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A - Identificar as suas potencialidades, dificuldades e necessidades pessoais

na realização da relação interpessoal, na aquisição de conhecimentos técnicos


e específicos de ESMP, e na reflexão ética das aprendizagens;
B - Reconhecer os fatores relacionados com as situações de crise que
influenciam o processo saúde doença psiquiátrica, e as respostas cognitivas,
afetivas e comportamentais, da pessoa, família e/ou cuidadores, com impacto
no diagnóstico, tratamento e reabilitação psicossocial;
C - Avaliar as Necessidades Humanas Fundamentais e o Exame do Estado
Mental, preferencialmente com os instrumentos padronizados em uso no
Serviço/Unidade de Ensino Clínico, suportando a formulação dos Diagnósticos
de Enfermagem, dos Objetivos Específicos, a prescrição dos Cuidados de
Enfermagem, e dos Indicadores/Outcomes de avaliação, nomeadamente nos
referenciais da CIPE (classificação internacional para a prática de enfermagem)
e da NOC (Nursing Outcomes Classification – classificação dos resultados de
enfermagem);
D - Desenvolver (Planear, Executar e Avaliar) integradas no plano/projeto
terapêutico da pessoa, atividades individuais e/ou grupais, na perspetiva de
AOT [Atividade de Ocupação Terapêutica] e/ou IE-SM [Intervenção Educativa
em Saúde Mental] respeitando sempre a avaliação prévia das NHF e as
preferências dos clientes e estilo de vida, mantendo a adequação clínica, num
cliente adequadamente informado.
Modelo de Adaptação ao Stress de Stuart

Facilita a compreensão das diferentes problemáticas na perspetiva da


enfermagem de saúde mental.
Ajuda a perceber o processo dos cuidados e os resultados esperados.
Baseia-se na perspetiva holística, integrando os aspetos biológicos,
psicológicos e socioculturais nos cuidados.
Considera a adaptação/desadaptação distintos de saúde/doença.

Fatores Predisponentes (de risco/protetores):


Biológicos – História genética; Estado nutricional; Saúde geral
Psicológicos – Personalidade, Inteligência, Autoconceito; Motivações;
Experiências prévia
Socioculturais: Idade; Género; Escolaridade; Crenças/Religião
Stressores Desencadeantes:
Estímulos percebidos pelo indivíduo como difíceis, perigosos ou desafiadores.
Produzem um estado de tensão e stress, de origem interna ou externa ao
indivíduo.
É importante avaliar o momento da sua ocorrência (Quando ocorreu o
acontecimento? Qual a duração
da exposição? Qual a frequência da sua ocorrência?) e o número de
stressores.
Podem ser:
◦ Acontecimentos traumáticos
◦ Acontecimentos significativos de vida
◦ Situações crónicas
◦ Acontecimentos desejados que não ocorrem
Avaliação do Stressor
Importância do significado do acontecimento
• O que determina que dado estímulo se torne um indutor de stress?
(significado psicológico que o individuo constrói sobre o acontecimento)
• Porque é que a mesma situação desencadeia emoções diversas em
diferentes pessoas?
Ao nível cognitivo o stressor podem ser avaliadas como:
- Ameaça: antecipação de uma contingência desagradável que pode vir
acontecer, mas ainda não surgiu.
- Dano: refere-se a alguma coisa que já ocorreu e ao individuo apenas resta
tolerar o acontecimento ou reinterpretar o seu significado ou as suas
consequências.
- Desafio: representa uma circunstância em que o individuo sente que as
exigências estabelecidas podem ser alcançadas ou ultrapassadas.

O stressor pode desencadear respostas afetivas (alegria, medo, ira…);


respostas fisiológicas (refletem a interação de diferentes eixos neuro
endócrinos do SNA, afetando sistema imunológico, resposta luta ou fuga);
respostas comportamentais (análise cognitiva da situação stressante,
comportamento destinado a adquirir novas capacidades de ação); resposta
social (envolve procura de significado, atribuição social e comparação social).

Recursos de adaptação – Capacidades pessoais


Capacidades pessoais (Locus de controlo, Robustez “hardiness” –
Compromisso, Controlo, Desafio), Suporte social (quantidade e à coesão das
relações sociais que envolvem uma pessoa), conquistas económicas e
materiais convicções positivas, inteligência, crenças espirituais (esperança).
Mecanismos de Adaptação/Estratégias de Coping
A resposta de coping é uma ação intencional, física ou mental, iniciada em
resposta a um stressor percebido, dirigida para circunstâncias externas ou
estados internos.
- Construtivos (indivíduo encara o problema como um desafio)
- Destrutivos (apenas aliviam a ansiedade sem resolver o problema
mediante o evitamento ou fuga)

Segundo Lazarus e Folkman (1984):


- Coping focado na emoção:
Esforço para regular o estado emocional que é associado ao stress. Por
ex. fumar um cigarro, tomar um tranquilizante, sair para correr, são exemplos
de estratégias dirigidas a um nível somático de tensão emocional. A função
destas estratégias é reduzir a sensação física desagradável de um estado de
stress.
- Coping focado no problema:
Esforço para atuar na situação que deu origem ao Stress, tentando
mudá-la.
A função desta estratégia é alterar o problema existente na relação entre a
pessoa e o ambiente que está a causar a tensão.
Quando dirigido a fonte externa: ex. negociar para resolver um conflito
interpessoal ou solicitar ajuda prática de outras pessoas.
Quando dirigido a fonte interna: restruturação cognitiva como, por exemplo, a
redefinição do elemento stressor

As respostas são então avaliadas num continuum de adaptação/desadaptação.


Os padrões de resposta podem ser:
Respostas adaptativas: as que apoiam um funcionamento integrado
Respostas desadaptativas: as que impedem o crescimento, diminuem a
autonomia e interferem no domínio do ambiente.

Perturbações psiquiátricas e exclusão social


A pessoa com perturbações psiquiátricas enfrenta numerosos obstáculos
(ambientais, legais, atitudes…), levando à exclusão social.
Exclusão social é a barreira mais difícil de ultrapassar, habitualmente ligada
aos sentimentos de vergonha, medo e rejeição.
ESTIGMA de doentes e doenças mentais ao nível de relacionamentos sociais
em 3 dimensões:
Perspetiva: como o estigma é percebido
Identidade: consciência do seu todo e sentimento de pertença a um
grupo
Reação: do estigmatizador e estigmado ao estigma.
O estigma surge do medo do desconhecido, da rejeição e falsas crenças.
O medo de ser rejeitado, desvalorizado é escondido por “disfarces”.
Manifesta-se por: medos, estereótipos, exclusão social, negação de direitos…
Doentes mentais continuam a ser vistos como imprevisíveis, violentos e
perigosos.

Fases de formação do auto estigma (Watson et all)


- Tomada de consciência do estigma
- Aceitação do estigma
- Internalização “
- Surgimento das consequências da Internalização: diminuição da autoestima e
autoeficácia.

Pessoas mais velhas têm maior risco de desenvolver auto estigma e homens
com esquizofrenia e maior tempo de duração da doença apesentam maior nível
de auto estigma.

Maior auto estigma, menos adesão a tratamento psicossocial.


Empowerment e apoio social, redução do auto estigma.

Atualmente existe uma deslocação do foco de interesse orgânico para o


psicológico e social – inclusão social do doente na comunidade.

Modelos com aplicação Educação para a saúde (Eps)


“Em EpS toda a estratégia deve implicar a criação de significado, mudança de
estilos de vida, de capacitação, sentido de envolvimento, participação e
cooperação. Não podem confinar-se a métodos informativos ou persuasivos
para mudar comportamentos, mas devem implicar transformações de contexto
e de dimensão comunitária”

Modelo Transteórico de Proshaska e Di Clemente


A mudança ocorre em etapas progressivas e cada etapa possui caraterísticas
próprias.
A motivação dá uma direção ao comportamento em função do objetivo que se
pretende atingir.
Estádios da mudança:
- Pré contemplação
Os indivíduos não preveem mudar antes de 6 meses. Podem ser
resistentes, terem falta de conhecimento ou estarem subjugados ao
problema;
- Contemplação
Os indivíduos pensam seriamente na mudança nos próximos 6 meses,
mas devido à ambivalência, podem permanecer neste estádio durante
anos
- Preparação
Os indivíduos estão a considerar mudar seriamente no próximo mês e já
tomaram algumas iniciativas de ação
- Ação
Este estádio, que implica modificação completa do problema de
comportamento, pode durar de 3 a 6 meses
- Manutenção
Este período começa após 6 meses de mudança de comportamento
com
sucesso. Os indivíduos podem permanecer na manutenção durante 3 a
5 anos e ainda ter tentações de recaída.
- Recaída
A progressão ao longo dos estádios não é linear. Para a maior parte dos
problemas de saúde relacionados com o comportamento, os indivíduos
recaem e voltam para estádios precedentes

Plano de Sessão/Intervenção Educativa em Saúde

Tema: foco problemático


Objetivo geral: disponibilizar conhecimento sobre, Foco + participantes
Ex: que 80% dos participantes
Identifiquem 3

Definir problemática
Sinais/consequências
Formas de prevenção

R. Humanos,
Físicos, Materiais

Questionário
Questionário Follow-up

Entrevista e História psiquiátrica


Psicopatologia: diz respeito às experiências conscientes e ao comportamento
observado.
Psiquiatria: utiliza os dados fornecidos pela psicopatologia.

Entrevista e História psiquiátrica


- Identificação (nome, idade, naturalidade, estado civil, domicílio, profissão,
etc.).
- Motivo de internamento/consulta (Descrição breve do motivo pelo qual o
indivíduo recorreu à consulta ou internamento).
- História da doença atual
• Caraterização das vivências do doente/sintomas;
• Início, duração, evolução, remissão;
• Fatores precipitantes ou de agravamento;
• Tratamento farmacológico, psicoterapêutico;
• Impacto dos sintomas no estilo e qualidade de vida;
• Funcionamento pré-mórbido e atual, funcionamento interepisódico.
- Antecedentes pessoais (Psiquiátricos e médicos)
- História pessoal e social
Primeira infância (gravidez e parto, alimentação, desenvolvimento
psicomotor, etc.);
Segunda infância (vida escolar, primeiras amizades, eventuais contactos
íntimos, etc.);
Puberdade e adolescência (vida escolar, evolução da sexualidade,
amizades, consumo de substâncias, etc.).
Maturidade (vida profissional, vida relacional/matrimonial, filhos,
atividades sociais e recreacionais, religião, consumo de substâncias,
etc.)
- Personalidade prévia: As relações sociais; Atividades, interesses e valores.
- Antecedentes familiares (Pais, irmãos, outros: presença de perturbação
psiquiátrica ou médica, etc.); Ambiente familiar e sua influência (maneira de ser
dos familiares próximos e relação com estes na infância); Status atual da
relação com os familiares; Eventual construção de genograma.

Exame do Estado Mental


Corte transversal no estado e sintomatologia do doente, representa a síntese
da observação psiquiátrica e as impressões num determinado momento.
1 - Aspeto geral, atitude e resposta ao contacto
Higiene e arranjo pessoal, Aspeto físico, Expressão facial; Forma de vestir
(Perfecionista, Excêntrico, Desleixado, Exibicionista); Postura (Tensa, Flácida,
Retraída, Expansiva, etc.); Contacto (Fácil/difícil, Cordial, Superficial/profundo,
Hostil, Indiferente…).
2 - Linguagem e discurso
Gaguez;
Mutismo (mantem consciência seletivo/eletivo);
Prolixidade (falar muito, longamente sobre todos os tópicos, ainda que dentro
dos limites de uma conversação normal);
Bradifemia (discurso lentificado, vagaroso, com longas pausas);
Taquifemia;
Aprosodia (sem entoação afetiva)
Ecolalia – Repetição irrelevante (palilalia – repetição com velocidade
aumentada).
Estereotipias verbais – Repetição das mesmas palavras e partes de frases,
invariavelmente fora de propósito, isoladas ou integradas no discurso.
Neologismos – novas palavras criadas pelo doente
Discurso desorganizado (pensamento com alterações formais importantes)
Discurso pobre (pobres recursos linguísticos)
Pedolália – discurso infantilizado
Coprolalia – utilização involuntária, repetitiva e desnecessária de palavras
vulgares e obscenas

3 - Humor, afetos e emoções


Humor – Estado afetivo basal do sujeito (estado de ânimo). Corresponde a uma
disposição emocional a longo termo, prevalecente, que dá a tonalidade afetiva
à forma subjetiva de perceção do mundo.
Alterações do humor:
Eutimico (normal, “sem predomínio”)
Euforia (alegria patológica desproporcionada à circunstância)
Exaltação – euforia associada a aumento da convicção do próprio valor e das
aspirações (podendo originar ideias delirantes megalómanas), associada a
agitação psicomotora.
Êxtase – estado de alegria intensa, com sensação de dissolução do Eu e
tendência a compartilhar estados afetivos anteriores.
Humor depressivo – tristeza patológica sem desencadeante, duração e
intensidade desproporcionadas.
Humor disfórico – tonalidade afetiva mal-humorada, predominando uma
sensação de mal-estar, com ansiedade, irritação e agressividade.
Humor irritável – difícil de distinguir do anterior. Predomina uma híper
reatividade desagradável, hostilidade e eventualmente agressividade a
estímulos externos.

Afetos – Padrão de comportamentos observáveis que resultam da expressão


das emoções.
Resposta emocional do indivíduo em determinado momento, segundo se pode
inferir pela sua expressão global.
Emoções – Respostas a curto prazo, desencadeadas por uma perceção
(interna ou externa) e que evoca mudanças fisiológicas. Tem três
componentes: (Afetiva – corresponde à vivência de sentimentos em sentido
estrito; Somática e Cognitiva).

Alterações da expressão afetiva e emocional:


- Anedonia – incapacidade para experienciar prazer.
- Embotamento afetivo – redução da expressão emocional com incapacidade
para estar consciente das emoções.
- Labilidade afetiva – mudanças rápidas e imotivadas do estado emocional,
geralmente independentes dos estímulos externos.
- Ambivalência afetiva – sentimentos positivos e negativos direcionados para o
mesmo objeto.
- Apatia/abulia – perda de interesse.
- Indiferença afetiva – perda de reatividade/ressonância emocional com
fisionomia e aspetos exteriores inexpressivos.
- Alexitimia – construto multidimensional integrado pelos seguintes fatores:
dificuldades em identificar e descrever sentimentos subjetivos; dificuldade em
distinguir emoções e sensações físicas; incapacidade de simbolizar ou fazer
relação entre afeto e fantasia; raciocínio concreto e objetivo, voltado para a
realidade externa)
Ansiedade - resposta emocional complexa, coexistem uma perceção de
ameaça ao organismo com uma ativação biológica reativa a tal perceção.
Eixo fisiológico – sintomas somáticos ou físicos da ansiedade (opressão
torácica, dificuldade respiratória, dor abdominal, cefaleias, sintomas vegetativos
– boca seca, sudação, tremor, palpitações, taquicardia, etc.).
Eixo cognitivo – conjunto de pensamentos, ideias, crenças ou imagens que
acompanham a ansiedade e se relacionam com possíveis perigos presentes ou
futuros.
Eixo comportamental – reação às cognições ansiosas podendo frequentemente
manifestar-se através de um comportamento evitante.

Fenómenos psicopatológicos associados:


- Fobias – medo desproporcionado à situação que o cria; inexplicável e
irracional, fora do controlo voluntário; conduzir a evitamento da situação
temida. Ex: Fobias a animais; Agorafobia; Fobia social.
- Pânico – episódios súbitos, caraterizados pela presença de sintomas de
ansiedade somáticos ou fisiológicos importantes (palpitações dispneia,
tonturas, suores, parestesias, cefaleias, etc.) associados a sintomas de
ansiedade psíquica ou cognitiva (medo da morte, medo de perder o controlo,
medo de enlouquecer)

4 – Motricidade

Alterações quantitativas dos movimentos:


- Aumento/redução dos movimentos expressivos – movimentos espontâneos,
automáticos, não controlados diretamente pela vontade e que envolvem a face,
braços, mãos e tronco superior. (variam de acordo com as emoções e com
fatores socioculturais).
- Aumento/redução dos movimentos direcionados – movimentos voluntários
realizados deliberadamente pelos indivíduos: Lentificação psicomotora
(lentidão de toda a atividade motora associada a bradipsiquismo, com
diminuição dos movimentos que se tornam mais pobres, mais lentos e
‘pesados’, hipocinésia); Inibição psicomotora (estado de acentuada e profunda
lentificação psicomotora ou ausência de respostas motoras adequadas sem
que haja défice psicomotor).
- Agitação psicomotora – aceleração e excitação inespecífica de toda atividade
motora, associada a taquipsiquia.
Alterações qualitativas dos movimentos:
- Paracinesias – expressões mímicas, gestuais ou verbais que deformam,
sobrecarregam ou substituem a expressão normal.
- Maneirismos – movimentos direcionados (com finalidade) e voluntários,
ou expressões verbais (adaptativas) invulgarmente repetitivos ou
modificados de forma a se tornarem afetados ou extravagantes.
- Estereotipias – movimentos não direcionados (sem finalidade) ou
expressões verbais não adaptativas. Podem ser simples (estalar os
dedos, balancear o corpo) ou complexos, carecendo sempre de
finalidade, embora possam ser reminiscências de alguma ação com
finalidade aparente.

Alteração dos movimentos induzidos:


- Obediência automática – cumprimento de instruções sem olhar às
consequências
- Ecopraxia – imitação de ações simples (observadas)
- Perseveração – repetição sem sentido de uma ação direcionada que já
cumpriu o seu objetivo
- Oposição/negativismo – oposição a qualquer movimento passivo com o
mesmo grau de força que estiver a ser aplicado. O negativismo pode ser
considerado uma acentuação da oposição, embora traduza a recusa com
motivação e ausência de cooperação.
- Ambitendência – expressão física do bloqueio do pensamento. O movimento
iniciado com um objetivo é interrompido

Alterações da postura:
- Postura maneirista – postura pouco natural, afetada.
- Postura estereotipada – posturas anormais que são mantidas rigidamente.
- Perseveração da postura – acentuado exagero do tónus postural.
Manutenção de uma determinada postura imposta ou voluntária, com a sua
manutenção durante um longo período de tempo (catalepsia; flexibilidade
cérea).

Efeitos extrapiramidais secundários ao uso de psicofármacos:


- Pseudoparkinsonismo – rigidez muscular, tremor e acinésia.
- Acatisia – agitação psicomotora com sensação subjetiva de inquietude
(incapacidade de estar quieto).
- Distonia aguda – espasmos musculares intermitentes ou sustidos, levando a
posturas ou movimentos anormais.
- Discinesia tardia – movimentos sem propósito, repetitivos, dos músculos
faciais, boca e língua…

5 - Energia vital, vontade e impulsividade

Energia vital – força, em grande parte independente da vontade, que comanda


a velocidade, intensidade e duração das iniciativas psíquicas do indivíduo.
Impulsividade - Atos impulsivos, ações realizadas prontamente sem julgamento
prévio, sem reflexão. Não tem em conta as consequências dos atos.

Alterações quantitativas da vontade:


- Hiperbulia – aumento da energia volitiva. Manifesta-se na persistência e
eficácia das ações, rendimentos e propósitos. Frequentemente designada por
“força de vontade”.
- Hipobulia – diminuição da energia volitiva. Redução/debilidade da vontade.
- Abulia – perda da vontade. Pode existir o desejo de fazer algo, mas não existe
energia ou iniciativa para o fazer.

Alterações qualitativas da vontade


- Indecisão ou ambivalência volitiva – surgimento na consciência de dois
impulsos volitivos sem que o indivíduo decida a sua escolha.
- Sugestionabilidade – supressão mais ou menos completa da liberdade
volitiva.
- Obediência automática – execução imediata e mecânica dos atos ou ordens

Atos impulsivos
- Automutilação – escoriações autoinfligidas na pele e mucosas
- Piromania – impulso para atear incêndios
- Tricotilomania – impulso para arrancar cabelos
- Cleptomania – impulso para roubar objetos alheios, precedido de grande
ansiedade e apreensão que apenas diminui quando se realiza o ato.

Comportamentos auto e heteroagressivos:


- Comportamento autolesivo – comportamento com resultado não-fatal em que
o indivíduo deliberadamente iniciou comportamento com intenção de causar
lesão ao próprio; ingestão de substâncias não ingeríveis - lixívia).
- Tentativa de suicídio
- Suicídio consumado – morte provocada por um ato levado a cabo pelo
indivíduo com intenção de pôr termo à vida.
- Heteroagressividade – ocorre quando os atos agressivos são orientados para
os outros e não para o próprio. Geralmente associada a agitação psicomotora.

6. Vida Instintiva – Alterações do sono


- Dissónias – alterações da quantidade, qualidade ou horário do sono
• Insónia – inicial, intermédia, terminal.
• Hipersónia – dormir mais horas do que o habitual mantendo sonolência
durante o dia.
• Narcolepsia – episódios breves de súbita perda de tónus muscular, na
maioria dos casos, relacionado com emoção intensa. Geralmente há
intrusão de elementos do sono profundo na transição do sono para a
vigília (alucinações hipnopômpicas e hipnagógicas).
• Redução da necessidade e dormir – diferente da insónia. Deve-se ao
excesso de energia vital.

- Parassónias – eventos comportamentais ou fisiológicos normais ocorrendo


em associação com o sono
• Pesadelos – sonhos com uma carga afetiva negativa (sono REM)
• Terrores noturnos – episódios recorrentes de despertares abruptos
(sono NREM). Os episódios acompanham-se de ativação autonómica e
intenso medo.
• Sonambulismo – episódios de levantar da cama durante o sono e de
deambulação (sono NREM).
• Bruxismo – “ranger os dentes” associado a estados de ansiedade.
7 - Vida Instintiva

Alterações do comportamento alimentar:


• Anorexia – Diminuição do apetite (Erradamente este termo é utilizado
para descrever o receio mórbido de engordar’ presente na anorexia
nervosa).
• Receio mórbido de engordar – não existe falta de apetite, os alimentos
são evitados como consequência deste medo.
• Hiperfagia – aumento da ingestão alimentar associada a aumento do
apetite.
• Ingestão alimentar compulsiva – ingestão excessiva de um
determinado alimento num curto período de tempo.
• Pica – Ingestão de substâncias não nutritivas e impróprias (geofagia;
coprofagia).
• Potomania – ingestão exagerada de líquidos.
• Recusa alimentar – recusa voluntária e intencional em alimentar-se
total ou parcialmente.

Alterações do comportamento sexual:


• Hipersexualidade – aumento da líbido.
• Hiposexualidade – diminuição da libido.

8 - Insight ou consciência sobre a doença


Tem três componentes fundamentais:
• Conhecimento da doença – saber o que é, como se designa ou como se
origina
• Compreensão dos efeitos da doença – nas capacidade e perspetivas futuras
• Atitude perante a doença – como reage à mesma depois de a conhecer e
compreender (e.g. forma como cumpre o tratamento e o seguimento).
Habitualmente refere-se como insight ausente, parcial ou presente.
9 – Consciência
Consciência: Estado em que o indivíduo está ciente em relação a si próprio e
ao meio que o rodeia. Depende (integridade): Memória/Atenção/Orientação/
Perceção/Pensamento.
Inconsciência: Ausência de uma experiência subjetiva de consciência.

Vigília: condição prévia para o estado de consciência claro. Conceito


neurofisiológico e corresponde ao estado de alerta do indivíduo.

Clareza da consciência (lucidez): Implica a existência de um estado vígil.


Compreende a capacidade de apreensão e compreensão do próprio e do
mundo que o rodeia.

Consciência de si mesmo (do próprio “Eu”): o sujeito reconhece-se a si mesmo,


tem consciência da pertença dos seus pensamentos e atos, da unidade do seu
ser ao longo da sua vida.

Consciência do próprio EU
Identidade do eu: Consciência da coerência biográfica; dimensão temporal e
espacial (eu sou o mesmo que antes).
- Alteração completa da identidade - O doente sente que é alguém
completamente diferente, que já não é a mesma pessoa. Ocorre
exclusivamente em perturbações psicóticas (esquizofrenia, mania).
- Dissociação - Perda da identificação temporal de si mesmo. Separação da
identidade e da memória (desintegração da experiência traumática).

Unidade do eu (vivência simultânea): consciência de que em cada momento há


só um “eu”.
- Autoscopia - Observação do próprio corpo num espaço exterior.
- Duplicação - O doente sente-se dentro de si e fora ao mesmo tempo; pode
ocorrer na esquizofrenia.
- Múltipla personalidade - Observação de mais do que uma personalidade no
mesmo indivíduo; típico na perturbação de personalidade dissociativa.

Atividade do eu (livre arbítrio): Experimentamo-nos como dotados de livre


arbítrio; consciência íntima de que todas as atividades psíquicas que ocorrem,
é o próprio “Eu” que as realiza.
- Despersonalização - Estado de perturbação da consciência no qual a pessoa
se percebe como irreal, distante ou artificial. Rutura com o próprio ‘eu’. O
indivíduo estranha-se e vive essa transformação com um sentimento de
angústia e perplexidade. Sensação de que vai enlouquecer e perder o controlo.
Ocorre em situações de intensa ansiedade e pânico, psicoses toxicas por
alucinogénios, esquizofrenia.
Limites do eu: Traçamos limites entre o “Eu” e o “não Eu”; sensação de que
posso “distinguir o que sou Eu do mundo externo e de tudo o que não é o meu
Self”.
- Desrealização - Experiência subjetiva de alienação semelhante à
despersonalização, mas que envolve o mundo externo ao invés das
experiências próprias do indivíduo e sua personalidade.

Alterações quantitativas: alterações da vigilidade. Implicam uma diminuição


(mais comum) ou aumento (mais raro) do nível de consciência.

- Hipervigilia: hiperatividade dos sistemas neurobiológicos que controlam


a atenção e o alerta «ampliação da consciência», associada a um
aumento da atividade motora e verbal.
Não significa necessariamente um maior rendimento ou uma melhoria
real da atenção.
(É o início quase constante dos episódios maníacos primários ou
secundários, de algumas formas de início de esquizofrenia, da
Intoxicação por substâncias alucinogénias (LSD, Cannabis) e
noradrenérgicas (cocaína, anfetaminas)
- Obnubilação: Ligeira diminuição da vigilidade (diminuição do grau de
clareza do sensório).
Falta de espontaneidade, sonolência e lentificação; Dificuldades de
concentração, atenção e memória, alterações do curso do pensamento;
- Sonolência: Dificuldade para manter as capacidades de alerta e de
atenção, apesar do esforço (acordada, mas se não existir estimulação
externa, adormece). Apatia e sonolência; Tónus muscular diminuído;
Alguns reflexos diminuídos (tosse e deglutição).
- Turpor/estupor: Redução generalizada do nível de consciência (o
indivíduo desperta apenas com estimulação forte), respostas verbais
ocasionais, incoerentes e ininteligíveis; Conteúdos da consciência são
inexploráveis; existem ainda alguns movimentos de defesa relativamente
a estímulos dolorosos.
Coma: apresenta-se totalmente inconsciente, sendo impossível
despertá-lo. Ausência de reação a estímulos intensos ou dolorosos;
tónus muscular extremamente diminuído; reflexos cutâneos e tendinosos
ausentes; reflexo palpebral e o pupilar de resposta à luz também estão
ausentes.

Alterações qualitativas: Correspondem a alterações da vivência e


apreensão dos conteúdos da consciência.

Estreitamento da Consciência: Campo da consciência restrito a um tema


ou experiência vivida.
Consciência totalmente centrada no tema em curso (polarização da
consciência);
Pode haver diminuição do nível de consciência com eventual
desorientação alopsíquica;
Podem ter causa orgânica (epilepsia, TCE…); ou causa psicogénica
(situações emocionais - ansiedade, etc.).
Expansão da Consciência: Campo de consciência largado com
sentimento de apreensão mais intenso e abrangente.
Sente o mundo como mais intenso, profundo e compreensível;
Pode surgir como consequência do consumo de substâncias
(estimulantes e alucinogénios); pode surgir em quadros psicóticos
agudos (mania e esquizofrenia).
Estados Confuso-Oníricos:
Delirium ou Estado Confusional Agudo
Associada a patologia orgânica;
Delirium ou - Perturbação da consciência, atenção, perceção,
pensamento, memória, comportamento psicomotor,
Estado emoção e ciclo sono-vigília;
Confusional - Diminuição abrupta do nível de consciência com
Agudo flutuações (agravamento noturno);
- Considerada uma situação de emergência.
Delirium Associado a situações de abstinência alcoólica (1º
tremens ao 7º dia);
Sintomas físicos (tremor, taquicardia, hipertensão,
febre, sudorese, desidratação);
- Pode estar associado a alu\cinações visuais
(microzoopsias e liliputianas);
- Também constitui uma situação de emergência.
10 – Perturbações da Atenção
Hiperprosexia – estado de atenção aumentada com tendência incoercível a
obstinar-se, a deter-se indefinidamente sobre certos objetos (Perturb.
Obsessivas, Esquizofrenia Paranoide e transitoriamente, pela utilização de
estimulantes (anfetaminas).
Hipoprosexia* – diminuição da atenção.
Distratibilidade* – instabilidade e mobilidade acentuada da atenção voluntária.
Podem constituir estados não patológicos (e.g. sono, fadiga, estados
hipnóticos); podem resultar de estados orgânicos graves (TCE, intoxicações
por álcool ou drogas, epilepsia, hipertensão intracraniana); podem estar
associados a estados psicogénicos (episódios dissociativos, ansiedade, mania,
hipomania, psicose)
*Consideradas perturbações da atenção ativa.
Orientação
Desorientação Autopsíquica: Refere-se a si próprio e à sua biografia.
Desorientação Alopsíquica: Refere-se ao que está ‘fora’ da pessoa, inclui:
- Desorientação no tempo – é o tipo de desorientação mais
precocemente alterada. Pode evidenciar-se também pela incapacidade
de ordenação cronológica de factos e recordações pessoais.
- Desorientação no espaço - A pessoa não sabe onde está ou onde vive,
bem como da distribuição dos objetos que tem ante si. Incapacidade de
reconhecimento do ‘outro’
*A desorientação Alopsíquica têm, em princípio, etiologia orgânica

11 – Perturbações da Memória

Tipos de memória:
- Semântica: não existe referência ao tempo ou ao espaço. Refere-se a
situações de conhecimento geral mais ‘teóricas’ (e.g. o mundo é
redondo)
- Episódica, biográfica ou histórica – Relacionada com as experiências
do próprio.
Estágios de formação da memória:

Alterações quantitativas:
Hipermnésia – capacidade mnésica muito superior ao normal; facilidade
exagerada em recordar acontecimentos e factos; podem surgir em diferentes
situações clínicas (uso de estimulantes do SNC; estados febris, perturbações
obsessivas, personalidade histriónica …)
Amnésia – existe incapacidade parcial ou total de fixar, manter e evocar
conteúdos mnésicos:
Anterógrada – incapacidade de recordar acontecimentos ocorridos após um
facto ou acidente importante;
Retrógrada – incapacidade de recordar situações ocorridas antes de um certo
ponto;
Lacunar – incapacidade de recordar acontecimentos ocorridos entre dois
momentos;
Remota – incapacidade de recordar factos ocorridos no passado.
Psicogénica – Há perda de elementos mnésicos que têm um valor psicológico
específico (simbólico, afetivo) e está normalmente associada a perturbações da
evocação e reconhecimento.

Alterações qualitativas:
Paramnésias – distorção (ou falsificação) das memórias, e não a sua perda
(nas fases de evocação e de reconhecimento).

Alterações do reconhecimento:
• Orgânicas (agnosias)
• Associadas a perturbações mentais (não delirantes; delirantes):
Déjà-vu – Reconhecimento de que já se teve uma determinada
experiência.
Jamais-vu – Sensação de estar a experimentar determinada situação
pela primeira vez, tendo-a já vivido no passado.
Falso reconhecimento positivo – Os desconhecidos são identificados
como pessoas próximas ou conhecidas.
Falso reconhecimento negativo – As pessoas conhecidas não são
reconhecidas.

12 - Perturbações da Perceção
Perceção, ao ato pelo qual tomamos conhecimento de um objeto do mundo
exterior considerado como real.
Três fases:
1) Existência de um evento sensorial;
2) Perceção sensorial
3) Perceção com significado – à perceção é atribuído um significado.

As perturbações sensoriais dividem-se em dois grupos:


Distorções sensoriais: alterações quantitativas e alterações qualitativas.
Falsas perceções (erros sensoriais): ilusões e alucinações

- Distorções sensoriais: existe um objeto real cuja perceção é distorcida


Alterações quantitativas:
- Hiperestesia: Aumento da intensidade da perceção.
- Hipoestesia: Redução da intensidade da perceção.

Alterações qualitativas:
- Alterações da dimensão ou Dismegalopsia (perceção deformada de um
objeto):
- Macropsia – aumento dos objetos do campo visual.
- Micropsia – diminuição dos objetos do campo visual.
- Distorção da imagem corporal

- Falsas perceções ou Erros sensoriais


- Ilusões – Ocorrem quando estímulos vindos através de um objeto
percebido, real, se combinam com uma imagem mental, produzindo uma
falsa perceção.
- Alucinações – Perceções sem objeto. É a perceção clara e definida de
um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante
real (falsa perceção). A pessoa acredita que o que perceciona é real.
*alucinações, geralmente subdividem-se de acordo com o tipo
sensorial:
Auditivas: Elementares – barulhos/gritos/murmúrios. Parcialmente
organizadas – Música. Completamente organizadas (auditivo-
verbais) – Vozes/palavras. Dirigidas diretamente ao doente ou
não); Imperativas; Comentadoras; Agressivas; Amigáveis
Visuais: Elementares – Clarões/chamas/sombras. Parcialmente
organizadas – Padrões/figuras/geométricas. Completamente
organizadas – Pessoas/objetos/animais/cenas.
Alucinações cénicas – cenas “cinematográficas“complexas;
Liliputianas – Cenas com personagens minúsculas;
Gulliverianas – Cenas com personagens gigantes;
Zoopsias – Animais perigosos, monstruosos, fantásticos.
Tácteis ou da sensibilidade superficial: sensações de calor,
picada, frio, choques elétricos. Alucinações sexuais (sobretudo em
doentes com esquizofrenia).
Cenestésicas ou da sensibilidade profunda: viscerais – sensação
de que os órgãos se estão a deslocar pelo corpo ou que animais
se movem no interior do corpo, coração não tem sangue…
Olfativas: Sensação “sentir” o odor de coisas podres, de pus, de
fezes, a gás…

Alucinose – Tipo particular de alucinação - presença de alucinações auditivas


em doentes consumidores excessivos de álcool, com crítica (insight) e sem
alterações do estado de consciência (essencialmente em situações orgânicas).
A pessoa percebe a alucinação como estranha à sua pessoa. Embora veja a
imagem ou ouça a voz ou o ruído o indivíduo permanece consciente de que
aquilo é um fenómeno estranho, patológico, não tem nada a ver com a sua
pessoa.

13 – Perturbações do Pensamento
Alterações do pensamento:
Do curso:
Taquipsiquismo – aumento da velocidade do fluxo do pensamento
Bradipsiquismo
Fuga de ideias – uma ideia segue-se imediatamente a outra e o
pensamento muda constantemente de objetivo em função das suas
associações, e perde a sua finalidade
Pensamento circunstanciado – pensamento prolixo que se perde em
entediantes detalhes desnecessários, dificuldade para distinguir o
essencial do acessório. Pensamento não perde a finalidade.
Tangencialidade – resposta oblíqua sem atingir a o objetivo formal.
Bloqueio do pensamento – descontinuidade na progressão do
pensamento com suspensão brusca e aparentemente imotivada da fala,
em plena clareza de consciência. Retoma com outro assunto.
Pensamento perseverante – uma ideia persiste além do ponto em que é
relevante.

Da forma:
Pensamento concreto (défice de abstração) – incapacidade de fazer
distinção entre o simbólico e o concreto.
Descarrilamento – o pensamento flui para um pensamento subsidiário
sem relação com o primeiro.
Da posse e do conteúdo:
Ideias obsessivas – Ideias persistentes que ocorrem contra a vontade da
pessoa, com elevada carga ansiogénica.
Alienação ou Roubo do pensamento – convicção de que os pensamentos são
controlados por uma entidade externa ou que outros participam no seu
pensamento.
Inserção – Convicção de que as suas ideias ou pensamentos são impostas
pelo exterior.
Roubo – Convicção de que as ideias desapareceram porque se apoderaram
dos seus pensamentos.
Difusão – O doente sente que o seu pensamento não lhe pertence: outros
participam no seu pensamento (pensamento compartilhado); que leem os seus
pensamentos; que ouve os seus pensamentos em voz alta (sonorização do
pensamento); ou que há repetição imediata (eco do pensamento).

Alterações do Conteúdo do pensamento


Delírios – Falsas crenças, inabaláveis (Irredutibilidade – Perante argumentação
lógica; Convicção plena; Conteúdo impossível – Incompreensibilidade
psicológica, em rutura com o contexto sociocultural do indivíduo (controverso).

Tipos de delírio:
Persecutório ou paranoide – Forma mais comum. Ideias delirantes de prejuízo
e de que existe uma agressividade contra o doente
De autorreferência – Referente ao próprio doente. Convicção de que os
acontecimentos fortuitos lhe dizem respeito.
De grandeza – O conteúdo envolve sentimento físico e mental de poder,
conhecimento ou importância exagerados, em contraste com a realidade (na
mania pode assumir a forma de delírio megalómano).
De ciúmes - O doente percebe-se traído pelo cônjuge de forma vil e cruel.
Místico – Relacionado com ideias religiosas ou espirituais, mas fora do que é
culturalmente aceite. Suportado por vozes ou visões alucinatórias.
Somático ou hipocondríaco – O conteúdo envolve uma mudança ou
perturbação no funcionamento corporal, com crença inabalável de ter doença
incurável. Queixas de preocupação e sintomas somáticos sem nenhuma causa
orgânica.
De culpa – O doente acredita ter cometido uma falta ou um pecado
imperdoável, ser uma pessoa indigna, que deve ser punida pelos seus atos.
De ruína – Convicção de que está arruinado, condenado à miséria, sem
capacidades para sobreviver, apesar da evidência contrária.

Os delírios podem ser sistematizados (existe um delírio principal, mantém


uma logica interna, pode adquirir maior credibilidade) ou não sistematizados
(várias ideias delirantes sobre vários temas. Doentes mais desorganizados e
menos convincentes).

Relação de Ajuda

Escuta ativa
Clarificação
Respeito
Congruência
Empatia
Antipsicóticos
Os antipsicóticos exercem ação no cérebro, modificando a ação dos NT (que
terão alterado o seu normal funcionamento na Esquizofrenia).
Podem ser de primeira geração (típicos) ou de segunda geração (atípicos).

Os de primeira geração:
Haloperidol, Levomepromazina, Clorpromazina

Eficazes na sintomatologia positiva, não são eficazes na sintomatologia


negativa e podem provocar efeitos extrapiramidais (equilíbrio) - importante fator
de não adesão terapêutica.
Bloqueia recetores D2 via mesolímbica dopaminérgica, reduz sintomas
positivos, baixando atividade dos neurónios dopaminérgicos.
Ao bloquear ouras vias dopaminérgicas leva a efeitos secundários
indesejáveis, baixando ainda mais os níveis de dopamina levando ao
agravamento dos sintomas negativos.

Os de segunda geração:
Clozapina, Olanzapina, Quetiapina, Risperidona
Alem de atuarem nos recetores D2 via mesolímbica, apresentam também
atividamde antagonista serotoninérgica (recetores 5-HT2A).
A serotonina inibe a libertação de dopamina por estimulação dos recetores de
serotonina, ao bloquear os recetores de serotonina irá ocorrer um aumento de
dopamina noutras áreas cerebrais, contribuindo para um não agravamento ou
dos sintomas negativos.
A Clozapina pode levar ao aparecimento de leucopenia e agranulocitose. Febre
e inflamação ulcerativa da garganta.
Apresenta salivação como efeito adverso.
Controlo hematológico regular.
Efeitos adversos dos antipsicóticos:
Tanto os APG como os ASG têm também efeito noutros Nt, nomeadamente,
antagonismo de recetores:
• Muscarínicos (colinérgicos) – xerostomia, xeroftalmia, obstipação, retenção
urinária, visão turva, …
• Histamínicos - aumento de peso, sedação.
• Alfa Adrenérgicos – hipotensão ortostática.

O bloqueio dos recetores D2 noutras vias leva ainda a um aumento das


concentrações plasmáticas da prolactina, o que leva ao aparecimento da
galactorreia, amenorreia, disfunção sexual.

O bloqueio dos recetores D2 leva também ao aparecimento de sintomas


extrapiramidais* (movimentos automáticos e involuntários), devido à baixa
atividade dopaminérgica em relação à atividade colinérgica.
*
Parkinsonismo - Tremor das extremidades e da língua, hipocinésia, rigidez,
marcha em bloco (robot).
Acatísia - Sensações subjetivas de mal-estar ou desconforto ansioso e a
necessidade incontrolável de estar em constante movimento.
Distonia aguda - espasmos nos músculos da língua, face, pescoço e dorso.
Espasmo da laringe – situação muito grave.
Discinésia Tardia - Movimentos rítmicos, estereotipados, involuntários:
periorais, da língua, da cabeça, do tronco ou dos membros. Irreversíveis,
controlados com anticolinérgicos

Administração de fármaco anticolinérgico – Biperideno (Akineton) bloqueio dos


recetores de acetilcolina favorecendo o aumento da dopamina.
Os de segunda geração estão associados ao aparecimento de síndrome
metabólica, nomeadamente:
- Aumento de peso/obesidade;
- Dislipidemia;
- Resistência à insulina;
- Diabetes melitus;
- Aumento de risco cardiovascular;
- Morte.

Antipsicóticos: Intervenções de enfermagem


Educar acerca da utilização do medicamento

 Informar sobre a doença, a dose do medicamento, o seu modo de ação


e os efeitos secundários.
 Avaliação do grau de adesão e identificação do apoio familiar.
 Informar que a estabilização ocorre só ao fim de algumas semanas
(podem demorar mais de 1 mês).
 Introdução do plano intermédio: consolidação da adesão.
 Monitorização através de exames sanguíneos ou outros.
 Calendarizar os antipsicóticos retard.
 Promover cuidados continuados.
 Mobilizar recursos necessários para a proteção da pele (óculos de sol,
protetor solar, chapéu).
 Informar acerca das interações – álcool (potencializa a ação); antiácidos
(diminui a absorção).
 Utilização do Tabaco em concomitância com os antipsicóticos.

Ansiolíticos, sedativos e hipnóticos

Benzodiazepinas

Diazepam (Valium); Alprazolam (Xanax), Clonazepan.


Atuação no sistema GABAergico, ligando-se ao complexo recetor GABA-A.
Para tratamento de síndromes de ansiedade, primárias ou secundárias e/ou de
insónia.

Efeito ansiolítico, sedativo, hipnótico e propriedades miorelaxantes e


anticonvulsionantes.
Contra-indicações: avaliar risco-benefício na presença de intoxicação alcoólica
aguda, antecedentes de dependência de drogas, gravidez e aleitamento.
Efeitos-Secundários: tolerância e dependência física e psicológica dependendo
da dose, sonolência, fadiga, cefaleias, fraqueza muscular.
Síndrome de abstinência grave se interrompida bruscamente.
Devido ao risco de dependência, não deve ser utilizada mais de que uma Bz
ansiolítica ou hipnótica. A sua utilização deve ser limitada no tempo.
Relativamente seguras se não forem associadas a outras substâncias que
sejam depressoras do SNC como o álcool.
Gestão do regime terapêutico
Indica efeitos adversos, interações (álcool), sonolência – condução e
dependência.
Monitorizar TA e administrar se possível ao deitar. Preparar para
descontinuação gradual.

Antidepressivos

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