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MANUAL
Anamnese Psiquiátrica
e
Princípios Básicos de Psicopatologia
das Funções Psíquicas
MACEIÓ/2010
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Flávio Soares
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1. ANAMNESE PSIQUIÁTRICA
Não sei, não sei. Não devia de estar relembrando isto, contando assim o sombrio das
coisas. Lenga-lenga! Não devia de. O senhor é de fora, meu amigo, mas meu estranho.
Porém, talvez por isto mesmo. Falar com o estranho assim, que bem ouve e logo longe
se vai embora, é um segundo proveito: faz do jeito que eu falasse mais mesmo comigo.
As entrevistas iniciais
Durante a entrevista inicial se faz a anamnese, ou seja, são colhidos todos os dados
necessários para um diagnóstico pluridimensional do paciente, o que inclui os dados
sociodemográficos, a queixa ou o problema principal e a história dessa queixa, os
antecedentes mórbidos somáticos e psíquicos pessoais, contendo os hábitos e o uso de
substâncias químicas, os antecedentes mórbidos familiares, a história de vida do
paciente, englobando as várias etapas do desenvolvimento somático, neurológico,
psicológico e psicossocial e, finalmente, a avaliação das interações familiares e sociais
do paciente.
Na anamnese, o entrevistador se interessa tanto pelos sintomas objetivos como pela
vivência subjetiva do paciente em relação àqueles sintomas; pela cronologia dos
fenômenos e pelos dados pessoais e familiares. Além disso, o entrevistador permanece
atento às reações do paciente ao fazer os seus relatos. Realiza, assim, parte do exame
psíquico e da avaliação do estado mental atual durante a coleta da história (anamnese).
Em alguns casos, o paciente consegue formular com certa clareza e precisão a “queixa
principal”, que, ao entrevistador, parece consistente e central no sofrimento do paciente
e para o seu diagnóstico. Isso pode ajudar o entrevistador a limitar o “campo de
procura” a ser investigado. Muitas vezes, entretanto, o paciente psiquiátrico não tem
qualquer queixa a fazer; ou simplesmente não tem crítica ou insight de sua situação, de
seu sofrimento. Outras vezes, se recusa defensivamente a admitir que tenha um
problema mental, comportamental ou psicológico e que esteja sofrendo por ele.
Assim, em algumas situações faz-se necessária a informação de familiares, amigos,
conhecidos. Os dados fornecidos pelo “informante” também padecem de certo
subjetivismo, que o entrevistador deve levar em conta. A mãe, o pai ou cônjuge do
paciente, por exemplo, têm a sua visão do caso, e não a “visão” (correta e absoluta) do
caso. De qualquer forma, muitas vezes as informações fornecidas pelos acompanhantes
podem revelar dados mais confiáveis, claros e significativos. Pacientes com quadro
demencial, déficit cognitivo, em estado psicótico grave e em mutismo geralmente não
conseguem informar dados sobre a sua história, sendo, nesses casos, fundamental a
contribuição do acompanhante.
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Condução da entrevista
C. Nos primeiros contatos com pacientes muito tímidos, ansiosos ou paranóides, deve-
se fazer primeiro perguntas neutras (nome, onde mora, estado civil, profissão, nome de
familiares, etc), para apenas, gradativamente, começar a formular perguntas “mais
quentes” (às vezes, constrangedoras para o paciente), como: “qual o seu problema?”;
“por que foi trazido ao hospital?”; “o que aconteceu para que você agredisse seus
familiares?”, etc.
documento que, sendo bem redigido, poderá ser decisivo em questões legais futuras,
impensáveis no momento em que a avaliação está sendo feita.
Resumindo: o relato deve ser redigido com um estilo claro, preciso, com frases e
parágrafos curtos; a história clínica deve ser redigida com uma linguagem simples
e compreensível; o relato deve ser pormenorizado, mas não prolixo, detalhado
naquilo que é essencial ao caso e conciso naquilo que é secundário.
1.2. IDENTIFICAÇÃO
OBSERVAÇÕES
Desses dados alguns (como cor e filiação) servem, sobretudo, para uma melhor
identificação nos casos de igualdade de nomes; outros são esclarecedores quanto às
condições do organismo ou ao tipo de problemas psicológicos próprios de
determinados pacientes (idade, sexo, estado civil, profissão, instrução, religião),
outros constituem dados que serão úteis para eventuais estudos sobre epidemiologia
das doenças mentais e sobre suas condições reais de assistência, indispensáveis a
qualquer tentativa séria de planejamento de assistência psiquiátrica no Estado
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Aparelho Circulatório:
Verificar a pressão arterial e auscultar o coração, registrando todas as anormalidades
encontradas ou apenas chamando a atenção para alguma anormalidade que não tenha
sido possível identificar bem.
Aparelho Respiratório:
Registrar as alterações do ritmo respiratório e a ocorrência de tosse e expectoração.
Aparelho Digestivo:
Indagar inicialmente sobre queixas digestivas em geral: pirose, vômitos, cólicas,
constipação intestinal, etc. Fazer uma palpação sumária do abdômen.
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Aparelho Gênito-Urinário:
Registrar quaisquer queixas relativas à micção e às funções genitais. Obs: essas queixas
já devem ter sido registradas no interrogatório sintomatológico. Aqui são descritas
sumariamente.
Sistema endócrino:
Estar atento aos indícios mais evidentes: bócio, exoflalmia, hirsutismo, acromegalia,
etc.
by Adélia Prado
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Com o passar do tempo, na prática clínica diária, passa-se inadvertidamente a crer que a
memória, a sensopercepção, a vontade, a afetividade, etc., são áreas autônomas e
naturais, separadas umas das outras e com vida própria. Deixa-se de lembrar o que elas
realmente são, isto é, construtos aproximativos da psicologia e da psicopatologia que
permitem uma comunicação mais fácil e um melhor entendimento dos fatos.
Em um ato psíquico, apenas pode ocorrer uma separação teórica, não uma separação
real, entre as distintas qualidades psíquicas de que se trata. Na observação e descrição
do mundo das manifestações psíquicas e psicopatológicas tendemos, de há muito, à
fragmentação: descrevemos funções psíquicas singulares (como a sensação, a
percepção, a memória, o pensamento...). Se reunirmos estes fragmentos, ficamos com a
impressão de que a vida psíquica pode ser compreendida como um mosaico, a partir de
uma soma de manifestações isoladas. Esta impressão, não obstante, não corresponde à
realidade. Cada função parcial na vida psíquica e cada aspecto da realidade psíquica
só existem em vinculação estreita com toda a vida e com a realidade psíquica total.
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Dessa forma, nunca podemos esquecer: não existem funções psíquicas isoladas e
alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É
sempre a pessoa na sua totalidade que adoece.
Nesse manual, optamos pela “divisão” das funções psíquicas de acordo com a
predominância de suas alterações em determinados transtornos (ISSO NÃO
SIGNIFICA QUE ESSAS FUNÇÕES SÓ ESTEJAM ALTERADAS NESSES
QUADROS CLÍNICOS).
Transtornos psico-orgânicos: consciência vígil, atenção, orientação, memória e
inteligência.
Transtornos psicóticos: sensopercepção, juízo, pensamento, linguagem e consciência
do Eu.
Transtornos afetivos (do humor), antigas neuroses (transtornos ansiosos, somatoformes
e dissociativos) e personalidades patológicas: vontade, psicomotricidade e
afetividade.
O termo consciência origina-se da junção de dois vocábulos latinos: cum (com) e scio
(conhecer), indicando o conhecimento compartilhado com o outro e, por extensão, o
conhecimento compartilhado consigo mesmo. Na língua portuguesa, a palavra
consciência tem, pelos menos, três acepções diferentes: a. definição neuropsicológica
– emprega o termo consciência no sentido de estado vígil (vigilância), o que, de certa
forma, iguala consciência ao grau de clareza do sensório. Consciência aqui é
fundamentalmente o estado de estar desperto, acordado, vígil, lúcido. Trata-se
especificamente do nível de consciência (SERÁ O NOSSO OBJETO DE ESTUDO
EM PSICOPATOLOGIA FENOMENOLÓGICA DA CONSCIÊNCIA); b.
definição psicológica – conceitua como a soma total das experiências conscientes de
um indivíduo me determinado momento. Nesse sentido, consciência é o que se designa
campo da consciência. É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se
volta para a realidade. Na relação do Eu com o meio ambiente, a consciência é a
capacidade de o indivíduo entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os
seus objetos; c. definição ético-filosófica – o termo consciência refere-se a capacidade
de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e os
deveres concernentes a essa ética. É atributo do homem desenvolvido e responsável,
engajado na dinâmica social de determinada cultura. Trata-se da consciência moral ou
ética.
desde o estado normal, vígil, desperto, até o estado de coma profundo. Os diversos
graus de rebaixamento da consciência são:
2.3.2 ATENÇÃO
Milhões de itens que são apresentados aos meus sentidos nunca ingressam
propriamente em minha consciência. Por que? Porque esses itens não são de interesse
para minha pessoa. Minha experiência é aquilo que eu consinto em captar. Todos
sabem o que é a atenção. É o tomar posse pela mente, de modo claro e vívido, de um
entre uma diversidade enorme de objetos ou correntes de pensamentos simultaneamente
dados. Focalização, concentração da consciência são a sua essência. Ela implica
abdicar de algumas coisas para lidar eficazmente com outras.
by William James
B. Aprosexia - total abolição da capacidade de atenção, por mais fortes e variados que
sejam os estímulos utilizados. Pode ocorrer em paciente com demência em estado
avançado e nos estados de coma.
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2.3.3 ORIENTAÇÃO
So she was considering in her own mind (as well as she could, for the hot day made her
feel very sleep and stupid)...when suddenly a White Rabbit with pink eyes run close by
her.
Processo integrativo que permite ao individuo saber que ele é ele mesmo, onde se
encontra e qual é a sua situação no tempo e no espaço. A capacidade de orientar-se é
classificada em orientação autopsíquica e alopsíquica. A orientação autopsíquica é a
orientação do indivíduo em relação a si mesmo. Revela se o paciente sabe quem é:
nome, idade, data de nascimento, profissão, filiação, estado civil, etc. A orientação
alopsíquica diz respeito à capacidade de orientar-se em relação ao mundo, isto é,
quanto ao espaço (orientação espacial) e quanto ao tempo (orientação temporal).
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Orientação espacial
Orientação temporal
Desorientação
2.3.4. MEMÓRIA
2.3.5. INTELIGÊNCIA
by Fernando Pessoa
by Clarice Lispector
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2.3.6. SENSOPERCEPÇÃO
Vem
Vem andar sobre os meus sonhos
Em minhas alucinações o vejo
O escuto como cachoeiras de águas cristalinas
O seu caminhar é suave e misterioso
Não sei quem você é
Não sei quem eu sou
Só restam os meus sonhos
B.1 – Alucinações auditivas – são as mais freqüentes nos transtornos mentais. Podem
ser simples e complexas. As simples são caracterizadas pela queixa do paciente de estar
escutando ruídos, zumbidos (acoasmas) e são menos freqüentes que as complexas. A
forma de alucinação auditiva complexa mais freqüente e significativa em psicopatologia
é a alucinação audioverbal, na qual o paciente escuta vozes sem qualquer estímulo real.
São vozes que geralmente o ameaçam ou insultam. Quase sempre a alucinação
audioverbal é de conteúdo depreciativo e/ou de perseguição. Em alguns casos, as vozes
ordenam que o paciente faça isso ou aquilo (são as chamadas vozes de comando –
alucinações auditivas complexas imperativas), podendo, inclusive, mandar que ele se
suicide ou mate outra pessoa. Ás vezes, as vozes comentam as atividades corriqueiras
do paciente (são as chamadas vozes que comentam a ação – alucinações auditivas
complexas em forma de vozes comentadoras de atos). As vozes podem ser de duas
ou mais pessoas conversando sobre questões que envolvem o paciente (alucinações
auditivas complexas em forma de diálogo). Fenômenos próximos das alucinações
auditivas são: a sonorização do pensamento, o eco do pensamento e a publicação do
pensamento. A sonorização é experimentada como a vivência sensorial de ouvir o
próprio pensamento, no mesmo momento em que está sendo pensado. O eco do
pensamento é experimentado como a vivencia sensorial de ouvir o pensamento de forma
repetida, logo após ter sido pensando. Em psicopatologia moderna, considera-se a
sonorização e o eco do pensamento como fenômenos que se complementam e se
confundem. Ambos podem ser chamados de Eco do pensamento. Na publicação do
pensamento, o paciente tem a nítida sensação de que as pessoas ouvem o que ele pensa
no exato momento em que está pensando (está mais relacionada a uma alteração do
pensamento). Assim, as alucinações auditivas complexas, resumidamente, podem
ser fenomenologicamente divididas em quatro tipos: imperativas, em forma de
diálogo, comentadoras de atos e eco do pensamento. Ocorrem, sobretudo, na
esquizofrenia; em paciente deprimido grave que pode ouvir vozes que lhe acusa de ser
mau, merecedor de castigo (depressão delirante - vozes que lhe falam de suicídio não
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lhe são estranhas porque o doente já vem pensando na morte); nos quadros de mania as
vozes reafirmam ao paciente seu status de poder e grandeza.
B.2 - Alucinações visuais – são visões nítidas que o paciente experimenta, sem a
presença de estímulos visuais. Podem ser simples (também são denominadas
fotopsias) ou complexas. Nas simples, o indivíduo vê cores, bolas e pontos brilhantes.
Podem ocorrer na esquizofrenia, no abuso de álcool, na epilepsia. As alucinações
visuais complexas ou configuradas incluem figuras e imagens de pessoas (vivas os
mortas, familiares ou desconhecidos), de partes do corpo (órgãos genitais, caveiras,
olhos assustadores, cabeças disformes, etc.), de entidades (o demônio, um fantasma, um
santo), de objetos inanimados, animais ou crianças. Podem incluir visões de cenas
completas (p. ex., a casa pegando fogo), sendo então denominadas alucinações
cenográficas (são relativamente raras). Um outro tipo de alucinação visual complexa é
a chamada alucinação liliputiana, na qual o indivíduo vê cenas com personagens
diminutos, minúsculos, “duendes”, entre os objetos e pessoas reais de sua casa. Relatava
Santa Teresa D’Ávila quando, já vivendo no convento, entrava em surto psicótico:
Os homenzinhos estão todos soltos no jardim e posso vê-los entre as plantas. Fechem
todas a portas porque eles planejam invadir o convento e nos molestar. Vão subir pelas
nossas pernas disfarçados de formigas. Mas, são homens! São do tamanho de insetos.
Lá vêem eles com a intenção de nos violar.
Existem pessoas que colocam adesivos em seus automóveis do tipo “eu acredito ou eu
já vi duendes”. Se elas tiverem visto realmente, podemos está diante de indivíduos que
apresentaram uma alucinação liliputiana. Mas, sabemos que a maior parte desses
indivíduos se refere aos duendes de forma mística. Vê de verdade nunca viu! Em nosso
meio, temos uma apresentadora de tv que divulga bastante, entre os de tenra idade, a
existência desses “seres”. As alucinações visuais complexas podem ocorrer: nas
demências por corpos de Lewy (recentemente, publicamos um trabalho sobre esse tipo
de demência – os interessados solicitem); doença de Parkinson com demência; delirium
(sobretudo no delirium tremens dos alcoolistas – visão de insetos andando pelo
corpo – são as chamadas zoopsias); demência vascular; demência de Alzheimer;
intoxicações por alucinógenos (como o LSD); esquizofrenia (em proporção bem menor
que as alucinações auditivas). Percebe-se que a grande maioria dos transtornos (onde as
alucinações visuais podem se apresentar) está relacionada a doenças orgânicas ou a uso
de substâncias psicoativas. Assim, na presença de alucinações visuais, é
importantíssima a investigação complementar de causas orgânicas (principalmente
entre idosos).
um sintoma histérico. O fato de que a alucinação autoscópia pode estar associada com
desordens do lobo parietal devidas a alterações cérebro-vasculares ou infecções severas
explica porque no folclore alemão acredita-se que a pessoa quando vê seu duplo é
indicativo de que ela está próxima de morrer.
Ajuizar (produzir juízo) é uma atividade humana por excelência. Por meio dos juízos o
ser humano afirma a sua relação com o mundo, discerne a verdade do erro, assegura-se
da existência ou não de um objeto perceptível (juízo de existência), assim como
distingue uma qualidade de outra (juízo de valor). Juízos falsos podem ser produzidos
de inúmeras formas, sendo ou não patológicos. Em psicopatologia, a primeira distinção
essencial a se fazer é entre o erro não determinado por transtorno mental e as diversas
formas de juízos falsos determinados por uma doença mental, sendo a principal delas o
DELÍRIO. Não existe limite nítido, fácil e decisivo entre o erro e o delírio. O erro se
origina da ignorância, do julgar apressado e com base em premissas falsas. O erro pode
ocorrer por atribuições culturais e de valores falsos a determinadas pessoas ou situações,
como exemplos: tomar-se uma pessoa simpática, bem vestida, educada como confiável
e honesta, etc., ou, inversamente, considerar uma pessoa malvestida, com aparência
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desagradável, expressão rude como desonesta; valer-se de uma prática ilegal promovida
por uma determinada categoria profissional ou por alguma entidade e ter convicção que
todos os indivíduos que pertencem a esse grupo praticam atos desonestos, etc.
Os erros são passíveis de serem corrigidos pela experiência, pelas provas e pelos dados
que a realidade oferece. Uma boa parte dos erros de ajuizamento é determinada por
situações afetivas intensas ou dolorosas, que impedem que o indivíduo analise a
experiência de forma objetiva e lógica. Segundo Jaspers, o erro é psicologicamente
compreensível, pois se admiti que possa surgir e persistir em virtude da ignorância, do
medo, do fanatismo religioso ou político, da necessidade e da pressa em se solucionar
um problema, de esclarecer uma dúvida ou de resolver um impasse. Enquanto o delírio
tem como característica principal ser incompreensível. Nessa concepção, não se pode
compreender psicologicamente o delírio.
A idéia delirante ou delírio são juízos patologicamente falsos. Dessa forma, o delírio é
um erro no ajuizar que tem origem na doença mental. Não é tanto a falsidade do
conteúdo que faz um delírio ser incompreensível (existem conteúdos delirantes que são
passíveis de acontecer), mas, sobretudo a justificativa para a crença que o delirante
apresenta, o tipo de evidência que lhe assegura que as coisas são assim. Jaspers descreve
algumas características que, do ponto de vista prático, são muito importantes para a
identificação clínica do delírio:
Jaspers destacou que, em geral, os delírios surgem após um período pré-delirante. Ele
denominou essa fase de humor delirante. Nesse período, o paciente sente aflição e
ansiedade intensas, sente como se algo terrível estivesse por acontecer, sem saber
exatamente o quê... Predominam aqui grande perplexidade, sensação de fim do mundo e
estranheza do percebido. Esse estado pode durar horas ou dias. O humor delirante cessa
quando o paciente passa a vivenciar o delírio propriamente dito. Nessa fase, na maioria
das vezes, o paciente se acalma, fica menos ansioso, como se tivesse encontrado
explicação plausível para a perplexidade anteriormente inexplicável. Descrevem-se as
seguintes fases na evolução clínica do delírio:
A. Trema (a palavra significa a tensão dos atores de teatro antes de entrar em cena)
– corresponde ao humor delirante descrito por Jaspers. É a fase que precede
imediatamente o surgimento das idéias delirantes. O paciente tem sensação de
fim do mundo e estranheza do percebido. Pressente que algo de ruim está por
acontecer. Sente medo e angústia.
devo pensar e falar”; “um espírito maligno guia meus sentimentos para cometer o
mau”. Ocorre com freqüência na esquizofrenia.
B. Delírios expansivos
B.2. Delírio místico religioso - o doente acredita ter uma missão importante na
Terra. Geralmente, essa missão tem características messiânicas. Alguns chegam a
delirar “ser” o próprio Cristo reencarnado ou o verdadeiro Cristo. Não é um
fenômeno restrito ao cristianismo. Delírios místicos que envolvem a crença de se
estar possuído por entidades espirituais diversas são freqüentes (demônios, xangôs,
pomba-gira, iemanjá, buda, e outros deuses). Às vezes, vem associado com delírios
persecutórios. O paciente relata que está sendo perseguido e provavelmente será
exterminado por conta da missão importante que tem de realizar no plano
terrestre/espiritual ou por conta do ódio à “entidade” espiritual que ele reencarnou.
Os delírios religiosos freqüentemente apresentam aspecto grandioso, enfatizando a
própria importância do indivíduo que delira. Esse tema pode ocorrer em todas as
formas de psicoses, predominando, porém, na mania delirante e na esquizofrenia.
O indivíduo percebe-se traído pelo cônjuge de forma vil e cruel, afirma que ela(e) tem
centenas de amantes, que o(a) trai com parentes, etc. Em geral o indivíduo acometido
pelo delírio de ciúmes é extremamente ligado e emocionalmente dependente do ser
amado. O sentimento de ciúmes intenso e desproporcional em indivíduos muito
possessivos e inseguros pode eventualmente ser difícil de diferenciar do delírio de
ciúmes. Principalmente, quando o delírio ocorre em indivíduos que já têm um
comportamento possessivo. O delírio de ciúmes pode ocorrer no alcoolismo crônico; na
Síndrome de Othello (transtorno delirante crônico – um tipo de paranóia, cujo tema
principal é o delírio de ciúmes); na esquizofrenia, etc. Nesses casos, os pacientes têm a
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certeza delirante que está sendo traído pelo cônjuge. A justificativa, para a crença que
está sendo traído e o tipo de evidência que o paciente assegura ser, esse fato, verdadeiro
são determinantes para a caracterização de que está ocorrendo um delírio.
D.1. Delírio de ruína (ou niilista) – o indivíduo refere que vive em um mundo onde só
tem desgraças, que ele e sua família está condenado à miséria, irão passar fome, o futuro
lhes reserva sofrimentos e fracassos. Em alguns casos, o paciente acredita estar morto
ou que o mundo inteiro está destruído e todos estão mortos.
D.2. Delírio de culpa e de auto-acusação – o paciente afirma, sem base real para isso,
ser culpado por todas as desgraças que acontecem na vida dele e daqueles que o cercam,
ter cometido um grave crime, ser uma pessoa indigna, pecaminosa, suja, irresponsável,
que deve ser punida por seus pecados.
O paciente afirma que uma pessoa, geralmente de destaque social, está totalmente
apaixonada por ele e irá abandonar tudo para que possam se casar. É o delírio típico da
Síndrome de Clerambault (será estudada em transtornos delirantes persistentes –
paranóia).
F. Delírios somáticos
F.1. Delírio hipocondríaco – o indivíduo crê com convicção extrema que tem uma
doença grave, incurável, que está contaminado pelo vírus da AIDS, que irá morrer
brevemente em decorrência do câncer. Às vezes é difícil de se diferenciar das idéias
hipocondríacas não delirantes (são estudadas em transtornos somatoformes). Esse
delírio pode ocorrer em algumas formas de paranóia, na depressão delirante e na
esquizofrenia.
F.2. Delírio de infestação (síndrome de Ekbon) – o paciente acredita que seu corpo
(principalmente sua pele e/ou seus cabelos) está infestado por pequenos (mas
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A mitomania foi descrita pelo francês Ernest Dupré em 1905. É a tendência patológica a
mentir e criar mitos, de modo mais ou menos voluntário e consciente. O paciente
mitômano conta longas e complicadas histórias. Seus feitos, suas aventuras, tudo é
falso. Existem duas formas clínicas da mitomania. Uma delas é a mitomania maligna,
o indivíduo cria histórias (orais ou escritas), cria fatos falsos e os divulga para
prejudicar ou depreciar alguém (geralmente uma pessoa das relações do mitômano, que
confia no mesmo, que, a princípio, nem imagina ser alvo da depreciação pública
promovida pelo portador de mitomania e que, raramente, descobre de quem partiu a
calúnia – a não ser quando o próprio mitômano revela). Tais mitômanos comumente se
mantêm no anonimato e zombam em segredo das especulações em torno da verdadeira
identidade do caluniador. Esse tipo ocorre mais nos transtornos da personalidade anti-
social e borderline. A outra forma clínica é a mitomania vaidosa, mais benigna que a
anterior, o indivíduo, em geral fanfarrão e charlatão, busca apenas impressionar os
outros para se promover. Pode ocorrer nos transtornos de personalidade anti-social,
borderline, histriônica e em episódios de mania ou hipomania.
A pseudologia fantástica foi descrita em 1891, pelo psiquiatra alemão Delbrück, como
uma forma de mentira patológica. É bastante difícil de ser diferenciada tanto da
mitomania como do delírio mais estruturado e fantástico. A pseudologia fantástica
ocorre quando o indivíduo mescla dados reais da sua história com fantasia intensa e
penetrante. Um paciente relatou a Kurt Schneider: “por desgraça, a minha capacidade de
confundir o meu pensamento e a minha fantasia com a realidade viva é muito grande,
para que possa discernir os limites entre ser e parecer”. Os relatos são grandiosos e
extremos, e o indivíduo parece acreditar plenamente no que relata. Ocorre com mais
freqüência nos transtornos da personalidade borderline e histriônica.
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by Nise da Silveira
2.3.8. PENSAMENTO
Eu sou, eu existo; isso é certo; mas por quanto tempo? A saber, por todo o tempo em
que eu penso; pois poderia ocorrer que, se eu deixasse de pensar, eu deixaria ao
mesmo tempo de ser ou de existir. Agora eu nada admito que não seja necessariamente
verdadeiro: portanto, eu não sou, precisamente falando, senão uma coisa que pensa...
2.3.9. LINGUAGEM
Temos à escolha um ou outro dos hemisférios cerebrais; mas vamos por este, que é
onde nascem os substantivos. Os adjetivos nascem no da esquerda. Descoberta minha,
que, ainda assim, não é a principal, mas a base dela, como se vai ver. Sim, meu senhor,
os adjetivos nascem de um lado, e os substantivos de outro, e toda a sorte de vocábulos
está assim dividida por motivo da diferença sexual...
- Sexual?
Sim, minha senhora, sexual. As palavras têm sexo. Estou acabando a minha grande
memória psico-léxico-lógica, em que exponho e demonstro esta descoberta. Palavra
tem sexo.
- Mas, então, amam-se umas às outras?
Amam-se umas às outras. E casam-se. O casamento delas é o que chamamos estilo.
Senhora minha, confesse que não entendeu nada.
2.3.10. CONSCIÊNCIA DO EU
by Clarice Lispector
Despersonalização e desrealização
O God, I could be bounded in a nutshell and count myself a King of infinite space.
by Manoel de Barros
O ato volitivo (ou ato de vontade) é traduzido pelas expressões típicas do “eu quero” ou
“eu não quero”, que caracterizam a vontade humana. O ato volitivo se dá, de forma
geral, como um processo, o chamado processo volitivo, no qual se distinguem quatro
etapas ou momentos fundamentais e, em geral, cronologicamente seguidos.
O ato de vontade pautado por essas quatro fases, em que ponderação, análise e reflexão
precedem a execução motora, é denominado ação voluntária. Denomina-se
pragmatismo à capacidade de exercer plenamente o ato volitivo.
B. Ato impulsivo – em oposição à ação voluntária, há os atos impulsivos, que são uma
espécie de curto circuito do ato voluntário (da fase de intenção à fase de execução). O
ato impulsivo abole abruptamente as fases de intenção, deliberação e decisão, em
função tanto da intensidade dos desejos ou temores inconscientes como da fragilidade
das instâncias psíquicas implicadas na reflexão, na análise, na ponderação e na
contenção dos impulsos e dos desejos. Os impulsos patológicos são tipos de atos
impulsivos, nos quais predominam as ações psicomotoras automáticas, se reflexão,
ponderação ou decisão prévias, de tipo instantâneo e explosivo. Eles também se
caracterizam por serem incontroláveis. São características do ato impulsivo: é
realizado sem fase prévia de intenção, deliberação e decisão; é realizado, de modo
geral, de forma egossintônica (o indivíduo não percebe tal ato como inadequado,
não tenta evitá-lo ou adiá-lo, o ato não é contrário aos valores morais e desejos de
quem o pratica); geralmente é associado a impulsos patológicos, de natureza
inconsciente, ou à incapacidade de tolerância à frustração e necessária adaptação à
realidade; o indivíduo dominado pelo ato impulsivo tende a desconsiderar os
desejos e as necessidades das outras pessoas. Exemplo: a frangofilia é um impulso
patológico de destruir os objetos que circundam o indivíduo. Está associado geralmente
a agressividade. Ocorre nas psicoses (principalmente esquizofrenia e mania), em alguns
quadros de intoxicação por substâncias psicoativas, nos transtornos da personalidade
anti-social e borderline, etc.
C. Ato compulsivo ou compulsão – difere do ato impulsivo por ser reconhecido pelo
indivíduo como indesejado e inadequado, assim como pela tentativa de refreá-lo ou
adiá-lo. A compulsão é geralmente uma ação motora complexa que pode envolver desde
atos compulsivos relativamente simples, como coçar-se, arranhar-se, até rituais
compulsivos complexos, como tomar banho de forma repetida e muito ritualizada, etc.
Os atos e os rituais compulsivos apresentam as seguintes características: há
vivência freqüente de desconforto subjetivo por parte do indivíduo que realiza a
compulsão; são egodistônicos, isto é, vividos como indesejáveis, contrários aos
valores morais e anseios de quem os sofre; há a tentativa de resistir ou adiar à
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2.3.12. PSICOMOTRICIDADE
2.3.13. AFETIVIDADE
A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivências
humanas. Sem afetividade, a vida mental torna-se vazia, sem sabor. Afetividade é um
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Humor
É o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se encontra a
pessoa em determinado momento. É a disposição afetiva de fundo que penetra toda a
experiência psíquica, a lente afetiva que dá as experiências do indivíduo, a cada
momento, uma cor particular, ampliando ou reduzindo os impactos das experiências
reais.
Emoções
São reações afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos.
Assim, a emoção é um estado afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente
como a reação do indivíduo a certas aceitações externas e internas, conscientes ou
inconscientes. A emoção é uma tempestade anímica, desconcerta, comove e perturba o
instável equilíbrio existencial.
Obs: O humor e as emoções são freqüentemente acompanhados de reações somáticas
(neurovegetativas, motoras, hormonais, viscerais e vasomotoras, etc.). São, ao mesmo
tempo, experiências psíquicas e somáticas.
Sentimentos
Afetos
Define-se como a qualidade e o tônus emocional que acompanha uma idéia. Os afetos
acoplam-se a idéias, anexando a elas um colorido afetivo. São, assim, o componente
emocional de uma idéia. Amplamente, usa-se também o termo para designar, de modo
inespecífico, qualquer estado do humor, sentimento ou emoção.
Paixões
De quanto mais paixão do que razão não nos fez Júpiter? Além disso,
confinou a razão a um canto do cérebro, e deixou todo o resto do corpo às nossas
paixões.
by Erasmo de Roterdam
Reação afetiva
A vida afetiva ocorre sempre em um contexto em relações do Eu com o mundo e com as
pessoas, variando de um momento para outro à medida que os eventos e as
circunstâncias da vida se sucedem. A afetividade caracteriza-se principalmente por sua
dimensão de reatividade. Nesse sentido, há duas importantes dimensões da resposta ou
reação afetiva de um indivíduo. Denomina-se sintonização afetiva a capacidade de o
indivíduo ser influenciado afetivamente por estímulos externos; assim, o indivíduo
entristece-se com ocorrências dolorosas, alegra-se com eventos positivos, ri com uma
boa piada, enfim, entra em sintonia com o ambiente. A irradiação afetiva, por sua vez,
é a capacidade que o indivíduo tem de transmitir, irradiar ou contaminar os outros com
seu estado afetivo momentâneo; por meio da irradiação afetiva faz com que os outros
entrem em sintonia com ele. Na condição de rigidez afetiva, o indivíduo não deseja, tem
dificuldade ou impossibilidade tanto de sintonização como de irradiação afetiva; ele não
produz reações afetivas nos outros nem reage afetivamente diante da situação
existencial externa.
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dos sintomas que o paciente apresenta, que parece indicar que, no fundo (de forma
inconsciente), o paciente sabe que seus sintomas são psicogênicos e potencialmente
reversíveis. Não é uma indiferença profunda, sendo mais aparente e teatral que real (daí
bela). A bela indiferença da esquizofrenia contrapõe-se à triste indiferença do
paciente depressivo com apatia marcante e à pálida indiferença do paciente
esquizofrênico crônico com embotamento afetivo marcante.
I. Anedonia – é a incapacidade parcial ou total de obter e sentir prazer com
determinadas atividades e experiências da vida. O paciente relata que, diferentemente
do que ocorria antes de adoecer, agora não consegue mais sentir prazer sexual, não
consegue desfrutar mais de um bom papo com os amigos, de um almoço gostoso com a
família, de um bom filme, etc. Os doentes dizem: “Agora não vejo mais graça em nada,
as coisas perderam o sabor, não vibro e nem sinto prazer com mais nada”. A anedonia é
um sintoma central das síndromes depressivas. A apatia (incapacidade de sentir afetos)
e a anedonia (incapacidade de sentir prazer) são fenômenos muito próximos que
ocorrem, na maioria das vezes, de forma simultânea.
sabe que não há alegria sem sofrimento. O que a alma quer é uma dor que valha a pena, um
preço justo que ela possa pagar por aquilo que imagina ser felicidade. A alma não rejeita a
dor, muito menos as lágrimas. O que a alma se recusa é sofrer em vão ou sem saber quando
ou quanto basta, ou ainda mais, se receberá ao final os louros da vitória. Pois uma vez que
se experimenta o sabor da alegria, como a define Lewis, alma nenhuma mede esforços para
obtê-la. Mesmo que seu valor seja inestimável e que o coração tenha já gasto toda sua
fortuna tentando alcançá-la.
3. CASOS CLÍNICOS
A terceira parte desse manual traz, para que o leitor possa se exercitar na tarefa de
descrever a fenomenologia das funções psíquicas, o relato de três casos clínicos. Não é
objetivo, nesse momento, buscarmos hipóteses diagnósticas para os quadros
apresentados. Aliás, algumas patologias, diagnósticos, já são mencionadas na descrição
dos mesmos. O objetivo é descrevermos, em cada caso, as alterações psicopatológicas
encontradas. Dessa forma, o primeiro relato clínico traz alterações, a serem
investigadas, das seguintes funções psíquicas: consciência vígil, atenção, orientação,
memória e inteligência. No segundo caso a busca será pela psicopatologia da
sensopercepção, do juízo, do pensamento, da linguagem e da consciência do Eu.
Finalmente, pesquisaremos no terceiro quadro clínico alterações fenomenológicas que
envolvem a vontade, a psicomotricidade e a afetividade. Porém, todas as funções
psíquicas devem ser investigadas em todos os casos. Além de exercitarmos a descrição
psicopatológica de cada caso, também é uma boa oportunidade para revermos aspectos
importantes a serem descritos na história clínica (anamnese) dos pacientes.
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CASO CLÍNICO 1
MEMÓRIA
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
CASO CLÍNCO 2
Atualmente, relata que ouve vozes dizendo para ela ir embora e procurar sua verdadeira
família (que mora nos Estados Unidos). A voz atual é identificada como a voz do Diabo ("O
Diabo que me manda quebrar tudo e fugir daqui"). A paciente relata que as vozes também
são uma forma de provação que todos os evangélicos tinham que passar para alcançar o
Reino dos Céus.
Diz também que ouve vozes de anjos que conversam com ela. “São vozes boas e que me
deixam calminha” (as vozes comentam as suas ações ou, às vezes, conversam entre si).
Relata que os anjos são enviados pelo Espírito Santo para orientá-la e que todo evangélico,
quando aceitava Jesus, tinha que passar por uma provação.
Nos dias que antecedem os piores surtos, há uma clara alteração de seu comportamento. Ela
torna-se mais arredia com a família, aumenta sua atividade psicomotora, seu olhar torna-se
perplexo e eventualmente torna-se agressiva. Após os internamentos, refere que a qualidade
das vozes alterava (passava a ouvir as vozes do Diabo, que ordena que ela fuja).
Sempre relata que vive mais nas casas dos vizinhos do que na sua própria e diz pedir ajuda
a todos a quem encontra na rua. “Os estranhos são muito bons doutor. Eles são as pessoas
que mais me tratam bem”.
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CASO CLÍNICO 3
by Antônio Conselheiro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
*artigos da nossa autoria
*Ardant, F.S.A; Petribú, K.C.L.; Bastos Filho, O.C. Depressão em Esquizofrenia. In:
Bressan, R.A.; Mari, J.; Mercadante, M.T.; Rhode, L.A.; Miguel, E.C. (Org.).
Atualização em Psiquiatria – Vol. 2. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004, p. 402-415.
*Ardant, F.S.A; Bastos Filho, O.C. Recherches sur la dépression post-psychotique chez
des patients schizophréniques. Cahiers Henri Ey, Paris, v. 10, 2008, p. 223 – 233.
Fiks, J.P. Delírio: um novo conceito projetado em cinemas. São Paulo: Via Lettera,
2002.
Sims, A. Delusions and awareness of reality. The British Journal of Psychiatry, v. 159,
suplem. 14, 1991.