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ÍNDICE

Sinopse
Capítulo um – Michael Jones
Capítulo dois – Michael Jones
Capítulo três – Hillary Williams
Capítulo quatro – Hillary Williams
Capítulo cinco – Michael Jones
Capítulo seis – Michael Jones
Capítulo sete – Hillary Williams
Capítulo oito – Hillary Williams
Capítulo nove – Michael Jones
Capítulo dez – Michael Jones
Capítulo onze – Hillary Williams
Capítulo doze – Hillary Williams
Capítulo treze – Michael Jones
Capítulo catorze – Michael Jones
Capítulo quinze – Hillary Williams
Capítulo dezesseis – Hillary Williams
Capítulo dezessete – Hillary Williams
Capítulo dezoito – Hillary Williams
Capítulo dezenove – Hillary Williams
Capítulo vinte – Hillary Williams
Epílogo – Hillary Williams
Nos braços dos cowboys
Grávida do jogador
Minha protegida
O CEO viúvo e a sugar baby virgem
Uma virgem resgatada pelo CEO
Uma virgem comprada pelo CEO
Uma virgem para o mafioso
Um bebê para o mafioso
Sinopse

Michael Jones é um cafajestemilionário que se recusa a levar


a vida a sério. Com trinta e cinco anos e mais dinheiro do que pode
gastar, o bad boy passa os dias na sua boate, cercado de bebida e
mulheres, sem nenhuma responsabilidade. Para o desespero do
seu pai, CEO e dono de metade de Las Vegas, que tenta forçar o
filho a assumir os negócios da família.

Hillary Williams teve seu futuro virado do avesso depois de


cruzar o caminho de Michael. O que era para ter sido apenas uma
noite muda tudo quando a garota engravida de gêmeos. Sozinha no
mundo e sem ninguém para amparar seus bebês, ela não tem
escolha a não ser ir atrás do pai dos seus filhos.O único problema é
que Michael não acredita nela.

Depois de trocas de farpase um acordo perigoso, os dois vão


ser obrigados a dividir o mesmo teto. Enquanto Michael tenta se
livrar da mulher que acredita ser uma golpista, Hillary só quer o
melhor para os seus filhos. No meio de uma confusão que nenhum
dos dois previu, o bad boy cafajeste vai fazer o impossível para
resistir à mulher doce e forte que caiu de paraquedas na sua vida e
aos bebês que vão mudar sua vida.
Capítulo um –Michael Jones

Depois da semana merda que eu tive, tudo que eu preciso é


de um porre e de uma boa foda. Com sorte conheço o lugar perfeito
para resolver os dois problemas de uma vez só: a Matrix, a minha
boate, uma das mais badaladas da cidade e a que tem as mulheres
mais gostosas.
Acelero a moto o máximo que posso pelas ruas de Las Vegas
depois de sair da casa do meu pai, mais puto do que eu estava
quando cheguei. O velho passou a porra da minha vida inteira
tentando me controlar e continua fazendo a mesma coisa.

Eu não preciso trabalhar. O velho não precisa trabalhar. Se


ele quer passar a vida enfiado em um escritório se estressando com
problema dos outros, azar o dele. Eu que não vou viver assim. Mas
enquanto não aceitei me fingir de engomadinho de merda, ele não
sossegou. Tive que prometer que ia cuidar dos negócios e inventar
mais meia dúzia de mentiras para ele me deixar em paz, mas no fim
das contas funcionou. Tudo o que eu precisei fazer foi contratar
algumas pessoas para fazer todo o trabalho para mim e deixar o
velho feliz. É o plano perfeito.
Mas o todo-poderoso William Jones nunca está satisfeito com
nada e agora ele cismou que eu tenho que me casar. Já não basta
querer controlar minha vida, ele quer controlar meu pau também.
Isso nem fodendo. Tudo tem limite.
Estaciono a moto de qualquer jeito na frente da boate e ouço
uns gritos de gente parada na fila reclamando que cheguei muito
perto da calçada. Era só o que me faltava. Jogo a chave para o
valete e pego meu celular.

— Onde você tá, caralho? — pergunto quando meu primo


atende, porque esse puto já devia estar aqui me esperando, mas
vive atrasado. Depois o irresponsável sou eu.
— Que porra você fezdessa vez, Michael? — Chris pergunta.
— O tio está puto pra caralho aqui.

— Ele sempre está puto pra caralho. Não sei como você
aguenta trabalhar pra ele — falo.

Chris é o menino de ouro da família, tudo que meu pai queria


que eu fosse. O melhor aluno da classe, bom moço, advogado da
empresa, o pacote completo. O filho da puta tem sorte que é meu
melhor amigo, senão ia tomar umas porradas também.

— É, mas não desse jeito — Chris fala. —O que aconteceu?

Enfio a mão no bolso e acho o pacote de cigarro. Acendo um


e dou uma tragada.

— Ele quer que eu me case — falo sem nem acreditar nisso.


Rio só de lembrar da ideia estúpida. — Com a filha do sócio dele
ainda por cima, pra aumentar a fortuna da família e sei lá mais o
que. Eu nem sei o que ele quer fazer com tanto dinheiro se só sabe
trabalhar!

Chris dá uma risada alta que só me deixa puto de novo.

— Não tem graça!


— Tem um pouco de graça sim — ele fala ainda rindo. — Ela
é gostosinha.

Reviro os olhos, pensando na garota. Ela é bem sem-


gracinha. Tudo bem que não tenho lá muito critério e não digo não
para uma boceta disponível, mas ela tem uma cara de nojenta
entojada que não sabe nem chupar um pau. Não, obrigado.

— Pode ficar com ela pra você — respondo e termino de


tragar o cigarro. Jogo a bituca no chão e apago com o pé. — Vem
logo pra cá se não quiser ter que pagar pelas suas bebidas —
ameaço e desligo o celular.

Enfio no bolso da jaqueta de couro e ando até a entrada,


passando pela filaquilométrica de gente amontoada esperando para
entrar. Passo o olho por uns grupinhos de garotas bêbadas com
risadas irritantes e percebo que não estou com paciência para elas
hoje. Entro e subo as escadas. O segundo andar com os camarotes
está cheio também, mas menos lotado do que lá embaixo.

Vou direto para o local que deixo sempre reservado para mim.
Se vou ser obrigado a ser responsável por esse lugar, pelo menos
vou aproveitar todas as vantagens.

— Boa noite, senhor Jones. Está tudo pronto para o senhor —


o segurança me cumprimenta, parado em frente ao cordão de
isolamento que deixa a minha área VIP separada do resto.

Ele abre passagem para mim e eu vejo que o lugar já está


cheio das minhas coisas preferidas: mulher gostosa e bebida.

Agora sim minha noite vai começar.


***

Chris demora uma eternidade para aparecer e quando chega


está todo engomadinho.

— Porra nenhuma que você vai ficar na minha boate desse


jeito! — eu grito para ele quando entra na área VIP. — Eu tenho
uma reputação, tira essa merda!
Se nós dois não fôssemostão parecidos, não ia acreditar que
somos da mesma família. Mas a gente se parece, ele tem o mesmo
cabelo preto e olhos castanhos que eu. O que estraga é essa pose
de bom moço.

Meu primo revira os olhos, mas obedece. Ele tira a gravata e


o paletó e coloca em um canto, depois desaba no sofádo meu lado.
— Você está fedendo a cigarro — ele reclama.

— Suas putas não estão reclamando — debocho.

Chris toma o copo de uísque da minha mão e vira a bebida


toda de uma vez só.

— Você só me fode, Jones. Você fica nessa guerra com o tio


e sobra pra mim — ele reclama.
— Até parece que você não gosta — bufo. — Todo mundo
sabe que a única coisa que faz o seu pau subir é essa porra de
trabalho. Você está precisando se desestressar, primo.

Bagunço o cabelo arrumadinho dele e Chris empurra minha


mão, mas está sorrindo.
— Eu estou mesmo — concorda.

Levanto a mão para chamar a garçonete que está com a


garrafa e indico para trazer mais um copo. A coisinha gostosa vem
com um sorriso no rosto e toda disposta a agradar. Eu me arrumo
no sofá onde estou sentado e esparramo os braços no encosto.
Olho a garota de cima a baixo e dou um sorriso de lado, gostando
do que eu vejo. Ela se inclina para encher meu copo e noto bem a
secada que Chris dá nela quando vai o servir, e depois olha para
mim de um jeito que conheço bem.
Sorrio e faço que sim com a cabeça, muito interessado. Faz
tempo que a gente não divide uma mulher e esse é um ótimo jeito
de desestressar.

Enfio a mão no bolso da jaqueta e pego umas notas de cem.

— Deixa a garrafa, meu bem — eu falo para ela e enfio as


notas no decote dela quando se inclina sobre mim para servir outra
dose de uísque. — Pra você comprar alguma coisa bonita mais
tarde.

A safada sorri para mim e morde o lábio.


— Posso ajudar vocês dois em mais alguma coisa, senhor
Jones? — pergunta insinuativa, olhando do meu primo para mim.

Aproveito a proximidade e dou um apertão no peito pequeno


esmagado dentro do uniforme. Chris segue a minha deixa e aperta o
traseiro dela. A garota morde o lábio com mais força e os olhos
ficam nublados de desejo.
Chris se levanta primeiro e pega na mão dela. Conduz a
garota em direção à saída e eu vou atrás deles, só parando para
pegar a garrafa de uísque. Por mim, eu foderia a garota aqui
mesmo, mas meu primo certinho gosta de privacidade, então sei
que vai tentar achar um lugar mais discreto.

Bebo o uísque direto da garrafa,vendo o rebolado dela dentro


da saia curtinha. Eu estou mesmo de parabéns por ter escolhido
esse uniforme para as funcionárias. Começo a perder a paciência
com a demora de Chris para achar um lugar e empurro os dois no
corredor dos banheiros. É o suficientepara o frescodo meu primo e
ele nem pisca antes de enfiar a língua na boca da garota.
Dou um gole grande da bebida, que desce queimando minha
garganta, sentindo meu pau duro esmagado na calça. Vou para
começar a me divertir com a garota também, mas meu segurança
aparece bem na hora.

— Senhor Jones, desculpa interromper… — ele fala e eu o


olho puto.
— É melhor você ter um bom motivo — rosno. Ele olha para
onde Chris está. Meu primo enfiou a garota na parede e já puxou a
saia dela para cima. O segurança pigarreia sem graça e olha de
novo para mim.

— Tem uma mulher na entrada da boate insistindo que


precisa falar com o senhor.

Grunho e reviro os olhos. Bebo outro gole do uísque.

— Qual a novidade? — pergunto irritado. — Toda noite tem


uma louca atrás de mim!
— Ela… está insistindo, senhor. Nós ameaçamos chamar a
polícia, mas ela disse que ia ligar para o seu pai — ele fala
cauteloso.

Fecho os olhos e aperto as pálpebras com os dedos. Que


porra! Só pode ser a tal filha do sócio.
— Tem mais uma coisa, senhor Jones, mas acho que é
melhor o senhor ver por si mesmo — ele fala.

— Eu não tenho a porra de um segundo de paz — reclamo.


Largo Chris e a garota se pegando ali e sigo o segurança até uma
sala que é parte da administração da boate.

Ele aponta para a porta da sala onde a tal mulher está e eu


bebo mais um pouco para tomar coragem de encarar mais essa
barra. Entro na sala e vejo uma mulher loira parada de costas para
mim, olhando para a cidade pela janela.

Estranho, porque quem eu estava esperando não é loira.


Fecho a porta com um baque barulhento e ela vira o rosto para mim,
me olhando por cima do ombro. Logo de cara eu vejo que ela é
linda. Devo ter bebido para caralho já, porque minha boca cai
aberta.

Ela morde o lábio e me olha aterrorizada.

— Eu não sabia onde mais te procurar — ela fala tão baixo


que quase nem escuto e soluça como se estivesse prendendo o
choro.

Só aí percebo que está com os olhos verdes avermelhados


como se estivesse chorando. Odeio mulher chorando. Não tenho
paciência nenhuma. Bebo outro gole da bebida antes de lidar com
qualquer que seja a maluquice da vez, mas cuspo o uísque todo
quando ela vira completamente de frente para mim.
— Que porra é essa?! — grito e aponto para a barriga enorme
dela.

— Desculpa aparecer assim, mas… eu não sabia mais para


onde ir — ela diz acariciando a barriga.

— Quem é você? — pergunto sem entender por que tem uma


mulher muito grávida na minha frente. Eu não bebi tanto assim.

A garota me olha boquiaberta e com os olhos arregalados.

— Você não sabe quem eu sou? — ela pergunta chocada.

— Se estou perguntando, é porque não sei — rosno


entredentes, irritado com essa situação toda.

— Como você não sabe quem eu sou? — ela pergunta


incrédula. — Eu… estou grávida — ela diz o óbvio.

— Estou vendo! — grito e passo a mão no cabelo. — O que


eu tenho com isso? — pergunto.

Na hora que pergunto, entendo o que está acontecendo aqui.


Arregalo os olhos quando ela abraça a barriga como se a
protegesse. Não…

— Eu estou grávida de você, Michael.


Capítulo dois –Michael Jones

Grávida? De mim? Era só o que me faltava!


Fico olhando para a garota sem acreditar no tamanho do
absurdo que ela está falando. No fim, acabo dando uma risada.

— Do que você está rindo? — ela pergunta ofendida.


Encosto na porta e trago a garrafa para a boca.

— Quanto? — pergunto tomando um pouco mais da bebida.


Ela se aproxima um pouco de mim e franze a sobrancelha.

— Quanto você quer? — pergunto, olhando para ela com


desdém.
— Eu não quero seu dinheiro! — ela grita e coloca as mãos
na cintura.

— Você não quer meu dinheiro? — repito rindo. — Você


aparece no meio da noite na minha boate dizendo que está grávida
de um filho meu e não quer meu dinheiro? Se você não quer meu
dinheiro, eu sou o Papai Noel — falo ácido.

O rosto da garota ficatodo vermelho, mas não é de vergonha.


Ela está com raiva. Empina o nariz e me olha ofendida.

— Escuta aqui, Michael…

— Como você sabe que é meu? — pergunto curioso com a


história que ela vai inventar. — Eu nem lembro de você. Nem sei se
a gente trepou mesmo.
— Eu não acredito que você não lembra de mim… — ela fala
com os olhos enchendo de lágrimas. Não posso negar que o teatro
dela é bom, parece até magoada de verdade.

Rio de novo e balanço a cabeça.

— Por que lembraria? Você acha mesmo que é a primeira


vadia que aparece na minha porta com uma história doida dessas?
— pergunto.

— Você não vai falar comigo assim! — ela grita com os olhos
cheios de lágrimas. — Eu estou grávida dos seus filhos!
— Filhos? — repito, achando a coisa toda cada vez mais
absurda. — Agora é mais de um.

— É! É mais de um, e eles são seus, porque não podem ser


de mais ninguém! — ela insiste cada vez mais agitada e começa a
andar de um lado para o outro alisando a barriga.

— Claro, porque você só trepou comigo — debocho rindo. Ela


para de andar e me olha com os olhos arregalados. Não é possível.
— Vai me dizer que era virgem também?

A garota morde o lábio e olha para baixo. Vejo as lágrimas


descendo pelo seu rosto e ergo as sobrancelhas, perplexo.

— Sério? É essa a sua história? Que eu trepei com uma


virgem que não lembro e agora você está grávida de filhos meus?
— Rio e bebo mais um pouco.

A garrafa já está quase vazia a essa altura. Só posso estar


bêbado mesmo para explicar essa coisa ridícula que está
acontecendo aqui. Por um segundo eu até fico com pena, mas
passa.

— Você devia ser atriz, garota. Está merecendo um Oscar por


essa atuação toda. Mas vai ter que procurar outro otário pra dar o
golpe do baú…

Mal acabo de falar e a coisinha me dá um tapa. Arregalo os


olhos e coloco a mão no rosto onde ela acertou. Porra, está
ardendo.

— Você me bateu? — pergunto incrédulo. A coisinha tem


temperamento forte pelo visto. Tão bonitinha. Uma pena que é tão
ordinária.

Ela arregala os olhos, se dando conta do que fez. Coloca as


mãos na boca e se afasta de mim, parecendo com medo.

— Eu… eu não…

Canso dessa palhaçada toda. Já desperdiçou demais o meu


tempo.

Desencosto da porta e abro.

— Fora. Sai daqui — mando. — Some da minha frente e


esquece esse seu planinho ridículo.

Ela me olha por mais alguns segundos e seca o rosto. Abaixa


a cabeça e passa por mim. Me olha antes de sair, com os olhos
verdes bonitos e enormes. Por um momento, vejo uma garota que
não sabe o que fazer. Ela parece com medo e perdida. Mas sei que
isso é só teatro.
— Você não tem o direito de me humilhar assim — ela fala
baixo com o lábio tremendo.

— Fora — falo de novo e ela sai que nem um furacão.


Puta merda, que dia é esse?

Esfrego o rosto, sem acreditar nas merdas que estão


acontecendo. Ando de volta pela boate, procurando o canto onde
larguei Chris. Quando chego lá, vejo que os dois ainda estão se
pegando como se o resto do mundo não existisse. Viro o último gole
da garrafa e jogo de lado. Preciso de uma distração dessa merda
toda.

— Você voltou — a garota com meu primo geme e eu me


aproximo dos dois.

Meu primo abre espaço para mim e prendo a garota entre nós
dois. Ela esfrega a bunda em mim e eu uso toda a distração que
consigo agora.

***

Nem sei como cheguei em casa. Acordo com uma dor de


cabeça fodida e o estômago embrulhado, ainda vestindo as mesmas
roupas de ontem, jogado na minha cama. Pego meu celular para ver
a hora e vejo um milhão de chamadas perdidas do meu pai. É
sábado, cacete.
— Porra… — resmungo e ignoro, porque não estou com
cabeça para ele agora. Que puta ressaca. Levanto da cama e tiro a
roupa, indo para o banheiro.

Me olho no espelho, vendo as tatuagens pelo meu braço e


peito. Coloco a mão no rosto e lembro da coisinha cheia de fogo da
noite passada. Não a garçonete, a outra. A doida grávida que
apareceu do nada. Ainda não acredito que ela me bateu! Eu sou
mesmo um ímã de doida.
Tomo banho e esqueço da vida na água quente. Saio nem sei
quanto tempo depois e só coloco uma cueca boxer para sair do
quarto. Mal saio e tomo um susto. Meu pai está sentado no meu
sofá com uma cara de poucos amigos.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto e passo por


ele, porque não é a primeira vez que ele invade meu apartamento
quando não atendo o telefone. Um segundo de paz. O velho não me
dá um puto segundo de paz!

— Eu te aconselho a se vestir, Michael — ele diz severo.


Reviro os olhos e ignoro. Vou para a cozinha atrás de um café bem
forte para curar a ressaca, mas considerando que vou ter que lidar
com William, devia tomar outro porre.

— Vai querer controlar até como eu me visto na minha própria


casa agora? — pergunto irritado, porque isso já é absurdo demais.

— Sua casa? — ele pergunta cheio de ironia. — A casa que


eu comprei com o meu dinheiro e que você usa de puteiro, você
quer dizer.

Aperto os olhos, irritado. Deixo William na sala mesmo e não


respondo mais. Pego as coisas para fazer café e só volto para sala
depois que bebo um bom bocado e estou com energia para encarar
a fera.

— Pronto, pai. O que você quer? — pergunto quando estou


voltando e quase derrubo a caneca no chão quando vejo que ele
não está sozinho.
Do lado de William, está a louca da noite passada. A loirinha
está muito mais composta do que estava na boate. Está vestida que
nem moça de família e com um rabo de cavalo, parecendo toda
inocente.

— Eu estava no banheiro — ela fala baixo, explicando por


que não estava aqui antes. — Oi.

— Mas que porra é essa?! — grito achando que é uma


miragem.

— Eu é que te pergunto, Michael! — meu pai grita, ficandode


pé. Ele aponta para a garota, furioso. — Sua irresponsabilidade
passou de todos os limites dessa vez! Hillary me contou o que
aconteceu.
— Hillary? — repito seco. É esse o nome da golpista? — Não
vai me dizer que você acredita nela — debocho, olhando para a
garota que não olha de volta para mim.

— E por que não? — meu pai pergunta todo presunçoso.


— Pai…

— Eu não quero ouvir, Michael! — ele grita. — Estou cansado


da sua irresponsabilidade. Você não é mais um garoto, é um
homem, já passou da hora de agir como um! Você vai fazer a coisa
certa aqui.

Esfrego o rosto, sem acreditar na bagunça que essa garota


causou. Como foi que ela achou meu pai?!
— Vocês dois vão se casar — meu pai avisa e a garota
finalmente levanta a cabeça, arregalando os olhos.

— O quê? — ela pergunta, surpresa.

— Pelo amor de Deus, pai! — grito, jogando os braços para


cima. — Ontem você queria que eu me casasse com outra
pessoa…

— Agora quero que você case com a mãe dos seus filhos! —
ela grita de volta. — Isso não está aberto a discussão, Michael.
Quero meus netos perto de mim.

— Não — falo simplesmente, sem nem dar brecha para essa


ideia louca. Olho para a garota, Hillary, e ela está com as mãos na
barriga, ainda com os olhos arregalados.

— Senhor Jones, isso não é necessário — ela diz com uma


voz doce. — Não foi por esse motivo que eu procurei o senhor…
Ele olha para ela e sua expressão se suaviza. Trinco os
dentes, puto com o jeito carinhoso que o velho olha para ela, uma
completa desconhecida!

— Não se preocupe com isso, minha querida — ele diz e


coloca uma mão na barriga dela, emocionado. — A única coisa que
você precisa se preocupar é em cuidar dos meus netos. — Ele olha
para mim e fecha a cara de novo. — O meu filho irresponsável não
vai te deixar desamparada.

— Eu não vou me casar com ela — falo de novo.

— Você vai — ele insiste. — Se quiser continuar vivendo sua


vida de luxo e conforto com o meu dinheiro, você vai. Está na hora
de cuidar das suas responsabilidades, Michael. E vai começar com
a mãe dos seus filhos. Não quero ouvir discussões sobre isso!

Olho para ele boquiaberto, sem acreditar. Ele está falando


sério. Conheço bem o velho e sei quando é só da boca para fora,
dessa vez não é. Olho para Hillary e ela parece tão atordoada
quanto eu.

Puta que pariu. Eu estou fodido!


Capítulo três –Hillary Williams

Nunca fiquei tão desesperada em toda minha vida. Olha que


já passei por muita coisa que deixaria qualquer um a ponto de
arrancar os cabelos.
A diferença é que antes eu podia ficar deitada em posição
fetal, fingindo que tudo não passava de um pesadelo, esperando a
dor ir embora. Foi assim quando perdi meus pais de uma vez só e
precisei ser criada pela minha avó, que perdi há pouco tempo
também.

A dor diminuiu eventualmente, mas o que estou passando


agora não vai embora. Pelo contrário, estar grávida de gêmeos aos
vinte e um anos é para sempre. As marcas serão eternas, meus
bebês também. Vou ser para sempre mãe e não tem nada que
possa mudar isso.

Sempre foi meu sonho inclusive, mas não assim. Não com
essa idade, não em plena faculdade, não sem alguém ao meu lado
para me dar suporte. Não com o pai deles achando que sou uma
golpista e vadia que busca dinheiro.

Merda. Se eu pudesse voltar no tempo, não teria ido àquela


boate no dia do meu aniversário. Teria comemorado vendo minhas
séries preferidas, sozinha, com um pote de sorvete. Minha vida
estaria completamente diferente agora.
— E aí, vai me dizer ou não o que ele falou?Você está pálida
desde que chegou, Hill. — Kalie me cutuca com a unha grande e
pintada enquanto volto para a realidade. — Se precisar de alguém
para esconder um corpo, sou ótima. Pela sua carinha, a conversa
não foi boa.

— Não foi nem uma conversa. Como pude me enganar tanto


com alguém, Kalie? Ele parecia tão… doce antes. Charmoso. Gentil.
Você sabe como foi minha primeira vez.

— Oh, amiga, quando um cara quer te comer, ele faz


qualquer coisa para conseguir isso. Até finge ser quem não é.

Ela me olha com a expressão de culpa de novo. Está assim


desde que descobri a gravidez porque foi ela que insistiu que a
gente comemorasse na boate. Eu não a culpo. Fui eu quem aceitei
ir, quem se deixou encantar por uma conversinha fajuta de que eu
era a mulher mais linda de lá, quem se deixou ser seduzida por tão
pouco.

— Tira essa carinha. Não sei o que seria de mim sem você
nesse momento. Sabe que eu te amo, né? — Aperto sua mão e
volto a mexer na comida praticamente intocada no meu prato. — Ele
não acreditou em mim. Imaginei esse momento tantas vezes na
minha cabeça, Kalie. Em todas elas, ele seria minimamente
decente.

Enquanto conto meu surto de ontem, Kalie intercala entre


apertar minha mão e meu ombro para tentar me consolar.

Eu cheguei no fundo do poço mesmo para ter que me


submeter a isso, mas fui convencida pela minha melhor amiga de
que ele também tem obrigações com essas crianças. Estava com
medo do que Michael ia pensar, afinal, ele é um completo
desconhecido com quem só dormi uma noite. Por isso me mantive
sozinha por seis meses, tentando me virar até onde dava para não
precisar ir atrás dele. Estava apavorada e agora percebo que tinha
motivos para isso.

Não esperava que o homem que foigentil e atencioso comigo


na minha primeira vez tivesse se transformadoem um cafajestedos
piores. Saí daquela boate tão mal, tão humilhada, que prometi a
mim mesma que ia fazer o possível para esfregar na cara dele que
não sou qualquer uma que ele dorme e abandona. Que não sou
nenhuma interesseira atrás do dinheiro dele.

Minha nova onda de desespero depois de ter saído de lá com


raiva me levou até William Jones. Não foi difícil encontrar o
endereço do escritório do homem e abordá-lo na saída do
expediente. Achei que ele fosse me tratar igual ou pior que o filho,
mas pelo contrário, o senhor foi muito simpático e pareceu ter
encontrado uma mina de ouro quando expliquei minha história. Ele
não duvidou de mim um segundo sequer e eu me senti amparada,
com um pouco de esperança.

Não sei se foi um ato imaturo da minha parte, mas não estou
ligando. Já me sinto uma mãe leoa pronta para fazero possível para
que essas crianças tenham uma vida confortável. Não preciso de
dinheiro para mim, mas eles vão precisar de coisas que não posso
dar agora.

Não sou orgulhosa ou maluca de tentar lidar com tudo


sozinha para sempre. Lidei o quanto pude. Por mais que Kalie me
ajude com o que pode, não é obrigação dela e não posso viver
dependendo da minha melhor amiga por muito tempo. Já sou grata
por ela ter me dado um quarto no seu apartamento depois que perdi
minha avó.

Mas as coisas saíram piores do que previ.


Não esperava que William fosse obrigar o filho a se casar
comigo. Acho que ficou claro na minha expressão de choque.
Michael ficousurpreso também, e bastante desesperado, diga-se de
passagem. Eu saí de lá correndo e assustada. Não quero me casar
com alguém assim, obrigada e sem amor. Muito menos alguém que
me trata tão mal. Posso ser nova demais, mas não sou maluca.

— O pai dele falou que a gente precisa se casar e eu saí


correndo. Não posso me casar com quem me odeia, Kalie —
exclamo, enfiando os dedos nos meus cabelos.

— O quê? O velho é doido?

— Pois é. Você devia ter visto a cara do Michael. Onde fuime


meter, amiga?
Kalie me puxa para seu ombro e acaricia meu cabelo, me
dizendo coisas reconfortantes. Eu choro mais uma vez, como tenho
feitopraticamente todos os dias desde que descobri minha gravidez.
Não sei se são os hormônios ou o desespero mesmo, mas isso é o
de menos.

— A gente vai dar um jeito. Você vai ver. Você não está
sozinha, Hill.
— Obrigada, Kalie. Vai dar tudo certo. Preciso que dê.

***
Não tem nada melhor do que uma boa noite de sono para que
a esperança apareça. Depois de voltar do trabalho, em uma
lanchonete como garçonete, que não vou conseguir manter por
muito tempo, tomei um banho quente e apaguei. Agora, depois de
tomar um café da manhã reforçadoe ir para a faculdade de carona
com Kalie, saio da minha primeira aula do dia.
Ando pelo campus distraída, acariciando a barriga grande de
seis meses, olhando o fluxo de pessoas caminhando no
estacionamento do lugar. Me assusto quando tropeço em um corpo
alto e forte e cubro minha barriga para a proteger.

Meus olhos se arregalam quando vejo que é Michael. Ele é


tão lindo que dá raiva. Sinto ódio por ter me deixado ser seduzida
por essa cara de cafajeste. Ele não é forte demais, mas tem os
músculos nos lugares certos e um abdome firme que tive o prazer
de sentir na ponta dos dedos. Pensar na noite em que tivemos me
faz corar, principalmente pelo jeito que me olha agora.
— O que está fazendo aqui? — pergunto, olhando para os
lados, só para constatar que ele está chamando a atenção de todo
mundo com essa pose de playboy bad boy.

Ele tira os óculos escuros do rosto e eu mergulho nas íris


castanhas. Tenho vontade de passar os dedos nos cabelos pretos
demais e depois bater na cara dele de novo. Agi por impulso na
hora da raiva, mas faria de novo porque odeio o jeito que me olha.

— Vem comigo. Precisamos conversar.


— Eu tenho aula agora, não posso — digo, tentando não me
deixar afetar pela beleza dele. Não de novo.

— É urgente, garota. Tenho certeza que não vai fazer


diferença perder uma aula.
Mordo meus lábios e abaixo a cabeça, soltando um suspiro
alto. Eu o acompanho em silêncio e vejo que ele para em frente a
uma moto. Ergo uma sobrancelha e cruzo as mãos em frente ao
corpo.

— Você percebeu que tem uma barriga enorme aqui? Eu não


vou andar nisso aí. Se está tentando me matar, pode desistir.

Ele passa a mão na parte de trás da cabeça e faz uma


expressão que quase me faz rir, de quem não estava esperando
isso.

— Tem um café aqui na frente. V


amos andando.
Michael deixa o capacete ali preso na moto e vai na frente,
como se fosseo dono do mundo. Tomo distância dele, aproveitando
para pensar.

O que que ele quer comigo agora depois de ter me expulsado


da sua boate? De ter me ofendido daquela forma?
Eu o sigo e, cedo demais, a gente chega no café que fica em
frente ao campus da faculdade. Me sento na cadeira em frente a de
Michael e ele se esparrama na cadeira. Faz um sinal para a
garçonete e me olha. Depois que ela anota nossos pedidos, o
homem se volta para mim.
— A gente precisa resolver esse… impasse. Vamos direto ao
ponto.

— Impasse? Você está chamando seus filhos de impasse?


— Eles não são… — ele falamais alto e abaixa o tom quando
vê que alguns clientes olharam para nós. — Vou ser sincero com
você, garota. Não acredito em você. Já perdi as contas de quantas
garotas apareceram para fingir que estavam grávidas de mim. E
adivinha? Não estavam. Eu sempre me cuido nas minhas fodas.

Pisco várias vezes pela forma crua que ele fala sobre sexo
quando só de pensar nisso fico com vergonha. Apesar disso,
mantenho meu olhar no seu.
— Não tenho motivos para mentir para você, Michael. Não
quero um centavo do seu dinheiro, só quero uma vida digna para
meus filhos. — Abaixo a cabeça, morta de vergonha pelo jeito que
ele me olha.

Ele me estuda durante muito tempo e só é interrompido


quando a garçonete chega para entregar o que a gente pediu.
Aproveito para beber meu chá porque minha garganta está seca.
— Vou pedir o DNA assim que seus filhos nascerem.

Seus filhos. A forma como ele fala me deixa irritada.

— Enquanto isso, você vai fingir que é minha noivinha. Só até


a verdade aparecer e cada um seguir sua vida. Preciso que meu pai
saia do meu pé.

— E quando a verdade aparecer e você ver que os filhos são


seus, o que acontece? — pergunto para ele, que titubeia por alguns
segundos.

— Não corro esse risco.

— O que vai acontecer, Michael?

— Lá a gente vê. Só preciso que o velho Jones caia no jogo.


— Ele faz um sinal displicente com a mão e toma um gole de café.

Aceno em concordância, doida para que ele prove do próprio


veneno. Não estou mentindo para arrancar dinheiro dele.

Perceber que isso acontece mais do que ele consegue


controlar só me faz ver que Michael é pior do que julguei. Eu o
pesquisei na internet depois da noite que tivemos e o que vi foi
assustador. A quantidade de mulheres diferentes que aparece ao
seu lado nas fotos é enorme. Perdi as contas de quantos nomes li
nas reportagens sobre o estilo de vida do bad boy milionário.

Parte de mim ficou decepcionada, porque me achei especial.


Ele me tratou como se fosse, não posso ter ficado louca.

— Seus olhos… — fala baixo e volto a me concentrar no que


ele estava falando.
— O que tem eles?

— Nada. — Michael sacode a cabeça e para de me olhar. —


Estamos acertados?
— Eu não sei se…

— É pegar ou largar, garota. Se é dinheiro para cuidar dos


seus filhos que você quer, é a sua chance.
Eu odeio o jeito pretensioso que ele me encara agora, com
esse sorriso debochado de quem me conhece. Mas acontece que
Michael não me conhece. Nem um pouco. Vou provar a ele que não
sou uma garotinha sem cérebro interessada no seu dinheiro. Agora
virou questão de honra!

— Tudo bem. Eu finjo o que você quiser, mas tenho uma


condição.

Ele me olha surpreso e arqueia uma sobrancelha grossa


antes de abrir ainda mais o sorriso.

— Você vai fazer exigências agora?

— É pegar ou largar, Michael. — Ele passa a língua pelos


lábios e acena, fazendo um gesto com a mão para eu falar. —
Quando você comprovar que eles são seus, e acredite em mim,
você vai… Você vai ser o melhor pai que eles puderem ter. Não me
importo se não quiser nunca me ver, mas vai dar tudo o que eles
precisam. E não estou falando de dinheiro.

Vejo o momento em que ele engole em seco e para para


pensar. No final, Michael acena em concordância, perdendo a
confiança com que chegou.

Ah, Michael, você não me conhece mesmo… Vai engolir


todas as ofensas que me fez.
Capítulo quatro –Hillary Williams

Eu me sinto mal com isso. A ideia de mentir para o senhor


Jones me deixa inquieta porque ele me ajudou quando fuiem busca
de socorro. Mas não vejo outra saída. Sei que ele me ofereceria
dinheiro, mas não é isso o que quero. Como eu disse para Michael,
só preciso que meus filhosnão cresçam sem um pai. Mesmo que eu
tenha tido ótimos pais, sei que crescer sem um dos dois causa dor e
até trauma nas pessoas.
Toco a barriga quando os gêmeos começam a mexer ao
mesmo tempo. Está cada dia mais doloroso ter dois bebês em um
espaço tão pequeno. Sorrio quando o pé de um deles para bem na
minha costela, mesmo que não seja motivo para risada porque dói
demais, mas só consigo me lembrar da primeira vez que isso
aconteceu.

Kalie estava comigo e ela praticamente saltou da cama


quando viu minha barriga deformada momentaneamente pela
posição esquisita em que estavam, toda torta com um lado mais
elevado que o outro. Eu não sabia se gargalhava do susto dela ou
se chorava de dor porque eu podia sentir os dois em cada cantinho.
Tenho boas lembranças desde o início da gravidez apesar de
tudo. Me lembro do dia em que descobri que seriam dois, um
menino e uma menina. Tudo o que sempre planejei de uma vez,
mas de forma bem diferente do que eu pensaria que seria um dia.
Já aprendi que as coisas não são como eu quero que sejam.
— Está tudo bem aí? — Michael me pergunta, sentado ao
meu lado na sala do escritório do senhor Jones. O homem está em
reunião e a secretária dele pediu para que a gente esperasse aqui.

— Sim, eles só estão me esmagando aqui — respondo,


colocando a mão nas costelas devagar, onde sinto um pé me
empurrando em busca de espaço.

Logo será insuficiente e eles vão querer sair dali rapidinho. A


ideia de dar à luz me apavora, tenho medo de estar sozinha, mas
tento não pensar muito nisso para não sofrer por antecipação. Já
tenho coisas demais para me preocupar agora.

— Tem mesmo duas crianças aí? Como isso é possível? —


Ele encara minha barriga como se fosse um extraterrestre e prendo
um sorriso. Merda, Michael podia ser pelo menos feio para que eu
pudesse o odiar sem querer beijá-lo de novo.

— Sim, tem. Acredite, eu questionei o médico muitas vezes


até a ficha cair. Tem casos de gêmeos na sua família? Na minha
não tem.

Ele franze a testa e acena em concordância.

— Meu pai tem um irmão gêmeo.

Michael ficaolhando para o nada por muitos minutos e eu fico


apenas o olhando de canto de olho. Ele aperta os olhos e faz uma
cara como se estivesse com dor de cabeça. Deve que estava na
farra porque sinto cheiro de bebida e cigarro vindo dele.

Alguns minutos depois, o senhor Jones entra na sala, com


uma expressão severa ao olhar para o filho. É inevitável sorrir para
ele quando os olhos suavizam ao me ver. O homem se aproxima de
mim, segura meus ombros e desce os olhos para minha barriga.

— Está tudo bem, querida? Como estão meus netos? Não


tivemos tempo de conversar direito, mas quero saber tudo sobre
eles.

— Estou bem, senhor Jones.

— Me chame de William, por favor — ele fala sorrindo e


suspiro, porque o homem é tão bonito quanto o filho. Eles são bem
parecidos.

Ela fica sério de repente quando olha para Michael e suspira.


Arruma a gravata azul que usa, puxando o tecido para longe do seu
pescoço.

— O que traz os dois aqui? Espero que tenha considerado a


minha proposta. — O homem se senta na cadeira do lado oposto
onde estamos, atrás da sua mesa de madeira.

— Imposição, o senhor quer dizer. — Escuto o resmungo


baixo de Michael e fico mexendo nas minhas unhas, sem conseguir
encarar o senhor Jones. Vejo o filho se ajustar na cadeira, tirando
minha concentração quando as tatuagens dos braços ficam em
evidência pelo movimento. — Felizmente, Hillary conseguiu me
encantar a ponto de eu embarcar na sua loucura. Não é, baby?

— Eu… — Não olho para o patriarca da família, porque não


vou conseguir mentir olhando nos seus olhos. — Sim. A gente
conversou e Michael percebeu como agiu feito um imbecil.

Não perco a chance de provocar o homem ao meu lado. Ele


estica a mão para que eu a pegue e aperta meus dedos, forçando
um sorriso.

— A gente vai se casar, mas não queremos pressa, pai.


Vamos curtir nosso romance primeiro, conhecer mais um ao outro.
Hillary acha que é muito nova, já tem a coisa toda da maternidade
cedo demais. Não acho saudável para ela passar por esse estresse
todo agora.
— Sei… — diz o senhor William Jones e só pelo seu tom de
voz sinto que não está acreditando em nada. Também, quem
acreditaria? — Tem razão. Mas vocês vão pelo menos morar juntos,
não é? Para você dar o apoio que ela precisa.

— Quê? — Michael sai do personagem e eu aperto sua mão


com força antes de olhar para o senhor Jones. — Ah, claro. Nós
estamos pensando nisso… eventualmente.

— Agora, Michael. O que vai acontecer se ela estiver prestes


a ganhar seus filhos e você não estiver por perto? E se algo
acontecer com ela?

Consigo quase ouvir o maxilar de Michael travando de raiva,


mas ele apenas acena e não fala nada. Prefiro me manter calada
porque estou vendo a hora de ele explodir.
Tenho medo disso também. De entrar em trabalho de parto
quando Kalie não estiver comigo em casa. Ou pior, quando estiver
trabalhando no restaurante. O dono já disse que não preciso ir mais,
com medo de eu começar a parir a qualquer momento, mas não
posso parar agora. Preciso do dinheiro.

— Vamos dar um jeito nisso, pai. Não se preocupe.


— E você vai trabalhar, Michael. Não agora, pois vou deixar
você cuidar da sua… noiva. Mas não quero ver você vagabundando
naquela boate somente gastando dinheiro. — Me arrepio com o tom
ácido que usa e sinto medo como se ele estivesse falando comigo.
— Seja motivo de orgulho para esses bebês que estão ali.

Michael se levanta de uma vez e sai da sala sem dizer nada,


me deixando para trás com William. O senhor me olha e abre um
sorriso doce. Sorrio de volta porque gostei dele desde o primeiro
momento em que o vi.
— Vai dar tudo certo, querida. Você tem o meu apoio em tudo
o que precisar. Acho que vou ter a sua ajuda para o que preciso
também.

Não entendo o que ele quer dizer, mas não pergunto. Estou
com medo de falar demais e comprometer esse plano de Michael
que tem tudo para dar errado.
Um relacionamento de mentira nunca dá certo, nem mesmo
nos filmes e livros que existem por aí.

Me despeço do homem alguns minutos depois de uma


conversa rápida sobre como estão os gêmeos. Ele parece
verdadeiramente feliz com a minha gravidez e com os netos. Saio
dali mais leve porque pelo menos um avô amoroso meus bebês vão
ter.

Assim que piso para fora do prédio, vejo que Michael está
parado encostado no carro que viemos até aqui. Ele solta a fumaça
do cigarro para cima. A pose de bad boy de filme me faz babar por
ele. Eu tenho mesmo problemas sérios para desejar esse homem
depois da forma que ele me tratou.

— Onde você mora? Te deixo na sua casa.

Aceno em concordância porque preciso mesmo economizar


ao máximo, então não vou recusar uma carona. Prefiro ir com ele a
ter que pagar caro em um táxi ou ir de ônibus cheio. Dou meu
endereço e, minutos depois, Michael para em frenteà casa de Kalie.

— Mora com seus pais?

Abaixo a cabeça e umedeço os lábios. Nego segundos depois


e prendo as lágrimas que ameaçam vir sempre que penso neles.

— Sou só eu. Meus pais morreram faz uns anos.


— Foi mal. Não sabia — ele diz, coçando a barba rala que
preenche o rosto.

— Claro que não. Você nunca me viu na vida, não é mesmo?

Agradeço a carona e coloco a mão na maçaneta quando ele


me para. Quando me viro, vejo que está bem perto de mim. Sinto
seu cheiro de perfume misturado ao cigarro. É um aroma único.
Queria poder dizer que é ruim, mas estaria mentindo feio.

— Meu pai é esperto. Ele não vai descansar enquanto não


infernizar a minha vida. Como eu quero paz, você vem morar
comigo.
— Quê? Não! Eu não vou… Você n-não precisa fazer isso —
gaguejo, porque não quero isso. Não fazia parte do planejado.
— Garota… Não era isso o que você queria? Brincar de
casinha, me enlaçar, ou sei lá que porra que você estava pensando
quando apareceu na minha boate?

Michael me olha de um jeito duro e seus olhos param nos


meus lábios por alguns segundos.
— Eu queria que você fossehomem o suficientepara assumir
as suas responsabilidades, não que me enfiasse em uma rede de
mentiras só para não irritar o papai. — Retribuo as palavras duras
porque estou cansada demais e de humilhação já basta as que a
vida vem me dando.

— Você é uma coisinha arisca.


Por trás da fala dita com um sorrisinho debochado, vejo que
tem raiva. Sei que toquei em um ponto em que o irrita, mas não ligo.

— Você tem até o final do dia para arrumar suas coisas. Vou
arrumar um jeito de pegarem suas coisas amanhã para levar até
meu apartamento. O lugar é grande, não vou precisar te ver a não
ser quando for necessário. Eu vivo minha vida, você vive a sua.

— Eu não…

— Isso não está em questionamento. Você topou essa merda.


Foi você que me colocou nessa ao ir atrás do velho — ele fala com
o maxilar travado e bagunça os cabelos pretos.

Me lembro de ter feito isso meses atrás. Coro com a


lembrança de como estava livre naquele dia. Eu me entreguei de
fato a ele, sem reservas e sem vergonha nenhuma.

Burra! Isso que eu sou!


Saio do carro sem dizer nada e bato a porta com força de
propósito. Não dou atenção quando Michael me relembra o que me
disse no carro e tenho vontade de me virar para ele, dar língua e
sair correndo.

Espero que eu ganhe mais um pouco de maturidade até meus


bebês nascerem porque às vezes me sinto uma menina ainda.

Assim que entro em casa, Kalie larga o pote de pipoca que


estava comendo em cima do sofáe se levanta. Ela me abraça antes
de falar alguma coisa e eu solto um suspiro, porque meus dias
parecem estar terminando cada vez mais loucos. Não sei até
quando vou aguentar essa montanha-russa de acontecimentos.

— Como foi lá com o velho?


— Acho que ele não acreditou em nada, mas parece disposto
a fingir que sim. Não sei o motivo, mas algo me diz que William
Jones tem tudo sob controle e planejado naquela cabeça dele.

— E o tal Michael? — ela diz o nome dele com uma pitada de


raiva, porque minha amiga guarda muito mais rancor do que eu. —
O que ele falou?

— Amiga, você não sabe a loucura que me meti ao me


envolver com esse homem. Ele disse que vou precisar me mudar
para sua casa, amanhã!

Kalie se afastade mim de uma vez e me olha com choque. É,


pois é. Também estou a tempo de surtar.

De um jeito ou de outro, sei que vou acabar me mudando


para a casa dele mesmo. Como vamos viver, eu não sei. Mas tenho
medo de descobrir.
Meu maior medo é me deixar ser seduzida de novo por
aquele sorriso cafajeste e acabar mudando completamente os
rumos da minha vida. De novo.
Capítulo cinco –Michael Jones

Se antes eu não tinha vontade nenhuma de voltar para casa,


agora muito menos. Não estou com saco nem com disposição de
lidar com essa garota aleatória que apareceu do nada e virou minha
vida do avesso. Ainda não consigo acreditar que meu pai comprou
essa história furada dela assim. Achei que o velho fosse mais
esperto que isso. Pelo visto ele está mesmo desesperado por netos
a ponto de aceitar qualquer uma que bate na porta dele.
Mas eu não estou. Não estou mesmo. Essa Hillary pode ter
enganado meu pai, mas não me engana. Ela está jurando que não
quer dinheiro, mas não sei o que mais ela pode querer. Esse
papinho de que só está preocupada com os filhos não me convence.
Vou ter que ficar de olho nessa garota, ela vai aprontar alguma
coisa.

— Porra, Michael! Eu devia saber que você estava aqui.


Olho para Chris e vejo a cara rabugenta do meu primo essa
hora da manhã. Ou da tarde. Não sei nem que horas são, mas a
boate está vazia, então de noite não é mais.

— Não fode — falo sem paciência porque sei que ele vai vir
cheio de sermão para cima de mim.

Chris puxa o copo da minha mão quando estou prestes a


beber e cruza os braços.

— O que você quer? Veio acabar com a minha vida também?


— Ninguém está acabando com a sua vida! — ele grita e
passa a mão no rosto. — Seu pai só está tentando te ajudar. Do
jeito dele.

Reviro os olhos, de saco cheio dessa porra toda.

— Você também? — pergunto e me levanto do sofá. Passo


por ele e esbarro no ombro do traíra.

Saio andando, puto. Só paro quando chego do lado de fora.


Está um sol forte e demoro a me acostumar com a claridade.
Acendo um cigarro e dou uma tragada longa. Acho que me livrei do
meu primo, mas ele vem atrás de mim.

— Você precisa se ajudar, Michael. Onde está a Hillary? —


Chris me pergunta e eu só dou de ombros. Não tenho o menor
interesse onde está aquela garota. Até onde eu sei, está no
endereço que a deixei ontem, mas se não estiver também, sinto
muito. — Já levou a garota pra sua casa?

— Se está tão preocupado com ela, leva pra você — falo e


trago mais do cigarro.
— Se ela estivesse grávida dos meus filhos, eu levaria — ele
fala e se enfia na minha frente, colocando o dedo no meu peito. —
Mas ela está grávida de você.

— Isso é o que ela diz — falocom um sorriso de canto. Ainda


não acredito nela.

— É, Michael, é o que ela diz. Se não foremseus, então você


nunca mais vai precisar ver a garota depois que os bebês
nascerem. Mas e se forem?
Volto a fumar, agitado. Não quero pensar nessa possibilidade.
Ninguém está preparado para uma pessoa que você nem conhece
batendo na sua porta jogando uma bomba dessa no seu colo.

— Não sei — falo. Não sei mesmo. Chris me olha feio e eu


perco a paciência. — Para de me olhar desse jeito como se eu
tivesse cometido um crime, porra. Até parece que você não ia estar
surtando se estivesse no meu lugar.

— É claro que eu ia estar surtando, mas eu também não ia


deixar uma mulher grávida sozinha no mundo assim — ele fala
apertando meu ombro.

Não respondo nada, mas esse joguinho de culpa dele


funciona. Coço a barba e termino o cigarro.

— Puta que pariu, vou ter que morar com uma mulher —
xingo e Chris ri.

— Michael Jones finalmentevai virar um homem de família—


ele implica e eu olho feio.
— Só por alguns meses. Só até essas crianças nascerem, eu
fazer um exame de DNA e provar que não são meus.

— Ou até você fazer o exame e descobrir que são seus


mesmo, aí vai ser pra sempre.

Chris me olha rindo, mas isso me dá uma ideia. Vai ser útil ter
primo advogado pela primeira vez na vida.

— Quanto tempo você demora pra fazer um contrato? —


pergunto e ele me olha desconfiado.

— Contrato de quê? — ele pergunta sem entender.


Eu sorrio, me sentindo aliviado por ter conseguido arrumar
uma solução para essa confusão toda.

— Um contrato para salvar minha vida e me livrar dessa


garota.

***

Meu pai me liga para saber se já instalei a queridinha dele no


meu apartamento assim que eu estaciono na garagem do meu
prédio. Acho que é a primeira vez na vida que o velho fica feliz com
alguma coisa que eu faço.Já está de noite, porque Chris demorou o
dia inteiro para fazer o que eu precisava, mas no fim das contas ele
conseguiu e ficou perfeito. Não consigo nem parar de sorrir porque
parece que minha vida vai voltar ao normal.
— Vem — falo para Hillary, que fica parada me olhando toda
hesitante enquanto eu tiro as coisas dela da mala do carro, mas
acaba andando atrás de mim quando começo a ir para o elevador
sem olhar para trás.

Ela não fala nada enquanto nós subimos até a minha


cobertura, do mesmo jeito que não falou nada no caminho todo até
aqui. Mesmo calada, ela está me dando nos nervos, porque não
para de me olhar com esses olhos enormes dela. Saio andando na
frentede novo quando chegamos no meu apartamento e só ouço os
passos de Hillary me seguindo.
— Esse é o seu quarto — falo sem olhar para ela quando
entro no quarto de hóspedes que quase nunca uso. Coloco as
malas dela no canto e finalmenteviro para a garota. Ela está parada
na porta, olhando para tudo com curiosidade e com essa mania
estranha de ficar alisando a barriga o tempo todo.

— Eu não queria mesmo isso — ela fala.

Reviro os olhos e bufo. Até parece que não queria. Mas essa
é uma ótima deixa para colocar meu plano em ação.

— Vem comigo — falo para ela e saio andando de novo a


passos largos pelo apartamento.
— Você precisa andar mais devagar, essa barriga pesa — ela
reclama enquanto me segue.

Eu chego na sala e acho a pasta que preciso em cima da


mesa. Chris deixou os documentos aqui enquanto fui buscar a
garota. Ela me alcança logo depois e olha do meu rosto para a
pasta na minha mão.
— O que é isso? — ela pergunta desconfiada.

— A solução para todos os meus problemas — respondo


orgulhoso de ter tido essa ideia.

— Seus filhos não são um problema! — ela reclama,


acariciando a barriga de novo.

Hillary fica ofendida com o que eu falo e é interessante


assistir o jeito que ela reage. A garota empina o queixo e os olhos
bonitos ficam cheios de raiva.
Olhos bonitos? Que porra é essa?
Mas é verdade. Não dá para negar que a garota é linda. Se
não estivesse fazendoa minha vida um inferno,eu até admitiria isso
para ela.

— Já que eu estou preso a você, pelo menos até essas


crianças nascerem, quero fazer as coisas serem oficiais — falo e
chamo Hillary com a mão para mostrar para ela o que eu estou
falando.
Hillary se senta em uma cadeira e eu coloco a pasta aberta
em cima da mesa para ela olhar. Fico em pé do seu lado, olhando
para ela de cima. Ela lê em silêncio e eu aproveito para prestar
atenção nela de verdade pela primeira vez. Calada até que não é
tão irritante. Olho para a barriga grande e percebo que não sei nada
do que está acontecendo aqui. Não sei nada dela, nem dessas
crianças que ela diz que são minhas, não sei nem há quanto tempo
ela está grávida.

— O que é isso? — ela pergunta colocando a mão no


contrato que Chris redigiu. Ela passa os dedos pelas linhas como se
ainda estivesse lendo.
Coloco um braço na cadeira atrás dela e me inclino para
frente. Acho graça quando ela dá um pulinho no lugar na cadeira
porque minha barba esbarra no rosto dela.

— Isso é um contrato — falo como se estivesse falando com


uma criança. Ela fecha a cara.

— Eu sei que é um contrato — ela responde brava. — É


algum tipo de acordo pré-nupcial? Porque eu já disse que não quero
seu dinheiro, não me importo…
— A gente não vai se casar de verdade, Hillary. É só pra
enganar meu pai, lembra? — falo,porque a última coisa que preciso
é dessa garota tendo ideias absurdas. — Esse contrato diz que se
os filhos forem mesmo meus…

— Eles são — ela me interrompe irritada.


— Então eu vou dar todo o suporte que eles precisarem.

Ela levanta o rosto para mim e me encara com a boca


entreaberta em surpresa.

— Você vai? — pergunta e sorri.

Eu me desconcentro por um segundo, porque é a primeira


vez que vejo Hillary sorrir. Ela perde a expressão nervosa e brava
que estava usando o tempo todo e parece feliz. Fica ainda mais
bonita assim e isso só me deixa mais puto. Ela alisa a barriga de
novo e não desvia o olhar do meu.

— Meus pais morreram quando eu era pequena — ela fala e


me pega de surpresa por estar contando coisa da vida dela assim.
— Eles eram ótimos pais e foi muito difícil crescer sem eles. Eu não
quero que meus filhos cresçam sem pais também.

Ela entendeu errado. Eu não tenho intenção nenhuma de


cuidar de bebê nenhum. Tenho certeza de que meu pai vai mimar os
pirralhos o suficiente e não vão precisar de mim para nada. Só vou
cumprir minha obrigação de garantir que eles tenham tudo o que
precisam. Vou para falar isso em voz alta, mas coloca a mão meu
peito. É um toque tão delicado que me pega desprevenido.

— Obrigada — Hillary fala baixinho e vejo que seus olhos


estão marejados.
Perco a coragem de dizer que ela entendeu errado. Eu
explico depois. Pigarreio e tiro a mão dela de cima de mim, e o rosto
de Hillary avermelha na hora.

— Continuando — eu falo.Ela move a cabeça que sim e volta


a encarar o papel. — Se eles não forem meus, você vai sumir da
minha vida e nunca mais voltar.

Ela me olha de novo com os olhos arregalados. Dou de


ombros.

— O velho vai se apegar a você nos próximos meses,


conheço meu pai — explico para ela, me segurando para não revirar
os olhos. — Não duvido nada que ele queira te manter por perto
depois mesmo se você for uma golpista.
— Eu não sou! — ela reclama de novo.

— Então você não vai ter problema nenhum em assinar —


falo para ela e mostro a caneta que está em cima da mesa.
Ela me olha por mais alguns segundos, mas dessa vez
parece decepcionada. Não sei por que, mas esse olhar faz eu me
sentir esquisito. Ela suspira e balança a cabeça. Morde o lábio e
para de me olhar, mas consigo sentir que está triste mesmo assim.

Hillary pega a caneta e assina sem nem terminar de ler tudo e


eu franzo as sobrancelhas, porque essa é uma coisa estúpida de
fazer se ela estiver mentindo. Será que ela está mesmo falando a
verdade? Será que eles filhos são meus? Começo a sentir um
pânico que nunca senti antes. Ela assina tudo e se levanta da
cadeira, mas não consegue sair porque eu estou em pé bloqueando
a passagem.
Ela não olha para mim de novo e eu não penso antes de
puxar o rosto dela para cima.

— Qual é o seu problema? — eu pergunto, porque não


consigo entender essa garota. Ela apareceu na minha vida igual a
um furacão e não se comporta do jeito que eu achei que fosse.

— Eu já assinei o seu contrato, Michael — ela fala com a voz


cansada. — Não se preocupa, você não vai nem notar que eu estou
aqui.

Hillary fala isso e desvia de mim, andando para o quarto. Eu


fico olhando enquanto ela fecha a porta, sem entender nada. Tenho
a impressão de que essa garota vai bagunçar muito a minha vida.
Capítulo seis –Michael Jones

Eu nunca na minha vida morei com uma mulher antes e é a


coisa mais esquisita do mundo. Faz só algumas semanas que
Hillary chegou aqui e ela já está em todo lugar no apartamento, até
quando não está aqui. O lugar é grande o suficiente para eu nem
precisar esbarrar com ela, mesmo assim não consigo esquecer que
minha casa foi invadida por ela, porque tem roupa e coisa dela por
aí.
Estou é me sentindo claustrofóbico dentro desse lugar,
porque além de tudo não posso nem sair para me divertir em paz.
Essa história de ter que convencer meu pai de que estou sério com
a garota está me impedindo de bater ponto na boate como eu
gostaria e não lembro a última vez que passei quase um mês inteiro
sem trepar. Minhas bolas vão explodir daqui a pouco.

William Jones está conseguindo bagunçar as coisas de vez.


Falando nele, já estou quase atrasado para encontrar com meu pai
pela primeira vez desde que essa palhaçada toda começou.

Desço até a garagem e olho chateado para a minha moto,


porque não vou poder sair com ela hoje. Pego o carro ao invés
porque tenho que ir buscar Hillary e fico tempo demais preso no
trânsito até conseguir chegar na faculdade dela. Estaciono em
qualquer lugar e espero. Fico entediado muito rápido e ligo para
Chris para passar o tempo.
— Alguns de nós trabalham, Michael — meu primo fala
quando atende.

— Tem gente que nasceu pra ser trouxa mesmo — eu


respondo rindo e ele ri também.

— Como está a mãe dos meus sobrinhos?

— Até você, caralho? — reclamo e esfrego o rosto. Chris ri e


sei que ele está só me provocando.

— Ah, fala sério, ainda não caiu de amores pela loirinha?


Vocês já estão morando juntos há um mês. Achei que já fosse ter
pedido a garota em casamento.

— Vai se foder.
— Deixa eu adivinhar: você me ligou porque está dentro do
carro à toa esperando a Hillary sair da aula dela — Chris continua
me provocando. Franzo as sobrancelhas, sem saber como ele
adivinhou. Não respondo nada e o filhoda puta do meu primo só faz
rir mais. — Puta merda, virou motorista particular dela de verdade.
Você está buscando a Hillary todo dia!

— Não estou, não. Vai se ferrar. Essa doida ao invés de ficar


em casa, cisma de continuar indo para a faculdade com a barriga
daquele tamanho, vou fazer o quê? Meu pai me mata se acontecer
alguma coisa com ela.

— É só por causa do tio mesmo ou você está começando a


se preocupar com ela? — Chris pergunta mais sério dessa vez e eu
só reviro os olhos. Não estou mesmo. Mas nem respondo, porque
Hillary finalmente aparece.
Desligo o telefone e saio do carro quando vejo a garota se
aproximando com aquela amiga dela que não vai com a minha cara
e um homem que não conheço. Paro do lado do carro e cruzo os
braços, esperando Hillary chegar quando vejo o babaca acariciar a
barriga dela.

— Hillary — chamo alto, puto da vida por esse homem


aleatório estar perto assim.

Ela olha ao redor procurando por mim e dá um sorrisinho


quando me vê. Acena com a mão e diz que já vem. A tal amiga dela,
Kalie, me dá outra olhada feia que é o único jeito que ela olha para
mim e cruza os braços também. Mas eu não ligo, porque estou
prestando atenção no amiguinho novo dela. Todo cheio de dedos.
Hillary se despede dos dois e vem na minha direção.

— Oi — ela fala e coloca o cabelo atrás da orelha. — Você


não precisa me buscar na faculdadeo tempo todo — ela falae alisa
a barriga.

— Nós vamos encontrar com o meu pai, lembra? — falo e


abro a porta do carro para ela entrar.

— Eu esqueci, desculpa. Estou com muita coisa na cabeça,


tentando dar conta na faculdade e dos bebês…

— E do seu amiguinho novo — falo irritado. Hillary estava


prestes a entrar no carro, mas para e me olha confusa.

— O quê? Do que você está falando? — pergunta sem


entender. Ergo as sobrancelhas e não respondo.

— Entra. A gente já está atrasado.


Ela me olha por mais alguns segundos e entra no carro. Dou
a partida e dirijo em silêncio, mas é bem perto daqui e só demora
alguns minutos para eu estacionar na garagem do prédio da
empresa, porque é claro que William não vai sair do trabalho nem
para isso. Desligo o carro e vou para sair, mas ouço Hillary soltar um
gemido de dor. Olho para ela e vejo que está fazendo uma careta.

— Que foi? — pergunto.


— Eles estão chutando demais hoje — ela fala com uma voz
de dor, mas continua sorrindo e acariciando a barriga para cima e
para baixo. — Minhas costas estão me matando também. Vocês já
estão enormes na barriga da mamãe — ela fala sorrindo para a
barriga. — Você… quer sentir?

Encaro a barriga dela como se fosse um bicho de sete


cabeças, porque para mim é mesmo. Não sei nem lidar com mulher
direito, muito menos com grávida. A coisinha abusada não me
espera responder e só pega a minha mão e coloca na barriga.
Arregalo os olhos quando sinto o chute forte.
— Não dói? — pergunto chocado e com os olhos vidrados
onde a minha mão está, com a dela em cima.

— Dói — ela fala rindo. — Mas me ajuda a ficar tranquila e


saber que eles estão bem. Gravidez de gêmeos sempre tem mais
riscos, então eu ficocom medo de acontecer alguma coisa com eles
o tempo inteiro.

Olho para ela, bem perto agora porque eu acabei vindo junto
quando ela puxou a minha mão. Os olhos verdes bonitos estão me
olhando com atenção e ela tem a ponta do lábio presa nos dentes.
— Riscos? — pergunto preocupado. Nem sei por que, mas
alguma coisa no jeito que ela fala isso me deixa preocupado.

— Sim… Estou ansiosa para a próxima consulta com a


médica dos bebês, preciso ouvir os coraçõezinhos deles para saber
que está tudo bem.
Ela geme de novo de dor quando sinto outro chute debaixo da
minha mão e eu estou confuso demais. É uma sensação muito
esquisita. Boa.

— Você… — Eu pigarreio, sentindo a garganta seca de


repente. — Você precisa que eu vá com você? Nessa tal consulta.

— Eu ia adorar se você fosse comigo, Michael — ela fala


emocionada e acaricia a minha mão. — Eu combinei com a Kalie de
fazer algumas compras para os bebês também e…

— Eu vou junto — decido. Hillary arregala os olhos surpresa e


abre um sorrisinho bonito. Não sei o que deu em mim, mas foda-se.
Já que tenho que lidar com isso agora, pelo menos preciso saber no
que estou me metendo.
— Obrigada — ela sussurra e acaricia a minha mão que ainda
está na barriga dela.

Hillary me encara hesitante e eu travo no lugar quando ela me


dá um beijo no rosto. Franzo as sobrancelhas sem entender o gesto.
Quem é que dá beijo no rosto assim?
— Kalie marcou uma aula de yoga para grávidas também,
você quer ir comigo? — ela pergunta com a boca perto do meu rosto
ainda e eu saio de perto de uma vez quando uma sensação
estranha toma conta de mim.
— Não abusa da sorte, garota — falo e saio do carro em um
pulo. Dou a volta para ajudar Hillary a sair, porque a barriga enorme
está fazendo com que ela ande muito devagar.

Nós andamos em silêncio um do lado do outro, mas consigo


ver o sorrisinho de Hillary no rosto dela o tempo inteiro e preciso me
segurar para não revirar os olhos. Passo na recepção e autorizam a
entrada quando veem quem é e sigo direto para o elevador que vai
levar para o andar da presidência onde meu pai está esperando.
Assim que as portas do elevador se fecham, Hillary solta outro
resmungo.

— O que foi agora? — pergunto.

— Não é nada — ela falabaixo, mas vejo que mexe as costas


de um lado para o outro e lembro que ela reclamou no carro que
estava doendo.

Coloco a mão na lombar dela porque não sei o que mais fazer
e ela sorri para mim. Essa garota sorri demais agora. É meio
irritante.
As portas do elevador se abrem e dou de cara com a
secretária do meu pai.

— Boa tarde, Michael — a ruiva cumprimenta toda cheia de


sorrisos maliciosos e eu tento lembrar de onde eu a conheço para
ela ter usado meu primeiro nome assim.
— Boa tarde — falo procurando por um crachá com o nome
dela, mas não acho. Paciência. Ela olha para Hillary com um sorriso
afiado. Olho para a loirinha do meu lado e vejo que ela abaixa a
cabeça. Isso me incomoda. Tudo que essa mulher faz me incomoda.
— Meu pai está esperando minha noiva e eu — faloe vejo a cabeça
de Hillary levantar igual a um estilingue.

A secretária perde o sorriso e empina o queixo.


— Noiva? — ela pergunta com a voz trêmula. — Meus
parabéns.

Não falo nada, porque não tenho paciência para isso.


Continuo sentindo o olhar de Hillary que nem laser queimando
minha pele, mas não olho para ela, só espero a tal ruiva avisar que
posso entrar. Só demora alguns segundos e começo a levar Hillary
em direção à sala do meu pai.

— Ex-namorada? — ela pergunta e eu dou de ombros.

— Não sei. Não lembro dela — respondo sincero.

— Pelo visto você não lembra de mulher nenhuma — ela fala


com uma voz chateada que me faz finalmente olhar para ela.

Paro de andar e fico de frente para ela. Seguro o rosto de


Hillary e puxo para cima para ela olhar para mim e meu estômago
revira quando vejo uma lágrima caindo do seu olho. Seco a lágrima
e trinco os dentes. Tento lembrar dela, juro que tento. Mas não
consigo. Se esses filhosforemmesmo meus, eu não tenho memória
nenhuma da noite que eles foram feitos e por algum motivo saber
disso me perturba.

— Você está me olhando esquisito — ela falae eu solto o seu


rosto.

Ela geme baixinho de novo e segura a barriga, e isso começa


a me deixar inquieto.
— Vai te ajudar se eu arrumar alguém pra te fazer uma
massagem, sei lá? — pergunto.

Hillary morde o lábio e faz que sim com a cabeça. Suspiro e


volto a andar com a mão nas costas dela.

— Vamos acabar logo com isso e eu arrumo um spa ou


qualquer coisa assim que atenda grávida — falo resmungando,
porque não estou com a menor vontade de encarar meu pai. Coloco
a mão na maçaneta para abrir a porta da sala dele e Hillary coloca a
mão no meu antebraço.

— Obrigada por se preocupar comigo — ela fala. Olho para a


mão dela no meu braço, toda pequena e delicada em cima da
jaqueta de couro. Essa garota não podia ser mais diferente de mim.
— Não me preocupo com você.

Ela ri baixo e balança a cabeça.

— Se preocupa um pouquinho — fala dando de ombros.

Suspiro frustrado e abro a porta, já doido para sair daqui.


Doido para esses meses passarem logo, essas crianças nascerem e
minha vida voltar ao normal.
Capítulo sete –Hillary Williams

Minha vida mudou de formadrástica nas últimas semanas. Se


parar para pensar bem, nos últimos meses. Me sinto em uma
montanha-russa com picos altos de adrenalina até ter uns poucos
momentos de calmaria.

Conformea gravidez evolui, meu medo de ganhar meus filhos


aumenta. Sem falar na preocupação quando eles estão quietinhos
demais. Estive tão nervosa nos últimos dias que quase liguei para
minha médica para tentar adiantar minha consulta, mas mantive a
calma porque sei que ela é ocupada demais para ter disponibilidade
assim de última hora só porque eu quero. Pelo menos o dia já
chegou, estou apenas esperando Michael terminar de se arrumar.

Não estou mais trabalhando. Depois de todo mundo, inclusive


Michael, encher meu saco, finalmente parei de ir ao restaurante. Só
não abri mão de seguir indo para a faculdade, porque já vou
precisar adiar um semestre para poder me dedicar aos meus filhos.
Sem falar que o semestre já está acabando, só preciso terminá-lo.

— Por que essa cara de assustada? — Ergo os olhos ao ver


o pai dos meus filhos vindo, lindo como sempre, com uma roupa que
deixa as tatuagens de fora.

— Nada. Eles não mexeram hoje ainda. Estou assustada de


novo. — Prendo um choro, porque já percebi o quanto ele fica
desesperado quando tenho meus ataques de choro causados pelos
hormônios.
— Logo a gente vai ver isso. Não chora. Vamos.

Ao ver a dificuldade que estou tendo para me levantar, ele


solta um suspiro impaciente e me ajuda. Toda vez que seu corpo se
aproxima do meu ou que ele me toca minimamente, eu arrepio. Sei
que ele nota, porque às vezes abre um sorriso presunçoso.
Daqueles bem babacas que me dá vontade de bater nele, sabe?
Pois é.
Quando a gente finalmente chega no carro, Michael dirige até
o hospital que sempre me consulto.

— Acho que você deveria procurar um médico mais


renomado. Esse hospital não é muito bom.

— Eu gosto da doutora Amber. E vou no que o meu dinheiro


pode pagar.

Ele acena, franze a testa para a rua, mas não fala nada.

Desde que estou morando com Michael, ele tem sido quase…
gentil comigo. Completamente diferente do babaca arrogante que
me ofendeu quando contei sobre a gravidez. Ele já não foge tanto
de ficar em casa como antes. Não sou boba, sei que evitava voltar
para lá só para não cruzar comigo. Isso raramente acontece quando
ele não me procura, porque o lugar é imenso. Sério, é surreal o
tanto de coisa que tem naquela cobertura. Qualquer descrição que
eu dê nunca será o suficiente para fazer jus à realidade.

Fico encarando a janela, vez ou outra babando na forma


como as veias do seu braço são estufadas. A forma como ele
segura o volante me deixa quente.
— Está babando nos meus braços? Existem tantas partes
mais interessantes de mim — ele provoca, com o sorrisinho irritante
no rosto.

— Não estou… babando.


Desvio o olhar e não o encaro mais até a gente chegar ao
hospital. Saio com dificuldade do veículo, cada vez sentindo minha
barriga mais pesada e as costas mais doloridas. Sou magra demais,
então é difícil sustentar dois bebês prestes a nascerem.

Michael coloca a mão na minha lombar enquanto andamos e,


acho que de formainconsciente, os dedos se movem na abertura do
meu vestido. É uma sensação gostosa, então não reclamo.

Eu preencho a ficha com meus dados e espero a doutora me


chamar. Enquanto a gente aguarda, meus olhos vagam para os
casais que têm ali na recepção. Todos eles estão só sorrisos. Os
maridos acariciam as barrigas das esposas e as olham com
devoção.

Essa era o tipo de relação que eu me imaginava quando


planejava meu futuro como mãe. Não… isso.

Prendo os lábios para conter o choro e olho de canto de olho


para Michael. Fico vermelha ao ver que fui pega no pulo enquanto
admirava os casais. Ele solta um pigarro e desvia os olhos dos
meus.

— Que demora — resmunga, voltando a se afastar de mim


como sempre faz.

Não tenho tempo de responder, pois logo sou chamada pelo


meu nome. Me levanto e novamente ele me ajuda a ir até a sala da
doutora Amber. Assim que o vê, os olhos escuros dela se arregalam
de surpresa.

— Ora, vejo que o papai finalmente decidiu aparecer.


— Eu não…

Eu o cutuco na costela antes que ele termine a frase irritante


que sempre vem depois da afirmação de qualquer pessoa de que
ele é o pai. A cada vez que diz isso, mais triste eu fico por Michael
ainda não ter a certeza de que estou falando a verdade. Queria que
ele acreditasse em mim.
— Como está se sentindo, Hillary?

— Toda quebrada e preocupada, mas bem — falo tímida,


porque normalmente é Kalie quem vem comigo.
Não que eu esteja achando ruim que Michael está aqui
comigo, mas é algo novo. Ele se mantém calado enquanto a doutora
Amber me faz as perguntas de sempre: se estou me alimentando
direito, fazendo exercícios para ajudar no parto, tomando as
vitaminas que me passou.

— Vamos olhar esses bebês lindos? — ela pergunta e eu


concordo, já indo para a sala do lado a fim de trocar a roupa pela
camisola do hospital.

Fico constrangida ao sair e ver que Michael me olha de cima


a baixo.

— Você pode ficar ali, papai. Fica melhor para ver a tela.
Olho para ele o tempo inteiro em que a médica prepara a
minha barriga com o gel e noto que o homem está atento a tudo,
olhando com a curiosidade de uma criança que nunca viu nada
igual.

— Como estão grandes! — exclama a doutora, mexendo no


aparelho de sempre que mede cada parte dos meus pequenos. —
Eles estão bem maiores que da última vez, Hillary. Por isso não se
mexem mais, porque não têm mais espaço.
— Então está tudo bem? — pergunto, soltando um suspiro de
alívio.

— Sim, ouve só os corações fortes de sempre.

Quando os sons preenchem a sala, sorrio com lágrimas nos


olhos. Eu me lembro da primeira vez que ouvi os barulhos, do
choque ao saber que eram dois corações que batiam dentro de
mim. Foi um momento desesperador, mas único.

Michael passa as mãos nos cabelos e em seguida na barba.


— Sua princesa e o seu príncipe estão ótimos.

Ela passa os próximos minutos me dando orientações para os


próximos meses e eu escuto a tudo com atenção enquanto termina
de fazer o exame. Quando saímos dali, passo a mãos nos cabelos e
escondo o rosto entre as mãos, agradecendo a Deus em
pensamento por meus anjos estarem bem.
— Está mais calma? — ele pergunta no carro, já a caminho
de casa.

— Sim, eu poderia soltar fogos agora.


Ele sorri para mim, não o sorriso habitual, mas um de
verdade. Eu rio para ele de volta. A viagem para a casa dele é muito
mais leve do que a ida, até cantarolo umas músicas que toca no seu
som.

— Você conhece Abba?

— Quem não conhece Abba? — pergunto rindo do seu


choque.

— Não é da sua época. Você tem vinte e um anos. Não é


normal que uma garota da sua idade goste.
— Eu gosto. É uma das poucas lembranças que tenho dos
meus pais. Ele girando com ela na sala, cantando Dancing Queen.
— Fecho os olhos e me lembro da cena, do sorriso apaixonado que
mamãe carregava sempre que ele estava perto. — Eles amavam
músicas dos anos setenta e oitenta. Puxei o amor por elas.

— Quem cuidou de você depois que eles morreram?


— Minha avó — falo triste, porque a morte dela dói ainda
mais por ser recente.

Ela estava radiante com a minha gravidez, doida para


conhecer os bisnetos. Uma pena que não vai estar viva para ver que
estou conseguindo me virar, para pegar meus bebês no colo.

— Ela morreu também, há poucos meses. Sinto saudades


dela todos os dias. — Seco o rosto rápido e olho para o alto para
conter as lágrimas. Eu odeio esse meu lado chorão! — De todos
eles.

Michael não fala nada, mas a mão dele vem até a minha
coxa, indeciso. Sorrio fraco para ele e deixo o assunto morrer
porque não quero o deixar desconfortável.
Assim que chegamos, ele some pela casa adentro e eu
aproveito que tenho umas coisas para estudar e uns trabalhos para
fazer para me isolar no quarto.

Mergulho nos livros porque tem prova chegando e me


esqueço da hora. Me assusto quando escuto uma batida na porta.
— Pode abrir.

Vejo a funcionária de Michael que está sempre em todos os


cantos. Ela coloca a cabeça pela abertura da porta e sorri para mim.

— Senhorita Williams, o senhor Jones está perguntando se a


senhorita não vai descer para comer.

— Ah, já é a hora do almoço? Eu perdi a noção do tempo. —


Desbloqueio o meu celular e me choco ao ver que já são uma e
meia da tarde. — Eu já vou, Naomi. Obrigada.

Sem querer perder a linha de raciocínio, quando ela acena e


sai, abro o esboço da campanha publicitária que estou montando
para uma das disciplinas, usando o conhecimento do que acabei de
estudar.

Sei que meu papel é só ter a ideia para o projeto, mas gosto
de usar as habilidades que desenvolvi no Photoshop para criar tudo
eu mesma. É algo que meus professores sempre elogiam quando
levo a campanha já pronta.

— Você é boa. — Salto da cadeira e coloco a mão no coração


quando escuto a voz de Michael atrás de mim.

— Quando você entrou? Não te ouvi.


— Estava concentrada demais aí no seu computador — ele
diz, olhando para a minha tela. Com vergonha de ele ver minhas
coisas, abaixo um pouco a tela e fico na frente. — Foi você quem
criou a edição também?

— Sim, eu gosto de mexer. — Dou de ombros e ele acena,


me encarando com os olhinhos semicerrados.

— Você faz publicidade?

Aceno em concordância, sem querer me empolgar demais por


ele estar tão interessado na minha vida nos últimos dias. Ele está
muito mais questionador. Me perguntou mais coisas hoje do que
todo o tempo em que estive na sua casa.

— E você? Estudou o quê?

— Artes plásticas.

— Jura? — Me surpreendo de verdade, porque não é algo


que eu o imaginaria fazendo. — Por que não trabalha com isso?
Então você desenha? Posso ver alguns dos seus desenhos?

— Ei, ei, respira, garota. Não trabalho porque não preciso. Eu


desenhava, mas não pego em um papel para isso há anos.

— Ah, que pena. Gostaria de ver algo.

Ele me olha daquele jeito cafajeste e se afasta da mesa por


um instante. Meus olhos saltam quando tira a camiseta que estava
usando e olha para os braços.
— Pronto. Meus desenhos.
— Foi… você quem desenhou? — pergunto, me levantando
da cadeira para olhar mais de perto. — Todos?

Michael acena em concordância e me encara com


curiosidade. Não fico com vergonha porque estou mesmo querendo
ver mais de perto os desenhos da sua pele há muito tempo, ainda
mais agora que sei que ele mesmo quem fez.

— Eu posso? — Estico os dedos e Michael acena.

Sem esperar mais, estudo as linhas perfeitamente


desenhadas. São várias gravuras entrelaçadas, mas reconheço uma
fênix, um dragão, uma águia. São vários animais juntos. Sigo com a
ponta dos dedos deslizando pela sua pele quente e ele fica
surpreendentemente quieto.

— É lindo. Você tem muito talento. Deveria mesmo viver


disso.

Quando desço para a barriga e para a virilha, recolho a mão,


constrangida porque estava perto demais de se tornar íntimo.
Ergo meus olhos para ele e sei reconhecer uma expressão de
tesão. Michael umedece os lábios, enfia a mão nos meus cabelos e
espera alguns segundos da minha reação. Fico travada, hipnotizada
pelo cheiro bom que vem dele e pelos olhos intensos me
analisando. Não penso.

Quando os lábios dele tocam os meus, derreto nos seus


braços quando me agarra pela cintura. Não nos colamos porque tem
uma barriga imensa entre nós. É muito melhor do que eu me
lembrava. O beijo dele não tem nada de carinho, é bruto e exigente.
Muito gostoso. Bagunço seus cabelos grossos e solto um suspiro na
sua boca. Quando a mão enorme aperta meus seios, a realidade me
soca na cara e eu me afasto, empurrando seu peito. Toco meus
lábios e olho para ele assustada.

— Não. Você não pode me beijar assim! Você não pode me


tratar como uma vadia golpista e depois voltar a fazerisso. Você é o
pai dos meus filhos e só.

Com meu corpo trêmulo, eu dou as costas para ele e saio do


quarto.

Por que ele tinha que complicar ainda mais as coisas?


Capítulo oito –Hillary Williams

— Você está tão linda, amiga. Poucas grávidas ficamtão bem


quanto você. Meus sobrinhos te encheram de luz — Kalie fala,
acariciando a barriga nua que se estica cada dia mais.
Depois de alguns dias fugindo de Michael pela casa, eu
passei a me sentir entediada. Se não fosse a faculdade para me
distrair, já teria surtado de verdade. Estava acostumada com meu
dia cheio, mas sem o restaurante me sobra tempo demais. Mesmo
eu sendo uma aluna dedicada e estudando demais, ainda ficomuito
à toa. Aproveitando que Kalie estava sem aula também, eu a
convidei para vir tomar um banho de piscina comigo. Sei que
Michael não vai se incomodar porque não está nem aí para o que eu
faço mesmo.

— Ai, amiga, só você para tentar me ajudar com a minha


autoestima. Me sinto tão feia na maior parte dos dias.
— Mas não está! Acredite em mim. Você é a grávida mais
bonita que já vi.

Sorrio para ela e acaricio minha barriga livre, porque minha


melhor amiga me convenceu a pegar um pouco de sol. Coloquei o
biquíni que ganhei errado. Na época, estavam dois números
maiores do que o meu. Nunca pensei que fosse me servir tão cedo,
mas aqui estou eu. Com seios enormes e uma bunda maior ainda.
Acariciando minha barriga, deslizo os óculos de sol para meu
rosto e fico em silêncio por alguns minutos. Aproveito a sensação
gostosa do sol tocando na minha pele e suspiro.

— Seu gostoso ordinário está te olhando — Kalie cantarola e


abro os olhos.
Me sento na espreguiçadeira e olho para a porta de vidro que
dá acesso à área das piscinas. Michael está parado ali com um
copo de água na mão, me olhando. Engulo em seco e volto a me
deitar, tentando fingir que ele não está aqui, mas não consigo.

Meus olhos me traem e eu olho para ele de novo, que está do


mesmo jeito. Só me olhando.
Quando finalmente vai embora, consigo olhar para outro
lugar.

— O que foi isso? Senti uma tensão daqui — Kalie diz


chocada e eu evito olhar para ela.

Não contei sobre nosso beijo e de como eu o rejeitei e fugi


depois. Não me arrependo. De nenhuma das duas coisas. Nem de
ter cedido ao beijo nem de ter dito o que disse.

Não sou capacho de ninguém para ser pisada. Eu quero sim


que ele esteja na minha vida, mas como pai dos meus filhos. Quero
que seja um ótimo pai e não posso o julgar por isso sem lhe dar
uma chance para que possa ser um — mesmo que ele não queira.
Só não quero me envolver com Michael de novo depois de tudo.

Não me esqueci da humilhação que ele me causou, das


coisas que me acusou. Não é que eu seja orgulhosa, afinal, sigo
aqui na sua casa. É sobre me respeitar e acreditar que mereço ser
muito mais bem-tratada do que aquilo.
— Acorda, Hill! Me conta. Não me diga que…

— Não foinada, Kalie. Ele só me beijou — faloe minha amiga


fica em silêncio. Quando olho para ela, vejo que está de queixo
caído.
— Como assim “só” te beijou?

— Foi isso. Foi um lapso. Tenho certeza de que já se


arrepende. Sem falar que eu o interrompi e me impus. Não vai mais
acontecer de novo.

— Acho bom, minha amiga. Ele não te merece, você sabe,


não é?

— Eu sei, Kalie. Acredite, eu sei.

A gente fica a tarde toda conversando na beira da piscina.


Quando ela se despede de mim na correria dizendo que tem
compromisso, ainda fico ali na piscina aquecida. Alivia a tensão do
meu corpo e a dor nas costas. É engraçado nadar com uma barriga
pesada. Assim que subo na superfície depois de várias voltas na
piscina, vejo Michael sentado na borda dela.

— Oi — sussurro e ele acena. — Espero que não se importe


de eu usar a piscina.
— Não me importo. Cadê sua amiga?

— Ah, ela já foi embora.


— Meu pai vem para jantar. Ele impôs a sua presença, como
sempre. Vim para te avisar para a gente não se esquecer do nosso
acordo.
Aceno em concordância e nado até a escadinha para sair.
Não vi muito o senhor Jones nos últimos dias. Ele me liga sempre
que pode para perguntar dos gêmeos, mas não aparece muito. Sei
que é graças ao trabalho.

Michael me estende a toalha que está na espreguiçadeira


onde está sentado e eu agradeço baixinho, sem deixar de sentir o
agito dentro de mim porque sinto seu olhar no meu corpo.
— Ainda me impressiono em como consegue fazer tudo com
uma barriga desse tamanho. Acho que eu nem ia conseguir
levantar.

Solto uma risada pela sinceridade enquanto me seco.

— Acho que por isso que as mulheres quem geram as


crianças, vocês não sobreviveriam para contar história. Acho que é
natural da mãe fazer de tudo e suportar tudo pelo filho desde a
gravidez.

Michael nega com a cabeça e solta uma risada ácida. Eu o


olho com os olhos semicerrados pelo gesto inesperado.
— Diz isso para a mulher que me trouxe ao mundo. Ela me
abandonou na primeira dificuldade. — Não sabia disso, porque ele
nunca me fala sobre nada se eu não insistir muito. — Então, não,
isso não é natural das mães ou das mulheres. Talvez seja natural
para você.

— Eu espero que sim — falo baixinho e me aproximo dele.


Me sento na espreguiçadeira ao lado e seco meus cabelos olhando
para ele. Seus olhos param nos meus seios por muito tempo antes
de voltarem para meu rosto. Queria dizer que sou imune a ele, mas
seria mentira. Gosto de me sentir desejada mesmo com uma barriga
desse tamanho. — Você nunca mais viu sua mãe?

— Vi há uns anos. Ela apareceu com um papinho furado de


que tinha de arrependido, mas só estava atrás de dinheiro. Não
importa. Ela não tem importância nenhuma.
Começo a entender melhor quem é o homem ao meu lado.
Não que justifique não ter tido uma mãe, mas esse jeito babaca e
ordinário dele pode ter muito a ver com o fato de que a principal
figurafemininada sua vida tenha ido embora, o abandonado. Como
se faz isso com um filho?

— Acho que vai querer se arrumar para jantar antes de o meu


pai chegar — ele fala bruscamente e se levanta, me deixando ali
sozinha, se isolando e se escondendo de novo debaixo da pose de
bad boy que não liga para nada.

Suspiro e reúno as minhas coisas antes de ir para o quarto.


Tomo um banho quente, vendo que fiquei um pouco queimada e
vermelha nos ombros. Deixo meus cabelos soltos e coloco um
vestido rodado de gestante que ganhei de Kalie. Uma das muitas
coisas que ela me deu.

Não passo maquiagem, uso apenas um batom simples,


porque só de pensar de ficarquase uma hora sentada para limpar a
pele fico cansada. Sempre amei de maquiar, mas me deu muita
fadiga durante a gravidez. Eu ando até a sala de visitas, onde
escuto a voz do senhor Jones.

— Boa noite, senhor Jones. Que bom ver o senhor.


— Hillary, querida, quanto tempo… Sua barriga cresceu ainda
mais. E, por favor, só William.

Solto uma risada enquanto ele me abraça todo desajeitado


pela barriga que o impede de se aproximar mais. William conversa
com a minha barriga e segura minha mão para que eu me sente.
— Senta aqui mais perto de mim, querida — Michael fala e
preciso me conter para não arregalar os olhos. Sei que William não
é bobo, mas se o filho dele acha que o engana, quem sou eu para
dizer que não? — Estamos muito bem, pai. Como eu estava
falando, Hillary trouxe muito mais alegria para essa casa.

— Que bom, fico feliz. — Ele o olha desconfiado e Michael


parece achar que é uma boa ideia beijar meu pescoço na frente
dele.

Eu arrepio e o encaro, com os lábios entreabertos. O gostoso


ordinário, apelido que Kalie deu a ele, me encara de volta e encaixa
a mão nos cabelos da minha nuca, me puxando para beijar minha
bochecha.

— Você está linda, aliás.

— Obrigada — respondo baixinho e encaro seus lábios, mais


uma vez hipnotizada por eles.

Me afasto de uma vez quando escuto o pigarro de William.


Ele olha com curiosidade de mim para o filho, que coloca a mão na
minha coxa e a acaricia.
— Vejo que estão bem mesmo. Fiquei sabendo que foi na
consulta com ela. Estou orgulhoso que está cuidando da família,
filho. A gente cuida dos nossos.
Sinto que a forçana minha coxa aumenta e vejo que Michael
respira fundo, se segurando para não sair do personagem. Para ele
não estragar a noite, é a minha vez de colocar a mão na sua perna.
Aperto o joelho de leve e o homem relaxa um pouco.

— Me conta um pouco da sua relação com o seu irmão


gêmeo, senh… William.
— Ah, nós sempre fomos muito unidos. Até hoje somos.
Apesar de sermos idênticos, sempre tivemos gostos muito
diferentes para tudo. Nem isso nos separava. Espero que seus
bebês tenham o que a gente teve.

— Espero que sim. Sempre penso que os gêmeos têm uma


bonita conexão de almas, sabe? Quero que eles se protejam, se
amem acima de tudo, cuidem um do outro — digo sonhadora,
olhando para minha barriga.

— O Michael cresceu fingindo que seu primo era seu irmão


gêmeo também. Não sei qual dos dois dava mais trabalho. — Ele ri,
coçando a cabeça como se só a ideia de se lembrar disso o
afetasse. Sorrio ao pensar que talvez meus bebês puxem o pai, em
todos os sentidos. Quero que isso aconteça de tal forma que seja
impossível dizer que os dois não são dele.

— Vamos jantar?

Michael apoia a mão nas minhas costas enquanto andamos


até a sala de jantar. O senhor William vai na frente e agora vejo de
onde o filho puxou a postura que tem. Os dois andam como se
fossemdonos do mundo. Talvez não sejam do mundo, mas eles são
de uma boa área de Las Vegas.
Me sento à mesa de jantar com os dois e William continua
falando sobre a infância do filho. Apesar do jeito duro que sempre o
trata, vejo que é um bom pai. Só assim para guardar tantas
lembranças mínimas do filho único.

— E a sua infância, querida?

— Ah, tenho poucas lembranças. Tenho algumas raras dos


meus pais, mas a maioria deles envolve minha avó. Ela fazia de
tudo para que eu me sentisse como uma garotinha normal.

— Sinto muito que os tenha perdido tão nova.

— Obrigada. — Enquanto como, percebo que Michael está


mais calado do que o normal. — E você, querido? Me conta mais
sobre como começou a gostar de desenhar.

Eu olho dele para William e percebo que o senhor fica


chocado.

— Ele contou para você que desenhava?

— Sim, por quê?

— Nada — Michael fala, travando o maxilar enquanto encara


o pai. — Já disse que é besteira. Não desenho mais. Vamos parar
de falar nisso?

Ok. Tem algo aí que eles não estão me contando, mas


também não é da minha conta. Sou curiosa, mas já que não quer
falar, não vou insistir.
O restante do jantar acontece de forma mais leve. Michael
volta a desempenhar o papel de noivo preocupado e atencioso e eu
quase acredito, porque ele atua muito bem. Um artista completo.
O senhor Jones se despede da gente tarde da noite e eu já
estou morta de sono. Apesar de tudo, foi uma noite agradável.
Consigo imaginar meus filhos incluídos em uma dessas daqui uns
meses.

— Achei que ele não fosse embora nunca. O velho nunca


ficava muito tempo quando era só eu.

— Imagina. Ele é apaixonado por você, você quem não dá


muita abertura.

Michael solta uma risada e sacode a cabeça em negação. Eu


sorrio fraco e concordo com a cabeça, fazendo uma expressão de
zombaria.
— Que tipo de pai lembra de tantos detalhes se não for
atencioso e preocupado? Gostaria que o meu estivesse aqui para
me dizer coisas que eu não me lembro. — Toco no braço dele e o
homem me encara com surpresa. — Você pode achar que ele pega
no seu pé, mas tenho certeza de que é um dos casos de:ele quer o
seu bem.

Quando não fala nada, eu tiro minha mão do seu braço.


— Boa noite, Michael.

Vou para o meu quarto e me livro do vestido antes de me


embolar nos lençóis.

Apesar de o dia de hoje ter me dado muita coisa para pensar,


não consigo segurar o sono. Hoje só quero dormir uma noite
completa. Aproveitar enquanto eu posso, porque muito em breve, as
noites de sono vão ser raras demais.
Capítulo nove –Michael Jones

Hillary é a pessoa mais teimosa e orgulhosa que eu já


conheci na minha vida inteira e eu me esforço todos os dias para
não esganar aquela garota. Só uma pessoa completamente sem
juízo continuaria indo para a faculdade com a barriga daquele
tamanho. Eu sou obrigado a ficar estressado o tempo inteiro porque
se alguma coisa acontecer com ela e eu não estiver perto, aí
mesmo que meu pai não vai sair do meu pé nunca mais.
Como se não bastasse eu estar tendo que lidar com as coisas
da boate de verdade agora, porque o todo-poderoso resolveu pedir
relatórios semanais do que eu estou fazendo. Como se cuidar de
todas as vontades daquela garota não fosse trabalho em tempo
integral. Estou tendo que ir em todas as reuniões dos
administradores da boate e até um idiota consegue fazer o trabalho
deles melhor do que estão fazendo. Bando de incompetente.

Bufo irritado ouvindo mais um discurso gigante e inútil do


contador sobre as despesas do lugar. Pego meu celular no bolso da
jaqueta só para ver quanto tempo falta para a minha tortura acabar,
mas dou de cara com três chamadas perdidas do número de celular
da amiga de Hillary. Fico alerta logo de cara, porque ela nunca me
ligou antes. Do jeito que ela me odeia, para me ligar só se for uma
emergência.

Levanto apressado e atravesso a sala de reuniões


praticamente correndo.
— Senhor, onde você está indo? — o contador pergunta sem
entender porque eu levantei no meio do que ele estava falando.

Nem me dou ao trabalho de responder, não tenho tempo para


isso. Ligo de volta para Kalie enquanto desço os degraus de dois
em dois para chegar mais rápido até a minha moto.

— Puta que pariu, atende essa merda — rosno para o celular


e continuo tentando ligar para ela.

Estou perto de arrancar os cabelos quando ela atende.

— O que aconteceu, porra? — pergunto gritando quando ela


atende.

— A Hill começou a ter contrações no meio da aula e eu vim


com ela para o hospital. Ela não está se sentindo bem, não me
deixaram entrar, não sei o que está acontecendo — Kalie fala
parecendo preocupada e eu fico alerta.

Sinto um negócio esquisito no estômago quando ela falaisso.


Fecho os dedos em um punho, respirando apressado.

— Como ela está? Onde vocês estão? — pergunto, meio


puto. É claro que isso acontecer logo quando eu não estou por
perto.

Kalie me dá o nome do hospital onde elas estão e eu desligo


sem nem ouvir o que mais ela tem para falar. Pego a moto e saio
em disparado pelas ruas de Las Vegas. Ignoro os sinais de trânsito
e as buzinas dos carros e acelero o máximo que minha moto
consegue. Estaciono de qualquer jeito na entrada do hospital e corro
para dentro, mal desviando das pessoas que estão ali.
Acho a recepção e vou até lá.

— Hillary Williams — falo abrupto e a mulher da recepção se


assusta. Não tenho nem tempo para prestar atenção nela. —
Grávida, chegou com a amiga.
A recepcionista me olha desconcertada por alguns segundos
e se fosse outro momento, eu adoraria a atenção que sempre
recebo, mas agora só me deixa mais irritado ainda.

— Hillary Williams — rosno entredentes e ela finalmente


acorda do transe e começa a mexer em alguma coisa no
computador.

— Estou vendo aqui — ela fala olhando para mim. — O


senhor é da família?

— Não — respondo irritado com a demora. Esfrego a barba,


me controlando para não gritar. — Onde ela está?

— Desculpa, senhor, mas só posso liberar informações dos


pacientes para a família.

Bato na mesa, sem paciência nenhuma.

— Escuta aqui…

— Ele é o pai dos bebês — Kalie fala e aparece do meu lado


do nada que nem uma assombração.

Olho para ela irritado e pronto para desmentir, mas a garota


me olha com uma cara de brava que me faz pensar duas vezes.

— Ah, nesse caso… — a recepcionista fala e mexe em


alguma coisa no computador. — Ela está no quarto 302. É só virar à
esquerda.

Não me dou ao trabalho de agradecer e começo a andar na


direção que ela falou, mas Kalie me segura pelo braço.
— O quê?! — pergunto.

Pela primeira vez, ela não me olha como se quisesse me


matar. Kalie me encara com os olhos arregalados e uma cara de
preocupação.
— Não me deixaram entrar com ela porque eu não sou família
— ela fala, mexendo as mãos nervosa. — Ela não tem ninguém,
Michael. Se você puder deixar de ser um ordinário só por hoje…

— Olha como você fala comigo — reclamo. Ela só revira os


olhos e começo a ver por que as duas são amigas.
— Ela precisa de você — Kalie fala.

— Você se importa mesmo com ela — falo e ela me olha


como se eu fosse burro.

— Ela é minha melhor amiga, é claro que me importo com ela!


— Ela coloca as mãos na cintura e me olha toda arrogante. — Se
você parar com esse ataque de criança mimada e deixar a Hillary
entrar na sua vida, vai ver que não tem chance de não morrer de
amores por ela.

Fico olhando para Kalie como se ela fosse louca, porque ela
está se comportando como se tivesse perdido a cabeça. Ela revira
os olhos irritada e acena com as mãos.
— Vai ver como meus sobrinhos estão! — grita.
— Doida — falo e saio andando.

Começo andando, mas acabo correndo na direção do quarto


e quando chego, meus olhos arregalam.

É igual nos filmes, mas muito mais desesperador. Tem várias


enfermeiras do lado de Hillary e um médico. Ela está
choramingando e com o rosto todo vermelho. Fico parado na porta,
sem saber o que fazer. Uma das enfermeiras me vê e pergunta:

— Você é o pai?
Olho para Hillary, que agora está olhando para mim também.
Ela está chorando de verdade. O seu rosto está coberto de lágrimas
e ela morde o lábio.

— Michael… — ela chama baixinho e eu não respondo a


enfermeira, só vou até ela.
Eu nunca achei que ia acabar nessa situação um dia, muito
menos com uma mulher que mal conheço.

— Eu estou com medo — ela fala baixinho e soluça. —


Segura minha mão? — ela pede.

Eu seguro e quase grito quando ela aperta com força e


começa a gritar. O médico fala que é outra contração e que ela já
está dilatada o suficiente.

Somos guiados até uma sala de cirurgia e preciso colocar


uma roupa especial antes de entrar. Quando entro, me aproximo de
Hillary e o médico diz que ela precisa começar a empurrar. Eu não
entendo nada do que está acontecendo, mas volto a segurar a mão
dela mesmo que a garota esteja prestes a quebrar meus dedos.
— Você está bem? — pergunto e passo a mão no cabelo dela
porque não sei o que fazer.

— É claro que não estou bem! — ela grita e me pega de


surpresa. — Ai, meu Deus, eu vou morrer!
— Você está indo muito bem, mamãe — o médico fala. —
Respira fundo.

As coisas ficam muito caóticas de repente e eu fico mais


perdido ainda. O médico manda Hillary empurrar, Hillary não para de
gritar e me xingar de todos os nomes possíveis e, de repente, eu
ouço um choro.

Parece que tudo fica em silêncio do nada e só ouço o choro


agudo de um bebê.

Uma enfermeira para do meu lado com uma tesoura e


sorrindo:
— O papai quer cortar o cordão umbilical? — ela pergunta.

— Eu… eu… — gaguejo igual a um idiota e olho para Hillary.

Ela não está com uma cara boa, mas não acho que ninguém
estaria nessa hora. Ela faz que sim com a cabeça e dá um
sorrisinho. Eu concordo com a cabeça, achando estranho que é a
primeira vez que não quero correr para explicar que eu
provavelmente não sou o pai coisa nenhuma. Pego a tesoura da
mão da enfermeira e corto onde ela me mostra com a mão
tremendo. Olho para o bebê que não para de chorar e sinto um
desespero enorme.
— Ele é tão pequeno — falo,mas mal tenho tempo de pensar
em nada porque Hillary começa a gritar de novo.

— Aqui vem o garotão — o médico falae a manda começar a


empurrar de novo.
Fico sem saber para onde olhar. Olho para onde a enfermeira
levou o primeiro bebê, que tem que ser a garotinha. Olho para
Hillary, começando a ficar preocupado com como ela está pálida, e
seguro a mão dela de novo. O segundo bebê vem muito mais rápido
dessa vez e eu façoa mesma coisa que a enfermeira mandou para
cortar o cordão umbilical. Quando olho para Hillary de novo, ela está
desmaiada.

— Hillary? — grito e as enfermeiras se aglomeram ao redor


da cama.
Eu sou empurrado para o lado e grito o nome dela de novo,
mas não consigo ver mais nada com as várias pessoas ao redor
dela.

— Senhor, vou ter que te pedir para esperar lá fora — uma


enfermeira fala e me empurra para fora do quarto. Ela bate a porta
na minha cara e eu fico parado no meio do corredor, congelado no
lugar.
Puta que pariu, o que está acontecendo?!

Acabo indo de volta para a recepção e explico para Kalie o


que aconteceu. Só piora a situação, porque ela começa a surtar
também. Fico andando de um lado para o outro por alguns minutos
que mais parecem horas. Quem é que em sã consciência passa por
isso, cacete?! Demora um pouco, mas o médico aparece para dar
notícias.

— Está tudo bem com a Hillary — ele fala com uma cara
tranquila que devia me acalmar também. Não sei nem por que estou
tão agitado assim, mas não passa. Olho por cima do ombro dele,
tentando ver Hillary, mas não consigo.

— O que aconteceu? — Kalie pergunta.

— Ela só teve um desmaio porque a pressão caiu. Hillary está


bem, só precisa descansar por algumas horas, então vamos mantê-
la em observação por um tempo. — Ele olha para mim com um
sorriso simpático. — O senhor pode ver os seus filhosagora, senhor
Jones.
Travo no lugar sem saber o que fazer. Kalie cutuca meu
ombro e eu olho para ela. A garota está com os olhos brilhando e
um sorriso enorme.

— Eu posso ver meus sobrinhos? — pede igual a uma


criança feliz.
Faço que sim com a cabeça e só sigo Kalie até o quarto onde
o médico falou que Hillary está. Quando entro, vejo dois berços
pequenos com dois bebês menores ainda dentro. Um com um
cobertor rosa e o outro com um cobertor azul. Olho para Hillary e
vejo que está dormindo igual a um anjo. Nem parece o mesmo
capeta que é o tempo todo quando está acordada.

Paro do lado dos bebês e olho para eles. Hillary me disse os


nomes que ela quer para as crianças e eu ficotentando descobrir se
eles têm cara de Josh e Sally, mas não sei. Todos os bebês têm a
mesma cara para mim. Não que eu tenha visto muitos de perto.

— Eles são lindos — Kalie fala.

Não consigo tirar os olhos dos dois. Sinto uma coisa estranha,
que nunca senti antes.

— Você não vai pegar eles no colo? — ela pergunta e estou


começando a ficar irritado com essa garota insistente.
— Não sei segurar bebê — respondo seco.

— Bobagem, eu te ajudo — ela fala e pega um dos bebês no


colo. — Oi, coisa mais linda da titia — ela fala para o menino e o
traz para mim. — Coloca os braços assim que nem os meus.

— Não é uma boa ideia.

— Michael Jones, você vai segurar o seu filho!— ela sussurra


meio estridente e eu reviro os olhos. Era só o que me faltava, outra
garota irritante achando que pode me dizer o que fazer.

Quanto mais eu olho para o menino, mais esquisito me sinto.


Acabo concordando e tentando colocar o braço do jeito que ela
manda. Kalie coloca o bebê nos meus braços e eu congelo no lugar
com medo de deixar cair.

Não sei o que fazer com ele e olho para a menina ainda no
berço. Como faz para segurar dois bebês ao mesmo tempo? Não
sei nem o que fazer com um só.

Fico olhando para eles e para Hillary, confusode um jeito que


nunca fiquei na vida. Nunca precisei me preocupar com nada nem
com ninguém, e agora isso.
Se eles forem meus mesmo… São dois bebês.

Por um momento, eu até penso que não ia ser tão ruim assim
se eles fossem meus.
Capítulo dez –Michael Jones

Hillary ficou no hospital por alguns dias porque o médico


queria ficar de olho na pressão dela, mas menos de uma semana
ela já veio para cara. Eles disseram que foi só um susto, mas que
ela precisa descansar. Eu só não sei como faz para descansar com
dois bebês em casa que não dormem e não param de chorar o
tempo inteiro.

Eu insisti para contratar uma babá, mas ela está decidida a


fazer tudo sozinha e eu estou prestes a enlouquecer.

Saio para a varanda do apartamento para fumar e


desestressar um pouco porque eles finalmente dormiram e Hillary
dormiu também. Passo um tempo olhando para a cidade até que
meu celular começa a tocar e eu atendo antes que o barulho acorde
todo mundo de novo e o choro recomece.

— Como está o papai do ano? — Chris pergunta e eu fico


bem tentado a arremessar o celular longe.

— Me erra — respondo e trago o cigarro de novo.


— Esse mau humor todo é falta de trepar — meu primo fala.
Eu reviro os olhos, mas ele está certo. Nunca fiquei tanto tempo
assim sem ver uma boceta na minha frente.

Faz meses desde que Hillary apareceu na minha vida e eu


nunca mais saí com mulher nenhuma por causa desse acordo
idiota.
Ainda não acredito que ela recusou meu beijo. Ninguém
nunca recusou me beijar. Não sei nem o que pensar disso, mas
confesso que essa garota é mais interessante do que pensei.

Ela é estranha. Parece toda doce e delicada, cora por


qualquer coisa, mas vive com o nariz empinado me desafiando e
brigando comigo. É uma combinação esquisita que me deixa com
tesão, e a última coisa que eu deveria sentir por essa garota é
tesão.

— Só te liguei pra saber pra quando você quer marcar o


exame de DNA — Chris fala e eu franzo as sobrancelhas.

Não acredito que esqueci disso. Com tudo o que aconteceu,


com o desmaio de Hillary e toda a confusão de acomodar dois
bebês nesse apartamento, eu esqueci.
— Michael? — Chris fala quando não respondo nada por
muitos minutos.

— Depois — falo e jogo a bituca de cigarro no chão. Esmago


com o sapato, irritado com esse assunto todo. É a vez do meu primo
ficar mudo no telefone.

— Depois? — ele pergunta sem entender. — Você está


falando sem parar nessa merda há meses e não vai sair correndo
para fazer o exame?

— Eu disse depois — respondo grosso. Chris dá uma


gargalhada enorme.

— Michael Jones, quem te viu, quem te vê.

Ele ri mais um pouco e fala:


— Já que é assim, me fala quando eu vou poder visitar os
bebês.

— Não sei quando pode. Eles têm que tomar umas vacinas,
tem que ver com a Hillary, não entendo nada disso.
— Virou o pai do ano e agora tem que pedir permissão pra
mulherzinha, é? — ele continua provocando.

— Vai se foder, Chris — falo e desligo o telefone quando o


babaca continua rindo.

Fico na varanda por mais um tempo, mas começa a ficar frio e


eu entro de novo no apartamento. Me surpreendo quando vejo
Hillary na cozinha e vou até lá.

— Você devia estar em pé? — pergunto quando vejo que está


se servindo um copo de água.

Ela balança a cabeça e sorri.

— Eu tive filhos, Michael. Não estou doente — ela fala, mas


boceja no meio do caminho. — Eu estou exausta. Não durmo direito
há dias.

— Vai dormir então — falo dando de ombros.

Ela parece mesmo cansada.

— Eu só queria pegar as matérias que estou perdendo na


faculdade no meu e-mail para tentar ler alguma coisa enquanto eles
estão dormindo — ela fala.

— Pelo amor de Deus, garota! — reclamo e chego mais perto


dela. — Você não vai morrer se esperar uns meses para se formar.
Não é como se estivesse morando na rua.

Ela me olha com cautela.

— É, mas posso a qualquer momento — ela fala dando de


ombros. — Eu não tenho pais ricos nem nada do tipo. Eu sei que
você só está me deixando aqui por causa dos bebês, mas a
qualquer momento você pode me mandar embora. Eu lembro
daquele contrato que você me fez assinar, só diz que você vai
cuidar dos nossos filhos. E eu quero poder cuidar deles também.

Esfrego o rosto e aperto os olhos. Só dor de cabeça. Custa


essa garota só fazer o que é esperado uma única vez?

— Eu não vou te colocar para fora— faloapertando os olhos.


— Você, Josh e Sally podem ficar aqui o tempo que precisar.

— Sério? — ela pergunta surpresa.


— Sério. Você pode ficar aqui, eu prometo.

Olho para ela e chego mais perto. Coloco a mão no ombro


dela e olho para o seu rosto com atenção. Mesmo dormindo pouco e
ainda se recuperando do parto, Hillary está linda. De um jeito
diferente que estou acostumado, porque normalmente as mulheres
que eu vejo estão super produzidas para as festas.

Acho que nunca fiquei perto de mulher nenhuma que não


estava coberta de maquiagem e roupas sexy. Mesmo sem nada
disso, a loirinha é a coisa mais bonita que eu já vi.

Fico olhando para a boca dela, pensando naquele beijo que


ela negou.
— Eu posso ficar se eu deixar você fazer o que quiser
comigo, né? — ela pergunta ofendida e olho para os olhos irritados
dela.

— O quê?

— Eu não sou idiota, Michael — ela fala e mexe nervosa no


cabelo. — Eu sei como homens como você são… Principalmente
você que continua achando que eu sou uma vadia interesseira. Eu
não sou.

Só quando ela falaisso que eu percebo que o jeito que eu via


Hillary mudou um pouco desde quando eu a conheci. Não acho que
ela é a melhor pessoa do mundo inteiro e ainda acho que o jeito que
ela apareceu do nada na minha vida é suspeito ou no mínimo
absurdo, principalmente porque eu ainda não sei o que aconteceu
na noite que supostamente esses bebês foramfeitos.Mas não acho
que ela é uma vadia interesseira mais.
— Você não precisa fazer nada, garota — falo irritado com a
sugestão dela. — Já disse que você pode ficar. Não precisa discutir
comigo para tudo.

Ela pisca várias vezes e abre a boca surpresa. No fim, dá um


sorrisinho.

— Obrigada — fala e fica na ponta dos pés para beijar meu


rosto.

Hillary demora a se afastar de mim e tenho a impressão de


que está me cheirando. É bem o tipo de coisa que essa garota
esquisita faria e eu acho graça.
— Você pode tomar banho antes de ir ver os bebês? Se você
for ver os bebês…

— Você está dizendo que eu estou fedendo, garota? —


pergunto chocado. Ela dá uma risadinha e eu gosto do som mais do
que eu devia.
— Você está com cheiro de cigarro, vai fazer mal para eles.

Hillary boceja e esfrega o rosto.


— Acho que preciso dormir mais um pouco — ela fala e eu
não respondo, porque não sei o que dizer.

Ela sai da cozinha e eu fico pensando no que fazer agora.


Acabo indo tomar banho mesmo achando que isso tudo é um
exagero. Quando estou colocando outra roupa, acabo vendo uma
caixa que deixei no armário anos atrás e nunca mais usei. Eu nem
costumo olhar muito para ela, mas está tudo de cabeça para baixo
na minha vida mesmo, então por que não?
Pego a caixa e abro, olhando para o material de desenho que
eu coloquei aqui e jurei nunca mais usar. Isso é culpa da Hillary que
fica fazendo pergunta sobre a minha vida e do meu pai que fica
fazendo todas as vontades dela e contando coisa que não devia.
Fazia anos que eu não pensava em desenhar, mas desde aquela
conversa dos dois, a ideia não sai da minha cabeça.

Sinto meu peito doer porque me lembra demais da minha


mãe. Fico com raiva de nunca ter conseguido continuar
desenhando. Meu pai nunca aceitou essa ideia porque trabalho de
verdade para ele é só ficar trancado no escritório várias horas por
dia e nunca ver o filho.
O velho só faltou ter um ataque do coração quando eu disse
que queria ser artista igual à minha mãe. Mesmo depois de eu ter
desistido, ele continua fazendo minha vida um inferno.Não basta ter
acabado com o meu sonho, quer que eu viva meu pesadelo
também. Nem fodendo.

Penso mais um pouco e acabo pegando o bloco de desenho


pela primeira vez em anos. Vou até o quarto dos bebês e encontro
os dois dormindo. Sento na poltrona que Hillary tem aqui e que usa
para dar de mamar para os dois e começo a rabiscar no papel.
Fico aqui um tempo, nem sei quanto. Arranco várias folhas e
amasso, jogando no chão porque o desenho está uma porcaria.
Estou tão concentrado no que estou fazendo agora que tomo um
susto quando Hillary aparece na porta.

— O que você está fazendo? — ela pergunta.

O cabelo está molhado então sei que acabou de tomar banho.


Mesmo assim, ela está usando só um roupão fino demais que me
deixa ver o contorno todo dos seios que estão enormes. Não
consigo parar de olhar.

— Você não ia dormir? — pergunto com a voz rouca de tesão.


Porra, faz muito tempo mesmo que eu não fodo.
— Eu dormi. Faz umas cinco horas.

Arregalo os olhos. Não vi o tempo passar. Ela entra no quarto


e vai no berço de cada um para ver como eles estão e depois vem
até mim.

— Eles acordaram? — ela pergunta.


— Não. Dormiram esse tempo todo.

Ela sorri e olha para os filhos.

— É a primeira vez que dormem tanto assim sem acordar


nenhuma vez. Devem gostar da companhia do pai.

Pigarreio e paro de olhar para ela, incomodado com o que ela


falou. Hillary chega mais perto e olha para o que eu estou fazendo.
Meu impulso é esconder o desenho, mas ela praticamente toma da
minha mão. Hillary coloca a mão sobre a boca em choque.
— Michael… — fala emocionada e me olha com os olhos
brilhando. — É lindo.

Dou de ombros.

— Não é nada de mais — desconverso, mas ela insiste.

— É lindo. Você desenhou nossos filhos — fala com um


sorriso enorme.

Sem que eu espere, Hillary senta no meu colo e eu congelo


com os braços abertos sem saber o que fazer quando ela me
abraça.

— Posso ficar com o desenho? — ela pede e eu só concordo


com a cabeça. Garota estranha. — Você vai ser um ótimo pai.

Rio dela, porque não tem a menor chance de isso ser


verdade.

Ela me olha com carinho e coloca a mão no meu rosto.


— Eu sei que você tem uma relação complicada com o seu
pai e é por isso que eu sei que você vai ser um bom pai. Você não
vai deixar os seus filhos terem uma relação ruim com você.

— Você é louca, isso sim — eu respondo, mas fico pensando


no que ela disse.

Olho para os dois berços e sinto uma coisa estranha no peito.


Estou começando a gostar desses dois.
Capítulo onze –Hillary Williams

Nossos filhos são as coisinhas mais lindas que o mundo já


viu. Não achei que fosse possível sentir tanto amor por criaturinhas
tão pequeninas em tão pouco tempo.
Hoje eles estão fazendo quarenta e cinco dias. Meu
resguardo acabou somente hoje, mas meu corpo já está
incrivelmente recuperado do parto doloroso que tive.

Estava morta de medo de ser cortada em uma cesariana, mas


ainda bem que eu tive passagem para um parto normal. Apesar de
achar arriscado por serem dois e eu ser muito pequena, o médico
respeitou minha decisão após ver que eu estava bem dilatada. A dor
foianormal, mas gosto de lembrar que sobrevivi e que hoje sou mãe
de dois bebês saudáveis e fortes, que nasceram grandes demais
por serem gêmeos.

Um orgulho imenso me tomou quando saímos do hospital


apenas uma semana depois, ao ver que eles estavam perfeitinhos,
sem problema nenhum em nenhum órgão e do tamanho ideal para
irem para casa. Desmaiei de esgotamento, sim, mas quem liga para
mim? O importante é que eles estão bem.

Eu amo muito meus pequenos.

Hoje vamos receber as primeiras visitas deles e estou


nervosa, porque vou conhecer parte da famíliade Michael. O senhor
Jones fez questão de marcar um jantar para mostrar os netos para
seu irmão, esposa e sobrinho e estou ansiosa demais. O pai dos
meus filhos não curtiu muito a ideia, mas não pôde contrariar seu
pai. É difícil dizer não para aquele homem, já notei que ninguém
ousa fazer isso.

— Está pronta? Podemos desmarcar se estiver cansada


demais. Ou quem sabe passando mal. — Ergo os olhos de Josh,
que está pendurado em um dos meus seios, para encarar Michael.
Sally dorme tranquila no berço, alheia à movimentação do quarto.
Nego com a cabeça para o pai deles e sorrio para sua tentativa de
fuga, mas logo volto a olhar para meu pequeno.

— Não, graças a você, estou conseguindo descansar.


Obrigada por isso, aliás. Por ficar com eles durante o dia para que
eu possa dormir.

— Não tem problema.


Olho para ele sem piscar ao ver que está com as tatuagens
que aprendi a admirar expostas. Os braços são completamente
preenchidos pelas gravuras coloridas e combinam bem demais com
ele. Babei muito nele nos últimos dias. Michael pode não perceber,
mas está se tornando um pai incrível. Ele quer passar todo o tempo
em que está aqui ao lado dos meninos. Sempre está perguntando
se eles estão precisando de alguma coisa.

Aliso o cabelo escuro de Josh, suado e grudado na testa


depois de uma mamada gostosa. Assopro o rostinho lindo e sorrio
para meu bebê.

— Alguém já chegou? — pergunto e ergo os olhos para


Michael, vendo que está parado me observando.

— Ainda não.
— Já vou descer. Daqui a pouco as ferinhas acordam, então
eles vão poder babar bastante nos dois — digo rindo e ele concorda
com um sorriso leve. — Quer o colocar para arrotar?

O homem apenas se aproxima sem dizer nada e pega o


pequeno dos meus braços. Ele não dispensa a oportunidade de
estar sempre com um deles nos braços. Eu não posso mentir e dizer
que esses momentos assim não me aquecem por dentro mais do
que eu gostaria.

Michael e eu não tivemos mais nenhum contato íntimo depois


daquele beijo em que eu fugi, mas várias vezes o vi olhando para
meus lábios e para meu corpo. Eu também o olho, mas não tenho
coragem de me aproximar demais.

Por mais que eu o deseje, ainda estou muito insegura com


várias coisas. Com meu corpo, que mesmo tendo se recuperado
bastante, não está como antes. E com ele. Apesar de estar se
comportando de forma decente desde que me mudei para sua casa
e que os gêmeos nasceram, ainda é ele.

Acho difícil que o bad boy cafajeste tenha chance de


redenção. Ele pode ser um pai incrível, como já vem sendo, mas
não o vejo como um homem de compromisso. Não o vejo enlaçado
a ninguém. Não consigo imaginar um futuro com um homem que
não se lembra nem de como os filhos foram feitos.

Solto uma risadinha quando escuto o arroto alto que nem


parece que vem de Josh, um bebezinho tão fofo,e me levanto da
poltrona de amamentação para ver como Sally está. Ela dorme feito
um anjo, isso só para não dormir na hora que deve.
Ela se parece mais comigo. Os cabelos são claros, os olhos
verdes e a pele branca demais. Mesmo sem falar nada, sei que
Michael reconhece traços dele em Josh. Apesar de serem coisas
comuns, é possível ver semelhanças. O formato do rosto, o dos
olhos, a cor deles.

Estou ansiosa. Dia após dia, espero pelo momento que o


homem vai pedir o exame de DNA para comprovar a paternidade,
mas ele nunca vem. Não sei se fico feliz ou desesperada com a
demora.
— Oi, família. — Eu me viro quando vejo o tal primo de
Michael, o que todo mundo fala, mas que nunca tinha visto
pessoalmente até hoje. — Atrapalho? A funcionária deixou a gente
entrar porque vocês estavam ocupados sendo papais.

— Silêncio, porra. Vai acordar o moleque — Michael briga e


eu prendo o riso ao vê-lo tão protetor com o filho.

Eu me aproximo de Chris e estendo minha mão. Ele sorri de


forma sedutora para mim e vejo que é só mais um dos que carrega
a beleza da família. Eles são todos muito lindos. Depois de me
cumprimentar, Chris se aproxima do primo e olha para o bebê que
dorme no ombro do pai.

— Porra, ele parece contigo quando era pequeno — Chris diz


com os olhos arregalados olhando para Josh, mas Michael não fala
nada. — Quem diria que um dia eu ia te ver assim, primo.

— Vá se… — O xingamento é interrompido pelo chorinho de


Sally. Eu faço sons com a boca para que ela se acalme enquanto
vou até lá para a tirar do berço e Chris se aproxima.
— Uau. Vocês vão ter muito trabalho com ela. Oi, princesinha.
Eu sou o tio Chris. Posso a segurar?

Aceno com um sorriso e a entrego para ele. Solto uma


risadinha como o homem a segura como se fosse um tesouro,
colocando as mãos grandes atrás dela toda para não correr o risco
de ela cair. Ajeito o vestidinho dela que se ergueu e ele sorri de
forma carinhosa para mim.
— Ainda bem que você é a mãe, porque se fossem puxar só
a feiura do meu primo… É um prazer finalmente conhecer você,
Hillary.

— Obrigada — digo, sentindo meu rosto quente. — É um


prazer te conhecer também. Todos falam muito de você.

— Chris, dá para você vazar daqui? Já não basta ter


acordado a Sally.

O homem ri e me entrega minha pequena antes de sair. Antes


de ir, Chris faz algum gesto que não consigo ver, mas sei que fez
algo porque Michael o xinga.
— Gostei dele.

— Porra nenhuma. Vamos até lá para a guerra que nos


espera — resmunga e sai do quarto dos dois bufando de raiva,
ainda com nosso filho no ombro. Ajeito minha pequena nos meus
braços e o sigo, ouvindo as vozes do pessoal antes mesmo de
chegar à sala de visitas.
Assim que me veem, eles se aproximam de mim. Seu William
praticamente arranca a neta dos meus braços.
— Como vocês são lindos! Legítimos Jones. Perfeitos. — Os
olhos dele se enchem de lágrimas não derramadas e vejo que
Michael o olha com surpresa. — Como está, filho? Parabéns. Estão
fazendo um ótimo trabalho. Estou orgulhoso de você.

Fico observando as reações de Michael. Ele não retruca


dessa vez e não parece carregar toda a raiva que sempre parece
direcionar ao pai. Sou apresentada a Brad, o irmão de William, que
é mesmo idêntico a ele, exceto pelos cabelos que parece pintar
porque são todos pretos. O homem é charmoso e ainda mais alegre
do que o avô dos meus filhos, mas são ambos cativantes. Além
dele, conheço sua esposa.
— Seus bebês são adoráveis — ela me diz, sorrindo ao ver
os homens brigando pela atenção deles.

— Obrigada. Eles são mesmo.


Nós ficamos conversando ali por algum tempo antes de o
jantar ser servido. Me sinto bem com eles e o nervosismo que
estava antes foiembora. Eles perguntam sobre minha família,sobre
meus planos para o futuro, sobre minha faculdade e meu
planejamento para futura carreira como publicitária. Eu me vejo
falando demais enquanto o olhar de Michael não sai de cima de
mim.

Quando os funcionários da casa finalmente anunciam que a


comida está pronta, a gente segue até a sala de jantar. Michael se
senta de frente para mim e Chris logo vem para o meu lado.
— Eu sabia que ele ia ficar fisgado por você — ele sussurra
no meu ouvido e eu salto pela proximidade inesperada. — Veja
como ele está se contorcendo na cadeira de ciúme agora, querendo
me matar por estar aqui tão perto de você e por ele não ter tido a
coragem de se sentar ao seu lado com medo de demonstrar
demais.

— Eu… — Ergo os olhos para Michael e prendo o riso ao ver


que ele está mesmo se remexendo na cadeira olhando para nós
dois. — Não acho que seja isso.
— É, eu te garanto. Conheço meu primo bem demais. Ele vai
demorar a admitir, provavelmente vai fazer uma merda antes disso.
Mas se você o quiser, ele é seu. Já está na palma da sua mão.

Aceno em concordância, mesmo não concordando, e não


digo mais nada, mas aquilo fica se remoendo na minha mente pelo
resto da noite.
Será que…? Não. Então por que ele nunca mais tomou a
iniciativa? Se ele desenvolveu algum sentimento além de ódio por
mim, por que não me trata como uma mulher? Sinto saudades dos
seus toques, mas ao mesmo tempo gosto que ele respeite a
distância que eu impus quando rejeitei seu beijo.

A gente come entre risadas e conversas animadas. Os bebês


estão ao lado do avô e do seu irmão Brad. Eles não desgrudaram
dos gêmeos a noite toda.

— E então, meninos, quando vem o casamento? — Brad


pergunta e eu tampo a boca com o guardanapo para não cuspir a
água que estava bebendo.

Engasgo e Chris dá tapinhas nas minhas costas, rindo pela


minha reação exagerada. Eu o agradeço depois de conseguir parar
de tossir e olho para Michael.

— Em breve, eu espero — ele responde com um sorriso que


não mostra os dentes e me encara de um jeito intenso que nunca vi.

— Que bom que achou uma mulher como a Hillary, filho.Ela é


uma em um milhão.

— Obrigada, William — agradeço sem graça, porque ele


parece me ver muito mais perfeitado que realmente sou. Mas gosto
de me sentir valorizada pelo avô dos meus netos.
Jamais vou poder agradecer o homem o suficiente, porque
querendo ou não, foi ele o responsável por colocar um pouco de
juízo na cabeça do filho. Mesmo que pressionado, Michael assumiu
a responsabilidade pelos seus filhos.

Depois que a sobremesa é servida, o falatório ainda segue


por mais algumas horas.

— Com licença, vou ao banheiro. Já volto.

Eu vou em direção à suíte em que estou ficando desde que


me mudei e me olho no espelho para conferir a aparência antes de
fazer xixi. Lavo as mãos em seguida e saio do quarto, me
assustando ao ver o senhor Jones ali.

— Desculpa te assustar, querida. Eu queria te agradecer.

— Pelo quê? — pergunto sem entender.

— Por ter feito em alguns dias o que não consegui fazer em


anos. Por ter trazido meu filho para a realidade.

— Eu não…
Ele acena antes que eu consiga falar nada e sorri para mim,
me abraçando rapidamente antes de beijar minha testa. Eu ficosem
reação pelo gesto carinhoso.

— Você pode não perceber, mas eu percebo. Obrigado pelo


jantar. É sempre um prazer passar um tempo com meus netinhos.
Vamos deixar vocês descansarem agora.

Ele me leva de volta para o pessoal com a mão passada no


meu ombro. Antes que possamos sair do corredor, eu peço que ele
espere um pouco e corro até o quarto dos meninos. Abro a pasta
que estou montando e tiro um dos muitos desenhos que têm ali.
Michael desenha os filhos todos os dias em que cuida deles
enquanto durmo durante o dia. Ele sempre tenta jogar fora, mas eu
o proibi. Sorrindo, levo até o senhor Jones e o entrego.

— Para o senhor. Sei que nem sempre é fácil apoiar os filhos


nas escolhas, William, mas ele é muito bom.

O homem olha com curiosidade para o desenho realista que


Michael fez. Não está nem finalizado com a pintura, mas já é toda a
perfeição.

— Quando ele desenhava, me fazia lembrar de Nora. — Ele


tampa a boca, parecendo emocionado ao ver o talento do filho. —
Obrigado. Vou guardar isso.

Ele dobra o papel com cuidado e o coloca na carteira. Mal


guarda o objeto no bolso e Michael aparece ali.

— Algum problema?

— Nada, meu filho.— O senhor sorri para mim e se aproxima


do filho, o abraçando. Michael parece surpreso e fica parado antes
de finalmente passar os braços ao redor do pai. — Foi bom ver
vocês, mas nós já vamos.

Michael apenas acena, ainda paralisado. Ele olha para mim e


eu abro um sorriso fraco antes de seguir os dois de volta para os
convidados. Rapidamente todos eles se levantam e se despedem,
dizendo que em breve voltam para mais visitas. Eles me convidam
para conhecer a casa deles e prometo que vou retribuir a visita,
mesmo sem saber se isso vai chegar a acontecer.
Meu futuro está muito incerto, apesar de tudo.

A gente acompanha todos eles até a porta e aceno um tchau.


— Eles são ótimos — digo para o homem quando finalmente
ficamos sozinhos.

— Quando estão dormindo — resmunga, mas abre um sorriso


fraco em seguida.

Nunca dá o braço a torcer.

Sacudo a cabeça e levo o carrinho dos gêmeos para o


quartinho deles. Depois de serem passados de braço em braço, eles
se cansaram e dormiram. Por um milagre de Deus. Não sei até
quando, mas pelo menos vou conseguir descansar um pouco até
acordarem de novo, já que estão alimentados. Eu os coloco no
berço, ativo a babá eletrônica e deixo a porta entreaberta para o
caso de chorarem.
— Dormiram? — Michael está parado no corredor e eu aceno.

— Acredita que sim? A noite foi agitada para eles. Seria pedir
demais que dormissem até de manhã? — Faço uma careta e ele
sorri abertamente. — Minhas olheiras iam agradecer.

— Você está linda. Mesmo com elas — ele fala, sincero


demais. — Digo… Isso não deixa seu rosto mais feio.

— Obrigada, Michael — respondo rindo. — Boa noite.

Eu me aproximo dele e beijo sua bochecha, um gesto que


percebo que o faz prender a respiração. Gosto desses pequenos
gestos que demonstram que eu mexo com ele. Quando não
responde, ando até o meu quarto e encosto a porta, ficando
escorada ali por alguns segundos com o coração acelerado.
Até quando eu vou resistir ilesa ao que está crescendo dentro
de mim dia após dia?
Capítulo doze –Hillary Williams

Depois de tomar um banho quente e longo como há muito


tempo não fazia, porque os bebês só me deixam tomar duchas
rápidas, me sento na cama e configuro a babá eletrônica. Sorrio ao
ver que os gêmeos estão mesmo cansados porque não acordaram
para a mamada da madrugada ainda.
Sinto sede e aperto o robe que uso mais no meu corpo para ir
até a cozinha. Encho um copo sem acender a luz porque a cozinha
é iluminada pelas grandes janelas de vidro.

— Quando eles estão dormindo, você não dorme? — Solto


um grito fino e me viro de uma vez em direção ao som, derrubando
um pouco de água em mim no processo.

— Michael! Quer me matar?

— Me surpreenda que não tenha me visto sentado aqui.

— Estava distraída.

Fico quieta até meu coração voltar a bater normalmente e o


olho brava depois. Ele abre o sorrisinho petulante que ainda me faz
querer bater nele. Não é porque está no processo de se tornar um
bom pai que ele deixou de me irritar.

— E você? O que faz aqui além de tentando matar as


pessoas de enfarto?

— Estou sem sono. Tive a mesma ideia que você.


Ele ergue o copo d’água em frente ao rosto e o aponta para
mim antes de virar o resto do líquido. Bebo a minha com a mão
ainda trêmula enquanto Michael se aproxima da pia para deixar o
copo agora vazio.

Seu corpo ficaperto do meu e sinto o cheiro de banho recém-


tomado. Fecho os olhos e dessa vez é meu corpo que começa a
tremer de leve pelo nervosismo.
— Er… Boa noite, Michael — digo baixinho e tento andar de
volta para o quarto quando ele se vira para mim, mas sou impedida.
Ele apenas toca os dedos nos meus e eu travo.

— O que você estava conversando com meu pai mais cedo?


— pergunta com a testa franzida.

— Nada. Ele só estava agradecendo pelos netos. — Omito


parte da verdade porque não sei se ele ficaria bravo comigo se eu
contasse que entreguei um dos seus desenhos para seu pai.

— Eles gostaram muito de você.

Michael parece surpreso ao dizer isso, porque o vinco na sua


testa fica mais fundo e ele encara o nada por alguns segundos
antes de voltar a olhar para mim.

— E eu gostei bastante deles também. São todos muito


receptivos. Seu primo Chris é o máximo, agora entendo o motivo
de…

— Eu vi que você o adorou — ele diz ácido e me encara de


um jeito muito puto. — Não dê intimidade demais para ele, porque
Chris não vale nada.
Empino o queixo pelo tom autoritário de quem acha que pode
mandar em mim. Eu hein. Está para nascer homem que vai me dizer
o que devo ou não fazer da minha vida. Infelizmente, o único quem
podia já faleceu, que era o meu pai.

— E você vale? — A pergunta sai antes que eu possa


controlar e me arrependo de imediato, porque ele fica bravo e não
quero discutir agora. Michael trava a mandíbula com força e fica
com o rosto quase colado ao meu.

— Não valho, mas você me escolheu para ser o seu primeiro


mesmo assim, não foi? Não foi o que você me disse?

Meu rosto fica vermelho feito um pimentão de vergonha e eu


desvio os olhos dos dele.

— Porque eu achei que fosse diferente. O homem daquela


noite era gentil, atencioso e galante — falo baixo, criando coragem
para olhar para ele. — Julgamento errado. Acontece.

— Eu duvido muito que eu tenha sido gentil enquanto te fodia,


Hillary. Não faz o meu estilo. Gosto de foder gostoso, duro e bruto.
Aposto que você ainda me sentiu na sua boceta no dia seguinte.

Respiro de maneira descompassada quando ele sussurra


essas coisas contra meu rosto. A mão vai até meus cabelos e os
puxam com força, e eu fecho os olhos. O coração espanca minha
caixa torácica com tanta força que acho que vai saltar daqui a
qualquer momento.

— Fala para mim. Eu comi você gostoso? Me relembre.

— Não, você foi…


— Não mente para mim. Não estou falando de como te tratei
antes — murmura rouco no meu ouvido, a voz cheia de um tesão
que me faz apertar as pernas. — Estou falando na cama. Eu te fodi
com força?

— Sim… — assumo, fechando os olhos e relembrando seu


toque em cada canto do meu corpo.
Quando a boca de Michael vem até meu pescoço, gemo alto
e o aperto no meu cabelo se intensifica. Ele chupa cada pedaço de
pele exposta e controlo meus gemidos. Tento fechar as pernas para
tentar aplacar o prazer que sinto na minha intimidade, mas Michael
se enfia no meio delas para me impedir. Sem aguentar mais não ter
sua boca na minha, puxo seu rosto e o beijo.

Surpreso, ele geme baixo nos meus lábios, quase saindo


como um rosnado, antes de enfiar a língua na minha boca. Sou
esmagada contra o armário embaixo da pia pelo corpo enorme que
cobre o meu inteiro. As mãos dele descem até minha bunda e a
apertam com força, deixando um latejamento quando se afastam
para as coxas.
O toque dele queima minha pele e me faz querer mais.

Desde que me entreguei a ele e engravidei na minha primeira


vez, não dormi com mais ninguém. Minha preocupação estava toda
na minha faculdade e depois nos meus bebês, a última coisa que
passou pela minha cabeça foi transar de novo.

Os dedos habilidosos de Michael vêm para o laço do meu


robe, o desfazendo muito rápido. Ele rosna contra a minha boca e
se afasta para olhar para meus seios expostos. Tento me cobrir,
mas ele nega com a cabeça e não deixa. O pai dos meus filhos não
fala nada por muito tempo e eu sinto meu rosto quente.

— Você tem a porra do corpo mais bonito que eu já vi.

— Mentiroso — digo baixinho.

Abaixo a cabeça., vendo os seios enormes de leite, mas que


murcham assim que os bebês mamam. Nunca foram grandes, isso
é só uma ilusão temporária. Além disso, tem umas marcas bem
claras das estrias que deram na minha barriga. Nada muito
chamativo, mas que estão ali para me incomodar.

— Não minto, Hillary. Para de se rebaixar. Vejo o jeito que se


olha no espelho. Você continua linda pra caralho.

— Obrigada, Michael. — Sorrio para ele, mas meu sorriso


some quando desce a boca para meu seio.
É uma tortura porque ele chupa todos os cantos, mas evita os
mamilos que necessitam dele. Sinto meu corpo ser erguido para
cima da pia e logo minhas pernas são arreganhadas com
brutalidade, me deixando totalmente exposta.

A língua vem certeira na minha intimidade, bem no meu nervo


mais sensível. Puxo seus cabelos com força por reflexo, mas
Michael não parece se incomodar porque segue me chupando. Os
barulhos que faz ali embaixo me deixam com muito mais tesão.
— Gosto bom da porra. Você é muito gostosa.

Seus lábios estão melados e é erótico demais ver essa cena,


principalmente quando ele os lambe e volta a me chupar. Ele suga
meu clitóris entre os lábios e em seguida mete a língua dentro de
mim, colhendo meu líquido que escorre.

— Tão molhada, Hillary. Molhadinha pra mim, sua safada.

— Você faz isso tão bem. Oh, Deus. Por favor, eu vou… —
Michael enfia dois dedos em mim e os estimula ali dentro enquanto
lambe tudo.

Sinto tudo ficando distante demais quando fecho os olhos,


meu coração acelera, meus dedos dos pés tremem e o orgasmo
vem de uma vez. Preciso me segurar onde dá para não cair. Sinto
as mãos dele me segurando pelas coxas e empurro sua cabeça
para baixo até que meu último gemido saia da minha boca.

Michael sai do meio das minhas com um sorriso cafajeste no


rosto.

— Aposto que faz isso e diz a mesma coisa para todas.


A expressão se fecha de uma vez e ele ergue meu queixo.

— Não faço. — Tento desviar os olhos dos dele, mas o


homem não deixa. — Não costumo fazer sexo oral em ninguém. É
algo muito… íntimo.

— Então por que fez em mim? Não só hoje.

Não sei se acredito nele, mas Michael parece bem surpreso


depois que eu digo isso. Quando falo que o homem foi um
cavalheiro na minha primeira vez, não estou exagerando. Ele me
deixou excitada em muitos níveis. Disse coisas sacanas e foi bruto,
sim, mas gostei de cada segundo e estava muito relaxada.

— Eu te chupei na sua primeira vez?


Aceno em concordância e ele fica pensativo por alguns
segundos. Passa a mão nos cabelos bagunçados pelos meus dedos
e parece abalado.

Apesar de a minha mente gritar para fugir daqui, meu corpo


ainda está excitado pelas coisas que ele me causa. Se for para me
arrepender depois, que eu tenha todos os motivos para isso.
Movida pelo tesão, inclino meu rosto até o dele e lambo seus
lábios. Sinto meu gosto ali, mas não tenho nojo.

Michael se esquece do que quer que estivesse pensando. Ele


me tira da pia e me enlaça no seu corpo, me carregando para o
quarto. Ao invés de ir para o dele, entra no que estou hospedada e
fecha a porta. Ele me coloca na cama e abre várias gavetas até
achar uma fileira de camisinhas que não são minhas.
— Eu queria fazer uma coisa antes — digo antes que ele
coloque a camisinha. — Você me chupou e ninguém nunca mais fez
isso. Você recebe oral com frequência?

— Sim, mas sempre com preservativo. Por quê? Quer me


chupar, loirinha?
Mordo o lábio e controlo a vergonha. Empino o queixo e
aceno.

— Vem cá. — Aceito a mão que ele estica para mim e vou até
ele. Mandão, Michael me faz ajoelhar sem nenhuma delicadeza e eu
me surpreendo em como fico excitada com isso. — Tira minha
bermuda.

Obedeço, descendo o zíper devagar sem deixar de olhar para


seu rosto. Quando desço o tecido, o pau salta, sem cueca, tocando
meu rosto que estava bem perto. Ele sorri safado quando arregalo
os olhos, mas estou curiosa demais para me envergonhar agora.

Engulo em seco e lambo os lábios antes de aproximar minha


boca da pontinha que tem uma gotinha ali. Lambo e observo suas
reações para saber se estou fazendo certo. Já vi alguns pornôs,
então sei o que estou fazendo, pelo menos na teoria.

— Mais forte.

Aperto as coxas quando ele ordena com a voz cheia de tesão.


Coloco mais dele dentro da minha boca e chupo com mais força
como mandou. Michael geme e segura meus cabelos, metendo
algumas vezes na minha garganta.

— Que boca quente. Chupa, Hill. — É a primeira vez que usa


um apelido comigo e eu gosto. Gosto que meu nome esteja na sua
mente, que não use apelidinhos impessoais que poderia usar com
qualquer uma. — Isso. Não vou durar muito tempo. Minhas bolas
estão roxas de tesão por você, garota.

Tento ir mais fundo e me engasgo, mas ele parece gostar.


Sigo em um ritmo constante, chupando mais forte, sentindo minha
mente dormente. Aperto as coxas grossas dele e vejo que gosta do
meu toque nele.

— Vou gozar. Vira o rosto para mim.

Ele se retira rapidamente de dentro da minha boca e acaricia


o próprio pau, gemendo alto, as pernas tremendo, enquanto os jatos
caem no meu rosto. É tão selvagem, tão safado.

Quando finaliza o gozo, ele enfia uma mão no cabelo, fecha


os olhos e parece perder o equilíbrio por alguns segundos.
Aproveito que sua atenção saiu de mim e vou até o banheiro para
lavar meu rosto. Sorrio ao ver minha imagem toda suja e me limpo
antes de lavar e secar minha pele.

Estou tímida quando volto para o quarto, porque agora ele me


encara como se fosse me comer mesmo.

— Não acabei com você — ele falae eu me aproximo. — Tira


o robe pra mim, quero te ver toda.

— Michael, eu…

— Vou te foder na frente de um espelho se você não tirar.


Quero que veja o tanto que você é gostosa. — Eu obedeço mesmo
querendo morrer, me livrando do robe que estava aberto, mas ainda
nos meus ombros. Fico completamente pelada na sua frente e
penso em me cobrir, mas seu olhar de repreensão me impede. —
Olha o que você comigo, já estou duro de novo. Vem cá.

Coloco as pernas ao redor do seu corpo como ele me guia.


Michael estica a mão e se protege com uma camisinha sem tirar os
olhos de mim.

— Senta em mim. Quero ver você balançando os seios na


minha cara enquanto me fode.

Faço o que pede porque estou doida de tesão ainda. Não


acho que isso vá sumir um dia quando estou perto dele, porque
Michael é gostoso demais. O gostoso mais ordinário que esse
mundo já viu. Enquanto monto, aperto seus ombros com as unhas
porque dói um pouco.

— Tudo bem?
— Sim, só uma ardência. Você é grande e aparentemente as
duas cabeças que passaram aqui não me deixaram mais preparada.
— Ele ri contra meu pescoço, mas fica sério quando desço de uma
vez.

— Porra, Hill. Faz de novo.

Eu crio coragem e o empurro para o colchão. Apoio minhas


mãos ao lado da sua cabeça e sento com vontade. Nessa posição,
sinto Michael em lugares muito bons. Consigo controlar até onde
seu pau vai em mim. É muito gostoso.

Ele começa a acelerar, mas eu o impeço, sacudindo a


cabeça, nublada pelo tesão.

— Me deixa fazer. Está ruim?

— Não. Está gostoso demais, garota. Vem mais forte, então.


Obedeço e sento com mais força, gemendo. Inclino meu
corpo e o beijo porque gosto da sua boca na minha. As mãos se
apoiam na minha bunda, mas ele me deixa controlar a velocidade.
Eu gozo muito rápido só de sentir seu calor contra mim e sua
respiração acelerada no meu pescoço.

— Ain, Michael, é tão gostoso. Tão… gostoso.

Desabo nele segundos depois, mas ele não me deixa


descansar. Se retira de dentro de mim e me coloca de quatro na
cama. Com a garganta ardendo, coração acelerado, sinto seu pau
entrar de uma vez em mim. Ainda estou sensível, então arrepio da
cabeça aos pés.
— Minha vez de gozar em você todinha. — Uma mão puxa
meu cabelo para trás e em seguida se encaixa no meu pescoço. Ele
se encosta todo nas minhas costas e me fode. Não tem outra
palavra. — Tem como você ser uma puta e uma mãe incrível ao
mesmo tempo? Me sinto culpado de estar te fazendo de minha
putinha, Hillary. Você é a mãe dos meus…

Ele para, mas meu coração acelera pelo que estava quase
dizendo. Eu choro de emoção, mas escondo enquanto Michael goza
em mim.
Ele ia dizer meus filhos.

Devagar, o homem sai de mim e some no banheiro por tempo


demais. Eu me aconchego nos lençóis, aproveitando para me
esconder dos seus olhos. Quando volta, ele está sério. Sei que vai
se arrepender do que fizemos, do que quase disse para mim, e não
quero deixar que parta meu coração de novo.

— Vou tomar um banho — anuncio e me levanto, ainda com o


tecido enrolado ao redor do meu corpo. — Quando sair, encosta a
porta, por favor.

Eu me tranco ali sem olhar para sua cara e sem ouvir


qualquer coisa que tem para me dizer. É melhor assim. Foi só uma
noite para aplacar o tesão que a gente sentia um pelo outro e só.
Nada mudou.

Pelo menos é isso o que preciso dizer para blindar meu


coração e impedir que Michael o tome para si e o destrua.
Capítulo treze –Michael Jones

Ela está fingindo que nada aconteceu. Hillary não ficou


satisfeitaem me enxotar do quarto dela como se eu fosseum merda
que não merece um segundo da atenção dela. Agora a garota está
fingindo que nada aconteceu e que não faz só algumas horas que
eu estava fodendo aquela boceta gostosa e ela estava gozando no
meu pau.

Primeiro ela aparece do nada na minha vida, grávida, dizendo


que os filhos são meus. Como se isso fosse uma coisa normal de
fazer. Eu nem lembrava que tinha fodido essa mulher antes. Depois
ela foi chorar para o meu pai e se enfiou no meu apartamento. Eu
não queria ver Hillary nem pintada quando ela apareceu, minha vida
era muito mais fácil sem essa complicação toda que ela traz, mas
acabei cedendo. Ela foi se chegando devagarinho e eu não
consegui resistir. Aí primeiro ela nega meu beijo, depois finge que a
foda da noite passada não aconteceu.
Não fazporra de sentido nenhum ela se comportar desse jeito
e eu não estou entendendo qual o joguinho dela. Tem que ter algum,
toda mulher que eu conheci quer alguma coisa de mim, eu só não
consigo descobrir o que Hillary quer.

— Eu chamei a Kalie para vir para cá, tudo bem? — Hillary


pergunta e entra no quarto dos bebês onde eu estou sentado
fazendo outro desenho deles.
Não sei nem por que eu comecei com isso de novo. Fazia
muitos anos que eu não desenhava. Não tinha motivo nenhum pra
desenhar, não tinha nada que merecesse meu tempo.

— A amiga é sua, Hillary, não tenho nada com isso —


respondo grosso.

Continuo rabiscando no papel sem olhar para ela, porque


estou me controlando para não ser estúpido com a garota.

— Mas o apartamento é seu, Michael — ela fala.

— Faz o que você quiser, garota. Me deixa fora disso.

Hillary entra mais no quarto e chega perto de mim. Fecho o


bloco com pressa para ela não ver.
— Michael…

— O que você quer? — pergunto seco e olho para ela.

Hillary me olha com esses olhos enormes que ela tem que só
servem para me irritar mais. Ela precisava ser tão bonita, porra?

Hillary é uma mulher interessante. Não consigo entender


como a cabeça dela funciona e nem sei o que esperar dela. Isso é
excitante, muito mais do que eu devia achar. Ela coloca o cabelo
atrás da orelha e continua me olhando sem falar nada.

— O que é? — pergunto de novo.

Ela respira fundo pela boca.

— Vou chamar a Kalie para passar a noite aqui comigo, sabe,


fazer coisas de garotas que eu não faço já tem um tempo… Ela
pode me ajudar com os gêmeos — ela falae eu continuo esperando
o que isso tem a ver comigo. Ainda mais essa amiga dela que não
vai com a minha cara. — Faz tempo que você não vai na boate. Se
quiser ir hoje… se divertir.

Olho para ela com a boca aberta, sem acreditar que ela
acabou de dizer isso. Daí percebo que nem me dei conta que faz
tanto tempo assim que não vou na boate. Eu parei de ir para lá
quando ela apareceu porque eu sabia que meu pai ia pegar no meu
pé e eu já estava com problema demais para lidar, não precisava de
mais um. Só que nos últimos tempos eu… esqueci.

— Eu devia ir mesmo — falopara ela sem parar de olhar para


o seu rosto, esperando para ver qual vai ser a sua reação. Hillary
olha para o chão e começa a brincar com as unhas, mas não fala
mais nada.

— Divirta-se — ela fala ainda olhando para o chão.


Eu jogo o bloco de desenho de lado. Dou uma risada seca.
Puta que pariu, que merda é essa palhaçada que a minha vida
virou? Ignoro a garota em pé no meio do quarto e vou até os berços
para ver como os dois estão. Vejo que estão dormindo tranquilos
ainda e me sinto esquisito.

Eu me senti de um jeito que nunca achei que ia me sentir


quando vi os bebês. Porra, eles são tão pequenos. Parece que vão
quebrar. Fico preocupado pra caralho com eles o tempo todo e nem
lembrei que faz meses que não sei o que é encher a cara e comer
mulher gostosa sem preocupação.
Passo por ela de novo e Hillary toca meu braço antes de eu
sair. Olho para ela e sou atingido pelo seu rosto coberto de alguma
coisa que não sei o que é. Ela parece querer falar alguma coisa,
mas muda de ideia e solta meu braço de novo.

Eu saio sem olhar para trás porque não sei nem o que está
passando na minha cabeça agora. Porra!

***

— Quem é vivo sempre aparece! — Chris grita quando me vê


e abre os braços para me cumprimentar.

Meu primo faz uns gestos exagerados e dramáticos


apontando para o sofá da área VIP onde ele está sentado cercado
de bebida mulher.

— Você pelo visto ficou bem saidinho na minha ausência —


faloe me sento do seu lado, vendo a dançarina seminua pendurada
no pescoço dele. Chris só ri.

Uma garçonete aparece com um copo de bebida para mim e


eu pego o uísque. Dou um gole e fico brincando com a bebida
dentro do cop.

— A patroa te liberou pela noite? A dona afrouxou a coleira?


— Chris implica e eu olho feio para ele. — Cuidado, Michael. Hillary
não parece o tipo de mulher que aceita qualquer merda não. Deixa
só ela descobrir que você está aqui.
Trago o copo para a boca e rio pelo nariz.
— Foi ela que me mandou vir pra cá — falo seco e viro o
resto da bebida. Chris me olha com os olhos arregalados e é bem
assim que eu estou me sentindo também.

Levanto o dedo e peço outra bebida. A garçonete enche meu


copo de novo.
— O que foique você fez,seu cuzão? — Chris pergunta sério
de repente e me pega de surpresa.

— Porra nenhuma.
— Sei — ele fala sem acreditar. — Eu vi vocês dois no jantar.
Não vem pra cima de mim com essa história de que ela é só a mãe
dos seus filhos não que não cola mais. Você só faltou babar. Está
doido pra foder a loirinha.

Viro o copo de bebida de novo e sinto a cabeça já começar a


girar. Puta merda. É só ficar uns meses sem beber que eu já fico
fraco desse jeito? Era só o que faltava mesmo. Peço outra rodada.
— Eu fodi — falopara ele e os olhos do meu primo arregalam
mais ainda. — Ela me enxotou do quarto dela, passou o dia todo
fingindo que não aconteceu nada e me mandou vir me divertir.

Chris explode em uma gargalhada descontrolada e não para


mais. O palhaço segura a barriga e bate na perna, fazendo um
escândalo.
— Eu gosto dessa garota — ele fala quando para com a
gracinha. — Quer dizer que você fode mal assim? — Chris provoca
e eu mostro o dedo do meio para ele. — Acho que é a primeira
mulher que te recusa.
É. Ela é. Puta porrada no meu ego, não vou mentir, mas não
é nem esse meu problema agora. Eu estou puto de um jeito que
nunca fiquei antes e não sei nem por quê.

Uma mulher se aproxima de onde nós dois estamos, toda


gostosinha dentro de um vestido minúsculo. Ela olha insinuativa
para Chris e depois para mim. Eu conheço muito bem esse olhar e
sei bem o que ela quer.
— Oi, meninos — fala com uma voz enjoada e coloca a mão
no meu ombro.

Seguro o pulso dela e empurro para longe.

— Não encosta em mim — rosno e viro outro copo de uísque.

A garota me olha surpresa e eu reviro os olhos. Mas quando


olho para Chris, ele está com a mesma cara. Esfrego o rosto, sem
paciência para esse lugar hoje. Levanto de uma vez só do sofá e
cambaleio. Não percebi que estava tonto desse jeito.
— Onde você vai? — Chris pergunta. Levanta e vem atrás de
mim quando não respondo — Tá indo onde, cacete?

— Pra casa — respondo e continuo andando.

Preciso segurar no corrimão da escada quando estou


descendo. Enfio a mão no bolso procurando as chaves da minha
moto, mas Chris toma da minha mão quando acho.

— Porra nenhuma que você vai dirigir desse jeito — ele fala e
tira a mão da frente quando tento pegar a chave de volta.

— Vai se foder. Você não é minha mulher pra me dizer o que


fazer.
— Não sou mesmo não, que sua mulher está na sua casa
com seus filhos e não precisa ter que sair correndo pra ir pro
hospital porque você bateu nessa merda.

Empurro o peito dele e Chris nem se move. Babaca.


— Que seja — respondo e deixo ele me arrastar para o carro
dele.

Apago assim que entro no carro dele e só acordo quando


chegamos no meu prédio. Eu sei que não passou muito tempo
porque a boate é bem perto de onde eu moro, mas eu já não estou
sentindo mais tanto o álcool. Parece que os anos de prática
serviram para alguma coisa mesmo. Esfrego o rosto e abro a porta
do carro.

— De nada, mal-agradecido do caralho — Chris grita quando


bato a porta fechada e eu mostro o dedo do meio para ele.

Meu primo fala mais meia dúzia de implicâncias, mas eu


ignoro e vou para o elevador. Quando chego no apartamento, ouço
risadinhas assim que abro a porta. Hillary e a amiga dela estão
sentadas no sofá rindo e comendo pizza. Fico parado na porta igual
a um idiota olhando para as duas nem sei por quanto tempo, porque
Hillary está sorrindo.
Ela nunca sorri desse jeito perto de mim. Porra, ela é linda.
Por que ela não sorri desse jeito perto de mim? Caralho, eu bebi
demais mesmo.

— Michael? — ela fala surpresa e me tira do meu transe.

Fecho a porta e entro no apartamento.


— O que você está fazendo em casa? — ela pergunta.

Eu passo por elas sem mal olhar para os lados. Não estou
confiando muito em mim agora. Não respondo também, só continuo
andando. Ouço a amiga dela murmurar alguma coisa que parece
com “grosso”, mas ignoro também, porque não me importo. Vou
direto para o quarto dos bebês e abro a porta bem devagar para não
acordar nenhum dos dois.

Vou até o berço da Sally e vejo a bebê em uma roupinha cor-


de-rosa e dormindo. Olho para Josh, que está usando a mesma
roupa em azul. Eu não sei o que é essa coisa estranha que sinto no
peito quando olho para eles, mas só quero ficar com os dois o
tempo todo. É ridículo porque eles nem fazem nada. Só dormem,
cagam e choram, mas eu não quero sair desse quarto.

— Michael? — Hillary fala de novo e entra no quarto. — O


que aconteceu? Achei que você ia ficar a noite toda fora.

— Se eu quiser voltar para a porra da minha casa e ficar com


os meus filhosao invés de encher a cara, eu vou voltar pra porra da
minha casa e ficar com os meus filhos, Hillary — respondo olhando
para ela.

Hillary não fala nada por um tempo e me olha com


curiosidade. Ela está usando um pijaminha minúsculo que devia ser
proibido de existir. O short é pequeno o suficiente para não cobrir
nada das pernas dela e a blusa é toda apertada no corpo dela. Os
seios enormes estão quase pulando para fora da roupa e eu não
consigo parar de encarar. Hillary percebe para onde estou olhando e
tenta se cobrir.
— Eu achei que ainda cabia — ela fala envergonhada. — É
de antes de eu engravidar, está tudo meio apertado ainda. Meus
seios…

São a coisa mais gostosa do mundo. Minha boca saliva de


vontade de meter os dois na boca que nem fiz noite passada e meu
pau fica apertado dentro da calça.

— Você vai ficar aqui com eles? — ela pergunta depois de um


tempo que eu nem percebi que passou, porque não consigo parar
de olhar para ela. Eu nunca mais vou beber, é isso. Estou que nem
um idiota.

— Vou — respondo seco e vou para a poltrona que já virou


minha a essa altura. Acho que uso mais o móvel do que Hillary usa
para amamentar os dois. Desabo na cadeira e esfrego o rosto. Tomo
um susto quando tiro as mãos dos olhos e vejo que ela está bem
perto de mim.

— Eu estava pensando — ela começa. — Eu queria levar os


dois para o parque amanhã. Eles nunca foram, a previsão do tempo
disse que o dia vai estar bonito e é dia de semana, vai estar mais
vazio. Você quer ir com a gente?

— Passear no parque? — pergunto achando graça da


sugestão. Logo eu, Michael Jones, passeando no parque?

— Vai ser a primeira vez que eles vão, achei que você
pudesse querer ter a memória — ela fala dando de ombros. — Mas
você não precisa ir, foi só um convite.

Olho para os berços e para ela de novo.


— Tá, eu vou — respondo simplesmente.
Hillary sorri, do mesmo jeito que estava sorrindo com Kalie, só
que dessa vez é para mim. Sinto uma sensação de satisfação que
nunca senti antes. Hillary vem até mim e me abraça, apertando meu
pescoço.

— Você é um homem bom, Michael Jones — ela falae eu rio.

Era só o que falta mesmo. Eu. Logo eu.

— Vai ficar com a sua amiga, Hillary — respondo rouco.

Ela dá um beijo no meu rosto e sai do quarto. Eu fico sem


entender porra nenhuma dessa garota.
Capítulo catorze –Michael Jones

Esses bebês crescem rápido demais. Às vezes acho que foi


ontem que eles chegaram do hospital com Hillary, mas na verdade
já vai fazer cinco meses. eu continuo não sabendo o que fazer para
cuidar deles na maior parte do tempo, mas Hillary parece que
nasceu para isso. Ela é ótima com eles o tempo inteiro e vive para
os dois, pelo menos por mais um tempo, porque sua faculdade já
está para voltar daqui a um mês.

— Você tem certeza que não tem problema? — ela pergunta


pela milésima vez. Eu reviro os olhos de novo, cansado de
responder a mesma pergunta.

— Eu já falei que sim — respondo de novo. Hillary abre a


boca de novo, mas eu a interrompo. — Se você perguntar de novo,
eu vou comprar a porra da loja toda — ameaço. Ela fechaa boca de
novo e aperta o vestido que está segurando.

Que ameaça esquisita essa. Já desisti de entender essa


mulher, só aceito e sigo o baile, porque não faz sentido nenhum.
Imaginei que qualquer mulher fosse ficar feliz de ser levada para
uma loja de roupa cara e ouvir que pode comprar o que quiser, mas
Hillary está em pânico. Cruzo os braços e espero Hillary se decidir,
mas ela só continua olhando para todos os lados sem saber o que
fazer.

— É só escolher o que você quer, Hillary. É só roupa, não vai


te morder — falo começando a achar graça.
Eu não entendo nada de roupa de mulher, mas Hillary ainda
está toda esquisita com as dela. Não sei o que essa garota tem na
cabeça que acha que não está gostosa para caralho o tempo inteiro,
mas ela só faltou ter uma crise de choro ontem.

— Eu não estou acostumada com essas coisas, Michael —


ela reclama e olha a etiqueta com o preço de um vestido. Seus
olhos só faltam saltar do rosto. — Isso é mais do que a minha avó
pagava de aluguel! Eu não posso aceitar.

Tiro as mãos do carrinho de bebê onde os gêmeos estão e


cruzo os braços. Ergo as sobrancelhas para ela.

— Minhas ameaças não são vazias, Hillary — digo. —


Escolhe o vestido que você quer ou vou começar a comprar tudo
que eu ver pela frente.
— Tudo bem! — fala apressada e gira, olhando ao redor. Ela
morde a ponta do lábio e aponta para um vestido vermelho. — Eu
gostei daquele ali, mas não sei se vai ficar bom.

Dou de ombros e volto a segurar o carrinho. Ela demora mais


alguns minutos para se mexer e já estou quase jogando Hillary em
cima do meu ombro e carregando-a eu mesmo quando ela
finalmente se decide. Ela pega o tal vestido que gostou e se anima
um pouco e pega mais três antes de ir para o provador.

— Por aqui, senhor. — Tomo um susto quando uma


vendedora aparece do meu lado do nada, porque não a vi
chegando. Ela aponta para um sofá que fica em frente ao lugar onde
Hillary foi experimentar as roupas e eu vou com ela, empurrando o
carrinho. — Nós gostamos de chamar de sofá dos maridos — ela
fala rindo assim que eu me sento.

Olho feio para a mulher, sentindo como eu levasse uma


porrada ao ouvir a palavra.
— Não sou marido dela — respondo ríspido. A mulher me
olha sem graça e sai andando rápido.

Marido. Eu. Nunca nessa vida.

Hillary demora uma eternidade para aparecer de novo e eu já


estou de mau humor por causa da piadinha da vendedora. Quando
ela sai do provador, está usando a mesma roupa de antes e vem até
mim segurando os vestidos.

— Eu não consigo escolher — ela fala trocando o peso do


corpo de pé. — Os três ficaram muito bonitos.

Suspiro impaciente e me levanto. Pego os três vestidos da


mão dela e vou pagar. Ela reage devagar e só entende o que eu
estou fazendo depois que já passei o cartão.

— Michael! — ela fala brava quando entrego a sacola e


começo a empurrar o carrinho enorme para fora da loja de novo. —
Você não devia ter feito isso.
— Eu sei muito bem o que eu devia e o que eu não devia
fazer, garota — respondo assim que chegamos na calçada e ela ada
apressada para me alcançar.

Eu desacelero o passo quando ela coloca a mão no meu


braço e olho para Hillary, vendo o sorrisinho feliz no seu rosto.
— Obrigada — diz e fica na ponta dos pés para dar um beijo
no meu rosto.

— Dinheiro é pra gastar — respondo e dou um pigarro.


Continuo empurrando o carrinho em direção ao carro que estacionei
em algum lugar por aqui quando chegamos mais cedo para trazer
os gêmeos para o parque. Depois daquela primeira vez, Hillary
cismou que tem que vir quase toda semana. Eles parecem gostar,
então não me importo. É bom sair daquele apartamento com eles às
vezes.
— Mas não comigo — ela insiste.

Nós chegamos até o carro e eu travo o carrinho no lugar para


começar a prender os dois nas cadeirinhas. Antes, viro para ela e
puxo seu rosto para cima. Ergo as sobrancelhas e a encaro,
desafiando-a em silêncio a continuar reclamando. Hillary sorri e
revira os olhos.

— Obrigada, Michael.

— Assim é melhor — respondo e acaricio seu rosto antes de


soltar rápido para não ficar tentado com essa boca dela.
Quem ia imaginar que ia ser essa tortura toda morar com uma
mulher?

***

Eu estou há quase cinco meses tentando descobrir como que


se troca essa porcaria de fralda e acabo tendo que pedir ajuda para
Hillary toda vez, então hoje estou decidido a conseguir. É a única
coisa que não consigo fazer direito e está me enlouquecendo. Jogo
fora umas três fraldas quando estou trocando Sally porque não
consigo fechar direito, mas, na quarta tentativa, fica tudo no lugar
.

A garotinha dá risadinhas para mim como se estivesse


orgulhosa do trabalho. Eu estou também. Pego Sally no colo e ela
se agita, balançando os braços como se tentasse voar.
— Você vai cair desse jeito — eu falo e a seguro com mais
força,porque continuo morrendo de medo de derrubar os dois. Levo
Sally de volta para a sala, onde deixei Josh dentro do cercadinho, e
coloco os dois em cima do tapete acolchoado no chão cheio de
brinquedos para a idade deles.

Hillary pode não querer gastar dinheiro com ela, mas não
pensa duas vezes antes de comprar tudo o que acha que os dois
precisam.
— A gente pode conversar? — ela pergunta entrando na sala.

Levanto os olhos dos bebês para dizer para falar o que é,


mas perco as palavras. Hillary parece outra mulher. Não é só o
vestido novo que ela comprou, mas ela está com um brilho novo que
não sei o que é e com o cabelo penteado diferente. Parece mais
confiante. Mas o vestido é minúsculo e nem fodendo que ela sai de
casa com ele. As coxas longas estão todas expostas e, quando ela
se abaixa um pouco para brincar com os bebês, vejo a bunda
inteirinha de fora por baixa da saia larga.

Ela se senta do meu lado no tapete com as pernas dobradas,


mas não consigo parar de encarar. Não consigo pensar em nada
além de querer arrancar essa mulher dessa roupa.

— O novo semestre da faculdade começa mês que vem —


ela fala, olhando para os filhos. — Eu não sei o que fazer. Não
quero perder mais tempo, preciso me forçarpara conseguir um bom
emprego e poder dar uma vida boa para os meus filhos.
— Se ao menos o pai deles fosse rico pra caralho —
respondo e ela olha para mim, surpresa. — O quê?

— Acho que é a primeira vez que te ouço fazer uma piada —


ela falasorrindo. Dou de ombros, porque não é nada de mais. — Eu
sabia que tinha um coração nesse bad boy. Você está amolecendo
— Hillary brinca e toca meu peito. Ela tira a mão de novo rápido
demais, e puta merda, eu estou há muito tempo sem trepar mesmo,
porque meu pau pulsa.

— Você vai voltar pra faculdade, Hillary, e aí? — muda de


assunto para ela não ficar tendo ideias idiotas. Amolecendo, era só
o que me faltava.

Ela suspira e volta a olhar para os bebês, preocupada.


— Eu não queria deixar os dois com uma desconhecida, mas
não tem outra opção — ela fala baixinho. — A gente pode começar
a procurar uma babá de confiança?Eu quero ter certeza que ela é
competente e vai cuidar bem deles.

A expressão de preocupação no seu rosto mexe comigo.


— Eu fico com eles — respondo sem pensar e ela lança os
olhos arregalados em mim.

— Não precisa, você tem a sua vida também…


— Está decidido, Hillary — interrompo. — Você volta pra
faculdade, eu fico com eles durante as suas aulas. Não é como se
eu não ficasse agora já.

Os olhos dela marejam e antes que eu me dê conta, Hillary


está pendurada no meu pescoço me abraçando. Eu demoro a reagir
porque não estava esperando isso. Ela tem sido educada e cordial
comigo nos últimos tempos, mas, desde que a gente trepou, não
encostou mais em mim.

— Você faz ser meio difícil não gostar de você às vezes, bad
boy — ela fala baixinho no meu ouvido e eu a abraço de volta.
Aperto sua cintura e puxo Hillary para o meu colo.

Ela solta um suspiro surpreso e eu aperto sua perna, subo a


mão até a sua bunda. Ela aperta meus braços com a boca
entreaberta.

— Michael, eu não… As crianças — ela lembra e sai do meu


colo rapidamente. Levanta correndo meio desajeitada e começa a
arrumar o cabelo como se não estivesse arrumado.

Fico olhando para ela com curiosidade, porque Hillary parece


nervosa. A pele branquinha está toda vermelha e eu nem fiz nada.
Ainda.
Ela passa o resto do dia fugindo de mim, mas assim que os
gêmeos pegam no sono, decido que cansei dessa palhaçada. Não
me quer porra nenhuma. Vou até o quarto dela e bato na porta.

— Pode entrar — ela fala e eu entro. Fecho a porta e fico


olhando para ela na frente do espelho grande que tem na sua
parede, olhando para o vestido novo no seu corpo. — Está tudo
bem com eles? — ela pergunta e eu vou me aproximando devagar,
olhando para ela de baixo para cima.

— Dormindo — respondo e tiro a minha jaqueta. Jogo na


cama e ela continua me olhando pelo espelho com curiosidade.

— O que você está fazendo? — pergunta.

Eu não respondo. Quando a alcanço por trás, coloco as mãos


na sua cintura. Hillary arregala os olhos.

— Michael…

Desço as mãos para a sua bunda e a boca dela cai aberta.

— Isso não é uma boa ideia — ela responde, mas morde a


ponta do lábio.

— Mas você quer, não quer? — pergunto no seu ouvido e


subo uma mão pelo seu corpo gostoso e aperto o seu seio. — Eu
vou embora se você falar que não quer, loirinha.

Enfio a mão no meio das suas pernas por cima da calcinha e


esfrego devagar. Ela dá um gemidinho gostoso e fecha os olhos.

— Fala que não quer ou eu vou de foder esmagada nesse


espelho — falo para ela e enfio a mão por dentro da calcinha. Puta
que pariu. — Toda molhadinha, Hillary — rosno e separo as pernas
dela com o joelho. Enfio dois dedos na boceta e ela geme de novo.
— Michael…

Ela geme meu nome e eu perco a porra do juízo. Puxo as


alças do vestido para baixo com dificuldade com uma mão só, mas
só paro quando os peitos gostosos pulam para fora. Faço
exatamente o que eu prometi que ia fazer e imprenso Hillary contra
o espelho. Que visão deliciosa. Abro a calça e puxo meu pau duro
para fora, batendo uma punheta de leve antes de me encaixar atrás
dela. Empurro a calcinha para o lado e esfrego a cabeça na boceta
melada. A minha safada empurra a bunda para trás quando enfio a
cabecinha.

— Você quer que eu te foda? — pergunto e puxo o cabelo


dela para trás. Viro o rosto dela para trás e beijo sua boca com
brutalidade. — Fala que você quer meu pau, minha putinha.
— Michael, por favor… — ela choraminga, mas eu continuo
entrando e saindo só com a ponta do pau.

— Pede pra eu te foder, minha safada— mando e vejo Hillary


tentando segurar de qualquer jeito no espelho. — Pede.

— Me… fode,Michael — ela pede gemendo. Eu a penetro de


uma vez. Hillary geme e eu quase gozo na hora.

Puxo seu corpo para trás e Hillary apoia as mãos no espelho.


Enrosco seu cabelo na mão e puxo para trás de novo, forçando-aa
encarar nosso reflexo enquanto eu meto na boceta gostosa que
esmaga meu pau inteiro. Bombeio com força, indo bem fundo. A
visão de Hillary no espelho é enlouquecedora. Enfio a outra mão no
meio das suas pernas e estimulo o clitóris inchado. Ela grita e eu
acelero as estocadas.

— Goza, gostosa — mando, acelerando os círculos com os


dedos no clitóris. — Goza no meu pau.

Ela morde o lábio e fechaos olhos, o corpo todo tremendo no


meu comando. Continuo metendo sem parar enquanto ela se contrai
ao redor do meu pau, ficando ainda mais molhada com o orgasmo
gostoso. Subo a mão para o seu pescoço e aperto sua garganta,
vendo a cara de tesão dela quando faço isso.

— Essa boceta é minha agora — falono ouvido dela. — Você


me ouviu? Nada de me expulsar da merda desse quarto.

Hillary faz que sim com a cabeça, sem falar nada com a
respiração apressada.

— Me responde, loirinha — mando, voltando a meter devagar.


— De quem é essa bocetinha?

— Sua — ela responde sussurrando e eu enlouqueço de vez.

Arrasto Hillary para a cama comigo e deixo o vestido todo


embolado na sua cintura. Coloca a garota de costas no chão e deito
por cima. Puxo as pernas dela para cima para prender no meu
quadril e volto a estocar.

Hillary grita e fecha os olhos de prazer. Puxo seus braços


para cima e beijo a boca gostosa, entrando e saindo dela.

— Michael… — ela sussurra na minha boca, se contorcendo


debaixo de mim.

— O que você quer, gostosa? — pergunto e chupo seus


lábios. — Quer gozar de novo?

Hillary faz que sim com a cabeça e eu aperto um dos seios.

— Gulosa — rosno e acelero as estocadas. — Quer meu pau


todo pra você, minha putinha? É isso que você quer? Fala que você
quer.
— Eu quero — ela geme e eu perco o controle.

Agarro Hillary com força e desabo o peso do corpo em cima


dela, prendendo minha mulher na cama enquanto entro e saio dela.
Não paro até sentir o seu corpo começar a tremer de novo e beijo
Hillary.

— Fala que vai gozar pra mim — mando na sua boca.

— Eu vou gozar pra você — ela choraminga e eu acelero as


estocadas, sentindo a loirinha me espremer todo. Gozo junto com
ela, enterrado bem fundo na bocetinha gostosa.
Saio de cima dela e rolo para o lado, com a respiração
acelerada. Hillary vem para o meu peito e eu travo, porque não
estou acostumado com isso, mas ela não se mexe e eu deixo que
ela fique.

— A gente não usou camisinha — ela fala parecendo


preocupada. Eu nem lembrei disso. Azar agora.

— Parece que vou ter que continuar comendo só você então


— respondo dando de ombros. Ela levanta a cabeça do meu peito e
me olha surpresa.

— Mesmo? — pergunta desconfiada. Ergo as sobrancelhas e


não respondo. Odeio que não confiem na minha palavra.

Hillary sorri e deita de novo no meu peito. Dessa vez, ela não
me expulsa da cama.
Capítulo quinze –Hillary Williams

Tenho medo de me machucar. Essa é uma verdade que


sempre deixei muito clara para mim mesma, exatamente para evitar
me meter em uma situação em que eu não tivesse controle. Transar
com Michael em uma noite de diversão não estava na lista de coisas
que achei que pudesse me magoar, mas aí eu engravidei e
aconteceu tudo aquilo. As coisas que ele disse, as negativas em
relação aos nossos filhos, a distância que impôs no início.
Sempre quis muito mais do que sexo em uma relação e sei
que eu teria isso com Michael se fosse apenas isso, porque ele me
olha como se fosse me devorar toda vez que chego perto. Mas
acontece que me apaixonei por ele. Me apaixonei pelo pai
carinhoso, pelos gestos que mesmo dizendo que não significavam
nada, para mim significarammuito. Me apaixonei e meu maior medo
era que ele partisse meu coração de forma que eu não pudesse
recuperar, mas tem um limite de até quando fugir do cara que mexe
tanto comigo.

Michael passou aos pouquinhos de pai dos meus filhos


somente para o homem que estou apaixonada. Pela primeira vez
em muito tempo, estou vivendo uma espécie de sonho ao seu lado.
Toques carinhosos, sorrisos bobos, sexo quente e alucinante.
Pensei que fosse ficar esquisito de novo igual à última vez, mas
não. Ele me toca sempre que pode, me beija e deixa as minhas
pernas moles.
— O que está pensando? — Ele me assusta enquanto estou
olhando para mais um dos seus desenhos, onde além de Josh e
Sally tem a mim junto, segurando os dois no colo.

— No quão talentoso você é… Isso ficoutão real. Você nunca


pensou mesmo em trabalhar com isso? Acho que seria muito mais
feliz do que… — Faço um drama, coloco a mão em frente à boca e
imito sua voz enquanto digo: — Ficar metido em um terno de
babaca perdendo um tempo que não preciso.

— Eu não falo assim — ele fala com a expressão fechada, e


eu rio.

— Se continuar me provocando, calo sua boca de outro jeito,


espertinha.

— E eu posso não achar nada ruim — digo inocente, feliz por


poder estar tão próxima dele assim. — E você não me respondeu.

Ele suspira, daquele jeito impaciente de sempre, e revira os


olhos para mim quando o encaro sem desistir.

— Já pensei há um tempo, mas desisti. Já cheguei a pensar


em fazer ilustrações encomendadas na internet. É besteira.

— Não é besteira, Michael. — Ele vai para revirar os olhos, e


sei que vai querer mudar de assunto. Para o impedir, seguro seu
rosto entre as mãos. — Você é incrível no que faz. Não desista
disso por besteira.

— Tá, garota chata. Já entendi.

Sorrio fraquinho e volto a me concentrar no desenho,


colocando na pasta que venho colecionando junto dos outros. Ainda
com um sorrisinho no rosto, coloco tudo no lugar e encaro os
pequenos dorminhocos no berço.

— Eles estão cada dias mais bonitos — falobaixinho, como a


boa mãe babona que sou.
Estava muito preocupada em ter que deixar os dois com uma
pessoa qualquer e quase caí dura quando Michael se ofereceupara
ficarcom eles durante as minhas aulas. Se fosseantes, ainda assim
eu teria ficado receosa porque o homem não demonstrou lá ser
muito responsável, mas agora, confio nossos filhos a ele sem
pensar duas vezes.

— Acho que puxaram você — ele fala, ficando atrás de mim.

Me viro com um sorrisinho bobo que abro sempre que me


elogia assim do nada. Ele revira os olhos porque entende minha
expressão e jogo meus braços ao redor dos seus ombros, dando um
selinho na sua boca.

Michael ainda se choca com minhas demonstrações de


carinho fora da cama, mas dura um segundo só antes de vir todo
dominante para cima de mim.

— Se meu pai não fosse vir aqui para ver como as coisas
estão, eu ia te jogar naquela cama e te foder gostoso — rosna
contra o meu ouvido, apertando minha bunda com força.

— Promessas, Michael. Quantas promessas… — Ele aperta


mais forte e eu gemo baixinho contra o toque bruto. — E a Kalie vai
chegar daqui a pouco também, então seus planos não vão ser
realizados.
Depois de me provocar com beijos no pescoço, o homem dá
uma olhada nos bebês antes de sair. Me viro para os dois e sorrio
aberto, feliz como não estive há meses.

Não me leve a mal, estou realizada com meus filhos. Apesar


de estar esgotada, porque cuidar de gêmeos é muito mais difícil do
que pensei, eu amo meus filhos mais do que qualquer coisa. Mas
sempre senti que faltava algo e descobri que era Michael como…
mais. Não sei o que somos ainda, mas estou satisfeita com essa
dinâmica nova.
Fico ali com eles até Kalie chegar. Quando uma das
funcionárias de Michael me avisa da sua chegada, vou até a porta
para receber minha amiga. Ela se joga no meu pescoço assim que
me vê e eu a aperto, morrendo de saudade. Como estou sem
estudar ainda, não nos vemos todo dia igual a antes. Apesar de a
gente se falar por mensagem, não é a mesma coisa.

— Que saudade! Cadê minhas coisinhas babonas mais


lindas?
Quando me afasto, me espanto ao ver que Eric está parado
atrás dela. Ele estuda com a gente em algumas aulas e se tornou
meu amigo, apesar de a gente ter se afastado depois que precisei
trancar o semestre.

— Eric! Que bom te ver! — Depois de passado o choque por


o ver ali, eu o abraço forte. — Não sabia que você vinha.

Olho para Kalie, questionando minha amiga com o olhar,


porque apesar de gostar muito dele e o considerar um amigo, não
acho que Michael vai gostar da presença dele aqui. Da última vez,
ele ficou todo possessivo e a gente mal se falava, ele ainda achava
que eu era uma golpista. Imagino agora…

— Espero que não seja um problema eu ter vindo. Kalie me


usou para carregar o mundo de coisa que comprou para os bebês.
Aproveitei para ver você e seus filhos.
— Não, que isso. Fico feliz em te ver. Como está tudo?

Ele me passa alguns relatos de coisas da faculdade, de


fofocasde colegas nosso, e é bom por alguns minutos me sentir
como antes. Sem tanta responsabilidade além de saber se vou
chegar ou não atrasada para a aula, se vou tirar nota suficientepara
um trabalho. As coisas agora estão em outro nível de
responsabilidade.

Eu os levo até o quarto, onde meus bebês ainda dormem


tranquilos. Kalie solta sussurros de tia babona e Eric apenas olha
por cima, sorrindo para as loucuras da minha amiga.

— Eles estão tão lindinhos, amiga. E enormes! Como


crescem. A cada vez que venho, parece que perdi meses.
— Eles estão mesmo, sem falar que estão espertos demais
para o meu juízo.

Kalie só se afasta porque diz que precisa ir até o banheiro e


fico sozinha com Eric.
— E como você está? — ele pergunta, me olhando com o
sorriso de lado que o deixa muito fofo.

— Bem. Cansada até o último fio de cabelo, mas bem.


— E como está a vida de casada? — Ele solta uma risada
sem graça e eu faço uma careta.

— Não estou casada. Acho que o pai deles prefere se


enforcar antes de isso acontecer.
Eric acena e olha para eles. O homem ficadesconfortávelpor
um momento e passa a mão na nuca. Ele olha para a porta e volta a
me olhar, parecendo desesperado.

— A Kalie me disse sobre o pai deles, espero que não se


importe de ela ter me falado. — Nego com a cabeça, porque não
ligo mesmo. — Eu queria que soubesse que tem outras opções, Hill.
Eu… gosto de você. Sempre gostei. Não ia me importar se os filhos
não fossem meus. Eu…

Não tenho tempo de ficar chocada porque Eric se inclina de


um jeito desajeitado em minha direção, segura meu rosto entre as
mãos e me beija. Fico paralisada, sem saber se estou sonhando.

— Eric… — Quando me inclino para me afastar, sinto o


homem sendo puxado de cima de mim com força. Solto um grito
quando Michael o acerta no nariz com um soco.

Sally e Josh acordam e eu tento os acalmar e tentar impedir


que Michael mate o homem que achei ser meu amigo.

— Michael, para! — Ele continua socando o homem, que mal


consegue se defender. — Para! Você está assustando os bebês!
Consigo sua atenção e só assim ele sai de cima do homem
que está com o nariz sangrando. Kalie chega nesse momento e olha
para a cena de boca aberta.
— Eu perdi alguma coisa?

— Leva o Eric, por favor — digo com a voz de choro,


implorando com o olhar para ela não perguntar nada.
Para minha felicidade, ela só obedece e ajuda o homem a se
levantar do chão. Michael está puto no chão e vejo a respiração
acelerada. Depois que acalmo os bebês e eles param de chorar, eu
me ajoelho no chão em frente a ele. Tento tocar no único ferimento
minúsculo que tem acima da sobrancelha, mas ele se afasta e
levanta.

— Eu devia saber que era bom demais para ser verdade, não
é, Hillary?
— Michael, eu posso…

— Você pode explicar? — ele diz com a voz cheia de ironia.


— Que porra! Dentro da minha casa, caralho!

— Ele quem me beijou! Eu estava prestes a me afastar.

— Prestes a se afastargemendo a porra do nome dele contra


a boca dele. Porra nenhuma que estava!

Olho para meus filhos, querendo saber se estão assustados,


mas eles estão brincando através das grades que separam os dois
berços.

— Eu não estava gemendo. — Tento manter o tom de voz


baixo. — Ele me pegou de surpresa.

— Eles podem ser dele?


— O quê? — Não entendo a pergunta de imediato, até a
insinuação fazer sentido. — Claro que não! Está louco? Nunca tive
nada com ele. Nem com ninguém. Por que está voltando com isso?
Não menti para você.

— Ele disse “não ia me importar se os filhos não fossem


meus”, Hillary. Por que ele ia dizer isso se você não tivesse trepado
com ele? Foi isso que fez?Deu para ele, engravidou e veio atrás do
trouxa para sustentar vocês?

Desta vez, o tapa que dou no seu rosto vem sem


arrependimento nenhum. Depois de tudo… Ele ainda me machuca
desse jeito.

— Você é ridículo. Depois de tudo, você me acusa disso. De


novo. Depois de eu ter me entregado a você.

Ele ri de forma irônica e bagunça os cabelos. Olha para os


dois e sua expressão cai em derrota.

— Quero o DNA deles. Agora que estão grandes, que já


passou a fase conturbada.
— Você… está mesmo duvidando de mim de novo? —
pergunto em um sussurro e ele não responde. Seco a lágrima que
cai do meu rosto e aceno. — Ótimo. Você vai ter seu exame. E
quando você olhar para o resultado, nunca mais quero olhar para a
sua cara.

Esbarro no seu ombro com força ao sair dali, porque preciso


me recompor antes de tirar meus filhos dali. Preciso sair daqui.

Não vou ficar mais nem um segundo nessa casa.


Capítulo dezesseis –Hillary Williams

Com o teste de paternidade em mãos, o resultado vem com


um gosto amargo. Eu já sabia da verdade, mas a forma como estou
tendo que viver isso está diferente do que imaginei.

Fiz o exame nos meninos dias atrás e nem me encontrei com


Michael porque fiz questão de chegar minutos antes na coleta, só
para não o ver.

Obviamente que não pude continuar morando na casa dele,


então peguei as coisas dos gêmeos e as minhas (somente as
minhas mesmo, deixando de fora os presentes que me deu) e vim
para a casa de Kalie. Apesar de não querer ser um peso para ela de
novo, não podia pensar só em mim e ir morar na rua com dois
bebês. Minha amiga diz que está amando ter a gente aqui, mas me
sinto todos os dias incomodada por invadir mais uma vez o seu
espaço, o seu sossego. Ela não devia ter esse tipo de obrigações
comigo.

— Você está encarando esse papel há muito tempo. Devo


ficar preocupada? — ela pergunta do outro lado do sofá, com uma
xícara de chocolate quente nas mãos.
— Você me acha burra?

— Você é a pessoa mais inteligente, sagaz e foda que


conheço, Hill. — Kalie larga a xícara em cima da mesinha e vem
para o meu lado no sofá. — Não se culpe pelo erro alheio. Você
sempre fez o que estava ao seu alcance. Não tem culpa se aquele
filhote do capeta é um moleque imaturo.

Consigo rir com ela, apesar de tudo. Com um suspiro, eu a


abraço e fico assim com ela por um tempinho, aproveitando o
carinho físico raro vindo dela.

— O que eu vou fazer da minha vida agora?

— Agora ele vai sustentar os bebês porque você não fez filho
sozinha, e você vai deixar esse homem para trás — ela diz com
uma convicção tão forte que quase acredito que isso é possível.
— Amiga, ele é o pai dos meus filhos.Infelizmentenão é algo
que eu possa deixar para trás.

— Ele tem obrigações com eles, mas você não precisa nem
olhar para ele se não quiser.

Concordo com a cabeça, mesmo sabendo que isso só


funciona em teoria. Como será daqui para frente agora? A essa
hora, Michael já deve ter tido acesso ao exame também. Sabe que
todas as palavras grosseiras que destilou contra mim foram injustas,
mas ainda não me procurou. Agora, mais do que nunca, preciso
decidir com quem vou deixar Sally e Josh, agora que o arranjo que
ele propôs não vai mais funcionar.

— Já te falei que vou te ajudar no que eu puder. Vai dar tudo


certo. Logo você vai estar um podcast dizendo como os primeiros
anos depois da gravidez foram difíceis, mas que isso nunca foi
impedimento para você se tornar uma publicitária de sucesso.

Solto uma risadinha e me levanto, querendo ver meus filhose


ficar um pouco sozinha para pensar. Para considerar as chances
que tenho.

Vou até o quarto em que eu e os bebês dormimos agora, algo


bem improvisado de última hora. Eles dormem comigo na cama de
casal, porque não trouxe nada da casa de Michael além das
roupinhas deles. Agora mesmo estão rodeados de travesseiros para
não caírem no chão, já que não tem proteção na cama. Me sento no
cantinho no colchão e vejo as respirações aceleradas do sono
profundo deles. Acaricio a mão pequena de Sally, que tem o sono
mais pesado e não acorda com toques, e seguro um choro. Cansei
de chorar por Michael, ele não merece as minhas lágrimas. Mas é
tão difícil passar por tanta coisa sozinha. Preciso ser forte, mas às
vezes não consigo encontrar a força interior que sempre tive.
Me deito com cuidado ao lado de Sally e fico os observando
com carinho, até apagar em um sono que me traz sonhos que
nunca achei que pudessem acontecer comigo. Todos eles envolvem
Michael.

Perdendo a noção do tempo, escuto um chorinho de um dos


meus bebês tempos depois. Com o instinto materno alarmado, me
levanto rapidamente e vou até Josh, que resmunga querendo
mamar. Por sorte, Sally permanece no mesmo lugar. Depois de
amamentar meu guloso, eu o coloco no ombro para que ele arrote.
Kalie aparece na porta segundos depois, com uma cara de poucos
amigos.

— Que foi, amiga? Aconteceu alguma coisa.

— Você tem visita lá na sala — diz ácida e meu coração


retumba no peito porque não estou pronta. — Não é ele.
Fico aliviada e desapontada ao mesmo tempo porque não
quero o ver, mas ao mesmo tempo, meu lado estúpido do cérebro
está morrendo de saudade daquele miserável.

Me levanto com cuidado com Josh ainda nos meus ombros.

— Olha a Sally para mim, por favor?

Kalie acena e vou até a sala. Estranho ao ver que é o


poderoso William Jones ali, sentado no meio do sofá colorido de
Kalie. A cena é tão estranha que quase me faz rir.
— Senhor William, que prazer ver o senhor aqui.

Ele se levanta, sério, e me dá um beijo na testa. Logo pega


seu neto dos meus braços e aí o sorriso aparece. O homem não me
devolve meu filho e o mantém sentado no seu colo, agora que
despertou de vez.
— Eu sinto muito, querida. Juro que não sei onde errei com
Michael.

— O senhor não errou, senhor William. — Eu vou ao seu lado


e aperto sua mão. — Ele só tem problemas mal resolvidos que finge
que não existem, mas não é sua culpa. Acho que tem muito mais a
ver com a mãe dele.

William acena em concordância e suspira. Nunca o vi tão


cansado assim igual agora.

— Tive acesso ao resultado do DNA, mas quero que saiba


que nunca duvidei de você. — Abro um sorriso sincero pela
confiançaque sempre depositou em mim e aperto sua mão livre. —
E não vou te deixar desamparada. Você e esses bebês vão tem
tudo o que precisam. Inclusive, vim aqui propor você escolher uma
casa comigo. A que você quiser, do seu jeito. Vou contratar pessoas
para te ajudar e …

— William, me desculpe por interromper, mas não posso


aceitar. — Prendo um choro e nego com a cabeça. — Sei que só
tem boas intenções, mas dinheiro nunca foi a minha intenção. Eu
vou dar meu jeito, vou trabalhar e conseguir minhas coisas.
Sozinha.
— Eu te admiro, querida. Não quero minimizar o seu esforço,
mas você não precisa passar pelo sofrimento. Não é nenhum
pecado um avô querer cuidar dos netos, é?

Solto um suspiro, mas não digo nada. William passa alguns


minutos brincando com o neto e eu fico apenas os observando com
um sorrisinho no rosto.

— Preciso ir, querida. Pense na minha proposta. Viver no


conforto não é nenhum crime. Você não precisa se sobrecarregar à
toa somente por orgulho — ele fala e se levanta. Pego Josh dos
seus braços e aconchego meu filho a mim. — Hillary … Ele vai
voltar. Conheço meu filho. Uma parte de mim quer que o aceite de
volta, mas a outra vai entender se não quiser.

— Eu não …

— Não precisa dizer nada. A idade me fez aprender muitas


coisas, querida. Conheço meu filho. Ele provavelmente está se
culpando agora.

Mordo o lábio, contendo mais uma vez a vontade de chorar


somente por falar de Michael. Me despeço do homem, que promete
manter contato sempre que puder, e volto para o quarto onde Sally
está dormindo aos cuidados de Kalie. Me jogo na cama depois de
colocar Josh ao lado da minha filha, que já está acordada.

— Que bagunça eu me meti? — pergunto a Kalie.


— Você deu para um gostoso ordinário na sua primeira vez,
engravidou dele, foi morar com ele mesmo ele tendo sido um
babaca, se apaixonou e ele foi babaca de novo. Espero ter ajudado.

— Obrigada por me lembrar — digo amarga e ela se estica


para segurar minha mão.

— Não falomuito isso, mas eu te amo. Sempre vou estar aqui


por vocês.

— Oh, amiga, eu te amo também. Muito.


Ficamos ali rindo das novas descobertas até Kalie precisar
sair. Aproveito que os bebês estão entretidos com os brinquedos
que a madrinha babona deles deu e vou arrumar um pouco da
bagunça da casa. Organização não é o forte da minha amiga e já
que estou aqui de favor, o mínimo que posso fazeré limpar para ela.

Pouco depois, escuto a campainha e me assusto, porque o


interfone não tocou. Abro a porta e meu coração salta pela boca ao
ver Michael ali. Os olhos estão tampados pelos óculos escuros, mas
meu corpo reage da mesma formaao jeito que está focadoem mim.
— Eu posso entrar?

— Não. O que você quer? — Olho para trás, vendo que Josh
e Sally continuam no mesmo lugar, deitadinhos no tapete,
começando a ficarem de barriga para baixo sozinhos.
— Quero conversar e ver Josh e Sally — ele fala com a voz
falhada e encara os dois atrás de mim. Acaricio meus braços
quando arrepios de nervosismo me tomam.

— Olha, Michael, eu entendo que agora que confirmou que


são seus filhos você tem direito, mas as coisas não vão ser
bagunçadas e …
— Não peguei o resultado — ele afirma sério e eu franzo a
testa. — Me arrependi de ter pedido no segundo em que você saiu
da casa. Só fui para tentar te encontrar, mas você já tinha ido
embora. Não preciso de exame, Hill, eles são meus.

— Mas … — Lágrimas escorrem pelo meu rosto, porque isso


foi tudo o que sempre quis ouvir. Mas agora, não consigo amolecer
porque ainda estou ferida demais.
— Aquela casa está vazia demais sem vocês. Eu não sei lidar
com tudo isso.

Ele dá um passo para a frente e eu vou para trás para


escapar deles, do seu cheiro. Michael ergue as mãos dizendo que
vai manter distância e aperto meus braços com mais força. Mordo o
lábio para parar de chorar e o vejo tirar os óculos. Estão vermelhos
como se tivesse chorado.
— Por muito tempo, só fiz merda na minha vida. Nunca fiz
nada de bom, até … — Ele olha para os dois e eu faço o mesmo,
vendo que resmungam e esticam os bracinhos para que ele os
pegue. — Eu posso?

Ele indica os dois com a cabeça e eu aceno em concordância.


Michael se agacha no tapete e com a habilidade que adquiriu nos
últimos meses, consegue pegar um em cada braço. Eles soltam
gritinhos de animação porque são apaixonados pelo pai.

A risada que Michael solta é sincera e tão leve, como nunca


vi. Fico à distância só os observando, porque preciso me acostumar
que ele vai estar na minha vida para sempre mesmo que eu não
queira.

— Ficar longe deles esses dias depois de os ter tão pertinho


foi horrível — ele fala baixo e se levanta com eles no colo. — De
você também, Hillary.

— Não. Você não pode fazerisso. Não vou te impedir de ficar


com eles, mas não vai mais me machucar — falo decidida com a
raiva vindo à tona. — Estou cansada de você agindo feito um
babaca. Depois de tudo, eu achei que … Que ia ser diferente. Mas
você não nasceu para isso, Michael. As coisas vão ficar como estão.

— Loirinha …

— Não me chama assim!

— Tudo bem. O que eu sugeri ainda está de pé. Fico com


eles quando suas aulas forem começar. — Aceno em concordância
porque só quero que ele vá embora, é sufocantea sua presença tão
perto de mim depois dos momentos marcantes que vivemos depois
da nossa segunda transa. — Não vou deixar vocês dois
desamparados. Mesmo que nunca me perdoe, você não está
sozinha, Hill.

Viro meu rosto para o lado e mordo meu lábio inferior até
quase sangrar, só para que ele não me veja chorando mais. Michael
deixa os dois de volta no tapetinho e meu coração se parte quando
os dois começam a chorar, sentindo o abandono.

Vai ser difícil demais passar por isso. Preciso me preparar


para estar na sua companhia daqui para frente. Para o meu bem,
preciso que o que sinto por ele desapareça.
Capítulo dezessete –Michael Jones

Minha vida era muito mais fácil antes de Hillary Williams


aparecer na minha frente. O único problema que eu tinha era o
velho pegando no meu pé e ressaca. Agora eu estou aqui, sentado
na minha boate enchendo a cara, puto da vida por causa dela. O
fodaé que que eu estou puto comigo mesmo. Eu fizmerda. Fiz uma
merda enorme e agora perdi tudo que eu nem sabia que eu queria.

— Precisa de mais alguma coisa, senhor Jones? — a


garçonete pergunta depois de aparecer para me servir de novo.

Faço que não com a cabeça e continuo bebendo sem falar


com ninguém. Está de manhã e a boate está fechada.Eu decidi que
nem vou abrir hoje. Quero ficar em paz aqui bebendo até parar de
doer.

Eu fiquei cego de raiva quando vi aquele pau no cu beijando


Hillary. Quem aquele merdinha acha que é para beijar a minha
mulher? Eu me senti um idiota, um babaca otário que caiu no golpe
mais velho do mundo, mas foi só eu me acalmar que sabia que tinha
feito merda.
Eu achei mesmo que Hillary era uma golpista quando ela
apareceu, mas faz tempo que isso nem passa mais na minha
cabeça. Ela estava morando no meu apartamento há tanto tempo já
que pareceria que estava lá desde sempre. Eu me acostumei a ter
ela lá, brincando o tempo inteiro com os bebês ou estudando para
umas provas que nem tem ainda. Aquela cobertura está vazia
demais sem os três. Eu sinto falta dos meus filhos.

Eu falei que vou ficar com eles quando ela começar as aulas
e vou mesmo, mas não é assim que eu quero isso. Eu quero Hillary
de volta, só que não sei o que fazer.

Eu fodi com tudo.

— Por que não estou surpreso em te encontrar aqui, Michael?

Meu pai para de pé do meu lado e eu estranho William estar


aqui. Não acho que ele pisou nessa boate uma vez na vida dele
antes. Não ligo nem dou atenção, só continuo olhando para o fundo
do meu copo vazio e depois encho mais um bocado de uísque.
Começo a beber mais, mas o velho puxa o copo da minha mão.

— Michael! — ele grita.

Esfrego o rosto e desabo as costas no sofá. Ainda não bebi o


suficiente, está doendo pra caralho ainda.

— O que você quer, pai? — pergunto sem paciência e sem ter


nem energia para brigar com ele hoje.

— Eu quero que você seja homem e cuide direito da sua vida


— ele fala.— Eu não te criei para ficarenchendo a cara no meio do
dia, muito menos para tratar Hillary daquele jeito.

Eu sou uma risada seca e olho para ele.

— Você não me criou, ponto — rosno entredentes. William me


olha surpreso.
Ele é tão esquisito aqui. Está todo engomadinho com o terno
e a expressão severa dele, não combina com o lugar.

— Não diga tolices, Michael. Eu sou seu pai — ele responde


e consegue me emputecer de vez.
— Como se ser pai ou mãe significasse alguma coisa nessa
merda! — grito de volta. — Minha mãe foi embora no primeiro
problema que teve e você se casou com o trabalho. Perdi os dois ao
mesmo tempo.

— Isso não é verdade — ele fala com as sobrancelhas


franzidas.Meu pai coloca meu copo na mesa que eu estava usando
e se sentado meu lado. — Eu sempre estive aqui para você.
Sempre tentei te ajudar.

— Porra nenhuma — falode volta sem olhar para ele. Esfrego


os olhos, sentindo arder. Nem fodendo que vou chorar por causa
dessa história. — Você nunca tentou me ajudar com nada, William.
Você só tentou me controlar.

— Eu só quero que você seja feliz,filho— ele falae toca meu


braço. Puxo o braço para longe dele.

— Você só quer que eu seja a porra de uma cópia sua, isso


sim. Você nunca perguntou o que eu queria nem o que ia me fazer
feliz, só decidiu que eu tinha que ser que nem você e foda-se o
resto — rosno de novo, rindo seco.

— Meu filho…

— Eu ficoputo vendo você com meus filhose com a Hillary —


eu admito para ele e olho para o meu pai. Ele me encara surpreso.
— É todo “querida” pra cá e “querida” pra lá. Você é todo carinhoso
com eles e nunca foi comigo. Passei a porra da vida toda me
sentindo um lixo, mas eu me convenci que era só porque você era
um engravatadinho desses que não sabia gostar de ninguém, só de
dinheiro. Mas você gosta deles. Só não gostava de mim mesmo.

Pela primeira vez na vida, eu vejo William Jones mostrar


alguma emoção para mim. Não é mentira, nada disso é mentira. Eu
odeio admitir isso porque me sinto um fraco ridículo, mas tudo que
eu queria enquanto crescia era o meu pai. Mas ele nunca estava
aqui mesmo, então aprendi a tacar o foda-see fazero que quisesse
da vida. Só que é uma merda assistir William com a minha mulher e
meus filhos.
— Ah, Michael… — ele fala com a voz embargada e me
abraça. Eu enrijeço o corpo todo porque o abraço é estranho. Eu
nem lembro a última vez que ele me abraçou. — Me perdoa, filho.
Eu errei com você.

Dou de ombros.
— Quem liga? — falo para ele. Fico esperando-o me soltar,
mas meu pai não solta. — Não sou mais criança, já foi.

— Não, não foi, Michael — ele falae finalmentedesiste de me


abraçar. William me solta, mas continua perto de mim e fica me
olhando quase sem piscar de um jeito que me deixa desconfortável.
— Eu te amo mais do tudo, meu filho. Sempre quis o melhor para
você, mas você tem razão, eu estava no trabalho o tempo inteiro.
Ficar naquela casa e me lembrar da sua mãe o tempo inteiro doía
demais. Eu fui um covarde e usei o trabalho de desculpa para não
passar muito tempo lá.
Dou outra risada seca e dessa vez pego meu copo de bebida
de novo porque ainda estou muito sóbrio para ter essa conversa.
Dou uma golada e sinto a garganta arder com o álcool.

— Parece que você conseguiu, William. Eu fiqueiigual a você


mesmo — falo debochado e bebo mais. — Não consigo ficar na
porcaria do meu apartamento sem lembrar da Hill.
O cheiro dela está em todo maldito lugar e eu sinto que vou
enlouquecer a qualquer momento se ficar sozinho lá dentro.

— Você gosta mesmo dessa garota — meu pai fala


parecendo surpreso. Reviro os olhos para ele e não respondo, mas
meu coração aperta todo só de pensar que eu posso nunca mais ter
Hillary na minha vida.

Ela não vai me proibir de ver meus filhos porque aquela


garota é uma santa. Depois da merda que eu fiz,não ia estar errada
de me enxotar para longe.

— E daí? Ela não quer nada comigo — faloe termino de virar


o copo. Vou para encher mais, mas William toma a garrafa de mim.
— Ela só está magoada, Michael — meu pai fala. — Só
precisa de tempo.

Apoio os cotovelos nos joelhos e enfio o rosto nas mãos.


— Eu fariaqualquer coisa pra voltar no tempo e não falarcom
ela daquele jeito — eu falo sem olhar para ele. — Qualquer coisa.

— Mas você não pode — meu pai responde e eu quero gritar


com ele também. — Você vai ter que consertar a burrada que vem e
reconquistar a confiança da Hillary. Do mesmo jeito que eu vou ter
que fazer com você.

Tiro as mãos do rosto e olho para ele sem entender. Acho que
pela primeira vez na vida, ou pelo menos que eu consigo me
lembrar, William Jones está me olhando com carinho. É estranho.
Faz eu me sentir esquisito de um jeito bom.
— Do que você está falando, velho? — pergunto sem
entender.

— Você merece um pai melhor do que eu fui, eu vejo isso


agora — William diz. — Eu não percebi o que estava fazendo, mas
agora já sei e vou ser um pai melhor para você. Vou estar aqui com
você, e com os seus filhos, e te apoiar no que você quiser fazer
.

Ele pega a carteira dentro do bolso da calça e pega um


pedaço de papel. Desdobra a folhae eu tomo um susto quando vejo
que é um dos meus desenhos.

— O que você está fazendo com isso? — pergunto chocado.


Ele olha carinhoso para o desenho e depois para mim.

— Hillary me deixou ficar com um — ele fala. — Eu tinha me


esquecido como você é bom, meu filho.
— Não importa. Não é trabalho de verdade — eu falopara ele
o que ele falou para mim um milhão de vezes todas as vezes que
tentava me enfiar em um terno e me levar para o escritório.

— Eu estava errado — ele fala. Arregalo os olhos. É a


primeira vez que William admite uma coisa dessas. — Isso tudo me
lembrava demais da sua mãe. Eu queria que você fosse diferente
dela.

— Não conseguiu — respondo e passo a mão no cabelo. —


Eu sou o mesmo merda que ela era.
— Não é. Você não foi embora quando as coisas ficaram
difíceis. Você se faz de durão, mas é um bom homem, Michael. Só
tem que lutar pela sua família de volta. Agora me dá um abraço
direito. Por favor.

William me abraça de novo, todo emotivo. Eu continuo


travado no lugar por um tempo, sem saber o que fazer, mas acabo o
abraçando de volta. Nunca achei que ia chegar um dia que a gente
ia ter uma conversa sem tentar se matar.

Se até isso é possível, então eu consigo reconquistar a


confiança de Hillary também. Vou fazer o que precisar para ter
minha mulher e meus filhosde volta na minha vida e não deixar eles
irem embora nunca mais.
Capítulo dezoito –Michael Jones

Faz quase um mês que Hillary voltou para a faculdade e dá


para ver que minha garota está mais animada do que antes. Ela
demorou a ficar tranquila de deixar Josh e Sally, mas acabou de
acostumando e agora a gente uma rotina que dá certo, mas que eu
odeio. Não porque eu passo os dias com meus filhos, essa é a
melhor parte. Eu odeio porque no final do dia preciso levar os
gêmeos para a casa da amiga onde ela está morando e depois
voltar para casa sozinho sem ela. Sem eles.

Eu já dei todo o espaço que ela queria para ver que eu não
vou sair correndo fugindo e nem vou saber um babaca de novo, mas
agora é hora de agir, que eu tenho certeza que o babaquinha que
beijou Hillary aquele dia não é o único filho da puta querendo minha
mulher. Eu preciso dela de volta de vez.
Eu estaciono o carro em frente ao parque que os bebês
gostam de ir porque Hillary acostumou eles aqui e tiro os dois das
cadeirinhas e coloco no carrinho. Olho de um lado para o outro
procurando quem eu estou esperando e finalmente vejo a mulher
sentada em um dos bancos comendo sorvete e mexendo no celular.

— Kalie — chamo e ela tira a cara do celular para olhar para


mim. Ela abre um sorriso enorme que eu sei que não é para mim e
sim para os bebês.

Eles moram com ela agora, mas a garota sempre se comporta


como se fizesse uma eternidade que não os vê toda vez que eu
entrego os dois no fim do dia.

— Cadê as coisas mais lindas da tia? — ela fala levantando


do banco para olhar dentro do carrinho. Brinca com Josh e Sally por
alguns minutos. Eu me sento onde ela estava e espero Kalie acabar.

Só que ela não acaba nunca. Eu pigarreio para chamar a


atenção dela e lembrar que não a chamei aqui para brincar com
meus filhos.

— Ah, é. Você — ela fala. Aperta as bochechas dos dois e se


senta do meu lado. — O que você quer? Você disse que era sobre a
Hill.

— Eu preciso da sua ajuda — falo. O que eu digo é tão


absurdo e louco que ela me olha surpresa. Eu estou surpreso
também. Não achei que eu fosse pedir ajuda para ela para alguma
coisa. Kalie continua não indo com a minha cara, e eu também não
morro de amores por ela, mas sei que ela é importando para Hillary
e é só isso que importa.

— Minha ajuda com o quê? — ela pergunta e cruza os braços


desconfiada. — Qual foi a merda que você fez dessa vez? Eu juro,
Michael, se você machucou minha amiga de novo…

— Eu não fiz nada! — interrompo antes que ela desembeste


em continuar falando para sempre. — Eu preciso da sua ajuda para
reconquistar Hillary.

Eu falo isso e Kalie me olha como se tivessem crescido duas


cabeças em cima do pescoço.

— Por que motivo eu ia te ajudar com isso? — ela pergunta


chocada. — Tudo que você fez foi machucar a Hill desde o primeiro
segundo que ela chegou. Você é um ordinário, Michael. Ela merece
coisa melhor.

As palavras dela me acertam de um jeito que eu preferia


tomar uma porrada na cara. Eu sei que ela está certa, eu fuimesmo
um babaca com a Hillary por muito tempo e ela não merecia aquilo.

— Talvez ela mereça coisa melhor mesmo, mas eu amo a


Hillary. Eu preciso dela na minha vida — eu admito e os olhos de
Kalie se arregalam ainda mais.

— Você o quê?! — ela pergunta gritando.

— Eu amo a Hillary — falo de novo. Ainda acho estranho as


palavras saindo da minha boca, mas não posso mais evitar. É a
verdade. Eu me apaixonei por ela. Nunca achei que fosse amar
ninguém, mas eu amo a loirinha.

— Uau. Eu não estava esperando por isso — Kalie fala.— Eu


sabia que você estava arrependido de ser um idiota, mas não sabia
que era para isso tudo. Uau.
— Eu não aguento mais ficar sem ela — falo para ela. — Eu
preciso da Hillary de volta, morando comigo, com meus filhos.

Kalie suspira e me olha desconfiada.


— Eu não sei não, Michael — ela fala me olhando com
atenção. — E se ela se machucar de novo?

— Ela não vai, eu prometo — falo, porque minha palavra é a


única coisa que eu tenho para dar.

— Eu devo estar louca mesmo de concordar com isso — ela


fala e eu me encho de esperança. — Do que você precisa?
— Só preciso que ela converse comigo — eu falo.

Hillary está me evitando que nem o diabo evita a cruz. Ela fala
comigo das coisas dos bebês e só. É bom-dia, boa-tarde, boa-noite
e só. Eu achei que ela fosse amolecer com o tempo, mas minha
garota é feroz. É isso que eu amo nela.

— Eu não vou conseguir fazer milagre, Michael. Se ela não


quiser falar com você, eu não vou conseguir forçar. Mas eu posso
dar um empurrãozinho. O resto é com você. Não ferra com tudo.

— Não vou — prometo. É a promessa mais importante da


minha vida. Não posso estragar as coisas com Hillary de novo. É
minha única chance.

***

Eu nunca precisei aprender a cozinhar e sou muito ruim


fazendoisso, mas tentei tudo que eu podia e acho que consegui um
resultado decente. Eu olho a hora e vejo que Hillary vai chegar a
qualquer momento. O “empurrãozinho” que Kalie deu foi pedir para
Hill vir buscar os filhos aqui hoje ao invés de eu os levar lá. Não sei
nem que desculpa foi essa que ela arrumou para convencer a
amiga, mas Hillary concordou e me mandou uma mensagem
avisando que está vindo.
Os bebês estão dormindo nos berços do quarto deles que
está exatamente do jeito que ela deixou, só com coisas novas
compradas porque, mesmo Hillary insistindo em não levar nada que
eu comprei, não aceitei isso. Meus filhos não iam ficar sem as
coisas deles só porque ela não queria olhar na minha cara.

O interfone toca e meu coração fica todo errático. Nunca me


senti tão nervoso assim. Libero a entrada dela e já estou na porta
quando ela chega.
— Oi — Hillary fala, sem olhar direito para mim, que nem ela
faz todas as vezes. — Eles estão prontos?

Abro a porta para ela entrar e fecho assim que estamos os


dois dentro do apartamento. Hillary para de andar de repente,
chocada.

— Michael? — pergunta, olhando para o estado da sala. Eu


coloquei umas velas espalhadas e tem flores em cima da mesa
arrumada com os talheres e bebida.

— Janta comigo? — peço, parado atrás dela.


Fico nervoso e enfio as mãos nos bolsos. Hillary vira para
mim com a boca entreaberta. Meu Deus, que saudade dessa boca
gostosa dela.

— Michael, eu não acho que é uma boa ideia — ela fala,mas


não parece ter tanta certeza.

Eu me aproximo um pouco dela, não tanto quanto eu gostaria,


mas o suficiente para ela arregalar os olhos. Coloco a mão no seu
rosto e preciso me controlar para não puxar Hillary para os braços.

— Só janta comigo — falode novo e aponto para mesa. — Já


está tudo pronto. Só um jantar.
Ela me olha desconfiada, mas acaba concordando com a
cabeça.

Eu levo Hillary até a mesa e puxo a cadeira para ela sentar.

— Obrigada — Hill fala baixo e olha para mim. — Eu não sei o


que você está querendo com isso, Michael, mas…

— Eu só quero jatar com você — insisto.


— Tudo bem… — ela concorda, mas ainda parece incerta.

— Eu já volto — falo e vou para a cozinha para terminar de


preparar tudo.
Sirvo a comida nos pratos e levo de volta para a mesa.
Coloco o prato dela na sua frente e me sento na cadeira do lado
oposto.

— Espero que goste de molho Alfredo — falo, sem dizer que


é literalmente a única coisa que aprendi a fazer.

Hillary dá um sorriso pequeno e é o primeiro que ela dá para


mim em muito tempo.

— Eu amo. Obrigada — fala e começa a comer. Ela dá um


gemido quando coloca a comida na boca e meu pau decide que é
uma boa ideia pulsar dentro da calça. Que saudade desse som
gostoso. Passo a mão na calça e arrumo a ereção no lugar, porque
eu quero muito foder minha mulher até ela concordar em nunca
mais me deixar, mas até eu sei que não dá para ser assim.
— Como está a faculdade? — eu pergunto, comendo e
olhando para ela. Hill hesita para responder, mas diz:
— Eu estou feliz de estar de volta, estou doida para me
formar — ela fala e enfia um bocado de cabelo atrás da orelha. —
Só é estranho não estar mais fazendoas mesmas aulas que o resto
do pessoal. Não conheço quase ninguém agora, mas não é tão ruim
assim. Falta pouco agora.

— Você vai ser uma ótima publicitária — eu falo e acredito


nisso de verdade. Eu vi alguns dos seus trabalhos enquanto estava
morando aqui e ela é incrível.

Hillary cora um pouco. A pele branquinha fica toda


avermelhada e eu quero muito tocar.

— Eu acho que a Matrix podia usar sua ajuda — eu sugiro.


Ela franze as sobrancelhas. — O time de marketing está com
dificuldade de inventar coisas novas para promover o lugar.
— Eu não quero trabalhar para você, Michael — ela fala e
abaixa o talher. — O que você está fazendo?

Largo meu talher também e me levanto da cadeira, não


aguentando mais ficar longe dela. Hillary só me olha quando eu me
aproximo e chego nela. Puxo sua cadeira para trás e me ajoelho na
sua frente.

— Eu vou fazerqualquer coisa para te deixar feliz— eu faloe


não resisto. Toco seu rosto de novo. Hillary ofega, mas não me
manda me afastar. — Me perdoa, loirinha. Eu fui um babaca.

Os olhos dela marejam e Hillary funga.

— Você me machucou muito, Michael. Eu não sei se…


— Eu sei que te machuquei e prometo que nunca mais vou
fazer isso de novo — eu falo, mas consigo ver no rosto dela que
Hillary não acredita. — Eu…

Minha voz começa a falhar, porque é muito difícil falar disso.


Mas eu preciso. Por ela. Hillary merece entender.

— Eu não acreditei que você podia gostar mesmo de mim —


eu falo com vergonha e tento desviar o olhar. Mas minha garota não
deixa. Ela segura meu rosto e levanta para ela de novo. Eu vejo que
sua expressão está confusa, tem um vinco no meio da sua testa.

— Do que você está falando? — ela pergunta. — Você vive


cheio de mulher atrás de você o tempo inteiro…

— Mas elas não gostam de mim — eu falo dando de ombros.


— Só do meu dinheiro. Se nem minha mãe gostou de mim o
suficiente para ficar
, Hill, por que você ia gostar?

A expressão dela suaviza e Hillary me olha com tanto carinho


que dói.

— Ah, Michael…

— E aí eu entrei em pânico quando percebi que te amo e fiz


merda — confesso.

A boca dela cai aberta em um O perfeito e Hillary leva a mão


à boca.

— Você… o quê?
— Eu te amo, loirinha — falode novo sem conseguir parar de
olhar para o rosto dela. — Eu sou todo fodido e não sei o que é
amor direito, mas eu sei que te amo. Se você me der outra chance,
eu prometo que vou te fazer feliz.

Ela não responde, ainda em choque. Aproveito para me


aproximar mais dela e enfio as mãos nos seus cabelos.

— Volta pra mim, Hillary. Eu quero você de volta. Você e


nossos filhos, aqui comigo. Volta pra mim.
Capítulo dezenove –Hillary Williams

Ele me ama. Ele me ama!

Meu Deus, não pensei que o dia de hoje ia terminar assim,


com um jantar romântico organizado por ele e uma declaração tão
espontânea. Ouvir que ele achou que nunca seria amado por
ninguém partiu o meu coração em vários pedacinhos, porque já
imaginei que ele se sentisse assim só pela forma que falava da sua
mãe, com amargura e algo mais.
— Eu não sei o que dizer, Michael. Isso foi inesperado.

— Diga que me ama de volta. Que vai me dar uma chance


mesmo que eu não mereça, Hill. Sei que não te mereço, mas o bom
disso é que vou fazer tudo para merecer.
Não sei mesmo o que dizer. Isso é tudo o que sempre quis
ouvir vindo dele, o que imaginei na minha mente tantas e tantas
vezes. Mas sempre protegi meu coração. Desde o início, depois que
ele foi babaca, eu me armei até os dentes para me proteger. Não
adiantou muito, mas nunca me entreguei completamente a ele
porque o medo não deixou. Será que vou ser capaz disso agora?

— Como isso funcionaria? — pergunto baixinho, estudando


as possibilidades. O sorriso que ele abre não é nenhum que eu
tenha visto antes, com um brilho que o deixa ainda mais bonito. –A
gente ia namorar? Já começamos pelos filhos, pulamos muitas
etapas e … Tenho tanto medo, Michael.

— O que você quiser. Faço o que você quiser.


Ele segura meu rosto entre as mãos e beija minha testa com
carinho. Fecho os olhos e solta uma respiração funda, porque a
sensação dele perto de mim é boa demais.

— Vocês três são a melhor coisa que já me aconteceu. Eu


amo que a gente tenha pulado várias etapas, porque senão a gente
não estaria aqui.

Mordo o lábio, mas Michael o puxa com o polegar, olhando


para minha boca sem desviar os olhos.

— Tudo bem. Eu aceito. Por favor, não parta meu coração de


novo. Não vou aguentar.

— Não vou. Juro.

Ele sorri e me puxa para o seu colo. A gente cai no chão pela
posição em que ele estava e eu sorrio. Entrelaço meus braços ao
redor do seu pescoço e ele finalmente me beija. Tive sonhos nos
últimos dias com seus lábios nos meus porque ele tem o melhor
beijo do mundo.

Michael mordisca meu lábio e me faz gemer contra sua boca.


Ele aperta minha cintura e passa para meu pescoço. Ataca minha
pele com chupões, mas nem ligo porque não tem lugar melhor para
eu estar agora do que em seus braços.

Meu bad boy tem tanta coisa para aprender ainda e mesmo
com medo, quero que seja eu a ensinar e estar ao seu lado quando
ele errar. Para mostrar que ele pode sim ser amado pelo que é, e
não pelo que tem. O dinheiro nunca foi importante para mim, tudo o
que quero é uma pessoa que esteja ao meu lado para o que der e
vier. Para me amar. Ele me ama!
— Aliás — digo no meio de um gemido. — Eu também amo
você. Muito.

— Fala de novo — ele rosna contra meu pescoço e aperta


minha bunda, me puxando contra sua ereção. — Repete, amor.
— Eu te amo. Te amo, Michael. Faz amor comigo? Me mostra
o quanto você me ama.

Michael se levanta do chão comigo nos braços e me leva até


o seu quarto. Ele me coloca na cama com uma delicadeza que
estranho e vejo o quanto está se esforçandopara ser carinhoso. Ao
invés de pedir para ele fazer o que sabe, eu o torturo com a
lentidão.

Michael começa beijando meus pés, chupa meu dedão e


sobe para o tornozelo. Tudo sem parar de me olhar. Eu estremeço a
cada beijo que me dá, a cada toque da sua palma na minha pele.

— Michael …

— Você fica linda na minha cama, gemendo meu nome. Essa


é a cena que quero todos os dias, Hill. Minha. Toda minha.

— Sim, sou sua. — Gemo mais alto quando ele beija e lambe
minha coxa lentamente, chegando perto demais de onde eu o
quero.

Ele levanta meu vestido até meus seios e cheia a umidade da


minha calcinha. Estou pingando por ele agora e Michael gosta disso.
O homem é bom de tortura, porque fica apenas deslizando a ponta
do nariz no meu clitóris por cima do tecido.
— Cheirosa. O cheiro da minha mulher excitada é a porra
mais gostosa desse mundo.

Ergo meu corpo para que o contato aumente e ele solta uma
risadinha de quem sabe que estou perto de explodir.

— Me chupa — imploro quando se torna demais, nem me


importo com a vergonha.

— Eu gosto quando você implora. Só por isso vou te dar o


que quer. Você vai gozar na minha boca e depois vou te foder.
Ele afasta a calcinha para o lado e me lambe de cima a baixo.
Enfia a língua no meu canal e chupa meu clitóris. Quando menos
espero, um dedo desliza para fácil demais até meu ânus. Michael
empurra minha barriga para baixo quando meu corpo se ergue de
forma inconsciente.

É nova a sensação do seu dedo em um lugar antes


inexplorado, mas é gostoso.
Cedo demais por causa da necessidade que estava, eu gozo
contra a sua boca quando suga meu clitóris devagar. Ele continua
me lambendo até ficar insuportável pela sensibilidade pós-gozo.

— Gostosa. — Ele ficaem cima de mim e se livra de todas as


minhas roupas com desespero. Faz o mesmo com as suas e o pau
bonito salta, me dando água na boca pela gotinha brilhosa que sai
da cabeça. Mas agora não. Eu o quero dentro de mim. Me fodendo
ou fazendo amor comigo, prefiro dele dentro de mim.
— Vem me montar de costas. Quero ver essa bundinha
gostosa empinada para mim.
Faço o que ele me pede e sento de uma vez, ouvindo o
gemido gostoso e alto que ele solta. Sorrio porque gosto de causar
essas reações nele. Isso é tudo por mim.

— Isso. Porra, amor. Porra, é muito gostoso comer você.


Senta mais forte.
Eu sento, me apoiando nas suas pernas, dando uma visão
total da minha bunda. O dedo de Michael vem se aventurar de novo
no meu ânus e eu gosto disso. Gostei de gozar assim, mas não
tenho coragem para pedir que ele faça isso.

— Você gosta que eu foda seu cu com meu dedo enquanto


senta pra mim, safada?

Aceno fraquinho e ele continua empurrando o dedo ali


enquanto sento no seu pau. É gostoso demais.

Michael puxa meu cabelo para trás e se senta na cama,


tirando o dedo de mim e me arrumando para que ele possa assumir
as estocadas. Ele mete sem dó, segurando a parte de trás das
minhas coxas para me ajudar a me mover, açoitando minha nuca
com chupões.
— Goza pra mim, Hill. Vem comigo.

Ele esfrega meu clitóris e fecho meus olhos quando as


sensações do gozo me preenchem de novo. Eu gozo e sinto seu
pau bem apertado dentro de mim. Escuto o gemido dele na minha
orelha e ele me aperta onde pode, nos meus seios, na minha
cintura.
Quando finalizamos, inclino a cabeça para trás e acalmo as
sensações do meu corpo antes de o tirar de mim. Me jogo no
colchão e fico com a boca aberta encarando o teto, sem acreditar
que isso está mesmo acontecendo. Sorrio quando ele se deita ao
meu lado e me puxa para seu peito.

— Gostei de ter você aqui da última vez. Foi como se tudo


estivesse encaixado — ele confessa baixinho e ergo os olhos para
ele, dando um selinho na sua boca.
— Gostei também. Me senti protegida, cuidada. — Os dedos
dele deslizam pelos meus cabelos e sinto um sono enorme depois
de tanto esforço.

— Você sempre vai ser cuidada. Quero que se mude pra cá


de novo. Hoje mesmo. Vou te dar tudo o que merece. Você vai ter o
que quiser, nada nunca vai te faltar.

— Obrigada.

A gente fica assim, apenas aproveitando a calma que vem


junto com a aceitação de que vamos fazerdar certo. Provavelmente
um ainda vai magoar o outro, mas é assim mesmo. Desde que ele
não vá embora, que eu esteja sempre ao seu lado, tudo vai ficar
bem.

É com essa paz que adormeço nos seus braços.

***

Acordo no susto, pegando nos lençóis à procura dos meus


filhos, mas me lembro que não estou na Kalie dormindo com eles.
Estou na casa de Michael, na cama dele, depois de termos transado
bem gostoso. Um sorriso bobo preenche meu rosto e eu me levanto.
Tomo um banho rápido porque preciso olhar meus bebês, mesmo
sabendo que Michael está com eles, já que não está mais na cama.
Apaguei completamente e nem conferi como eles estavam durante a
madrugada.

Lavo os cabelos e coloco o mesmo vestido de ontem porque


não vim preparada para dormir. Nem sabia que a noite ia terminar
dessa forma. Procuro por Josh e Sally no quartinho deles, mas não
os encontro ali. Escuto a voz de Michael ainda da cozinha e vou até
lá de fininho.

— O café da mamãe precisa ser reforçado, porque ela de


exercitou demais ontem. Vocês vão demorar muito para entender
isso. Ainda bem.

Fico parada no batente da porta com um sorriso no rosto ao


ver a interação dele com os gêmeos. Os dois estão nas cadeirinhas,
mordendo os brinquedinhos que a gente comprou para coçar os
dentes, enquanto Michael mexe no fogo, de olho neles.

— Vou colocar bastante mel. Porque é assim que ela gosta.


Que mais? Morango! E mirtilo. Está ótimo.

Ele desliga o fogo e monta um prato em cima do balcão, de


costas para mim, concentrado na tarefa.

— Merda. Desculpa, não posso xingar na frente de vocês.


Espero que minhas habilidades como namorado sejam melhores do
que como cozinheiro.

— Namorado, hein? Ninguém me pediu em namoro — falo e


ele se vira de repente, com os olhos arregalados.
— Eu … — O bad boy coça a cabeça sem graça e eu rio
porque é raro o ver constrangido com alguma coisa. Passo os dedos
pelos lábios depois que me aproximo dos meus bebês para dar um
beijo em cada um, observando o pai gostoso deles cozinhando.

Depois de desligar tudo e colocar em cima da mesa, Michael


faz um gesto exagerado e eu rio ao ver que fez um café da manhã
caprichado.

— Posso pensar em perdoar você se tiver café da manhã


farto assim todos os dias, Michael Jones.

— Pensar? Ainda não me perdoou? — ele pergunta alarmado


e eu sorrio, ficando na ponta dos pés para beijar os vincos da sua
testa. — Não me mata do coração, sua gostosa. Vem, senta. Nós
vamos ter um café da manhã em família.

— Família … Gostei — respondo sorrindo abertamente e me


sentando ao lado dos meus bebês.

Josh choraminga, querendo vir para o meu colo, e eu o pego.


Ele puxa o decote do meu vestido para baixo e Michael gargalha,
aquele som gostoso que enche meu coração de amor.

— Alguém quer tomar o leite da manhã antes.

— Eles devem estar famintos, eu apaguei e nem consegui


amamentar — falo, colocando a boquinha no meu filho encaixada no
meu mamilo.

— Eu acordei e os amamentei por você. Espero que não se


importe pela invasão. Estava tão apagada que nem ouviu nada e
nem sentiu quando mexi.
— Você … Como?

— Eu higienizei os mamilos como te via fazendo,me deitei do


seu lado segurando um de cada vez e fiquei ali até eles estarem
satisfeitos.

Arregalo meus olhos pela confissão inesperada e se como se


fosse possível, amo ainda mais esse homem pelo cuidado com os
dois.

— Obrigada. Estava precisando dormir.

— Não agradeça por isso. Eu sou o pai deles.

— Você é — digo sorrindo, dando uma piscadela para ele. —


Não é, meu amor? É o papai.

Brinco com a bochecha de Josh e ele resmunga, fazendo a


gente rir.

— Vocês são os bebês do bad boy mais safado de toda Las


Vegas.

Michael ri e tira Sally da cadeirinha, dando atenção para a


pequena que começa a protestar também.

É, nós estamos começando a formar a nossa família.


Finalmente.
Capítulo vinte –Hillary Williams

A casa está cheia.

Hoje os meninos estão completando um ano e claro que o pai


deles tinha que fazeruma festa como se fosseum de celebração do
Oscar. Não conheço metades das pessoas que tem aqui, mas ele
está lá, levando Sally e Josh nos braços e os apresentando para
todo mundo.

— O gostoso ordinário tomou jeito mesmo, não é? — Kalie


chega ao meu lado, com uma taça de alguma bebida na mão, e
aponta para onde Michael está.

— Sim, ele tomou.


— Você está parecendo aquelas esposas babonas agora, Hill
— ela zomba de mim e eu reviro os olhos, mas não nego.

— Não sou esposa, mas eu babo mesmo. Não tenho culpa se


é lindo, um pai amoroso e incrível.

Minha amiga ainda não morre de amores por ele e parece


esperar que vá sacanear comigo de novo a qualquer momento,
mesmo que bons meses já tenham se passado. Meses de muito
amor e felicidade, ainda bem. A gente briga, principalmente quando
ele inventa de sentir ciúme por bobeira, mas nada nunca mais nos
separou. Nem vai. A relação que estamos construindo dia a dia é
forte demais agora para ser quebrada por qualquer coisa.
A gente se fortalece com nossos filhos, com nosso amor que
não surgiu de forma perfeita, mas que não mudaria nada.

— Ei, você pode falarpara o seu homem largar de ser egoísta


e difícil um pouco dos aniversariantes com os convidados? — Chris
fala, se aproximando com indignação de nós duas.

Kalie empina o nariz e se afasta, porque se ela implica com


Michael, com o primo dele é pior ainda. Os dois vivem uma espécie
de inimizade desde que se conheceram pela primeira vez e eu nem
sei o motivo. Minha amiga me conta tudo, mas sempre que
pergunto, ela desconversa. Não duvido nada que eles tenham tido
alguma coisa que acabou mal.

— A raivosinha não me suporta — ele zomba, seguindo a


bunda dela por onde anda.
— Você também provoca, Chris. Um dia ainda se matam.

Ele ri e vira um gole de uísque na boca. Não demora para


Michael se juntar a nós dois, parece que farejandoquando qualquer
homem chega perto de mim. Ele vem com a cara feia, mesmo que
eu saiba que é só provocação dos dois porque o seu primo sempre
foi respeitoso comigo. Tudo que fala sempre é para provocar o
primo e fazer com que fique bravo, porque esses são eles. Se
amam e se provocam na mesma medida e da mesma forma.

— Você já está feito um animal em cima da minha mulher.


Não quer arrumar uma pra você, não?

— Você escolheu uma das melhores, primo.

Michael revira os olhos e sorri para mim de forma doce, se


inclinando para me dar um selinho na boca.
— Eu escolhi a melhor, pode ter certeza. Fica com eles um
pouco, amor? Preciso conversar com o meu pai, parece que surgir
um trabalho grande.

Eu concordo e o vejo colocar os dois no carrinho antes de


sumir em direção onde William, seu irmão e um terceiro homem
estão.

— Ele está feliz como nunca vi antes — Chris fala,


aproveitando que Michael largou nossos filhospara babar um pouco
neles. — Sempre zoei que um dia ele ia ser enlaçado, mas nunca
pensei que fosse chegar. Ele nunca ficou assim. Até meu tio disse
que ele é outro homem.

— Ele só precisava de uma segunda chance, de alguém pra


mostrar que por trás do bad boy milionário e safado existe um
homem com um ótimo coração.
Chris concorda e me esquece por alguns segundos. Ele ama
interagir com nossos filhos e aparece lá em casa sempre que pode.
Eu me mudei de volta para a cobertura no dia seguinte ao da nossa
reconciliação, porque também não aguentava mais ficar longe do
meu homem.

Michael não mentiu quando disse que ia sempre fazer o


possível para me merecer e preciso dizer que até agora está
fazendo um ótimo trabalho. Ele me mima todos os dias, seja com
presentes caros a desenhos novos, com massagens e beijo pelo
meu corpo todo, com palavras de safadeza e de carinho.
Ele finalmente decidiu que não vale a pena se fechar e se
esconder atrás da farra, das mulheres e dos vícios. Até parar de
fumar ele parou, porque não queria prejudicar os bebês.

Distraída com meus bebês brincando com o tio babão, perco


o momento em que Michael sobe no palco improvisado. Eu faleique
era exagerado. Quem pede um salão com palco para o aniversário
de dois bebês de um ano? Só ele, aparentemente, que tem dinheiro
para jogar no lixo.
— Um minuto da atenção de vocês, por favor — ele fala
depois de pegar um microfone e eu franzo a testa, sem entender
que que ele está fazendo ali. — Há um pouco mais de um ano,
minha vida mudou de forma drástica. Nunca fui um cara bom, na
verdade, sempre faziade tudo para não andar na linha, porque algo
dentro de mim estava fora do lugar. Hillary apareceu na minha vida
de formamaluca e, naquele dia, cheguei a pensar que era o pior dia
da minha vida quando disse que estava grávida de mim.

Lembrar disso ainda me dói, mas não igual a antes. Hoje são
lembranças de um passado que preciso deixar para trás porque
nada pode me impedir de seguir construindo as lembranças novas.
— Eu disse e fiz coisas que me arrependo até hoje. Não ter
lembranças da primeira vez que vi a mulher da minha vida ainda me
machuca, mas já deixamos isso para trás. Cometi muitos erros,
Hillary, mas acho que estou conseguindo te provar que você é a
pessoa mais importante pra mim. Junto dos nossos bebês. Vocês
estão em um pedestal pra mim e eu faço tudo pra colocar uma
risada no rosto dos três.

Eu mando um beijo para ele, cheia de lágrimas nos olhos,


igual uma boba emotiva. Não estou acostumada a essa versão tão
leve e romântica de Michael. Mas eu a amo, claro.
— Agora, eu só quero olhar para o futuro. Para meu novo
trabalho, para meus dias ao lado dos meus pequenos, para minhas
noites ao lado de vocês três. Preparei uma coisa pra você.

Ele faz um sinal para alguém em algum lugar e as luzes


diminuem. Um telão aparece e imagens coloridas surgem ali
também. Reconheço de cara os desenhos dele porque sou sua fã
número um. Também reconheço de imediato a nossa história
ilustrada, desde o momento em que apareci na sua vida. Ele
produziu quadrinhos desenhados por ele de tudo, cada fraseque eu
disse. Fico chocada ao ver a perfeiçãodos traços de todos, a forma
como ele me retrata nos desenhos. Como se fosse um anjo.
Choro e pisco várias vezes quando as lágrimas me
atrapalham de continuar vendo a história. A nossa história.

Tem vários momentos dele com os bebês retratados ali, com


perfeição. Quando os quadrinhos chegam na última página, não
entendo ao ver a frase "espero que seja um sim".
Michael se aproxima de mim e eu sacudo a cabeça,
prendendo mais choro apertando os lábios.

— Ficou lindo, amor. Quanto tempo demorou para fazer isso.

— Era meu passatempo nas tardes com os bebês. Era


angustiante e ao mesmo tempo incrível me lembrar de tudo. — Ele
sorri do jeito bonito para mim e mesmo à meia-luz, posso jurar que
todo o amor do mundo sai dos olhos que me encaram. — Eu espero
mesmo que seja um sim, meu amor.

Tampo a boca quando Michael se ajoelha à minha frente e as


pessoas aplaudem ao redor.
— Você já é minha melhor amiga, companheira. A mãe dos
meus filhos. Você já é minha. Quer completar mais um item da lista
e se tornar a minha esposa.

A imagem do telão chama a minha atenção, porque ele


conseguiu desenhar com perfeição à posição em que estou agora.
Exatamente agora. O desenho do homem tatuado está com o
coração saltando do peito em expectativa. Solto um risinho e aceno
em concordância.
— É claro que eu quero!

Escuto o assobio de Chris e os aplausos aumentar, juntos de


gritinhos de felicidade ao casal. Eu me jogo nos seus braços depois
de ele encaixar um anel imenso no meu dedo e Michael me aperta
com força, sem me deixar escapar.

Eu não quero escapar mesmo.

Tudo o que importa é que ele está aqui agora, comigo, onde
parece que sempre foi o seu lugar.
Michael me abraça e sussurra uma sequência de eu te amo
no meu ouvido. Não demora para pegar Sally no carrinho de novo.
Os nossos pequenos estão agitados pelo barulho e não acho que
vão dormir cedo hoje. Aproveito para pegar Josh e encher de beijos.
Os dois estão quase andando para todos os lados, mas ainda têm
medo de se aventurarem. As passadas duram alguns segundos até
eles desistirem e irem engatinhando ou escorando nos móveis. Mas
não estamos os apressando para nada.

— Papai. Papai — Josh pronuncia a sequência de


palavrinhas novas que não sai da sua boca e me enche de ciúme,
porque ele ficou completamente apegado ao pai babão.

O sorriso de Michael se amplia e ele se estica para tirar Josh


dos meus braços.
— Isso, campeão. Vem para o papai.

Eu me lembro do dia que nosso filho falou a primeira


palavrinha, o papai tão espontâneo e inesperado que fez o homem
enorme chorar feitoum bebê. Ele esmagou nosso filhonos braços e
o beijou tanto que Josh se irritou e desistiu de ficar por perto. É um
dia que nunca mais vai sair da nossa cabeça, tenho certeza.
Sally ainda não pronunciou nenhum dos dois, porque as
prioridades dela são outras. Tipo o peitinho que virou “tetê”, a água
que virou “aga”. Espero que pelo menos nossa garotinha se lembre
da mamãe primeiro.

— Seus traíras. Foram da mamãe que vocês saíram, viu? —


Eu me aproximo, apertando a bochecha deles de leve.

— Da mamã. Mamãe — Sally balbucia e eu olho para Michael


de olhos arregalados. Ele me olha de volta do mesmo jeito e a gente
ri juntos.

Pego minha filha dos braços dele e a esmago em um abraço


forte.

— Isso, meu amor, a mamãe. Sabia que minha garotinha não


ia decepcionar a mamãe. Fala de novo. Mamãe, fala.

— Mamã — ela diz olhando para a minha boca e eu choro.


Este é mais um momento para que eu grave na minha lista de
memórias.
Sinto que nunca mais vou estar sozinha porque tenho
pessoas que me amam de forma incondicional e que estão sempre
ao meu lado.

Gosto de pensar que meus pais e minha avó teriam orgulho


de quem eu me tornei. Uma mulher forte e batalhadora. Uma mãe
cuidadosa e amorosa.

Não sei se gostariam do rótulo a futura-esposa do bad boy,


mas é um dos meus preferidos.

Eu não seria nada sem ele. Não teria meus filhos e não seria
tão feliz como sou hoje, tenho certeza.
Meu gostoso ordinário é tudo para mim.

Sem ele, tudo isso seria sem graça demais.

Ele me deu a nossa família. E, sem ela, não sou nada.


Epílogo –Michael Jones

CINCO ANOS DEPOIS

O tempo passa rápido demais e está me deixando


aterrorizado perceber isso. Parecia ontem mesmo que meus filhos
eram bebês inocentes que cabiam nas minhas mãos e precisavam
de mim e de Hillary para tudo. Agora já estão correndo por aí
fazendo algazarra e ajudando a cuidar dos irmãos mais novos.
Isso mesmo. Irmãos mais novos. Logo eu que nunca pensei
em ser pai e fiquei apavorado com a ideia quando Hillary apareceu
na minha vida, agora tenho uma família enorme com a minha
esposa. Além de Josh e Sally, que agora já estão quase fazendo
seis anos, temos mais duas garotinhas de quatro e dois anos:Sarah
e Layla. Josh já está bancando o irmão mais velho protetor e fico
feliz de saber que os meus filhos estão tendo uma família feliz. Eu
prometi que ia fazerde tudo para ser um bom pai e estou cumprindo
a minha promessa.

— Você já está acabando? — Hillary pergunta e entra no


escritório que tenho na nossa casa. O lugar foi todo convertido para
ter todos os equipamentos que preciso para desenhar, inclusive a
mesa digital enorme que estou usando agora.

Eu paro o que estou fazendo e olho para a minha mulher,


mais linda a cada dia. Minha loirinha está com o cabelo um pouco
mais curto agora porque as crianças amam puxar e ela desistiu de
deixar crescer, e conseguiu ficar ainda mais bonita desse jeito.

— Vem cá dar um beijo no seu homem — falo e dou


batidinhas na minha perna.

Hillary dá uma risada e vem toda rebolando até mim.

— No meu homem, é? — ela pergunta arteira e se senta no


meu colo onde eu mandei.

Enfioas mãos no seu cabelo e puxo a sua boca gostosa para


mim, morrendo de saudades dela.

— Que te vê nem parece que você me fez me atrasar para o


trabalho porque me prendeu na cama hoje — ela fala com a boca
inchada pelo meu beijo.
— Não tem problema, o seu chefe te acha uma gostosa e
entende que é impossível de resistir a você — eu falo brincando e
ela me dá um tapa inofensivo no braço.

Hillary relutou para começar a trabalhar para mim, mesmo


depois que se formou. Ela até chegou a fazer entrevistas para
outros lugares e teve boas propostas, mas no fim decidiu ficar com a
nossa família e nada nunca me fez tão feliz. Eu desenho, e ela cuida
de todo o resto. Não tem publicitária melhor no mundo para divulgar
o nosso sucesso. Nesses últimos anos, eu voltei a desenhar para
valer. Meu pai cumpriu a promessa de me apoiar incondicionalmente
e nunca mais tentou me fazer trabalhar nos negócios da família.
Não só isso, mas o velho William me ajudou a conseguir o contato
de uns conhecidos antigos e agora eu trabalho com alguns dos
maiores estúdios que animação que tem.
— Meu chefe é um safado — ela fala e foge quando eu tento
beijar de novo.

Olho para Hillary sem acreditar no atrevimento. Ela não para


de sorrir. Foge do meu colo e fica me olhando cheia de expectativa,
porque sabe muito bem o que vem por aí. Eu salto da cadeira e
corro atrás dela, sem nenhuma dificuldade de conseguir a alcançar.
Agarro a minha mulher e a giro no ar, beijando a loirinha até ficar
sem ar.

— Eu não queria atrapalhar seu trabalho, só vim te avisar que


já está todo mundo lá embaixo — ela falaquando para de me beijar.

— Você nunca atrapalha, loirinha — respondo e é verdade.


Eu não vou cometer o mesmo erro que o meu pai, nunca vou
colocar trabalho nenhum acima da minha família. A minha prioridade
sempre vai ser eles.
Ela segura a minha mão e me leva escada abaixo. Eu já
consigo ouvir os gritos e as conversas animadas dos convidados. É
aniversário do meu pai e Hillary teve a ideia de fazera festa aqui, na
casa que nós compramos para a nossa família, porque aquele
apartamento não era lugar para criar esse tanto de criança.

Chego no jardim e vejo todo mundo aqui. Encontro meu pai


junto com o irmão dele e Chris e vou até lá.

— Feliz aniversário, velho — faloe William sorri para mim. Eu


o abraço e não é mais todo estranho que nem era. A gente tem uma
relação boa agora. Ele é um ótimo avô para os meus netos e isso é
tudo que eu poderia pedir.
— Obrigado, meu filho. Não precisava desse trabalho todo —
ele fala apontando para as decorações, comidas e bebidas.

— Eu não tive trabalho nenhum não. Isso aí é tudo coisa da


sua nora — respondo rindo.

Olho ao redor procurando por ela e vejo Hillary conversando


com Kalie a alguns metros de distância.

— Você encontrou mesmo uma mulher de ouro, primo —


Chris fala daquele jeito implicante dele e aperta meu ombro. — Se
der mole, vou roubar pra mim.
Dou uma cotovelada nele e Chris ri.

— Te dou uma porrada — aviso, mas sei que não é sério.


Vejo uma manada de crianças correndo na minha direção e
me abaixo, porque sei que os pestinhas vão conseguir em derrubar
no chão se eu não tomar cuidado. Aprendi da pior forma. Josh vem
na frente e me abraça, Sally empurra o irmão para o lado para
agarrar meu pescoço também. Os dois começam a falar ao mesmo
tempo e não entendo nada.

— Calma que tem pai para todo mundo — eu falo e tento


acalmar as feras. As duas menores vêm logo depois, muito mais
contidas. Sarah ajuda Layla, que já sabe andar bem, mas tropeça
nos pés o tempo todo se se empolgar muito. — E vocês, minhas
princesas, não vão me abraçar?
De algum jeito, consigo ficar com os quatro pendurados em
mim e nem me atrevo a me mexer. Hillary me vê de longe e vem
rindo me socorrer de ser soterrado por eles. Mas eu não me importo
nem um pouco, muito pelo contrário.
Estou amando cada segundo da minha vida desde que minha
loirinha apareceu grávida na boate naquela noite e eu amo Hillary
cada vez mais.

FIM
Nos braços dos cowboys
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SINOPSE

HARÉM REVERSO + AGE GAP + COWBOYS


E PATRICINHA
Brooke Osment é apaixonada pela vida na
cidade, mas foi obrigada a passar um tempo na
fazenda depois de sofrer uma desilusão amorosa.
Estudante de moda, rica, mimada e viciada em redes
sociais, a garota está certa que vai sofrer durante
toda a sua estadia isolada de tudo o que ama, mas
isso é só até conhecer três cowboys irresistíveis.
Kellan e Lucas Brown são irmãos próximos e
dividem tudo, inclusive mulheres. Quando Brooke
aparece nas suas vidas, nenhum dos dois tenta
resistir ao efeito que ela causa. Já Taylor Pattinson,
o melhor amigo dos dois, não se deixa encantar tão
fácil pela garota que o seduz.
Kellan é um cafajeste assumido que não se
apega a ninguém. Lucas é um romântico safado que
quer se amarrar a alguém um dia. Taylor é frio e
casca grossa, que não deixa ninguém se aproximar.
Três homens completamente diferentes que só têm
uma coisa em comum: quando chega a hora da
patricinha voltar para a cidade, precisam convencê-
la que amar três cowboys brutos é a coisa certa para
ela.
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CAPÍTULO 1 – BROOKE OSMENT

Eu odeio os homens! Odeio minha família


também por me fazer vir para cá quando tudo o que
eu queria era estar na minha casa, chorando tudo o
que tinha para chorar depois de o babaca do Peter
ter me chifrado com uma das minhas amigas. No
meu aniversário! Eu odeio os dois.
O pior foi ver os olhares de pena de todo mundo
da faculdade depois que a história se espalhou.
Coitadinha da Osment, nunca sofreu com nada na
vida e agora passa por isso. Nunca sofri mesmo, que
bosta! Tudo estava bem demais até aquele infeliz
decidir cruzar o meu caminho e me seduzir usando
charme, porque beleza não é bem o seu forte. Já
disse que eu o odeio?
Depois que estaciono meu carro em frente à
recepção da pousada, ainda penso em desistir
dessa loucura e voltar para casa. Fui forçada a vir
para cá depois que o meu pai ameaçou me deixar
sem meus cartões de crédito e sem meu celular.
Aqui não combina comigo. O clima é de cidade de
interior, com pousadinha rústica, bichos e terra.
Argh! Sinto um arrepio me percorrer da cabeça aos
pés só de pensar em chegar perto de um cavalo.
A ideia dos meus pais era eu passar as férias
longe de todo mundo que me faz mal, para tentar
esquecer tudo o que Peter e a sua nova namorada
traíra (minha ex-amiga) fizeram comigo, mas não sei
como ficar sozinha em uma pousada no interior do
Texas vai me ajudar. Queria ter ido chorar minhas
mágoas em Paris, ou quem sabe em um país que
ainda não visitei na Europa.
Tiro meu celular da bolsa, sonhando alto com
compras nas melhores lojas, disposta a mandar
mensagem para papai e implorar por misericórdia,
mas dou um grito fino quando vejo que nem sinal
direito aqui tem. Só melhora! Tenho certeza de que
ele fez de propósito.
Mas não vou deixar isso me abalar! Vou provar
para eles que consigo muito bem me virar sozinha
onde quer que eu esteja. Sou Brooke Osment! Sou
uma garota incrível!
Fecho os olhos e respiro fundo antes de descer
do carro. O cheiro diferente de natureza me faz
torcer o nariz, mas coloco um sorriso no rosto
porque sei que aqui é de um amigo do meu pai.
Preciso parecer contente da vida por estar aqui.
Assim que abro a porta e piso na recepção, sinto um
alívio por saber que pelo menos aqui tem ar-
condicionado. Significa que tem energia. Pela
imagem que tenho de uma fazenda, poderia ser pior.
— Bom dia! Eu me chamo…
— Brooke! Meu Deus, como você está grande e
linda, menina! — Me assusto quando uma senhora
bonita sai de trás do balcão e vem até mim, com os
braços abertos. Sem graça, eu me abaixo um pouco
para a abraçar. — Ah, me desculpa. Você não deve
se lembrar de mim. Sou a April, a esposa do Ryan,
amigo do seu pai.
— Ah, tudo bem. Não tem problema.
Ela se afasta parecendo constrangida pela
demonstração de carinho porque não tenho ideia de
quem ela é. Não me lembro deles em nenhuma das
muitas festas que meu pai gosta de dar para
comemorar qualquer coisa.
— Vem, querida. Vou te mostrar seu quarto.
— Não preciso dar meus documentos para a
reserva? Preciso de ajuda para pegar minhas malas.
— Aponto para o computador e depois para fora da
recepção, onde meu carro está estacionado.
— Ah, depois eu peço para o Kellan te ajudar
com isso. Não precisa de reserva, querida, seu pai já
deixou tudo acertado antes de você chegar. Vamos,
venha.
Ela sorri para mim e faz um sinal com a mão
para que eu a acompanhe. Eu a sigo, olhando para
tudo ao meu redor com curiosidade. Isso é tudo
muito novo para mim, então estou curiosa para
saber o que vai ser no tempo em que eu ficar aqui.
Até quando vou aguentar, não sei.
— Aqui, deixamos o melhor quarto para você.
Qualquer coisa, todos os números daqui estão
disponíveis na mesinha ao lado da cama. Deixei um
folheto com as atividades da fazenda também, caso
queira se divertir um pouco.
— Obrigada — falo com um sorriso fraco. Entro
no quarto e vejo que é bem simples. Não tem muita
coisa para olhar, então me viro de volta para ela. —
Qual é o shopping mais perto daqui?
— Ah… Shopping? Aqui na cidade não tem,
querida. — Ela me olha como se eu fosse doida,
mas depois muda para uma expressão simpática.
Como assim não tem shopping? — Temos lojinhas
no centro. Dependendo do que você quiser comprar,
vai achar lá.
— Tudo bem, obrigada.
Ela sorri de um jeito bem aberto, achando que
me deu a melhor solução da vida. Mas não consigo
deixar a expressão de desapontamento de lado,
porque logo April fala:
— Se preferir, qualquer dia desses peço para o
Luke te levar na cidade grande. Lá deve ter o que
você procura.
— Não precisa, não quero incomodar — falo
sem graça. Dou uma volta no meu próprio corpo
para tentar me sentir à vontade no quarto. — Vou
ficar pouco tempo mesmo.
Acho que vejo pena no olhar dela, mas não
tenho tempo de pensar demais porque escuto um
barulho alto vindo do corredor da pousada.
— O que tem nessas malas, pelo amor de
Deus?
Estico o pescoço quando escuto a voz de um
homem vindo até onde estamos.
— Kellan! — repreende a senhora, fazendo
uma cara feia enquanto aponta com a cabeça para
mim.
Minha primeira reação é bater meus cílios
várias vezes de choque, porque o homem é bonito
demais. Mesmo usando uma roupa que já viu dias
melhores, ele é uma bela visão. Os olhos azuis me
olham com curiosidade de cima a baixo. Ele não
disfarça a expressão de cafajeste que se forma no
seu rosto.
— Moça… — Ele me cumprimenta depois de
deixar minhas malas no canto do quarto. — O peso
das suas malas é igual ao tamanho da sua beleza.
— Kellan, filho… — a senhora o repreende de
novo. Eu prendo uma risada sem graça. Só agora
consigo notar a semelhança entre eles dois, sendo a
que mais se destaca a cor dos olhos. São azuis
muito, muito claros. Meu rosto fica vermelho pelo
que ele fala, porque não estou acostumada com
cantadas tão diretas assim.
Ele se aproxima de mim e estende a mão.
Gosto do que vejo mais ainda quando ele fica
pertinho de mim. O conjunto de homem gostoso é
complementado por cabelos loiros quase ruivos,
barba da mesma cor e um corpo de mais de um
metro e noventa. Eu sou alta, então sei que ele é
mais alto que meus um e oitenta porque preciso
levantar o rosto para olhar para o dele. Seguro a
mão grande, sem graça, e me surpreendo quando
sinto calos grossos contra a minha palma macia.
— Sou a Brooke.
— Ah, moça, eu sei quem você é. Sou Kellan,
filho dessa senhora bonita que está me fuzilando
agora mesmo.
Dou uma risada e olho para April atrás dele,
que disfarça a expressão quando me vê a
encarando. Antes que eu possa falar qualquer coisa,
ela dá um jeito de Kellan do quarto, com a desculpa
de ter muita coisa para fazer na fazenda. Não
consigo controlar o sorriso bobo que aparece
quando eles saem e finalmente fico sozinha.
Talvez os dias aqui não sejam tão ruins quanto
eu pensei. Se eu puder ter esse homem para
agraciar meus olhos, acho que tudo vai ficar muito
bem.

Depois que cheguei, demorei a sair do quarto,


porque estava tentando, sem sucesso, conectar sinal
de internet no meu celular para falar com Blair,
minha melhor amiga. Para meu desespero, consegui
só depois de ficar esticada na janela, mas foi só por
alguns segundos antes de o sinal cair de novo.
Como vou sobreviver a esse lugar sem falar com as
pessoas?
Se eu parar para pensar bem, essa parece ser
a intenção do meu pai. Me isolar do mundo para eu
abandonar o celular. É uma das coisas que ele
sempre reclama sobre os jovens. Mas na boa, como
espera que a gente sobreviva ao mundo sem postar
nada, sem fofocar, sem curtir a rapidez da
comunicação? Tenho vinte anos, não posso ficar
sem me atualizar, senão fico para trás do resto do
mundo.
Depois de muito choramingar sozinha, sinto
minha barriga roncar e me lembro de que não comi
nada. Só aí saio do quarto para explorar o lugar.
Sinto cheiro de comida, mas não reconheço o que é.
— Olá? — chamo e escuto risadas e uma
música que não conheço vindas de algum lugar fora
da área da pousada.
Receosa, com medo de encontrar algum bicho
no caminho, ando rápido até o outro prédio de onde
vem o barulho. Assim que chego, vários olhares
encontram o meu rosto, curiosos. Na mesma hora
fico com vergonha de ser o centro das atenções,
principalmente porque a maioria aqui é homem.
— Olá — digo baixinho, acenando para todos
de uma vez.
— Ora, ora, você deve ser a moça que Kellan
falou — um deles fala, saindo de perto do grupo para
vir até mim.
Meu Deus, aqui é uma fazenda ou um catálogo
de agência de modelos? O que tem com esses
homens?
Abro e fecho a boca, sem saber o que dizer,
quando ele para na minha frente, com um sorriso de
lado.
— Sou Luke, irmão mais velho daquele
pentelho ali. — Ele aponta para o Kellan, o homem
gostoso que conheci mais cedo.
Não consigo opinar de verdade qual deles é o
mais bonito, mas sei que os dois me deixam nervosa
por se aproximarem assim, tão diretos.
— Brooke. Mas você já deve saber disso.
Ele acena e me estuda por tempo demais para
ser considerado educado, mas não parece se
importar quando desvio os olhos sem graça. Por
falar em olhos, os dele são um pouco menos
chamativos do que os da mãe e do irmão. Parecem
mais puxados para o verde. Mas a altura e a beleza
são iguais. Olhos claros, corpo alto e malhado, barba
bem aparada no rosto anguloso. Tenho certeza de
que essa família está perdendo dinheiro. Até mesmo
a mãe deles poderia estampar capas de revistas por
aí.
— Eu… Onde posso comer? — pergunto
constrangida pelo olhar curioso que dura tempo
demais.
— Aqui mesmo. Vem. A comida da Valerie é a
melhor que você vai conhecer.
Me sentindo muito acuada, ando atrás dele e
sorrio fraco para as pessoas. São todas muito
simpáticas e tentam me incluir nas conversas, mas
percebo que não tenho nada em comum com elas.
Sei que estão falando sobre termos da fazenda, mas
não faço ideia do que exatamente.
— Brooke? Não vai comer? — Kellan aponta
para meu prato vazio com um sorriso zombeteiro no
rosto. Ele parece ter algo desafiador no olhar.
Eu aceno e me levanto para me servir de coisas
que nunca comi antes. Sou acostumada com uma
dieta balanceada, mas nada daqui se encaixa como
saudável. Vendo que todos estão me olhando, eu me
sirvo de um pouco da comida e me sento na cadeira
de canto em que estava antes. Dou uma mordida no
pedaço grande de bacon e fecho os olhos, porque
não me lembro a última vez que comi algo tão
gorduroso e tão… gostoso.
Os irmãos gostosos, apelido novo que dei para
eles a partir de agora, me encaram e se olham em
seguida, como se aprovassem o gesto. Sigo
comendo alheia às conversas, até que ouço uma
aproximação barulhenta no restaurante.
Limpo os dedos no guardanapo e me viro, a
tempo de ver um homem sério entrando. Ele
cumprimenta todos com um “opa” alto e abaixa a
aba do chapéu preto surrado que usa. Quando o tira,
os cabelos pretos, um pouco longos, saltam dali, e
ele os afasta para trás. Os olhos escuros vêm para
os meus por alguns segundos antes de voltar a
cumprimentar as outras pessoas. Kellan, que
percebo ser o mais engraçadinho e pra frente, abre
um sorriso e aponta a cabeça para mim.
— Já viu a moça nova? — pergunta. Ele dá
uma garfada grande na comida do seu prato, sem se
importar com as regras de etiqueta. Todos eles
comem assim, bem livres.
Ele só acena para mim, muito mais contido,
mas não fala mais nada. Ele vai logo se servir da
comida e fico um tempo olhando para ele, sem saber
se fico feliz por ser o único que não dedica sua
atenção para mim, ou se me sinto irritada pela frieza.
— Não liga, não, o Taylor é assim com todo
mundo. Parece que sempre dorme com as bolas
presas — Luke sussurra e se senta na minha frente
na mesa quando vê que estou encarando o moreno
mal-humorado. — Mas tem o maior coração do
mundo.
— Ele faz parte do catálogo da família? —
pergunto sem me conter e Luke franze a testa para
mim. — Esquece. É seu irmão também?
— Ah, não. É só um amigo de longa data da
família. Nós três corremos pelados juntos desde que
nascemos praticamente. Somos apenas Lucas, eu e
Hailey, nossa irmã caçula — Kellan fala, se sentando
ao lado do irmão, com o prato cheio de comida
novamente.
Tusso pela imagem que se formou na minha
mente, porque não preciso dizer que o homem
carrancudo também é lindo, não é? Uma beleza
mais rústica, sem muitas coisas que chamam a
atenção de cara, mas só até olhar por mais de dez
segundos e perceber que é gostoso demais. Pensar
nos três correndo pelados, já adultos, é uma visão
que me deixa quente.
Eles começam a falar sem parar entre si sobre
a fazenda e novamente eu me desligo, porque só
quero aproveitar a refeição em paz.
Pelo visto, vou sair daqui muito mudada. A
primeira coisa da lista vai ser os quilos que vou
ganhar.
CAPÍTULO 2 – BROOKE OSMENT

Levanto da cama de uma vez quando escuto


um bicho gritando alto, um que se parece muito com
um galo. Tenho pavor deles. Coloco a mão no
coração e tiro a máscara que uso para dormir do
rosto, esperando as batidas cardíacas se
normalizarem. Pego meu celular para ver as horas.
Só para isso que ele está servindo mesmo, porque
desisti de conseguir sinal.
Resmungo quando vejo que ainda são seis
horas da manhã e me jogo de novo na cama, mas o
galo volta a fazer barulho e eu desisto de dormir.
Ontem, não aproveitei nada do lugar. Depois do
almoço, praticamente fiquei trancada no quarto
vendo alguns episódios de séries que felizmente
deixei baixadas no meu notebook. Foi um restinho
de dia bastante tedioso. Não quis sair nem mesmo
quando April insistiu para que eu fosse jantar. O
almoço serviu para me deixar cheia pelo resto do
dia. Mas agora, a barriga ronca alto.
Me arrasto para o banheiro dali e tomo um
banho, porque aqui é quente demais. Mesmo com o
ar-condicionado que não funciona muito bem, ainda
me sinto grudada de suor. Quando saio me sentindo
mais relaxada, seco meus cabelos com o secador e
vejo os castanhos longos e lisos escorrendo pelas
minhas costas, batendo na minha cintura. Gosto
deles assim e não me vejo usando um corte curto,
mesmo que seja trabalhoso e caro demais cuidar
deles.
Passo um rímel nos cílios para abrir e acender
os castanho-claros simples das minhas íris. Sempre
funciona para deixar meus olhos maiores e gosto
deles assim. Quando me lembro de que já estou
produzida demais para uma fazenda, decido que
está bom. Coloco um vestido que ganhei de
presente de aniversário do meu pai e decido sair da
toca. Vou novamente para o restaurante de ontem,
mas desta vez o local parece vazio. Só encontro
April e outra mulher ali.
— Brooke, menina, você estava me deixando
preocupada já. Não saiu para se alimentar! — Ela se
aproxima de mim e acaricia meus braços, me
deixando sem graça. Não sou acostumada a
demonstração de afeto, de ninguém. Até mesmo
meus pais são secos comigo. Não que não me
amem, mas só demonstram isso de uma forma
menos… calorosa. — O café da manhã já passou,
mas a Valerie vai preparar uma coisa bem gostosa
para você comer.
— Ah, não precisa se incomodar, eu espero
pelo almoço e… — Ela dispensa meu comentário
com a mão e me faz sentar em uma das cadeiras,
praticamente me empurrando.
Eu espero a senhora simpática, que me serve
com uma expressão de contentamento, e tento
comer tudo o que colocou no meu prato, mas tem
coisa demais e eu já estou explodindo. Agradeço às
duas quando me sinto cheia e as deixo concentradas
no trabalho, falando um tchau antes de sair.
Disposta a andar pelo lugar para ver se tem
algo de divertido para fazer aqui, caminho receosa
sem saber para onde estou indo. Me distancio do
barulho dos bichos, mesmo sabendo que
provavelmente eles não devem ficar soltos por aí.
Espero que não.
Estico o pescoço para ver se consigo enxergar
algo dentro da propriedade que parece ser a casa
principal da fazenda, quando sou surpreendida com
Taylor saindo dali, com uma camiseta na mão, os
cabelos molhados e jogados para trás, com o peito
malhado coberto por pelos escuros todo exposto.
Ele estaca quando me vê e me olha intrigado.
— Perdida? Essa área não é para os hóspedes
— diz com um tom de voz grosseiro que não sei se é
dele mesmo ou se é só comigo.
— Ah, desculpa, estava andando sem rumo.
Não conheço nada ainda. — Aponto para o lugar por
onde vim e ele acena, vestindo a camiseta rápido
demais. Ele é bruto, mas é bonito. Meus olhos não
se ofendem fácil e não são impedidos de espiarem.
— Aqui é a área das casas. A minha. — Aponta
para trás dele. — A do Kellan e do Luke logo à
frente.
Eu me viro para trás para ver a mansão bonita
atrás de mim. Fico sem saber o que dizer porque é a
primeira frase simpática que fala para mim. Aperto
os dedos de nervosismo e evito olhar para os olhos
escuros demais, que parecem me estudar com
curiosidade. Os três homens têm mania de fazer
isso! Que desconcertante que é!
— Obrigada. Eu vou… Obrigada.
Eu o deixo para trás, chutando minha bunda
mentalmente por não ter dito nada coerente e
inteligente para ele. Agora que vai me olhar esquisito
mesmo, como se eu fosse uma tapada.
Ando apressada, na medida do possível,
porque fui inventar de calçar um sapato que não me
parece nada apropriado para andar aqui. Comprovo
isso quando torço meu pé de leve, tentando sair do
labirinto que me meti. Dou um gritinho quando estou
prestes a cair, mas sinto braços fortes me segurando
antes que isso aconteça.
— Cuidado, moça. Seria um pecado machucar
esse rostinho bonito — Kellan fala, sacana, olhando
para meu pé em seguida. — Torceu? Esse sapato
não é muito adequado. Na verdade, sua roupa toda
não combina muito com o clima da fazenda.
— Eu sei, notei — resmungo brava, sentindo
uma fisgada no meu tornozelo.
Quando vê que consigo me manter de pé
sozinha, ele se agacha e mexe no meu tornozelo,
nada delicado. Digo um “ai!” de protesto e ele pede
desculpas, sem parecer de fato culpado.
— Torceu não, moça. Foi só um mau jeito
mesmo. Precisa que eu te carregue no colo? — Ele
sorri abertamente e me mostra dentes muito brancos
e certinhos.
Desconcertante! Tudo aqui é muito
desconcertante!
— Obrigada, estou bem. Acho que consigo
andar.
Tiro as mãos do seu peitoral quando vejo que
estava o apalpando e que ele parecia estar ciente
disso, porque dá uma risadinha baixa. Prendo um
riso também. O clima parece ser leve com Kellan, é
inevitável rir.
Me afasto e piso com o pé machucado, mas só
sinto um incômodo leve. Agradeço a Kellan de novo
por ter me salvado e aceno um tchau antes de me
afastar.
O que está acontecendo comigo que estou
parecendo uma mocinha desastrada de comédia
romântica brega? Não sou assim, eu hein. Sou uma
garota cheia de classe, que sabe se portar em todo
lugar como ninguém.
— É o clima, Brooke. Está mexendo com a sua
cabeça. O ar daqui é diferente, eu bem que
desconfiei que… — Distraída com meu monólogo
solitário, não escuto a aproximação e nem vejo por
onde ando.
— Conversando sozinha? — Grito muito alto,
principalmente quando vejo que Luke está
acompanhado de um cavalo, grande demais, muito
pertinho de mim. — Cuidado!
Dou passos rápidos para trás, sem tirar os
olhos do animal que bufa para mim. Vejo toda a
minha morte e não há nada que vá me impedir de
me afastar agora. É quando sinto algo mole debaixo
dos meus pés que vejo que pisei em um monte de
merda.
— Droga! Que… Ai, que nojo! — eu grito,
fazendo ânsia de vômito, o que faz Luke rir muito
alto. — Não é engraçado!
— Desculpa, mas é um pouco, sim. Eu tentei
avisar você. Não precisa ter medo do Névoa, ele é
mais mansinho do que um bebê.
Ele tenta se aproximar de mim com a fera
abominável e eu só me recupero do trauma para me
afastar mais deles. Vendo que meu medo é real,
Luke ergue as mãos para o alto, soltando a cordinha
que está ao redor do pescoço do animal.
— Vou me aproximar sozinho, você parece
paralisada.
— Não solta ele!
— Calma, ele não vai até você — Luke me
tranquiliza, prendendo um sorriso enquanto se
aproxima de mim com as mãos estendidas na frente
do corpo, parecendo se proteger de mim.
Sem tirar os olhos da besta-fera, deixo que ele
se aproxime, me fazendo erguer o rosto para olhar
para ele.
— Está tudo bem? Você tem trauma com
cavalos ou algo do tipo?
— Não, eu só… não gosto de nenhum bicho —
falo, passando a língua pelos lábios secos de
nervosismo. — Não me dou bem com eles.
— Nem mesmo um filhotinho de cachorro? —
Nego com a cabeça e ele sorri, olhando para mim
como se eu fosse doida. — Tudo bem. Quer ajuda
para lidar com isso?
Só quando aponta para meus pés é que me dou
conta de que estou pisando na merda ainda. Faço
ânsia de vômito de novo e choramingo, mas consigo
negar a ajuda.
Três humilhações seguidas com os homens
mais bonitos desse lugar. É mesmo pedir para ter
um pouco de sorte parecer mais normal na frente
deles?
— Ei, Brooke! Hoje à noite tem uma festa aqui
na fazenda, se quiser aparecer.
Aceno em concordância mesmo sabendo que
não tem a menor chance de eu aparecer na frente
desses três homens juntos, depois de toda a
vergonha de hoje. Só quero voltar para o quarto e
fingir que tudo isso é um pesadelo.
Se eu fechar os olhos com muita força e abrir
depois, vou estar na minha casa, em Miami, em um
clima agradável, deitada na espreguiçadeira,
pegando um sol na minha piscina particular. Com um
namorado que me ama e que nunca me trairia. Não
o embuste do Peter mais, quero que ele morra. Mas
um que me deseje tanto a ponto de não existir nada
mais importante do que eu.
Às vezes meus sonhos românticos parecem
impossíveis. Será que é tão difícil assim encontrar
um amor de verdade mesmo nova?
Conversando sozinha, em uma mania que
assusta a maioria das pessoas, volto para meu
quarto, arrastando o sapato que uso onde posso na
grama para me livrar da merda que pisei. Vou
precisar jogar meu par lindo no lixo. Que vida
sofrida!
Assim que piso no quarto, tranco a porta e me
livro de tudo, querendo outro longo banho. Não tem
nem uma banheira aqui para eu poder relaxar. Seria
muito bom para ser verdade.
Passo o dia reclusa de novo, vendo a noite cair,
as horas se arrastando devagar. Escuto a
movimentação ao redor da pousada, ouvindo música
e risadas bastante alegres. Tento ver alguma coisa
pela janela, mas não consigo daqui. Suspiro e pego
meu celular, em mais uma tentativa falha de buscar
sinal. Preciso me lembrar de perguntar para alguém
como eles fazem para se comunicar com o resto do
mundo.
Uma tristeza toma conta de mim porque me
sinto sozinha demais aqui. Meus pais não puderam
vir comigo porque vivem em função da Osment
Entreprise, a empresa que meu pai é o CEO e a
minha mãe é a vice. Sim, fui agraciada com dois
workaholics de uma vez. Eba!
Sinto as lágrimas escorrendo quando as últimas
semanas voltam de uma vez. Sou forte, sei que sim.
Ninguém morre de tristeza ou de coração partido,
mas me permito sofrer um pouco na solidão desse
quarto no fim do mundo.
Me assusto quando escuto uma batida na porta
e seco meu rosto. Fico em silêncio para esperar que
quem quer que seja vá embora, mas quando a
batida se repete, desisto de ignorar. Levanto da
cama e abro a porta, deixando só uma fresta
pequena. Ao ver que é Luke parado ali, abro mais.
— Oi?
— A pedido da minha mãe, vim te convencer a
ir para a festa — ele fala e perco alguns segundos
analisando sua aparência. Ao contrário das vezes
outras que o vi, agora ele está arrumadinho com
uma roupa bem passada e limpinha. O perfume
gostoso me atinge e eu fungo para sentir mais.
— Não estou no clima.
— Está tudo bem? Estava chorando? — Ele
aponta para meu rosto e eu o seco. Dou de ombros
e prendo um choro. — Olha, não sei o motivo por
que você veio parar aqui, mas não parece muito que
foi por vontade própria, estou certo?
Concordo com a cabeça, constrangida, porque
não quero parecer mima da. Mesmo sabendo que
sou.
— Mas aqui é um lugar incrível para esquecer e
viver novas experiências. Você pode ficar o dia
trancada sofrendo ou você pode… curtir.
Mordo o lábio, dando razão para ele em
pensamento.
— Lucas! — Escuto alguém o chamando no
corredor e ele faz um sinal para a pessoa esperar.
Ele se despede de mim e eu fecho a porta,
encostando nela para pensar um pouco.
Luke tem razão. Não vou fazer os dias daqui
piores do que a humilhação que passei com Peter.
Vou usar o lugar diferente para descobrir coisas
novas sobre quem eu sou.
Quem sabe aqui eu não consiga preencher o
vazio que sempre parece ter em mim?

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IRMÃVIRGEM DO MELHOR AMIGO
Bryan Johnson é o quarterback do time de
futebol americano da faculdade, conhecido por todos
por ser um cafajeste que nunca se apega a ninguém.
Prestes a se formar, Bryan sonha com a
oportunidade de virar jogador profissional e passa
todo o seu tempo treinando para isso, e fugindo das
mulheres com quem se envolve e que insistem em
querer um relacionamento com o solteirão convicto.
Até que Emma Parker aparece.
A irmã mais nova do seu melhor amigo não é
nada do que ele se lembrava. Aos dezoito anos,
Emma virou uma mulher linda e divertida. Diferente
de todas as outras que passaram na sua vida,
Emma não parece fazer questão nenhuma de
terminar na sua cama, e quanto mais ele se
aproxima da garota, mais complicado tudo se torna.
Bryan sabe que Emma é proibida para ele e
que seu melhor amigo nunca vai perdoá-lo se
encostar nela, mas ele não consegue resistir. E
quando tudo vira do avesso e uma gravidez
inesperada ameaça mudar o rumo da sua vida, o
quarterback cafajeste precisa descobrir se está
preparado para ser pai ao lado da mulher que se
recusa a admitir que ama.
CAPÍTULO 1 - BRYAN JOHNSON

Não existe nada igual ao barulho da torcida em


dia de jogo. A quadra da faculdade está lotada de
gente gritando enquanto a gente corre pelo campo
tentando marcar o ponto decisivo da partida. Ser o
quarterback do time de futebol americano da
Universidade de Ohio é um peso enorme nas minhas
costas, porque nós somos o melhor time do país.
Tem uma porrada de olheiro em todos os jogos e eu
preciso fazer o meu melhor todas as vezes se quiser
ter alguma chance de conseguir um contrato em um
time profissional quando eu me formar no ano que
vem.
Só que é como se eu tivesse a merda de um
alvo nas minhas costas. Todos os jogadores do time
adversário tentam com todas as forças me foder de
propósito, porque a quantidade de porrada que eu
estou tomando hoje já está ridícula.
— Puta que pariu! — eu grito quando um
babaca do time rival me arremessa com tudo no
chão e sinto uma onda de dor no meu ombro que já
está fodido porque desloquei uns meses atrás.
Mas não me deixo abater, nem posso me dar a
esse luxo. Me forço a ficar em pé e volto a correr,
porque o cronômetro está correndo e se a gente não
fizer esse ponto, vamos perder. E eu não perco,
nunca.
Me arrasto para ficar em pé e consigo recuperar
a bola. Faço uma jogada treinada com Jerry, meu
melhor amigo de infância que é o melhor jogador
desse time. Quer dizer, o segundo melhor.
A gente marca o ponto decisivo da partida e a
torcida vai à loucura. O relógio termina a contagem e
pisca com os zeros no telão, e todo mundo grita. As
líderes de torcida correm para dentro do campo, todo
mundo se abraça e comemora a vitória, e eu até
esqueço que estou com dor por um tempo.
A farra continua para dentro do vestiário e o
treinador demora muito a conseguir colocar ordem
na bagunça para dar um dos seus discursos
motivacionais do fim de todo jogo nosso.
— Deixa o velho falar, seu bando de animal! —
eu grito, me pendurando em Jerry e empurrando o
gigante para se sentar em um dos bancos. — Ô
caralho!
— A princesa vai ficar rouca desse jeito — Jerry
implica depois de arrancar o capacete da cabeça e
se sentar onde eu o empurrei.
— Chupa meu pau — respondo, mostrando o
dedo do meio e arrancando gargalhadas dos nossos
companheiros de time.
— Se as garotas já acabaram com o amor! — o
treinador Sam grita, batendo com a prancheta em
um armário de metal que faz um barulho do cacete.
— Só quero parabenizar vocês pelo trabalho. Mais
alguns jogos e nós estamos nas finais do torneio. Sei
que não vai adiantar falar para vocês não encherem
a cara o fim de semana todo comemorando, mas
quero todo mundo aqui inteiro na segunda de
manhã. Perder o próximo jogo não é uma opção! Me
ouviram?!
— Sim, senhor! — todos nós gritamos ao
mesmo tempo e batemos palmas.
O astral está lá no alto e todo mundo começa a
rir e conversar enquanto a gente tira o equipamento
e o uniforme. Sam tem razão e nem adianta mandar
ninguém se comportar hoje. A gente ganhou, porra!
Os Tigers continuam invictos e eu sou a porra do
quarterback do time que não perdeu nenhuma
partida no torneio inteiro até agora. Se isso não me
der um passe direto para um grande time
profissional ano que vem, nada mais dá.
— Bryan? — Sam se aproxima de mim, me
olhando com preocupação. Estou terminando de tirar
o uniforme e olho para o treinador. — Aquele tombo
foi feio — fala e aponta para o meu ombro que ele
sabe que está fodido.
— Eu estou bem, treinador — prometo mesmo
sendo mentira. Vou ficar bem, mas está doendo para
a porra agora.
Ele me olha desconfiado sem acreditar em mim.
— Vai ver a fisioterapeuta segunda antes do
treino. Vou avisar para ela te esperar na hora do
almoço — manda e começa a anotar alguma coisa
na prancheta.
Reviro os olhos porque odeio aquela mulher.
Quer dizer, ela que me odeia. Como se a culpa fosse
minha que ela se apaixonou depois de uma foda
qualquer e achou que eu ia virar seu namoradinho.
Logo eu! Nunca entendi essas mulheres. Parecem
que não conhecem minha fama, porra. Acham
mesmo que vão colocar coleira no meu pau? Logo
eu que não consigo dizer não para uma mulher
bonita? Se me der mole, eu vou comer sim. Se
jogam em mim e depois reclamam.
— Mas treinador…
— Estou mandando, Bryan — ele me corta e
me olha feio. — Se não queria ter problema com ela
então devia ter ficado com o pau dentro da calça.
Ele nem me dá a chance de tentar me defender
e vai embora para falar alguma coisa com algum
outro jogador.
Me afasto da bagunça do pessoal, indo para os
chuveiros dos vestiários, doido por um banho. Paro
na frente de um espelho e arranco a camisa para
tentar ver o tamanho do estrago. Olho para o meu
ombro com cuidado, mas não parece muito ruim
daqui.
Vejo pelo espelho Jerry entrando no banheiro
também e espero que faça alguma piadinha por
causa da ordem que o treinador deu, porque ele
sabe bem que estou fugindo daquela mulher doida
há semanas, mas ele só fica parado com os braços
cruzados olhando para mim com uma cara séria.
— Vai ficar admirando minha beleza aí? —
pergunto e taco minha camisa suada na cara dele.
Jerry pega a peça cheio de nojinho e usa para
me bater.
— Preciso te pedir um favor — ele fala e eu
começo a prestar atenção.
Nós dois crescemos juntos, desde pirralhos. Eu
tenho dois irmãos, um mais velho e um mais novo, e
até sou bem próximo deles, mas não do mesmo jeito
que sou de Jerry. A gente já passou por poucas e
boas juntos, vai saber como, porque somos
completos opostos. Ele é naturalmente todo sério
desse jeito e adora surtar por qualquer coisa, já eu
não consigo levar a vida muito a sério. Quer dizer, só
o futebol. Isso levo a sério.
— Manda — falo e cruzo os braços também,
prestando atenção no que ele tem para falar.
Jerry passa a mão pelo cabelo preto com uma
cara de irritação.
— A Emma vai estudar aqui — ele fala. Eu o
olho confuso.
— A sua irmã mais nova? — pergunto, me
lembrando da pirralha que sempre ficava no nosso
pé enquanto a gente crescia. Ela é uns cinco anos
mais nova do que eu, acabou de fazer dezoito, e
lembro que já começou a faculdade em outro lugar,
em uma universidade do outro lado do país. — Por
quê?
— Não sei. Ela cismou que quer vir para cá,
pediu transferência, meu pai fez uma doação
enorme para a faculdade para ela poder fazer isso.
Não sei — ele diz bufando irritado. — E ela cismou
que quer estudar para ser fisioterapeuta esportiva,
então ele fez outra doação enorme, só que pro time
dessa vez, para deixarem a pirralha começar a fazer
estágio no time.
— No nosso time? — pergunto, vendo uma veia
da testa dele saltar. Jerry parece que está a ponto de
ter um treco quando confirma.
Os nossos colegas de time começam a gritar
umas besteiras ainda mais alto enquanto entram no
banheiro igual a um bando de cachorro no cio,
contando um para o outro quem é que querem pegar
na festa que vai ter mais tarde. Agora mesmo é que
Jerry parece que vai explodir.
— Eu vou ser obrigado a matar o filho da puta
que olhar para ela — ele fala para mim, indicando os
outros caras com a cabeça, e aí entendo sua
preocupação.
Eu amo esses caras, de verdade mesmo. Nós
jogamos juntos desde o começo da faculdade, já são
quatro anos do lado deles. Nós somos uma família.
Mas eu sei bem que não tem um aqui que preste,
nem Jerry mesmo. Ele não é tão rodado quanto eu,
mas também não é nenhum santo, então sei bem
com o que ele está preocupado. Mas também não
somos um bando de animais.
— Cara, é só você falar com eles que não vão
chegar perto — sugiro dando de ombros. — E você
vai estar aqui para ficar de olho nela também.
Ele balança a cabeça falando que não e passa
a mão na barba.
— Emma vai me matar se eu ficar me metendo
na vida dela — ele fala derrotado. — Por isso que
preciso de você. Você vai ficar de olho nela para
mim.
Eu rio alto, achando que ele está brincando,
mas Jerry só continua me encarando sério. Aponto
para o meu próprio peito com os olhos arregalados.
— Eu? Babá de criança?
— Ela não é mais criança, Bryan, é esse o
problema — Jerry fala suspirando. — Ela vai querer
se meter em festa de fraternidade, ficar de papinho
com os caras, e eles vão ficar iguais a uns urubus
em cima dela.
Dou meio de ombros, porque duvido muito. Faz
uns bons anos que não vejo Emma. A última vez foi
quando eu terminei o ensino médio com dezoito
anos. Ela tinha uns treze e vivia saltitando de um
lado para o outro com maria-chiquinha nos cabelos
loiros longos e insistindo para sair com a gente para
todo lugar. Ela até pode ter crescido, e pode até ser
que a garota vá nessas festas e tente puxar papo
por aqui, porque lembro bem que ela sempre foi
muito comunicativa e fazia amizade fácil, mas não
consigo imaginar nenhum dos caras aqui nem tendo
interesse pela pirralha.
— Cara, se for para você parar de quase ter um
ataque do coração, beleza, eu te ajudo. Fico de olho
nela nas festas e garanto que ninguém encosta na
pirralha — falo sem levar isso tudo muito a sério.
Parece só coisa de irmão mais velho ciumento
mesmo que acha que a irmãzinha é a coisa mais
preciosa do mundo. Para mim, é só exagero
mesmo.
— Valeu. Eu não estou mais aqui o tempo todo,
por causa do estágio — ele explica. Jerry só joga
porque gosta, não tem intenção nenhuma de virar
jogador profissional que nem eu, então eu passo
muito mais tempo aqui treinando do que ele. É bem
mais fácil mesmo para mim ficar de olho em Emma.
— É bom saber que vou ter alguém de confiança
para cuidar dela.
— Pode contar comigo — prometo.
— Ela chega amanhã de tarde, eu vou estar
trabalhando, será que você pode…?
— Mas já tá abusando — implico revirando os
olhos. — Eu mostro o alojamento pra ela, relaxa.
Jerry respira aliviado e aperta meu ombro em
agradecimento. Eu vou tomar banho para ir encarar
a tal fisioterapeuta que estou evitando, porque não
vou conseguir fugir.
Meu amigo está todo preocupado, mas eu até
que gostei da notícia. Se Emma vai começar a
trabalhar com o time, a primeira coisa que vou fazer
é me voluntariar para ser sua cobaia. Mato dois
coelhos com uma cajadada só: consigo fugir de vez
da doida que estava esperando um pedido de
casamento e já fico de olho na pirralha.
CAPÍTULO 2 - BRYAN JOHNSON

Acordo de manhã parecendo que passou um


trator em cima de mim. Puta merda, que ressaca do
cão. Minha cabeça começa a doer assim que abro
os olhos e eu tento lembrar da noite passada, mas é
muito difícil.
Eu estou no meu quarto na casa da minha
fraternidade, a Kappa Alpha, mas não estou sozinho.
Olho para o lado e vejo uma ruiva que reconheço
como uma das líderes de torcida sem roupa, meio
enrolada no lençol, deitada de barriga para baixo.
Não lembro o nome dela. Cynthia? Cristal? Alguma
coisa com C.
Procuro pelo meu celular, mas está
descarregado, então me penduro para o lado
procurando pelo carregador e enfio o cabo no lugar.
Ligo o celular e espero as notificações chegarem.
Vejo algumas chamadas perdidas de Jerry, mas me
distraio porque a tal ruiva acorda com a
movimentação e me dá um sorrisinho insinuativo.
— Bom dia — ela fala e rola na cama, virando
de barriga para cima. Mordo o lábio, cheio de
interesse na desconhecida quando olho para os
peitos bonitos de fora. Esqueço na hora que eu
devia estar puto de ela ter passado a noite aqui,
porque nunca deixo mulher nenhuma passar a noite.
É pedir por dor de cabeça. — Dormiu bem? — ela
pergunta, mas ainda estou encarando seus peitos.
— Acordei ótimo — respondo e aperto um
deles. Ela dá uma risadinha que vira um gemido
quando belisco o mamilo.
— Eu adorei a noite — ela fala já soando
melosa. A única coisa que me impede de revirar os
olhos é o meu pau que já está mais acordado do que
eu e muito pronto para ser usado. — Quando vou te
ver de novo?
— Vem aqui, vem — chamo, subindo a mão
para o cabelo dela. Com a outra mão, tiro o lençol de
cima do meu corpo e envolvo meu pau, trazendo a
cabeça dela para mim.
A ruiva vem sem nem resistir e eu fecho os
olhos quando ela começa a me chupar gostoso.
Esse sim é o jeito certo de acordar. Seja lá quem
essa mulher for, sabe muito bem o que está fazendo
e a sorte é toda minha.
Ela continua me chupando e eu esqueço do
mundo todo, até que meu celular começa a tocar de
novo. A mulher me olha confusa e para de me
chupar quando pego o Iphone.
— Só um minutinho — peço e ignoro a cara
ofendida dela quando atendo.
— Porra, finalmente atendeu essa merda! —
Jerry fala do outro lado da linha. — Onde você se
enfiou?
— Virou minha mulher, caralho?
— Minha irmã chega em meia hora. Não me diz
que esqueceu? — ele diz depois de ignorar a
implicância.
— Claro que não — respondo, porque não
esqueci mesmo, só não sei nem que horas são. —
Relaxa aí, para de ser surtado.
— Tá. Valeu, cara — ele diz e eu desligo o
celular.
Volto a prestar atenção na ruiva, que está com
cara de poucos amigos por ter sido interrompida.
Não me estresso, sei muito bem como consertar
isso. Puxo a mulher para o meu colo e a posiciono
no meu pau. Nada que uma boa comida não resolva.

Trinta minutos depois, finalmente consigo me


livrar da mulher e sair da casa da fraternidade. O
lugar está uma bagunça depois da festa e sei que a
gente vai ter um trabalho enorme para limpar tudo
mais tarde, mas agora preciso correr para buscar a
pirralha no lugar que Jerry me disse que ela vai
estar.
Não é muito longe daqui, e nem vai levar a
minha tarde inteira. Tudo o que preciso fazer é
mostrar o campus para Emma, levá-la até o
alojamento e dar meu número de telefone para ela.
Depois posso ir direto para a minha sentença de
morte e ir encarar a fisioterapeuta do time.
Demoro mais do que devia a conseguir chegar
no ponto de encontro, porque sou parado no meio do
caminho o tempo inteiro para falar com um e outro
ali, mas finalmente consigo chegar com só quinze
minutos de atraso.
Olho ao redor, procurando pela garota, mas não
a encontro. Pego o celular do meu bolso e estou
prestes a ligar para Jerry perguntando onde ela está
quando vejo uma mulher andando na minha direção.
Fico meio embasbacado, com a boca aberta
igual a um idiota, porque essa deve ser a mulher
mais bonita que já vi na vida. Ela parece uma
bonequinha, com o cabelo loiro longo e os olhos
verdes.
Eu me distraio da minha missão por um
minutinho só, porque não sou de ferro. É final de
agosto, o final do verão aqui, e não está lá mais
muito quente nessa época, mas mesmo assim ela
decidiu vestir um vestido branco curto e soltinho que
deixa as pernas de fora. Toda gostosinha.
Ela para na minha frente com um sorriso tímido,
segurando as alças da mochila que está carregando.
— Oi, Bryan — fala doce e morde a pontinha do
lábio.
— Você sabe meu nome — respondo,
hipnotizado na sua boca. Ela dá uma risadinha e
coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha.
— É claro que eu sei o seu nome — ela fala
animada, parecendo se divertir com a situação. É
claro que sabe, todo mundo aqui me conhece. Mas
descubro que não é só isso quando ela fala: —
Como se o meu irmão fosse me deixar assim com
um desconhecido. E eu me lembro de você, eu não
era tão pequena assim quando você vivia lá em
casa.
Minha boca cai aberta quando entendo que não
é uma mulher aleatória aqui na minha frente.
— Emma? — pergunto chocado. Olho-a de
cima a baixo de novo, sem conseguir acreditar. —
Você… cresceu — falo patético e ela ri de novo.
— Cresci — concorda, mas aí revira os olhos.
— Quer dizer, Jerry continua achando que sou um
bebê que precisa de babá. Desculpa por isso, sei
que você deve ter coisa melhor para fazer com o seu
sábado.
Emma me encara com os olhos cheios de
culpa.
— Não tem problema — garanto porque por
algum motivo não gosto dessa expressão nela. —
Onde estão suas coisas? — pergunto e ela aponta
para duas malas que estão ali perto.
Emma se vira de costas para mim para andar
até as malas e eu aproveito que não está olhando
para dar uma boa encarada na sua bunda.
Subitamente, a preocupação de Jerry começa a
fazer muito sentido. Onde aquela garotinha foi
parar? Ela virou uma mulher linda. Sem chance de
os caras do time não tentarem dar em cima dela.
Vou ter que tirar gente de cima dela no tapa, já estou
até vendo.
Jogo uma das bolsas no ombro, arrasto a outra
que é de rodinha e começo a andar com ela pelo
campus. Emma só falta saltitar de animação ao meu
lado e percebo que a personalidade dela continua
igual à da garotinha que eu conheci.
— Seu irmão não me disse por que você
resolveu trocar de faculdade assim do nada —
comento tentando puxar assunto. Ela olha para mim
de repente, com os olhos um pouco arregalados,
como se tivesse tomado um susto. Ela demora a
responder, como se estivesse pensando no que me
dizer.
— Fiquei com saudades do meu irmão — diz
abrindo um sorrisinho fraco. Emma começa a mexer
no cabelo agitada e abaixa a cabeça. Não fala nada
por vários minutos e só continua andando pelo
caminho que eu a levo enquanto olha para os
próprios pés.
Ela está escondendo alguma coisa, e não é
mesmo da minha conta, e eu nem devia me importar
com isso, então deixo para lá. Eu prometi a Jerry
que ia manter essa garota viva e longe de
problemas, não que ia virar seu amiguinho
confidente. Nem tenho tempo para isso. Só os
treinos de futebol já tomam a maior parte do meu
dia, mas também não posso esquecer que esse é
meu último ano na faculdade e que preciso ser
aprovado em todas as matérias se eu quiser mesmo
jogar profissionalmente ano que vem. Não posso dar
mole a essa altura e nem começar a me distrair com
bobagens.
Vou apontando pelo caminho as coisas
importantes que ela precisa conhecer, como o lugar
que tem o melhor café para quando acordar de
ressaca. As coisas importantes de verdade. Uns
minutos depois, a gente chega ao prédio do
alojamento feminino.
— Um cavalheiro — ela brinca quando eu abro
a porta para entrar no prédio e fico intrigado com
ela.
Emma olha alguma coisa no celular e me diz
qual o número do quarto que está procurando. Não
demoro a encontrar qual a porta certa, porque não é
como se fosse a primeira vez que eu venho aqui.
A faculdade tem regras muito rígidas sobre
garotos no alojamento feminino, mas regras foram
feitas para serem quebradas, e eu sou ótimo nisso.
— Aqui diz que minha colega de quarto se
chama Kate — ela diz e bate na porta, mas ninguém
abre.
— Ela não deve estar aí — falo e testo a
maçaneta. Está destrancada. Emma entra devagar,
chamando o nome da tal garota, mas ninguém
responde. — Está entregue — falo e deixo as malas
dela no canto vazio do quarto.
— Obrigada! — ela diz alegre e tira a mochila
das costas. Me pega de surpresa quando
praticamente se joga nos meus braços sem aviso
nenhum. Travo no lugar e ela me abraça pelo
pescoço, ficando nas pontas dos pés para alcançar,
porque é muito mais baixa do que eu. — Eu sei que
você só veio me fazer companhia hoje
provavelmente porque meu irmão deve ter te
ameaçado — ela fala sem me soltar.
Essa garota não tem mesmo nenhum juízo nem
noção do perigo, porque se tivesse não ia ficar
falando com a boca perto do meu ouvido assim.
— Ele não me ameaçou — garanto. Ela dá
outra daquelas risadinhas. — Jerry é praticamente
um irmão, faço qualquer coisa por ele.
Emma se afasta um pouco de mim, mas não
muito. Pelo menos para de se pendurar no meu
pescoço, mas continua me encarando com os olhos
enormes cheios de curiosidade.
— Isso quer dizer que eu sou praticamente sua
irmã também? — pergunta.
Eu desço os olhos pelo seu corpo, passo a
língua pelos lábios quando encaro o decote pequeno
do vestido que só me deixa ver a curvinha dos seios.
— Não — respondo rindo. Irmã? Nem fodendo.
— Que pena — ela diz fazendo um bico doce.
— Ia ser legal ter pelo menos um amigo para
começar aqui, já que eu estou chegando no meio do
ano assim e todo mundo já deve ter um grupinho.
Não gosto de ficar sozinha. Mas vou me virar.
Emma volta a olhar ao redor do quarto, girando
ao redor do próprio corpo, e o vestidinho gira junto.
Eu sou mesmo um filho da puta, porque não tiro os
olhos das coxas que ficam de fora por um segundo.
Rio sozinho, pensando em como Jerry ia cortar
meu pau fora se me pegasse olhando para a
irmãzinha dele assim. Mas ele não precisa se
preocupar, porque olhar é tudo o que vou fazer
mesmo. Não sou tão babaca assim, sei os limites.
Jamais vou me meter com Emma, não importa o
quão atraente ela tenha ficado.
Ela se joga sentada na cama e balança as
pernas de um lado para o outro.
— Eu ouvi um pessoal comentando de uma
festa hoje de noite enquanto eu estava te esperando
— ela fala e ergue as sobrancelhas cheias de
insinuação. — Você sabe onde é?
— Na minha fraternidade — respondo, porque a
gente perdeu mesmo o senso e decidiu aproveitar o
fim de semana de qualquer jeito. A maioria dos caras
que mora comigo são meus colegas do time de
futebol, então a gente está comemorando sem parar
a vitória de ontem. Duas festas seguidas sim.
O rosto dela se ilumina como se tivesse
ganhado um presente de Natal.
— Eu posso ir? — pede com os olhos
arregalados de animação. — Nunca fui em uma
festa de fraternidade.
— Nunca? — pergunto, achando estranho. Ela
já fez um semestre inteiro em outra universidade, e
nos primeiros meses é que todo mundo vive
festando mesmo.
Ela balança a cabeça que não e morde o lábio,
olhando para os pés de novo.
— Meu namorado não gostava de me deixar ir,
aí eu não ia — fala dando de ombros como se não
fosse nada demais.
— Namorado? — pergunto, já odiando o
babaca.
Ela percebe o que falou e me olha preocupada.
— Ex-namorado. Não conta para o Jerry, ele vai
surtar — Emma pede. — Você sabe como ele é
ciumento.
— Ah, eu sei bem — garanto rindo.
Enfio as mãos nos bolsos da calça e a encaro,
pensando no que fazer.
Então a pequena Emma não só não é mais tão
pequena assim, como já teve um namorado na
faculdade e agora quer começar a frequentar nossas
festas.
Talvez eu tenha mais trabalho ficando de olho
nessa garota do que pensei.
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Minha protegida
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Arthur Cavalcanti não tem paciência nem


interesse de bancar a babá da afilhada da sua mãe.
Aos trinta anos, está ocupado demais tentando
garantir seu lugar como CEO de uma das maiores
empresas de tecnologia do Brasil para ter que lidar
com uma garota que nem conhece direito. Mas
quando ela aparece na porta da sua casa sem
nenhum aviso, ele não tem escolha a não ser a
colocar para dentro e aceitar mais essa dor de
cabeça na sua vida.
O problema maior começa quando ele descobre
que a garotinha de quem ele se lembrava na
verdade virou uma mulher tentadora, mas que ele
sabe que é absolutamente proibida.
Camila Santana perdeu os pais quando ainda
era uma criança e deve tudo o que tem na vida aos
Cavalcanti. Agora, aos dezenove anos e tendo
acabado de começar a faculdade, se vê obrigada a
dividir o mesmo teto com o homem que deveria
evitar com todas as suas forças, porque o que Arthur
não sabe é que ele foi sua primeira paixão de
adolescência — uma paixão que nunca foi embora.
Ela sabe que esse amor é impossível, mas não
consegue deixar de sonhar com como seria estar
nos braços do único homem que sempre quis. Mas
mesmo que ele nunca se apaixone por ela de
verdade, talvez, apenas talvez, ela consiga seduzi-lo
o suficiente para que Arthur dê a ela uma noite de
amor inesquecível — uma para a qual ela está se
guardando há anos.
O CEO viúvo e a sugar baby virgem
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Melanie Harper perdeu tudo quando os pais
morreram há alguns meses. Sem conseguir se bancar
e pagar a faculdade, a garota de vinte e um anos
terminou em um trabalho como acompanhante de luxo
que se mostrou muito perigoso. Ela só não esperava
que seu salvador seria o pai da sua melhor amiga.
Andrew Carter é o CEO da maior rede de doces
do país. Viúvo e pai solo, não tem tempo para nada
além da sua empresa e sua filha, muito menos para
relacionamentos. Mas quando a doce e estabanada
Melanie aparece na sua vida se um jeito inesperado,
não consegue conter seu instinto protetor.
Ele não sabe quem ela é e não está acostumado a
se envolver com mulheres tão mais novas, mas é
incapaz de resistir à virgem nem tão inocente assim
que se torna cada dia mais proibida.
Uma virgem resgatada pelo CEO
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Daniel Vilella é um CEO frio, rude e que não tem


interesse em relacionamentos. Com a vida rodeada de
luxúria, o dono da maior rede de sex shops do país
repele tudo o que não esteja relacionado ao sexo.
Até conhecer Sofia Pires, sua nova secretária. A
garota vinte anos mais nova é delicada, sensível, meiga.
E virgem. O tipo oposto de mulher que para na cama de
Daniel. Mas tem alguma coisa nela que vira a cabeça
dele do avesso.
Ela carrega problemas demais para uma garota tão
nova e desperta em Daniel um instinto protetor que ele
não sabia possuir.
Ele vai fazer de tudo para que ela seja sua, e Sofia
precisa decidir que pode confiar no homem grosseiro e
distante que conheceu.
Uma virgem comprada pelo CEO
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Thomas de Albuquerque foi traído pelo seu
sócio e melhor amigo. A empresa da família é o que
tem de mais precioso na vida e agora o CEO se vê
prestes a falir e jura vingança. Ele sabe que não vai
conseguir o dinheiro de volta e nunca mais vai
recuperar o que perdeu. Vai ter que trabalhar duro
para reerguer o seu império, mas não está disposto
a deixar com que o traidor saia impune. E a melhor
forma de fazê-lo pagar pelo que fez é também
tomando o que ele tem de mais precioso.
Cecília Magalhães tinha muitos planos para a
sua vida, e nenhum deles jamais envolveu ser
forçada a se casar com um homem que mal conhece
como pagamento por um erro do seu pai. Ela não
entende como acabou nessa situação, mas sabe
que não tem escolha:ou aceita ou seu pai vai morrer
na cadeia.
Assim que coloca os olhos na garota, Thomas
percebe que cometeu um erro. Ele esperava uma
garotinha assustada que serviria apenas de enfeite
na sua casa, e não alguém que o desafiaria a todo
momento. Na tentativa de mantê-la sob controle, ele
exige que o casamento aconteça logo, mas promete
esperar os seis meses que faltam para ela se formar
antes de fazê-la ir embora com ele.
O que ele não esperava é que esses seis
meses seriam o suficiente para que ela virasse sua
cabeça do avesso.
Dois mundos diferentes colidem em uma
explosão.
E agora os dois precisam decidir: um acordo
comercial ou um casamento por amor?
Uma virgem para o mafioso
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Atenção: esse livro não é recomendado para
menores de 18 anos por conter cenas de sexo e algumas
cenas de violência, mas NÃO é um livro dark. A máfia
usada nesse livro é fictícia assim como o país onde a
história se passa
James Prescott é o chefe da máfia, violento e
perigoso, que passa por cima de quem for para garantir o
seu poder. Quando seu braço direito é assassinado, ele
promete guerra e está disposto a tudo para descobrir
quem foi que matou Jake O'Malley. O que ele não
esperava é que Jake tivesse uma filha e que agora ela ia
precisar da sua proteção.
Scarlett O'Malley foi abandonada pelo pai quando
ainda era criança e não tinha a menor ideia de que ele
na verdade trabalhava para a máfia, até James aparecer
na sua porta. O homem lindo e ameaçador, vinte anos
mais velho do que ela, promete que vai protegê-la dos
homens que mataram seu pai, mas, para isso, ela
precisa se casar com ele.
O que deveria ser um casamento por conveniência
entre o mafioso impiedoso e a virgem desamparada logo
vira muito mais em uma história cheia de segredos e
perigos. James é um homem de palavra e vai fazer o que
for para proteger a filha do seu melhor amigo, mas ele
não esperava que a garotinha irritante fosse acabar
virando muito mais do que só uma obrigação no meio do
caminho.
Um bebê para o mafioso
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Liam Ridley é o braço direito do chefe da máfia.
Leal e justo, ele daria a vida pela família que a máfia
trouxe para ele e para proteger o seu don, e por isso ele
acaba comandando a maior parte das missões
perigosas. Foi em uma dessas missões que sua vida
virou de cabeça para baixo, porque ele conheceu Lily
Marsh.
Lily foi sequestrada e vai fazer o que precisar para
proteger o seu bebê, até mesmo apontar uma arma para
um mafioso perigoso quando ele aparece na sua frente.
Para a sua surpresa, ao invés de acabar com a sua vida,
o homem com cara de anjo decide a levar com ele.
Ela esconde alguma coisa e Liam não sabe se pode
confiar na mulher que apareceu do nada na sua frente.
Não tem espaço para romance e muito menos para um
bebê na máfia, mas o consigliere não consegue resistir
aos dois. Quando coisas estranhas continuam
acontecendo e ele precisa decidir entre obedecer
cegamente ao seu don ou proteger a mulher misteriosa,
a decisão não é tão fácil assim como ele achou que ia
ser

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