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Sistematização do Cuidar II

Assistência de Enfermagem na
avaliação das condições emocionais
e mentais do paciente na avaliação
clínica do exame físico.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 A avaliação das condições emocionais e mentais do paciente tem sido


um procedimento desenvolvido lentamente pelo enfermeiro, mas vem se
mostrando cada vez mais necessária.
 Identificar os problemas emocionais e mentais emergentes e/ou
decorrentes da internação e do adoecer é extremamente importante,
pois possibilita, juntamente com o exame físico, subsidiar e otimizar a
assistência integral ao paciente.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 A determinação de que o paciente esteja apresentando problemas


emocionais subsidiará a identificação de diagnósticos de enfermagem
aprimorados e, consequentemente, a novas e diferentes intervenções.
 O primeiro contato entre o enfermeiro e o paciente é extremamente
importante para que uma relação de confiança entre ambos seja
estabelecida.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 No contato inicial, para avaliação das condições emocionais e mentais,


as experiências sentidas pelo paciente tendem a ser constrangedoras,
pois, por um lado, este encontra-se em situação conflitiva, sentindo
necessidade de falar sobre o que o aflige e o angustia. Em geral, são
aspectos extremamente íntimos e pessoais.
 Por outro, sente-se retraído ao fazê-lo, especialmente se está em contato
com o enfermeiro pela primeira vez. Ambos são estranhos nesse
momento. É imperioso que o paciente seja respeitado e que sua
intimidade seja preservada, oferecendo-se, na medida do possível,
condições acolhedoras, confortáveis e de proteção da sua
individualidade.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 O vínculo é o passo mais importante para que se estabeleça o


relacionamento interpessoal terapêutico.
 O respeito, a cortesia, a atenção, a segurança em realizar a atividade e
a demonstração de preocupação e interesse em ajudar o paciente são
ingredientes básicos para a construção da confiança e,
consequentemente, do vínculo.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 No sentido de ampliar o espaço de vinculação, também são importantes


medidas como:
 olhar diretamente para o paciente e não desviar para outra situação
enquanto se conversa com ele (como escrever);
 ouvi-lo atentamente;
 dar espaço para que possa perguntar e discordar;
 falar de forma clara e oferecer informações objetivas, evitando o uso de
termos técnicos, a fim de que haja a devida compreensão;
 e analisar as informações obtidas pela comunicação não verbal do
paciente.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 A dificuldade de vinculação do paciente com o profissional que o atende


promove, muitas vezes, falhas graves no tratamento, como:
 a desmotivação,
 o não seguimento correto e o abandono do tratamento,
 a inadequação de atitudes e comportamentos ante o profissional,
 o desgaste emocional para ambos,
 ruídos na comunicação, entre outras implicações.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Ambiente para o contato


 Um ponto importante a ser considerado é o ambiente onde se dará o
contato com o paciente, devendo ser calmo; tranquilo e seguro, com
poucos objetos, adequadamente dispostos na sala, de preferência longe
do alcance do paciente.
 A privacidade deve ser garantida.
 Por vezes, é necessário ouvir o paciente em um momento longe do
contato com familiares e acompanhantes, separando-os.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Objetivos da avaliação das condições emocionais e mentais

 Identificar possíveis problemas emocionais e/ou psíquicos do paciente.


 Contribuir com a identificação dos diagnósticos e com o
estabelecimento das intervenções e resultados de enfermagem a serem
alcançados.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Condições essenciais para a realização da avaliação dos aspectos


emocionais e mentais do paciente
 Aceitação da pessoa do paciente
 Os elogios devem ser sinceros e objetivos. Devemos também respeitar o
espaço pessoal e o território do paciente.
 Aceitar o paciente não é somente compreendê-lo, mas também
considerá-lo como ser humano, com sentimentos e valores que lhe são
peculiares e que determinam as atitudes expressas em seu
comportamento.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Atitude de não julgamento


 O juízo de valor traz consequências negativas para a relação interpessoal
e dificulta a formação de confiança e vínculo.
 Uso da comunicação terapêutica
 As técnicas de comunicação terapêutica são aliadas no processo de
atenuação do sofrimento psíquico e auxiliam sobremaneira a lidar com a
alteração comportamental posta na relação.
 Alguns itens a serem considerados são:
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Manter um canal de comunicação aberto para que o paciente possa se


expressar.
 Ouvir atentamente e olhar para o paciente, demonstrando interesse.
 Respeitar as pausas de silêncio e, em seguida, saber se o paciente quer
continuar falando.
 Não completar frases pelo paciente quando este demonstrar dificuldades
de expressão.
 Repetir de forma resumida os pontos básicos da conversa, relacionando
as ideias expostas.
 Ajudar o paciente a encontrar soluções, e não as dar de forma pronta.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Enfocar e centrar o assunto no paciente.


 Definir limites, quando necessário.
 Verificar e manejar o conteúdo enfático ou vazio trazido pelo paciente.
 Dar informações do contexto da realidade, evitando promover discussão
ou incrementar o comportamento alterado do paciente.
 Identificar a tentativa de manipulação, testagem e desafio que o
paciente poderá usar e reagir a ela.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Em contrapartida, não podemos mentir, prometer em vão ou manipular o


paciente.
 Também não é recomendável ser agressivo com o paciente; ameaçar,
desafiar ou testar; dar opinião e aconselhamento baseado em crenças
pessoais, sem embasamento técnico-científico; contar a verdade de
maneira brusca, sem prepará-lo para tal.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Coleta de dados para avaliação

 História de vida
 Significado da enfermidade e da internação
 Avaliação propriamente dita das condições emocionais e mentais
Avaliação das condições emocionais
e mentais
Avaliação das condições emocionais
e mentais
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Significado da enfermidade e da internação


 O paciente irá relatar fatos que podem revelar seu desenvolvimento
psíquico, social e afetivo e, particularmente, as dificuldades e os conflitos.
 A partir desses dados, deve-se destacar o significado do adoecer e da
internação, bem como os conflitos e os problemas emergentes,
decorrentes da enfermidade e da internação atual.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Avaliação das condições emocionais


 Na avaliação tanto das condições emocionais quanto das mentais, o
enfermeiro irá centrar sua atenção nas atitudes e no depoimento do
paciente.
 Isso significa que, durante a obtenção de dados, dirigimos atenção
simultânea ao comportamento do paciente, aos modos de vivência e
aos problemas e sintomas por ele apresentados, para se obter uma
avaliação diagnóstica.
Avaliação das condições emocionais
e mentais
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Dados referentes ao próprio indivíduo


 Em relação à autoimagem
 Em relação ao autoconceito
 Em relação à própria identidade
 Em relação à autoestima
 Em relação ao nível de esperança
 Em relação ao autocuidado
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Quanto à participação e relacionamento


 Sentimento de pesar
 Sentimento de solidão
 Desempenho de seu papel social (qual é o esperado, o idealizado, o
cumprido)
 Interação social (capacidade de relacionar-se com os outros) e
integração em uma rede social (família, círculo de amizades, vida
associativa, trabalho, escola, bairro e vizinhança, participação em
atividades e convivência religiosa)
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Quanto à adaptação ativa à realidade


 Condições de adaptação
 Uso de estratégias defensivas (mecanismos de defesa intrapsíquicos)
 Síndrome de estresse
 Comportamento suicida: ideias, planos, tentativas
 Potencial para violência: ideias, planos, ações, conduta heteroagressiva
 Alteração da percepção da realidade sem alteração da consciência ou
fuga da realidade (alteração da consciência).
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Avaliação das condições mentais


 Apresentação geral
 Deve-se observar a maneira como o paciente apresenta-se, senta-se,
cumprimenta, sua idade aparente, o aspecto geral, a deambulação, a
fisionomia. Sugerimos observar o seguinte:

 Condições de higiene: vestimenta (apropriada, negligente, inadequada


à temperatura ambiente ou à idade, pitoresca, exótica, meticulosa,
bizarra); excessiva preocupação ou negligência com o vestir e a higiene;
desleixo com a higiene pessoal; alguma particularidade no modo de se
vestir.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Expressão facial: dirigir a atenção para a mímica, que pode ser pobre ou,
ao contrário, estar marcada de intensa expressividade (alegria ou tristeza,
medo, dor, tiques, preocupação, ansiedade, raiva, cólera, nojo,
desprezo, surpresa, vergonha, dúvida, interesse).
 Modo de olhar: se é baixo, direto ou fugidio, expressivo ou inexpressivo
(embotado), triste, desconfiado, desafiador ou dominador.
 Postura: normal, rígida, cabisbaixa, permanece por muito tempo na
mesma posição, posições estranhas ou bizarras.
 Condições físicas: deformidades, hidratação, relação peso/altura, sinais
de alterações físicas (lesões) e fisiológicas, idade aparente (envelhecido
para a idade).
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Contato e relações: como o paciente apresenta-se ao contato (muito


confiante, cooperativo, distante, indiferente, hostil, exuberante, sedutor,
apático, submisso, atemorizado, dramático ou erotizado, reservado e
formal, turbulento, sem contato verbal). Nas relações, apresenta-se
excessivamente familiar ou evita contato com pessoas do sexo oposto ou
do mesmo sexo, facilidade para realizar contatos sociais, isolamento
social.
 Atitude: desculpa-se em demasia por suas ações ou pelas de outros,
prestativo, procura chamar a atenção ou obter elogios para si,
dependente, frustra-se de modo exagerado às negativas, irritadiço,
impulsivo, indeciso, manipulador, não cooperativo, sarcástico,
dissimulado, agressivo.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Linguagem
 Convém que se observe a atividade discursiva quanto a:
 Forma: a elocução, que pode ir desde o silêncio absoluto (mutismo) até os
propósitos inesgotáveis, como a fala logorreica (se houver fala em alto volume
e ininterrupta). Há, ainda, verbigeração (repetição de palavras ou frases sem
sentido) ou afasia (deficiência ou perda da capacidade de exprimir a
linguagem por meio de palavras escritas ou sinais), solilóquios (ação ou
resultado de alguém falar consigo mesmo) e confabulações (falsas memórias
criadas pelo paciente para suprir as lacunas abertas na memória).
 Grau de comunicação: acessibilidade, sensibilidade e autenticidade do
diálogo, tendência ao monólogo, velocidade da fala, volume, tom e
modulação da voz (voz sem inflexão, monótona, murmurante, reticente,
enfática, com neologismos).
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Conteúdo: deve-se observar, nesse ponto, se há coerência ou não de


propósitos e alterações semânticas (raciocínio lógico, claro e linear).

 Nível de consciência e atividade intelectual


 Deve-se apreciar o nível de vigilância e o grau de lucidez.
 Orientação quanto a tempo e espaço: verificar se o paciente tem
consciência do tempo (data, hora do dia) e de onde está.
 Orientação autopsíquica: identificação de si mesmo e coordenação do
seu esquema corporal.
Avaliação das condições emocionais
e mentais

 Orientação alopsíquica: identificação dos outros.


 Crítica: capacidade de perceber e entender seu comportamento como
adequado (capacidade pode estar flutuante, ausente ou diminuída).
 Atenção e concentração: diminuídas ou inexistentes.
 Memória de fixação: com ou sem comprometimento.
Referências bibliográficas

 Barros ALBL e cols. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de


enfermagem no adulto. 3 ed. Porto Alegre: Artmed; 2016.
 Buetto, Luciana Scatralhe. Sistematização do Cuidar II. Rio de Janeiro:
Editora Universidade Estácio de Sá, 2015.
 Porto, Celmo Celeno. Exame Clínico. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

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