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UM TRECHO DE POEMA

MONIQUE SILVERIO

Entrego o carro para o manobrista, sorrio ao observar o Midtown Bar lotado de pessoas, sorrindo,
bebendo, conversando, paquerando é sempre assim no bar mais frequentado de Manhattan. O conjunto
de luzes iluminam e dão vida para o ambiente.

Ao mesmo tempo que é um bar, me sinto como se estivesse na varanda de casa. Há alguns meses não o
frequento mas hoje foi necessário, após um dia estressante fechando alguns contratos para o casamento
de minha irmã, não resisti estar aqui.

Me sento na mesa que costumo sentar quando venho aqui. As vezes soziha, ou acompanhada. Meu
celular apita e olho a mensagem é minha mãe pedindo para não me esquecer da prova do vestido
amanhã, como se eu pudesse.

Para minha mãe na minha idade já é mais do que necessário estar casada aos vinte e três anos. Com essa
idade ela já estava grávida da segunda filha que é a Claire. Minha irmã sempre foi o seu orgulho, namora
Josh desde quando tinham quinze anos e em dois meses estarão subindo ao altar.

Já eu não me importo com essa coisa de casamento, meu sonho mesmo é subir em minha profissão e
viver a minha vida viajando. Sempre fui muito romântica e por isso sempre sofri com os homens.

Não demora e o celular toca novamente mas dessa vez não é uma mensagem mas sim uma ligação do
meu pai. Jhon Carter é o homem mais amoroso com todos desde que se tornou pai segundo minha mãe.
E é o melhor de todos sem dúvidas.

- Sim pai eu estou no Midtown Bar. - Sorri observando o ambiente. Meu pai sempre me diz que preciso
curtir a vida e que sou muito focada no trabalho e esqueço de viver.

- Oi minha filha. Mal nos separamos e eu já estou com saudades. - É como se eu pudesse vê-lo sorrir. -
Mas fico contente em ver que está curtindo sua juventude. Aproveite querida, depois que casar nunca
mais será a mesma coisa. - Ouço a voz de minha mãe no fundo e ela pelo jeito está muito brava. - Não,
meu amor estou dizendo a você que não será a mesma coisa pois vai ter responsabilidade mas garanto a
vida de casado é melhor que a de solteiro.

Nao consigo conter o riso, meu pai é a pessoa mais engraçada que existe. Já minha mãe é toda durona
Ela não brinca é toda linha dura. Sempre tive mais proximidade com meu pai, do que com minha mãe.
Ela sempre foi mais ligada a Claire.
- Eu entendo papai. Mas sabe que eu não penso em me casar. Não tão cedo.

- Querida, se eu fosse outro pai diria graças a Deus por isso. Mas, sabe que eu amo e quero a felicidade
de vocês, o casamento é a melhor coisa que existe. Mas, tudo em seu tempo, sei que um dia vai
encontrar alguém que vai te fazer feliz. Merece.

- Papai, sei que não desiste. Não quero discurtir, por isso vamos a outro assunto.

- Sim, Cherly. Conseguiu fechar os contratos com a Zorck Coorporation? O Anthony Zorck estava
irredutível...

Nem mesmo meu pai conseguia convencer o sr. Zorck de fechar contrato .

- Deu tudo certo. Ele viu todas as oportunidades e forças do planejamento estratégico dessa parceria e
sabia que se não fechasse outra empresa o faria.

- Você é o meu orgulho querida. - Papai praticamente que sussurrou, mamãe não poderia escutar. Ela
sempre preferiu Carlie mas eu nunca me opus.

- Eu te amo papai.

- Eu também te amo minha querida. Amanhã queremos que almoce conosco, todos estarão aqui para o
último almoço em família, depois sua irmã julga ser impossível juntar todos.

- Estarei aí papai, fique tranquilo.

- Você trará alguém Cherly? - Pelo visto o telefone está no viva voz a voz de minha mãe ecoa no fundo.

- Não mamãe, sabe que eu irei sozinha.

- Você só me decepciona Cherly. Está caminhando para os vinte e quatro anos e não tem sequer um
namorado. Eu na sua idade já tinha duas filhas e estava grávida do seu irmão Edward, mas
lamentavelmente faleceu...

- E eu sinto muito por isso mamãe. Olha eu tenho que desligar agora, o garçom está me aguardando para
fazer o pedido. - Falo com um tom de voz chateada, meus olhos estão com lágrimas e o garçom que
chegou ao meu lado me olha um tanto envergonhado.

- É sempre assim Cherly, você desconversa. Aposto que até hoje se sente arrependida por ter deixado
Richard na mão, hoje está bem casado com uma médica e pai de dois filhos.
- Tchau mamãe, eu te amo.

Desligo o celular e não consigo encarar o garçom de tanta vergonha, me sinto minúscula e sei que ele
deve ter ouvido toda a conversa, meu celular estava alto. As lágrimas descem sem nem me dar conta e
vejo uma mão estender um guardanapo, ergo meus olhos e lá está o garçom.

- Desculpe moça, não pude deixar de ouvir, limpe essas lágrimas, uma moça tão linda não deve se sentir
assim.

- Não tem nada demais, já estou acostumada. Me desculpe. - Limpo as lágrimas e lhe dou um sorriso.

- Vou buscar uma água para a senhorita. - Sem nem me esperar dizer algo ele se afasta e busca água. -
Aqui está. Tomei a liberdade de pedir para acrescentarem açúcar pode te acalmar.

- Muito obrigada. - Dou um meio sorriso. Bebendo a água. Vim ao bar para tomar um bom vinho e me
deliciar com a saborosa porção de batata frita com torresmo. Assim como comi no Midthow no Brasil e
transferiram para ca mas perdi a fome.

- A senhorita está melhor? - Seu olhar tem preocupação.

- Sim estou bem. Muito obrigada.

- Deseja pedir algo?

- Apenas uma taça de Vinho, San Marttin tinto.

- Só um momento.

Assim que ele se afasta tomo o restante da água e paro para refletir. Namorei Richard quando tinha
dezessete anos. Eu era gorda e ele me traiu...

Não vale a pena mesmo estragar a minha noite com tanta bobagem. Richard está feliz com sua mulher e
em breve minha irmã estará casando e a felicidade de todos é a minha.

Afasto o vinho com a mão e já chega de beber, pedirei a conta e vou para a casa.

- Você... gosta de chocolate? - O garçom se aproxima colocando em minha mesa.

- Muito. - Sorrio, sempre quando tenho crises de tristeza somente chocolate me acalma.

- Maravilha. Esse é feito exclusivamente da Lindt para a Mindtown, tenho certeza que vai amar.
- Obrigada. Amo chocolates.

- Você costuma frequentar o Midtown sempre?

- Vinha toda semana. Mas, agora com o casamento de minha irmã há dois meses não frequento, mas
vejo que mudou muita coisa or aqui.

- Sim. Deu uma repaginada. Estava precisando.

- Ficou lindo. Você... nunca te vi por aqui.

- Eu entrei a pouco tempo. - Sorriu, um belo sorriso, nem havia reparado na beleza desse homem. -
Como se chama linda moça?

- Cherly Carter. - Faço uma careta, nunca gostei do meu nome. - E você como se chama?

- Damon. - Limita a dizer. Não pergunto o sobrenome. Normalmente as pessoas sempre dizem, mas
talvez ele não seja daqui. Estranho mas o sotaque americano é nato e perfeito. Sorrio. - Um prazer te
conhecer. Seu nome é lindo, parece não gostar.

- Tive vários apelidos na infancia, e não gostava de nenhum deles.

- É um nome lindo. Minha irmã já colocou em uma de suas bonecas. Nomes com a letra c são os
favoritos de Loren. - Pelo jeito que ele fala parece ter muito orgulho de sua irmã.

- Muito obrigaa. Me sinto honraa. - me permito um riso.

- Gostei muito de conhecê-la Cherly. Não vou mentir, a achei linda e atraente. Ficaria muito feliz se
aceitasse meu convite para sairmos jantar. - Meu rosto fica vermelho.

- Olha, sei que você ouviu a conversa de minha mãe, não precisa ficar com pena de mim.Estou
acostumada com isso.

- Não é pena Cherly. Sou sincero e direto é apenas como eu me sinto.

- Desculpe... Damon. Eu não estou interessada em nenhu tipo de relacionamento, muito menos em um
encontro casual e acabar na sua cama e depois você nem se lembrar de mim e eu sumir de seu
apartamento com minhas roupas na mão como se fosse uma desconhecida. - Me levanto e coloco uma
nota na mesa. Ele também se levanta.

-Não. Cherly, entendeu tudo errado. Não estou interessado nisso. Quero conhecê-la. Te achei
interessane e eu não sou esse tipo de homem que está pensando.
- Mas sintiu pena de mim.

- Jamais. Você não é digna de pena, pelo contrário parece ser uma mulher forte que não se abala, eu te
peço me passe o seu número, podemos ser pelo menos amigos?

Meu coração se amolece eu não consigo ser dura. Amigos, é claro. Tenho muitos e é sempre assim que
eu termino. Se eu ao menos conseguir um amiga minha para ele assim me sentirei mais realizada.

- Claro. Amigos. - Estendo a mão que ele aparta e trocamos os números.

Saio do Midtown sem olhar para trás. Meu coração bate de uma forma tão acelerada que nem posso
acreditar. Pareço uma adolescente em sua primeira paixão. Na verdade nunca me senti assim com
homem nenhum. Preciso parar de pensar nisso, ele não vai me ligar e no que depender de mim nunca
mais vamos nos ver, isso não vai dar certo, vou acabar me apaixoando.

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