratório, entre outras funções, trabalha em conjunto com o sistema cardiovascular para restabelecer o
oxigênio (O2) e remover o dióxido de carbono (CO2) do sangue, além de proteger as superfícies respiratórias, permitir a
comunicação vocal e auxiliar na regulação do pH, pressão arterial e volume sanguíneo. O sistema respiratório inclui a
cavidade nasal, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios e os pulmões e podem ser divididos em órgãos condutores
(do nariz aos bronquíolos terminais), que aquecem, umidificam e filtram o ar inalado, e órgãos respiratórios (bronquíolos
respiratórios até os alvéolos), que permitem as trocas gasosas.

Os alimentos contêm uma variedade de nutrientes moleculares necessários para a formação de novos tecidos do corpo,
para reparar tecidos lesados e para sustentar as reações químicas necessárias. Os principais eventos da ingestão dos
alimentos e da absorção de seus nutrientes ocorrem ao longo do sistema digestivo, que possui estruturas adaptadas para
essas funções. O sistema digestório é constituído do tubo digestório (boca, faringe, esôfago, estômago, e intestinos
delgado e grosso) e das estruturas digestórias anexas.

As estruturas digestórias da boca até o intestino delgado são direcionadas para a transformação mecânica e química do
alimento para que possam ser absorvidas no intestino delgado. Os restos alimentares não absorvidos são transferidos
para o intestino grosso, que concentra as fezes absorvendo água, para chegarem ao reto e anus, já como bolo fecal.

Você também pode gostar