Você está na página 1de 376

TÍTULO ORIGINAL: UM RECOMEÇO PARA BERNARDI

A rendição do CEO

Copyright © 2022 por Antonella Portilla e Thalita Martinez


Preparação de texto: Tici Pontes
Revisão: Miah
Capa: Fantasy Designs & Divulgações
Diagramação: Grazi Fontes

Está é uma obra de ficção.


Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais é mera coincidência.
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios existentes sem prévia autorização por escrito da autora.
Os direitos morais foram assegurados.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.
Versão Digital – 2022.

ESTA É UMA OBRA REGISTRADA, QUALQUER REPRODUÇÃO INDEVIDA SE


ENQUADRA COMO PLÁGIO.
SUMÁRIO
Sinopse
Carta da autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Final
Epílogo
Agradecimento
OUTRAS OBRAS
Cecília é uma jovem de 20 anos que sempre foi muito
sonhadora, porém com os pés no chão.

Após ser demitida e não ter dinheiro suficiente para


pagar as contas, ela consegue, a muito custo, um teste
para ser diarista na casa de um milionário. Contudo, sem
ter muita experiência, acaba causando um acidente na
mansão e, em um momento de desespero, conhece o seu
patrão.

Davi Bernardi é um CEO de 30 anos de idade que


carrega um passado marcado por uma tragédia que
aconteceu no seu último relacionamento, por esse motivo
ele prometeu nunca mais entregar o seu coração a uma
mulher.

Contudo, o destino o surpreende quando ele encontra


em sua casa, em um momento de perigo, a Cecília, e se
sente atraído por ela.

Será que ele vai conseguir cumprir a sua promessa de


continuar pensando apenas no casual?

Ou vai se entregar aos encantos da sua nova diarista?


Oiê!

E mais uma vez viemos trazer para vocês uma história


cheia de amor, emoções e cenas bem quentes. Esperamos
que Cecilia e Davi conquiste coração de vocês assim como
conquistou os nossos.

Beijos e boa leitura.

Antonella, Thalita e Brenda.


Olho para o dinheiro que a dona Marta acabou de me
pagar, referente aos dias trabalhados, e entro em
desespero, pois não sei o que vou fazer da minha vida
agora que fui demitida. Nesses últimos três meses eu
estava começando a colocar nossas contas em dia, fiz um
acordo com o Sr. Jeová, dono da casinha em que moro com
a minha mãe, ele dividiu os aluguéis atrasados em seis
parcelas, então nós pagamos o aluguel do mês mais a
parcela, e agora, o que vou fazer? O dinheiro que minha
mãe recebe sendo operadora de caixa de um mercado
próximo a nossa casa não dá nem para o restante das
contas, como água, luz e nossa alimentação, que não é das
melhores por falta de condição.

Quando fiz o acordo com o Sr. Jeová, ele me pediu


para não atrasar mais o aluguel, pois ele vive dessa renda,
e se nós não cumpríssemos com o prazo teríamos que
desocupar o imóvel.

Ando pelas ruas de Pinheirinho sem nenhuma vontade


de ir para casa e também ver o desespero nos olhos da
pessoa que sempre fez tudo por mim, a vida nunca foi muito
boa para minha mãe, mas ela nunca mediu esforços para
me ver bem, pelo menos da maneira que ela conseguia.

Sempre fomos nós duas, até meus 8 anos de idade,


quando ela se casou com um homem que era uma pessoa
muito legal e que demonstrava nos amar verdadeiramente.
Antes do Luiz eu não sabia o que era ter uma presença
paterna na minha vida, a gente não tinha muito, mas
éramos felizes, todos os dias Luiz voltava do trabalho com
um “presente” para minha mãe e um para mim, coisas bem
simples, uma rosa, bala, pirulito, chocolate ou pão de
queijo, que é minha paixão, mas um dia ele não voltou para
casa, e horas depois minha mãe recebeu uma ligação do
chefe dele dizendo que o Luiz tinha sofrido um acidente no
trabalho e infelizmente havia falecido. Quando ele se foi eu
já tinha 13 anos, sofremos muito, e desde então voltamos a
ser somente nós duas.
Após andar muito e meus pés começarem a doer por
conta dos tênis que estão um pouco apertados, resolvo
sentar no banco de uma praça e descansar antes de seguir
minha caminhada até em casa, não tive coragem de gastar
mais uma grana com o ônibus, pois vai fazer falta.

Olho para as pessoas que estão aqui e fico me


perguntando por que tudo tem que ser tão difícil na minha
vida. Casais sorrindo para todos os lados, mães brincando
com seus filhos, tudo parece ser tão fácil para essas
pessoas, sei que nada é perfeito, mas para mim tudo se
intensifica de uma maneira sem explicação.

Fico perdida nos meus pensamentos até que duas


moças aparentemente uniformizadas se sentam ao meu
lado, tiram de dentro de uma sacola de papel sanduíches e
sucos e começam a comer e conversar entre elas. Volto
meu olhar para um casal que está fazendo algumas fotos, a
fim de não prestar atenção na conversa das duas, porém,
quando elas começam a falar do seu trabalho,
automaticamente meu foco muda.

— Você viu o cartaz que colocaram no quadro de aviso


do vestiário? Tiveram três baixas só esta semana e eles
precisam contratar três faxineiras novas com urgência,
estão pedindo indicação ou não vão conseguir manter o
fluxo das faxinas.

— Eu é que não vou me matar, quase não estou


conseguindo dar conta das casas que ficaram para mim.
Meus olhos brilham com o que ouço, tenho certeza de
que é Deus me mandando a Luz no fim do túnel.

— Desculpa atrapalhar, mas não pude deixar de ouvir a


conversa de vocês. Onde fica a empresa que vocês estão
falando? Se estão precisando de pessoas para trabalhar, eu
posso começar ainda hoje.

Uma das moças me olha com um olhar de


solidariedade.

— É aquela empresa ali.

Aponta o dedo para o outro lado da praça.

— Trabalhamos na Supri, ela é uma agência que


terceiriza faxineiras, babás, motoristas e seguranças, a
Supri exige cursos específicos para cada área, o público-
alvo são principalmente das classes A e B, são bastante
exigentes.

Meus olhos ficam marejados, é como se um balde de


água fria estivesse sendo jogado nas minhas esperanças.
Nunca imaginei que para limpar uma casa era preciso fazer
um curso.

— Eu não tenho nenhum curso, mas já trabalhei


fazendo faxina em umas casas perto de onde moro.

— Tenho certeza de que você sabe limpar uma casa


comum, mas nós limpamos mansões, coberturas e às vezes
até iates.
Estava muito bom para ser verdade.

— Eu estou precisando muito de um emprego, acabei


de ser dispensada da lanchonete que trabalhava porque a
dona estava com ciúmes de mim com o seu marido, e olha
que eu nunca nem olhei para a cara dele.

Sinto lágrimas escorrerem dos meus olhos sem a


minha autorização, então tento limpá-las disfarçadamente.

— Já passei por algo parecido.

— Pior é que eu não tenho direito a nada, pois não


tinha carteira assinada. Não sei o que vou fazer para pagar
meu aluguel.

Ficamos em silêncio por um tempinho até que a outra


moça, que não havia falado quase nada, se manifesta:

— Vou tentar te ajudar, dá para sentir o seu desespero.


Primeiro, qual o seu nome?

Nossa, que vergonha.

— Desculpa! Entrei no meio da conversa de vocês e


nem me apresentei, eu me chamo Cecília.

— Bom, eu sou a Amália e ela é a Marília. Como eu


estava falando, acho que sei como te ajudar.

Estendo a mão para a moça que perguntou meu nome,


e que agora também sei que se chama Amália.
— Conheço bem o gestor do RH, vou falar com ele e te
indicar como se você fosse minha amiga, nunca fiz isso por
ninguém, mas posso sentir o quanto você está precisando.

Me levanto e quase pulo no colo da Amália para lhe


agradecer.

— Não acredito que você vai fazer isso por mim. Nunca
alguém além da minha mãe e do Luiz fizeram qualquer
coisa por mim.

— Não garanto a vaga, mas pelo menos você vai ter


uma chance maior. Vamos lá?

Limpo meu rosto, que está banhado em lágrimas e que


não querem parar de cair, e as sigo para a empresa.

Assim que entramos na empresa, Amália se aproxima


de um pequeno balcão onde tem duas recepcionistas
sentadas, me apresenta como sua amiga e pede para falar
com um tal de Marcelo, provavelmente é ele o contato dela
aqui dentro. Após uma ligação, nossa entrada na sala é
autorizada.

— Com licença, Sr. Marcelo, vi o aviso que a agência


está precisando de novas faxineiras, e como minha amiga
está precisando trabalhar pedi para que ela viesse fazer
uma entrevista. Será que o senhor pode atendê-la mesmo
sem ter um horário marcado?

— Se é sua conhecida, atendo sim, Amália.

Reparo o sorriso que o homem troca com a minha mais


nova amiga. Tem algo aí. Amália diz que agora é comigo e
sai da sala.

— Sente-se! Me diga seu nome e me fale um pouco de


você.

— Me chamo Cecília Monteiro, tenho 20 anos e como o


senhor já sabe estou à procura de um trabalho.

— Tem alguma experiência com limpeza de casas?

E agora, falo a verdade ou conto uma mentirinha?

— Bom...

Antes que eu conclua a frase o telefone da mesa do Sr.


Marcelo começa a tocar.

— Supri, Marcelo falando, boa tarde!

Pelo nervosismo que o senhor está demonstrando ao


passar as mãos nos cabelos e a todo momento balançar a
cabeça concordando ou discordando de algo, o assunto é
bem sério.

Após alguns minutos de conversa, o telefone é


desligado e a atenção do Sr. Marcelo volta para mim.
— Olha só, acabo de receber a ligação do Sr. Bernardi.
Ele é o nosso cliente mais exigente e acaba de me
comunicar que descobriu que uma das suas diaristas está
com problema sério de coluna, coisa que nem a gente
sabia.

Fico com dó da mulher, pois para ela esconder tal


situação ela deve estar precisando muito desse emprego.

— Às vezes temos funcionárias que escondem alguns


problemas de saúde para permanecer ganhando as diárias.
Enfim, nós vamos tomar providências em relação à diarista
que trabalha na casa do Sr. Bernardi. Mas precisamos de
uma substituta urgente para amanhã e a escala está toda
fechada. O seu teste vai ser esse. Se der certo, você vai
fazer parte da Supri. Se não der, infelizmente não poderei
fazer mais nada.

“Você terá carteira assinada e receberá um salário-


mínimo, mais as comissões, se o serviço for bem
executado. Sempre enviamos um checklist para os
contratantes e eles nos devolve junto ao pagamento, então,
se você se sair bem em cada faxina, recebe um adicional
por residência, também terá direito a vale-transporte e
alimentação.”

— Eu aceito — respondo logo de uma vez, não


estou nem ligando se ele me achar desesperada, pois estou
mesmo.
— Calma, deixa eu terminar de te explicar como tudo
funciona. Seu serviço será limpar banheiros, o piso,
janelas, portas e móveis. Fora isso, o que você limpar será
cobrado um adicional e ele será enviado no seu
pagamento.

Após mais algumas explicações, o senhor me pergunta


se estou com meus documentos para preencher minha
ficha, abro minha bolsa e lhe entrego tudo que ele precisa.

Não acredito que consegui, mesmo sendo um teste vou


fazer de tudo para agarrar essa oportunidade.

— Vou pegar um conjunto de uniforme e te passar o


endereço da casa do Sr. Bernardi, você tem que estar lá às
oito da manhã, não se atrase.

— Não me atrasarei.

Assim que recebo o uniforme e um papel com o


endereço, me despeço e saio da sala, e para minha
felicidade encontro com Amália e Marília, não ligo se nos
conhecemos hoje, vou até as duas e as abraço em forma de
agradecimento.

— Consegui um teste para amanhã.

Relato para elas tudo que o Sr. Marcelo me falou e


onde será a minha primeira faxina, elas ficam boquiabertas
quando relato o nome do dono da casa, mas não me falam
mais nada. Então me despeço delas, pois preciso ir para
casa contar a novidade para minha mãe. Achei que hoje
levaria uma notícia ruim para ela, mas graças a Deus e as
novas amigas que fiz não será assim.

Como já está começando a escurecer, decido pegar um


ônibus, mesmo que eu tenha dito que não faria para
economizar o dinheiro.

Desço as ruas que levam até minha casa com todo


cuidado, não que aqui seja um bairro muito perigoso, mas
todo cuidado é pouco.

Assim que estou em frente a minha casa cumprimento


alguns vizinhos que estão sentados nas calçadas, mas não
prolongo para uma conversa. Não sou antipática, pelo
contrário, gosto muito da minha vizinhança, mas hoje estou
esgotada mentalmente.

Entro, olho para todos os lados e vejo que tudo está


extremamente organizado, minha mãe trabalha das duas às
nove da noite, então, antes de sair sempre deixa tudo
arrumadinho. Não temos nada luxuoso, porém tudo que
temos cuidamos com muito carinho.

Vou para o meu quarto, tiro minhas roupas, pois


preciso de um banho antes de preparar alguma coisa para
comer.
Quando entro no banheiro, sorrio, pois percebo que
dona Antônia comprou uma cortina nova. Antes de sair,
hoje, para ir trabalhar, deixei um dinheiro que havia
ganhado de gorjeta ontem para ela substituir a que já
estava rasgada.

Após tomar um banho rápido, pois não precisei lavar os


cabelos, visto um pijama e vou para cozinha.

Assim que o jantar fica pronto, deixo a cozinha


organizada, do jeito que estava, e vou para a sala, me
sento no sofá, ligo a televisão em um canal aleatório, pois
quero esperar minha mãe para jantarmos juntas.

Antes mesmo do meu celular despertar, às quatro e


meia da manhã, eu já estou de pé. Quase não consegui
dormir com medo de perder a hora e me atrasar. Do bairro
onde eu moro até o bairro onde fica a casa do Sr. Bernardi
tenho que fazer algumas baldeações, então preciso sair
daqui no máximo em trinta minutos.

Pego minha bolsa, que já deixei arrumada contendo


meu uniforme e minha identidade, pois sem ela não será
liberado minha entrada no condomínio, e saio de casa.
Após duas horas de viagem, com direito a algumas
trocas de ônibus, desembarco na estação Tubo Paulo
Gorski e saio correndo, pois estou em cima da hora.

Chego na portaria do condomínio, me identifico e


minha entrada é liberada, então sigo em direção ao
elevador de serviço com o código, que me dará acesso à
cobertura, em mãos. Ao entrar, digito os números no painel
e me encosto na parede de ferro, todo o nervosismo que
tentei disfarçar volta com força total, respiro fundo, fecho
os olhos e peço a Deus para que me ajude e tudo dê
certo.

Assim que as portas do elevador se abrem, olho


novamente o papel em minha mão, onde também tem a
senha da fechadura da porta, e ao abrir entro direto em
uma área de serviço.

Como o Sr. Marcelo já me informou que o apartamento


estaria vazio, procuro um banheiro para me trocar enquanto
espero a mensagem com as coordenadas do que precisarei
fazer.
Minutos após eu já estar devidamente trocada, recebo
a mensagem da Supri com o que tenho que fazer.

1º Lavar todos os banheiros das suítes do andar


superior;

2º Limpar a suíte principal;

3º Lavar o banheiro social do andar superior;

4º Lavar o lavabo do andar de baixo;

5º Limpar os móveis da sala de estar, jantar e TV.

Tudo o que você vai precisar está no armário ao lado


da secadora, te oriento a começar pela suíte principal, a
porta do lado direito no final do corredor, e qualquer dúvida
pode entrar em contato, bom trabalho.

Após ler a mensagem, desligo o celular e vou pegar os


produtos, encontro uma variedade enorme, pego alguns,
que já conheço, outros pelo cheiro bom que tem, e subo
para o andar de cima.

A cada cômodo que passo perto fico encantada com


tanta beleza, nunca entrei em uma casa tão chique assim,
dá medo até de encostar em algo e quebrar.

Abro a porta que me foi indicada e fico


momentaneamente paralisada olhando como o quarto é
grande e lindo, uma decoração toda em preto e cinza, deve
ser maior que minha casa. Mesmo sem ter ninguém aqui
dentro, o ambiente tem uma presença masculina muito
imponente.

Olho para duas portas que tem ao fundo e agradeço


por uma delas estar entreaberta, então percebo que é o
banheiro, caminho até lá, entro e fecho a porta.

Coloco um pouco de água dentro do balde e despejo


alguns produtos, então lavo a pia e logo em seguida
começo a esfregar o vaso, mas de repente meus olhos
começam a arder, fico com medo de ter deixado cair
produto nele, abro o chuveiro e molho toda a minha cabeça,
esfregando bem o rosto, porém não adianta, fico tonta e
com dificuldade de respirar.

Vou em direção à porta com os olhos um pouco


fechados por causa do ardor, mas assim que saio esbarro
em algo, ou melhor, em alguém, e acabo caindo.
Novamente acordo assustado e encharcado de suor,
por isso odeio dormir, prefiro trabalhar sem parar, mas tem
horas que o corpo pede algumas horas de descanso, e
sempre que permito isso acontece. Olho para o relógio que
fica na mesinha de cabeceira ao lado da minha cama e
percebo que ainda são cinco da manhã, me viro de barriga
para cima, passo a mão pelo meu rosto para tirar um pouco
do suor que ainda escorre, fito o teto por alguns segundos,
porém as lembranças do pesadelo que me atormenta há
anos começam a querer surgir, então decido me levantar e
ir para a academia, que mandei montar em um dos quartos
aqui no apartamento, preciso descarregar toda minha
frustração em algo.

Assim que entro na academia, caminho até o aparelho


de som e coloco para tocar a playlist que uso para malhar,
faço alguns alongamentos, em seguida começo a correr na
esteira, enquanto corro fico observando o nascer do sol
através das paredes de vidro e lembrando o quando eu era
feliz.

Balanço a cabeça para dissipar qualquer pensamento,


saio da esteira, calço um par de luvas e me posiciono em
frente ao saco de areia, esse é o único jeito que consigo
colocar para fora toda raiva que eu guardo durante esse
tempo.

Depois de treinar pesado por uma hora, olho para os


nós dos meus dedos que estão doendo, inchados e
vermelhos por conta dos socos, sinto um pouco de alívio
em meu peito, a dor física que eu me submeto sempre que
tenho esses pesadelos ameniza a dor que carrego dentro
de mim.
Entro na cozinha e vou direto para a geladeira, abro e
retiro de dentro uma jarra com suco de laranja e uma geleia
de damasco, pego duas fatias de pão para fazer torradas, e
assim que ligo a torradeira e coloco o pão ouço meu
telefone tocar.

Ao pegar o meu celular, que está sobre a mesa, vejo o


nome do Sr. Jonas Bernardi na tela.

— Bom dia, pai.

— Bom dia, meu filho. Só assim para conseguir falar


com você, te ligando a essa hora da manhã. Ontem falei
com sua secretária duas vezes e nada de você me retornar
à ligação.

— Você sabe que minha vida é uma correria, e ontem


foi ainda pior. Tive algumas reuniões.

— Os seus pais não merecem nem uma ligação de vez


em quando?

Depois que assumi a presidência e me tornei o CEO


das redes de Hipermercados Bernardi, me dedico 100% ao
trabalho, por isso consegui multiplicar nossa fortuna, hoje
contamos com filiais espalhadas por todo o país. Minha vida
é praticamente dentro do escritório.

— Não sei se lembra, mas antes de você assumir a


rede eu era o CEO, então posso dizer que sei como é sua
vida. Também sei que temos muitas responsabilidades, mas
precisamos também dar atenção a nossa família, pois
nunca sabemos quando vamos perder alguém. Sua mãe
está com saudade de você, quando vai vir aqui para nos
visitar?

Travo meus dentes com o que ouço.

— Pai, eu mais do que ninguém sei que podemos


perder...

— Filho, eu sei que você não gosta de tocar nesse


assunto, ainda mais no dia de hoje, entretanto sua mãe e
eu nos preocupamos com você, pois sabemos que está
usando o trabalho para bloquear a sua dor, você não pode
ficar preso no passado para sempre, já faz dois anos que
Laura Morreu — ele me interrompe.

Meu pai sabe o quanto isso me machuca, e hoje, mais


do que nunca as lembranças costumam me atormentar,
tenho pesadelos constantemente ouvindo a voz da Laura
me chamando.

Hoje faz dois anos que minha vida perdeu o sentido,


pois foi o dia em que perdi a mulher que amava. Eu havia
preparado o apartamento para lhe fazer uma surpresa, iria
pedi-la em casamento, estava ansioso, porém, quando ela
não chegou no horário de costume, liguei no seu celular,
mas não foi a sua voz que eu ouvi.

As lembranças daquele dia voltam com tudo na minha


cabeça.
— Quem está falando? Cadê a Laura?

— Aqui é o delegado Douglas Monteiro [ 1 ] , o que o


senhor é da Laura Castanho?

Foi nessa hora que meu mundo desabou, eu senti que


algo não estava certo.

— Eu sou o noivo dela. O que aconteceu com a Laura


para o senhor estar com o telefone dela?

Ele disse que não poderia me passar informações por


telefone e solicitou que eu comparecesse à delegacia, saí
de casa igual a um louco e ao chegar à delegacia de
homicídios descubro que minha noiva tinha sido
assassinada.

— Davi, meu filho.

Saio dos meus devaneios com a voz do meu pai.

— Você está certo, meu pai, mas por enquanto prefiro


levar a vida dessa forma, avisa para a mãe que vou fazer
de tudo para ir visitá-los nesse final de semana.

Mudo de assunto, pois não quero falar sobre a morte


de Laura.

— Tudo bem, sei que não quer tocar nesse assunto,


mas nunca se esqueça que sempre estaremos aqui por
você, e que te amamos.
— Obrigada, pai.

Desligo o celular e a vontade que sinto de sair


quebrando tudo ao meu redor é enorme, mas me controlo.

Perco totalmente a vontade de me alimentar, então


guardo tudo de volta no seu lugar e sigo até o meu quarto
para me arrumar. Trabalhar, que é a melhor coisa que
posso fazer para me manter ocupado, e no meu escritório é
o lugar onde consigo me concentrar.

Quem está do lado de fora não imagina o quão difícil é


virar a página e seguir adiante, eles não entendem que a
minha felicidade foi tirada junto com a vida de Laura.

Estaciono o meu carro na minha vaga, sigo direto para


o elevador sem falar com ninguém, hoje meu humor não
está dos melhores, não que nos outros dias ele seja. Antes
que as portas se fechem percebo o burburinho dos
funcionários na recepção, tenho certeza de que neste
momento todo o prédio já sabe que cheguei, digito o andar
da presidência e, como já era previsto, assim que chego no
meu andar Cristina, minha secretária, se levanta da sua
mesa e vem em minha direção com um copo de café em
mãos.

— Bom dia, Sr. Bernardi.


A cumprimento de volta e sem muita vontade de
conversar. Aceito o copo e sigo para minha sala, mas assim
que coloco a mão na maçaneta, para abrir a porta, Cristina
chama minha atenção.

— Senhor, ontem à noite um segurança das redes


Bernardi agrediu um cliente e algumas testemunhas que
presenciaram o ocorrido estão o acusando de racismo, a
imprensa está em peso no local e várias pessoas fazendo
protesto contra a rede.

Não consigo acreditar no que ouço, me viro para olhá-


la e pedir para que entre em contato com os nossos
advogados, porém, como ela está logo atrás de mim,
esbarro nela e derramo todo o conteúdo do copo em minha
roupa.

Ela me olha assustada, vejo desespero em seu olhar,


recolho um lenço de dentro do meu bolso e começo a me
limpar.

Cristina fica me pedindo desculpa e então levanto uma


das mãos para que ela pare.

Entro em minha sala e ela continua me seguindo de


perto.

Retiro o meu blazer, abro os primeiros botões da minha


camisa e limpo a minha pele, onde caiu o café, o local já
está todo vermelho.
Peço para que Cristina me conte o que sabe.

— Eu só sei o que a gerência relatou, e eles contaram


que o segurança achou que o rapaz estava em uma
situação suspeita, e que o segurança foi até ele e pediu
para olhar a bolsa, mas o rapaz negou, ficou muito nervoso,
e tentou agredir o segurança, mas...

Olho para ela e vejo que não vou gostar de ouvir o


restante da história.

— O que tem mais?

— O rapaz agredido deu uma entrevista para um jornal


local e contou que ele estava andando pelos corredores do
supermercado e o segurança ficava na sua cola, então
quando foi perguntar se tinha alguma coisa, ele foi
enforcado e arrastado para o estacionamento e lá sofreu
várias agressões, e testemunhas filmaram tudo, tem vídeos
rolando na internet.

Cristina abre uma página no seu iPad, vira para o meu


lado e me mostra os tais vídeos.

— Que merda! É nítido que o homem não era suspeito,


e mesmo se fosse ninguém merece ser tratado dessa
maneira.

Dou um soco na mesa, o que faz Cristina se assustar.

— Ligue para o escritório de advocacia e peça para


que eles venham aqui o mais rápido possível, preciso
resolver isso logo, eu não permito nenhum tipo de violência
por parte dos meus funcionários em meus
estabelecimentos.

Ela assente e sai da sala.

Eu aproveito e vou até o meu banheiro social para me


limpar.

Não demora muito e a equipe que cuida da parte


jurídica dos Hipermercados chega e Cristina os direciona
até a sala de reunião.

— Bom dia.

Assim que entro na sala cumprimento os dois


advogados antes de me sentar.

— Vocês já estão sabendo do ocorrido de ontem,


certo? O que vocês conseguiram de informação?

Ambos confirmam com um balançar de cabeça.

— Sr. Bernardi, acessamos as imagens do


supermercado e o segurança agiu muito errado, o rapaz
realmente não tinha nada na bolsa e estava só caminhando
pelos corredores.
— Eu quero que vocês deem toda assistência para o
rapaz agredido, e em relação ao segurança, entregue o
caso à polícia.

Ficamos conversando por um tempo, planejando como


agiremos, e logo em seguida me despeço dos dois
advogados.

Encosto minhas costas na cadeira e sinto uma pontada


forte em minha cabeça. Olho para o relógio em meu pulso e
percebo que ainda não são nem 10h e o dia já está cheio
de problemas. Me levanto da cadeira, mas deixo outra
ordem antes de sair.

— Conversem com o gerente de relações públicas e


enviem uma nota de repúdio sobre o que aconteceu, deixe
claro na nota que todas as medidas cabíveis já estão sendo
tomadas, façam isso o mais rápido possível, ou daqui a
pouco aqui vai estar lotado de abutres da imprensa.

Volto para minha sala e tento dar continuidade na


minha agenda. Olho alguns relatórios que a equipe
administrativa me enviou, porém, ao contrário do que achei
quando saí de casa, não estou consigo me concentrar.

Alcanço meu telefone e ligo para minha secretária.

— Srta. Cristina, desmarque todos os meus


compromissos e reagende para amanhã, vou para casa
trocar minha roupa e não volto mais hoje, mas se acontecer
algo que a equipe não consiga resolver, não hesite em me
ligar.

— Sim, senhor.

Me levanto, pego minha pasta e sigo para o


estacionamento.

Assim que entro em meu apartamento, acho estranho o


silêncio, pois era para ter uma faxineira aqui. Caminho para
a cozinha a fim de buscar um remédio para aliviar minha
dor de cabeça, encho um copo com água, pego um
analgésico e tomo, em seguida subo para o meu quarto.

Ao chegar no meu quarto, sigo direto para o banheiro,


mas antes que eu alcance a maçaneta para abrir a porta, a
mesma é aberta e uma jovem se esbarra em mim e vai
direto ao chão.

A princípio tomo um susto ao ver uma menina tão


jovem e com o corpo parcialmente encharcado dentro da
minha casa, então me dou conta de que ela é a faxineira,
lhe ofereço a mão para se levantar, porém ela não aceita,
levanta o seu rosto e nossos olhos se encontram.

E para meu espanto me vejo hipnotizado pela jovem de


lábios carnudos e os olhos mais azuis que eu já vi,
entretanto, percebo que está muito assustada.

Ela se encosta na parede ao lado da porta, levanta a


cabeça e tenta puxar o ar para seus pulmões, só então
sinto o cheiro forte vindo de dentro do banheiro.

— Estava tentando se matar?

Ela apenas continua me olhando sem dizer nada.

Fecho a porta do banheiro, pego em seu braço, para


auxiliá-la a se levantar, e a levo até uma poltrona que fica
no canto próximo a minha cama, vou até as janelas e as
abro para que o cheiro forte dos produtos saia.

— Você tem noção do que fez? Se eu não estivesse


voltando para casa...

Não completo a frase. Passo minha mão direita sobre


meus cabelos, tentando me acalmar, olho novamente para a
jovem e percebo que ela está tremendo.

Não permito que pessoas sem capacidade trabalhem


para mim, eu sempre deixei isso bem claro para o
Marcelo.

Um tempo depois a jovem prende os cabelos em um


coque no alto da cabeça, então percebo que ela já está
melhor.

Chamo a sua atenção.


— Arrume seus pertences, vou ligar para a Supri agora
mesmo e vou solicitar uma diarista capacitada. Não gosto
de inexperientes.

Ela me olha assustada, se levanta da poltrona e segura


em meu braço.

— Por favor, não faça isso comigo, hoje é o meu


primeiro dia, eu preciso desse emprego, por favor, eu não
fiz por mal, juro que isso não vai mais se repetir.

Mas uma vez nossos olhares se cruzam e percebo seus


olhos azuis banhados de lágrimas e a tristeza que percebo
neles me deixa intrigado, balanço a cabeça discretamente
para dissipar tal pensamento, deixo seus olhos e desço até
o local onde seu uniforme está transparente, por estar
molhado, e acabo me sentindo um canalha por não deixar
de reparar nos seios pequenos.

— Não sou uma pessoa má, mas não permito erros no


trabalho, e você cometeu um erro enorme no seu primeiro
dia. Misturar alguns produtos de limpeza é o mesmo que
criar uma bomba química.

Ela se ajoelha na minha frente e começa a chorar


desesperadamente.

— Eu não posso perder esse emprego, senhor, eu


preciso ajudar nas despesas de casa.

Seguro em seu queixo e a faço se levantar.


— Qual é o seu nome?

Ela tenta limpar seu rosto.

— C-Cecília.

— Cecília, tente se acalmar, mas eu preciso ligar para


o Marcelo.
Assim que ouço suas palavras meu mundo desmorona,
se ele realmente ligar para a Supri eu não terei mais o que
fazer.

Lágrimas começam a escorrer em meus olhos, as limpo


imediatamente e vou até o senhor Bernardi.

— Por favor, não ligue para eles, eu preciso


desesperadamente desse emprego, se o senhor contar o
que acabou de acontecer aqui, não terei outra chance.
Seu olhar intenso permanece em mim, mas na mesma
hora ele nega com a cabeça.

— Me desculpe, mas não posso permitir que isso


passe, foi algo muito sério, se eu não chego a tempo você
poderia estar desmaiada, ou ainda pior, morta por asfixia.

Me desespero ainda mais com o que ouço, sei que


cometi um grande erro, eu não poderia ter misturado tantos
produtos, ainda mais com a porta fechada, mas como eu
poderia imaginar que isso iria acontecer.

Respiro fundo, tentando me acalmar.

— O senhor está certo, sei que o que vou pedir não é o


certo, mas... — interrompo minha fala, pois um soluço surge
junto com as lágrimas novamente. — Se eu for dispensada
desse emprego, eu não terei como pagar meu aluguel ou
ajudar minha mãe com as despesas da casa, a nossa
situação não é das melhores, por isso estou tão
desesperada neste momento.

O vejo passar as mãos nos cabelos, parecendo estar


nervoso com essa situação.

— Sinto muito, mas o que aconteceu aqui pode


acontecer em outro lugar, você está colocando a sua vida
em risco e podendo prejudicar outras pessoas, pois se algo
lhe acontece dentro de alguma residência, a
responsabilidade vai cair em cima de quem te contratou, o
dono da residência.
Quando penso que minha vida vai tomar um jeito, tudo
desmorona novamente. Não me controlo, deixo mais
algumas lágrimas escorrer, não tenho mais como
argumentar, pois ele está certo, o erro foi meu e tenho que
aceitar.

Concordo com o que ele diz e me direciono para sair


do local.

— Se o senhor me der licença, preciso trocar de roupa


e ir embora. Me desculpe pelo que ocorreu hoje aqui.

Mesmo com o coração doendo por ter perdido essa


oportunidade de emprego, ele não tem culpa. Limpo meu
rosto e caminho em direção à porta.

— Espere, não saia.

Assim que o ouço, paro onde estou, e me viro em sua


direção.

— Convenhamos que você é uma péssima diarista e


não tem como negar isso, mas infelizmente nesse trabalho
você é um risco para a sua própria vida.

Não tenho o que dizer, eu apenas concordo de cabeça


baixa.

— Mas o que eu posso fazer para que você não fique


sem emprego é tentar conseguir que você trabalhe em uma
das lojas da rede Bernardi, lá você vai ser supervisionada
de perto e creio que não vai atentar contra a própria vida.
Olho para seu rosto e não sei se fico feliz com o que
ouço, pois mesmo após eu praticamente implorar para que
ele não ligue para a Supri e contar o que houve aqui, ele foi
irredutível em sua decisão.

Suspiro fundo e nego com a cabeça.

— Para o senhor me demitir assim que eu cometer um


erro sem se importar pelo que estou passando? Aliás, na
sua vida o senhor já se importou com a história de alguém?
Sabe o que é se compadecer ou ter o mínimo de empatia?

Sem esperar para ouvir mais nada, desço as escadas e


vou para o banheiro da área de serviço.

Troco de roupa e deixo o apartamento. Enquanto


caminho para o ponto de ônibus, não consigo deixar de
pensar no que posso fazer para mudar minha situação
atual.

Após andar um pouco, chego ao ponto e estranho ele


estar vazio, mas é melhor assim, pois desse jeito eu posso
focar no que preciso fazer, me sento e fico esperando pelo
meu ônibus.

— Meu Deus, o que eu faço agora? Não tenho nem


cara para voltar na empresa, mas preciso devolver o
uniforme.

Encosto minha cabeça no vidro atrás de mim e fecho


os olhos.
Talvez eu possa começar a vender algo nos pontos
turísticos aqui de Curitiba, não quero passar pela
humilhação que passei hoje.

Minha barriga começa a roncar de fome, olho em meu


celular e já tem mais de uma hora que estou no ponto de
ônibus, acho estranho, pois os ônibus são sempre
pontuais.

“O que aconteceu? Por que nenhuma condução chegou


até agora?”

Então me lembro do aplicativo Moovit, que mostra o


tempo que falta para a condução chegar, entretanto, assim
que coloco minha localização, vejo que o trecho está em
manutenção e os ônibus estão passando em outro ponto.

Por isso não apareceu ninguém e nem ônibus no tempo


em que estou aqui, esse ponto está desativado
temporariamente.

— Muito legal, Cecília, o seu dia está ótimo, o que será


que falta acontecer agora?

Mais uma vez minha barriga dá sinal, se eu não me


apressar nunca vou conseguir chegar em casa.
Olho no aplicativo o ponto de ônibus mais próximo e
pelo trajeto indicado tenho que caminhar por volta de 15
minutos até chegar nele. Me levanto e, assim que começo a
andar, um carro preto, com os vidros escuros, para ao lado
do meio-fio.

Meu coração começa a acelerar imediatamente, mas


assim que o vidro é abaixado vejo o Sr. Bernardi no banco
do motorista.

— Para onde você está indo? Entra que eu te dou uma


carona.

Mais que depressa recuso sua proposta.

— Pelo horário que saiu do meu apartamento você já


está neste ponto há muito tempo, eu te deixo em casa,
entra aqui.

— Muito obrigada, não precisa, eu não estou indo para


casa, ainda preciso devolver o uniforme. Este ponto está
desativado e eu não sabia, mas o próximo ponto é daqui
a alguns minutos andando.

Começo a andar, e penso que o Sr. Bernardi iria


embora logo após minha recusa, entretanto o seu carro
para mais uma vez ao meu lado.

— O sol está muito forte, eu te deixo onde você precisa


estar.

Respiro fundo e me viro para olhar para ele.


— Tenho certeza de que para onde o senhor precisa ir
não é do outro lado da cidade, que é para onde estou
indo.

— Como você pode ter tanta certeza? Hoje é um bom-


dia para eu dirigir até o outro lado da cidade, dirigir longas
distâncias me acalma e é disso que estou precisando, só
assim consigo pensar mais tranquilamente. Então aceite
minha carona.

Por mais que eu ainda esteja irredutível em aceitar sua


proposta, suas palavras não me pareceram ser mentira.

Concordo e vou até a porta do passageiro.

— Muito obrigada.

Sorrio para ele, que não me retribui.

Assim que estou acomodada ele começa a dirigir.

Essa situação é muito estranha, pois estou no carro do


homem que vai me fazer perder o emprego que acabei de
conseguir.

Balanço minha cabeça para os lados, não adianta mais


ficar pensando nisso, então decido puxar assunto.

— Me desculpe perguntar, mas por qual motivo o


senhor precisa se acalmar? Talvez conversar possa te
ajudar.
Ele desvia seu olhar da estrada e me olha
rapidamente, só então presto atenção na sua beleza, fico
hipnotizada.

— Me chame de você, ou Davi, já ouço a palavra


“senhor” o dia inteiro, não estou na empresa nesse
momento.

— É um pouco complicado para mim me direcionar ao


senhor por “você”, mas posso tentar.

Davi não diz nada, apenas concorda meneando a


cabeça discretamente.

— Eu nem te conheço direito para desabafar com você.


E outra, você não vai entender os meus problemas.

Nossa! Já vi que ele é mal-humorado.

— Exatamente por isso. Como estou do outro lado,


posso te ouvir, e quem sabe te aconselhar, não é porque
estou trabalhando como diarista que sou uma pessoa
ignorante.

— Eu não disse isso.

Ficamos em um silêncio constrangedor, até que ele


começa a falar novamente.

— Vou te contar um dos meus problemas, até porque


daqui a pouco vai estar circulando em toda a internet e nos
telejornais.
Assim que ele começa a contar sua expressão facial
muda e se torna mais dura, porém ao mesmo tempo
preocupada.

Ouço tudo o que o Sr. Bernardi diz e sinto a sua


preocupação em relação ao que aconteceu.

Não estou acostumada a ver pessoas importantes


preocupadas com pessoas da nossa classe. Então, apesar
de ele não ter tido piedade de mim, percebo que o
julgamento que fiz foi equivocado, mas eu nunca iria
imaginar que ele realmente iria se preocupar pelo que estou
passando.

— É, parece que você tem um coração dentro do


peito.

Na mesma hora ouço sua risada, o que me deixa um


pouco sem graça.

— Eu prezo e respeito meus clientes, não importa se


ele é da classe A, B, C ou um sem-teto. Quando algum
funcionário meu desrespeita alguém dentro do meu
estabelecimento, não posso simplesmente fechar os meus
olhos.

Ele para o carro no semáforo e algumas pessoas


atravessam na faixa de pedestre.

— Nunca imaginei que pessoas como você se


importasse com pessoas como eu.
— Como assim, “pessoas como você”?

— Pobres. Pessoas da sua classe social só faltam


cuspir quando ver um pobre.

Davi olha novamente para a frente e percebo ele


apertando o volante.

— Deixa eu te falar uma coisa: graças a Deus eu tenho


uma vida financeira boa, mas nem sempre foi assim. Minha
família começou de baixo, abrindo um pequeno sacolão na
frente da casa em que morávamos, minha mãe e meu pai
trabalhavam igual loucos, meu pai acordava de madrugada
todos os dias para ir no Ceasa buscar verdura, eles lutaram
muito para chegar onde estamos hoje.

O sinal abre e Davi volta a colocar o carro em


movimento.

— Eu tive sorte, mas nunca vou negar as minhas


origens.

Não sei nem o que dizer com o que ouço.

Novamente o silêncio toma conta do ambiente, mas


graças aos céus não dura muito.

— Agora me diz, como você, uma péssima diarista,


resolveu encarar essa carreira?

Sou surpreendida por sua mudança tão repentina de


assunto.
— Eu não escolhi, a vida me levou para esse caminho.
As outras residências que eu já limpei não tinham um
arsenal tão grande de produtos de limpeza, na sua casa
tinha coisas que eu nunca nem tinha visto antes, mas o
cheiro era delicioso.

Assim que comento, Davi fica momentaneamente


quieto.

— Mas se você tivesse feito algum curso para diarista


saberia que não se deve misturar certos produtos.

Meu rosto imediatamente fica vermelho, pois nem para


um simples curso de diarista tenho como pagar.

— Para ser sincera, eu não tenho experiência a esse


nível, eu fiquei sabendo sobre as vagas de emprego por
duas moças que estavam conversando em uma praça no dia
em que fui demitida do meu antigo emprego...

Relato como consegui esse emprego.

Davi assente com a cabeça.

— Mas depois de hoje eu vou fazer o possível para


tirar o melhor proveito disso tudo e eu já tenho uma ideia do
que fazer para conseguir dinheiro.

— E o que seria? Se você não se importa em me


dizer.

Nego rapidamente, não tem por que não contar.


— Estou pensando em vender algo no Jardim Botânico
para os turistas. Só não sei ainda como iniciar esse negócio
sem capital.

— Entendo.

Não demora muito e o carro para em frente a Supri.

— Muito obrigada por ter me trazido até aqui, me


economizou o dinheiro da passagem e bastante tempo,
espero que não tenha atrapalhado você.

— Eu realmente estava precisando espairecer, e te


trazer aqui foi bom.

Sorrio em resposta, e antes que eu saia do carro me


lembro de algo.

— Eu espero que seus problemas se resolvam da


melhor forma possível, estarei na torcida.

— Obrigado.

Abro a porta do carro e saio, respiro fundo, pois terei


que devolver meu uniforme e pedir desculpas pelo
transtorno que causei.
Assim que estou prestes a entrar na empresa, sinto
alguém segurar em meu braço, me viro e vejo Davi.

— Quanto é a sua diária, quero pelo menos te pagar


pelo dia de hoje.

Apesar de saber que o valor não fará falta para ele,


não quero.

— Não precisa, eu não fiz nada no seu apartamento.

— Mesmo assim, você se locomoveu até lá, vou me


sentir melhor se você aceitar pelo menos a diária de hoje.

Nego, porém, ele está irredutível, então, depois de um


tempo acabo aceitando, mas com um certo peso na
consciência.

Ele esboça um pequeno sorriso de canto e


imediatamente sinto meu rosto esquentar.

— Eu não apoio você ser diarista, pois não é algo que


você tem vocação, e para ser sincero gostei de ouvir que
você pensa em empreender em algo, sempre irei apoiar um
espírito empreendedor. Vou ficar muito feliz em saber que
eu proporcionei o primeiro empurrão.

— Serei imensamente grata, nunca irei esquecer o seu


gesto. Muito obrigada, de verdade.

Sem pensar nos meus atos, me aproximo e o abraço,


sinto que o peguei de surpresa, mas logo me afasto.
Sinto seu olhar intenso sobre mim, o que me deixa
ainda mais envergonhada pelo que acabei de fazer,
entretanto o Sr. Bernardi não comenta nada.

— Espero que tudo dê certo na sua vida, Cecília.

— Muito obrigada, Davi.

Ele se afasta de mim e entra no seu carro, em seguida


dá a partida. Fico ainda algum tempo olhando na direção
em que o carro seguiu, olho para o dinheiro na minha mão e
agradeço silenciosamente, pois o valor é muito mais que o
valor de uma simples diária.
Assim que entro no prédio da Supri, caminho até o
balcão da recepção e informo que preciso conversar com o
Sr. Marcelo.

A moça pega o telefone e faz uma ligação, então


minutos depois me manda entrar.

Agradeço e sigo em direção à sala.

Bato na porta e assim que ouço ele autorizar a minha


entrada, abro e entro.

— Boa tarde, senhor.

Marcelo não está com uma expressão muito boa.


— Boa tarde só se for para você, pois para mim não
tem nada de boa, Cecília. Fiquei com problemas com um
dos meus melhores clientes, o Sr. Bernardi me ligou e
informou tudo o que aconteceu, e ainda me chamou de
irresponsável por colocar alguém desqualificado para
trabalhar. Eu acredito que você já saiba que não tem
nenhuma chance de você permanecer aqui na Supri, não
é?

Ainda de pé próxima à porta, abraço a minha bolsa,


abaixo a cabeça e confirmo.

— Você acabou me causando alguns prejuízos, vou ter


que enviar uma nova diarista no apartamento do Sr.
Bernardi. Então, pelo contrato que você assinou, você
arcará com diária da nova pessoa.

Fico em choque com o que ouço.

— Como assim? Eu não tenho esse dinheiro.

Marcelo olha para mim e começa a rir.

— Eu vi a hora que você chegou aqui na empresa, pois


estava voltando do meu horário de almoço. E sei muito bem
de quem é aquele carro. Por acaso, no lugar da faxina você
não fez outros tipos de serviços para o Sr. Bernardi?

Fico sem acreditar nas palavras dele.

— Eu não permito que você me falte o respeito, sei que


eu cometi um erro, mas isso não te dá o direito de me tratar
assim.

Ele se levanta da sua cadeira e vem em minha


direção.

— Se você quiser me pagar da mesma forma que deve


ter pagado para ele, eu aceito.

Ele tenta me segurar, mas não penso duas vezes e lhe


dou um chute no meio das pernas.

— Eu não fiz nada disso que o senhor está me


acusando, não julgo quem faça, mas não sou esse tipo de
pessoa.

Abro a minha bolsa, retiro o uniforme de dentro e


praticamente o jogo em cima da sua mesa, indignada pela
forma que ele me tratou. Vou em direção à porta, porém,
antes de sair, me viro em sua direção.

— O senhor comentou que eu acabei dando prejuízo


para a empresa, não é mesmo? Será que teria como me
dizer como isso aconteceu? Sendo que eu não recebi nada,
pois seria uma experiência. Então o senhor pega o valor
que iria me pagar e passe para a diarista que terá que ir
fazer o trabalho que eu não fiz, com isso eu não devo nada
a empresa, ao contrário, o senhor que deveria me pagar,
pois eu fui até o local usando o meu dinheiro.

Após meu pequeno discurso, o vejo travar o maxilar e


me olhar de forma irritada.
Viro as costas e volto a caminhar, mas assim que
coloco a mão na maçaneta o ouço atrás de mim.

— Eu não vou me esquecer disso, Cecília.

Não olho para trás e saio dali o mais rápido possível.

Assim que piso fora da empresa, levo uma das minhas


mãos ao peito e tento me acalmar, sinto uma lágrima
escorrer dos meus olhos, não consigo acreditar no que
acabou de acontecer.

Olho para a placa com o nome da empresa e penso em


Marília e na Amália. Se ele fez isso comigo, que não estava
nem contratada, imagine o que ele não faz com quem
está.

Tal pensamento me faz sentir mal pelo que temos que


passar em muitos ambientes de trabalho, principalmente
nós, mulheres. Fui demitida por acharem que eu estava
tendo um caso com o marido da minha ex-chefe, e hoje
essa humilhação que acabei de passar com o Sr. Marcelo
foi a gota d’água. Se Deus quiser nunca mais vou passar
por algo parecido.

Apesar desse fatídico momento, nem tudo foi ruim, pois


graças ao senhor Davi vou conseguir montar o meu
negócio.

Suspiro e começo a caminhar para ir para casa, quero


sair daqui o mais rápido possível.
Quando estou próxima a uma lanchonete, sinto
novamente minha barriga roncar, não comi nada desde que
saí de casa pela manhã. Se eu não colocar algo no meu
estômago não vou aguentar a caminhada até chegar em
casa, então decido parar no estabelecimento e fazer um
lanche.

Assim que entro na lanchonete vou direto para o


balcão, me sento em um banco, peço um misto-quente e um
suco de laranja.

Enquanto meu lanche não fica pronto, fico pensando


sobre tudo que aconteceu, e mais uma vez a imagem do
senhor Davi vem à minha mente, ele é um homem muito
bonito, porém tem um semblante de uma pessoa que
carrega um grande sofrimento.

Sou tirada dos meus devaneios com a atendente me


entregando meu pedido.

Dou uma primeira mordida no misto-quente e chego a


delirar de tão gostoso, meu estômago agradece pelo
aperitivo. Entre uma mordida e outra penso na conversa
que tive com o Sr. Davi sobre eu ter o meu próprio negócio
e um sorriso surge instantaneamente.
Vender algo no Jardim Botânico pode dar muito certo,
por ser um local que recebe diariamente uma grande
quantidade de visitantes. Agora eu preciso decidir o que
fazer para vender. Bebo o restante do suco, faço o
pagamento e saio da lanchonete.

Caminho por alguns metros de cabeça baixa, mas algo


me chama a atenção.

— Olha o carro das frutas, temos laranja docinha,


banana e as maçãs mais vermelhinhas que você já viu.

Olho para frente e vejo um carro de frutas e lembro o


quanto minha mãe ama laranja e que há dias nós não
compramos, então decido aproveitar o dinheiro que recebi
hoje e levar algumas para ela.

Caminho até onde o carro está parado e escolho


algumas laranjas, mas quando olho para a cesta de maçãs,
uma lembrança me vem à mente.

“— Ceci, adivinha o que eu trouxe para você?

— Pão de queijo! — falo, toda animada.

— Errou, mas vou te dar mais uma chance.

— Me dá uma dica, tio.


— Vamos ver o que eu posso dizer para te ajudar... É
vermelha, docinha e tem um caramelo em volta.

Dou um grito de euforia, pois ontem eu disse para ele


que estava com vontade de comer maçã do amor.

— MAÇÃ DO AMORRRRRR.

Olho para Luiz e ele está com duas maçãs do amor,


uma em cada mão, ele me entrega uma e a outra para
minha mãe, vejo nos olhos dela um brilho especial.”

Com essa doce lembrança me vem uma ideia, é isso


que vou vender no Jardim Botânico, pois lá tem vários
casais apaixonados e muitas crianças, tenho certeza de que
vai dar muito certo.

Pago as laranjas e sigo meu caminho para casa


pensando em como vou fazer para essa ideia dar certo.

— Cecília.

Saio dos meus devaneios com a voz de alguém me


chamando, quando me viro para ver quem é fico surpresa
ao encontrar Guilherme, meu amigo de infância, em frente a
uma loja de roupas masculinas.

Guilherme e eu passamos boa parte da nossa infância


e adolescência juntos, minha mãe cuidava dele quando
éramos crianças, também estudávamos na mesma escola,
só que ele conseguiu ir adiante, enquanto eu tive que
interromper meu grande sonho de cursar a faculdade de
psicologia e trabalhar para ajudar minha mãe com as
despesas da casa.

— Não acredito! Gui, quanto tempo, como você está?

— Muito tempo sem te ver, estava com saudades.


Voltei há menos de um mês, estava colocando as coisas em
ordem para depois ir visitar você e a tia.

Abraço meu amigo, pois realmente estava morrendo de


saudades dele.

Há um ano e meio Guilherme foi selecionado pela


empresa que ele trabalha para fazer um curso em São
Paulo, que duraria 1 ano, e acabou ficando mais tempo do
que estava previsto, pois finalizou o curso em primeiro lugar
na colocação, com isso ele garantiu uma vaga para ficar
trabalhando na empresa de São Paulo por mais seis meses
e ainda ganharia um bônus mensalmente no seu salário
enquanto estivesse lá.

— Nossa, Gui, que legal! Apesar da falta que senti de


você, estou muito feliz, pois sei o quanto você sempre
gostou de trabalhar na parte de montagem dos
automóveis.

Nos separamos e sorrio para ele, porém, Guilherme me


conhece, por mais que nesses últimos tempos ficamos
longe não deixamos de nos falar por telefone, mas nunca
contei para ele as dificuldades que mamãe e eu estamos
enfrentando, nunca foi fácil nossa vida, mas nesses últimos
anos têm sido muito pior.

— O que está acontecendo? Sei que está feliz por me


ver, mas essa carinha triste não me passou despercebido.

Suspiro e olho em direção à rua.

— São tantas coisas, Gui...

Guilherme me chama para irmos até uma praça, que


fica do outro lado da rua, para que possamos sentar e
conversar.

Resumo para ele os acontecimentos do último ano e


também conto o que me aconteceu nos dois últimos
empregos, e como não aguento mais ser humilhada.

— Cecília, você tem que denunciar esse homem, onde


já se viu tentar te agarrar?

Guilherme fica super nervoso com o que aconteceu


hoje em relação ao Marcelo.

— Vai ser a minha palavra contra a dele, e tenho


certeza de que outras já passaram pelo mesmo, quem faz
uma vez, faz várias, mas quem iria ter coragem de
denunciar?

Ele passa a mão nos cabelos e dá uma leve puxada,


conheço meu amigo, e com esse simples gesto sei que ele
está a ponto de explodir.
— Mesmo assim, alguém tem que abrir o caminho,
você denunciando pode aparecer outras pessoas que
passaram pelo mesmo.

— Deixa isso para lá. Graças a Deus ele não


conseguiu fazer nada mais sério.

Antes que ele continue insistindo na denúncia, mudo


de assunto e conto sobre a ideia de vender maçã do amor
no Jardim Botânico, sei que ainda preciso ver se é viável
por causa da distância da minha casa até lá.

— Talvez o valor que eu tenha que vender as maçãs só


cubra os gastos que terei com as passagens e materiais
para fazê-las, não me dando lucros, preciso estudar muito
para não ficar no prejuízo.

— Acho que posso te ajudar.

Meus olhos saltam de felicidade ao ouvir essas


palavras.

— A partir da próxima semana começarei a fazer


faculdade, de segunda a sexta, no período noturno, e eu
irei de carro. Como fica ali perto do Jardim Botânico, eu
posso te dar carona nesses dias, assim você não vai
precisar gastar com passagem, te deixo em casa sem
problema nenhum.

Não consigo conter a alegria e o abraço novamente em


agradecimento.
— Minhas aulas vão até às 22h, você pode ficar me
esperando e vendendo suas maçãs, o parque também é
muito movimentado durante a noite.

Fico muito feliz com o que o Guilherme me diz, e com


isso eu sinto que ainda há esperança e que nada está
perdido.

Ele se levanta e estende a mão para mim.

— Vamos, eu te levo em casa.

Assinto, e sigo com ele até onde está o seu carro.

No caminho até em casa, Guilherme e eu vamos


relembrando de quando éramos mais novos e tínhamos
muitos sonhos. E um dos meus sempre foi cursar a
faculdade de psicologia e ele de engenharia mecânica,
graças a Deus pelo menos um de nós está conseguindo
seguir o seu sonho.

Entre uma conversa e outra, Guilherme deixa escapar


que está gostando de uma menina que trabalha com ele.

— Por que você não a convida para sair? O “não” você


já tem, agora batalhe pelo “sim”, e eu tenho certeza de que
ela vai aceitar, você, além de ser um cara educado, também
é um gato.
Ele me olha rapidinho, sorri e volta sua atenção ao
trânsito.

— Você tem razão, dentuça, vou criar coragem e


convidá-la para sair.

Faz tanto tempo que não ouço esse apelido que ele me
deu quando éramos adolescentes, que agora que ele disse
nem parece que ficamos tanto tempo afastados.

“É como voltar no tempo.”

— Eu sempre tenho razão, cérebro.

Começamos a rir por causa dos nossos apelidos.


Guilherme sempre foi muito inteligente, já eu, quando era
adolescente, tinha os dentes da frente grandes e tortos,
mas graças ao aparelho que usei por alguns anos não são
mais assim.

Ficamos mais um tempo conversando até Gui


estacionar em frente à minha casa.

— Está entregue.

— Não quer entrar um pouco?

Aponto em direção a casa.

— Hoje não, tenho que terminar de organizar algumas


coisas, e ainda hoje preciso levar uns documentos que
ficaram faltando na faculdade.
— Então, muito obrigada por me trazer, economizei
muito tempo.

— Amigos servem para isso, e com a gente não tem


esse problema, fica tranquila, sempre que precisar pode me
ligar, e se eu estiver por perto vou até você.

Sorrio e lhe dou um beijo no rosto antes de descer do


carro.

— Vou tentar vir aqui antes da próxima segunda, mas


se eu não conseguir passo aqui na segunda às 17h para te
buscar. Qualquer coisa me liga.

Assinto, e mais uma vez agradeço e vou em direção a


minha casa.

Entro toda animada em casa, deixo a sacola com as


laranjas e minha bolsa em cima da mesa da cozinha e vou
direto para o banheiro, preciso tomar um banho urgente
para tirar o suor do meu corpo.

Acordo toda animada, pois hoje é o grande dia, essa


última semana foi bem agitada, pois preparei tudo para este
dia.
Chego na cozinha e vejo que minha mãe está em pé
em frente ao fogão preparando café, olho para a mesa e
percebo que ela já lavou todas as maçãs.

— Tentei adiantar seu serviço, minha filha.

Me aproximo dela, beijo seu rosto e agradeço.

— Vou pegar um papel toalha para secá-las e preparar


a calda. Quero fazer agora de manhã para estar bem fria na
hora de embalar.

— Mas antes você vai tomar café.

Assinto, e me sento para secar as maçãs enquanto


espero ela terminar o nosso café.

Coloco a calda para ferver com todo cuidado do


mundo, faço tudo conforme as instruções da receita. Fiz
algumas no fim de semana para testar e todas ficaram
crocantes. Como não pode demorar muito para banhar as
maçãs na calda ou ela fica dura, enquanto ela não fica
pronta, forro uma travessa com papel manteiga e espeto o
palito nas maçãs, separo as embalagens plásticas e corto a
fita de cetim em pedaços pequenos para fazer os laços.

— Mãe, será que a senhora poderia me fazer um favor?


Ir na casa da dona Vilma buscar a faixa e o avental que eu
encomendei, ela disse que ficaria pronto agora de manhã.

— Claro, minha filha.

Mandei fazer uma faixa para usar em meus cabelos e


um avental, ambos rosa-claras com estampa de pequenas
maçãs.

Com o coração acelerado de ansiedade, olho para o


relógio e me certifico de que faltam poucos minutos para o
Guilherme chegar, então volto meu olhar para a mesa e
contemplo a cesta repleta de maçãs do amor, deu trabalho,
mas tenho fé em Deus que valerá a pena.

Meu celular vibra na minha mão, olho no visor e vejo


uma mensagem de voz de Guilherme.

— Ceci, em dois minutos estarei em frente ao seu


portão.

Não respondo, apenas recolho todo material que


precisarei para fazer minhas vendas e saio de casa para
esperá-lo no portão.

Quando coloco meus pés fora do portão, vejo o carro


do meu amigo virando a esquina da minha casa.
Assim que ele para, me orienta a colocar a cesta no
banco de trás, faço e logo me sento no banco ao seu lado.

— Pronta para seu primeiro dia como


empreendedora?

Apesar de todo nervosismo, sorrio para ele.

Durante o percurso, Gui e eu vamos colocando os


assuntos em dias.

— Segui seu conselho e convidei a Júlia para sair, e


ela aceitou.

Bato palminhas feito criança, toda empolgada pelo meu


amigo.

— Eu falei para você que ela ia aceitar.

Mesmo ele olhando para frente, percebo o sorriso que


tem em seus lábios.

— Você está apaixonado?

O veículo para em um sinal vermelho e ele olha para


mim.

— Não sei se é paixão, mas é algo novo, eu nunca


senti nada parecido por ninguém. Sabe aquela vontade de
sempre estar perto da pessoa?

Mesmo nunca tendo vivido um sentimento assim,


balanço a cabeça em concordância.

— A vi pela primeira vez no refeitório da fábrica, ela


estava sentada a uma mesa à minha frente, fiquei
hipnotizado olhando para ela, quase perco meu horário de
almoço.

Gui para de falar por alguns segundos enquanto volta a


colocar o carro em movimento.

— Ela tem um sorriso lindo, um brilho nos olhos...

— Não precisa me dizer “estou apaixonado”, a forma


que você fala dela já diz tudo.

Fico muito feliz que meu amigo tenha encontrado


alguém que o faça sentir essas sensações, não sei se
algum dia irei passar por isso, pois com as escolhas
forçadas que a vida me fez fazer não tenho tempo para uma
simples paquera. Tenho 20 anos e muitas responsabilidades
para uma pessoa da minha idade, as meninas dessa faixa
etária estão saindo e curtindo, e eu trabalhando para não
ficar sem um teto para morar.

Ficamos conversando por mais um tempo até que Gui


me informa que chegamos, e para o carro em frente à
entrada do Jardim Botânico.
— Espero que você venda tudo, e assim que terminar a
aula eu venho te buscar.

Desço do carro e sinto um leve tremor nas mãos de


nervoso, abro a porta de trás, pego meu avental e visto,
encaixo a cesta no meu antebraço e me despeço do meu
amigo.

Cada passo que dou para dentro do parque meu


coração dispara, é um misto de ansiedade, medo, timidez e
um pouco de vergonha, porém me lembro que tenho contas
para pagar, então levanto minha cabeça, respiro fundo e
caminho firme até um casal que está tirando fotos sentados
na escadaria.

— Boa tarde, casal! Desculpa atrapalhar o momento de


vocês, mas gostaria de saber se gostariam de comprar a
melhor maçã do amor que vocês vão provar na vida. Essa
maçã é mágica, ela vai adoçar ainda mais a relação de
vocês — falo de um jeito brincalhão, mas com seriedade e
firmeza.

— Se é mágica eu quero, estou tentando convencer


essa linda mulher a namorar comigo, mas ela está dura na
queda, então vou confiar na magia da maçã.

Uma simples brincadeira me fez ficar emocionada. A


moça aceita o doce e diz que vai pensar na proposta após
comer.
Deixo o casal de namorados, pois tenho certeza de que
ela vai aceitar, e caminho até um grupo de pessoas que
estão sentados em um pano xadrez, algumas crianças
correm em minha direção quando estou me aproximando e
começam a pedir para os pais comprarem. Os cumprimento
de forma educada, mas faço uma abordagem diferente.

— Acho que essas crianças merecem ganhar uma


maçã do amor só por serem tão lindas, vocês não acham,
papais?

Após vender dez maçãs para o grupo, ganho mais


coragem para continuar minhas abordagens e vender o
restante.

Quando olho no relógio, faltam alguns minutos para o


horário em que Guilherme marcou, então decido guardar
essa última maçã para ele, vou para o local que
combinamos e assim que chego vejo seu carro
estacionando, ele desce e vem até mim.

— Como foi o primeiro dia, Ceci?

Toda feliz, lhe entrego a maçã e conto como foi difícil


perder a timidez e a vergonha para fazer a primeira venda,
mas eu descobri que brincando com as pessoas eu consigo
convencê-las a comprar com mais facilidade.
— Eu sabia que não iria ser fácil, mas tinha certeza de
que você iria tirar de letra. Vamos, você deve estar
cansada, e amanhã tem mais.

Entro no carro toda animada, pois se for assim todo dia


eu vou conseguir desafogar as contas.

Um mês depois...

Mais uma vez saio do carro do meu amigo toda


animada para começar minhas vendas. Nem acredito que
hoje completa um mês que comecei esse meu pequeno
negócio e graças a Deus está dando supercerto, todos os
dias vendo toda a produção que faço, já aconteceu de
voltar para casa com encomendas para o dia seguinte.

Caminho para onde sempre fico pensando nas


novidades que pretendo trazer na segunda, esse fim de
semana vou testar fazer uvas do amor e morango no
chocolate. Quero ter mais variedades de produtos para
vender.

Quando estou chegando ao local, não consigo acreditar


no que estou vendo, uma mulher também vendendo maçã
do amor.
Respiro fundo para não me abalar, aqui é um lugar
público, então não posso impedir ela de estar aqui.

Passo por ela e vou um pouco mais para frente, o lugar


fica ainda mais movimentado nessa época do ano, pois a
primavera deixa tudo mais florido e um clima agradável
para os amantes da caminhada.

Percebo um casal caminhando em minha direção e


decido ir de encontro a eles, mas para minha surpresa
minha concorrente quase me atropela para chegar ao casal
antes de mim.

— Não é possível!

Acabo me expressando em voz alta enquanto procuro


um lugar para vender meus doces, volto para o local onde
fico todos os dias, então vejo um monte de crianças vindo
correndo em minha direção. Para proteger minha cesta e
meus produtos não caírem, a levanto para o alto e me viro
rapidamente de costas para as crianças, mas acabo
trombando em um verdadeiro “armário” de músculos e
caindo de bunda no chão. Levanto meu olhar para a
pessoa, morta de vergonha, mas quando nossos olhos se
encontram não consigo acreditar de quem se trata, fico
surpresa com o Sr. Bernardi bem na minha frente.

Então ele estende a mão para me auxiliar a me


levantar.
— É impressão minha ou os nossos destinos gostam de
te deixar aos meus pés? Segunda vez que nos encontramos
e em todas elas tenho que te levantar do chão.
Cecília não estava errada quando disse que eu estaria
fora da minha rota ao trazê-la aqui na Supri.

Assim que ela saiu da minha casa fui para o banheiro


do quarto de hóspede, pois o meu ainda estava com o
cheiro muito forte. Tomei um banho e após me vestir resolvi
ir até o cemitério, mas foi uma surpresa vê-la sentada no
ponto de ônibus. Olho no relógio e constato que já se
passou quase uma hora desde que ela deixou meu
apartamento.
Após alguns minutos no trânsito meu celular começa a
tocar, olho no painel e vejo o nome de Cristina, minha
secretária, atendo pelo comando de voz e logo o carro é
preenchido com o som nervoso da sua voz.

— Sr. Bernardi, na frente da empresa está cheia de


repórteres querendo algum pronunciamento sobre o
ocorrido e todos estão esperando pelo senhor.

— Cristina, cadê a droga do pessoal de relações


públicas que ainda não emitiram uma nota de
esclarecimento? Deixei ordem para que isso fosse feito
quando saí da empresa.

Soco o volante.

— Eles soltaram uma nota, mas parece que a imprensa


não ficou satisfeita e quer ouvir diretamente do senhor.

Ainda não tive tempo de entrar na internet para saber


como está a situação na mídia, tenho certeza de que o
nome da empresa está sendo um dos assuntos mais
comentados e infelizmente não é para algo bom.

— Peça para o Thiago e a Fabiana me aguardarem na


minha sala, em no máximo 40 minutos chego aí.

— Sim, senhor.

— Cristina, entre em contato com o jurídico e certifique


que eles mandem alguém até o rapaz para oferecer o
suporte que eu pedi.
— Farei isso, senhor.

Encerro a ligação.

Só em pensar no que vamos enfrentar minha cabeça


volta a doer.

Um mês depois...

Com o passar dos dias a questão que aconteceu foi


amenizando. Após a nota ser emitida, muitas pessoas
acusaram a empresa de pagar a imprensa para “abafar” o
caso, mas o homem que foi agredido veio a público e disse
que estamos dando toda a assistência necessária e graças
ao que ele disse nossa situação melhorou um pouco
perante a sociedade.

Com tudo que aconteceu nesses últimos dias, não


tenho conseguido sair nem para relaxar. Meu estresse era
tanto que mesmo mantendo contato apenas por telefone
com meus pais, eles perceberam o meu cansaço, tanto que
meu pai se ofereceu para ficar cuidando da empresa por
alguns dias para eu tirar uns dias de férias, porém
recusei.

Olho no relógio em cima da minha mesa e vejo que são


quase 18h. Junto alguns documentos que vou revisar em
casa, fecho meu MacBook e guardo tudo dentro da minha
pasta.

Há alguns dias venho trazendo comigo para empresa


uma bolsa com roupa de academia, mas nunca consigo ir,
pois venho saindo extremamente tarde daqui, porém hoje
vou sair mais cedo e pretendo correr no parque para
respirar ar fresco.

Me troco, saio da sala, caminho até a mesa de Cristina


e informo que ela pode ir embora.

Após um treino leve, pois estou há alguns dias sem


treinar, caminho em direção à saída do Jardim Botânico,
duas crianças passam por mim correndo segurando maçãs
do amor e acabo sorrindo com a cena, pois lembro da
minha infância e quanto eu gostava de ir em parque de
diversão só para poder comer algodão-doce e maçã do
amor.

Continuo meu caminho e um pouco mais à frente vejo


uma mulher de costas com uma calça preta colada ao seu
corpo, meu olhar vai direto em sua bunda redonda e
empinada. Nesse momento percebo um grupo de crianças
correndo em sua direção, eufóricas.
Percebo quando ela levanta uma cesta para que as
crianças não derrubem, me aproximo mais, porém ela se
vira e acaba esbarrando em mim.

Assim que olho em seu rosto me recordo


imediatamente da mulher em questão, um sorriso surge em
meu rosto.

— É impressão minha ou os nossos destinos gostam


de te deixar aos meus pés? Segunda vez que nos
encontramos e em todas elas tenho que te levantar do
chão.

— Me desculpe, eu não vi que o senhor estava atrás de


mim.

Estendo a mão para que ela se levante.

Cecília segura em minha mão e se ajoelha antes de se


levantar, esse simples ato mexe com minha cabeça,
imagino ela nessa posição me dando prazer.

Imediatamente o meu pau dar sinal, discretamente


puxo a barra da minha camisa para tentar disfarçar.

Volto meu olhar para o seu rosto e percebo o quanto


está corada, provavelmente está com vergonha por ter
caído na frente de tantas pessoas.

— Se machucou?
— Não. Só caí porque me desequilibrei quando
esbarrei em você.

Me abaixo e recolho algumas maçãs que caíram não


chão, entrego para ela e então reparo que a casquinha
vermelha saiu da fruta e está solta no saquinho
transparente.

— Vou pagar por essas maçãs, já que a culpa do seu


desequilíbrio foi minha.

— Claro que não, não precisa.

— Eu faço questão.

Entrego o dinheiro para ela e em seguida Cecília me


oferece as maçãs, eu nego e ela fica sem entender.

— Você pagou por elas, nada mais justo que eu as


entregue para você.

— Não, obrigado, dê para algumas crianças, tenho


certeza de que elas vão gostar. E eu não posso comer
muito doce, tenho que manter a minha forma.

Cecília me olha de cima a baixo e constatar isso muito


me agrada.

— Te garanto que algumas maçãs do amor não vão


mudar o seu físico.

Acho graça da sua reposta.


— Você já terminou de vender as maçãs, não é? Quer
uma carona? Eu te deixo em casa.

Reparo que ela fica pensativa por alguns segundos.

— Na verdade, um amigo sempre me leva para casa.

O que ouço não me agrada muito.

— E a que horas ele costuma vir te buscar?

Ela olha no relógio em seu pulso e suspira.

— Ainda vai demorar um pouco, pois sua aula na


faculdade termina às 22h.

— E você vai ficar esperando esse tempo todo? Eu te


deixo em casa.

Mais uma vez Cecília fica pensativa, provavelmente


pensando se deve ou não aceitar a minha carona.

— Então vou mandar uma mensagem para ele, dizendo


que como já vendi todas as maçãs antes do previsto, estou
indo embora mais cedo.

— Tudo bem, eu vou te esperar então.

Ela concorda, e assim que ela se vira tenho a visão


novamente das suas costas e inevitavelmente olho para sua
bunda.
Como eu sugeri, ela entrega as maçãs para algumas
crianças.

Fecho meus olhos para tentar controlar todo desejo


que estou sentindo por ela, mas mesmo assim a imagem
que tive agora há pouco não sai da minha cabeça.

“Puta que pariu, isso é falta de sexo, preciso


descarregar minhas energias.”

Estou parecendo um adolescente que não pode ver


uma mulher gostosa que fica de pau duro.

Ela guarda o seu celular dentro do bolso do avental, e


em seguida vem até mim.

— Eu já enviei uma mensagem para ele, então


podemos ir.

Concordo, e em seguida ela me acompanha até o


estacionamento.

— Como está sendo as vendas?

— Muito boas, para ser sincera eu não esperava que


daria tão certo.

Sorrio ao ver sua animação.

— Fico muito feliz por você, Cecília.

— Nada disso teria sido possível se não fosse pelo


senhor.
Olho para o lado e seus olhos estão brilhando, sinto
algo diferente por causa desse olhar, mas não sei explicar.

— O que nós já conversamos? Sem o senhor, por


favor.

— Me desculpe, ainda é um pouco difícil te chamar


pelo nome.

— Meu nome não é tão difícil de dizer, ou é?

Dou um sorriso de lado e ela fica envergonhada.

Cecília respira fundo, então volta a olhar em minha


direção.

— Muito obrigada por essa oportunidade, Davi, se não


fosse por você, talvez eu ainda estivesse procurando por
algum emprego.

Meu sorriso morre na mesma hora que a ouço dizer o


meu nome.

— Continue trabalhando duro, só assim você vai me


mostrar que realmente está agradecida pelo pequeno
empurrão que eu te dei.

— Farei isso, pode apostar.

Continuamos andando, e assim que estamos próximo


do estacionamento, um rapaz vem em nossa direção
pedalando uma bicicleta em alta velocidade, percebo que
pode acabar colidindo com a gente, então seguro na cintura
de Cecília e a puxo para perto de meu corpo, porém ela
acaba se assustando.

— Você está bem? Pego em seu queixo e a faço olhar


para mim.

— Graças a você, estou sim. Eu não percebi o ciclista


vindo em nossa direção.

— Estou percebendo que você atrai o perigo, você


precisa ter mais atenção.

Digo isso e toco na ponta do seu nariz, então,


percebendo que ainda estou com a mão em sua cintura e
ela com as dela em meu peito, ao perceber para onde estou
olhando, Cecília rapidamente se afasta.

— Não tenho culpa que você me distrai, mas vou tentar


prestar mais atenção quando você não estiver por perto,
obrigada.

Logo em seguida chegamos ao lugar onde meu carro


está estacionado, aperto o alarme e abro a porta para
Cecília, ela entra e tira o avental, dobra e o coloca dentro
da sua bolsa. Guardo a cesta no banco de trás, assim que
me sento no meu lugar olho para o lado e não consigo
desviar os olhos do local onde os botões da sua blusa estão
abertos.

Coloco o cinto e dou a partida no carro.


Entrego o meu iPhone para ela e peço para que ela
coloque o endereço no GPS.

Assim que ela coloca, me devolve o celular e eu o


coloco preso no painel do carro.

Percebo que é bastante longe, mas não comento


nada.

— Como você está lidando com o problema do


espancamento?

— Quase tudo resolvido. Você estava acompanhando


as notícias?

Olha para ela, que confirma com a cabeça.

— Era impossível não acompanhar, estava em todas as


páginas do Instagram, além de ter passado no Jornal
Nacional.

Conversamos por todo o percurso, e quando estamos


próximos da sua casa, acabo perguntando se ela tem um
namorado esperando-a.

— Não, apenas minha mãe.


Paro o carro um pouco antes de chegar ao seu portão
e me viro para ela. Como já é tarde, a rua não tem
movimento, creio que ninguém vá nos ver.

— Pode parecer repentino, mas desde o momento em


que te vi de costa no Jardim Botânico eu não consegui tirar
os meus olhos de você, e ter você aqui ao meu lado está
levando todo o meu autocontrole.

Solto o meu cinto quando percebo que a respiração de


Cecília está mais acelerada, fazendo com que seu peito
suba e desça. Olho mais uma vez para o seu decote e em
seguida para os seus olhos.

Me aproximo de seu rosto e ela fecha os olhos, roço


minha boca em sua bochecha e ela suspira.

— Se você disser “não”, eu paro agora mesmo, mas se


você ficar assim quieta, vou interpretar como um
consentimento.

Ela abre os olhos, porém não diz nada.

— Eu vou te beijar, posso?

Cecília concorda e eu não perco mais tempo, solto o


seu cinto de segurança e a puxo para mais perto e beijo
sua boca.

Primeiro encosto nossos lábios, testando sua reação,


em seguida peço passagem com a minha língua, e quando
ela permite, enfim conseguimos nos entregar ao beijo
quente.

Afasto o meu banco para trás e a trago para meu colo,


esfrego minha ereção na sua bunda para que ela sinta o
quanto estou excitado, seguro em sua cintura e dou um leve
aperto, instantaneamente a ouço gemer em minha boca.
Subo uma de minhas mãos e acaricio seu seio por cima da
blusa, porém ela se afasta.

— Calma, espera.

Me afasto e vejo que ela ainda está com os olhos


fechados.

Encosto minha testa na sua e suspiro.

— É melhor eu parar por aqui — Cecília fala antes de


voltar para o seu assento.

— Tudo bem. Você aceita sair para jantar comigo?

Seus olhos dobram de tamanho, quando faço essa


pergunta.

— Jantar? Hoje?

— Sim, mas não hoje. O que você me diz?

— Eu não sei, vai ser um pouco difícil por causa do


transp...

Antes que ela continue a frase eu a corto.


— Pode ser no domingo, eu venho te buscar e depois
te trazer. Aceita?

Cecília fica um pouco pensativa, o seu silêncio me


deixa mais ansioso do que eu esperava.

— Tudo bem, eu aceito.

Dou um leve sorriso com sua resposta.

— Então venho te buscar no domingo às 19 horas.

— Okay! Acho melhor eu ir.

Ela tenta sair do carro, mas eu seguro em sua mão.

— Espere, vou te deixar em frente da sua casa, não


posso permitir que ande sozinha por aí.

— Não precisa, está perto.

— Sem discussão.

Após sua concordância, ligo o carro novamente e paro


em frente à sua casa.

Olho para sua boca e não resisto, a beijo mais uma vez
antes que ela saia.

Com muito custo me afasto ou não conseguirei deixá-la


ir. Peço para que ela espere, saio do carro e vou até a porta
do passageiro e abro.
Antes que ela se afaste, desbloqueio meu celular e
coloco em sua mão.

— Faça uma ligação para seu número, assim salvarei


seu contato e você terá o meu.

Ela faz uma cara estranha, mas não diz nada, digita o
seu número, faz a ligação e em seguida me entrega o meu
celular.

— Prontinho, agora você já tem o meu número e eu o


seu.

Nos despedimos, então entro no carro e dou a partida.


Pelo retrovisor, a vejo ainda na calçada e levando sua mão
até seus lábios.

Sorrio com essa última visão.


Após me despedir de Davi, fico ainda na calçada
olhando o carro dele se distanciar.

Levo minha mão até meus lábios e os toco, lembrando


da sensação dos seus lábios nos meus, e um sorriso se
forma em minha boca.

Quando estávamos no Jardim Botânico reparei que de


vez enquanto ele mapeava meu corpo de cima a baixo. A
princípio fiquei com um pouco de vergonha, pois achei que
ele estava reparando nas minhas roupas simples, mas
depois do que aconteceu dentro do carro sei que os olhares
foram por outros motivos, pude sentir ao me sentar no seu
colo.

Assim que entro dentro de casa vou direto para o meu


quarto, tiro a caixa de sapato, onde guardo o dinheiro, de
dentro do guarda-roupa e junto com o que consegui
vendendo as maçãs de hoje. para o valor que tem
guardado e fico ainda sem acreditar que desde que comecei
a vender maçã do amor volto para casa sempre com
dinheiro.

Fecho a caixa e me deito na cama.

Fico um tempo deitada, mas preciso me levantar e


tomar banho, por mais que eu queira continuar com o toque
dele em meu corpo, não posso simplesmente não me
banhar.

Me levanto, pego um short curtinho de malha e uma


regata, a noite não está quente, mas por alguma razão
estou sentindo muito calor.

Então as cenas do carro voltam a minha mente com


força, dos seus lábios tocando os meus, sua mão apertando
minha cintura e meu seio.

Ao me dar conta desse fato, sinto meu rosto se


aquecer.

— Ahhhh.

Coloco as mãos no rosto para abafar o meu grito.


— O que aconteceu hoje foi verdade? Não está sendo
um surto momentâneo?

Não posso negar que fiquei surpresa com as coisas


que ele fez.

Assim que olhei em seu rosto achei que poderia estar


sonhando novamente, pois desde o dia em que nos
conhecemos muitas vezes ele aparece em meus sonhos.

— Para com isso, Cecília.

Saio dos meus devaneios e vou para o banheiro,


preciso de um banho urgentemente. Então, assim que tiro a
minha roupa, mergulho minha cabeça embaixo da água,
lavo meus cabelos e, após passar o condicionador e
enxaguar, faço minha higiene.

Desligo o chuveiro e me enrolo na toalha, seco o meu


corpo e me visto, enrolo a toalha em meus cabelos e saio
do banheiro.

Vou para a sala e sinto um cheiro de comida


maravilhoso.

— Boa noite, minha filha. Como foi hoje?

Vou até minha mãe e beijo seu rosto.

— Boa noite, mãe. Foi perfeito, vendi todas as maçãs


novamente. Estou tão feliz que está dando tudo certo.
— Eu também fico feliz, minha menina. — Coloca a
mão na cintura. — Mas você não tem alguma coisa para me
contar?

Olho para minha mãe, que está um pouco séria, e acho


estranho, pois ela não é assim.

— Alguma coisa? Tipo o quê?

Minha mãe desliga o fogão e se vira para mim.

— Vi quando você chegou, e se não estou enganada


não foi no carro do Guilherme, a não ser que ele tenha
trocado. Mas o que realmente quero saber é: aconteceu
algo entre o Guilherme e você? Nunca te vi com esse
sorriso bobo.

Me assusto com a pergunta inesperada que minha mãe


faz. Hoje ela está de folga do seu trabalho no mercado e
está fazendo um bico cuidando da filha do nosso vizinho.
Provavelmente estava do lado de fora com a menina
quando eu cheguei.

— Oi? Não, claro que não, mãe. O Guilherme e eu


somos somente amigos, nada mais que isso, ele para mim é
como um irmão. E não foi ele que me trouxe hoje.

Dona Antônia estreita os olhos, tira as mãos da cintura


e cruza os braços na frente do peito.

— Se você não veio de carona com o Guilherme, quem


foi que te trouxe então? Tenho certeza de que essa pessoa
é a responsável por esse sorriso.

Nunca fui de guardar segredos da minha mãe, e não


vai ser agora que isso vai acontecer.

— Você se lembra do homem que te contei onde fui


limpar a casa e que acabou me ajudando para conseguir
montar o meu negócio?

Minha mãe concorda com a cabeça sem dizer nada.

— Então, nos esbarramos no Jardim Botânico, e como


eu já tinha vendido todas as maçãs antes do Guilherme ir
me buscar, ele se dispôs a me trazer até em casa.

Omito a parte que foi ele que comprou as últimas


maçãs.

— Cecília, como você entra no carro de um homem que


você viu somente duas vezes?

— Mãe, lembra que eu já entrei no carro dele no dia


em que ele me levou de volta para Supri? E outra, ele
nunca tentaria nada comigo, pois ele passou por tantos
problemas nesse último mês que tenho certeza de que o
que ele menos quer é um escândalo.

— Tudo bem, Cecília, mas você ainda não me explicou


o motivo da felicidade.

Sorrio para ela, que ainda não consegue desfazer a


armadura dura.
— Tenho um encontro. O Davi me chamou para um
jantar no domingo e eu aceitei.

O rosto da minha mãe fica ainda mais sério assim que


comento do encontro.

— Ahh, minha filha, você ainda é muito nova para


perceber as coisas. Você acha que esse ricaço quer mesmo
só sair com você? Ele quer muito mais do que um jantar,
Cecília.

— O Davi é diferente, mãe. A forma que ele me tratou


hoje… ele pode ter qualquer uma, se ele não fosse
diferente, por que teria me convidado para sair?

— Porque você é linda, minha filha, não somente o seu


rosto, mas o corpo, tudo. Homens só pensam em sexo, e
com esse ricaço não é diferente.

O que minha mãe diz me deixa um pouco indecisa.

“Será que é somente para isso que ele me convidou


para jantar com ele?”

Balanço minha cabeça para os lados para expulsar os


pensamentos negativos.

— Eu sei que a senhora quer me proteger, mas eu sei


que o Davi não é assim.

Pelo menos eu quero acreditar que ele não é assim...


Minha mãe se aproxima de mim e beija meu rosto.

— Tudo bem, minha filha, você é maior de idade e sabe


se cuidar, mas nunca se esqueça de se proteger, não
somente o seu corpo... — Aponta um dedo na direção do
meu coração. — Seu coração também.

— Vou me cuidar, mãe. Não se preocupe.

Me sento à mesa, que já está posta de um jeito bem


simples, minha mãe sempre faz questão de arrumar quando
está em casa, em seguida ela coloca a travessa com
macarrão à bolonhesa em minha frente.

— Por isso o cheiro estava delicioso.

Ela sorri e se senta, porém percebo que seu sorriso


não é o mesmo de sempre, sei que ela está preocupada
comigo.

— Vamos comer que já passou da hora. Amanhã você


vai trabalhar?

Respondo enquanto me sirvo com uma porção


generosa do macarrão.

— Vou sim, amanhã é um dos melhores dias para


vender, só não vou no domingo.

— Verdade, fim de semana o Jardim é lotado.


Como eu sei que ela não está de acordo com o meu
encontro de domingo, procuro não comentar mais sobre
ele.

Continuamos jantando, dessa vez conversando sobre


outros assuntos, alguns engraçados e outros nem tanto.

Eu nem acredito que hoje já é domingo, passei o dia


me arrumando, fazendo as unhas, hidratando os cabelos,
me depilando, não que eu esteja esperando que ele faça
algo, mas como eu sempre me incomodei com os pelos em
meu corpo, aproveitei que estava me dando um dia de
beleza e fiz o pacote completo.

Recebi uma mensagem dele mais cedo confirmando o


jantar e, para ser sincera, quando vi o seu nome no meu
WhatsApp eu não consegui acreditar, fiquei uns 5 minutos
olhando para a sua foto de perfil.

O respondi e confirmei que estava tudo certo, não


conversamos muito, pois ele disse que estava um pouco
ocupado no momento.

Olho no relógio e falta pouco mais de duas horas para


Davi chegar.
Assim que termino de escovar meus cabelos, o prendo
no alto e faço um coque. Quando estiver próximo do horário
que marcamos, eu o solto e ele fica com cachos naturais
nas pontas.

Não tenho roupas sofisticadas, mas creio que a roupa


que escolhi é bem bonita.

Um macacão preto longo de manga longa, sem decote,


mas nas costas ele é aberto até o início da cintura.

Comprei ele em um bazar, a vendedora disse que era


de uma estilista com um ateliê famoso, acreditei, pois não
conheço nada de moda.

Só comprei porque estava com um preço muito bom.

Me arrumo, e quando me olho no espelho gosto do


resultado, faço uma maquiagem simples, passo o
delineador e faço um gatinho delicado, rímel para marcar
bem meus olhos e fico em dúvida sobre qual cor de batom
usar, mas opto por um nude rosado.

Calço minha única sandália de salto preta, ainda bem


que eu não sou de usar saltos, com isso ela parece ser
novinha.
Após estar totalmente arrumada, solto meus cabelos, e
assim que me olho no espelho novamente, gosto muito do
que vejo.

Passo o perfume que ganhei de uma amiga da minha


mãe, ela comprou e não gostou por ser muito doce. Hoje
mais do que nunca agradeço a ela por ter me presenteado
com meu Coffee Woman Seduction, sou apaixonada por ele
e quase não uso para não acabar rápido.

Guardo meus documentos na bolsa e saio do quarto,


encontro minha mãe na sala assistindo algo na TV, assim
que ela se vira e me olha, sorri.

— Você está maravilhosa, filha. Espero que esse


encontro seja do jeito que você idealizou.

Vou até onde minha mãe está, me sento ao seu lado e


deito minha cabeça em seu ombro.

— Obrigada, eu também espero que ele seja perfeito.

Ela beija o meu rosto e eu me levanto, estou


começando a sentir calor, então decido esperar pelo Davi
do lado de fora.

Alguns minutos se passa e nada dele chegar. Olho no


relógio do celular e vejo que ele está dez minutos
atrasado.

Começo a ficar ansiosa com essa demora, do jeito que


Davi é meticuloso, ele nunca iria atrasar.
“Será que ele estava realmente brincando comigo como
a minha mãe disse?”

— Não, Cecília, ele nunca faria isso com você, deve ter
acontecido algo.

Olho no celular e não tem nenhuma mensagem dele.

— Mas também, se tivesse acontecido algo, ele teria


me enviado uma mensagem avisando algo.

Balanço a cabeça para os lados, para tirar esses


pensamentos dela.

Pouco tempo depois ouço um carro parando em frente


ao portão e em seguida uma buzina.

Vou até o portão e abro ele, quando vejo que se trata


do carro do Davi, respiro aliviada.

Rapidamente volto em casa e abro a porta.

— Mãe, já estou indo, ele chegou.

— Tudo bem, filha. Se cuida e que Deus te abençoe.

Me despeço dela e vou correndo para a entrada. Assim


que abro o portão novamente perco o fôlego com a visão
que tenho.

Davi está com uma camisa preta polo, onde dá


destaque aos seus bíceps, calça jeans escura e sapato
social.
Fecho o portão e vou até ele, mas assim que ficamos
de frente um para o outro, sou surpreendida quando ele
coloca a mão em minha cintura e me puxa para próximo de
seu corpo e então me beija sem aviso prévio.

— Você está linda, fiquei surpreso quando te vi sair.

— Obrigada, você também está lindo.

Davi me beija mais uma vez, porém esse não é nada


simples, sua língua pede passagem para minha boca e nos
entregamos ao beijo. Coloco minhas mãos em volta do seu
pescoço e ele aperta ainda mais forte minha cintura.

Mordo seu lábio inferior e ele geme em minha boca.

— Se você continuar me beijando assim, não serei


capaz de me controlar, e a culpa será totalmente sua.

Olho em seus olhos e vejo o quanto ele está me


desejando.

— Está pronta para assumir as consequências?

Concordo com a cabeça e ele em seguida arqueia a


sobrancelha.

— Acho melhor a gente ir, já estamos um pouco


atrasados. Quando eu estava vindo tinha um pequeno
engarrafamento, por isso me atrasei, e quando tentei te
enviar mensagem o meu celular estava sem rede.
Desculpe.
Percebo que a minha insegurança de momentos atrás
era sem fundamento nenhum, sabia que Davi não iria estar
brincando comigo.

— Tudo bem, então vamos?

Ele concorda e então abre a porta para que eu entre.

— Senhorita, por favor.

Sorrio com o seu gesto galante, entro também na


brincadeira.

— Muito obrigada, senhor.

Seguro em sua mão e, assim que entro no carro, ele


pisca para mim e fecha a porta, dando a volta no carro
rapidamente e entra.

Coloco o meu cinto e ele faz o mesmo. Davi coloca sua


mão em minha coxa e a aperta.

— Espero que você goste da noite de hoje.

Sorrio para ele, que me retribui o sorriso.

Ele dá a partida no carro e seguimos para o


restaurante.
Assim que chegamos ao restaurante, fico
completamente maravilhada com o local, nunca pensei que
iria vir a um lugar tão chique. Davi segura em minha mão e
entrelaça nossos dedos, olho para nossas mãos juntas e
sinto que meu coração falha uma batida.

“Meu Deus, o que eu estou sentindo? Meu coração está


tão acelerado.”

Um homem nos encaminha até nossa mesa e de


repente Davi solta minha mão e coloca em minha cintura, o
vejo olhando para o lado, mas logo em seguida ele se vira
para mim e sorri.

Assim que chegamos ao local onde está nossa mesa,


olho em volta e não encontro ninguém.

— Por que aqui não tem ninguém?

— É porque eu pedi uma mesa privada para podermos


ficar mais à vontade. Não sabia se você queria ser vista
com um homem como eu.

“Como ele?”

Fico surpresa com sua resposta, pois eu não entendi o


que ele quis dizer com isso.

— Não precisava, Davi.

Ele me olha nos olhos, mas não diz nada por alguns
segundos.
— Diz de novo.

— Dizer o quê?

— O meu nome, você disse tão naturalmente que eu


me surpreendi.

Sinto meu rosto aquecer e sei que estou


completamente vermelha.

— Para com isso, está me deixando envergonhada.

Vejo o sorriso maroto que ele dá e reviro os olhos.

Após esse pequeno momento de “descontração”, ele


puxa a cadeira para que eu me sente e em seguida ele se
senta.

— Você tem alguma restrição alimentar com frutos do


mar?

— Não que eu sabia, nunca comi nada de diferente a


não ser camarão, que veio no recheio de uma empada.
Você sabe que minhas condições financeiras não me
permitem — brinco para tentar amenizar meu nervosismo.
— Mas por que a pergunta, vamos comer algo exótico?

— Nada de mais, é porque se você tiver aqui eles


também servem outros pratos que não sejam frutos do mar,
eu quero que hoje seja perfeito, então nada de sair
correndo para o hospital.
Tento conter o sorriso que aparece em meu rosto, mas
é inevitável.

— Vou pedir para mim uma lagosta, quer experimentar


também? Como você já comeu camarão, acredito que possa
comer outros crustáceos.

— Quero sim.

Enquanto Davi conversa com o garçom fazendo nossos


pedidos, fico o olhando fixamente, o admirando, quando de
repente ele se vira para mim.

— Quer escolher sua sobremesa?

Fico tão sem jeito por ele me flagrar o olhando que


quase não consigo respondê-lo.

— Pode ser a mesma que a sua.

Então ele se aproxima do meu ouvido.

— Esqueceu que eu não como doce? O único doce que


eu vou colocar em minha boca é o doce dos seus lábios.

Fico sem palavras com o que ouço. Tenho certeza de


que o garçom percebeu meu rosto corado.

Assim que o garçom se retira com os pedidos, Davi se


volta para mim.

— Posso sentir o quanto você está nervosa, mas não


quero que fique assim. — Davi segura minha mão por cima
da mesa. — É só um jantar entre dois novos amigos.

É quase impossível não ficar nervosa com um homem


do porte de Davi na minha frente.

— É inevitável não ficar nervosa, Davi. Eu nunca saí


para um jantar antes, mas prometo tentar me acalmar.

— Acho que sei um jeito. Me conte um pouco sobre


você, já sei onde mora e que trabalha para ajudar em casa,
mas me conte, você já cursou ou está cursando a
faculdade?

Acabo sorrindo.

— Não, não para as duas perguntas.

— Mas você tem vontade de fazer?

— Claro que tenho.

Ficamos conversando até que nossa refeição é servida.


Contei para ele que sempre sonhei cursar psicologia e por
que não fiz ainda.

Após nos alimentarmos, me sinto totalmente satisfeita.


Além da entrada e prato principal, Davi ainda pediu
sobremesa.
Saímos do restaurante e estamos seguindo para um
hotel. Davi me perguntou se poderia me levar para outro
lugar, e quando ele me disse para onde, fiquei um pouco
nervosa, pois não sei o que vai acontecer a seguir, ou
melhor, tenho uma suspeita.

Assim que entramos na suíte, mais uma vez fico


impressionada. Tudo é novidade para mim.

— Uau! Aqui é lindo — falo e me viro para ele, mas sou


surpreendida com Davi, que me beija de repente.

O beijo não é nada delicado, é um beijo sensual, muito


mais do que o que trocamos no carro. Passo meus braços
em volta do seu pescoço e então sou erguida do chão.

— Prenda suas pernas na minha cintura.

Faço como ele me pede, então sinto sua mão


apertando minha bunda.

— Estava louco para poder fazer isso a noite inteira.


Desde que senti essa bunda gostosa em meu colo dentro
do meu carro, eu estava doido para poder tocar nela. Você
está me deixando maluco, Cecília.
Não consigo dizer nenhuma palavra, só o beijo de
volta. Ele me desce sem desgrudar nossos lábios, mas em
seguida me vira de costas, tira meus cabelos e os coloca de
lado, então começa a beijar meu pescoço.

Sinto sua mão passar pelo meu corpo, então chega ao


pequeno zíper que fica na minha bunda.

— Posso?

Me pede permissão para abrir, e eu não sou capaz de


negar, então apenas confirmo com um balançar de cabeça.

Davi volta a distribuir beijos por minhas costas


enquanto abaixa o zíper.

Em seguida ele me vira de frente para seu corpo e,


com suas enormes mãos, segura na parte de cima do meu
macacão e desce ambos os lados, revelando meus seios,
fico momentaneamente envergonhada e tento os cobrir com
minhas mãos, mas Davi não permite, então fecho os meus
olhos.

— Você é linda, Cecília, não precisa sentir vergonha,


tudo em você é perfeito.

Após dizer essas palavras, ele retira sua camisa e fico


olhando seu peito, abdômen completamente nus.

Voltamos a nos beijar e dessa vez nossos corpos se


encostam, sou guiada até meu corpo se chocar com a
cama, então Davi me deita na cama e fica por cima de mim,
apoiando seu peso nos braços que estão perto do meu
rosto.

Ele olha em meus olhos, tira uma mecha de cabelo,


que está em meu rosto, e coloca atrás da minha orelha.

Mais uma vez sou beijada, porém agora está lento, e


aos poucos ele vai descendo e então chega aos meus
seios.

Olho para baixo e ele está observando o meu corpo.

Davi começa a lamber meu seio direito enquanto


aperta o outro com a mão.

Não consigo me controlar e acabo gemendo.

— Você é tão gostosa, Cecília, estou louco para sentir


o seu sabor.

Aos poucos ele vai descendo, e quando chega na parte


de baixo, Davi começa a tirar o resto do meu macacão e me
deixa somente de calcinha.

Meu rosto esquenta pela forma que ele me olha.

Sinto seus lábios me beijando na parte mais sensível.

— Você já está toda molhadinha para mim, Cecília.

Após dizer essas palavras, ele começa a tirar minha


calcinha.
— Espera um pouco, Davi, vai com mais calma.

— O que houve?

Coloco minhas mãos em meus olhos e respiro fundo.

“Preciso dizer a ele que não tenho experiência nesse


assunto.”

Volto a olhar em seu rosto e ele está me observando.

— Você vai precisar ser um pouco paciente comigo.

Percebo que ele não entende no momento o que eu


quis dizer, mas logo em seguida seus olhos parecem um
pouco surpresos.

— Cecília, você é virgem?


Assim que Davi faz a pergunta, eu não consigo
responder de imediato, mas ele percebe qual será minha
resposta, então ele se afasta um pouco e fica pensativo, me
olhando como se não acreditasse no que acabou de ouvir.

— Você está se guardando por causa de alguma


religião? Sonha em casar virgem e ter somente um homem
em sua vida, é isso?

Não consigo entender o porquê de sua resistência, ou


querer saber os motivos por trás de eu ainda ser virgem.

“Será que ele pensa que, por eu ainda não ter tido
relações sexuais, assim que a gente ficar juntos eu vou
grudar nele, me apaixonar ou ser aquela pessoa chata?”
Não pensei que esse tópico iria vir à tona, mas como
ele estava um pouco ansioso eu não consegui me controlar
e acabei pedindo para esperar. Se ele resolver parar agora
por causa disso, não sei o que fazer, estou com tanta
vontade de descobrir as sensações que ele pode me
proporcionar.

Me sento na cama e olho em seus olhos.

— Não sonho em me casar virgem e nem ficar somente


com o homem que eu vou ter minha primeira vez. Eu
simplesmente nunca senti vontade, o tempo foi passando e
eu nunca conheci alguém que me fizesse ter vontade de
transar, até hoje...

Após ouvir minha explicação, Davi volta a se aproximar


de mim.

— Confesso que constatar que você ainda é virgem me


deixou sem reação, pois nem quando eu perdi a minha
virgindade, aos 16 anos, a menina era, e olha que ela tinha
15 anos. Mas a questão agora é: você quer continuar?

Me sinto completamente agradecida, pois sei que,


mesmo se eu vier a pedir para pararmos aqui, Davi vai me
respeitar. Entretanto, ter um homem como ele, assim, na
minha frente, não tem como eu dizer “não”.

Concordo com a cabeça, então ele volta a se


aproximar, roça os lábios em meu pescoço e deposita um
beijo, ele vai subindo e chega ao meu ouvido.
— Eu quero ouvir você dizendo que quer continuar, não
só confirmar com a cabeça — ele sussurra e morde o lóbulo
da minha orelha.

Fecho meus olhos enquanto ele continua me


provocando, então imagino tudo o que ele fará comigo,
aperto uma perna na outra.

— Eu quero que você continue, Davi. Preciso te sentir


e saber como é essa sensação de que todos comentam.

Na mesma hora ele para com sua sessão de beijos e


olha em meus olhos.

— Quando eu começar, posso não ser capaz de parar


mais, porém, se você sentir alguma dor ou incômodo, não
deixe de me dizer.

Concordo, e logo em seguida ele me deita e eu


permaneço olhando para seu rosto. Davi me beija e eu
coloco meus braços em volta de seu pescoço, ele vai
descendo e para em um dos meus seios, e como da última
vez sinto o meu corpo inteiro em chamas.

Ele começa a chupar um, enquanto prende o outro


entre os dedos. Lambe e assopra o bico intumescido e eu
não consigo controlar meu gemido.

— Por favor...

Davi morde meu mamilo, eu seguro em seus cabelos e


os puxo.
— Calma, não precisa ter pressa, ainda temos a noite
inteira para aproveitar.

Aos poucos suas investidas vão ganhando ainda mais


intensidade, o que me deixa ainda mais ansiosa.

Sinto seus beijos descendo pelo meu corpo, então ele


para de repente e eu abro os olhos.

— Estou louco para sentir o sabor dessa bocetinha.

Após dizer essas palavras, ele abre as minhas pernas


e beija minha coxa direita, em seguida uma leve mordida.

Fecho meus olhos mais uma vez e sou repreendida.

— Quero que você fique com os olhos abertos.

Davi volta a me beijar e eu fico o acompanhando, então


ele para com o rosto entre as minhas pernas e passa a
língua lentamente em minha boceta, sem nunca tirar os
olhos dos meus.

Esse simples contato me faz gemer.

Sem aviso prévio ele intensifica as investidas e eu jogo


minha cabeça para trás, não conseguindo mais ficar com os
olhos abertos.

— Você é tão gostosa, Cecília.

Sinto quando ele coloca um dedo dentro de mim


enquanto me chupa.
— Você é tão apertada, não vejo a hora de sentir essa
boceta apertando o meu pau.

Não consigo dizer nenhuma palavra, pois o tesão está


me deixando doida.

Ele começa a fazer um movimento de vaivém com o


seu dedo dentro de mim.

Meu corpo começa a tremer com todas essas


sensações.

— Eu vou gozar.

No mesmo instante Davi acelera seus movimentos, o


que me deixa ainda mais doida.

— Deixa vir, eu quero te provar inteira.

Pouco tempo depois eu gozo em sua boca e meu corpo


involuntariamente fica fraco.

Abro meus olhos e encontro Davi me olhando com


ainda mais luxúria.

— Você é deliciosa, Cecília.

Ele se afasta e fica de pé fora da cama, o vejo retirar


um pacote de camisinha, abre sua calça e a abaixa junto
com a sua boxer.

Assim que ele está livre de toda sua roupa não consigo
desviar os olhos do seu membro.
— Isso... Não vai entrar de jeito nenhum.

Davi começa a rir com o que eu digo, ele volta para a


cama e fica por cima de mim.

— Com jeitinho, entra.

Após dizer isso, ele abre o pacotinho de preservativo e


coloca em seu pau.

Não perco nenhum dos seus movimentos, logo em


seguida ele se aproxima e me beija.

Diferente dos anteriores, dessa vez ele é lento,


carinhoso, sinto sua mão tocando meu corpo, então sinto
quando seu pau cutuca minha entrada. Na mesma hora fico
tensa, e ele percebe.

— Calma, se você não relaxar vai acabar doendo. Você


confia em mim?

— Sim, eu confio.

Davi sorri e volta a me beijar, sinto meu corpo relaxar e


então ele posiciona o seu pau em minha entrada, aos
poucos ele vai empurrando.

Quando seu membro começa a entrar, sinto uma


pequena dor.

— Espera, está doendo.


Na mesma hora ele para, mas não se retira de dentro
de mim.

Coloco meus braços em volta do seu pescoço e me


entrego aos beijos, então Davi volta a se movimentar em
um vaivém lento.

— Vou empurrar um pouco mais forte ou não vai entrar


tudo. Tudo bem?

Concordo, e então sinto quando seu pau entra em


mim.

— Ahhhh.

— Calma, já vai melhorar. Doeu muito?

— Só um pouco, mas pode continuar.

Mesmo eu dizendo que ele poderia continuar, Davi fica


parado por alguns segundos.

Olho em seus olhos e não consigo identificar o que ele


possa estar sentindo.

— Vou voltar a me movimentar, se continuar a dor, me


diga.

Concordo, então ele volta a se movimentar, não


consigo mais me segurar e gemo alto.

Parece que após me ouvir, Davi fica ainda mais


animado e suas investidas vão ganhando mais
intensidade.

— Ahhhh, Cecília, você é tão apertada.

— Davi, isso é tão gostoso.

Seguro em sua nuca e inicio um beijo, passo minhas


pernas em volta de seu quadril, incentivando a ir um pouco
mais rápido.

— Eu vou gozar, Davi.

— Goza, Cecília, que eu também estou louco para


gozar.

Não demora nem 5 segundos e eu sinto o orgasmo vir


com força. Em seguida Davi acelera seus movimentos, solta
um gemido masculino e goza, depois ele apoia sua testa na
minha e me dá um pequeno beijo.

Após isso, ele tira seu membro de dentro de mim, olho


disfarçadamente na direção e o vejo sujo de sangue. Sem
perceber fico com vergonha

Davi dá um nó na camisinha e se deita ao meu lado.

— Você está bem? Está sentindo alguma dor?

Fico totalmente de frente para ele e sorrio.

— Eu estou bem.
Davi levanta uma sobrancelha, percebendo que estou
omitindo algo.

— Tudo bem, está um pouco dolorido, mas nada


demais. Pode acreditar.

— Se você diz. Está com fome? Quer comer algo?


Depois dos exercícios que fizemos aqui, nosso jantar já não
existe mais no nosso corpo.

— Na verdade, estou com um pouco de sede.

Após beber a água e descansarmos um pouco, Davi me


convida para tomar um banho de banheira, e assim que eu
concordo ele se levanta e diz que vai prepará-la.

Fico na cama sozinha, sem acreditar no que acabei de


fazer. Me viro de lado e sinto um leve incômodo entre as
minhas pernas e esse incômodo me mostra que foi real.

Coloco minhas mãos no meu rosto para tapar um


sorriso bobo que surgiu.

“Nunca imaginei que minha primeira vez fosse com um


homem como Davi.”

Volto para minha realidade quando ouço seus passos


voltando.

— Consegue se levantar?

— Sim, consigo.
Porém, assim que me aproximo da beirada da cama e
me levanto, sinto minhas pernas fracas e uma leve dor
entre as minhas pernas.

Assim que Davi percebe minhas condições ele me pega


no colo.

— Você vai ter que tomar um analgésico para amenizar


essa dor.

Coloco meus braços em volta do seu pescoço e


concordo.

Entramos na suíte e a banheira está quase cheia, ele


me coloca dentro dela e logo em seguida ele também entra,
pede para que eu me afaste e se senta atrás de mim.

Me encosto em seu peito, ele pega um frasco de


sabonete líquido, despeja em sua mão e começa a passar
em meu corpo.

Fecho meus olhos e aproveito a sensação prazerosa


que estou sentindo.

— Isso é tão bom.

— Fico feliz que você esteja gostando.

Recebo um leve beijo no pescoço, o que faz meu corpo


inteiro se arrepiar.
Suas mãos começam a fazer caminhos mais ousados
em meu corpo e eu suspiro alto.

Sinto sua mão entre minhas pernas e eu a abro para o


receber melhor.

— Você está muito dolorida aqui?

Viro minha cabeça para o lado e olho em seu rosto.

— Um pouco, tenho que confessar. Mas seria estranho


se não estivesse, pois você é tão… grande.

Ele começa a rir e sinto meu rosto queimar.

— Tudo bem, nós podemos fazer outras coisas, sem


necessariamente ter a penetração. Eu não quero que você
sinta ainda mais dor, quero que a partir de agora sinta
apenas prazer.

Após dizer essas palavras, Davi beija meus lábios, nos


afastamos somente para eu me virar de frente para ele e
ficar sentada em seu colo.

Voltamos a nos beijar intensamente, sinto seu membro


roçar em minha entrada.

— Desculpe, é um pouco difícil me controlar quando te


tenho assim, gostosa e toda aberta sentada em cima de
mim.
Seu olhar é tão intenso que não consigo evitar e me
esfregar nele.

— Não faça isso, Cecília. Senão não vou conseguir me


controlar e você está dolorida.

Após nossa noite, Davi me deixa em casa O caminho


todo ele ficou praticamente em silêncio, e como ele quase
não disse nada, preferi ficar na minha também.

Ele estaciona em frente a minha casa, eu tiro o cinto


de segurança e me viro para ele.

— Eu gostei muito da nossa noite.

— Eu também gostei.

Suas palavras são um pouco secas, mas procuro não


focar nisso.

Me aproximo dele e Davi me dá um beijo simples,


rápido. Queria não sentir, acabo ficando triste pelo jeito que
estou sendo tratada logo depois de termos feito tantas
coisas juntos.

— Obrigada por me trazer.


Sorrio para disfarçar como eu realmente estou me
sentindo.

— Não precisa agradecer.

Fico em silêncio por alguns segundos, então saio do


carro, ele me dá tchau e sem dizer mais nada liga o carro e
vai embora. E novamente fico um tempo olhando seu carro
sumir na rua, não consigo simplesmente virar as costas e
entrar dentro de casa.

— Pelo jeito que tudo acabou aqui na frente, foi


exatamente como a minha mãe disse, uma noite e nada
mais.

Abro o portão e entro, mas antes que eu passe pela


porta, mudo minha expressão, pois não quero preocupar
minha mãe com as consequências das minhas escolhas.

Respiro fundo e coloco um sorriso no rosto.

Assim que entro dentro de casa não vejo minha mãe e


quase todas as luzes estão apagadas, somente a da
cozinha está acesa, para não ficar totalmente no escuro.

“Provavelmente ela já foi dormir.”

Suspiro aliviada, pois para ser sincera estou bem


cansada, só quero deitar na minha cama e dormir.

Vou para o meu quarto, tiro meu macacão, dobro e o


deixo em cima do pufe, visto uma camiseta larga e me deito
na cama.

Fecho os olhos e as imagens de como tudo aconteceu


voltam em cheio, nossos beijos, seus toques em meu
corpo.

— O que nós tivemos hoje foi bom, vou ficar só com as


lembranças boas.

Sorrio e uma lágrima escorre dos meus olhos, a limpo


e me obrigo a dormir, pois a vida continua, não posso parar
minha vida por causa de um homem com quem eu tive
minha primeira noite.

Com esse pensamento, eu me viro e durmo.

Acordo com o meu celular tocando, abro os olhos


rapidamente e procuro por ele, então me lembro que ele
ainda está na bolsa, vou até ela e o tiro, mas assim que
olho a tela minhas esperanças morrem, pois é somente o
despertador.

— Você achava o quê, Cecília? Que o Davi iria te ligar


ou mandar alguma mensagem no dia seguinte?

Olho o horário e vejo que são 8 horas da manhã,


preciso me levantar para fazer as maçãs do amor.
Agora que tenho uma concorrente, não posso permitir
que as pessoas percam o interesse de comprar os meus
doces.

Vou para o banheiro e tomo um banho rápido, visto um


vestido, prendo meus cabelos em um coque alto, coloco a
touca de tecido, para evitar que os meus cabelos caiam nos
produtos, visto as luvas e começo a lavar as maçãs, uma
por uma, e as deixo secando.

Pego a barra de chocolate ao leite que eu comprei e


começo a cortar em lascas, para facilitar no derretimento.

Quando todo o processo já está pronto, o coloco em


um recipiente com água e o deixo em banho-maria.
Enquanto isso, em outra panela, coloco água, açúcar,
vinagre e o corante vermelho para fazer a calda.

Enquanto o chocolate derrete e a calda ferve, espeto


as maçãs com os palitos que decorei com folhas feitas em
E.V.A para dar um charme a mais.

Como estou fazendo um teste hoje, não farei muitas


maçãs de chocolate, então separo oito unidades, uma por
uma, eu vou mergulhando-as no chocolate derretido, no
prato de vidro as deixo secar, faço o mesmo processo com
a calda de açúcar.

Após todo o processo, com o chocolate branco


derretido eu faço algumas listras na maçã de chocolate
para enfeitar.
Olho para todas prontas e o resultado me agrada.
Sorrio feliz, pois eu tenho certeza de que essa novidade vai
trazer ainda mais clientes.

Quando estou terminando de colocar todas as maçãs


em seus saquinhos e amarrando, sinto alguém me
observando, então eu me viro e encontro minha mãe me
olhando com um sorriso no rosto.

— Bom dia, mãe. A senhora dormiu bem?

Ela vem até onde estou e me dá um beijo no rosto.

— Bom dia, minha filha. E sim, eu dormi bem, e vejo


que você acordou animada hoje. Pelo visto o encontro
ontem foi bom, eu nem te vi voltar.

Quando minha mãe toca no assunto de ontem, eu faço


o possível para não mudar minha expressão facial, não
quero que ela fique preocupada comigo por algo que não
tem importância.

— Foi muito divertido, mãe. O Davi me levou a um


restaurante muito lindo, coisa de gente rica, sabe?

Ela concorda com um pequeno sorriso no rosto.

— Nunca comi nada parecido. Muito sofisticado,


porém, nenhuma comida se compara a da minha mãe, pois
ela é a melhor.

Na mesma hora a vejo começar a rir.


— Para de palhaçada, Cecília, minha comida
comparada a desses chefes de cozinha não chega nem aos
pés deles.

— Estou dizendo a verdade e eu tenho certeza de que


se algum deles experimentar a sua comida vão te chamar
na hora para ser a cozinheira no restaurante deles.

— Está bem, minha filha. Pode parar de querer


levantar a autoestima dessa mãe.

Começo a rir e lhe dou um beijo no rosto.

Ela olha em cima da mesa e vê que tem outros tipos de


maçãs.

— Vejo que resolveu diversificar, gostei dessa sua


ideia, qualquer fruta com chocolate fica uma delícia, com
maçã não será diferente.

— É o que eu espero, mãe. Pois desde que eu estou


enfrentando uma concorrente, estou com um pouco de
receio das coisas não darem mais certo.

Minha mãe me vira para ela e segura em meu rosto


com as duas mãos.

— O medo é bom, Cecília, pois ele te faz ficar ainda


mais motivada, olha para isso.

Ela diz apontando para a mesa.


— Por conta desse seu medo você teve a ideia de
colocar outro sabor, e caso ela faça o mesmo, tenho
certeza de que você terá outra ideia e assim
sucessivamente.

As palavras que minha mãe me diz me deixa mais


tranquila, pois como ela disse, eu terei sempre novas
ideias.

— Obrigada, mãe. Você é a melhor, sei que ainda está


cedo para dizer isso, mas eu vou fazer o possível para a
nossa vida mudar e termos algo melhor.

— Você estando feliz já é o meu melhor, Ceci. Faça o


que te deixa feliz e o que vier são consequências.

Alguns dias se passaram, e como esperado as maçãs


cobertas de chocolate fazem o maior sucesso, muitas
pessoas adoraram, ainda mais as crianças. Tanto a
convencional quanto a de chocolate vendem igual água, o
que me deixa muito feliz.

Todos os dias, desde quando comecei, Guilherme me


leva e me traz de volta. Já tentei ajudá-lo no combustível,
mas ele não aceita, então sempre deixo uma maçã do amor
para ele, sei o quanto ele gosta.
Durante esses dias, Davi não me mandou nenhuma
mensagem, mas como eu disse anteriormente, tento pensar
somente nas coisas boas que aconteceram entre a gente,
mesmo ficando triste isso não vai me abalar, eu já sei que
foi só uma noite.

Hoje o dia está um pouco mais fresco que nos dias


anteriores, o que eu agradeço.

Vendo algumas maçãs para um casal com as filhas, e


assim que eles se vão sou surpreendida, pois reconheço a
pessoa que está um pouco distante de onde estou.

Davi está abaixado amarrando o tênis, porém o que


chama ainda mais a minha atenção é a mulher que está ao
seu lado.

Ela é linda, parece uma modelo, alta, magra, cabelos


negros lisos.

A imagem dos dois juntos sorrindo faz meu coração


doer, sinto como se eu estivesse perdendo algo muito
precioso para mim.

Então eu constato como eu fui uma boba. pude pensar


que o Davi iria olhar para mim e se interessar? Olha o
padrão de mulher que está ao seu lado.

Provavelmente eles são namorados e eu fui uma


aventura.
Quando a ficha realmente cai, me viro para ir embora,
então de repente eu paro com o que ouço.

— Olha, Davi, maçã do amor, compra uma para mim?

Assim que me viro novamente, Davi está me encarando


de longe, aos poucos ele se aproxima e sinto como se todo
o ar tivesse desaparecido.

— Uma maçã do amor, por favor.

Olho diretamente em seus olhos e não consigo


esconder a decepção que me atinge em cheio.

Respiro fundo para não derramar nenhuma lágrima em


sua frente.
Quando não vejo mais Cecília pelo retrovisor, volto a
lembrar dos momentos que tivemos esta noite, não consigo
esquecer de todas as sensações que ela me
proporcionou.

Passo a mão em meu rosto, um pouco frustrado com


toda essa situação.

Quando a deixei em frente a sua casa, não consegui


demonstrar muito o que estava sentindo, pois fiquei com
receio dela ter esperanças de termos algo além do que
aconteceu.
Porém, não posso negar que queria continuar a
fodendo, mas como era sua primeira vez e também teve o
fato de estar dolorida, não pude ir além, mas isso não
impediu de dar prazer a ela na banheira.

— Não quero iludir a Cecília, pois não quero que ela


veja como minha vida é fodida, a melhor opção que eu
tenho é permanecer sozinho.

Nesses últimos dias minha vida está um inferno.


Mesmo me ocupando praticamente 100% no trabalho, não
consigo parar de pensar na noite que tive com Cecília.

Sei que estou sendo um canalha em não ter ligado


para ela, não quero e nem estou pronto para um
relacionamento e sei que se fizer isso Cecília poderia
interpretar algo errado. Entretanto, nesse tempo ela não sai
da minha cabeça, a vontade de a ter de novo é muito
grande.

Ontem eu fui jantar com meus pais e até eles


perceberam algo em mim.

“— Davi, está tudo bem? Você não está prestando


atenção ao que estou falando, aconteceu algo?
Olho para meu pai, então percebo que nem vi quando
ele começou a falar comigo.

— Desculpe, pai, não aconteceu nada, só estou


cansado.

— Ainda estressado pelo que aconteceu com o


funcionário?

Nego com a cabeça e volto a me alimentar.

— Querido, deixe o Davi, você sabe como ele prefere


ficar mais na dele, se estiver acontecendo algo, ele vai
conversar com a gente.

Ouvi minha mãe cochichar com meu pai. Se eles


soubessem o que realmente está acontecendo, tenho
certeza de que não ficariam quietos, pois iam querer saber
de todos os detalhes.

Após terminar de me alimentar, eles voltam com a


conversa de que eu preciso diminuir minha carga horária de
trabalho.

— Mãe, você sabe que eu prefiro focar no trabalho,


não tenho nada mais para fazer senão isso.

Mesmo não querendo ser rude, acabei sendo. Olho


para minha mãe e ela está triste.

Me levanto, dou a volta na mesa e a abraço por trás.


— Desculpe, eu não queria ter te magoado, eu sei que
você e o pai estão dizendo isso para o meu bem, mas eu
realmente me sinto melhor quando estou trabalhando.

Pelo menos assim eu não fico pensando no vazio que é


a minha vida.”

— Sr. Bernardi.

Volto para a realidade com Cristina em pé na minha


frente e o iPad em sua mão.

— Oi, Cristina, pode falar.

— Eu gostaria de saber se posso confirmar a reunião


com os acionistas para sexta-feira.

— Pode sim, quero saber como tudo está correndo


depois do que aconteceu.

Cristina começa a digitar e logo em seguida pede


licença e vai até a porta, mas antes de sair ela se vira para
mim.

— Senhor, se me permite, sem querer faltar com


respeito, acho que o senhor precisa de alguns dias para
descansar, ultimamente o senhor anda trabalhando mais
que o normal.

Sorrio para ela, que está tensa por estar conversando


informalmente sobre seu ponto de vista.
— Obrigado pela preocupação, neste momento não
penso em me ausentar, mas caso eu veja necessidade,
farei isso.

Ela concorda com a cabeça e se retira.

Me recosto na cadeira e olho para o teto.

— Puta que pariu. Eu estou mesmo trabalhando


demais, e o que eu queria neste momento era relaxar e a
única mulher que vem na minha cabeça é ela, Cecília.

Por que essa mulher não sai da minha cabeça? É no


trabalho, quando estou deitado na cama, sempre a vejo.

Seu olhar inocente, suas expressões faciais, como ela


me pedia por mais.

Lembro que até durante o banho.

“Deixo a água molhar todo o meu corpo.

Fecho os meus olhos e mais uma vez uma certa mulher


morena com os olhos azuis vem à minha mente.

Coloco a mão no meu pau e começo a fazer


movimentos de vaivém, pensando em Cecília.

Lembro de como sua boceta era apertada e mesmo


assim ela me engoliu inteiro.

— Ahhh, Cecília. O que você fez comigo?


Acelero o movimento e em pouco tempo gozo, mais
uma vez com ela em minha mente.

— Que inferno! Me sinto um adolescente na puberdade


que fica se masturbando pensando na garota.”

Saio dos meus devaneios com meu telefone tocando,


olho para baixo e percebo que estou com meu pau duro
com as lembranças.

— Pois não, Srta. Cristina.

Ela me diz que a reunião com os advogados já vai


começar, então informo que dentro de alguns minutos eu
estarei lá.

Após a reunião, volto para a minha sala e me encho de


trabalho para evitar pensar nela, mas diferente do que eu
planejei, Cecília continua na minha cabeça. Decido pegar o
telefone e ligar para ela, quem sabe se eu a tiver mais uma
vez essa obsessão acaba, mas antes que eu consiga ligar,
ouço alguém bater na porta do meu escritório, então mando
entrar e, assim que a porta se abre, não consigo acreditar
no que estou vendo.
— Surpresa, priminho. Gostou? Olha quem veio te
visitar.

Sorrio assim que ouço a voz de Penélope. Me levanto e


vou até ela, que me abraça forte.

— Quando que você chegou de viagem? Por que não


me avisou que estava voltando?

A solto e ela sorri.

— Se eu tivesse te contado, não seria surpresa.

— Continua respondona como sempre.

Beijo sua testa e a convido para se sentar.

— Me conta, o que te fez voltar ao Brasil depois de 2


anos morando fora? Não pensei te ver tão cedo.

— Eu estava com saudades dos meus pais, dos tios e,


claro, de você, apesar de ser uma pessoa muito chata, eu
senti muito a sua falta.

— Sei que sou inesquecível. Mas como estão as coisas


com o seu noivo? Ele veio junto?

Após ouvir minha pergunta, mesmo que rapidamente,


consigo ver tristeza em seus olhos, mas logo depois
Penélope sorri.

— Eu terminei. Mas estou bem, não precisa se


preocupar.
Mesmo ela dizendo que está bem, a conheço melhor do
que ninguém, e sei que está escondendo algo.

— Você quer conversar?

Ela nega e tenta sorrir.

— Já que estou aqui, o que você acha de irmos


almoçar juntos?

— Acho ótimo.

Ao chegarmos no restaurante Bobardí, Penélope e eu


vamos até uma mesa que fica mais no canto, pois assim
teremos mais privacidade.

Puxo a cadeira para que ela se sente.

— Obrigada, meu cavalheiro sem armadura.

Em seguida me sento ao lado dela.

Não demora o garçom vem até nós para retirar o


pedido.

— Hoje eu quero um bife mal passado com fritas, estou


morrendo de saudades da nossa comida brasileira.

Acabo achando graça a escolha de Penélope.


— Paladar infantil? Te trago em um restaurante
requintado e você pede bife e batata frita? Só você
mesma.

Faço meu pedido e o garçom se retira.

— Agora você vai me contar o que aconteceu?

Minha prima tenta disfarçar, mas a conheço muito bem


e sei que esse término tem algo por trás.

Ela olha para os lados e a vejo respirar fundo.

— Há uns 10 dias Adam e eu estávamos em uma


conferência em Cancún, e durante a festa de encerramento
ele começou a beber, e eu tinha percebido que de uns
meses para cá ele andava muito estranho, então nesse dia
ele cismou que um rapaz na festa estava dando em cima de
mim e começou a ficar nervoso.

Não gosto do rumo dessa conversa. Penélope deixa


uma lágrima escorrer e lhe ofereço meu lenço para que ela
limpe.

Ela agradece.

— E assim que chegamos ao hotel, ele começou a ficar


alterado, gritava que eu tinha feito ele passar vergonha e
que viu quando eu fui ao banheiro e o rapaz me seguiu,
falei que ele estava enganado, e quanto mais eu falava,
mais ele gritava. Até que...
Ela para de falar e olha para baixo.

— O que ele fez?

Ela olha para mim e vejo seu rosto banhado em


lágrimas.

— Adam me deu um soco, e com isso eu desmaiei.

Dou um soco na mesa e todos olham para nós.

— Eu vou matar esse desgraçado.

Vejo pânico nos olhos da minha prima e na mesma


hora me vem a imagem de Laura e de como eu falhei com
ela e não a protegi. Mas com Penélope eu vou fazer de
tudo, e se aquele desgraçado tentar chegar perto dela eu
não respondo por mim.

Penélope, percebendo meu estado e sabendo o que eu


passei, segura em minha mão.

— Davi, eu já te falei que você não tem culpa pelo que


aconteceu com Laura, e tenho certeza de que Adam não se
atreveria a fazer nada contra mim, pois antes de sair dos
Estados Unidos eu fiz uma denúncia contra ele e a justiça
determinou que ele não pode chegar perto de mim.

Mesmo ela tentando me acalmar, eu sei que essas


proteções não impedem de que um desgraçado desses faça
algo.
Após terminarmos o almoço, decidi vir com minha
prima para meu apartamento. Liguei para Cristina e pedi
que enviasse por e-mail os documentos que eu tinha que
olhar.

Ficamos a tarde toda conversando e relembrando


nossas aventuras.

— Davi, bem que poderíamos aproveitar que o tempo


está fresco e ir ao Jardim Botânico, estou com saudade.
Quando eu ia correr no Central Park sempre me lembrava
de como gostávamos de correr lá.

Na mesma hora me vem à mente a Cecília.

Assim que chegamos ao Jardim Botânico sinto uma


certa ansiedade, pois mesmo não procurando a Cecília
esses dias que passaram, eu queria muito vê-la.

— Davi, está tudo bem? Desde que paramos aqui estou


te sentindo um pouco nervoso.

Olho para minha prima e resolvo ser sincero com ela.


— Há algum tempo conheci uma mulher, mas antes que
você pergunte onde isso aconteceu nós nos conhecemos na
minha casa.

Ela me olha sem entender o que eu quis dizer.

— Como assim na sua casa? Não foi você que a


levou?

Nego com a cabeça.

— Ela estava lá para fazer faxina, porém Cecília não


tem nenhuma aptidão para esse trabalho, pois se eu não
tivesse entrado no banheiro provavelmente ela estaria
morta.

— Espera, é sério isso? Você se interessou pela sua


diarista? Nada contra, mas é um pouco surreal de
acreditar.

Continuamos caminhando enquanto eu conto como foi


nosso encontro, e logo depois os momentos que tivemos
juntos. No começo Penélope não queria acreditar no que eu
estava dizendo, mas quando ela percebeu que eu estava
sério, ela se calou.

— Davi, não sei nem o que te dizer, como eu disse


anteriormente, é surreal tudo isso. Pois desde o que
aconteceu com Laura você se fechou, já te vi em várias
revistas ao lado de mulheres mais influentes, mas agora te
vejo assim, completamente perdido sobre o que fazer.
Penélope é a única com quem eu consigo desabafar e
ela sabe o quanto a morte da Laura me abalou, e por conta
disso eu não consigo me ver em nenhum relacionamento,
me culpo por não ter sido capaz de protegê-la, e não quero
passar por isso de novo. Como minha prima disse, eu já saí
com várias mulheres, mas era só para poder relaxar, como
foi com a Cecília.

Ao pensar nela, olho em volta para ver se não a


encontro, mas nada.

“Provavelmente ela vendeu todas as maçãs e já foi


embora com o tal amigo.”

Reparo que o cadarço do meu tênis está desamarrado,


então me abaixo para amarrar novamente, porém assim que
me levanto Penélope me cutuca.

— Olha Davi, maçã do amor, compra uma para mim?

Assim que me viro, vejo Cecília praticamente na minha


frente, sinto como se tudo ao meu redor estivesse parado,
entretanto ela não parece estar bem.

Me aproximo e vejo em seus olhos como está


abalada.

— Uma maçã do amor, por favor.

Ela fica me olhando e em seguida olha para Penélope,


que está logo atrás de mim, e então a vejo respirar fundo.
Cecília me entrega o doce, mas ela não me mostra o
sorriso lindo e tímido que sempre me dava.

Pego a maçã e logo em seguida pago, seu jeito é muito


diferente de como era antes e isso acaba me frustrando.

— Cecília, aconteceu alguma coisa?

— Não, nada, o que poderia ter acontecido?

Ela disfarçadamente olha para minha prima e então me


dou conta do que pode estar passando em sua cabeça.

— Penélope, venha aqui, quero te apresentar alguém.

Minha prima, que em nenhum momento deixou de nos


observar, se aproxima e fica ao meu lado.

— Quero te apresentar a Cecília.

Mostro à minha prima a mulher de quem estávamos


conversando e em seguida me viro para Cecília.

— Cecília, essa é minha prima, Penélope. Ela acabou


de voltar para o Brasil.

Assim que ouve minha explicação, reparo que seus


ombros relaxam.

Sorrio com a imagem que tenho dela, seu rosto fica


ligeiramente vermelho e então ela estende a mão para
minha prima, que fica um pouco relutante em aceitar, mas
depois de alguns segundos aceita.
— É um prazer te conhecer.

Vejo quando Penélope a olha de cima a baixo e não


demonstra satisfação.

Não gosto da forma que ela olha para Cecília, mas não
comento nada.

Quando estivermos sozinhos vamos ter uma conversa


sobre a sua atitude.

Olho para ela, que parece saber o que estou querendo


dizer, seu telefone toca e ela pede licença, nos deixando
sozinhos.

Volto minha atenção para a mulher que tomou conta


dos meus pensamentos e ela está um pouco sem jeito.

— Acho que a sua prima não gostou muito de mim.

— Não liga para ela. Penélope só não esperava, e


mesmo que ela não tivesse gostado, não é ela que precisa
gostar, sou eu.

Sorrio para ela, porém não como antes, e não vejo o


seu sorriso.

— Se você realmente gosta, por que sumiu por tanto


tempo? Ficou com medo de ser arrastado para o altar?
Vejo que Davi fica paralisado com minha pergunta, mas
logo em seguida me olha e se aproxima mais, e isso faz
meu coração disparar.

— Nem sempre o ato de se afastar é por desgostar de


você. Acredite, foi por cuidado. Levo uma vida complicada,
e não sei se conseguiria me entregar por completo numa
relação, por isso eu acredito que você mereça alguém sem
um passado fodido como o meu.

Quando vou respondê-lo, olho por trás de seu ombro, e


sua prima está voltando para perto de nós.
— Com licença, Davi, vou ter que ir embora, pois
recebi uma ligação e preciso estar do outro lado da cidade,
então não precisa se preocupar, pois eu já pedi um Uber
para mim, depois eu te ligo.

Ela vira em minha direção e me dá um leve sorriso.

— Foi um prazer te conhecer, Cecília.

— Digo o mesmo.

Sorrio, e ela retribui o gesto.

— Tudo bem, Penélope, depois nos falamos então.

Ela se despede mais uma vez e em seguida se afasta.

Assim que ela some no meio das pessoas, volto minha


atenção para Davi.

— Davi, por que você disse aquilo? Não sei o que você
passou, mas todo mundo merece amar e ser amado, e pelo
pouco que te conheço, vi como você é uma pessoa
maravilhosa.

Ele ri, e passa a mão sobre os seus cabelos,


demonstrando estar nervoso.

— Cecília, foi esse seu lado romântico que fez eu me


afastar, pois eu sei o que você quer, mesmo você dizendo
ou demostrando ser uma mulher desapegada, a sua
essência não muda e ela diz como você realmente é.
Nego com a cabeça. Davi se aproxima mais ainda e
sinto seu olhar intenso sobre mim e em seguida olho para
seus lábios e ele percebe o quanto estou afetada com sua
aproximação.

— A única coisa que eu posso te oferecer é prazer,


uma boa foda, apenas isso.

Sinto meus batimentos cardíacos acelerarem, pois me


lembro da nossa noite.

Sinto um formigamento entre minhas pernas, tento


disfarçar, porém Davi repara e sorri de lado. Ele se
aproxima ainda mais de mim e sussurra em meu ouvido.

— Eu pensei em você cada segundo desses dias, em


como você é gostosa e o desejo que tenho de te foder
novamente.

— Bernardi, não faz isso, estamos em público...

Coloco minha mão sobre o seu peitoral e tento afastá-


lo.

— Eu gosto quando você sussurra meu nome enquanto


eu me enterro todo em você.

Com sua aproximação sinto um calor terrível subindo, e


não estou conseguindo me controlar, então, como não
consegui afastá-lo, eu mesma faço.

— Eu já entendi tudo, Sr. Bernardi.


Olho para a cesta onde eu ainda tenho duas maçãs e
me viro para ele.

— Eu ainda tenho que concluir as minhas vendas do


dia.

Tento demonstrar uma força de vontade que não tenho,


viro de costas e me afasto dele, quando dou o primeiro
passo ele fala:

— Eu sabia que o que eu tenho a oferecer não é


suficiente para você.

Fecho meus olhos e lembro da sensação das mãos


dele em meu corpo, o prazer que ele me proporcionou, e
mais uma vez sinto meu ventre latejar.

“Se todo mundo faz sexo casual, porque eu não


posso?”

Então me decido. Excluo todo o romantismo em minha


mente e me viro para Davi. Ele permanece no mesmo lugar,
me observando, volto a caminhar, porém em sua direção.

— É suficiente para mim. Eu também não paro de


pensar no que eu senti quando estava em seus braços... E
quero sentir todas aquelas sensações novamente.

Antes que eu termine de falar, sinto os braços de Davi


na minha cintura e ele me puxando para seu corpo.
Coloco minha mão em seu ombro e em seguida ele
encosta sua boca na minha.

Não ligo para onde estamos e me entrego a este


momento.

Ele leva a mão até minha nuca e segura em meus


cabelos e intensifica mais ainda o beijo, eu acabo gemendo,
e nessa hora já sinto que minha calcinha está toda
molhada.

Só nos afastamos quando nos falta o ar.

Ele olha para minha cesta e diz que fica com as últimas
maçãs.

Dou um pequeno sorriso ao ver seu gesto ansioso.

— Vamos sair daqui? Eu preciso de você, desde o dia


que te encontrei aqui usando esse avental eu só penso em
te foder vestida assim.

Ele continua a passar sua barba em meu pescoço, e


desse jeito não tem como resistir, e eu nem quero
também.

— Vamos sim.
Ao entrar no carro, Davi olha para mim e mais uma vez
nos beijamos, sinto sua mão subir por minha perna. Ele
começa a passar a mão por cima da minha calcinha, gemo
só em sentir seu dedo acariciar por cima.

— Você gemendo desse jeito está me deixando maluco,


vamos sair daqui, senão eu não vou aguentar e vamos
acabar fodendo aqui mesmo.

Ele se ajeita no banco, liga o carro e partimos.

Vira e mexe ele olha para mim. E esse pequeno gesto


me deixa ainda mais ansiosa pelo momento em que vou
senti-lo novamente.

— Acho que consigo fazer você relaxar até chegarmos


ao motel.

Assim que Davi termina de falar, sinto seus dedos


passearem novamente pelo meio das minhas pernas.

Ele puxa a calcinha para o lado e enfia um dedo e logo


em seguida coloca mais.

Seguro firme no banco, ele começa um vaivém e não


consigo ficar em silêncio e volto a gemer cada vez mais
alto.

— Isso, Cecília, rebola no meu dedo. Quando


chegarmos ao local eu vou enfiar meu pau todinho em você
e matar a saudade dessa boceta apertada.
A sensação dele me masturbando é muito gostosa, eu
não vou conseguir segurar muito tempo, começo a rebolar
em sua mão até sentir uma adrenalina e em seguida gozo.

Ele retira o dedo de dentro de mim e leva até sua


boca.

— Seu sabor é uma delícia.

Tento me recompor, mas sinto meu corpo todo


trêmulo.

Assim que chegamos ele pede por uma suíte, mas não
é qualquer uma, mas sim a master.

Logo que ele para o carro na garagem, pega as maçãs,


que estão na cesta, e subimos. Assim que entramos no
quarto fico admirada com o local, pois é tudo lindo, porém
não tive muito tempo para admirar, pois Davi já vem para
cima de mim e segura em minha cintura e começa um beijo
bem intenso, sinto sua mão passando por todo meu corpo
até chegar em minha nuca, não resisto e sinto meu corpo
todo se arrepiar, com isso acabo gemendo em sua boca.

Então ele se afasta, pega uma maçã e a tira da


embalagem, em seguida me oferece. Sendo ousada e para
o atiçar ainda mais, começo a passar a língua, pensando no
quanto eu estou com vontade de sentir o seu membro na
minha boca.

— Você está querendo chupar meu pau, Cecília?


— É o que eu mais quero, Sr. Bernardi. Eu ainda não
sei fazer isso, mas quero muito experimentar.

— Depois nós vemos isso, pois agora eu quero entrar


nessa sua boceta.

Ele me leva até a cama e pede para que eu me sente.

— Como eu disse: desde o dia que te vi vestida desse


jeito eu não consigo deixar de imaginar eu me enterrando
em você.

Davi me deita e segura uma das minhas pernas e


começa a beijá-la. Como estou de vestido fico toda exposta,
assim que ele chega na minha calcinha, a retira.

Em seguida ele pega uma camisinha de sua carteira,


retira toda a sua roupa, rasga o pacote e coloca em seu
membro, que está duro.

Não consigo deixar de observar a cena, sigo cada um


dos seus movimentos.

— Fique de quatro, Cecília.

Após dizer essas palavras ele morde o lóbulo da minha


orelha e isso faz o meu corpo inteiro se arrepiar.

Me viro e fico de joelhos sobre a cama. Ele levanta o


meu vestido e sem preliminares me preenche de repente,
gemo alto.
— Te machuquei?

— Não.

Davi começa um vaivém bem forte, o que me deixa


completamente molhada, desejando cada vez mais.

— Puta que pariu, Cecília, sua boceta é muito


apertada, que delícia.

Ele continua a meter com mais força e sinto um tapa


que me deixa ainda mais excitada.

Segura em meus cabelos, trazendo meu corpo junto ao


seu, vira meu rosto e me beija. Davi vai com a mão até meu
clitóris e começa a fazer movimentos circulares, me
fazendo gemer cada vez mais alto.

— Isso, minha gostosa, goza gostoso no meu pau.

Ele continua a estocar com mais força e explodo num


orgasmo intenso que chego a molhar a cama. Davi continua
a meter e não demora escuto ele gemer.

Em seguida ele se retira de dentro de mim e com


cuidado me deita na cama, retira a camisinha, dá um nó e
deixa no canto.

— Vamos tomar um banho?

Assinto, então ele me ajuda a tirar minha roupa e me


leva no colo até o banheiro.
Ao entrarmos embaixo do chuveiro, Davi pega o
sabonete líquido e começa a espalhar por todo o meu
corpo, me ensaboando toda. Mais uma vez tento não me
apegar a esse jeito carinhoso que estou sendo tratada, pois
sei que nossa “relação” será apenas sexo.

“Não posso me iludir, pois no final quem vai sofrer vai


ser eu.”

Fecho os meus olhos para apreciar cada sensação que


ele me proporciona, e amanhã é cada um para seu lado, e
provavelmente ele vai ficar mais umas semanas sem
aparecer ou ao menos me ligar.

Ele desce a mão por todo meu corpo, começo a sentir


meu ventre se contrair, gemo alto, o que o faz intensificar
mais ainda suas investidas.

— Sua boceta já está pronta para receber meu pau


novamente.

Ele penetra dois dedos e eu seguro em seu ombro.

— Ahhhh. Davi, sim, preciso te sentir de novo.

Sinto ele aumentar a velocidade, mas antes que eu


goze ele retira o dedo.

Olho para ele, sem entender.

— O seu próximo orgasmo vai ser na minha boca.


Tentando ser um pouco mais ousada, então seguro em
seu membro e faço movimento de vaivém.

Agora é Davi que fecha os olhos e geme, sorrio com a


visão que tenho dele em êxtase.

Me abaixo e, mesmo com medo de fazer algo errado,


coloco seu membro em minha boca. No começo fico
insegura, mas o ouço gemendo. Paro, olho para cima e o
vejo me observando.

— Me ensina como faz?

— Só continuar como está fazendo, mas cuidado com


os dentes.

Como Davi é muito grande e grosso, coloco o máximo


que consigo em minha boca.

— Caralho, Cecília, que boca mais gostosa.

Saber que ele está gostando me deixa mais confiante,


então começo a chupar com mais vontade e cada vez mais
ele vai gemendo, faço movimento com a mão junto com a
boca.

Davi junta os meus cabelos em sua mão, formando um


rabo de cavalo e me ajuda, metendo dentro da minha
boca.

— Cecília, se você não quiser minha porra em sua


boca, é melhor parar, pois não vou aguentar segurar por
muito mais tempo.

Nunca senti esse desejo. Quando lia em livros não


conseguia me imaginar fazendo, mas aqui, agora, não
quero parar, quero experimentar tudo com ele.

Então aumento o ritmo da chupada e não demora muito


sinto o jato do seu gozo todo na minha garganta, engulo
tudo e depois passo minha língua por toda extensão do seu
membro.

Davi me levanta, me prende na parede e me beija.

— Vamos voltar para cama, pois a noite só está


começando.

Ele me mostra um sorriso e logo me estende uma


toalha.

Ao chegar no quarto ele me deita na cama e abre as


minhas pernas.

— Agora é minha vez de sentir seu sabor.

Passa a língua por toda minha boceta, me fazendo


arquear as costas do colchão com o tesão.

— Já falei o quanto sua boceta é uma delícia?

Ele me chupa com tanta vontade, me deixando tão


excitada, que acabo querendo fechar as minhas pernas,
mas Davi não deixa.
— Não fecha, eu quero essa boceta toda exposta para
mim.

Ele continua a passar a língua entre meus pequenos


lábios, cada vez mais intenso.

— Davi, eu não vou mais aguentar, vou gozar.

— Goza, Ceci, quero beber todo seu mel.

Acordo com o meu celular tocando, olho para o lado e


vejo Davi dormindo, tento levantar sem fazer barulho para
não o acordar e vou até minha bolsa que está em cima do
sofá.

Assim que desbloqueio a tela vejo que já são 5h da


manhã e tem várias ligações e mensagens do Guilherme e
da minha mãe.

Me sento no sofá e de repente me lembro que não


avisei a nenhum dos dois onde eu estaria, um desespero se
instala em meu corpo.

— Como eu fui esquecer disso?

Na hora eu só queria ficar com Davi e não pensei nas


consequências.
— Cecília, aconteceu alguma coisa?

Me assusto com a voz do Davi, então olho em sua


direção e ele parece perceber o meu desespero.

— Eu esqueci de avisar que não ia para casa, agora o


meu amigo, que me dá carona, e a minha mãe me ligaram a
noite toda.

Coloco minhas mãos na cabeça, nervosa.

— Minha mãe deve estar desesperada com meu


sumiço.

Ele se senta ao meu lado e me puxa para seu colo.

— Não adianta você ficar nesse estado, infelizmente


aconteceu, agora é resolver essa situação. Não se
preocupe, eu vou te levar até em casa e lá nós
conversamos com a sua mãe. Agora vamos nos trocar.

Fico olhando para Davi e não consigo acreditar que ele


está mesmo cogitando a ideia de ir até a minha casa e
conversar com minha mãe, isso pode não dar muito certo,
mas fico muito agradecida pelo seu gesto.

Concordo e me levanto de seu colo para que possamos


nos arrumar.
Assim que saímos do motel, olho para o meu celular e
não sei o que fazer.

“Será que ela passou mal por não ter notícias minha?”

— Cecília, ligue para sua mãe ou envie uma


mensagem, não sei o que você está pensando, mas sei que
está preocupada, daqui a pouco vamos chegar.

— Como você sabe que estou preocupada se nem me


olhando você está?

Davi sorri, e enquanto dirige segura em minha mão.

— Como eu te disse ontem, você é muito transparente,


e quem disse que não estou te olhando? Para de apertar
esse celular e fale com sua mãe.

Fico momentaneamente abalada, mas balanço a


cabeça em seguida, para espantar esses pensamentos da
minha mente.

Desbloqueio meu celular, vou até o WhatsApp e envio


uma mensagem.

“Mãezinha, me desculpe o sumiço, sei que não tem


desculpas para meus atos, mas estou bem, daqui a pouco
eu chego em casa.

Me perdoe por te deixar preocupada.

Beijos.”
Após enviar a mensagem, continuo observando sua
foto para ver se ela visualiza, mas nada aparece.

Apoio minha cabeça no encosto do banco e suspiro.

— Está melhor agora?

Viro minha cabeça para Davi, que me observa.

— Para ser sincera, não estou não... Conheço muito


bem a mãe que eu tenho e o que eu fiz a deixou
preocupada, e isso me deixa triste.

Ele para no sinal e se vira para mim.

— Vamos resolver isso, não vou te deixar sozinha, até


porque eu contribui com seu sumiço.

— Obrigada!

— Não precisa agradecer.

Davi se aproxima e me dá um selinho rápido.

Ele volta a dirigir e eu fico observando a rua, mas do


nada sou surpreendida quando sinto sua mão sobre a
minha e ele a aperta.
Estamos chegando próximo a minha casa e graças a
nossa conversa me sinto mais calma, mas não a ponto de
relaxar. Sei que não tenho que ficar criando esperança em
minha cabeça, eu aceitei sair com ele e agora tenho que
assumir os meus erros.

— Prontinho, chegamos. Vamos?

Saio dos meus devaneios com a voz de Davi.

Me viro para ele, e só então me dou conta que estamos


em frente à minha casa.

Começo a sentir uma insegurança muito forte por


causa dessa situação.
— Tem certeza de que quer ir comigo? Você não
precisa fazer isso, eu posso lidar com essa situação.

— Nós já conversamos, não foi? Eu vou com você,


vamos lidar com isso juntos.

Olho para ele assustada. Eu não esperava por essa


resposta.

Meu coração traiçoeiro falha uma batida. Fecho os


olhos e respiro fundo.

Não posso permitir que ele faça isso. Do jeito que


minha mãe é tenho certeza de que ela vai dizer várias
coisas, e claro, pensar que temos algo além de sexo.

— Não precisa, Davi, eu vou me explicar para minha


mãe, você pode voltar para sua vida...

Ele coloca um dedo sobre meus lábios, impedindo que


eu termine de falar.

— Sem mais, Cecília — Davi diz, e eu não tenho mais


o que comentar. Ele abre a porta do carro e em seguida
vem até o meu lado e abre a porta para mim.

Desço e vou até o portão, abro e sigo até a porta da


sala, mas antes que eu abra vejo ela sendo aberta e dona
Antônia toda preocupada que vem até o meu encontro.
— Cecília, minha filha, o que aconteceu? Eu fiquei a
noite toda acordada te ligando. Guilherme veio até aqui
para te procurar, pois ele foi, como de costume, te buscar
no Jardim Botânico e não te encontrou...

Antes que minha mãe termine de falar, ela olha para


trás de mim e encontra o Davi.

— Então, é isso, minha filha?

Ela olha para meu rosto e em seguida se vira


novamente para Davi.

— Bom dia, senhora.

— O senhor é quem?

— Meu nome é Davi Bernardi, sua filha estava comigo


esse tempo todo, peço desculpas por não ter comunicado e
tê-la deixado preocupada, não foi essa a intenção.

Minha mãe olha Davi de cima a baixo, sua expressão


não é nada agradável.

— Então o senhor é o riquinho que saiu com a minha


filha no outro dia? Vai ficar usando a minha filha toda vez
que te convém sem nenhum compromisso?
— Mãe, vamos entrar e conversar lá dentro.

Cecília tenta acalmar sua mãe, em seguida me convida


para entrar.

— Então, o senhor não vai me responder? Fiz uma


pergunta muito difícil?

Olho para toda a situação e reparo como Cecília está


nervosa.

— Mãe, eu sei que te decepcionei, não vou dizer nada


sobre isso, mas aqui fora não é o melhor lugar para
conversarmos.

O pouco que eu conheço de Cecília reparei como ela é


uma mulher decidida. Mesmo nervosa ela sabe controlar a
situação. Mas a pergunta que sua mãe fez é algo delicado,
que diz respeito a nós dois.

O que tivemos foi algo que não posso explicar, tenho


que aceitar que o sexo é muito bom, sua companhia é muito
agradável, mas...

— Você está certa, Cecília, aqui não é o local para


esse tipo de conversa.

Sua mãe se vira e entra em sua residência, nos


deixando sozinhos.
— Me desculpe por isso, Davi.

— Não precisa se desculpar, você, além de ser mulher,


o que geralmente já causa muitas preocupações nos pais, é
filha única. Minha mãe é do mesmo jeito.

Cecília tenta sorrir, mas é perceptível como ainda está


sem jeito. Ela se afasta para que eu entre em sua casa, e
ao entrar percebo o quanto ela é simples, entretanto, muito
bem-organizada. Tem algumas fotos das duas espalhadas
sobre um móvel onde fica a televisão, a cozinha e a sala
são em estilo americano.

Paro de observar a casa e presto atenção na mulher de


meia-idade que está sentada no sofá com os braços
cruzados.

— Antes que você comece, por favor, se sente, o que


temos que discutir não pode ser feito de pé.

Agradeço e me sento.

— Então, senhora…

— Pode me chamar de Antônia — ela me interrompe,


mas em nenhum momento foi ignorante.

— Sra. Antônia, sendo muito honesto, eu não estou


apaixonado por sua filha. Cecília é uma mulher incrível,
dedicada, esforçada, mas não é esse o caso, se é isso que
a senhora está querendo saber, entretanto, nós estamos
vivendo o momento e quem sabe no que isso pode dar, não
é?

Ela olha para Cecília e balança a cabeça para os lados


em reprovação.

— Eu te disse, minha filha. Homem como ele não se


apaixona por pessoas como a gente, não somos do mesmo
mundo, ele prefere alguém que seja do mesmo nível.

Percebo que Ceci fica envergonhada com o que sua


mãe diz, mas em seguida segura sua mão.

— Mãezinha, eu sei o que você pensa sobre isso, mas


não se preocupe, pois eu também não estou apaixonada.
Estou segura disso.

Confesso que não esperava uma resposta dessa.

“Porque eu fiquei assim, se foi o que eu propus para


ela?”

— Nós realmente só estamos nos curtindo, e tem outra


coisa, mãe. Se ele não é o tipo de homem que se apaixona
por mim, eu também não sou o tipo de mulher que se
apaixona por ele.

Assim que escuto Cecília, olho rapidamente em sua


direção, e a mulher que está próxima a mim tem uma
atitude totalmente diferente do dia anterior, suas falas
foram ditas com tanta convicção que por um momento
pensei que a paixão que via nela era coisa da minha
cabeça

— O Bernardi é um homem interessante, que tem a


vida toda feita, e eu? Ainda estou à procura de uma
melhora para a minha. É óbvio que estamos em posições de
vidas diferentes, não vou me iludir a esse ponto.

Cecília diz cada palavra olhando em meus olhos.

Por uma fração de segundos fico incomodado.

— Minha filha, eu acredito em você, mas o meu


coração de mãe está preocupado. Você pode se acostumar
a essa vida boa de estar ao lado dele, mas se o dia que ele
se cansar de você chegar, como você vai ficar? Tenho medo
disso, Ceci.

Ela se aproxima da mãe e segura em suas mãos.

— Eu estou bem, mãe, se eu perceber que estou


realmente me apaixonando por ele, vou ser a primeira a dar
um ponto final nessa “relação”.

Dona Antônia coloca as mãos no rosto e suspira alto.

— Isso é muita modernidade para minha cabeça, mas


vocês dois são adultos, sabem o que querem para a vida de
vocês. A única coisa que posso fazer é pedir a Deus que
minha menina não se machuque. E você, meu jovem — ela
diz, apontando o dedo em minha direção. — Saiba que
minha filha vai fazer você mudar de ideia, só espero que
não seja tarde demais quando você perceber isso.

Não sei o que responder, pois não esperava que ela


fosse me dizer algo desse tipo.

“Será que algum dia vou conseguir superar o meu


passado e viver novamente um amor?”

Olho para Cecília e ela seria uma ótima parceira, pois


é determinada, batalhadora, sabe o que quer, além de ser
linda e foder perfeitamente, mas não posso colocar ela
nessa situação fodida que eu vivo.

A senhora Antônia assente e em seguida, mesmo


resmungando, faz um convite que eu não esperava.

— Aceita tomar um café?

— Aceito sim.

Ela pede para que eu a acompanhe até a cozinha.

— É simples, mas garanto que você nunca


experimentou um café tão gostoso como o meu.

Sorrio para ela, e me sento na cadeira enquanto ela vai


até o armário e pega uma leiteira para colocar água para
ferver.
— Cecília.

Chamo sua atenção para que ela nos siga até a


pequena cozinha, ela para o que está fazendo e olha para
mim.

— Não duvido disso. Se a Cecília tiver puxado a


senhora para cozinhar, tenho certeza de que o seu café é
delicioso. Ontem, quando eu experimentei a maçã do amor,
eu amei. Porque não se juntam e montam um negócio
juntas, vocês podem fazer bolos, biscoitos e muito mais
coisas.

Ela termina de passar o café e coloca a garrafa sobre a


mesa, onde tem uma travessa com um bolo. Cecília coloca
uma xícara para mim e outra para elas, corta um pedaço de
bolo e me serve.

Agradeço, em seguida ela se senta na minha frente.

— Bernardi, o que eu ganho com as vendas das maçãs


é para pagar as contas, complementar nas compras de
alimentos e nos materiais para produção. Por mais que as
vendas estejam indo bem, e graças a Deus por isso, não
estou sendo ingrata, mas é difícil ganhar muito dinheiro,
pois as despesas sempre aumentam. Não ganho o
suficiente para abrir uma lanchonete por exemplo.

Cecília sorri, mas sem humor nenhum. Ela me mostra


as suas mãos.
— Eu sou uma mulher com duas mãos, não consigo
produzir uma grande quantidade de uma vez só.

Eu poderia explicar e ensinar tudo sobre


empreendedorismo, mas não creio que seja viável, pois ela
pode interpretar errado. E tem também a questão do que
nós conversamos anteriormente, estamos juntos somente
pelo prazer, se eu começar a querer me aprofundar em sua
vida novos mal-entendidos podem acontecer.

Então decido aproveitar mais um pouco dessa manhã


diferente.

— Vamos comer? Preciso confessar que estou com


muita fome.

Sorrio de lado, pois sei o motivo dela estar com tanta


fome.

— Por que será, não é?

Cecília fica ligeiramente envergonhada, olha para trás


para ver se sua mãe escutou.

— Para com isso, Davi, minha mãe pode ouvir. Ela


“disse” que não iria se meter na nossa decisão, mas
também tenho que evitar alguns assuntos, esse é um
deles.

— Você está certa.


Me aproximo quando ela está perto de mim e sussurro
em seu ouvido para que somente ela ouça.

— Vamos alimentar essa moça que por fazer muitos


exercícios a noite inteira está com fome.

Reparo a reação que o seu corpo tem e isso muito me


agrada.

— Obrigado pelo café. Tenho que concordar que é o


melhor que já tomei.

Cecília me acompanha até o portão, mas não posso ir


embora sem antes sentir seus lábios, então a encosto na
parede e ataco sua boca. Ela dá passagem para que eu
penetre minha língua dentro da sua boca, passo minha mão
por todo seu corpo e ela geme.

Levo um dedo até sua calcinha e acaricio sua boceta


por cima do tecido, Cecília segura firme em meus braços.

— Ahhh, Davi.

Encosto minha testa na sua.

— Se continuar a gemer meu nome assim, eu vou


esquecer que estamos na sua casa e vou meter meu pau
todo em você.
Cecília demonstra perceber onde estamos e coloca
uma mão sobre meu peito.

— Eu adoraria ter você dentro de mim novamente, mas


estamos na garagem e minha mãe pode aparecer.

Então ela se afasta, me deixando um vazio do seu


corpo.

Me despeço, e entro em meu carro.

Já no caminho para minha casa, olho no meu relógio e


vejo que já são quase 9h, decido ligar para o setor de
departamento das redes Bernardi.

Faço uma chamada de voz e não demora muito até que


me atendam.

— Bom dia, Oscar! Verifique para mim se há algum


estande de vendas para alugar na rede Bernardi aqui de
Curitiba.

— Bom dia, Sr. Bernardi, vou olhar aqui no sistema, só


um segundo.

Assinto.
— Sr. Bernardi, temos um de dois metros quadrados na
loja principal.

— Reserva ele.

— Desculpa, senhor, mas tem certeza? Pois temos


duas franquias interessadas, ontem os representantes da
Cacau Show e o Brasil Cacau entraram em contato com
nossa equipe.

— Eu tenho sim. Mas tarde eu entro em contato com


você.

Encerro a ligação.

Decido ir direto para o escritório, pois preciso resolver


isso logo, quero presentear a Cecília com um início em sua
carreira de empreendedora, vou ajudar com uma assessoria
inicial para ela abrir sua empresa, um plano de marketing e
um ano de aluguel gratuito.

“É só uma doação para quem precisa.”


Ontem, após os últimos acontecimentos, assim que
Davi deixou minha casa, meu coração ficou apertado, pois
tinha certeza de que ele não me procuraria mais.

Entretanto, para a minha surpresa, naquele mesmo dia,


enquanto eu estava arrumando as minhas coisas, distraída
com tudo que tinha acontecido e lembrando das reações
que a minha mãe teve em relação a nós dois, recebi uma
mensagem dele.

Foram muitas coisas para um único dia e eu ainda tive


que me manter firme e dizer na frente dela e na do Davi que
eu não estava apaixonada e que isso não ia acontecer, mas
eu sei que estava mentindo, pois sinto que já estou
gostando muito dele.

“Eu espero que tudo tenha ficado bem após a minha


saída. Não desejo que sua mãe e você briguem pelo que
estamos vivendo. Qualquer coisa pode me ligar ou mandar
mensagem.

Beijos D.B."

Assim que termino de ler a mensagem, um largo sorriso


surge no meu rosto.

— Como pode uma simples mensagem me deixar


nesse estado?

As minhas próprias palavras voltam com força a minha


mente, suspiro e deito na minha cama, olhando para o
teto.

Preciso colocar na minha cabeça que entre mim e Davi


não vai existir nada além de sexo e eu tenho que aproveitar
cada instante de prazer que ele pode me proporcionar.

“Mas você já está se apaixonando, Cecília.”

Uma vozinha diz na minha cabeça, mas tento não focar


nisso.

Como eu disse para a minha mãe, se eu me apaixonar


por ele vou terminar seja lá o que nós temos.
Mesmo que doa, preciso me resguardar para não
sofrer.

Olho mais uma vez no celular e releio a mensagem.


Antes que eu me iluda por ele estar sendo tão atencioso,
balanço a cabeça para dispersar esses pensamentos.

— Foco, Cecília — falo comigo mesma. — Agora o que


eu preciso é focar nas vendas das minhas maçãs e fazer
aumentar meus lucros, ficar pensando no Davi não vai me
ajudar em nada, ele já tem a vida toda estruturada e eu
estou batalhando pela minha.

Mas nem tudo sai como o planejado. Davi e eu


passamos a semana toda trocando mensagens e ligações
durante o dia. Ele sempre me perguntando como foi meu
dia, se estava tudo bem entre mim e minha mãe, como está
indo as vendas, curiosidades comuns, mas que no fundo
mexem comigo.

Porém, na noite passada ele me surpreendeu quando


me mandou mensagem bem tarde da noite, e só de lembrar
meu corpo todo fica arrepiado.

Eu tinha acabado de sair do site do pinterest, onde


sempre gosto de olhar ideias para me ajudar no marketing
das minhas vendas, e estava justamente pensando no
quanto sentia falta de estar com ele, pois não conseguimos
nos encontrar durante a semana, e como se ele estivesse
conectado com meus pensamentos, meu celular notifica a
chegada de uma mensagem dele.

“D - Ainda está acordada?

Olho para o horário e reparo que já passa da 1h da


madrugada. Será que aconteceu algo para ele estar me
mandando mensagem a essa hora?

Mais que depressa abro o WhatsApp e vejo que ele


permanece on-line.

C - Oi, estou acordada sim, aconteceu algo?

D - Não, nada. Só estou sem sono. Te mandei


mensagem, mas, apesar da esperança, jamais imaginei que
me responderia. O que ainda está fazendo acordada?

C - Também estou sem sono, então aproveitei para


pesquisar algumas ideias para usar no meu pequeno
empreendimento.

Mesmo que ele não possa ver, sorrio e vejo que ele
está digitando.

D - Isso é muito bom, mas não para fazer nesse


horário, você precisa dormir, pois o descanso é fundamental
para um bom trabalho.
Mais uma vez fico feito boba, sorrindo, um homem do
porte de Davi demonstrando preocupação é muito fofo.

C - Você tem razão, mas quando fico sem conseguir


dormir preciso procurar algo para ocupar minha cabeça e
entrar no site foi o que encontrei. Apesar de ainda não estar
com sono, já estava indo colocar meu telefone no
carregador e indo me deitar. E você também deveria estar
dormindo, o conselho que me deu serve para você também,
Sr. Bernardi.

D - Cecília...

Sei como ele fica quando o chamo desse jeito, eu


queria estar ao seu lado para ver sua reação.

D - Você sabe o quanto fico louco para te foder quando


me chama desse jeito? Fiquei de pau duro e você não está
aqui ao meu lado.

Fico excitada, imaginando o seu membro duro, Davi


fica por um tempo sem digitar nada, então abaixo o celular
e o coloco sobre o meu peito, que sobe e desce em um
ritmo acelerado, e quando eu acho que ele não ficará mais
on-line, sinto o celular vibrando.

— Desculpa, tive que acalmar as coisas por aqui. Mas


você está certa, eu deveria estar dormindo, mas me dei
conta de como minha cama é muito grande para ter
somente uma pessoa dormindo nela.
Prendo a respiração assim que leio sua mensagem.
Davi não colabora nem um pouco.

— Como ele quer que eu não me iluda quando me diz


coisas desse tipo?

Fico olhando para o celular, sem saber o que escrever,


então reparo que ele está digitando novamente. Nosso
combinado é somente sexo, e ele deixou isso claro, não só
para mim como para a minha mãe também, mas fazendo
esse tipo de comentários é difícil não me iludir.

D - Cecília, estou com vontade de ter você


novamente.

Aperto minhas pernas uma na outra para tentar


controlar meu desejo, mas é praticamente em vão.

C - Eu também estou com muita vontade, Davi, mas


não podemos fazer nada a respeito disso, não agora.

D - Vou te ligar em uma chamada de vídeo, me


atende.

Assim que leio a sua mensagem, me levanto da cama


imediatamente.

— Como assim, me ligar? Ele está louco?

Prendo meus cabelos em um coque alto, olho para o


meu corpo e vejo que a camisola que estou usando é bem
simples, porém é muito bonita.
Meu celular começa a vibrar indicando uma chamada,
sei que é Davi, mas quando leio o seu nome na tela fico
ainda mais nervosa.

Respiro fundo e atendo.

— Oi!

Fico um pouco sem jeito, pois nunca fiz isso com


ninguém, mas olhar para Davi à vontade, sem camiseta,
como se chamadas desse tipo fosse supernormal entre nós,
me acalma um pouco, reparo como os seus olhos estão
nublados de desejo, então sinto meu ventre latejar, e como
um furacão as lembranças da nossa última vez vem com
tudo a minha mente. Mais uma vez esfrego uma perna na
outra e passo a língua nos meus lábios.

— Eu queria te ver por completa, Cecília, na verdade, o


que eu queria é ter você aqui comigo, estou com muita
saudade de ter você embaixo de mim, ouvir os seus
gemidos e logo em seguida chamando pelo meu nome
enquanto goza...

Acabo soltando um pequeno gemido.

— Não faz isso, Davi, estou tentando me controlar ao


máximo para não fazer barulho, pois o quarto da minha mãe
é ao lado do meu.

Davi me olha com muito desejo, o mesmo olhar que


sempre me direciona quando estamos prestes a nos perder
um nos braços do outro.

Fecho meus olhos e suspiro.

“Eu também queria estar agarrada a você.”

— Você está linda, Cecília. Apesar de não conseguir


ver muitas coisas, o pouco que está na minha visão está
fazendo minha boca salivar, consigo até sentir o sabor dos
seus seios na minha língua.

— Bernardi, assim você não me ajuda em nada.

— E quem disse que eu quero te ajudar? Quer dizer,


quero sim, mas de um jeito prazeroso para nós dois. O que
você acha de nos divertimos um pouco?

Arqueio uma sobrancelha, a princípio sem entender o


que ele quer dizer, mas logo em seguida minha ficha cai.

— Nos divertimos? E como seria isso? — Pergunto


com a cara mais inocente do mundo.

— Quero ver você gozar, Cecília. Você já se tocou


alguma vez?

Sinto meu rosto aquecer, pois depois que descobri os


prazeres carnais tenho tido essa vontade direto, mas nunca
consegui de fato fazer.
— Apesar de sempre sentir vontade de me tocar, nunca
fiz.

— Eu vou te ajudar, então. Comece passando as mãos


nesses seios gostosos que você tem.

Ao ouvir suas instruções, instantaneamente levo uma


das minhas mãos até o meu seio.

— Imagine que sou eu apertando o bico entre os meus


dedos.

— Ahhh, Davi.

Gemo baixinho para que minha mãe não ouça, mas


então me dou conta de que a porta do meu quarto não está
trancada.

— Preciso trancar a minha porta, pois se minha mãe


ouvir algo e vier aqui não verá uma cena muito agradável.

— Tudo bem, mas antes posiciona o celular para que


eu consiga te acompanhar. Quero ver o seu corpo inteiro.

Faço o que Davi me pede, e coloco meu celular sobre a


cama, encostado em algumas almofadas de um jeito que dê
para ele me ver.

Estou usando uma camisola curta, azul-claro, após me


distanciar e Davi me olhar de corpo inteiro, ouço quando ele
geme.
Não queria ser assim, mas ouvir essas reações dele
faz eu me sentir a mulher mais desejada do mundo.

Antes de trancar minha porta, vou rapidamente até o


quarto da minha mãe e confirmo que ela está dormindo.

“Graças a Deus.”

Volto para o meu, tranco a porta e caminho a passos


lentos até chegar na minha cama. Me sento e pego meu
celular novamente.

— Você está tão gostosa nessa camisola, Cecília,


queria estar aí e poder arrancar ela do seu corpo e depois
beijar cada pedacinho dele.

Olho para Davi, ainda tendo a imagem somente do seu


peitoral, fico o admirando, mas de repente ele muda a
câmera do celular e tenho a visão do seu membro grande e
duro.

— Olha como eu fiquei desde o momento em que


comecei a falar com você, e te ver nessa camisola curta só
me deixou ainda mais louco para meter nessa bocetinha
apertada.

Mordo o canto da minha boca, pois lembrei de como é


delicioso ter o seu membro em mim.

Davi começa a fazer movimento de vaivém e


imediatamente vou com a minha mão em direção a minha
calcinha, que já está úmida, e a puxo para o lado, coloco o
dedo no meu pontinho de prazer e acabo gemendo.

— Está se tocando, Cecília? Deixa-me ver.

Fico envergonhada, mas faço o que ele pede. Troco a


câmera do celular para que ele veja o que estou fazendo.

— Ceci, enfia um dedo no seu canal e depois os chupe,


quero que sinta o quanto você é gostosa.

Faço como ele me pede.

— Viu por que eu adoro chupar sua boceta? Seu sabor


é delicioso.

Volto meus dedos para meu ponto de prazer, fecho os


olhos, enquanto Davi dita o que tenho que fazer.

— Imagine que estou aí pronto para passar minha


língua no seu pontinho inchado, enquanto meto dois dedos
bem fundo nessa bocetinha gostosa. Lembra o quanto você
fica louca com isso?

Começo a aumentar o ritmo dos movimentos dos meus


dedos, minha respiração começa a ficar mais acelerada.

— Caralho, Cecília, preciso me enterrar em você, pois


só de lembrar dessa boceta me apertando a cada estocada
minha, meu pau lateja.
Fecho meus olhos, imaginando Davi fazendo tudo o
que ele diz, então não demora muito e acabo gozando pela
primeira vez me tocando.

— Ahhhh, Davi, isso é tão bom.

Escuto ele gemer mais alto, e quando abro os meus


olhos e olho para a tela do celular vejo o exato momento
em que ele goza.

— Que delícia!”

Saio dos meus devaneios com a voz da minha mãe.

— Cecília, estou falando com você há um tempo e você


no mundo da lua. Presta atenção no que você está
fazendo.

Olho para ela, que não está com uma cara muito boa,
só então percebo a merda que estou fazendo embalando as
maçãs errado.

— Estou preocupada com você, minha filha. Cuida


desse coração para que ele não sofra uma desilusão.

— Eu estou tomando cuidado, mãezinha. Eu sei que


você só quer me proteger, e eu agradeço por isso, mas não
se preocupe, eu sei me cuidar.

— Eu espero que saiba. Desde que aquele homem veio


aqui, e vocês me disseram aquilo, oro sempre pedindo a
Deus que você saiba o que está fazendo.
— E eu sei, mãe.

Ela vem até mim e me abraça, então deixa um beijo em


minha testa e diz que vai até a casa da Marta.

— Se cuida, mãe.

— Quem tem que se cuidar aqui não sou eu, minha


filha.

Ela sai da cozinha e me deixa sozinha com os meus


pensamentos.

Depois de colocar todas as maçãs dentro da cesta,


recebo uma mensagem do Gui informando que vai se
atrasar um pouco.

— Já está pronta, minha filha?

Olho para minha mãe, que está entrando na cozinha


com a Malu, filha da nossa vizinha, que às vezes ela
cuida.

— Sim, só esperando o Gui chegar, mas ele acabou de


me avisar que vai se atrasar um pouco.

Reparo que Malu está olhando para a cesta, então


pego uma maçã e lhe entrego.
— Toma, mas não come tudo de uma vez, se não vai
atrapalhar a hora do jantar. Tudo bem?

Ela assente, com um sorriso lindo no rosto.

Malu é uma criança encantadora, muito alegre,


brincalhona, conquista qualquer um com o seu jeitinho.

— Obrigada, tia Ceci.

Dou um beijo em sua testa e a vejo correr para a sala e


se sentar no sofá para comer a maçã.

Minha mãe corre na cozinha, pega um prato no armário


e vai até ela para que não caia doce no sofá e no chão.

Nessa hora me vem lembranças de quando era criança


e o quanto eu ficava feliz com as maçãs do amor que o Luiz
trazia para mim, e minha mãe fazia comigo o mesmo que
ela fez com a Malu.

Sorrio com a lembrança e continuo olhando a cena das


duas.

Então ouvimos alguém bater palma no portão.

— Filha, acho que o Gui chegou.

Acho estranho, pois ele acabou de dizer que chegaria


atrasado, deve ter conseguido resolver o que o faria se
atrasar.
Me despeço da minha mãe, e de Malu, e vou para o
portão com a cesta em meu braço, mas assim que eu o
abro, me surpreendo, pois não é o Guilherme, e sim o
Davi.

Perco a respiração assim que reparo como ele está


vestido.

Um terno bem alinhado, que com certeza foi feito sob


medida, cabelos arrumados e óculos escuros.

“Perfeito, simplesmente gostoso.”

Balanço minha cabeça para os lados, preciso me


concentrar e não ficar o comendo com os olhos.

— Davi, aconteceu alguma coisa?

Sem dizer uma só palavra, ele vem ao meu encontro e


me beija, fico sem reação, pois não esperava por isso, mas
logo em seguida se afasta.

— Eu não te disse que assim que eu conseguisse um


tempo viria te ver?

Balanço a cabeça, concordando.

— Quero te mostrar um lugar, acho que você vai


gostar.

— Como assim? Eu adoraria sair com você, mas eu


realmente preciso vender as maçãs, só depois poderei
ter...

Davi não me deixa completar a frase, se aproxima,


segura em minha cintura e me puxa, encostando meu corpo
ao seu, em seguida sussurra em meu ouvido:

— Depois de ontem, o que eu mais quero é me enterrar


em você, mas não é isso que você está pensando.

Antes dele se afastar, morde o lóbulo da minha orelha,


o que faz meu corpo inteiro se arrepiar.

— Eu estou falando sério, Cecília, arrumei um local


para você vender suas maçãs do amor, e quero te levar lá
para te mostrar.

Olho para ele sem acreditar.

“Como ele espera que eu não me apaixone sendo


tratada dessa maneira?”

Davi fica me observando e esperando uma resposta.

— Espera só um minuto, pois preciso enviar uma


mensagem para o Gui, porque ele está vindo me buscar.

Percebo sua expressão mudar na mesma hora,


entretanto Davi não comenta nada.

“Será que ele está com ciúme do Guilherme?”

Olho para a nossa situação atual e vejo que isso é tudo


fruto da minha imaginação.
“É só sexo, Cecília. Só sexo”, meu subconsciente me
alerta.

Assim que envio a mensagem, não demora muito para


que a resposta do Gui chegue, me dizendo que está tudo
bem e pedindo desculpa por causa da demora.

Sorrio, lendo a mensagem.

Olho para Davi e me surpreendo quando percebo que


ele continua com a expressão de desagrado em seu rosto.

Sorrio, pois isso é um bom sinal, talvez não seja só eu


que estou começando a me envolver.

— Prontinho, podemos ir agora.

Ele coloca a mão em minhas costas e me guia até o


carro, abre a porta e em seguida vai para o lado do
motorista.
Desde que entramos nesse carro Davi está em silencio.
Não entendo o motivo, já que na madrugada, tivemos um
momento bem gostoso “juntos”.

— Aconteceu algo para você estar assim tão quieto?

— Não, nada. Só estou concentrado na estrada.

Sua resposta não me convence, mas decido não


perguntar mais, provavelmente deve ser algum problema no
trabalho dele, e por não estar confortável em dizer, prefere
ficar quieto.

Infelizmente o que nós temos não se baseia em dividir


suas preocupações, pelo menos, não da parte dele.
Me dou conta de que estou sendo levada a um lugar
que ele nem ao menos comentou, simplesmente está me
levando.

— Davi, você ainda não me disse para onde está me


levando, estou curiosa.

Ele para o carro no sinal vermelho, se vira para mim e


abre um sorriso.

— É uma surpresa, mas já estamos chegando, segura


mais um pouco essa ansiedade.

— É fácil falar, não é com você.

O sinal abre e ele volta a sua atenção para a


estrada.

Após um momento em silêncio, nós conseguimos


manter um diálogo. Ficamos conversando sobre a nossa
semana, e em seguida Davi me conta sobre sua prima, e
tudo o que aconteceu com ela. Sinto o quanto ele fica
tenso, e eu sei o porquê. Infelizmente.

Depois do nosso último encontro, como eu sei que ele


é uma pessoa pública, resolvi pesquisar mais sobre ele na
internet e, para a minha surpresa, em uma matéria vi que
há dois anos ele perdeu a noiva, que foi assassinada.

Imagino como isso deve ter sido traumático para ele.


“Deve ser por isso que ele não se permite se envolver
novamente. Depois de algo assim ter acontecido, talvez eu
também teria a mesma atitude.”

Ainda não tive coragem de perguntar sobre o ocorrido,


sei que quando ele se sentir bem vai comentar comigo. Não
quero que ele pense que estou investigando sua vida.

“Apesar de ter feito isso.”

Percebo que ele está indo em direção ao Hipermercado


Bernardi. Ele adentra o local, estaciona o carro, sai e vem
até a minha porta.

— Você quer que eu venda aqui no estacionamento do


mercado?

Davi começa a rir e estende a mão para que eu


desça.

— Vamos entrar, lá você vai ver.

Ele me direciona para dentro, e logo na entrada ele me


mostra um estande.

— É aqui que eu quero que você venda.

Fico em choque, sem acreditar.

Ele segura em minha mão e me leva para dentro para


que eu conheça tudo. É um ambiente sem nenhuma
decoração, mas já consigo imaginar uma loja toda decorada
e minhas mercadorias expostas.

— E aí, gostou? Você pode diversificar seus produtos,


mas acho que tem que ter como base, como referência dos
novos produtos, a maçã do amor, assim como fez a de
chocolate.

Viro-me para ele e, ainda espantada com o seu gesto,


o abraço.

— Você está falando sério? Isso é para mim?

— Sim, é para você. Vejo um futuro brilhante para


você, e como eu já tinha comentado, gosto de ajudar em
quem eu acredito.

— Muito obrigada por essa oportunidade, Davi.

Ele me afasta e olha em meu rosto, sinto sua mão em


meus olhos, então me dou conta de que estou chorando.

— Por que você está chorando? Eu pensei que te


deixaria feliz.

Sorrio e seco mais algumas lágrimas que teimam em


descer.

— Eu estou chorando de felicidade, ninguém nunca fez


algo tão grande por mim, não desmerecendo as pessoas
que estão ao meu lado, como minha mãe e o Gui, mas
você, Davi? Nós praticamente nos conhecemos outro dia e
olha para isso — digo mostrando o lugar à minha volta.

— Desde o dia em que eu quase morri sufocada no seu


apartamento, você tem me ajudado. Eu não sei como te
agradecer por tudo isso. Muito obrigada.

O abraço novamente e sinto seus braços em torno de


mim.

— Fico feliz que você tenha gostado. Agora você não


precisa ficar até tarde da noite para vender suas maçãs.

Davi beija o topo da minha cabeça e então nos


afastamos.

Ele me chama para nos sentarmos no chão e tira um


envelope de dentro do seu terno.

Davi me mostra um plano de negócios e me explica


como eu posso montar meu negócio aqui.

— Eu pensei em te ajudar para que você abra uma loja,


então me encarreguei disso.

Fico olhando para ele, e mesmo amando essa


surpresa, sei que eu não consigo levar adiante um
empreendimento desse nível.
Tenho que colocar os meus pés no chão e ver a minha
realidade.

Respiro fundo e olho em seus olhos.

— Bernardi, eu estou impressionada com tudo isso que


você preparou, de verdade, isso tudo é incrível — digo,
balançando as mãos em volta do espaço —, mas eu não
tenho mesmo como assumir um investimento desse, mesmo
ganhando esse espaço de você é muita coisa e muita
responsabilidade.

Davi se aproxima do meu rosto e coloca uma mecha do


meu cabelo atrás da minha orelha.

— Eu posso ser o seu sócio investidor no início, e a


partir do momento que você conseguir pagar, se manter
sozinha, eu me retiro. Quero ser o seu mentor, te ensinar
tudo o que me foi passado durante os anos.

Fico ligeiramente comovida, não sei como agir neste


momento.

— E se eu falhar e te decepcionar?

— Isso não vai acontecer.

— Como você pode ter tanta certeza disso?


Ele me dá um sorriso de lado e então se aproxima
novamente e me dá um beijo rápido nos lábios.

— Porque sou eu que vou te ensinar, não tem como


haver falhas.

Tem como não se apaixonar por esse homem?

Sinto que posso me machucar emocionalmente, mas


não quero perder essa oportunidade de crescer.

Se o Davi quer que eu cresça financeiramente e está


disposto a me ajudar para que isso aconteça, eu vou
aceitar.

— E aí, aceita ter um sócio?

Olho para ele e novamente sinto meus olhos


marejados.

“Meu coração está completamente rendido por esse


homem, que Deus me ajude.”

Respiro fundo e, mesmo com lágrimas nos olhos, eu


sorrio.

— Eu aceito.

Davi, que está sentado à minha frente, me puxa e me


coloca sentada em seu colo, então me beija.

— Eu vou poder continuar beijando o sócio assim?


Ele sorri, e neste momento sinto seu pau duro embaixo
de mim, não resisto e me esfrego nele.

— Pode ter certeza de que o seu sócio não vai brigar


caso você o beije ou queira fazer algo a mais além disso.

Continuamos a nos beijar, até que gemo baixinho em


sua boca.

— Eu adoraria te foder aqui e estrear o local, mas...

Ele aponta com a cabeça e me mostra uma câmera


bem em cima de nós, sinto meu rosto queimar em
vergonha, então saio rapidamente do seu colo.

Ele se levanta e estende a mão para me auxiliar.

— Será que podemos comemorar em outro lugar?

Concordo, e quando estamos saindo vejo uma mulher


linda, com os cabelos loiros, parece uma modelo, vindo em
nossa direção.

— Chefe, não sabia que você já estava aqui. Me


falaram que o senhor fez questão de vir apresentar o
estande reservado para a empresária, ela já foi embora?

Davi segura em minha cintura e me apresenta.

— Helena, esta é Cecília, a empresária que comentei.


É ela que vai abrir uma loja aqui, e pensei em você ser o
braço direito dela nesse início.
Percebo que ela fica espantada com o que Davi diz.
Será que ela me achou nova demais?

“Será que eles já ficaram?”

“Que é isso, Cecília, ciúme agora?”

Dois meses depois...

Nesse tempo minha vida tem dado uma boa guinada.


Por estar sempre ao meu lado, Davi me ajudou a chegar no
lugar em que estou. Apesar de estar quase tudo pronto,
quero continuar mostrando a ele que o tempo que ele
investiu em mim valeu a pena, pois quero crescer muito
mais.

No meu profissional as coisas têm ido bem, agora, no


amoroso, estou com um pouco de medo. Davi me trata
muito bem, está sempre ao meu lado, nossa vida é
resumida em sexo casual, nos curtimos muito, saímos,
porém esse está sendo o problema, estamos fazendo
programas de casais que tem um relacionamento sério e
isso só me deixa ainda mais confusa, pois o que eu sinto
por ele só vem crescendo cada vez mais.

Enquanto estou me arrumando, ouço alguns barulhos


vindo do quarto onde Davi ainda dorme.
Acho estranho e vou até ele, e assim que o vejo ele
ainda está dormindo, entretanto está muito agitado, pois
aparenta estar tendo algum pesadelo, fico nervosa pelo seu
estado.

Me aproximo rapidamente dele, me sento ao seu lado e


começo a dar pequenos tapinhas no seu ombro.

— Davi. Davi, acorda.

Tento acordá-los aos poucos, mas ele parece se agitar


ainda mais.

— Davi, por favor, acorda.

Faço carinho em seu rosto e sinto o quanto ele está


suado.

Me assusto quando ele, de repente, grita, e logo em


seguida acorda assustado.

— Lauraaaa.

Davi olha para os lados, ainda agoniado, então seus


olhos se encontram com os meus, então, sem aviso prévio,
ele me abraça e beija meu pescoço.

Sinto seu corpo ainda mais suado, seu coração


batendo acelerado e a respiração irregular.

— Eu não sei o que você sonhou, mas foi só um


pesadelo.
Abraço seu corpo mais forte e ele retribui.

Assim que sinto que ele está mais calmo, me afasto e


olho em seu rosto.

— Davi, está melhor agora?

— Estou sim, obrigado. Foi só um sonho.

Eu imagino o que pode ser esse sonho, mesmo que ele


ainda não tenha se aberto comigo.

Faço um carinho em seu rosto, Davi fecha os olhos e


suspira.

Sei que não tenho o direito de questionar, mas não


posso deixar que a pessoa que eu gosto passe por isso
sozinho.

Respiro fundo e o chamo. Assim que ele abre os olhos


e volta a me olhar, seu rosto não está com sua alegria de
costume.

— Esse sonho tem algo a ver com a morte da sua


noiva?

Ele parece não compreender, no primeiro momento, o


que pergunto, mas logo em seguida a ficha parece cair.

— Como você sabe sobre isso?

Fico um pouco preocupada de que ele não reaja bem,


então me afasto e fico sentada de frente para Davi na
cama.

— Já tem algum tempo que eu sei sobre esse


ocorrido.

Conto para ele sobre a minha pequena pesquisa.

— Mas eu não quero que você pense que estava te


investigando, só queria saber um pouco mais sobre o cara
que estou transando, e como você nunca me deu abertura
para perguntar diretamente a você, eu pesquisei. Me
desculpe.

— Cecília, o que aconteceu foi...

Coloco o meu dedo sobre seus lábios, o impedindo que


continue.

— Imagino o quanto toda essa situação deve ter sido


traumática, então, se você não quiser conversar sobre, está
tudo bem.

Davi segura em minha mão e deixa um pequeno


selinho nos nós dos meus dedos, depois em minha mão.

— Muito obrigado pelas palavras, Ceci, eu nunca tive


vontade de conversar com alguém depois do
acontecimento, mas por alguma razão me sinto à vontade
para conversar com você.

Meu coração traiçoeiro falha uma batida após o ouvir,


então sorrio, concordando.
Davi passa a mão nos cabelos e suspira.

— Há dois anos eu pensava que estava vivendo os dias


mais felizes da minha vida junto da mulher que amava, mas
então, sem nenhum aviso prévio, recebi uma notícia que
tirou toda a felicidade que existia em mim.

Sinto que Davi começa a ficar ansioso ao contar o


relato, seguro em sua mão para que ele entenda que estou
ao seu lado.

Deve ser muito difícil relembrar algo traumático, ainda


mais de alguém que nós amamos.

— Eu conheci a Laura na boate de um amigo, ela


estava dançando na pista e na mesma hora fiquei
hipnotizado por sua beleza, não consegui resistir, então fui
até ela e me apresentei.

Ouvir sua história com Laura não me deixa em nenhum


momento com ciúmes, pelo contrário, sinto uma empatia
enorme por ele.

— Começamos a conversar, mas então ela me disse


que tinha acabado de sair de um relacionamento
conturbado e só queria curtir, naquele momento eu
concordei.

Davi começa a rir, lembrando de algo.

— Eu disse aquilo, mas na verdade eu queria ficar com


aquela mulher. Então começamos a sair com amigos em
comum. Depois de um tempo nos entregamos à paixão.

Tento não me abalar com o relato, mas começo a sentir


o nó em minha garganta se formando, saber o final dessa
história é muito triste.

— Namoramos por algum tempo, e foram os melhores


anos que eu já tinha vivido até então, e eu tinha certeza de
que ela era a mulher da minha vida, então no nosso
aniversário de namoro de 2 anos, resolvi pedi-la em
casamento, preparei meu apartamento todo para aquela
noite.

Neste momento Davi para de falar e olha para o nada,


como se estivesse revivendo o momento.

Ele balança a cabeça para os lados e volta sua


atenção para mim.

— Mas nada sai como a gente planeja. Quando percebi


que tinha passado do horário que tínhamos combinado de
nos encontrar e ela não apareceu, resolvi ligar para o seu
celular, e foi aí que recebi a pior notícia da minha vida.

Sinto que meus olhos estão molhados, então me dou


conta de que estou chorando. Limpo rapidamente para que
Davi não perceba.

— Foi um delegado que atendeu e pediu para que eu


fosse até a delegacia, e lá me deu a notícia.
— Se não for me intrometer muito, como ela foi
assassinada? Na reportagem só dizia que o CEO das redes
Bernardi havia perdido a noiva assassinada.

Davi se afasta, então se levanta e vai até a janela.

Fica olhando o amanhecer por alguns segundos, depois


volta sua atenção para mim.

— O ex dela não tinha aceitado o término, que havia


acontecido há mais de três anos, então quando ele
percebeu que a Laura estava seguindo a vida, ele ficou
louco, nos perseguia, vivia enviando mensagens, a
ameaçando, eu fiz de tudo para que o pior não
acontecesse, seguranças, a chamei para morar comigo.

Seu olhar volta a ficar distante.

Não queria que Davi tivesse passado por algo assim,


por isso ele é desse jeito, por medo de sofrer tudo de
novo.

— Depois de algum tempo nossa vida voltou a ficar


tranquila, o desgraçado tinha nos deixado em paz, após o
denunciarmos, mas aos poucos Laura voltou a ficar ansiosa
e com os nervos à flor da pele, mas ela dizia que eram
culpa do trabalho, então acreditei... Maldita hora que deixei
isso passar e não investiguei.

Me levanto e vou para perto dele e seguro em sua


mão.
Davi olha nos meus olhos e acaricia o meu rosto.

— Obrigado por estar ao meu lado, me dando apoio e


me ouvindo. Essa foi a primeira vez que tive um sonho com
minha ex-noiva e não acordei me sentindo um lixo. Acho
que foi bom conversar com você.

— Sempre que precisar, estou à sua disposição.

Sorrio para ele, mas com minha garganta embargada,


pois estou com muita vontade de chorar.

— Depois que Laura faleceu, descobri que esse filho


da puta não tinha deixado de nos ameaçar. Então, no dia
que essa tragédia aconteceu, ele estava esperando a Laura
sair do escritório, e quando ela estava no estacionamento
ele atirou nela e em seguida se matou. Vi tudo pelas
câmeras de segurança.

Não consigo evitar dessa vez, volto a chorar. Só de


imaginar a cena, meu coração dói demais, e ele ainda viu
tudo.

Abraço Davi com toda a minha força.

— E eu me culpo, pois eu ia buscá-la todos os dias, e


justamente nesse dia eu não fui, pois estava preparando
tudo para pedi-la em casamento.

Me separo dele, seguro em seu rosto e faço ele olhar


em meus olhos.
— Não é sua culpa. O que aconteceu foi uma tragédia,
mas você não sabia que as ameaças continuavam. Você
não pode ficar preso a essa culpa, Davi.

Ele me solta e se afasta.

— Cecília, eu não fui capaz de proteger quem eu mais


amava, por isso não sou digno de ser feliz.

— Davi...

Ele não me deixa terminar, volta para a cama, se senta


e abaixa a cabeça.

— Tudo que aconteceu foi uma tragédia, é aquele


desgraçado que tem culpa pelo que aconteceu, não você.

Vou até ele e fico em sua frente. Davi olha para cima,
acaricio seus cabelos e beijo sua testa.
Depois que Davi me contou tudo sobre o que
aconteceu com sua noiva, ficamos mais um tempo juntos
em seu apartamento. Eu pensei que o clima entre a gente
iria ficar estranho, mas foi completamente ao contrário,
nossa conexão ficou ainda mais forte.

Nós ficamos abraçados na cama, mesmo não podendo,


por ter muitas coisas ainda para resolver sobre a
inauguração, eu me permiti ficar esse tempo com o Davi,
ele precisava de mim.

Quero que ele saiba que estou ao seu lado nas coisas
ruins também, não só para uma boa noite de sexo.
Após esse momento ele me deixou em frente de
casa.

— Obrigado por hoje, Cecília.

— Eu que preciso agradecer... Obrigada por ter me


contado mais sobre esse momento da sua vida.

Ele passa os dedos no meu rosto como se tivesse o


reconhecendo só agora, em seguida aproxima seus lábios
dos meus e me beija com muito carinho.

— Foi bom me abrir, e fico feliz que tenha sido com


você.

Sorrio, pois sinto como se nós estivéssemos nos


aproximando mais ainda.

“Não se iluda, Cecília.”

Minha consciência me alerta, porém não quero ouvir.

— Queria ficar mais tempo ao seu lado, mas preciso ir


para o escritório. Nos vemos mais tarde na inauguração.

— Estou nervosa.

— Já deu tudo certo. Como eu disse anteriormente:


tudo que você toca é um sucesso.

Davi comenta isso sorrindo de lado.

— Aham, sei bem do que você está falando.


Sorrio e lhe dou mais um beijo, me afasto para sair do
carro, entretanto ele me segura e volta a me beijar, mas
desta vez bem intensamente.

— Se você continuar a me beijar dessa forma, vai ser


difícil sair deste carro.

Ele encosta sua testa na minha e suspira.

— Você tem razão, mas a culpa é sua por ter a boca


assim tão gostosa.

Começo a rir, então ele se afasta e fica olhando para o


meu rosto, mas diferente das outras vezes dessa vez de
uma forma séria.

— O que houve? Tem alguma coisa no meu rosto?

— Não, nada. Você que é muito linda. Mas agora eu


tenho que ir.

— Sim, mais tarde nos vemos.

Após nos despedirmos, fico, como de costume, olhando


o carro dele se afastar.

“Eu ainda não acredito que hoje será o grande dia.”

Entro em casa e encontro minha mãe na cozinha


lavando a louça.

— Bom dia, mãe.


Vou ao seu encontro e beijo sua bochecha.

— Bom dia, minha filha, passou a noite fora de novo,


né?

Mesmo sabendo onde eu estava, eu gosto de contar as


coisas a ela.

Mais que minha mãe, ela sempre foi minha melhor


amiga, então não escondo nada dela.

— Davi e eu ficamos até tarde ontem no escritório e


depois ele me convidou para jantar, e como estava muito
tarde para ele vir me trazer, acabei dormindo na casa
dele.

Minha mãe seca as mãos no avental e se vira para


mim.

— Minha filha, eu sei que prometi não me intrometer


nesse relacionamento que vocês dois teimam em dizer que
não existe, mas você não me engana, eu vejo em seus
olhos que está apaixonada por esse homem.

Percebo que não estou conseguindo mais esconder


que estou completamente apaixonada por Davi.

Eu sei que prometi para minha mãe que assim que


percebesse que isso fosse acontecer eu iria pular fora, mas
como se faz isso?
Sento-me na cadeira e tampo meu rosto, para que
minha mãe não veja como estou.

— Eu fiz de tudo para não me apaixonar, mãe, mas a


cada encontro, o jeito que Davi me trata, o que está
fazendo por mim... Tudo tem se intensificado nesses
últimos meses.

Ouço a cadeira ao meu lado sendo arrastada e levanto


minha cabeça, encontro minha mãe me olhando com um
certo pesar em seus olhos.

— Mesmo eu sabendo que é algo casual, a cada dia eu


o admiro mais, e com isso ele entrou em meu coração.

Minha mãe segura em minha mão e a aperta.

— Eu sabia que isso ia acontecer, sou sua mãe e te


conheço melhor do que ninguém, desde o dia que ele veio
aqui você já estava apaixonada por ele, minha filha.

Vejo como minha mãe está preocupada, nunca me


apaixonei por ninguém, e quando isso acontece é por
alguém que tem tantos traumas que não consegue se
permitir amar novamente por medo de sofrer mais uma vez
com a perda.

Sorrio para dona Antônia, para tentar acalmar seu


coração.

— Não se preocupe, mãe, eu estou bem. Davi me faz


bem e pude ver que faço bem a ele também. Não sabemos
o dia de amanhã, então tudo pode acontecer. Ela me olha e
balança a cabeça para os lados, em negativa.

— Minha filha, eu posso ser considerada “atrasada”,


mas já vivi muito mais que vocês, eu sabia que essa
relação entre vocês ia se transformar em um sentimento
forte. Por mais que Davi tente disfarçar, eu sei que ele
também sente algo por você, porém tem medo de
assumir.

— Eu não sei, mãe, pois Davi tem um bloqueio muito


forte quando o assunto é “relacionamento sério”.

Comento com ela por alto sobre o seu trauma, em


como ele se sente culpado pela morte da noiva, mesmo
dizendo que ele não tem culpa, não é desse jeito para
ele.

Fico mais um tempo conversando com minha mãe até


que ouvimos alguém batendo palmas em frente ao nosso
portão.

— Está esperando alguém?

Me viro para minha mãe e nego.

— Não, pelo menos, não que eu saiba.

Assim que vou me levantar, minha mãe me para.

— Fique aí, eu vou lá ver quem é, você não está com


muito tempo sobrando hoje.
Concordo, então ela se levanta e vai até o portão.

Pouco tempo depois ela volta segurando uma caixa em


seus braços.

— O que é isso, mãe?

— Um entregador trouxe, é para você.

Vou até ela e seguro a caixa, coloco-a sobre a mesa,


olho em volta e encontro um pequeno cartão.

— Olha, mãe, é do ateliê daquela estilista famosa,


Anna Monteiro [ 2 ] .

Leio o cartão em voz baixa.

“Hoje se inicia mais uma etapa em sua vida, desejo


que coisas maravilhosas aconteçam em sua vida.

Desde o momento em que te conheci soube que o seu


futuro é brilhante. Pessoas que batalham por aquilo que
querem não têm como falhar, mesmo que demore, a
recompensa vem.

Eu fui o seu benfeitor, não por nós estarmos juntos,


mas por ter certeza de que você vai longe.

Muito sucesso nessa nova fase, futura empresária.

Beijos, Davi Bernardi.”


Termino de ler o bilhete com o meu coração na
garganta.

— Não precisa nem dizer que é um presente do Davi,


pois o brilho em seus olhos já diz tudo.

Volto minha atenção para minha mãe e sorrio,


confirmando.

Abro a caixa e mais uma vez ele me surpreende, pois


tem um vestido lindo.

Ele é na cor marsala, com detalhe em poá no busto,


com uma gola sutil, de manga comprida, o comprimento
dele aparenta ir até a minha canela, o tecido é muito macio,
confortável.

Por mais que ele seja considerado “fechado”, o detalhe


em poá é sexy, sem mostrar muito.

— Você vai ficar linda nele, minha filha, vejo que o


rapaz tem bom gosto.

— Sim, ele tem.

Decido ir tomar meu banho e começar a me arrumar,


pois daqui a pouco vai estar na hora da inauguração, e por
eu ser a anfitriã, não posso me atrasar.
Falta pouco para a inauguração da primeira loja do
“Amor no Palito.”

Olho tudo em volta e não consigo acreditar no que o


Davi fez, o espaço é todo decorado vintage, papel de
parede em listra rosa e branco em cor pastel, três mesas e
cadeiras em madeira nas mesmas cores, uma parede tem
várias plaquinhas com frases fofas e na outra, onde as
mesas estão, a parede está decorada com rosas que foram
feitas em tecidos, dando um clima todo romântico.

Assim que as pessoas entram ficam de frente com a


estufa, onde várias maçãs do amor estão armazenadas, tem
as tradicionais e as com chocolate. Preparamos também
uvas, morangos, beijinhos e brigadeiros banhados na calda
de maçã do amor, e para a minha surpresa, ao lado da
porta tem uma árvore com maçãs presas nela.

Nunca vi nada tão lindo. Davi fez tudo mais do que eu


esperava, estou simplesmente encantada com esse
espaço.

Do lado de trás do balcão tem um freezer onde tem


várias bebidas.

“Para que tudo isso?”

Além de tudo, tem uma pequena cozinha onde eu


posso preparar as maçãs.
Lágrimas escorrem pelos meus olhos, tudo parece um
sonho.

Agora eu sinto que minha vida vai mudar e vou poder


ajudar minha mãe.

— Minha filha, estou encantada com a loja, nunca vi


nada tão mimoso.

— Estou do mesmo jeito, mãe. Não esperava que


ficasse assim tão lindo, parece que estou dentro de um livro
onde tudo sai perfeito.

— Eu sei como você está se sentindo, minha filha,


mas precisamos nos organizar, falta pouco para abrirmos.

Me viro para o Davi com o rosto banhado em lágrimas,


mas um sorriso gigante nos lábios, falo um “obrigada” sem
emitir som algum. Não sinto vergonha de que ele veja as
minhas lágrimas, pois são lágrimas de felicidade e
agradecimento por tudo o que ele está fazendo por mim.

Ele vem em minha direção e beija minha testa. Por


minha mãe estar ao nosso lado, não creio que ele vá passar
dos limites e me beijar na frente dela.

— Obrigada pelo presente.

Davi me mostra aquele sorriso lindo e tento não


demonstrar o quanto estou apaixonada.

— Vamos fazer a inauguração do Amor no Palito?


Concordo com o meu melhor sorriso.

Ele vai atrás do balcão e volta com uma garrafa de


champanhe e três taças, entrega uma para mim, a outra
para minha mãe e ele fica com a última.

Davi abre a garrafa, que estoura, despeja o líquido


nas taças e então brindamos.

— Um brinde ao seu sucesso Cecília, que essa seja a


primeira de muitas lojas.

— Obrigada mais uma vez pela oportunidade, sem


você eu não estaria aqui.

Assim que termino de falar, o abraço e nossos olhares


se encontram. Quando olho para sua boca, minha vontade é
de beijá-lo, mas sei que aqui não é o lugar.

Então me afasto.

— Eu preciso ir até o carro buscar as embalagens que


comprei, acabei esquecendo de trazer.

Sem esperar que eles falem alguma coisa, me viro e


sigo em direção ao estacionamento.

No dia em que Davi nos presenteou com um carro, foi


um momento bem intenso. Depois de uma pequena
discussão, e de ele me prometer que iria colocar o valor
para eu pagar, eu aceitei o carro.
Davi teve que me dar umas aulas de “reciclagem”, pois
tirei minha CNH quando eu tinha 18 anos e foi contemplada
uma ação do governo, e depois disso nunca mais havia
pegado na direção de um automóvel.

Não fui hipócrita em dizer que não foi bom, porque foi,
ele ajudou não só a mim como minha mãe, pois assim
podemos nos locomover sem ter que depender de
ninguém.

E com essas atitudes dele fica cada vez mais difícil


me segurar, pois minha vontade de me declarar só
aumenta.

— Cecília, aonde você está indo?

Paro de andar quando ouço uma voz conhecida, então


me viro.

— Oi, Helena, estou indo no estacionamento.

— Estou indo para a inauguração, e como eu sei que o


chefe vai estar lá para prestigiar a protegida dele, eu vim
também.

Respiro fundo, pois mesmo Helena sendo uma pessoa


legal, ela tem umas brincadeiras sem graça.

— Para com isso, eu já estou passando por tanta


coisa e você ainda fica dizendo essas besteiras.
Helena me encara, segura em meu braço e me puxa
para um canto.

— Cecília, eu já estava desconfiada, mas agora tenho


certeza. Você está apaixonada pelo Davi, não está?

Tento desconversar, mas quando percebo que não vai


funcionar digo a verdade.

— É verdade, você tem razão, mas agora eu tenho que


ir, pois preciso buscar algumas coisas que deixei no meu
carro e voltar para abrir a loja.

Ela parece surpresa com a minha confirmação.

— Ceci, eu me preocupo muito com você, pois todas


nós sabemos que o Davi não se relaciona com ninguém, ele
só quer diversão.

“Eu sei de tudo isso, você não precisa me confirmar.”

— Ele é o verdadeiro solteirão convicto. Já vi várias


tendo o coração partido por ele, cuidado para você não ser
a próxima.

— Eu sei disso, obrigada pelo conselho.

Tento não demonstrar o quanto o que ela disse me


abalou, mas ouvir de outra pessoa o que eu sei me deixa
ainda mais insegura.

— Depois conversamos, Helena, tenho que ir.


Saio o mais rápido possível em direção ao
estacionamento.

Ao chegar no carro, deixo as lágrimas caírem.

“Será que eu sou só mais uma aventura para você,


Davi?”

Eu sei que ele sempre deixou claro que o que


tínhamos era somente sexo, mas mesmo eu nunca tendo
outro relacionamento, eu sinto que ele está na mesma
sintonia que eu, suas caricias, seus beijos, seu cuidado...

— Cecília, isso é o seu coração te enganando, pois


você está perdidamente apaixonada por ele.

“O que será que aconteceu com a Cecília?”

Fico parado olhando-a se afastar e lembro dessa


manhã quando eu enfim consegui me abrir e contei a ela
sobre Laura.

Sinto que foi a melhor decisão que fiz, pois depois de


muito tempo o peso que eu carregava começou a sumir.

Ainda mais depois do que Cecília disse.


Nesses últimos meses minha relação com ela está
muito gostosa. Eu sugeri que ela fosse até o meu escritório
para aprender mais sobre como comandar um negócio, e
com isso nossa convivência foi ficando cada vez mais
intensa.

Entre uma aula e outra, Cecília e eu tivemos momentos


mais quentes em minha sala, e quando ela não ia eu sentia
falta da sua presença.

Saio dos meus devaneios com a voz da senhora


Antônia.

— Vou me intrometer mais uma vez.

Olho para a senhora de meia-idade sem entender o que


ela quer dizer.

— Davi, eu ando reparando em como você olha para a


Cecília, então vou te perguntar. Quando que você vai
assumir que está apaixonado pela minha filha?

“Eu, apaixonado?”

Será que é realmente isso que eu sinto por ela?

Parando para analisar os fatos, quando não estou com


Cecília sinto uma falta absurda dela, queria poder estar ao
seu lado 24 horas por dia, mas infelizmente não é
possível.
Tudo entre a gente é perfeito, o sexo, a cumplicidade,
carinho, companheirismo, desde o início nós nos damos
muito bem.

A imagem de Cecília sorrindo para mim, fazendo


carinho em meus cabelos enquanto eu finjo que estou
dormindo, até as nossas pequenas discussões resultam em
coisas boas no final.

Me imaginar sem a Ceci ao meu lado é horrível.

Igual quando eu fiquei morrendo de ciúmes dela com o


amigo, Guilherme. Eu não conseguia entender o motivo
dele sempre estar atrás dela.

Foi em uma dessas que eu resolvi dar um carro para


ela, assim não acontece mais isso dele ficar levando e
buscando ela.

Mas pouco tempo depois descobri que a relação deles


é quase como irmãos, igual eu tenho com a Penélope.

São nesses pequenos detalhes que eu percebo como


estou conectado com a Cecília.

Então sim, eu realmente estou apaixonado por ela.

Não tem mais como negar isso, os fatos estão sendo


“jogados” na minha cara.

Olho para a mãe de Cecília e me rendo.


— Fazia tempo que não sentia esse sentimento que
sinto por sua filha, pois sei que quando amamos, se houver
a perda, ela é muito dolorida. Entretanto, Ceci foi entrando
em meu coração de mansinho e quando vi ela já estava em
meus pensamentos 24 horas por dia.

Vejo o sorriso se formar no rosto de dona Antônia.

— Fico muito feliz em ouvir isso, pois eu pensei que


você ia precisar perder ela para então se dar conta dos
seus sentimentos.

— Não diga isso, pois a dor da perda é horrível.

Ela se aproxima de mim e coloca a mão em meu


ombro.

— Eu sei como é, pois perdi o homem que mais amei.


Eu, como mãe, tinha medo de você fazer minha filha sofrer,
então era inevitável não ficar apreensiva.

Ouvir que ela já perdeu alguém também é como se eu


estivesse dividindo algo doloroso.

— Eu consigo compreender o seu medo. Vou ser muito


sincero, eu sempre levei a vida sem preocupação, não
queria me envolver com ninguém, e eu estava
conseguindo.

Dona Antônia começa a rir e eu a sigo.

— Minha menina é especial.


— Foi isso. Cecília tem algo que me encanta, a sua
garra, coragem para enfrentar os desafios, o amor pela
família e sua vontade de vencer na vida.

E claro, em como ela é totalmente entregue na cama,


desde a primeira vez em que estive dentro dela eu fiquei
monopolizado, mas isso a dona Antônia não precisa saber.

— E o que você está esperando para dizer isso para a


Cecília? Minha filha está completamente insegura e eu não
gosto de vê-la nesse estado.

Saber que Ceci está assim me deixa de certa forma


ansioso, pois eu já tinha reparado em como nós éramos
bons juntos, porém, após ouvir que ela não sente nada por
mim quando fui a sua casa, meses atrás, me deixou com
um pé atrás.

— Se você está inseguro por minha causa, eu abençoo


essa relação. Ver tudo o que você tem feito por ela é mais
do que prova do seu sentimento.

É bom saber desse consentimento, pois me deixa mais


seguro sabendo do seu apoio.

— Eu queria preparar algo especial para ela, mas não


quero deixar para depois o que eu posso fazer agora, então
vou esperar à noite, quando tudo terminar aqui e vou seguir
o conselho da senhora.
— Nem pensar, vocês não podem perder mais tempo,
vai atrás dela nesse instante, meu filho. Eu consigo vender
as maçãs, você fez o favor de deixar tudo pronto.

O que Antônia diz é verdade, não vou esperar mais, me


despeço e vou o mais rápido possível atrás de Cecília.
Passo o caminho todo pensando em como fazer o
pedido, mas nada me vem à mente.

“O simples sempre dá certo.”

Com esse pensamento sigo para o estacionamento.

Quando chego perto de seu carro, consigo visualizar


que Cecília está limpando o seu rosto, não creio que seja
algo relacionado a sua maquiagem.

Me aproximo rapidamente e bato no vidro do carro.


Cecília se assusta e olha para o lado.

Assim que me vê limpa novamente o rosto e destrava o


carro. Abro a porta, me abaixo do lado de fora do carro e
olho em seu rosto.

— Aconteceu alguma coisa?

Me abaixo à sua frente e seu rosto está completamente


vermelho por causa do choro.

— Eu...

Não a deixo terminar a frase e a puxo para um beijo.


Assim que nossos lábios se encostam, ela me dá
passagem, então aprofundo o beijo.

Cecília geme em minha boca, passo minha mão em sua


perna e aperto o local.

Após nosso pequeno amasso no estacionamento,


encosto minha testa na sua.

— Desde que cheguei e te vi a minha vontade era de te


beijar.

— Davi, espera, a gente...

Coloco meu dedo sobre a sua boca, a impedindo que


diga algo.

— Eu preciso conversar com você, é sério e urgente.

Assim que me ouve, seu rosto muda rapidamente,


provavelmente com medo do que eu possa dizer.
Sorrio internamente, pois ela não faz ideia do que eu
quero dizer.

— Cecília, desde o início eu sempre falei que era um


homem fodido e não merecia o amor, mas nesse tempo
convivendo com você, a cada dia que passava eu percebia
o quanto você estava entrando em meu coração, e ontem,
durante o meu sonho, Laura me dizia que estava feliz por
mim, pois eu tinha encontrado a mulher perfeita, e que não
podia deixar escapar, e ela estava certa, pois eu estou
completamente apaixonado por você, Cecília.

Ela está com os olhos marejados, e assim que uma


lágrima escorre, eu a limpo com o meu polegar.

— Davi, eu também disse que não iria me envolver,


mas na verdade eu estou completamente apaixonada por
você, e estava aqui sofrendo, pois tinha medo de você
perceber e se afastar de mim.

Após ouvir seu medo e como ela realmente se sente


em relação a mim, seguro com as mãos cada lado do seu
rosto e faço com que ela olhe em meus olhos.

— Me desculpe por fazer você pensar isso, não era a


minha intenção.

A beijo novamente, mas agora com amor, pois é o que


estamos sentindo um pelo outro.
Na verdade, é o que sempre sentimos um pelo outro,
eu só não queria confirmar.

— Cecília, me desculpe por não preparar nada


especial, mas para ser sincero tenho medo de adiar ainda
mais esse momento, acho que você me entende.

Ela concorda com a cabeça.

— Eu gostaria de saber se você aceita ser minha


namorada.

Ela me surpreende quando me abraça. Eu, que estava


abaixado na sua frente, quase caio para trás.

— Me desculpe, você está esse tempo todo nessa


posição, deve estar com as pernas doendo.

— Tudo bem, não se preocupe.

Cecília se levanta, diz para eu me sentar onde ela


estava e logo se senta no meu colo. Assim que ela percebe
o quanto estou duro começa a rebolar.

— Se continuar a se esfregar assim, não vamos


conseguir voltar a tempo para a sua inauguração, e eu vou
me enterrar nessa sua boceta bem aqui, onde alguém pode
nos ver.

Ela me olha e morde seu lábio inferior.


— Isso seria muito bom, e arriscado. Não tem um
ditado que diz: “tudo que é proibido é mais gostoso?” Esse
seria o nosso caso, neste momento?

Cecília deixou de ser aquela menina tímida, e a cada


encontro ela demonstra estar cada vez mais solta.

— Não me tenta, pois se eu não conseguir me controlar


você não vai escapar.

Cecília rebola mais uma vez no meu pau e então


gemo.

— Eu adoraria ter seu pau dentro de mim, mas como


você disse, tenho uma loja que, pela hora, já foi
inaugurada, eu preciso voltar e fazer o meu trabalho.

Seguro em sua nuca e a puxo para mais um beijo.

— Antes de ir, você ainda não deu a minha resposta.


Aceita o meu pedido?

— É claro que eu aceito, Davi. É tudo o que eu mais


quero.

Ela me abraça e me beija várias vezes.

— Vamos sair para comemorar mais tarde, aí eu quero


ver se você vai continuar me tentando como está fazendo
agora.
— Vou ficar aguardando ansiosamente por esse
momento.

Ela volta para o seu lugar e em seguida saímos do


carro.

Cecília se despede e segue para dentro enquanto eu


vou para o escritório.

Sei que a partir de hoje sou um novo homem, e não


vejo a hora de apresentar Cecília aos meus pais. Sei o
quanto eles vão ficar felizes por mim.

Acompanho Ceci com os olhos e, assim que ela some


da minha vista, vou em direção ao meu carro e sigo para o
escritório.

— Estou feliz, depois de muito tempo consigo sorrir de


verdade e não é só pelo fato de a Cecília ter aceitado
namorar comigo, e sim por eu ter conseguido seguir com a
minha vida.

Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida, pois,


além da inauguração da minha loja, tem a declaração do
Davi. Ele fez tudo tão perfeito que estou completamente
apaixonada.

Faço o caminho de volta e ao chegar na loja vejo a


movimentação dos clientes.

Entro rapidamente e encontro minha mãe atendendo a


uma menina linda.

Sorrio com a cena, pois lembro de mim mesma quando


tinha essa idade e amava maçã do amor.

Assim que vou em direção ao balcão, encontro Helena,


que está olhando tudo em volta, mas em sua expressão não
diz se gostou ou não do espaço.

Lembro do momento que tivemos, há alguns instantes,


o que ocasionou minhas lágrimas, sei que Helena disse
aquilo para o meu bem, pois não queria que eu sofresse no
final, caso Davi em algum momento se cansasse de estar
comigo.

Mas ouvir isso de outra pessoa, sem ser minha mãe,


me deixou abalada, porém não preciso mais me preocupar
com isso.

— Olá de novo, Cecília.

— Oi, Helena, espero que esteja gostando do


ambiente, já foi atendida? Quer alguma coisa?

Ela sorri para mim e balança a cabeça em negativo.


— Não, muito obrigada. O lugar está lindo. Davi sabe
mesmo como fazer as coisas, não é à toa que é um
empresário brilhante. Ele está lapidando a sua pedra
preciosa.

Fico ligeiramente envergonhada com o que ouço.

— Oh não, não precisa ficar sem jeito pelo que eu


disse, ele é bom em fazer isso.

— Não é assim, ele só está me ensinando o que ele


sabe.

— Eu sei, querida, só estou brincando com você, fica


tranquila.

Sorrio aliviada. No momento em que ela fez o


comentário, fiquei preocupada que alguém tivesse ouvido,
mas aparentemente todos estão ocupados admirando o
local.

— Helena, se você me der licença, graças a Deus tem


muitos clientes entrando para conhecer a loja e eu preciso
organizar as coisas.

— Tudo bem, querida, vai lá.

Me despeço dela e vou direto para a cozinha. Sei que


Davi fez o favor de contratar duas meninas para me ajudar,
mas prefiro quando eu mesma coloco as mãos na massa.
Pelo que reparei, a quantidade de produtos está
acabando, então resolvo fazer mais.

Ainda tem algumas horas para o expediente terminar.

Prendo meus cabelos em um coque e coloco uma


touca, alcanço meu avental, que está pendurado e em
seguida vou pegar os ingredientes, lavo as maçãs e as
coloco para secar.

Enquanto estou distraída, Fernanda e Rayane se


aproximam e me ajudam nas tarefas.

— Obrigada, meninas, agora a produção vai ficar mais


rápida.

— Com certeza, estamos aqui para ajudar.

Ambas sorriem para mim e eu retribuo.

Nos conhecemos há pouco tempo e pude perceber


como elas têm muita disposição e amam fazer doces.

Isso fez com que eu gostasse ainda mais delas.

Após algum tempo na cozinha, volto para frente e a


movimentação ainda está alta. O supermercado tem um
grande fluxo de pessoas e 80% delas passam nos estandes
que ficam posicionados estrategicamente em frente à saída
dos caixas.
“Espero que dê tempo das maçãs ficarem prontas antes
que as que estão na estufa acabem.”

Olho para minha mãe, que tem um sorriso nos lábios, e


vou até ela.

— Está tudo tranquilo aqui, mãezinha?

Ela coloca a mão no peito e respira fundo.

— Que susto, Cecília, não tenho mais idade para isso,


não.

— Desculpe, eu não percebi que você estava tão


concentrada.

Minha mãe me olha de cima a baixo, e como Fernanda


entrou no lugar dela no caixa, pude segurar em sua mão.

— Fê, será que você poderia assumir por alguns


instantes? Preciso conversar com a minha mãe.

— Claro, chefinha, pode ir.

Começo a rir pela forma que ela me chama, eu, chefe


de alguém.

“Quando que eu poderia sequer imaginar isso?”

— Obrigada, não vamos demorar.

Fernanda concorda, então, como eu estou segurando


na mão da minha mãe ainda, a guio até um local mais
calmo.

Poderíamos conversar na loja mesmo, mas ainda não


quero que as funcionárias saibam que estou namorando o
dono das redes de supermercados.

Então a melhor saída é manter em segredo, pelo


menos por enquanto.

Assim que encontro um local, paro e fico de frente para


ela.

— Mãe, aconteceu algo que eu quero que você seja a


primeira a saber.

— Me diz logo de uma vez. Que brilho são esses em


seus olhos?

— Eu sou a mulher mais feliz, mãe. O que eu achava


que nunca ia acontecer, aconteceu.

Tento manter o mistério, mas dona Antônia só levanta


uma sobrancelha e fica me encarando.

— Que seria?

Não consigo mais segurar e digo tudo de uma vez.

— O Davi se declarou para mim!

Abraço minha mãe na mesma hora.


Não consigo controlar minha felicidade, então a abraço
ainda mais forte.

— Meu coração de mãe está mais tranquilo, pois sei


que agora vocês se resolveram e assumiram o que sentem
um pelo outro.

Sinto suas mãos em meus braços e então ela me


afasta, olhando em meus olhos.

— Estou muito feliz por você, minha filha, espero que o


relacionamento de vocês dure e seja repleto de felicidades,
mas saiba que não vivemos somente de alegrias, saiba
superar as adversidades também.

— Muito obrigada pelas palavras, mãe. É muito


importante para mim saber que você está ao nosso lado e
nos apoia.

— Sempre vou estar ao seu lado, sou sua mãe, e


independentemente das suas escolhas estarei sempre com
você.

Sinto uma lágrima escorrer pelo meu olho. A limpo


rapidamente.

“Hoje eu só chorei, misericórdia.”

— Depois a gente conversa mais, pois temos uma loja


para cuidar e os clientes não param de aparecer, o que é
muito bom.
— Você está certa, depois podemos comemorar o meu
namoro.

— Vamos voltar antes que a menina Fernanda não dê


conta.

Concordo, e então seguimos juntas de volta para a


loja.

Ainda está sendo mágico este momento, as pessoas


entrando na loja, me parabenizando, dizendo que o lugar é
lindo e acolhedor.

Não só as crianças ficam encantadas, os adultos


também, em particular as mulheres, várias pedem aos
parceiros para tirar fotos delas para postar.

Como Davi disse que preciso trabalhar a identidade


visual do local, criei um Instagram, tirei fotos e comecei a
postar para divulgar o estabelecimento.

Não consegui parar nenhum minuto, tirando o pequeno


momento com a minha mãe.

Os doces estão saindo bem mais rápido que


antigamente.
— Minha filha, mais para frente seria uma boa ideia
começar a vender alguns salgados, você sabe que sou boa
cozinhando, então vai nos ajudar mais ainda.

Essa ideia já tinha passado pela minha mente, minha


mãe é uma ótima salgadeira, mas vamos deixar isso um
pouco mais para frente.

— Seria perfeito, mãezinha.

Olho no relógio e percebo como o tempo passou


rápido. Daqui a pouco vou me encontrar com o Davi, não
posso negar que estou ansiosa, pois nunca pensei que algo
assim iria acontecer.

Ainda não consigo acreditar em tudo que ocorreu.

Davi se declarou, algo que eu nunca pensei que iria


acontecer.

Isso me fez a mulher mais feliz, pois sei que o nosso


sentimento é recíproco.

— Eu estou tão orgulhosa, minha filha, desde pequena


você sempre quis ser independente. Agora olha para isso —
ela diz, apontando para o lugar à nossa volta.

— Eu também estou muito feliz, mãe. Agora posso


realizar muitos sonhos. Sou imensamente grata a pessoa
que pôde me proporcionar isso.

Minha mãe vem até onde estou e segura minha mão.


— Não consigo acreditar ainda, tudo parece um sonho.
Agora não vamos mais ser humilhadas como antigamente.

Depois que Davi me presenteou com esta loja, disse


para minha mãe pedir demissão de seu antigo trabalho e
então vir trabalhar comigo, pois assim nós passamos mais
tempo juntas.

Percebo uma movimentação estranha em frente à loja,


e uma mulher muito bonita e elegante entra, olha para
minha mãe e em seguida para mim.

— Boa tarde, querida. Gostaria de uma maçã do amor,


uma não, duas, uma tradicional e a outra de chocolate.

— Claro, só um momento. Fernanda, duas maçãs do


amor para a moça.

Fernanda segura duas maçãs e começa a embalar, em


seguida entrega para a moça.

— Obrigada.

Assim que ela está com a embalagem em mãos, abre e


começa a comer, dá uma mordida em uma e logo em
seguida na outra, na frente das pessoas que estão no
estabelecimento.

Entretanto, a forma que está fazendo isso está me


deixando desconfortável.
— Pelo sabor é uma maçã comum. Experimentei as
duas e não vi grandes coisas. Não entendo... você deve ter
uma maçã especial para conseguir prender um homem
como o Bernardi. Se bem que não deve ser muito especial,
pois ele só fica com você às escondidas — ela diz, e me
olha com uma cara de deboche. Não compreendo o que ela
quis dizer com isso, mas não me agrada.

Ela paga e se retira sem dizer mais nenhuma palavra.

Olho para minha mãe, que está com uma expressão


nada agradável no rosto.

Para ser mais precisa, vejo raiva em seus olhos.

— Mãe, a senhora está bem?

Só então ela me olha e consigo ver quando tenta


disfarçar sua expressão.

— Tudo sim, Cecília. Você por acaso conhece aquela


moça?

— Não, essa foi a primeira vez que nos encontramos.


Por que a pergunta?

— Nada, minha filha, esquece isso.

No primeiro momento eu concordo, mas quando


estivermos sozinhas vou querer saber o que significa isso,
o motivo dela ter ficado desse jeito.
Depois desse episódio, algumas pessoas que estavam
na loja ficam observando, algumas compraram as maçãs e
depois foram embora, mas algo mudou, o ambiente não
está mais como antes.

Parece que todos sumiram, pois não entrou mais


ninguém na loja, e isso está me preocupando.

Começo a me sentir estranha.

“Não era para isso estar acontecendo. O que eu fiz de


errado?”

Permaneço dentro da loja, mas olhando para o lado de


fora vejo algumas pessoas passando em frente a loja, a
maioria delas mulheres, elas ficam apontando o dedo e
conversam, em seguida começam a rir.

Reparo que um rapaz vem em direção à loja e então


coloco o meu melhor sorriso no rosto.

— Boa tarde, seja bem-vindo ao Amor no Palito, em


que posso ajudar? Alguma maçã do amor em especial?

O rapaz não diz nada, só fica me encarando de um


jeito nada agradável.

Começo a me sentir desconfortável com sua atitude,


pois além de tudo isso ele me olha de cima a baixo e fica
mordendo o lábio inferior.
Meu corpo inteiro se arrepia, e não gosto dessa
sensação.

— Boa tarde, eu adoraria a sua ajuda. Quero saber


quanto custa a sua maçã do amor. Essas que estão na
vitrine eu já conheço o sabor, eu quero saborear agora a
maçã do amor que você tem entre as pernas e descobrir se
é assim tão boa mesmo.

Dou um passo para trás. Isso aconteceu logo depois


que aquela mulher veio aqui e disse aquilo.

Olho em volta e os olhos assustados da minha mãe me


fazem ter a confirmação das minhas suspeitas.

“Como eu sou idiota!”

Aquela mulher disse praticamente a mesma coisa que


esse homem, perguntando o que a “maçã” tem de especial
para prender o Davi.

Coloco minha mão na boca para evitar que o meu grito


saia.

O homem fica parado na minha frente, sorrindo


descaradamente, e isso me causa nojo, repulsa.

“O que eu faço agora?”


De repente o homem que estava me olhando de forma
nojenta está caído no chão com a mão em seu queixo.

Só então me dou conta de que Guilherme está na sua


frente com os punhos cerrados.

— Não sei que porra está acontecendo, mas um


pedaço de lixo como você não deveria estar aqui, muito
menos ofendendo uma mulher desse jeito.

Meu amigo está completamente transtornado, as


pessoas que estão do lado de fora da loja ficam olhando e
eu não faço ideia do que fazer.
Me aproximo rapidamente do meu amigo, antes que ele
faça algo que possa se arrepender depois.

— Gui, por favor, pare.

— Pelo que vejo não é somente para um que ela


costuma fazer bons serviços.

Quando vejo que Guilherme vai fazer algo, seguro em


seu braço, o impedindo de bater novamente no homem.

— Não vale a pena, Gui. Pessoas assim não merecem


o nosso tempo.

Só então ele se vira para mim e me olha de cima a


baixo.

— Você está bem? Ele não encostou em você?

Nego, e então ele suspira.

Percebo que Gui não está sozinho e me viro para sua


companheira. Ela parece assustada com a situação.

— Guilherme, devo chamar a polícia? — ainda


assustada, ela pergunta ao meu amigo, que está segurando
o homem pelo colarinho.

— Cecília, o que devemos fazer?

Ambos olham para mim, e eu nego.


— Não, só o tire daqui. Abri minha loja hoje, não quero
que tudo isso se torne uma confusão maior.

— Tem certeza, minha filha?

Só então percebo a comoção que ficou dentro da loja.


Minha mãe, Fernanda e Rayane, assustadas com o que
estava acontecendo.

— Tenho, sim, mãe. Essa pessoa teve a infeliz ideia de


tentar me humilhar, mas não vou permitir que ele estrague a
minha tarde.

Assim que Guilherme ouve, ele levanta o homem e


consigo ouvir quando ele diz que não é mais para aparecer
aqui e então o coloca para fora da loja.

Me sento em uma cadeira, que provavelmente uma das


meninas trouxe lá de dentro, e então meu amigo fica
abaixado na minha frente.

— Quando eu estava vindo te parabenizar pela loja,


ouvi tudo o que esse filho da puta disse, não consegui me
controlar. Me desculpe.

Sorrio para meu amigo e balanço a cabeça,


confirmando que entendi a sua atitude.

— Tudo bem, eu tenho que te agradecer, você


literalmente me salvou de uma situação complicada.
Estraguei o encontro de vocês, né?
Júlia se aproxima, segura em minha mão.

— Claro que não, Ceci, você nunca atrapalha, e fico


feliz que tenhamos chegado a tempo de impedir que algo
pior acontecesse.

— Obrigada.

Sinto as lágrimas escorrerem pelos meus olhos, não


consigo controlar elas, pois uma situação como essa é
muito difícil de lidar.

Ouço meu celular tocar, olho para os lados e não sei


onde está, então vejo minha mãe se aproximando e me
entregando ele, quando vejo quem é na tela meu coração
se acalma um pouco.

“Você sempre aparece quando eu mais preciso de


você.”

Já tem um tempo que deixei Ceci e minha vontade é de


voltar, pois sinto falta da sua presença. Ela, com o seu
jeitinho de ser, mulher independente, forte, foi me
conquistando.
Eu, que não queria nada sério, fui pego na minha
própria armadilha, disse que seria somente sexo, mas a
cada encontro nosso eu ficava cada vez mais rendido.

Encosto minha cabeça na poltrona e fecho os olhos,


então relembro do sonho que tive com Laura.

“Sinto a brisa do mar bater em meu rosto, fico olhando


para o horizonte e então a imagem de Cecília aparece.

Lembro do seu sorriso quando ela consegue fazer algo,


seu lado de mulher guerreira e também o seu jeito de
menina.

Tudo nela me fascina e a cada dia isso fica mais


forte.

De repente sinto a presença de alguém, então quando


olho para o lado me assusto, pois vejo Laura sentada ao
meu lado.

Ela está olhando para o mar também, com um lindo


sorriso em seu rosto, seus cabelos estão esvoaçantes por
causa do vento forte.

Não consigo acreditar no que vejo e tenho a plena


certeza de que estou sonhando.

Vê-la ao meu lado me traz várias emoções, carinho,


felicidade, calmaria, entretanto, pensei que ficaria triste por
não estarmos mais juntos, mas então percebo que o que
vivemos foi lindo e são essas imagens que tem que
permanecer.

Olhar para Laura me traz paz.

— Oi, Davi...

Ela sorri e olha para mim.

Continua linda como sempre.

— Eu preciso conversar com você, sei que o que


aconteceu comigo é algo que você se sente culpado, mas,
querido, não se sinta culpado, pare de ficar se castigando.

Fico de frente para ela e seguro em suas mãos.

— Eu não consegui te proteger, era para eu saber que


aquele desgraçado ainda estava te perseguindo, mas eu
não fiz nada... E então o pior aconteceu. — Volto a olhar
para o mar. — Vou carregar essa culpa para sempre — falo
baixo.

Sinto Laura passar a mão em meu rosto e me virar


para ela.

Em seus olhos vejo amor, felicidade e muita


compreensão.

Fecho meus olhos, sentindo seu carinho.

— Davi, já está na hora de você se permitir ser feliz —


ela aponta o dedo em direção ao meu coração. — Seu
coração já encontrou a pessoa especial para ser
preenchido, não a deixe partir. Cecília te ama e você a ama
também.

Olho para ela, que em nenhum momento diz essas


palavras com mágoa.

Laura se levanta e eu continuo sentado sem conseguir


dizer nada.

— Adeus, Davi, se perdoe e aceite que você merece


ser feliz novamente. Se permita!

Ela se vira e começa a caminhar em direção ao mar, eu


a chamo, mas ela só sorri e continua caminhando.

— Lauraaaa.”

Abro os olhos e suspiro.

Depois de um dia intenso de trabalho eu não via a hora


de terminar tudo e poder ir buscar Cecília.

Pedi a Tiago, um dos meus amigos e sócio, para me


informar como está a movimentação do primeiro dia de
inauguração da loja de Cecília.

Quando ele me disse que era um verdadeiro sucesso,


fiquei muito feliz por ela.

Primeiro a loja precisava chamar a atenção do público


e nada como uma identidade visual acolhedora, isso faz
toda a diferença, por isso optei naquele estilo de decoração
vintage.

Claro que tive uma pequena ajuda, pedi que Cecília


contasse como ela imaginava o local, então com as
sugestões dela eu pude montar algo que fosse do seu
agrado.

Quando ela chegou, eu já estava no local, pois queria


ver sua verdadeira reação.

No momento em que a vi, fiquei absurdamente


hipnotizado pelo seu jeito, o sorriso, como estava vestida,
tudo nela estava perfeito.

Lembrar de Cecília sempre me faz sorrir.

Assim que cheguei ao escritório, pedi a Cristina que


fizesse uma reserva no melhor restaurante, e que fosse
privado, para ficar somente Cecília e eu, depois vamos para
o meu apartamento.

Mesmo que tenha sido um pedido de namoro


consideravelmente rápido, não posso permitir que seja só
isso, quero poder dar o mundo para Cecília, e sei que
juntos vamos crescer e ir longe.

Sou despertado dos meus devaneios com meu telefone


tocando.

— Sr. Bernardi, o senhor Andrade está aqui.


— Pode deixá-lo entrar.

Me levanto para recebê-lo e assim que a porta se abre


Andrade entra.

Ele é o chefe financeiro das redes Bernardi e amigo da


família de longa data, pois ele está na empresa desde a
época do meu pai.

O cumprimento e em seguida peço para que se sente,


vou para meu lado e me sento em minha cadeira.

— Davi, trouxe para você o balanço da sua nova


aquisição.

Interliguei o sistema da loja da Ceci no sistema da rede


dos mercados, assim eu, como sócio, vou poder verificar os
gráficos das vendas, e se algo estiver errado posso ajudá-
la. Abro os documentos e pelos gráficos das vendas até
agora, tenho certeza de que em menos de um ano o que foi
investido na Amor no Palito vai ser recuperado.

Se bem que isso não me importa muito, poderia levar


mais de um ano para recuperar, pois eu só quero que ela
cresça e vença cada vez mais na vida.

Ficamos um tempo olhando os balancetes, e antes de


encerrarmos Andrade chama minha atenção.

— Davi, você viu a matéria que saiu no “Melhor da


tarde”?
Levanto meu olhar para ele sem entender o que ele
quer dizer.

— É algo relacionado a nossa empresa?

Ele nega com a cabeça.

— Parece que um empresário caiu no golpe da maçã.


Ele conheceu uma jovem e parece que a sua maçã é
enfeitiçada, pois depois que ele mordeu ela conseguiu tudo,
parece que até uma loja dentro de uma das Redes Bernardi
o empresário montou para ela.

Bato a mão sobre a mesa, com muita raiva, o que faz


com que Andrade se assuste.

— Mas que porra é essa? Quem está espalhando


isso?

Levanto-me e vou em sua direção.

Ele me mostra a tela do celular, onde vejo a matéria.

Aperto o celular com força, Cecília não deveria estar


passando por isso.

Sinto o ódio tomar conta do meu corpo. Pego o


telefone e ligo para Cristina. Peço para que ela entre em
contato com as relações públicas e venha a minha sala o
mais rápido possível.
— Tudo bem, senhor. Farei isso agora mesmo.

— O que aconteceu, Davi? Por que você ficou assim


depois de saber dessa notícia?

Ele se levanta e vem até onde estou, provavelmente


sem entender o motivo do meu estouro.

— Essa mulher que estão citando é a minha namorada.


E eu quero saber quem foi que espalhou essa mentira.

Ele fica surpreso, pois ninguém ainda sabe sobre meu


relacionamento.

“Não queria que soubessem dele dessa maneira.”

— Eu não sabia, se soubesse não teria brincado com a


situação, me desculpe, Davi.

— Não tinha como você saber, o pedido foi feito hoje.


Mas quero que você saiba que Cecília é uma mulher direita,
ela nunca usou de artimanhas para conseguir as coisas
comigo.

— Eu acredito em você, te conheço desde que nasceu


e sei que se você está fazendo algo por essa jovem é
porque tem uma visão empresarial. Se os valores dos
balanços que revisamos há pouco é referente a que está
sendo comentada, o empreendimento vai longe.

— A conheci de forma inusitada, mas desde o primeiro


momento ela mostrou a mulher forte e independente que é.
Consegui ver sua visão de empreendedora e dei uma
ajuda.

Andrade começa a rir e coloca a mão em meu ombro.

— Além dessa mulher forte e independente tenho


certeza de que é linda também, mas sei que o que te fez se
apaixonar por ela foram essas qualidades que você citou, e
tenho certeza de que existem muitas mais.

— Claro que tem.

Sorrio com a visão de Cecília sorrindo.

“Essa mulher me deixou de quatro por ela.”

— Fico muito feliz por você, meu filho. Já estava


passando da hora disso acontecer.

— Obrigado, só estou puto que tudo isso esteja


acontecendo justo agora. Estava planejando algo especial,
mas agora tem isso para resolver.

— Se prepara, pois quando os seus pais souberem vão


querer saber tudo detalhadamente.

— Nem me lembre disso. Eu queria conversar com


eles, contar pessoalmente, mas agora vou ter que ir a
público e dizer que eu sou o namorado dela e que tudo o
que disseram é uma calúnia.
— Faça isso, Davi. Qualquer coisa, pode contar
comigo.

Andrade se despede, e assim que ele sai da minha


sala alcanço meu celular em cima da mesa e ligo para
Cecília.

— Davi.

Percebo como sua voz está embargada e me dou conta


de que algo já está acontecendo.

— Ceci, o que aconteceu? Por que você está


chorando?

A ouço soluçar e isso me deixa ainda mais


preocupado.

— Aconteceu uma situação bem ruim há pouco tempo,


mas eu não quero dizer isso por ligação...

Só de imaginar o que ela está enfrentando e não estar


ao seu lado estou ficando ainda mais puto.

Cerro meus punhos e juro que quem está fazendo


minha mulher sofrer vai pagar por tudo, e em dobro.

— Ceci, preciso que você me escute e depois faça o


que eu pedir, tudo bem?

— O que aconteceu, Davi?


Digo a ela o que está acontecendo e percebo o quanto
ela fica ainda mais desesperada.

— O que vai acontecer comigo agora? Como vou


sobreviver a esses haters da Internet? Você sabe como eles
se acham os donos da razão.

— Vai ficar tudo bem. Eu vou descobrir quem está


espalhando e vou resolver isso. Agora quero que você vá
para a gerência e fique lá com a Helena até eu chegar.

— Tudo bem, mas e a loja?

— Se você quiser fechar ela por hoje, não tem


problema, a estufa vai conservar as maçãs, mas se não
quiser fechar, as pessoas que trabalham com você podem
ficar aí.

— Tudo bem, vou fazer isso.

— Em pouco tempo eu estarei aí com você, não se


preocupe e, por favor, não chore mais.

Nos despedimos e encerro a ligação.

— Esses filhos da puta estão mexendo com a pessoa


errada.
Assim que desligo o celular, bate o desespero, pois o
dia que era para ser o mais feliz da minha vida está se
transformando em um terrível pesadelo.

“Quem será que fez isso? Ainda mais comigo, que não
sou ninguém importante.”

Já sofri tanto por causa desse tipo de coisa.

— Filha, o que foi que o Davi disse?

Viro em sua direção e suspiro.

— Ele disse que alguém espalhou que eu sou...

Não consigo nem pronunciar, e mais uma vez lágrimas


escorrem pelos meus olhos.

Minha mãe, vendo o meu desespero, vem até onde


estou e me abraça.

— Fique calma, tenho certeza de que Davi vai dar um


jeito.

— Ceci, precisamos saber o que ele disse para


podermos ajudar.

Como sempre, Guilherme é um homem que, mesmo


tendo conflitos para enfrentar, consegue ser objetivo sem
deixar que suas emoções o abalem.
Tento controlar meu choro e respiro fundo. Quando
estou mais calma me viro para ele.

— Ele quer que eu vá para a sala da Helena e espere


por ele lá.

Gui faz uma cara de quem não sabe de quem se trata


essa pessoa.

— Ela é a gerente do supermercado. Para que não


aconteça mais nada, ele pediu que eu fosse para lá. Disse
que se eu quiser posso fechar a loja.

— Então vá, minha filha, deixa que as meninas e eu


ficamos aqui.

Concordo, e quando estou saindo Guilherme e Júlia me


acompanham até a gerência.

Sinto alguns olhares em minha direção e acelero meus


passos.

Chego em frente à sala.

Olho para meus amigos e agradeço por terem me


acompanhado.

— Não precisa agradecer, amigos são para os bons e


maus momentos.

Abraço Guilherme e Júlia, logo em seguida eles se vão


e eu fico sozinha.
Bato na porta e, assim que a escuto autorizar, abro e
entro.

— Cecília, tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

Helena vê meu estado e vem até mim.

Ela me direciona até o sofá que tem na sua sala e em


seguida me oferece um copo de água.

— Estão espalhando mentiras sobre mim e Davi, então


ele pediu para que eu viesse até aqui esperar por ele.

— Ele está certo, fique aqui até ele chegar, alguém


pode fazer algo com você. Deus te livre.

Helena faz o sinal da cruz e se senta ao meu lado.

Para que eu me distraia, ela começa a conversar


comigo, mas por estar sem cabeça sou monossilábica.

Não sei quanto tempo se passa, e agradeço por Helena


não ter saído do meu lado nem por um momento.

Escutamos uma batida na porta e em seguida Davi


aparece.

Levanto-me do sofá e vou ao seu encontro.

Davi me segura em seus braços e me abraça forte.

— Agora estou aqui, nada vai acontecer — ele


sussurra em meu ouvido e concordo com um movimento de
cabeça.

Assim que consigo parar de chorar, olho para ele, que


segura em meu rosto e beija meus lábios.
Um mês depois...

Hoje faz exatamente um mês desde que minha vida


mudou radicalmente.

Depois daquele fatídico episódio na inauguração da


loja, Davi foi a público e me apresentou como sua
namorada. No momento eu não queria que minha vida
mudasse dessa maneira, tão de repente, mas não tínhamos
o que fazer, pois era isso ou continuar sendo difamada.

Do jeito que Davi estava furioso com a reportagem, eu


aceitei para não criar mais problemas.
Seguindo as orientações da sua equipe de relações
públicas, eles pediram que a gente fizesse mais aparições
como casal, e aos poucos começamos a postar fotos nas
redes sociais juntos, mas de forma discreta para que não
suspeitassem.

No início fiquei um pouco assustada, pois não estava


acostumada com tudo isso, nunca pensei que iria ter
paparazzi atrás da gente, mas era o que nos aguardava por
Davi ser alguém público.

Apesar da minha insegurança e medo, Davi estava


sempre ao meu lado, me acalmando.

Alguns dias depois de todo o bafafá, ele me apresentou


aos seus pais, e eu fiquei muito preocupada, pois pensava
que eles iriam me julgar, como todos estavam fazendo, mas
isso acabou no primeiro contato, pois o Sr. e a Sra.
Bernardi são maravilhosos, eles me receberam tão bem que
me senti em casa.

Me recordo do momento como se tivesse sido ontem.

“Hoje acordei muito insegura, pois é o dia que vou


conhecer os meus sogros.

Estou tão nervosa que não consigo prestar atenção em


quase nada à minha volta.

Fui trabalhar hoje, mas voltei antes para casa, pois


precisava me arrumar, não quero que eles pensem que não
sou alguém boa para ele, então me arrumei discretamente,
mas sem ser muito simples.

Optei por um macacão, que valoriza meu corpo, mas


sem deixar vulgar. Prendi meus cabelos em um coque alto e
fiz uma maquiagem leve.

— Filha, Davi já chegou.

Olho para trás e encontro minha mãe na porta, também


muito bonita.

— Mãe, será que os pais dele vão gostar de mim?

Dona Antônia se aproxima e faz carinho em meu


rosto.

— Meu amor, eu tenho certeza de que eles vão te


adorar. Além de ser uma pessoa muito especial, eles estão
vendo como o filho deles está feliz. Não existe recompensa
maior para os pais do que ver seus filhos felizes.

Suas palavras me atingem em cheio, sempre soube


que minha mãe no começo não era a favor do nosso
“relacionamento”, mas em nenhum momento me impediu de
estar com Davi.

— Por isso, Cecília, ouça o que eu vou dizer e guarde


em seu coração. Seja você mesma, não mude para agradar
os outros, Davi se apaixonou pela mulher forte, dedicada
que você é. Vai ser o mesmo com os seus pais, e se não for
assim tenho certeza de que com esse seu jeitinho você vai
conseguir conquistá-los.

Abraço minha mãe com todas as forças.

— Obrigada pelas palavras, mãezinha — sussurro em


seu ouvido. Ela me abraça e faz carinho em minhas
costas.

— Agora vamos para a sala, pois o seu namorado está


nos esperando.

Concordo, e assim que entramos na sala e meus olhos


se encontram com os de Davi, meu coração acelera como
se fosse a primeira vez que nos vemos.

Ele se levanta do sofá, se aproxima de mim e beija


minha testa.

Ainda é um pouco constrangedor nos beijar na frente


da minha mãe, mas sei que isso vai mudar em algum
momento.

— Você está linda, como sempre.

— Obrigada, você também não está nada mal.

Sorrimos um para o outro.

— Vamos? Meus pais estão loucos para te conhecer.

Após ouvir que eles querem me conhecer, o


nervosismo volta com força total.
Davi passa o dedo na minha testa.

— Não precisa ficar nervosa, eles vão te adorar.

— Quem disse que eu estou nervosa?

Ele começa a rir, o que me deixa sem entender nada.

— Até parece que eu não conheço a minha namorada.


Sempre que está nervosa você faz um vinco na testa e fica
pensativa. Relaxa, vou estar com você.

Fico olhando para Davi sem acreditar que ele percebeu


algo tão simples em mim.

Ele se aproxima e me dá um beijo na boca. Após esse


pequeno ato, seguro em seu pescoço e me entrego ao
beijo. Sinto suas mãos em minha cintura.

— Espera, a minha mãe.

Nos afastamos e então encostamos nossas testas,


ainda ofegantes.

— Ela saiu e nos deixou a sós. Mas agora temos que ir,
pois se continuarmos aqui, assim, não vamos chegar a
tempo para o jantar, vou querer conhecer seu quarto mais
intimamente e te foder bem gostoso.

Sinto minha pele ficar vermelha.

— Eu iria adorar, mas você está certo, vamos.


Seguro em sua mão e em seguida Davi a leva até sua
boca e deposita um beijo nela.

Entramos no condomínio e não consigo imaginar como


é morar em um lugar assim, as casas são enormes,
algumas dá para ver, outras, o enorme muro impede a
visão.

Assim que passamos pelo portão da casa de seus pais,


perco o fôlego com a imagem.

“Eu imaginava que eles eram ricos, mas olhando para a


casa vejo que são muito mais que isso.”

— Ei, relaxa, imagino que deve assustar ver algo assim


tão grande, mas você vai se acostumar.

Olho para ele, que começa a rir em seguida.

— Meus pais são tranquilos. Vamos, pois minha mãe


está me perturbando para te conhecer desde que
começaram a sair as notícias.

Davi sai do carro, abre a porta para que minha mãe


saia e em seguida a minha.

Cada uma de nós duas seguramos em seu braço e


vamos para a entrada da casa.
Antes mesmo de tocar a campainha, a porta gigantesca
se abre e uma senhora muito linda e elegante aparece.

— Graças a Deus chegaram, já estava pensando em


ligar para saber onde vocês estavam. Você deve ser a
Cecília.

Sem aviso prévio, ela me puxa para um abraço, no


primeiro momento eu fico sem saber o que fazer, mas
depois a abraço de volta.

— É um prazer te conhecer, minha querida. Agora


entendo por que meu filho está tão apaixonado, você é
muito linda.

Sinto meu rosto queimar pelo elogio repentino.

— Obrigada, a senhora também é muito linda...

— Ah, não, por favor, sem o senhora, pode me chamar


de Cláudia.

— Tudo bem, Cláudia.

Ela se vira para a minha mãe e a cumprimenta do


mesmo jeito que fez comigo.

— Prazer em te conhecer também, Antônia.

— O prazer é meu.

— Vamos entrar, não precisamos ficar aqui em pé igual


a um 2 de paus.
As duas entram, como se se conhecessem há anos, e
nos deixa um pouco para trás.

— Eu não te disse que ela era tranquila? Ficou nervosa


à toa.

Dou uma cotovelada em sua barriga e ele finge sentir


dor.

Após esse primeiro momento, nós entramos e, assim


como sua mãe, o pai de Davi também me abraçou.

Percebo que eu realmente me preocupei em vão, pois


eles são maravilhosos.

Depois do jantar, fomos para a sala conversar, e em


um determinado momento Cláudia convidou a mim e minha
mãe para uma conversa só de mulheres. No começo eu não
esperava que ficaria tão emocionada com suas palavras.

— Cecília, eu não sei nem o que te dizer, estou tão


emocionada em ver o meu filho feliz novamente, foram
tantos anos ele se isolando, sem comentar sobre os seus
sentimentos, sofrendo sozinho, pois não permitia ninguém
entrar em sua vida. E agora ele está aqui, feliz, e nos
apresentando sua namorada. Ver os olhos de Davi
brilhando novamente é o melhor presente.

Dona Cláudia segura em minhas mãos e, chorando, me


agradece.
— Muito obrigada por ter entrado na vida do meu filho,
obrigada por fazer ele sorrir novamente.

Ela me abraça e faço o mesmo.

Suas palavras me pegaram de surpresa, mas foi algo


bom.

— Eu também sou muito feliz ao lado do seu filho. E


prometo fazer o meu melhor para fazê-lo feliz.

Nos afastamos e, assim que nos olhamos, ela coloca a


mão em meu rosto e limpa uma lágrima, só então me dou
conta de que estava chorando também.

— Desejo que vocês sejam muito felizes, de todo o


coração.”

Os pais de Davi são as pessoas mais maravilhosas que


eu conheci, e sou muito grata por isso.

Nesse tempo, não só a minha relação com os seus pais


está boa, como a minha com o Davi também está muito
mais gostosa.

Estamos cada dia mais entregues e apaixonados.


Estou praticamente morando em seu apartamento agora, já
que ele não me deixa voltar para minha casa.

“E nem eu quero.”
Em relação ao meu trabalho, toda aquela fofoca que
divulgaram foi ficando no passado e agora o “Amor no
Palito” é um sucesso entre as solteiras.

Todas querem experimentar e quem sabe ter a mesma


“sorte” que eu.

No começo eu achei que era só uma brincadeira, mas


com o tempo percebi que elas estavam realmente pensando
nisso.

Davi e eu viramos o casal do momento, todos querem


viver uma história de amor igual a nossa.

Com o aumento de clientes, junto com minha equipe


criamos vários produtos novos. Além de doces, agora temos
salgados e cupcakes.

Temos o buquê de pequenas maçãs do amor, que é um


sucesso entre os casais, pois vários homens encomendam
para presentear suas respectivas mulheres.

Isso porque criamos um marketing dizendo que quando


um solteiro morde a maçã do amor, o verdadeiro amor fica
mais próximo.

E o mais surpreendente de tudo isso foi que com o


sucesso das minhas maçãs fui convidada para ser a garota
propaganda do perfume da Nina Ricci, que é mais
conhecida pelos seus perfumes em formato de maçã.
Quando eles vieram até Curitiba para conversar, eu
fiquei completamente apaixonada pelo aroma do perfume e
ainda mais pelo seu formato.

Depois de muitas conversas, hoje estou indo para São


Paulo com Davi para gravar o tão esperado comercial.

— Cecília.

Saio dos meus devaneios quando escuto a voz de


minha mãe.

Me viro em sua direção e ela está na porta.

— Oi, mãezinha, aconteceu algo?

— Eu que pergunto, estou te chamando há algum


tempo.

Me levanto e vou em sua direção.

— Desculpe! Eu estava distraída. Você já consegue


assimilar toda essa mudança na nossa vida?

Ela coloca as mãos em meu rosto e sorri.

— Nossa vida mudou muito, eu não pensava que fosse


dar essa reviravolta, mas eu sempre tive certeza de que
você ia longe.

— Ainda está sendo um pouco difícil me acostumar,


mas logo isso muda.
— Vai sim..., mas você já arrumou a sua mala? Daqui a
pouco o Davi chega.

— Sim, está tudo pronto. Ainda não consigo acreditar


que eu vou virar garota propaganda de uma grife famosa.

— Davi contribuiu muito com essa reviravolta. Sei


como deve estar sendo difícil lidar com a “fama”, mas eu sei
que você vai saber conciliar tudo.

Minha mãe, como sempre, sabe me dizer as coisas


certas. Não sei o que seria de mim se não fosse por ela.

Ela segura em meu rosto e faz um carinho.

— Agora pode viajar tranquila, não precisa se


preocupar com a loja, pois as meninas e eu vamos tomar
conta direitinho do Amor no Palito.

— Eu sei disso, mãe.

Agradeço, e ficamos mais um tempo conversando até


escutar meu celular tocar e olhar no visor o nome do Davi.

— Oi, meu amor, já está pronta?

Eu ainda fico toda boba quando o ouço me chamar


assim.

— Estou sim, só estou te esperando.

— Em no máximo 20 minutos eu chego aí para te


buscar, o avião já está nos esperando.
— Tudo bem, meu amor.

Encerro a ligação e vou para a sala.

Quando Davi para o carro no estacionamento próximo


ao hangar de onde vamos decolar, já sinto minha mão suar
novamente, pois nunca andei de avião e tenho um pouco de
medo de altura.

— Está tudo bem, Ceci? Você está branca e com as


mãos suadas.

Olho para Davi, que me observa atentamente.

— Estou um pouco assustada, porque além de nunca


ter viajado de avião, tenho medo.

Ele me puxa para seu colo e faz carinho em meu


rosto.

— Não precisa ficar assim, posso te garantir que esse


é o meio de transporte mais seguro. Você vai amar viajar, e
caso continue sentindo medo, eu vou estar ao seu lado.

Ele fala próximo ao meu ouvido, e com a mão vai


subindo pelas minhas pernas até alcançar a barra do meu
vestido, e como estamos sozinhos aqui, abro minhas pernas
para que ele tenha mais acesso, ele passa o dedo por cima
da minha calcinha.

Acabo gemendo com seu toque.

— Ahhhh, Davi, isso é tão bom.

— Eu vou te deixar muito tranquila nesse voo, te


garanto — ele sussurra e morde o lóbulo da minha orelha,
então retira a mão.

— Vamos?

Balanço a cabeça, confirmando.

Assim que entramos no jatinho, somos recepcionados


pela pequena tripulação e todos me chamam de Sra.
Bernardi, e isso me deixa tão animada e ao mesmo tempo
tão assustada.

O que eu mais quero é viver o resto da minha vida ao


lado dele, ter filhos, tudo.

— Vamos nos sentar.

Davi coloca a mão em minha cintura e em seguida me


direciona até a poltrona.

— Obrigada.
— De nada, meu amor.

Ele deixa um selinho em minha boca.

Escuto o piloto pedir para colocarmos o cinto, pois


iremos decolar.

Faço como é ordenado, fecho os meus olhos e seguro


com força na ponta da poltrona.

Assim que o avião decola, sinto um frio na barriga e


minha respiração acelera.

— Está tudo bem, Ceci?

Assinto, ainda de olhos fechados.

— Amor, abre os olhos, eu estou aqui.

Então, devagar, eu faço o que ele pede, então vejo o


exato momento em que Davi se levanta e vem em minha
direção e estende a mão para mim.

— Venha, eu não te disse que ia deixar seu voo


gostoso?

Seguro a mão de Davi, que me encaminha para uma


porta ao fundo da aeronave. Quando ele abre a porta, vejo
que se trata de uma pequena suíte.

— Davi, o que você está tramando?

Ele me olha e mostra seu sorriso safado.


“Já consigo entender o que ele quer dizer com deixar o
voo gostoso.”

E assim que entramos ele fecha a porta, me prende na


parede e começa a me beijar.

— Eu não estava mais aguentando, precisava ficar


sozinho com você. Meu apartamento fica tão vazio quando
você não dorme lá.

Semana passada eu pude presentear minha mãe com


um apartamento. O pagamento que recebi da campanha foi
muito bom, então eu consegui realizar esse sonho dela.
Depois que o apartamento estava todo mobiliado decidi
passar o primeiro dia com ela.

Coloco a mão em seu rosto e o beijo.

— Eu também senti saudade de dormir ao seu lado.

— Então vamos matar essa saudade, temos algum


tempo até chegarmos em São Paulo.

Ele mal termina de falar, me vira de costas para ele,


desce o zíper do meu vestido, fazendo eu ficar só de
lingerie.

Em seguida me levanta e eu cruzo as pernas em sua


cintura, então me leva até a cama.

Assim que Davi me deita, retira minha calcinha e logo


em seguida tira toda sua roupa.
— Eu queria muito te chupar, mas a vontade de estar
dentro de você é maior.

— Então vem e me come gostoso, como só você sabe


fazer.

Abro minha perna e começo a me tocar, percebo como


Davi fica mais excitado e em seguida esfrega o seu pau em
minha boceta.

E em uma única estocada ele me penetra, rápido e com


força. Do jeito que eu amo.

— Que boceta gostosa, amor.

— Ahhhh. Davi, isso é tão bom. Quero mais.

Ele começa a meter com mais força, em um vaivém


frenético, me deixando em êxtase.

— Isso, amor, mais rápido.

Davi intensifica ainda mais, o que me deixa louca de


prazer.

Então ele sai de dentro de mim e pede para que eu


fique de quatro, faço, então ele mete dentro de mim
novamente.

Abaixo minha cabeça no travesseiro para abafar os


meus gemidos altos, mas logo sinto suas mãos puxando
meus cabelos e levantando minha cabeça.
— Não tampe a boca, amor, me deixa ouvir os seus
gemidos.

— Ahhh, mas e os outros? Vão me ouvir.

— Não precisa se preocupar, eles não vão nos ouvir.


Pode gritar o quanto você quiser.

Após ouvir isso, não consigo me controlar, rebolo no


seu pau e gemo alto.

Sinto que não vou aguentar muito tempo.

— Eu vou gozar, Davi.

— Goza, gostosa, deixa eu sentir essa boceta me


sugando.

Ao ouvir suas palavras, gozo, e não demora muito sinto


o exato momento em que Davi goza gemendo meu nome.

Sem força nas pernas, fico parada, sentindo seus


beijos nas minhas costas e em seguida se retira de mim.
Então ele se deita ao meu lado e me puxa para o seu
corpo.

— Isso foi intenso.

Concordo, ainda com um pouco de falta de ar.

Após alguns minutos deitados e abraçados, Davi se


levanta, vai até o banheiro, traz lenço umedecido e me
limpa.
— Conseguiu relaxar?

Olho em seus olhos e sorrio, concordando.

— Com você ao meu lado eu sempre fico relaxada.

Davi se deita em cima de mim e volta a me beijar.

E lá vamos nós para o segundo round.


Assim que chegamos ao local onde serão feitas as
fotos, encontramos com Penélope. Nós duas acabamos nos
aproximando e nos tornando amigas, e como ela já está
acostumada com esse mundo da moda, fotografia, ela se
ofereceu para me ajudar, e isso me deixou muito mais
tranquila.

— Olá, casal do momento, como foi a viagem? — ela


pergunta, toda animada, se aproxima e nos abraça.

— Foi tranquila, graças a Deus.

— Que bom! Ceci, está preparada para se tornar


oficialmente o rosto do novo perfume Nina Ricci?
— Sendo bem sincera, estou nervosa e ansiosa. Mas
muito feliz.

— Tudo vai dar certo. Essa publicidade já é um


sucesso.

Agradeço as palavras de Penélope.

Em seguida um produtor me guia até o local das fotos,


vou para o camarim para que eu me troque.

Ao chegar ao local uma equipe aguarda para me


produzir.

Vou até o banheiro para jogar uma água no corpo e


logo depois, com um roupão, vou para a cadeira para ser
maquiada e em seguida visto a roupa selecionada.

Algum tempo depois, quando a equipe termina de me


arrumar, eu me olho no espelho e não consigo reconhecer a
mulher que está diante dos meus olhos, pois pareço outra
pessoa.

Sou direcionada para uma sala onde está tudo


preparado.

— Cecília, tudo bem? Meu nome é Frank e vou ser o


seu fotógrafo. Não precisa ficar nervosa, vou te orientando
no que vai precisar fazer, tudo bem? Vamos começar?

Balanço a cabeça, concordando, e vou para onde ele


me direciona.
Olho para o fundo da sala e vejo os olhos de Davi me
observando e com isso fico mais tranquila.

— Falta pouco para acabarmos, que tal tirarmos uma


foto do casal?

Frank nos surpreende com o seu pedido. Olho para


meu namorado e ele concorda com um sorriso.

— Davi, fique de frente para Cecília e segura na


cintura dela, fiquem um olhando para o outro.

Davi faz tudo que Frank pede, ficamos um tempo nos


olhando e a cada segundo a vontade de estar nos braços
dele aumenta.

Sinto a mão de Davi me apertar de leve na cintura.

— Estão lindos, vocês têm uma química muito forte.

Escuto a voz de Frank, mas parece que tudo está longe


e só estamos meu amor e eu nesta sala.

Davi chega mais perto e acabamos nos beijando.

Sua mão vai para minha nuca e eu coloco meus braços


em volta do seu pescoço.
Nosso beijo é calmo, transmite todo o carinho, amor,
que sentimos um pelo outro.

Nos separamos por falta de ar e então encostamos


nossas testas.

Permaneço de olhos fechados até que ouço a voz de


Frank.

— Perfeito! Essas fotos ficaram maravilhosas. Por mim


essas seriam as fotos da campanha.

— Davi e eu viramos em direção a Frank e percebemos


que todos estão nos olhando.

— Se todos estiverem de acordo, por mim tudo bem, eu


aceito.

Davi olha para mim, e eu também concordo.

— Então, por mim já terminamos por aqui.

— Foi um prazer te conhecer, Cecília, espero poder


trabalhar mais com você no futuro.

— Eu também gostei muito, quem sabe isso aconteça.

Frank e sua equipe se despedem e ficamos somente


Davi, Penélope e eu.

— Meu amor…

Me viro para Davi.


— Vou deixar você aqui com Penélope, eu preciso
resolver algumas coisas, mas daqui a pouco venho te
buscar para aproveitarmos a noite em São Paulo.

— Tudo bem, meu amor.

Ele segura em meu rosto e me dá um beijo.

— Pode ir sossegado, primo, vou cuidar bem da


Cecília, e assim que estiver pronta eu te aviso.

Ele balança a cabeça e depois se despede de nós.

— É impressão minha ou vocês estão aprontando


alguma coisa?

Assim que Davi se afasta, me viro para Penélope.

— É impressão sua — ela diz, e começa a rir.

“Por que eu não consigo acreditar no que ela diz?”

— Agora vamos escolher algumas fotos e depois


vamos embora.

Foi difícil escolher as fotos, pois todas ficaram


maravilhosas, principalmente as minhas com Davi.
Mas decidimos, e agora estou no camarim para me
trocar e ir embora.

— Ceci, tem um presente aqui para você.

Penélope entra com uma caixa e coloca no meu colo.

Pego o bilhete e vejo o nome de Davi.

Começo a ler.

“Essa está sendo a primeira de muitas viagens que


vamos fazer juntos.

Você está sendo o meu melhor, nunca pensei viver


esse amor, me permitir amar e ser amado.

O sofrimento me deixou aprisionado no passado e


quando eu te conheci, ver o seu sorriso, sua garra,
dedicação, me encheu de alegria.

No começo pensei que nossa relação seria somente


sexo, mas acabei me rendendo ao seu charme e me
apaixonei. Justo quando eu não pensava que isso fosse
voltar a acontecer.

Sou muito grato por você ter entrado em minha vida e


me mostrado que eu poderia, sim, voltar a amar.

Como eu disse, quero poder realizar todos os seus


sonhos e objetivos, e esse é só o começo.
Hoje eu quero fazer algo diferente, então quero que me
encontre no heliporto do prédio, vou fazer algo que você
nunca vai esquecer.

Até mais tarde, amor.”

Sinto lágrimas escorrerem pelos meus olhos.

Abro a caixa e vejo um vestido maravilhoso, na cor


preta.

Penélope vem até mim e segura em minha mão.

— Ceci, sabe que eu estou muito feliz por vocês dois.


Meu primo merece toda a felicidade desse mundo e eu
tenho certeza de que você é a pessoa certa.

Olho para Penélope agradecida pelas palavras.

— Davi te ama, e sei que vocês serão muito felizes.

— Eu também o amo muito, nunca pensei que fosse


sentir por alguém o que sinto por Davi.

— Eu sei, dá para ver em seus olhos o quanto o ama.


Por isso quero que você aproveite tudo hoje à noite. Se
arruma e vai encontrar seu homem.

Sorrio para ela, me levanto e vou me trocar.


Me olho mais uma vez no espelho e fico encantada
com o vestido.

Ele é preto, de ombro a ombro, justo no corpo, e vai


até a metade da coxa.

Desenha meu corpo perfeitamente, me sinto a mulher


mais linda.

Ouço batidas na porta e me viro em sua direção.

— Está pronta, Cecília?

— Estou quase, só falta calçar as sandálias.

— Tudo bem, vou te esperar. Davi já enviou mensagem


e está te esperando.

Vou rapidamente calçar minhas sandálias de salto e


saio do quarto.

Encontro Penélope me esperando do lado de fora, a


sigo até o elevador, e assim que entro ela se despede e diz
que está torcendo por nós.

As portas se fecham e a ansiedade toma conta do meu


corpo.

Sinto frio na barriga e a cada andar que ele vai subindo


meu coração acelera mais ainda.

Quando ele chega e as portas se abrem, não consigo


segurar a emoção, pois vejo Davi ao lado de um helicóptero
e o percurso até ele está cheio de pétalas de rosas.

Caminho em sua direção, e assim que me aproximo


sou puxada e nossas bocas se tocam.

— Você está linda.

Sua mão aperta a minha cintura e eu gemo baixo.

— Você também está lindo.

Davi está usando uma calça jeans escura, com uma


camisa de manga preta de gola alta.

Ele estende a mão para que eu entre no helicóptero e


em seguida se senta ao meu lado.

— Para onde vamos?

— Hoje quero que seja um dia especial.

Coloco minha mão em seu rosto, fazendo um carinho.

— Ao seu lado todos os dias são especiais.

Encosto meus lábios no dele e deixo um pequeno


beijo.

Colocamos nossos fones de ouvido, então o piloto


informa que já vamos voar.

Diferente do jatinho, o helicóptero vai primeiro para


cima, seguro forte na mão de Davi e ele pede para que eu
preste atenção somente nele.
Respiro fundo e olho em seu rosto. Após alguns
minutos o helicóptero se estabiliza e só então consigo
prestar atenção na vista daqui de cima.

— É lindo!

Fico encantada com os prédios, as luzes, tudo é


perfeito!

O passeio dura em torno de uns vinte minutos,


sobrevoamos os principais pontos turísticos de São Paulo,
até aterrissarmos no restaurante Terraço Itália.

Ao chegar ao local, fico apaixonada, o lugar é


belíssimo, todo em vidro com vista panorâmica.

Somos direcionados até uma mesa.

— Que lugar maravilhoso, Davi.

Ele puxa a cadeira para que eu me sente e em seguida


se senta à minha frente.

Um garçom vem tirar o nosso pedido.

Eu escolho Penne Rigate, que é uma massa seca


italiana sem glúten ao molho de tomate e manjericão.
Davi escolhe um Spaghetti ai Frutti di mare que é uma
massa seca com frutos do mar.

— Poderia trazer uma garrafa de vinho?

— Sim, senhor. Um momento, por gentileza.

O garçom pede licença e se retira.

— Está gostando, amor?

Seguro a mão de Davi e faço um leve carinho.

— Eu estou amando, está tudo tão lindo.

Ele coloca uma mecha dos meus cabelos atrás da


minha orelha.

— Eu quero que esta noite seja inesquecível.

Percebo que Davi está um pouco nervoso, coisa que eu


nunca vi antes.

Me inclino e beijo sua boca.

Pouco tempo depois, o garçom chega com nosso vinho,


ele abre a garrafa e despeja o líquido na minha taça e em
seguida na de Davi.

— Um brinde a nossa felicidade, e que ela dure para


sempre.
Após terminarmos nosso jantar, Davi chama o garçom e
pede para trazer a sobremesa.

Em seguida o garçom chega com um prato onde tem


várias maçãs do amor e uma caixinha no meio delas.

Olho para Davi e vejo o exato momento em que ele se


levanta, pega a caixinha e se ajoelha na minha frente.

— Cecília, eu achava que a minha vida era fodida, e


era mesmo, eu não conseguia me imaginar amando de
novo, mas você, com seu jeito doce, chegou de mansinho e
conquistou meu coração.

Davi respira fundo e, sem deixar de olhar em meus


olhos, continua:

— Hoje eu não consigo me ver sem ter você em minha


vida, e aqui, na frente de todos, eu quero te perguntar.
Cecília, você aceita se casar comigo?

Sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto, me ajoelho


na sua frente e seguro em seu rosto.

— É claro que aceito. Sim, sim, sim. Eu aceito.

Davi se levanta e me ajuda, ele retira o anel da


caixinha e coloca em meu dedo.
Ele é todo cravejado de pequenas pedrinhas brancas e
no meio dele tem uma maior com o formato de coração.

Davi me abraça e então nos beijamos.

Escutamos palmas à nossa volta, então olho para Davi


e vejo que seus olhos também estão marejados.

— Eu te amo, Cecília.

— Eu também te amo, Davi.

Após o jantar maravilhoso, nós voltamos para o hotel.

Ainda não consigo acreditar no que aconteceu, a noite


foi tão perfeita.

Fico admirando o anel em meu dedo.

“Ele é tão lindo.”

— Parece que eu acertei no anel, não é?

Olho para Davi, que vem em minha direção com a sua


camisa entreaberta.

— Ele é maravilhoso, parece aqueles anéis que a


mocinha recebe nos filmes. Ainda me custa acreditar que
eu estou realmente vivendo isso tudo.
Davi estende a mão para que eu levante.

— Eu vou te mostrar a vida inteira que isso é real. Nós


estamos, sim, vivendo nosso amor juntos.

Ele segura em minha nuca, me puxa em sua direção e


me beija.

Ele morde de leve meu lábio inferior, o que me faz


gemer.

— Você gemendo assim me deixa louco.

Sinto sua boca percorrer pelo meu pescoço, e então


para em meu ouvido.

— Dança comigo?

Balanço a cabeça, concordando.

Ele liga o som do quarto e começa a tocar uma música,


Earned It do The Weeknd.

I’ma care for you

Vou cuidar de você

I’ma care for you, you, you, you

Vou cuidar de você, você, você, você.

Davi segura firme em minha cintura, com o ritmo da


música nos movimentando.
— Eu quero te fazer a mulher mais feliz.

— Você já me faz a mulher mais feliz. Eu te amo tanto,


Davi.

You make it look like it’s magic

Você faz parecer que é mágica.

‘Cause I see nobody, nobody but you, you, you.

Porque eu não vejo ninguém, ninguém além de você, você,


você.

Davi me vira de costas e segura em meus cabelos, o


colocando de lado em meu ombro, deixando minha nuca
exposta. Ele passa sua barba no local, o que faz o meu
corpo inteiro se arrepiar.

Começo a dançar e a provocar, esfregando minha


bunda em seu pau, que já está duro.

‘Cause, girl, you’re perfect

Porque, garota, você é perfeita.

You’re Always worth it

Você sempre vale a pena

And You deserve it

E você merece
The way you work it

A maneira como você lida com isso.

Davi abaixa o zíper do meu vestido e o desce


lentamente, sem nunca deixar de me beijar no processo.

Após retirar o vestido, fico somente de calcinha, em


seguida me vira de frente para ele, vejo quando ele retira o
seu cinto.

— Cecília, estica suas mãos.

Faço o que ele me pede, então Davi prende minhas


mãos.

Ser presa me dá uma sensação diferente, não


esperava gostar disso.

Ele me segura no colo, e para ajudar coloco meus


braços em seus ombros e eu cruzo minhas pernas em sua
cintura.

Sou guiada até a cama. Ao me deitar, Davi coloca


minhas mãos presas para cima da minha cabeça.

— Agora eu vou me deliciar com sua bocetinha.

Ele desce beijando por meu pescoço, desce até meus


seios, que já estão tesos, e abocanha um, passando a
língua por meu mamilo, em seguida faz o mesmo no
outro.
Arqueio as costas com o tesão.

Sinto as mãos dele subindo por minhas pernas, e


assim que chega perto da minha calcinha, sinto quando ele
a rasga.

— Sua bocetinha já está toda molhada para mim.

Davi enfia um dedo em minha boceta e começa a me


masturbar, não consigo me controlar, e gemo.

— Ahhhh, Davi, continua.

— Isso, minha gostosa, goza, quero sentir seu mel na


minha boca.

Ele começa a me chupar, enfiar a sua língua dentro de


mim.

Gemo cada vez mais alto.

— Que boceta deliciosa, amor.

Conforme Davi percebe o quanto estou excitada, ele


aumenta a velocidade, intercalando entre o dedo e a
língua.

— Goza na minha boca, Ceci.

Me contorço de tanto tesão e, sem aguentar mais,


explodo em um orgasmo em sua boca.

— Que delícia!
Davi sobe e me beija para que eu sinta o meu sabor, e
então solta meus braços.

Ele se levanta e termina de tirar toda a sua roupa, ele


esfrega seu pau em minha boceta, e vai me preenchendo
devagar.

Quando já está com seu pau todo dentro de mim, Davi


me olha.

— Cecília, você foi a melhor coisa que me aconteceu,


eu te amo!

Sorrio e faço carinho em seu rosto.

— É tão bom ouvir isso. Nunca pensei amar alguém


dessa forma. Eu também te amo, Davi.

Começamos a nos beijar e aos poucos ele começa um


movimento de vaivém. Cruzo minhas pernas em seu quadril
para que ele meta com mais força.

Com as minhas mãos, arranho suas costas, enquanto


gozo chamando seu nome.

Não demora e sinto Davi se derramar todo em mim.

Ficamos ainda encaixados, nos beijando, enquanto


nossos corpos vão se acalmando.
Alguns meses depois...

Falta apenas uma semana para o grande dia. Depois


que Davi fez o pedido para minha mãe, me fez prometer
que não ia demorar para nos casarmos.

Eu não sabia por onde começar, sou péssima em


organizar as coisas, ainda mais quando eu sou o foco.
Fiquei tão nervosa que não sabia o que fazer.

Como um anjo, Penélope me ajudou, ela conhece a


estilista Anna Monteiro e conseguiu um vestido exclusivo
para mim.
Eu nem acreditei quando ela me ligou avisando que
tudo estava certo.

Minha vida está uma loucura, pois abrimos mais uma


loja do Amor no Palito em outra filial das redes Bernardi, a
campanha do perfume da Nina Ricci foi um sucesso.

Como foi usada uma das nossas fotos para a


campanha, viajamos para Paris para a estreia da nova
coleção.

Fiquei encantada com o lugar e Davi me prometeu que


vamos voltar para conhecer o lugar.

Saio dos meus devaneios com meu telefone tocando.

— Senhora Cecília, o Guilherme está aqui.

Agradeço a Fernanda, que agora é minha secretária.

Em seguida, vejo a porta da minha sala abrir.

— Olha só, a mais nova empresária de sucesso do


momento.

Levanto-me e vou até onde Gui está e o abraço.

— A dentuça cresceu e agora é uma mulher de


negócios.

— Para com isso, cabeção. Cresci sim, e uma coisa


que você não pode mais fazer é me chamar de dentuça,
agora eu vou poder usar seu apelido para sempre.
— Posso te garantir que minha cabeça grande deixa a
Júlia muito satisfeita.

Começamos a rir do nosso momento besteirol, e assim


que nos acalmamos lhe ofereço um café e o convido para
se sentar no sofá.

— Posso saber o porquê de você me chamar para vir


até aqui?

Olho para meu amigo e sinto uma emoção, pois se não


fosse ele e o Davi, minha vida não teria dado essa
mudança.

Olho para ele e sorrio.

— Eu te chamei até aqui, porque quero te entregar


algo.

Me levanto, vou até minha mesa e pego uma caixa de


madeira.

Vou até ele e entrego.

Guilherme olha para a caixa sem entender, então


quando abre tem uma frase, junto com uma taça e uma
garrafa de champanhe.

A Cecília e o Davi vão se casar, mas isso não é


novidade. A novidade é que queremos que você seja o
nosso padrinho.
Guilherme me olha e começa a rir.

— Aceita? Agora você tem duas opções.

Olho, esperançosa, para sua reação. Gui coloca a


caixa de lado, se levanta e me estende a mão. A seguro, e
ele me abraça.

— É claro que eu aceito, não perderia isso por nada!

Fico tão feliz que ele tenha aceitado.

No começo do meu relacionamento com o Davi, ele não


estava muito de acordo, mas permaneceu ao meu lado.
Depois que os dois se conheceram melhor, o clima estranho
acabou.

— Estou muito feliz de estar presente nesse dia. Você


merece toda felicidade do mundo.

— Muito Obrigada. Eu já me sinto a mulher mais feliz


do mundo.

— Desculpe perguntar, mas quem mais vão ser os


padrinhos?

— Davi chamou o Diogo e a Penélope, e eu escolhi


você e a Helena.

Percebo que Guilherme fica estranho quando digo seu


nome.

— Você tem certeza que ela será meu par, Ceci?


Não entendo a pergunta do Guilherme. Será que
aconteceu algo que não estou sabendo?

— Gui, a Helena é uma pessoa boa, e desde o início


sempre esteve ao meu lado, me ajudando.

— Não sei o que você vê em “pessoa boa” nela, algo


nela não me agrada quando ela está olhando para você. Eu
simplesmente não gosto.

Voltamos a nos sentar e ele fica me encarando.

— Você sabe o que faz, Ceci. O casamento é seu, não


posso me meter nisso, só aceitar.

Sinto que Guilherme sabe de alguma coisa, que não


quer me dizer, e isso me preocupa.

— Você sabe de algo que eu não sei, Guilherme?

— Não. Só que uma vez em que fui à loja com a Júlia,


eu a vi olhando para dentro e a expressão em seu rosto não
era das melhores, ela olhava com raiva.

— Deve ter sido só impressão sua, Gui, desde que nos


conhecemos ela me trata muito bem.

— Tudo bem, Ceci. Não vou mais comentar sobre


isso.

Não gosto quando o meu amigo fica assim, ele não é


de inventar as coisas, mas não tem como isso ter
acontecido. Helena é um doce de pessoa.

— Cecília, eu vou amar ser seu padrinho, é uma honra.


Mas agora eu preciso te contar a minha novidade.

Olho para Gui e fico ansiosa para saber o que é.

— O que é? Conta logo, homem.

Guilherme sorri com a minha ansiedade. Ele sabe como


eu fico quando começam a me dizer algo.

— Eu vou ser pai.

Arregalo os olhos e então grito e bato palmas.

— Eu não acredito. Parabéns, Gui!

Me levanto e o abraço forte, sei o quanto ele desejava


construir sua família.

Ficamos mais um tempo conversando, até que ele vai


embora.

Olho na tela do meu computador e vejo que falta pouco


para terminar o expediente, então decido desligar tudo e ir
para casa.
Faltam apenas dois dias para o dia em que Cecília vai
se tornar uma Bernardi.

Hoje meu amigo, Diogo, nos convidou para a


inauguração de sua nova boate e ainda vamos fazer a
nossa despedida de solteiro juntos.

Termino de me arrumar e vou para o quarto e, neste


exato momento, vejo Cecília.

Ela está absurdamente linda, a olho de cima a baixo.

Cecília está usando uma saia de couro curta, com uma


blusa com brilho de alças bem finas e com um decote bem
generoso.

“Que Deus me ajude, pois essa mulher está vestida


para matar.”

Vou até o seu encontro e a abraço por trás.

— Você desse jeito só me dá mais vontade de te levar


para cama e passar a noite inteira dentro de você.

Ela se vira de frente para mim e me beija.

— Eu também adoraria, mas nossos amigos estão nos


esperando, e te prometo que quando voltar você vai poder
me ter de todas as formas.

Aperto sua cintura, pois quando ela fala assim me


lembro do dia em que Cecília deixou eu penetrar em seu
cuzinho, e foi tão gostoso.

— Não me tenta, Cecília, que eu te fodo agora e


esquece de sairmos hoje.

Ela segura em meu pau e aperta de leve, e em seguida


se afasta.

“Essa mulher ainda vai me deixar louco de vez.”

Como a boate fica distante de onde moramos,


chegamos ao local quase às 23 horas.

Ao deixarmos o carro com o manobrista, seguimos para


a entrada e encontramos com Penélope, Guilherme e sua
namorada Júlia, e em seguida avisto Helena se
aproximando.

— Boa noite.

Digo nossos nomes para o segurança e em seguida


nossa entrada é liberada.

— Que lugar legal.

Cecília fica entusiasmada com o local.

O lugar é bem grande, com dois palcos e D.J., muitas


pessoas estão dançando.
Seguimos até a área VIP e assim que nos acomodamos
vejo Diogo vindo em nossa direção.

— Olha só quem deu o ar da graça, o ex-solteiro mais


cobiçado. Com todo respeito, Cecília.

— Tudo bem, Diogo. Ainda bem que é ex-solteiro. Azar


para as outras mulheres, e sorte a minha.

Todos começam a rir com o comentário de Cecília,


seguro em sua cintura e beijo seus lábios.

— Sou seu e de mais ninguém, amor — sussurro em


seu ouvido e ela sorri.

Em seguida, abraço meu amigo, que faz o mesmo,


depois ele vai até Cecília e a cumprimenta, após isso ele
olha para Penélope, sinto que ele fica ligeiramente tenso.

— Olá, Penélope, eu não sabia que você estava de


volta ao Brasil.

— Oi, Diogo. Já tem um tempo que voltei, as pessoas


ainda não sabem, pois vim de surpresa.

Percebo que Diogo fica com a cara fechada. Até hoje


eu não entendi o que aconteceu entre eles, pois sempre
fomos muito unidos.

Já perguntei a ela, mas sempre se esquiva e muda de


assunto.
Se tem algo que aconteceu entre eles e ambos não
querem comentar, não sou eu que vou forçar, até porque eu
entendo bem como é isso.

Quando ambos quiserem conversar sobre, estarei


disposto a ouvir e ajudar. Pois é para isso que os amigos
servem.

Diogo volta sua atenção para mim.

— Fiquem à vontade e aproveitem a noite, daqui a


pouco eu venho comemorar com vocês — ele diz, e em
seguida chama uma garçonete. — Traga champagne para
essa mesa, pois temos que comemorar o casamento de
Cecília e Davi.

A garçonete assente, pede licença e sai para buscar a


bebida.

Sentamos à mesa, e assim que Diogo se vai, Cecília


me chama.

— Amor, foi impressão minha ou tinha uma tensão


entre o seu amigo e Penélope?

— Não foi impressão sua. Desde o dia em que


Penélope decidiu ir embora para Nova York que os dois não
se falam, mas não sei de fato o que aconteceu.
As mulheres vão para a pista de dança e ficam se
divertindo, ficamos somente Guilherme e eu na mesa.

Após confirmar que Cecília e ele eram amigos mesmo,


que ele a via como irmã, eu fiquei mais “tranquilo”, não que
eu não confie em suas palavras, mas não tinha como
confiar nele. Então, após tudo resolvido, conheci sua noiva,
que agora está grávida de um filho seu.

— Como estão os preparativos para o grande dia?

— Tudo está indo bem, eu só precisava tirar Cecília de


casa, pois estava vendo a hora dela surtar de nervoso.
Minha mãe e minha sogra estão pegando muito no nosso
pé.

Guilherme começa a rir e eu faço o mesmo.

— Pode rir, daqui a pouco será você no meu lugar, e


olha que o bebê já está vindo aí. Vai ser do mesmo jeito,
chá de bebê, chá revelação, chá de tudo que é coisa.

Ele para de rir na mesma hora e agora é a minha vez


de gargalhar.

— Você está certo. Daqui a pouco sou eu e não vejo a


hora disso chegar.

— Faça logo o pedido, não perca tempo, pois se tem


uma coisa que eu aprendi com a vida é: não deixe as coisas
para depois, não existe o momento certo, pois quem faz o
momento somos nós.
Não sei se Cecília comentou sobre meu passado para
ele, mas eu precisava dizer isso.

— Sim, isso é verdade, e eu já fiz o pedido, mas Júlia


quer esperar o bebê nascer para então podermos nos
casar.

— Entendi.

Ficamos bebendo e conversando enquanto as mulheres


dançam animadamente.

A noite está sendo muito agradável, Cecília está muito


feliz, e isso me alegra.

— Cecília, vamos voltar para a pista? A Júlia não pode


exagerar muito por causa do baby, mas você pode —
Penélope a chama, animada.

— Vamos sim, também quero voltar a dançar.

Ela se vira para mim, sorrindo.

— Amor, você pode pedir mais um Alexander para


mim?

Concordo, e vou até o bar para pegar sua bebida.


Chego no bar e, como tem algumas pessoas na minha
frente, espero até eu ser atendido. Enquanto aguardo, olho
em direção à pista e a vejo dançar com a minha prima, e
um sorriso se abre em meu rosto.

Cecília é uma mulher linda e me deixa doido, só de ver


ela se remexendo assim já fico duro, imagina ela fazendo
isso sentando em meu pau.

— Oi, Chefinho.

Paro de observar minha mulher quando ouço a voz da


Helena.

— Eu queria te parabenizar pelo seu casamento, quase


não nos encontramos mais, pois depois que Cecília abriu
outras lojas, ela não fica mais tanto na loja principal. Você
a transformou em um diamante.

— Obrigado. Mas o sucesso de Cecília vem somente


dela, eu só ajudei em seu início. Todo o mérito é dela.

— Claro que é, ela aprendeu com o melhor, não tem


como falhar, mas sabe, será que ela é mesmo a pessoa que
mostra ser?

— Como assim, Helena?

— Ah, não sei, às vezes ela não me parece ser muito


sincera. Eu te conheço há tantos anos, e Cecília não parece
em nada com a Laura.
— Chega, Helena, em nenhum momento estava
procurando por uma substituta para Laura, não admito que
você as compare. Cecília é a mulher que eu escolhi para
ser minha parceira para o resto da minha vida, então meça
suas palavras quando se referir a ela.

Percebo o quanto Helena fica sem jeito com o que eu


digo, mas não estou nem aí, se ela diz algo que não deve,
vai ouvir também. Somos amigos, mas não dei tal
liberdades para opinar em minha vida.

— Me desculpe, Davi. Eu só pensei que precisava te


alertar.

— Agradeço sua boa vontade, mas dispenso.

Não gosto das palavras que Helena diz, mas tento não
pensar nisso, não quero estragar a noite dos outros por
causa dela.

Olho na direção da pista de dança e não consigo ver


mais a Cecília. Sem me despedir, saio e deixo Helena para
trás.

Assim que chego à mesa e vejo os outros, olho para


todos os lados e não vejo Cecília em nenhum lugar, isso me
alerta.

— Penélope, onde está a Cecília?

Ela se vira para mim, sem entender nada.


— Davi, ela estava na pista, eu disse que precisava ir
ao banheiro e que já voltava, mas quando voltei não a vi
mais. Então voltei para cá, e quando vi que nenhum dos
dois estava aqui, pensei que tinham dado um perdido na
gente.

Meu corpo inteiro começa a tremer, uma sensação de


perda me invade e eu começo a me desesperar.

Penélope percebe o quanto eu estou preocupado e vem


até mim.

— Antes que eu fosse ao banheiro, o garçom trouxe a


bebida que ela tinha te pedido.

— Mas eu não cheguei a fazer nenhum pedido. Como


ela recebeu a bebida?

Começo a ficar ainda mais nervoso e passo as mãos


em meus cabelos.

— O que aconteceu, Davi? Por que você está assim,


nervoso? — Guilherme pergunta.

— A Cecília sumiu, ela estava dançando e de repente


não está mais.

Ele me olha assustado e na mesma hora começa a


procurar entre as pessoas que estão na pista.

— Como assim, sumiu? Ela estava na pista dançando.


Conto para ele sobre o que Penélope disse há pouco,
então fomos todos à sua procura.

Vou em direção a mais um garçom e mostro uma foto


de Cecília no meu celular, pergunto se ele a viu, e quando
ele nega fico mais nervoso.

Olho no relógio e já tem quase 30 minutos que estamos


a sua procura, então sinto uma mão em meu ombro.

— O que está acontecendo, Davi?

Me viro e dou de cara com o Diogo.

— Cecília sumiu, e antes disso acontecer Penélope


disse que um garçom entregou uma bebida para ela em
meu nome, só que eu não cheguei nem a fazer o pedido.

Meu amigo se vira para minha prima, que ainda está


assustada com o ocorrido.

— Penélope, você não consegue lembrar como era o


garçom?

— Não, pois quando ele chegou eu estava indo ao


banheiro, eu só o vi de perfil e como está escuro não olhei
para o seu rosto.

Ela começa a chorar desesperada, então Diogo segura


em seu ombro e a abraça.

— Nós vamos encontrá-la, não se preocupem.


De repente um garçom se aproxima e informa que viu
uma mulher com as mesmas descrições de Cecília saindo
da boate, e que ela estava com um rapaz.

Não consigo acreditar no que ouço.

“Como assim ela saiu da boate e ainda por cima com


outro homem?”

Dou um soco na parede para aliviar minha raiva.

Saio em disparada em direção à saída e esbarro em


Helena.

— Ei, Davi. O que houve? Por que você está assim?

Olho para ela e me lembro do que ela disse há poucos


instantes.

Mesmo que eu conheça Helena há anos, não consigo


levar em conta o que me disse.

Cecília é a mulher que eu escolhi para viver comigo,


não tem cabimento nenhum ela me trair, ainda mais em um
local em que estamos todos juntos.

— Cecília sumiu, eu estou a sua procura.

O olhar que ela me dá é de assustada, porém não


estou com tempo para me preocupar com ela.

Assim que vou para a rua, olho para todos os lados e


não vejo nenhum carro que esteja saindo ou alguma
movimentação estranha.

— Davi, espera, ficar assim nervoso não vai adiantar


em nada.

Me viro e encontro meu amigo e Guilherme.

— Como você me pede para ter calma quando a minha


mulher desapareceu, sabe-se lá para onde, e o pior, com
quem.

— Eu entendo a sua preocupação, mas precisamos


pensar e ver o que podemos fazer.

Então me dou conta de onde estamos, o bairro e o


local.

A boate do Diogo tem manobristas, se Cecília saiu por


essa porta, o manobrista com certeza a viu.

Vou até onde eles ficam e mostro uma foto de


Cecília.

— Por acaso algum de vocês viu essa mulher há


poucos instantes saindo?

Os três rapazes olham a foto e negam.

— Com todo respeito, senhor, ela é uma mulher muito


bonita, se ela tivesse saído por essa porta, teríamos
percebido.
— Para ser mais preciso, ninguém veio buscar um
carro até então.

Me viro para Diogo, que está voltando de dentro da


boate.

— Davi, ninguém saiu da boate antes de nós três.


Cecília ainda está lá dentro.

Vou até ele e seguro em seus ombros.

— Em que outro lugar ela pode estar?

Diogo fica quieto e olha na direção de Guilherme.

— Diz logo, porra, não posso perder tempo.

Pela expressão em seu rosto, eu sei que não vou


gostar de sua resposta.

— No terceiro andar, tem quartos para os casais que


querem curtir um pouco mais. Se ela não saiu, é uma boa
probabilidade que esteja lá.

Como eu suspeitei, não gostei do que ele disse, mas


eu preciso encontrar Cecília. Eu confio totalmente na
mulher que amo, sei que algo assim não condiz com a sua
índole.

— Onde ficam esses quartos?

Olho para meu amigo, que me direciona até o local.


Ele chama dois seguranças para nos acompanhar e
pede para outro ir até a sala onde ficam as câmeras e ver
quem pode ser essa pessoa que está acompanhando a
Cecília.

Logo em seguida, Diogo, Guilherme e eu saímos à


procura da minha mulher.
Quando chegamos na parte dos quartos, nos
separamos. Diogo e eu fomos para um lado, enquanto
Guilherme e os seguranças seguiram para o outro lado.

Começo a entrar em desespero, pois a lembrança do


que aconteceu com a Laura vem em cheio.

“Será que tudo vai acontecer novamente?”

Tento tirar essa ideia da minha cabeça, entretanto,


como o andar tem isolamento acústico, consigo ouvir bem
baixo a voz de Cecília.

Ela está chamando pelo meu nome.


Vou o mais rápido possível, e quando paramos em
frente ao quarto, tento abrir e vejo que a porta está
trancada. Sem demora, dou um chute e arrombo a porta. A
cena que vejo me deixa cego de ódio.

Cecília está praticamente desmaiada e um homem está


em cima dela.

Vejo tudo vermelho e parto para cima dele. O tiro à


força de cima da minha mulher.

Começo a desferir vários socos em seu rosto, um atrás


do outro, sem parar.

— Seu maldito! Como você ousa colocar essas suas


mãos imundas em cima da minha mulher?

— Ela que estava se oferecendo para mim na pista.


Então a trouxe para cá. Em nenhum momento houve
recusa.

A cada palavra que ele me diz o soco mais ainda.

Até que sinto pessoas me puxando e me tirando de


cima dele.

Só então me dou conta de que o filho da puta está


coberto de sangue.

— Me soltem — peço uma vez, mas ninguém se move.


— Eu já disse que é para me soltar, porra.
Puxo meus braços com força e vou até minha mulher,
então percebo como seu corpo está mole, sua respiração
está pesada.

Com toda certeza ela foi dopada.

Sinto meu ódio voltar quando vejo o estado em que ela


está. Me viro para o filho da puta, que agora está
desmaiado no chão, e minha vontade é de voltar lá e
acabar com a sua vida.

Porém, agora a prioridade é a minha mulher, então


visto sua roupa e peço para que meu amigo me ajude, pois
preciso levá-la para um hospital o mais rápido possível.

Ao chegarmos no hospital, Cecília é levada direto para


a emergência, pois precisam fazer todos os exames para
saber o que ela ingeriu e saber se ela chegou a ser
estuprada.

Só em pensar nessa possibilidade meu corpo inteiro


começa a tremer.

“Meu Deus, o Senhor sabe que eu nunca fui religioso,


mas por favor, proteja a minha mulher.”

Fico na sala de espera, nervoso, e o tempo parece


estar brincando comigo.
Algum tempo depois, minha prima chega e com ela
está minha sogra.

— Davi, o que aconteceu? Como está minha filha?

Ela vem em minha direção, extremamente nervosa.

— Eu não sei ainda, mas tudo indica que Cecília foi


dopada, ela está sendo examinada e até o momento
nenhum médico veio me dá notícias.

— Mas como isso foi acontecer com minha filha?

Peço para que dona Antônia se sente.

Explico a ela tudo o que aconteceu, minha sogra ficou


ainda mais nervosa com o que houve e eu nem posso tentar
acalmá-la, pois estou do mesmo jeito.

— Meu Deus, por que alguém faria algo assim contra


minha filha?

Ela coloca a mão no rosto e volta a chorar.

— Preciso ver minha filha agora mesmo.

Ela se levanta, e quando vai perguntar a uma


enfermeira sobre ela, um médico aparece na sala.

— Familiares da paciente Cecília Medeiros?

Levanto-me, e junto com a dona Antônia vamos até o


médico.
— Aqui, doutor. Eu sou o noivo, e ela é a mãe.

— Como minha filha está?

— Ela está bem, fizemos uma lavagem em seu


estômago, e um exame toxicológico para detectar qual
substância foi usada, além do exame de violação.

Olho o nome do médico no jaleco dele.

— Dr. Ferreira, e o resultado já saiu?

— Sim. Foi colocado um calmante e misturado com


álcool, e com isso o efeito foi mais rápido, mas ela vai ficar
bem, só precisa ficar de repouso e tomar bastante líquido.
E em relação ao exame de violação, o ato não chegou a ser
concluído.

Sinto um enorme peso sair do meu peito. Se aquele


filho da puta tivesse feito algo pior com ela, eu iria matá-lo
com minhas próprias mãos.

— Será que podemos entrar para vê-la?

Ele assente, e então seguimos até o quarto onde


Cecília ainda está adormecida.

Assim que entramos no quarto, apesar de ainda estar


abalado pelo ocorrido, meu coração se acalma ao vê-la
descansando.
Vou até a cama onde ela ainda está adormecida e beijo
sua testa. Faço carinho em seu rosto e sussurro:

— Vai ficar tudo bem, meu amor, aquele desgraçado


vai pagar por ter feito isso com você.

Minha sogra vai para o outro lado e segura a mão de


Cecília.

— Por que fizeram isso com você, minha filha? Por


mais que o doutor tenha dito que você está bem, só vou
conseguir me acalmar quando ver os seus olhos abertos.

Dona Antônia acaricia seu rosto e lágrimas escorrem


pelo seu rosto.

Sinto um leve aperto em minha mão, olho rapidamente


na direção de Cecília e vejo o exato momento em que ela
abre os olhos.

— Davi...

Após chamar meu nome, Cecília abre e fecha os olhos


repetidamente. Em seguida leva suas mãos até o rosto e
coloca em seus olhos.

Ela olha para os lados, e ao ver sua mãe não consegue


entender o que está acontecendo.

— Onde eu estou? O que aconteceu? Minha cabeça


está tão pesada e estou enjoada.
Ela tenta se levantar, porém na mesma hora volta a se
deitar.

Sua respiração, por estar mais pesada, a cansa.

Seguro em sua mão e então tenho a atenção de


Cecília.

— Meu amor, você está no hospital.

Cecília me olha assustada, então olha tudo à sua volta,


provavelmente reconhecendo o quarto hospitalar.

— O que aconteceu para eu vir parar no hospital? Eu


só me lembro que estava dançando com Penélope e depois
recebi a sua bebida.

Ela leva sua mão à cabeça e a massageia.

“Com certeza está com dor.”

Respiro fundo e cerro meus punhos.

— Depois de um tempo, senti um pouco de tontura,


então tentei voltar para a mesa, mas não conseguia mais
andar, pois tudo estava rodando.

Mas quando pensei que iria cair, senti uma mão em


minha cintura.

Cecília olha para baixo e fica mexendo com os dedos.


— Eu pensei que fosse você, Davi, mas a voz estava
diferente, mesmo estando tonta, percebi que a pessoa que
estava me guiando era outro homem.

Sua voz está tão fraca e baixa que isso me deixa ainda
mais puto.

“Como um homem encosta em uma mulher sem sua


autorização? E ainda por cima dopada?”

Ceci começa a chorar, então dona Antônia tenta


acalmar sua filha enquanto eu vou contando o que
aconteceu.

— Ai meu Deus!

Cecília se desespera, pensando que algo pior


aconteceu.

Me sento ao seu lado e a abraço.

Imagino como deve estar sendo difícil ouvir tudo isso,


mas graças a Deus tudo ficou bem.

Continuo abraçado a Cecília, até que ela se acalme.

— Me desculpa, Davi, eu não deveria ter sido tão


ingênua e aceitado a bebida.

Seguro em seu queixo e a faço olhar para mim.

— Você não tem que se sentir culpada, pois estávamos


entre amigos e não poderíamos adivinhar que algo assim
iria acontecer.

— Mas quem faria isso comigo?

Beijo sua testa e faço carinho em seu rosto.

— Eu vou descobrir quem foi e te prometo que a


pessoa vai pagar muito caro por isso.

A abraço novamente, e silenciosamente agradeço a


Deus por ela estar bem e que nada de pior aconteceu.

Escuto meu celular tocar, quando vejo no visor que se


trata de Diogo, decido atender do lado de fora.

— Amor, é o Diogo, vou atender lá fora, tudo bem?


Descanse mais um pouco.

— Tudo bem, vai lá.

Me viro para minha sogra e ela balança a cabeça,


dizendo que vai ficar ao lado de Cecília.

Dou um beijo rápido em sua boca e saio.

— Espero que você tenha matado aquele desgraçado


que estava em cima da minha mulher.

Ouço Diogo suspirar.

— Assim que você saiu com Cecília, chamei a polícia,


pois isso foi uma tentativa de estupro, com isso, consegui
encontrar a pessoa que entregou a bebida para Cecília.
— Eu estava tão preocupado com Cecília que não me
lembrei da polícia, só pensei em matar aquele filho da puta
e levar minha mulher de lá.

— Te entendo, por isso eu fiz isso.

— Já estou indo aí.

Agradeço ao meu amigo e volto para o quarto.

Assim que entro, minha mulher está quase dormindo


novamente.

Provavelmente ainda com o efeito da droga.

Me aproximo dela e faço carinho em seus cabelos.

— Ceci, vou ter que sair rapidinho, Diogo me informou


que conseguiu descobrir quem foi que entregou a bebida
para você.

— Tenha cuidado, meu amor.

Beijo sua testa e em seguida seus lábios.

— Vai com Deus, meu filho, e toma cuidado.

Me despeço das duas e saio em direção à delegacia,


pois ele foi detido.
Ao chegar na delegacia encontro meu amigo.

— Como a Cecília está?

— Agora bem, graças a Deus, o pior não aconteceu.

— Fico feliz em ouvir isso, Davi. Agora eu preciso te


mostrar as filmagens, antes da polícia chegar, eu salvei no
meu celular.

Diogo me entrega, e assim que aperto o “play” vejo a


pessoa entregando a bebida a minha mulher.

Olho para meu amigo.

— Como você conseguiu identificar a pessoa?

— Ele é um dos meus funcionários, e consegui prendê-


lo antes que terminasse seu turno.

Passo as mãos em meus cabelos, nervoso.

— Me leve até ele, pois preciso descobrir o motivo de


terem feito isso com minha mulher.

Conversamos com o delegado Tavares e ele autoriza a


minha entrada na sala onde o desgraçado está.

Assim que a porta da sala de interrogatório é aberta e


o infeliz nos vê, tenta vir até minha direção, mas o policial
não permite.
— Doutor, eu não fiz nada, eu juro, não tem por que eu
fazer algo desse tipo.

Ele está desesperado e com a fisionomia péssima.

Me aproximo dele e seguro em seu colarinho, fazendo


com que ele fique com os olhos em mim.

O policial que o deteve anteriormente se aproxima,


mas Tavares, que está atrás dele, balança a cabeça,
negando.

— Quem te mandou entregar a bebida para minha


mulher?

— Eu só fiz meu trabalho, não tenho culpa de nada,


por favor, acredite em mim, eu tenho uma filha para cuidar,
por que eu jogaria minha vida no lixo por isso?

— Se você não quiser que algo te aconteça, é só


lembrar quem foi que te mandou entregar a bebida. Pois se
isso não acontecer, então a culpa vai cair sobre você.

Vejo o suor escorrer por sua testa e o pânico em seus


olhos.

— Foi detectado que minha mulher foi dopada, e como


a pessoa que entregou a bebida foi você, eu vou te colocar
na cadeia e tenha certeza de que você vai apodrecer lá.

Ele arregala os olhos, sabe que não tem alternativa a


não ser abrir a boca.
— Eu vou dizer o que aconteceu. Uma mulher muito
bonita veio até mim e me ofereceu um bom dinheiro para
entregar a bebida, como eu estou precisando, por questões
pessoais, acabei aceitando, mas eu juro que não sabia que
tinha algo na bebida.

— Como era essa mulher?

— Ela era muito bonita, com longos cabelos loiros,


parecia uma modelo. Ela me disse que era despedida de
solteira da amiga e que queria fazer um brinde e então me
pediu para que eu entregasse a bebida e dissesse que tinha
sido Davi que enviou.

O solto, e na mesma hora pego meu celular para ter


certeza da pessoa que ele está dizendo.

Abro a minha galeria, pois tiramos várias fotos na noite


anterior.

Mostro uma foto em que estamos todos juntos e ele


coloca o dedo em cima da pessoa.

— É essa mulher aqui, tenho certeza.

Ele aponta para Helena e confirma a minha suspeita.

— Doutor, por favor, não posso ser preso.

Olho para ele, e por mais que eu esteja com ódio pelo
que aconteceu, acredito no que ele diz.
Se ele tem mesmo uma filha, ele não teria motivos para
destruir a vida. Ou teria?

Peço para que investiguem mais, pois não posso


permitir que mais um deslize meu aconteça e eu perca mais
alguém que eu amo.

— Até eu confirmar o que você disse, não vou te


perder de vista.

Ele confirma e diz que vai fazer tudo que eu mandar.

Me viro para o delegado e mostro a foto de Helena.

— Ela tem algo a ver com o que aconteceu.

O delegado chama os policiais e vão atrás da mulher


que eu sempre considerei uma amiga.
Assim que tivemos a confissão do garçom, meu amigo
abriu o aplicativo das câmeras da boate e, no exato
momento indicado pelo infeliz, vimos a hora em que Helena
o abordou próximo ao corredor dos banheiros. Com essas
imagens vai ficar impossível Helena negar a participação
dela.

Tavares diz que vai até a casa de Helena com mais


dois policiais, e que mesmo tendo as imagens vai ser muito
difícil conseguir acusá-la de ter mandado drogar a minha
mulher, a não ser que ela mesma confesse. Após uma
breve conversa, peço para que ele me deixe ir com eles até
lá.
Chegamos ao prédio e os policiais se identificam e logo
nossa entrada é liberada. Enquanto subimos pelo elevador,
tento imaginar o que levou Helena a agir assim, pois
sempre fomos muito amigos. Cecília também a adorava,
tanto que a convidamos para ser nossa madrinha de
casamento. Não consigo entender o que leva uma pessoa a
se mostrar tão mau-caráter de uma hora para outra, ou ela
sempre foi e nós que nunca notamos.

Assim que saímos do elevador, passo na frente dos


policiais e toco a campainha do apartamento da Helena.
Tavares balança a cabeça, não gosta muito do meu gesto,
mas também não tenta me impedir. Esperamos por alguns
minutos, e como ninguém atende a porta, toco mais umas
três vezes, só então ouvimos resmungos do outro lado da
porta. Assim que ela é aberta, os olhos de Helena dobram
de tamanho, ela logo tenta fechar novamente, porém eu não
permito e logo Tavares toma a minha frente, levanta o seu
distintivo e se identifica.

— Helena, eu sou o delegado Tavares e preciso que


você me acompanhe à delegacia.

Ela fica visivelmente nervosa.

— Por quê? Eu não fiz nada.

Tento entrar no apartamento, porém Tavares me


impede, mas isso não vai me parar, sinto tanta raiva do seu
cinismo. Aponto um dedo em riste em sua direção antes de
acusá-la.

— Claro que fez. Você pagou a um garçom da boate


para que ele entregasse uma bebida batizada para a
Cecília, e não satisfeita em fazer isso também contratou o
outro cara para estuprá-la.

Tremo só de imaginar o que poderia ter acontecido se


a gente não tivesse chegado a tempo de impedir o ato.

— Seus comparsas foram presos e te denunciaram, vai


ser impossível você se safar. Também temos a filmagem de
você entregando dinheiro para o garçom.

Ela dá dois passos para trás, então Tavares avisa


novamente que ela vai ter que acompanhá-lo. Helena
pergunta se pode se trocar e ele assente, ela vai em
direção ao seu quarto, porém, no meio do caminho, ela se
volta para mim e rir.

— Quer saber de uma coisa, Davi? Fiz mesmo, e não


me arrependo. O que eu fiz foi pouco, você tem que sofrer
muito por tudo que já me fez passar. Eu sempre te amei,
sempre estive ao seu lado, bem antes daquela sonsa da
Laura, mas você nunca olhou para mim. NUNCA.

Agora quem dá dois passos para trás sou eu. Como eu


nunca percebi que ela nutria sentimos por mim? Se bem
que não mudaria em nada, pois isso que ela sente é algo
doentio.
— Quando a sonsa morreu eu achei que ficando do seu
lado e te dando todo apoio, você enfim me notaria, mas
não, você se fechou no seu mundo, se culpando pela morte
dela, e eu continuei ao seu lado sem ser notada.

Ela começa a chorar e a limpar as lágrimas que


escorrem no seu rosto.

— Então a sem-sal da Cecília apareceu, e eu tinha


certeza de que ela seria só mais uma como as outras que
você comia e depois descartava. Mas não, a desgraçada foi
esperta, ela conseguiu te amarrar. Eu tentei fazer ela
desistir de você várias vezes, eu paguei pessoas para
difamar a santinha, mas vocês sempre conseguiram
reverter a situação, então tive que tomar medidas mais
drásticas, só não esperava que aquele idiota ia se deixar
ser pego tão facilmente.

— Você é doente. Essa é a única explicação para tudo


isso que você fez.

Tento me aproximar, mas mais uma vez sou impedido,


porém dessa vez por meu amigo.

— Você não deveria ter mexido com a minha mulher, eu


vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para você e
aquele estuprador apodrecerem na cadeia — falo, dou as
costas para todos e saio andando, preciso sair daqui o mais
rápido possível.
Após dirigir por mais de uma hora pelas ruas de
Curitiba para tentar assimilar tudo que ouvi de Helena,
decido voltar para o hospital e conversar com Ceci.

Olho no relógio do meu pulso e vejo que já são quase 7


da manhã, Ceci ainda deve estar dormindo, pois o médico
disse que ela iria ficar oscilando entre dormir e ficar
acordada, por causa do remédio colocado na bebida, por
pelo menos 24 horas.

Mesmo sabendo que ela não vai a lugar nenhum,


acelero meus passos e só paro quando já estou dentro do
seu quarto. Olho para Cecília deitada na cama do hospital e
meu coração aperta, queria poder levá-la para casa agora
mesmo e fazê-la esquecer desse dia tão fodido. Em
silêncio, me aproximo da cama, me abaixo e beijo sua
testa, mas assim que me afasto ela abre os olhos.

— Achei que tinha sido abandonada um dia antes do


casamento? — Cecília diz, mas sorri, mostrando que é só
uma brincadeira.
— Nunca. Só se eu fosse abduzido por alienígenas,
mas mesmo assim eu tentaria convencê-los a me casar com
a mulher mais maravilhosa que existe antes de me levarem.

Ela solta uma gargalhada. Encosto minha testa na sua


e fico assim por alguns segundos.

— Agora, falando sério, amor, por que demorou tanto?

Antes de responder, beijo seus lábios, pois estava


morrendo de saudade de sentir o seu sabor, mas nos
separamos quando dona Antônia abre a porta do banheiro e
entra no quarto. Ceci esconde o rosto no meu peito. Mesmo
após tanto tempo juntos, ela ainda tem vergonha quando a
mãe nos vê em um beijo mais quente. Beijo o topo da sua
cabeça.

— Conseguimos pegar a pessoa que mandou colocar


droga na sua bebida.

Cecília me puxa para sentar ao seu lado, enquanto


dona Antônia fica em pé a nossa frente esperando eu
relatar o nome da pessoa, então começo a contar tudo o
que aconteceu.

— Aquela cara de sonsa nunca me enganou, eu não


gostava daquela mulher — dona Antônia diz, revoltada.
— E a senhora estava certa, mamãe, eu não esperava
isso da Helena, ela sempre me pareceu ser tão amiga —
Cecília comenta, limpando as lágrimas dos olhos.

— Mas agora acabou, e eles vão pagar na justiça pelo


que fizerem a você.

Seguro em suas mãos.

— E nós precisamos esquecer que essa mulher passou


pelas nossas vidas e seguir em frente, pois em pouco mais
de 24 horas você será oficialmente a minha mulher, a Sra.
Bernardi.

Ficamos conversando por mais um tempo, até que o


mesmo médico que atendeu Cecília entra no quarto.

— Bom dia, Cecília, como está?

— Ainda estou um pouco sonolenta, mas estou bem.

— Fico feliz que esteja bem. Mas em relação à


sonolência é normal, a quantidade de sonífero que estava
no seu organismo não era baixa, e mesmo fazendo a
lavagem gástrica, sempre fica resquícios.

O Dr. Ferreira nos informa que lhe dará alta, mas que
Ceci terá que continuar o repouso em casa.

— Doutor, amanhã é o meu casamento, vou precisar


cancelar?
O médico nos direciona um sorriso simpático.

— Não precisam cancelar, mas também não abusem


muito. Descanse bastante hoje e amanhã você estará
muitíssimo bem para esse dia tão importante.

Agradecemos, ele se despede e sai do quarto.

— Nem se ele mandasse eu cancelaria o nosso


casamento, eu levaria o juiz e o padre até a nossa casa e a
cerimônia seria com você deitada em nossa cama.

Cecília começa a rir, então a abraço e beijo de leve


seus lábios.

Olho pela janela do quarto, encantada por ver o jardim


todo iluminado com as cores que escolhemos para a
decoração. Tenho certeza de que não teria lugar mais
bonito para nosso casamento, o castelo de Itaipava é
magnífico.

Volto para frente do espelho e novamente fico


emocionada ao ver meu reflexo. Meu vestido de noiva é um
estilo princesa, ombro a ombro, todo trabalhado na renda e
no tule, a saia é um pouco armada e na cauda tem
aplicações de pedrarias, ele é perfeito. Abano uma lágrima
que escorre e agradeço por minha maquiagem ser a prova
d'água.

— Você está tão linda, minha filha. Eu tenho tanto


orgulho da mulher que você se tomou.

Ainda olhando pelo espelho, percebo minha mãe toda


emocionada, então me viro para ela e a abraço.

— E eu tenho que agradecer por tudo que a senhora


fez para eu ser a mulher que sou agora.

A solto e beijo suas mãos.

— Está pronta para me levar até o meu futuro marido?

No momento em que Davi me pediu em casamento eu


tive duas certezas, a primeira era que eu diria sim para seu
pedido, e a segunda era que seria minha mãe a me levar
até o altar.

Dona Antônia assente, me ajuda com a cauda do meu


vestido e saímos do meu quarto para irmos até o local onde
será a cerimônia e a festa.
Ainda do lado de fora do castelo, não tenho muito
tempo para admirar a beleza do lugar, pois logo as portas
são abertas e a marcha nupcial começa a tocar. Meu
coração parece que vai sair pela boca, mas então eu olho
para o altar e vejo o homem da minha vida com o sorriso
mais lindo do mundo me esperando.

— Pronta?

Minha mãe me pergunta, balanço a cabeça,


concordando, e começo a andar em direção ao meu feliz
para sempre.

Dou meus primeiros passos, sempre olhando para ele,


e assim que alcanço a primeira fileira dos bancos onde
nossos convidados estão, a música muda e a banda
começa a tocar e a cantar a música I won’t Give Up- do
Jason Mraz, não tem como me segurar, começo a sorrir e
chorar ao mesmo tempo. Davi me disse que queria escolher
a música que tocaria quando eu estivesse indo ao seu
encontro, ele sempre cantava alguns refrões dessa música
no meu ouvido, mas eu não achei que seria ela.

I Won't Give Up

Eu Não Vou Desistir

When I look into your eyes

Quando olho em seus olhos

It's like watching the night sky


É como observar o céu à noite

Or a beautiful sunrise

Ou um belo nascer do Sol

Well, there's so much they hold

Bem, há tanta coisa que eles carregam

Cada passo que dou em sua direção meu coração se


enche ainda mais de amor.

And just like them old stars

E assim como as estrelas antigas

I see that you've come so far

Eu vejo que você chegou tão longe

To be right where you are

Para estar exatamente onde você está

How old is your soul?

Qual é a idade da sua alma?

Assim que ficamos frente a frente, minha mãe entrega


minha mão e pede para que ele cuide muito bem de mim.

— Com a minha própria vida, se for preciso — ele


responde, beija a bochecha da minha mãe, então se vira
para mim, beija a minha testa e sussurra o último refrão da
música no meu ouvido, como ele fez várias vezes.

I'm giving you all my love

Estou te dando todo meu amor

I'm still looking up

Ainda estou melhorando

Nossa bolha é estourada com um leve arranhar de


garganta, então olhamos sem graça para o padre e
balbuciamos um desculpe.

Após esboçar um pequeno sorriso nos lábios, o padre


começa a cerimônia.

— Podemos começar?

Balançamos a cabeça, concordando.

— Hoje, é com muita alegria que estou aqui para


celebrar a união desse casal lindo, Cecília e Davi.

Após algumas palavras e a troca de alianças, o padre


diz que é hora dos votos, então entrega o microfone para
Davi.

— Ceci, agradeço todos os dias a Deus e ao destino


pelo nosso encontro. Você era a parte que me faltava e que
agora me completa por inteiro. Prometo amar você de todo
o meu coração e de todas as formas possíveis e
imagináveis. Obrigada por ser o meu porto seguro, o meu
ponto de refúgio, e por ser essa mulher tão incrível.
Prometo estar sempre ao seu lado, nas horas boas e ruins,
também prometo dizer todos os dias o quanto eu te amo,
meu amor.

Quando ele termina de falar estou em lágrimas.


Respiro fundo e tento me controlar, pois agora é a minha
vez de citar os votos.

— Amor, você é simplesmente a melhor coisa que


aconteceu na minha vida e a melhor pessoa do mundo.

Está sempre ao meu lado, me encoraja a correr atrás


dos meus sonhos e vibra com a realização deles.

Davi pega um lenço no bolso e seca delicadamente as


lágrimas que não param de descer.

— A minha felicidade é inegável quando estou ao seu


lado, e sei que é recíproco. Hoje celebramos o amor, a
alegria e a união de estarmos juntos, e em meio a tantas
tempestades, nós permanecemos aqui. Obrigada por tudo e
por tanto. Te amo demais, daqui até a eternidade!

Quando termino de recitar meus votos, o padre avisa


que Davi pode me beijar, e assim ele faz, e só nos
separamos quando ouvimos nossos convidados nos
aplaudindo.
— Cecília e Davi, desejo toda a felicidade do mundo!
Que de hoje em diante saibam sempre caminhar lado a
lado, que possam construir o lar e a família que juntos
sonham, eu vos declaro marido e mulher.

E mais uma vez somos ovacionados por nossos


convidados.

Assim que chegamos ao salão onde acontece a


recepção, meu coração transborda de emoção ao ver duas
árvores gigantescas bem na entrada com várias maçãs do
amor penduradas, eu não sabia que as teria como
decoração. Olho para meu marido e ele dá de ombros,
como se isso respondesse todos os meus questionamentos.

— As maçãs do amor não poderiam faltar na decoração


da nossa festa. Não foi através delas que te conheci, mas
foi por causa delas que nos reencontramos.

Concordo com o que ele diz, então o abraço e lhe dou


um beijo.

— Sr. Bernardi, obrigada pelas surpresas, amei a


música e agora isso. Te amo.

— Eu te amo mais, Sra. Bernardi.


A festa está muito linda, todos nossos amigos
presentes, olho em volta e vejo Davi conversando com
Diogo, e do outro lado do salão está Penélope os olhando,
e vejo a tristeza em seu olhar, sei que algo aconteceu entre
eles, um dia vou querer saber.

— Sra. Bernardi… — A cerimonialista, Bruna, se


aproxima. — Está na hora da valsa dos noivos.

Assinto, e digo que vou buscar meu marido. Saio em


direção onde Davi está, e assim que me aproximo ele me
abraça pela cintura e sorri.

— Amor, está na hora da nossa dança.

Davi se despede de Diogo e estende a mão para que


eu segure e me guia até o centro da pista.

Assim que ficamos um de frente para o outro, a música


You and Me, do James Tw, começa a tocar.

Davi segura em minha cintura e me conduz durante a


dança.

No one could fall for you quite like me

Ninguém poderia se apaixonar por você como eu


No one could get me so perfectly

Ninguém poderia me prender tão perfeitamente

You don't even realise (Oh-oh-oh)

Você nem percebe

You're all that I need

Você é tudo que eu preciso

'Cause I want you and me, you and me

Porque eu quero você e eu, você e eu

Ficamos olhando um para o outro e é como se só


estivesse nós dois aqui, Davi e eu nos movimentamos ao
som da música.

I know one day we'll look back

Eu sei que um dia nós olharemos para trás

Stories on the tip of our tongues

E as histórias estarão na ponta das nossas línguas


A library full of pages

Uma biblioteca cheia de páginas

Remembering when we fell in love

Lembrando de quando nos apaixonamos

All of the broken hearts and the stupid mistakes

Todos os corações partidos e os erros estúpidos

Have got us to where we are, it was worth all the pain

Nos levou para onde estamos, valeu a pena toda a dor

Yeah, we'll look back

Sim, vamos olhar para trás


We'll look back and laugh

Nós vamos olhar para trás e rir

As long as I got you and me

Contanto que eu tenha você e eu

Ele aperta de leve minha cintura e me puxa, colando


mais nos corpos, e nos beijamos, assim que nossos lábios
se desgrudam ele me faz uma proposta.

— Que tal sairmos de fininho e ir para nosso quarto?


Quero ficar sozinho com minha mulher, estou louco para te
despir desse vestido e poder saborear seu corpo.

Olho para Davi e vejo desejo em seus olhos, e sem


pensar aceito.

Assim que outros casais entram na pista para dançar,


Davi e eu aproveitamos e saímos disfarçadamente.

Subimos para o quarto, que foi reservado para


passarmos esta noite, pois amanhã viajaremos para Paris.
— Enfim, sós.

Ele me puxa e me beija, só nos separamos quando


falta ar.

— Eu já te considerava minha mulher, mas agora,


olhando para essas alianças nos nossos dedos, símbolo do
nosso casamento, não preciso só reconsiderar, você agora
é oficialmente minha mulher, assim como eu sou seu
homem.

Davi encosta a testa na minha.

— Agora somos um só, eu te amo, Sr. Bernardi.


6 anos depois...

— Humm.... Que delícia, amor.

— Delícia é essa sua boceta, goza na minha boca, meu


amor.

Continuo a chupar, passo minha língua por toda sua


extensão e Cecília se contorce, segurando em meus
cabelos, não demora muito e ela goza, me alimentando com
seu mel.

Subo até sua boca e a beijo.


— Se existe uma maneira melhor de acordar para
começar o dia, eu não conheço.

Cecília diz e sorri. Olhar para esse sorriso todos os


dias pela manhã deixa meu coração aquecido, em todos
esses anos juntos eu agradeço a Deus por ter colocado ela
em meu caminho.

— Agora é a minha vez de te chupar, mas não vou usar


a minha boca.

Ceci pisca, se levanta e vem para cima de mim, segura


em meu pau com uma das mãos e coloca na direção da sua
boceta, então senta, deslizando bem devagar.

— Caralho, Cecília! Isso, rebola essa boceta no meu


pau e faz ela me mamar do jeito que só você sabe fazer,
gostosa.

Seguro em seus seios e trago um mamilo para minha


boca, chupo e dou pequenas mordidas, como descobri que
ela gosta. Gemo com o seio ainda em minha boca, quando
ela sobe rebolando e me apertando com os músculos
internos da sua boceta.

— Porra, faz de novo, amor.

E ela faz mais umas duas vezes.

Quando Ceci sente que vai gozar, ela aumenta a


velocidade das suas subidas e descidas, para auxiliá-la,
seguro em sua bunda e, assim que meus dedos encontram
o caminho até o cuzinho aberto, sorrio para ela, que
entende o que vou fazer. Trago o meu dedo indicador até
seus lábios e peço para que ela o lubrifique com a sua
saliva, Cecília chupa meu dedo como se estivesse
chupando meu pau, meu corpo inteiro parece que vai
queimar ao vê-la tão entregue, tiro o dedo da sua boca e
após circular pelo seu orifício o penetro.

Minha mulher adora quando eu toco ou preencho o seu


cuzinho com meu pau, ou apenas com meus dedos.

— Ahhhhh! Davi, eu não vou aguentar mais.

Completamente excitada, Ceci rebola em meu pau e


dedo ao mesmo tempo que esfrega o seu clitóris inchado na
base do meu pau.

— Daviiii.

Ela goza, gemendo e me apertando com a sua boceta e


seu cuzinho, então me seguro para não gozar junto.

Assim que os espasmos do seu corpo se acalmam,


beijo sua boca e saio de dentro dela.

— Amor, agora é minha vez de gozar, mas quero fazer


isso tendo essa bunda gostosa empinada para mim, fica de
quatro, quero ver seu cuzinho piscando enquanto enterro
meu pau nessa sua boceta.

Mesmo estando com o corpo trêmulo, por causa do


orgasmo recente, ela fica como eu peço, não resisto ao vê-
la toda exposta para mim e passo minha língua por toda
sua extensão antes de penetrá-la.

— Vem, Davi, me fode do jeito que você quer.

Sem demora, meto com força, e ela geme.

Seguro em seus cabelos e trago seu rosto para perto


do meu, beijo sua boca enquanto enfio em um vaivém
intenso, levo uma mão até o meio das suas pernas e
começo a estimular o seu clitóris, que já está bem sensível.
Cecília começa a gemer e a sugar a minha língua, então sei
que ela está perto de gozar novamente.

— Goza no pau do seu macho, minha putinha gostosa


e safada. Quem te olha na rua não imagina a puta que você
é aqui dentro do nosso quarto, e eu amo isso.

Geme de novo.

— Vou gozar, Davi.

— Goza que dessa vez eu vou com você.

Sinto sua boceta me apertando e sei que Ceci esta


gozando, dou mais duas estocadas e também gozo, a
enchendo com minha porra.
Depois de uma manhã gostosa acordando entre as
pernas da minha mulher, termino de me arrumar, pois hoje
Cecília combinou com meus pais e sua mãe de fazer um
piquenique no jardim Botânico.

Nesses 6 anos, nossa vida mudou muito, Cecília me


presenteou com dois anjos, nossos filhos são nossa alegria.
No dia em que estávamos comemorando nosso primeiro
mês de casados, Cecília passou muito mal e com isso nós
descobrirmos que ela estava grávida de 3 semanas.
Quando nosso menino nasceu, em um parto normal, achei
que não poderia ser mais feliz, porém, dois anos depois,
veio a nossa princesa, nunca imaginei sentir um amor tão
grande como o que sinto pela minha família.

Minha mulher se tornou uma grande empresária e a


Amor no Palito hoje tem várias filiais espalhadas por todo o
país. Após se dá conta de que é uma grande
empreendedora, Ceci trocou a tão sonhada faculdade de
psicologia pela administração, ela concluiu o curso sendo a
primeira da sala e a oradora da sua turma.

— Papai, Papai.

Saio dos meus devaneios com a voz da minha


princesinha e me agacho para recebê-la em meus braços.
Isis é a cópia fiel da mãe, ela é a criança mais meiga que
eu já conheci, e com apenas 3 anos já me tem em suas
mãos.
— O que foi, meu amor?

— O Gael falou que debaixo da minha cama tem um


monstro.

Gael vai completar 5 anos e, assim como a sua irmã,


também é a cópia da mãe, mas esse puxou a minha
personalidade e adora pregar peças na pequena.

— Meu amor, não existe monstro, e se um dia aparecer


o papai vira um super-herói e vai arrancar ele lá de baixo
da sua cama ou de qualquer outro lugar que ele tentar se
esconder.

— Igual ao Homem de Ferro?

— Sim, o papai vai ser, o Papai de Ferro, o que você


acha?

Isis balança a cabeça, concordando, e rindo da minha


sugestão.

— Então, Papai de Ferro, já está pronto? Daqui a


pouco nossos pais vão estar lá embaixo.

Olho para a porta no exato momento em que Cecília


entra no nosso quarto com Gael ao seu lado.

— Vem aqui, campeão — chamo, e Gael se aproxima,


então me sento na cama e coloco os dois sentados nas
minhas pernas.
— Filho, pede desculpas para sua irmã e fala para ela
que você só estava brincando e que monstros não existem.

Gael abaixa a cabeça.

— Desculpa, Isis, monstros não existem.

Peço para que ele olhe para mim.

— O papai não está brigando com você, tudo bem? Só


não quero que sua irmã sinta medo de dormir no quarto
dela.

Beijo a cabecinha dos dois, os coloco no chão e vou


até minha mulher.

— Agora estou pronto para irmos. O Papai de Ferro


teve que resolver um embate entre os irmãos.

Cecília balança a cabeça, rindo, beijo sua boca, mas


logo somos interrompidos pelos risos dos nossos pequenos.

— Vamos passear? — pergunto, e eles gritam todos


eufóricos.

Enquanto Isis e Gael brincam com os avós correndo


atrás das bolinhas de sabão, Ceci e eu estendemos uma
manta no chão e espalhamos as guloseimas que trouxemos
para o nosso piquenique, assim que terminamos, me sento
e trago minha esposa para o meio das minhas pernas e
abraço por trás, ficamos olhando a felicidade que nossos
pequenos trouxeram para nossa família, até o Sr. Edmundo,
namorado da minha sogra, é apaixonado pelos netos
postiços. Depois de muitos anos sozinha, dona Antônia
encontrou um novo amor, fiquei muito feliz por ela, pois eu
sei o que é viver sozinho com a dor da perda da pessoa
amada.

— Posso saber o que tanto meu marido pensa?

Saio dos meus devaneios com a voz de Ceci, que está


me olhando por cima do ombro.

— Estou pensando e agradecendo a Deus por ter me


presenteado com a nossa família, pois tenho uma mulher
maravilhosa, filhos lindos, pais amorosos e sogra que é
como uma mãe para mim.

Ela se vira para mim e faz um carinho em meu rosto.

— Eu também agradeço a Deus diariamente, pois sou a


mulher mais feliz desse mundo, Davi.

Dou um selinho em sua boca, então Cecília volta a


falar.

— Amor, será que na nossa felicidade há espaço para


mais uma pessoa?
Acompanho a mão da Cecília no exato momento em
que ela coloca sobre a barriga.

— Vamos ter mais um filho?

Ela sorri e assente, então a trago para meu colo.

— Sempre, amor. Depois que você entrou na minha


vida eu passei a sonhar com a casa cheia.

Limpo uma lágrima que escorre dos seus olhos.

— Eu também, meu amor. Mas creio que depois desse


paramos por aqui.

Dou uma risada.

— Só se eu operar, ou você, pois do jeito que você é


fértil, se deixar vamos engravidar mais uma dez vezes.

Agora é a vez da Ceci dar risada.

— Vamos conversar sobre isso depois, pois agora tudo


que eu mais quero é curtir esse novo desafio ao seu lado,
Papai de Ferro.

— Eu também, mamãe maravilhosa. Sempre vou


aceitar viver todos os desafios ao seu lado.

Seguro em sua nuca e a trago para perto e beijo, assim


que invado sua boca com minha língua somos
interrompidos pelos nossos filhos.
— Papai...Mamãe

Isis e Gael praticamente se jogam em cima da gente,


olho para os três seres mais especiais da minha vida,
acaricio a barriga da minha mulher e sorrio, pois constato
que é assim que quero viver para o resto da minha vida,
cercado do sorriso deles.

— Amo vocês.

Fim
Estamos aqui em mais um lançamento em parceria com
a Thalita, mais um livro escrito com muito carinho, para
vocês!

Nós queremos agradecer primeiramente a Deus por


estar sempre ao nosso lado, que nunca nos deixa
desanimar, pois em vários momentos isso já aconteceu,
porém temos pessoas maravilhosas ao nosso lado, que
estão sempre nos animando, dando apoio e escrever se
tornou algo muito importante para todas nós.

Quero agradecer imensamente a minhas amigas e aos


leitores que estão sempre ao nosso lado, nos incentivando,
apoiando, vocês são muito importantes, pois sem vocês,
nós não estaríamos aqui, estamos em constante evolução e
são vocês que nos faz melhor cada vez mais.

Muito obrigada, por tudo, somos muito gratas. ❤

Muito obrigada a Miah, Grazi, Ana Paula da página


@Amorporlivrosindicacao, Aline da @paginasporline e Erica
da @cadapaginaumamor por estarem ao nosso lado
também.

É muito importante ter pessoas que nos compreende e


nos apoiam por trás de cada lançamento.

Somos muito gratas por todo carinho e recadinhos.

Enfim, muito obrigada a todos!

Até as próximas páginas.

Beijos, Antonella Portilla e Thalita Martinez.


UM BEBÊ E UM CEO DE PRESENTE

Sinopse:

Barbara Diaz é uma jovem de 24 anos que sonha


passar em um concurso público. Entre muito estudo e
trabalho intenso, ela decide ter um aniversário diferente e
se presenteia com uma viagem para passar o carnaval em
Salvador.

Porém, em plena folia, acaba esbarrando em um


verdadeiro deus grego de tirar o fôlego e cheio de segundas
intenções.

Augusto Motta é um CEO que vive focado no trabalho,


contudo acaba cedendo a um pedido da sua irmã mais nova
e embarca em uma viagem para curtir o carnaval. Ele só
não contava que em meio a tantas pessoas, uma mulher
linda monopolizaria o seu olhar.

A atração fala mais alto quando se conhecem e uma


proposta é feita.

Mas a noite que deveria ser casual gera um vínculo


para toda a vida.

Como eles vão lidar com essa novidade?


Uma Segunda Chance para o Amor.

Sinopse:

Vivian, uma jovem de 24 anos, cheia de sonhos e


expectativas para o futuro, e Cassius, um grande advogado
de sucesso, dono de uma das maiores empresas de
advocacia de Curitiba, assim que se conheceram sentiram
na pele o poder de uma grande atração.
Com o passar do tempo eles sabiam que nasceram um
para o outro, os momentos de amor e prazer já tinham se
tornado inesquecíveis.

Contudo, foram surpreendidos por uma notícia que


abalou o relacionamento e que infelizmente poderá os
afastar para sempre.

Entretanto, o destino mais uma vez acaba lhes dando


uma nova chance.

Uma gravidez não planejada os une em meio ao caos.

Será que o amor deles será forte o suficiente para


enfrentar todos os problemas e seguir com os seus sonhos
de constituir uma família?
O Delegado e a Patricinha.

Sinopse:

Anna é uma garota milionária de 22 anos cheia de


sonhos e por ela viver uma situação financeira privilegiada,
acaba atraindo a atenção de pessoas erradas o que
resultou em um sequestro.

Por consequência desse susto, após experimentar a


sensação de quase morte, decide realizar os seus sonhos.
Uma das suas prioridades é se tornar uma famosa
estilista e por consequência, deixar de ser dependente do
seu irmão, um CEO dono de um grande império.

Para isso ela precisa crescer profissionalmente, mas


nesse meio tempo acaba conhecendo Douglas, o delegado
que literalmente salvou a sua vida.

Ele sempre foi um homem que batalhou pelo o que


quer, e jamais se imaginou apaixonado por uma mulher
completamente diferente dele, mas não está conseguindo
resistir ao poder da patricinha.

E agora, será que Anna vai conseguir realizar os seus


sonhos e ao mesmo tempo viver um grande amor?

E Douglas, conseguirá resistir a patricinha ou se


entregará a essa grande paixão?

O que o destino reserva para os dois?


Um CEO em meu destino: Tudo começou em Vegas

Sinopse

Camila Smith é uma jovem cheia de sonhos que acaba


de ter o seu coração partido. Após anos de relacionamento,
ela descobre que foi trocada por outra.

Para tentar se recuperar de tal trauma, decide viajar


para Las Vegas em busca de uma diversão.
Então, em uma manhã, de maneira despretensiosa
quando erra uma porta e adentra um almoxarifado acaba
conhecendo Scott.

Para ela, ele é um funcionário do hotel, porém, o Sr.


Mackenzie na verdade é o CEO e dono da rede de hotéis no
qual ela está hospedada.

Carregando traumas do passado, Scott gosta de ser


tratado como alguém comum e se interessa pela moça a
sua frente.

E agora? Será que ele vai investir e por isso tentará


conhecê-la melhor mesmo guardando esse segredo?

E, o que aguarda para eles em Vegas?


Os Herdeiros do CEO

Sinopse:

Um CEO apaixonado vê a sua vida desmoronar quando


recebe algumas fotos que retratam uma traição e o seu
mundo acaba.

Sem ao menos ouvir a mulher que sempre amou, a


expulsa da sua vida. Ele só não poderia imaginar, que um
fruto deste relacionamento já existia.

Como o Carlos Eduardo vai reagir quando descobrir


que é pai?

Será que as fotos são reais?

Uma jovem sonhadora, estudante de administração e


assistente do CEO de uma Indústria Farmacêutica.

Ela está vivendo um amor proibido ao lado do seu


chefe.

Até que em um dia recebe uma notícia maravilhosa e


vai contar para o seu amor.

Porém, todo o sonho se transforma em uma desilusão.

O que Maria Fernanda vai fazer agora?


Uma Babá virgem de presente para o CEO

Sinopse:

Pedro é o CEO de uma das empresas de arquitetura


mais importantes do país, e achava que tinha uma vida
feliz, porém do dia para a noite tudo isso acaba, pois, sua
esposa sofre um grave acidente, que resume em sua morte.

Entretanto, através desse acidente ele descobre um


grande segredo, que destrói seu coração. Então, promete
para si mesmo que nunca mais vai entregar seu coração a
alguém, e viverá apenas para seus filhos.

Em uma noite, a babá de seus filhos precisa se afastar,


ele então decide contratar uma outra pessoa para ajudar a
cuidar de seus filhos.

Clara Fernandes, uma jovem estudante de arquitetura,


descobre que seus pais não podem mais arcar com os
custos de sua faculdade. Então, decide arrumar um
emprego para se sustentar.

Ela é contratada por Pedro para cuidar de seus filhos,


mas o primeiro contato já faz com que eles se sintam
atraídos um pelo outro.

Eles vão fazer de tudo para evitar essa atração.

Será que Pedro vai resistir a essa tentação?

E Clara, vai conseguir evitar seu novo patrão?

[1]
Protagonista do livro O delegado e a Patricinha, para ler, basta clicar aqui.
[2]
Protagonista do livro O delegado e a Patricinha, para ler, basta clicar aqui.

Você também pode gostar