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Vírus mortal
Caos na Ásia
Altamente contagioso
Mortal
Quarentena
Isolamento
— Quando cheguei no parque tudo estava fechado, conversei
com algumas pessoas e pelo que parece os aeroportos estão
cancelando os voos. — Depois de alguns minutos de nós dois no
mais absoluto silêncio apenas ouvindo a notícia no telejornal,
Olímpia fala que precisamos fazer alguma coisa e eu corro para
pegar o meu celular e ligar para o aeroporto.
Horas, ficamos por horas no telefone falando com as mais
diversas pessoas. Todos os voos para o Brasil foram cancelados,
tentamos alugar um jatinho particular, mas nenhum lugar estava
fazendo o serviço por recomendação do governo e das agências de
saúde, além disso corríamos o risco de sermos impedidos de
pousar no Brasil.
— O que vamos fazer agora? – Olímpia me pergunta, mas eu
não tenho nenhuma resposta boa o bastante para dar a ela. — É
um péssimo momento para contar, mas eu sou um pouco
hipocondríaca e acho que estou tendo uma crise de pânico.
Ela começa a respirar com dificuldade, suas mãos vão parar
nos joelhos quando ela dobra o corpo para frente e parece que está
prestes a desmaiar, corro para ela e a ajudo sentar em uma das
cadeiras da cozinha.
— Calma respira fundo — falo passando as mãos em suas
costas em movimentos circulares. — Vamos ficar bem Olímpia.
Tento me lembrar o que eu sei sobre crises de pânico, mas
pouca coisa me vem à mente, então faço o que eu fiz no avião
quando ela estava com medo da turbulência e seguro a mão dela
com força trago seu corpo para junto do meu e a abraço falando
palavras de incentivo. É bom sentir o calor dela, o cheiro gostoso
dos seus cabelos e o aperto macio de suas mãos, ficar tão próximo
a Olímpia tem efeitos devastadores sobre meus sentimentos.
Demora alguns minutos, mas aos poucos ela volta a respirar
com calma, eu ofereço um copo de água com açúcar e enquanto
ela vai bebendo eu pego meu celular e entro na internet, as notícias
não são nada animadoras e há também muita especulação e
pânico das pessoas nas redes sociais.
— É uma quarentena — falo baixo e Olímpia vem para o meu
lado – estão recomendando que as pessoas fiquem no que chama
de isolamento social por no mínimo quarenta dias.
— Nós não podemos passar por isso presos em outro país,
vamos para a embaixada eles vão nos levar para casa, eu tenho
que ir para casa — ela fala com evidente pavor na voz.
— Não daria certo, para começar a embaixada fica em
Washington, a distância aproximada daqui para lá é de umas 855
milhas — falo olhando as informações no meu celular — ia demorar
aproximadamente umas 14 horas de carro até lá.
— Mas seria melhor do que ficarmos aqui sem fazer nada,
olha eu tenho uma irmã em casa e ela precisa de mim, temos que
sair daqui.
— Ei respira Olímpia, você é uma das pessoas mais centradas
que eu conheço, se você pirar eu vou pirar. Aqui tem o telefone da
embaixada, se eles puderem fazer algo por nós, daí sim nós
pegamos o carro e vamos.
— Certo me parece muito com um plano, vamos lá.
Começo a ligar para a embaixada, mas o telefone dá ocupado
todas as vezes, porém eu não desisto e ela também tenta
arduamente, ficamos nisso por quase uma hora e só então
conseguimos falar com alguém, mas o banho de água fria vem logo
depois. Alina, a mulher que nos atende, informa que por enquanto
não há nada que possam fazer, a recomendação é que todos
fiquem onde estão e já que nós estamos em uma propriedade
nossa e melhor que continuemos aqui, pois as primeiras pessoas
que serão evacuadas são as que estão em hotéis ou em situação
de risco e vulnerabilidade, mas isso só vai acontecer quando os
governos de ambos os países liberarem mais informações.
Colocamos nosso nome em uma lista com nosso endereço e
telefones, pois é tudo que podemos fazer no momento.
— O que vamos fazer agora Miguel? — ela pergunta mais
uma vez e vejo que está prestes a chorar, então eu procuro uma
maneira de acalmá-la.
— Eu não sei, mas pelo visto estamos presos aqui. Mas olha
por esse lado, estamos em segurança, temos uma casa, não
estamos em hotel. Nós podemos ficar aqui por quarenta dias e
quando isso passar, voltamos com segurança para o Brasil. Não
adianta nada nos arriscamos agora, vai ser como férias forçadas.
— Você está certo, quarenta dias não é tanto tempo e aí
podemos voltar em segurança para o Brasil e vai ficar tudo bem,
não é verdade? Um vírus não pode durar muito mais que isso.
— Exatamente — respondo mesmo que algo dentro de mim
diga que não vai ser tão fácil.
CAPÍTULO 8
Já são quase dez da manhã e até agora ele não voltou, já fiz
tudo que eu tinha para fazer nessa casa, já fiz chamada de vídeo
para a minha irmã no Brasil e até conversei um pouco com o
Thiago. Agora estou aqui que nem uma barata tonta andando de
um lado para outro esperando-o chegar e com mil cenários
horríveis se formando na minha cabeça, nem a televisão ou a
internet foram capazes de me distrair. Quando o barulho do carro
indica que ele chegou me sinto aliviada finalmente, mas ansiosa
também, corro para a porta da frente com uma máscara em meu
rosto e um saco de lixo nas mãos além de estar munida de álcool
em gel e luvas descartáveis.
— Parado aí Miguel — grito com ele que ri um pouco do modo
como estou me portando.
— O que é tudo isso? — pergunta me encarando.
— Eu vi isso na internet, se chama estação de limpeza,
coloque as compras no chão que vou cuidar delas depois, agora tira
a roupa — ordeno e ele sorri malicioso estreitando os olhos em
minha direção.
— Opa! Como assim não vai nem me pagar uma bebida
antes? — Brinca levando as coisas para outro nível e eu reviro os
olhos.
— Engraçadinho chefe, vi na internet que esse vírus pode ficar
dias na roupa então as suas vão direto para a lavanderia
— Mas estamos no hall de entrada Olímpia — aponta o óbvio.
— Isso mesmo, assim você não leva nada perigoso para
dentro de casa
Ele bufa meio contrariado, mas acaba fazendo o que pedi,
joga as várias sacolas de compras no chão e se inclina para tirar os
tênis depois as meias eu estendo o saco de lixo na direção dele que
joga tudo dentro, depois é a vez da jaqueta e logo em seguida a
camiseta e quando chega a vez da calça jeans eu uso toda a minha
concentração para manter meus olhos voltados para baixo
encarando meus pés dentro da pantufa peluda que é uma cópia do
Sully de Monstros S.A.
— Está satisfeita agora? — me pergunta e balanço a cabeça
negando – Está um gelo aqui, o que mais falta quer que eu tire a
cueca também?
— O que? — grito surpresa e acabo levantando a cabeça para
encara-lo que sorri de maneira sacana e então percebo que ele
está brincando com a minha cara, por um segundo meu olhar vacila
encarando o deus grego despido a minha frente e quando eu olho
de volta para o seu rosto posso ver que o sorriso dele se ampliou e
a vergonha toma conta de mim. – Vo..você tem que... é passar o
álcool em gel nas mãos. — Gaguejo, sentindo minhas bochechas
esquentarem.
— Não sabia que você era gaga — ele debocha.
— Quem é você e o que fez com o meu chefe? Não me
lembro do senhor Miguel ser assim tão cheio de gracinhas — falo
meio brava usando isso para manter o meu controle, mas ele só faz
sorrir mais ainda.
— O que eu posso dizer se você ainda não conhece todos os
meus lados — diz se aproximando e eu entro em pânico por um
momento, ele para ao meu lado e sem tocar nenhuma parte de seu
corpo em mim, Miguel se inclina e sussurra ao pé do meu ouvido —
mas se você estiver disposta posso te mostrar cada um deles,
Olímpia.
Droga, meu nome não deveria sair tão tentador dos lábios
dele, e meu querido Ceo passa por mim e sai me deixando plantada
no hall de entrada. Descarada que sou, dou uma olhadinha para
trás conferindo as costas malhadas que ele tem, além da bunda
durinha. Droga, eu não deveria ser uma mulher tão fraca, mas o
que eu posso fazer se a tentação mora ao lado, ou no nosso caso a
tentação mora bem aqui comigo a um toque de distância. Fico
alguns segundos parada tentando fazer com que o meu corpo volte
ao normal assim como meus pensamentos.
Foi impressão minha ou o senhor Miguel realmente estava
jogando charme para cima de mim? Ai se esse homem soubesse o
poder que tem sobre mim, não faria essas coisas com uma pobre
secretária que está a meses sem transar.
Respiro fundo e me abaixo pegando as sacolas de compras e
levanto até a área de serviço, a primeira coisa que eu faço e jogar
as roupas dele na máquina de lavar depois vou abrindo as várias
sacolas para descobrir que ele me trouxe várias roupas que
olhando assim tem o meu tamanho, a que me chama mais atenção
é uma camisola divertida listrada em vermelho e branco com as
orelhas da Minie no centro. À medida que vou olhando as roupas às
jogo na máquina para que sejam lavadas antes do uso, Miguel
comprou várias coisas para ele também e sinto meu rosto corar
quando acho uma sacola cheia de cuecas, pois me pego
imaginando ele vestindo cada uma delas, agora que o vi sem
roupas vai ser difícil retirar a imagem da minha cabeça.
Quando acho que as roupas terminaram uma sacola pequena
cai aos meus pés quando abro meus olhos se arregalam quando
vejo várias calcinhas dentro dela, tenho vontade de morrer ao
imaginar Miguel Andrade escolhendo lingeries para mim. Pego as
peças uma por uma para inspecionar, são no total seis calcinhas do
mesmo modelo em renda, mas em cores diferentes também tem
três conjuntos com o sutiã que eu levanto na altura dos meus seios
e pelo visto vão servir perfeitamente. O que me leva a pensar:
Como diabos o meu chefe sabe o tamanho do meu sutiã?
CAPÍTULO 13
PELA VITRINE
Renan sempre teve tudo que o dinheiro poderia comprar, mas era
um menino fechado, tímido e introvertido, que se desviou e entrou
em um caminho que o levou a destruição e a uma perda dolorosa. A
dor o mudou fez com que o garoto tímido se abrisse para o mundo,
ele se tornou um cara brincalhão, extrovertido, esperançoso e feliz
que aprendeu a dar valor até nas mínimas coisas da vida.
NOSSO RITMO